quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Portugal | Pavilhão Rosa Super ou Mota Bock?


Paulo Baldaia | Jornal de Notícias | opinião

Tenho idade suficiente para ter assistido em direto à conquista das medalhas olímpicas de Rosa Mota. Tenho igualmente o privilégio de conhecer pessoalmente a mulher de ouro que ela é e sempre foi. O país deve estar-lhe eternamente grato, a cidade do Porto deve-lhe este Mundo e o outro, mas talvez não fosse mal pensado não misturar alhos com bugalhos.
Houve uma grande dose de populismo quando, bem lá atrás, se lembraram de homenagear a Super Rosa emprestando o seu nome para rebatizar o Palácio de Cristal, já depois de rebatizado Pavilhão dos Desportos, sem cuidar de garantir que aquela estrutura estaria sempre em condições de honrar o nome que recebia. Nos jardins já não habitam nem o leão Sofala, nem o Chico chimpanzé, mas o Palácio também deixou de ser de Cristal a meio do século passado e andou por vários períodos ao abandono até que alguém se lembrou de lhe dar mais uns anos de vida.

A recuperação desta sala de espetáculos, desportivos ou culturais, só foi possível porque se encontrou um mecenas disponível para pagar a empreitada. De outro modo, continuaríamos a chamar Pavilhão Rosa Mota a um edifício onde acontecia muito pouca coisa. Quis o destino que o financiador fosse a Super Bock, marca nortenha, orgulho de quem está sempre a recordar o ADN industrial da gente do Norte. Sou confrade da cerveja, "obrigado" a defender todas as marcas, mas quero confessar que sou dos que em Portugal defende que, em matéria de cervejas industriais, há a Super Bock e as outras.

Portugal | No tempo em que os animais falavam e não pagavam... tanto


Programa do Governo no debate parlamentar de ontem na AR. Foi a apresentação e os ditos e mexericos. O tema faz parte da abertura do Expresso Curto de hoje, via um dos diretores do Expresso, Miguel Cadete (quantos são ilustres vocemessês, senhores?). Ele mesmo esmifra com denodo o que por ali foi dito e redito. É de ler... para mais tarde recordar. Mas há mais.

O que nos cativou tem que ver com o levanta-pousa e o pousa-levanta... Moscas? Não. Aviões. Aves dessas no Montijo. Luz verde para a construção do aeroporto no Montijo, mas... São precisas implementar "200 medidas que mitiguem o impacto no ambiente causado pela construção", diz a Agência Portuguesa do Ambiente. Querem ou não querem um aeroporto amigo do ambiente, da natureza, das pessoas e etc.? Parece perguntar essa tal Agência. Sim. Pois. E tal... 

48 milhões de euros é o preço da implementação das medidas. E a ANA, dona dos aeroportos existentes em Portugal e futuramente daquele... no Montijo(?) pôs-se a ganir a el-rei bagalhoça. Tanto? Ah, nem pensar... E pela surra foram dizendo em surdinha na reunião dos patrões daquela casa: "as aves, os animais, as pessoas e os ruídos que se lixem, assim como a mitigação do impacto ambiental que tal aeroporto pode causar". Pois. Está-se mesmo a ver que a mitigação a sério vai às urtigas, substituída por uma de contrafação, vendida por uns ciganos de que o deputado fascista bastante não gosta nada.

Acompanhem com atenção o "assunto" e preparem-se para grandes parangonas nos jornais, rádios e TVs. Nos cafés já não se fala nessas coisas, só de futebol e novelas. Coisa muito didáticas e de politicas de polichinelo.

Esta é digna do tempo em que os animais falavam. Porque já não falam, falamos nós. Grandes animais, assim-assim e pequenos. Gatos, furões e aldrabões. Bate notícia esclarecedora na TSF, em letra de forma e sonorizada. Registar gatos e outros, meter chip-chip e o que mais vier não custa só 2.50 euros, como foi vulgarizado. A "coisa" vai custar uma nota preta e com zeros. O módico preço anunciado é só pela taxa de registo para o Estado... Então e o resto? Fácil: consulta de veterinário, microship e mais isto e aquilo, além de ser mais caro se os animais se borrarem todos e for necessário recorrerem a serviços de limpeza da "marquesa" onde torturarão os animaizinhos com modernices que saem caras (ironia). É a "cena" do costume: muitos pagam, uns quantos arrecadam. Negócio melhor que o da China de antigamente. "Eles" estão sempre a inventar sacarem as miseras "massas" aos desgraçados. Claro que das "tias" e dos "tios", das fifis e dos silverinhos de laçarotes não temos pena nenhuma, quer dizer, sem pena das carteiras deles... Porque inventam sempre modo de ir sacar noutro lado qualquer. No mínimo a duplicar, a triplicar e muito mais. Dedução lógica e de mau feitio. Pois.

Este animal postado antes do Curto e de nossa lavra já vai comprido - até parece um daqueles lulus-salsicha. Fechemos a loja e suspendamos os miados e os ganidos. Pulem para o sumo da produção e realização apensa via Expresso, às vezes Curto e quase sempre curtido. Curtam e atualizem-se mais um poucochinho... Boa vida. Ups.

Bom dia... se não chover.

MM | PG

Brasil | Bolsonaro, falastrão de sorveteria


Prometeu embaixada em Jerusalém. Dizia que a China queria “comprar o Brasil”. Falava mal da “velha política”. Em menos de um ano, presidente engole o que afirmou, cuida da sobrevivência política e libera Paulo Guedes — mas não tanto…

Paulo Kliass | Outras Palavras

A sabedoria popular costuma nos oferecer frases de senso comum, mas que podem nos propiciar lampejos de elementos importantes para compreender os fenômenos políticos, sociais e econômicos. “A vida é dura!”. “Não se faz o omelete sem quebrar os ovos!”. “Nada como um dia após o outro!”. “É grande a distância entre intenção e gesto!”. “Bem-vindo à realidade!”. “Não dá pra fazer de outro jeito!”.

Pois lá já se vão 10 meses do governo do capitão. Um candidato que não aparecia como um dos possíveis ganhadores nem mesmo no início do ano passado. Um deputado federal que passou sete mandatos ininterruptos, passeando pelos corredores da Câmara dos Deputados entre 1991 e 2018, sem nenhuma atuação parlamentar de expressão. Bolsonaro era conhecido apenas por seu discurso extremista para os saudosistas da ditadura e para os que achavam que a pena de morte seria a solução mais adequada para todos os problemas da violência em nosso País.

Mas eis que a conjuntura política e eleitoral de 2018 lhe oferece a oportunidade de se apresentar como um candidato em condições de superar os traços nas pesquisas de opinião. Assim, o defensor da tortura e inimigo declarado das políticas de direitos humanos torna-se um presidenciável com musculatura própria, superando inclusive os percentuais de aceitação dos candidatos mais tradicionais da direita tupiniquim. Um parlamentar do baixo clero, tosco no modo de se relacionar com as pessoas e sem experiência alguma no comando do poder executivo começa a flertar com franjas das elites do mundo empresarial e do financismo.

A aproximação com Paulo Guedes foi um passo essencial para facilitar a aceitação de sua candidatura por aqueles que detêm o poder de fato. Grandes conglomerados do sistema financeiro e dos meios de comunicação embarcaram na canoa furada. Esse processo se reforçou quando o candidato conferiu autonomia total ao ex-Chicago boy na formatação do programa econômico e ainda concentrou nele os poderes de um verdadeiro superministro. Ocorre que as ideias ultraliberais desse agente muito conhecido do mercado financeiro não entregaram aquilo que era esperado pela maior parte dos que se aventuraram nessa candidatura de forma absolutamente irresponsável.

O legado açoriano sob a lente de Ilka Portes


“Gosto muito da natureza porque me criei dentro dela, cavalgando , brincando.”  (Ilka Portes Correio Braziliense 05/07/86)
                                                                                                      
Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite* | Porto Alegre | Brasil  

Nos idos dos anos 1990, o Dr. Duarte Mendes, então, Diretor do Gabinete de Emigração e Apoio às Comunidades Açorianas, contatou com Instituto Cultural Português, visando a uma parceria num projeto fotográfico.   
   
Ao ser indicada pela professora Santa Inèze Domingues da Rocha, a fotógrafa Ilka Portes (1937-2006) aceitou a proposta, cujo objetivo era registrar, por meio da fotografia, os aspectos arquitetônico, folclórico, religioso, antropológico e histórico das  cidades gaúchas de tradição açoriana. Assim nasceu a “Mostra Fotográfica da Presença Açoriana no RS”, que a  própria Ilka renominou com o título “Caminhos dos Açorianos no Rio Grande do Sul - Brasil.

Definidas as metas, nossa fotógrafa iniciou seu circuito pelas cidades gaúchas, onde, a partir de 1751-52 até 1758, estabeleceram-se os açorianos. Na primeira fase do projeto, Ilka se fez presente nas cidades de Rio Grande, São José do Norte, Tavares e Pelotas, analisando documentos oficiais e visitando museus e bibliotecas, além de contatar com os historiadores locais. Em seu roteiro de viagens, ela recebeu total apoio das prefeituras municipais em relação à pesquisa histórico-fotográfica e ao trabalho de registrar as imagens locais.

Brasil | São falsas as informações sobre Bolsonaro no caso Marielle -- MP


Segundo reportagem da Globo, porteiro disse em depoimento que suspeito de matar Marielle pediu para ir à casa do presidente no dia do crime

Jornal GGN – Em entrevista para jornalistas, na tarde desta quarta-feira (30), a promotora Simone Sibilio, do Ministério Público do Rio de Janeiro, disse que são falsas as informações prestadas pelo porteiro do condomínio Vivendas da Barra, o mesmo onde mora o presidente da República, Jair Bolsonaro, e também Ronnie Lessa, um dos principais suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.

O porteiro disse à Polícia Federal que, horas antes do crime, no dia 14 de março de 2018, outro suspeito de ter matado Marielle, Élcio de Queiroz, entrou no condomínio dizendo que iria para a casa do então deputado federal Jair Bolsonaro. Registros de presença da Câmara dos Deputados mostram, porém, que Bolsonaro estava em Brasília, naquele dia.

A informação que sugere ligação entre Bolsonaro e suspeitos de matar a vereadora e seu motorista Anderson Gomes, foi divulgada no Jornal Nacional, nesta terça-feira (29). A reportagem disse ter tido acesso exclusivo a registros da portaria do condomínio que fica na Barra da Tijuca, no Rio, e que mostram que Élcio Queiroz esteve no local, no mesmo dia do assassinato de Marielle, afirmando que faria uma visita à casa de Bolsonaro.

Tribunal de Dili decidirá sobre embargo do Governo a terreno de pedreira do Porto de Tibar


Díli, 29 out 2019 (Lusa) -- Uma juíza do Tribunal de Díli pediu hoje mapas e outros documentos para decidir sobre um embargo a terceiros apresentado pelo Governo a parte do terreno da pedreira do Porto de Tibar, terreno cuja propriedade é parcialmente disputada.

A audiência de hoje estava inicialmente marcada para deliberar sobre uma polémica providência cautelar concedida a Edêncio New Orleans Soares, sócio único da Marino Enterprises, que reivindica ser dono de parte do terreno.

Porém, depois de menos de uma hora de audiência, a juíza Maria Modesta Viana deliberou que vai decidir primeiro sobre o embargo a terceiros, apresentado por quatro membros do Governo timorense, em nome do Estado.

Em causa está um polémico processo relativo à posse de parte de um terreno que foi alugado ao Estado timorense pela empresa China Harbour, que está a construir o novo Porto de Tibar mas que um cidadão timorense reivindica ser seu.

O caso, com contornos confusos, causou polémica depois do líder histórico Xanana Gusmão ter ido pessoalmente derrubar uma vedação que tinha sido colocada em parte do terreno pelo empresário que disputa a sua posse.

Moçambique | Fraude eleitoral? Façam “prova do que é alegado” - Tribunal Supremo


Tribunal Supremo diz que partidos que denunciam fraude nas Eleições de Moçambique não apresentaram “prova do que é alegado”

Os partidos que perderam as Eleições Presidenciais, Legislativas e Provinciais do passado dia 15 de Outubro tem vindo a denunciar a ocorrência de fraudes e ilícitos durante a votação e o apuramento dos votos que dão expressiva vitória ao partido Frelimo e aos seus candidatos. Porém “muito do que é alegado para o consumo da população, do povo, pode merecer diversas interpretações, diversos entendimentos, mas para o tribunal o que conta é a prova” assinalou o Tribunal Supremo (TS) que revelou terem sido submetidos recursos apenas nos Círculos Eleitorais de Nampula, Sofala e Província de Maputo.

São milhares as fraudes, irregularidades e ilícitos eleitorais denunciados pelos partidos políticos da oposição. O partido Renamo classificou a votação de “vergonhosamente mais fraudulentas jamais vistas no país e no mundo inteiro” enquanto o Movimento Democrático de Moçambique avaliou o pleito como o mais violento e penoso que o país já organizou.

Porém os tribunais distritais que foram criados ao abrigo da revisão do pacote eleitoral acabaram por ser usados em apenas 3 dos 11 Círculos Eleitorais onde foram instaladas as 20.560 Assembleias de Voto.

Polícia é morto em ataque no centro de Moçambique


Este é o segundo ataque na província central de Sofala em menos de uma semana contra agentes da polícia. Autoridades dizem que os responsáveis são homens armados da RENAMO, mas partido e "Junta Militar" negam.

A polícia moçambicana diz que um dos seus agentes foi morto em mais um ataque no centro de Moçambique. Desta vez, homens armados atacaram na manhã desta terça-feira (29.10) um posto policial no distrito de Nhamatanda, na província central de Sofala. Segundo as autoridades, os responsáveis são homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

"Homens armados da RENAMO atacaram pelas 4h50, presumivelmente, o posto policial de Metuchira", afirma o comandante provincial da polícia em Sofala, Paulique Ucacha. 

Após tomar conhecimento do ataque, a corporação iniciou diligências para neutralizar os atacantes: "Destacámos um contingente para este lugar e, chegado cá, acabaram descobrindo para o lado onde se teriam refugiado", refere Ucacha.

O ataque acontece um dia depois de o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, ter orientado na região a cerimónia de lançamento da campanha agrária. Este é o segundo ataque em Sofala em menos de uma semana contra agentes da polícia.

Uma fonte familiar contou à imprensa que a incursão foi tão rápida que não deu para chegar a tempo para prestar socorro ao polícia, que morreu no local. "Depois daqueles disparos, passado algum tempo, a nossa família soube muito bem que ele estava de serviço. Quando chegámos ao posto policial, logo nos deparámos com a situação que o nosso familiar estava de serviço e já sem vida", disse o cunhado do agente morto.

São Tomé e Príncipe | Trovoada apresentou queixas ao PR Evaristo


O ex-presidente da República Miguel Trovoada, fez denúncias ao Presidente da República, sobre o que diz ser violação da constituição política, e dos direitos e liberdades dos cidadãos.

Trovoada que em Setembro último estive no Palácio Presidencial para junto a François Fall, o representante do secretário geral das Nações Unidas, e demais autoridades do país, definirem juntos a estratégia para reforma da justiça em São Tomé e Príncipe, regressou em finais de outubro ao Palácio “Cor de Rosa”, desta vez, para apresentar queixas ao Presidente da República Evaristo Carvalho.

«Recebi na minha residência uma delegação por acaso era do Presidente da Assembleia Nacional, acompanhado por alguns colaboradores, para me convidar para uma palestra no dia 26 de Novembro em comemoração do Acordo de Argel…. Depois deste encontro um dos agentes da minha segurança, foi chamado à hierarquia para saber quem eram as pessoas. Se era delegação vinda do estrangeiro ou não, e o quê que tinham ido fazer. Eu achei estranho e desagradável que em São Tomé e Príncipe, pudéssemos estar a ter sinais de um regresso a uma época que pensávamos já removida», afirmou Miguel Trovoada.

O ex-presidente da República que esteve reunido com Evaristo carvalho durante cerca de 2 horas, descreveu mais um caso que diz er também insólito. Casos que segundo Miguel Trovoada, faz parte das «manifestações de sinais bem claros e evidentes da violação da constituição, da violação dos direitos e liberdade dos cidadãos».

Angola | Nova lei para prevenir branqueamento de capitais "impunha-se"


À DW África, economista Josué Chilundulo explica que nova legislação é mais clara quanto a "limites da atuação dos agentes públicos". Angola mostra assim à comunidade internacional que está a mudar.

A proposta de Lei de Prevenção e do Combate ao Branqueamento de Capitais, Financiamento do Terrorismo e da Proliferação de Armas de Destruição Massiva foi, esta terça-feira (29.10), aprovada na generalidade, passando agora à discussão, na especialidade, no Parlamento angolano.

Citado pela agência de notícias Angop, o secretário de Estado da Justiça, Orlando Fernandes, explicou que a proposta de lei, que vai substituir o diploma de 34/11 de 12 de dezembro de 2010, "comporta inovações no capítulo da avaliação nacional de risco e da abordagem baseada no risco percebido".

Além disso, leva em conta algumas das recomendações feitas ao país pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), uma organização internacional que define os padrões normativos para as iniciativas anti-branqueamento de capitais.

Em entrevista à DW África, o economista angolano Josué Chilundulo afirma que a atualização da Lei do Branqueamento de Capitais em Angola era necessária pois "traz de forma mais evidente os limites da atuação dos agentes públicos", entre outros motivos.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Guiné-Bissau | Um país e dois chefes de Governo?


Apesar do Presidente José Mário Vaz ter demitido, na segunda-feira, o Executivo de Aristides Gomes, este continua em funções. Situação atual do país levanta dúvidas sobre realização de presidenciais.

A situação política na Guiné-Bissau, provocada pelo decreto do Presidente José Mário Vaz, que demitiu o Governo de Aristides Gomes e nomeou um novo primeiro-ministro, está a levantar dúvidas sobre a realização das eleições presidenciais, previstas para 24 de novembro.

Apesar da comunidade internacional não reconhecer a nomeação do novo primeiro-ministro, Faustino Imbali tomou posse, esta terça-feira. Agora, no país, parece haver dois chefes de Governo em funções.

Os membros do Executivo de Aristides Gomes continuaram, esta quarta-feira, a frequentar os seus gabinetes, enquanto Faustino Imbali, primeiro-ministro indigitado pelo chefe de Estado cessante, está a trabalhar no processo da constituição do elenco do novo Governo, segundo informações apuradas pela DW África.

O momento que se vive no país levanta, por isso, dúvidas sobre a realização das eleições presidenciais, previstas para 24 de novembro.

Inteligência Artificial, horror e resistência


O reconhecimento facial alastra-se. Todos os seus trajetos serão rastreáveis. Câmeras revelam emoções. Imagens pessoais são armazenadas e catalogadas, sem consentimento. Porém, as sociedades resistem — e alcançam vitórias

Um estudo do AI Now Institute* | Imagem: Natalie Matthews-Ramo | Tradução: Simone Paz e Gabriela Leite

Em 2 de outubro de 2019, o AI Now Institute da Universidade de Nova York (NYU) sediou o seu 4º Simpósio Anual de Inteligência Artificial com casa cheia. O Simpósio teve como foco a crescente reação a formas prejudiciais de IA (inteligência artificial), e convidou organizadores, acadêmicos e advogados para apresentar e discutir seu trabalho no palco. O primeiro painel examinou o uso da IA no policiamento e controle de fronteiras; o segundo, falou com grupos de locatários do Brooklyn que se opõem ao uso de reconhecimento facial em edifícios, por parte de proprietários; o terceiro, centrou-se no advogado de direitos civis que processava o estado norte-americano de Michigan pelo uso de algoritmos quebrados e tendenciosos, e o painel final focou nos trabalhadores da tecnologia de ponta, desde os que trabalham nos armazéns da Amazon até os motoristas de aplicativos, para falar sobre suas vitórias organizacionais e significativas ao longo do ano passado. Você pode assistir ao evento completo aqui.

As co-fundadoras da AI Now, Kate Crawford e Meredith Whittaker, abriram o simpósio com uma breve palestra resumindo alguns momentos-chave da problemática enfrentada ao longo do ano, com destaque para cinco temas: (1) reconhecimento facial e de reações; (2) o movimento desde o “âmbito da IA” para a justiça; (3) cidades, vigilância, fronteiras; (4) mão-de-obra, organização dos trabalhadores e IA, e; (5) o impacto climático da IA. A seguir, apresentamos um trecho da conversa:

1. Reconhecimento facial e de emoções

Em 2019, empresas e governos aumentaram o uso do reconhecimento facial — em moradias públicas, em contratações e nas ruas das cidades. Agora, algumas companhias aéreas dos EUA também o usam no lugar dos cartões de embarque, alegando que é mais conveniente.

Também houve um uso mais amplo do reconhecimento de emoções, uma derivação do reconhecimento facial, que afirma “ler” nossas emoções internas, interpretando as micro-expressões em nosso rosto. Como a psicóloga Lisa Feldman Barret mostrou em uma extensa pesquisa, esse tipo de frenologia da IA não tem fundamento científico confiável. Mas já está sendo usado em salas de aula e em entrevistas de emprego — geralmente, sem que as pessoas saibam.

Por exemplo, documentos obtidos pelo Centro de Privacidade e Tecnologia de Georgetown revelaram que o FBI e o ICE [serviço de imigração norte-americano] têm acessado silenciosamente os bancos de dados das carteiras de motorista, para realizar pesquisas de reconhecimento facial em milhões de fotos sem o consentimento dos indivíduos envolvidos nem a autorização de legisladores estaduais ou federais.

Mas, este ano, após muitos pedidos consecutivos de acadêmicos e organizadores — como Kade Crockford, da ACLU; Evan Selinger, do Rochester Institute of Technology; e Woodrow Hertzog, da Northeastern University — para que se limitasse fortemente o uso do reconhecimento facial, o público e os legisladores começaram a fazer algo a respeito. Nos EUA, o Tribunal de Apelações do Nono Circuito determinou recentemente que o Facebook poderia ser processado por aplicar o reconhecimento facial às fotos dos usuários sem consentimento, chamando-o de invasão de privacidade.

A cidade de São Francisco assinou a primeira proibição de reconhecimento facial em maio deste ano, graças a uma campanha liderada por grupos como o Media Justice. Mais duas cidades norte-americanas adotaram a mesma medida. E, agora, temos um candidato à presidência dos EUA, Bernie Sanders, que promete a proibição em todo o país, músicos exigem o fim do reconhecimento facial em festivais de música, e há um projeto de lei federal chamado Lei Sem Barreiras Biométricas à Habitação, focado no reconhecimento facial na habitação pública.

A pressão também ocorre na Europa: um comitê parlamentar no Reino Unido pediu que os julgamentos de reconhecimento facial sejam interrompidos até que um marco legal se estabeleça, e um teste dessas ferramentas feito pela polícia em Bruxelas foi considerado ilegal, recentemente.

É claro que essas mudanças requerem muito trabalho. Temos a honra de contar com organizadores como Tranae Moran e Fabian Rogers, do bairro de Ocean Hill Brownsville, conosco esta noite. Eles são os líderes de suas associações de locatários e trabalharam em conjunto com Mona Patel, da Assistência Judiciária do Brooklyn, para se opor à tentativa do proprietário de instalar um sistema de acesso por reconhecimento facial. Seu trabalho está servindo com informações para a nova legislação federal.

Sejamos claros, a questão não é sobre aperfeiçoar o lado técnico ou de eliminar alguma polarização ou viés. Mesmo o reconhecimento facial mais preciso produzirá danos díspares, dadas as disparidades raciais e baseadas na renda de quem é vigiado, rastreado e preso. Como Kate Crawford escreveu recentemente na Nature – não se trata de “des-enviesar” esses sistemas, pois eles são “perigosos quando falham e prejudiciais quando acertam”.

NOVA OBRA DE FICÇÃO DOS ESTÚDIOS CIA / DIA


Os estúdios CIA/DIA (Central Intelligence Agency / Defense Intelligence Agency) continuam a produzir obras de ficção para nos entreter. A última é a da morte do "califa" al Baghdadi, o qual depois de ser encurralado num tunel por um cão da CIA ter-se-ia feito explodir. 

A obra foi apreciada com deleite na "Situation Room" da Casa Branca, que divulgou a foto do cão. A obra de ficção anterior dos referidos estúdios foi a suposta morte de Bin Laden por um comando SEAL. Em ambos os casos os cadáveres foram lançados ao mar e não há testemunhas. Por sua vez, as forças armadas russas presentes na Síria afirmaram não ter detectado movimentações militares dos EUA na região de Idleb onde teria morrido Baghdadi.

Seja como for, em termos estratégicos é irrelevante a morte deste auto-denominado "califa". Os terroristas do Daesh/ISIS/ISIL foram derrotados sobretudo pelas valentes Forças Armadas Sírias, com o apoio aéreo russo. Estes são os principais responsáveis pela derrota dos terroristas que infestavam a Síria, armados pelo imperialismo.

Resistir.info

Portugal | Rosa Mota é importante para quê?


Pedro Tadeu | TSF | opinião

Começo por citar uma frase proferida há apenas 20 dias atrás: "Podem ter uma certeza - é que a Rosa Mota é mais importante do que todos os governos de Portugal (os que foram, os que são, e os que hão-de ser) e de todos os Presidentes de Portugal."

Grande parte dos ouvintes/leitores deve reconhecer esta frase como tendo sido dita por Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República Portuguesa interrompeu nesse dia 8 de outubro as audiências formais aos partidos com representação parlamentar para ir ao Museu dos Coches ver a atleta e para inaugurar uma iniciativa chamada "Desportistas no Palácio de Belém".

A atleta portuguesa, que venceu a maratona dos Jogos Olímpicos de 1988 tem, portanto, importância objetiva suficiente para interromper o processo formal de constituição de um novo Governo para o país.

Para o Presidente da República e para todos os partidos envolvidos, uma vez que ninguém criticou o facto, essa importância de Rosa Mota é real, não se discute, é tacitamente aceite.

A atleta tem ainda importância subjetiva suficiente para ouvir a frase elogiosa de Marcelo Rebelo de Sousa que, sendo um exagero afetivo (ao estilo das coisas que o Presidente da República gosta muitas vezes de dizer) pode, na verdade, corresponder ao sentimento emocional de muitas pessoas que admiram a medalha de ouro de Seul.

Portugal | "Não diabolizem mais as vacas com informações que não são verdadeiras"


Os investigadores nacionais da área animal querem promover uma discussão informada que evite generalizações sobre a produção animal e que esclareça os consumidores e a população em geral.

“Não diabolizem mais as vacas com informações que não são verdadeiras". Esta é apenas uma ideia que irá estar em cima da mesa num congresso organizado pela Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica e o Departamento de Zootecnia da Universidade de Trás-os-Montes. Os investigadores nacionais da área animal querem promover uma discussão informada que evite generalizações sobre a produção animal e que esclareça os consumidores e a população em geral.

Ana Sofia Santos, presidente da Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica, pergunta: "Qual é o jovem que ouve na escola que as vacas são o pior que existe no planeta e que depois se interessa por produzir vacas ou pastar cabras, nem que seja na montanha, porque isso é só o pior para o planeta? Isto não contribui em nada porque é desinformação."

A engenheira acrescenta que os animais produzem muito metano mas é preciso adicionar dados à equação. "Temos que quantificar o sequestro que os animais fazem, tem que ser contabilizado e pago. Os serviços ecossistémicos que estes animais fazem, na fixação de população, no consumo de material combustível, tudo isso tem que ser falado."

Portugal | Deterioração de condições de trabalho é a maior causa de endividamento


O Gabinete de Proteção Financeira da Deco já recebeu este ano 26.200 pedidos de ajuda de famílias sobreendividadas e a principal causa já não é o desemprego, mas a deterioração das condições de trabalho, com 21% dos casos.

A mudança no principal motivo para as pessoas recorrerem ao Gabinete de Proteção Financeira (GPF) da Deco está a ser acompanhada por um aumento do número de pedidos o que leva a coordenadora deste Gabinete, Natália Nunes, a sublinhar a necessidade de se “voltar a repensar os comportamentos adotados na época mais complicada da crise”, em termos de recurso ao crédito.

A pretexto do Dia Mundial da Poupança, que se assinala na quinta-feira, o Gabinete de Proteção Financeira fez um balanço dos pedidos que lhe chegaram desde o início do ano e o resultado mostra que os 26.200 entrados até outubro ultrapassam os contabilizados em igual período de 2017 e 2018 e que foram 26.080 e 26.180, respetivamente.

Os dados revelaram ainda que, em 2018, a deterioração das condições de trabalho esteve na origem de 19% das situações de rutura, mas o seu peso aumentou este ano para os 21%, ultrapassando pela primeira vez o desemprego (20%).

“Há 19 anos que prestamos apoio aos consumidores em situação de sobreendividamento e, ao longo destes anos, a principal causa tem sido sempre o desemprego. Este continua a ser uma causa importante, mas ocupa agora o segundo lugar porque o primeiro tem a ver com a deterioração das condições laborais”, referiu à Lusa Natália Nunes.

Criminalidade continua a aumentar em Timor-Leste, com mais de cinco mil casos em 2018


Díli, 28 out 2019 (Lusa) - A criminalidade aumentou em Timor-Leste em 2018, com um total de 5.151 atos criminosos, mais 500 do que no ano anterior, sendo que 43,2% ocorreram na capital, de acordo com os dados anunais da Direção Geral de Estatísticas.

Depois de Díli, onde se registaram 2.223 casos, o município com mais incidentes em 2018 foi o enclave de Oecusse-Ambeno, com 450 casos, ou 8,7% do total, sendo Manufahi, com apenas 73 casos, a região com menos incidentes, segundo o relatório a que a Lusa teve acesso.

A taxa de criminalidade também aumentou em 2018, passando de 381 para 435 por 100 mil habitantes (era 338 em 2016 e 271 em 2015), com o valor mais elevado a registar-se em Díli (subiu de 714 para 802) e o mais baixo em Ainaro (124).

Do total de atos criminosos, ofensas à integridade física representaram a maior fatia dos crimes (2.212) seguindo-se ameaças (330), maus tratos ao cônjuge (321), e danos simples (292).

FRELIMO acusada de receber 10 milhões de dólares das dívidas ocultas


Agente do FBI revelou num tribunal norte-americano que a FRELIMO recebeu 10 milhões de dólares de uma subsidiária da empresa Privinvest, envolvida no escândalo das dívidas ocultas.

O partido no poder em Moçambique, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), é acusada de receber 10 milhões de dólares das dívidas ocultas em quatro transações, efetuadas entre março e julho de 2014.

informação foi avançada esta terça-feira (29.10) pelo Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique, depois de, no dia anterior, um agente do Departamento Federal de Investigacão dos Estados Unidos (FBI) apresentar vários documentos num tribunal de Nova Iorque, na esteira do julgamento de Jean Boustani, considerado o cérebro das chamadas "dívidas ocultas".

Em tribunal, o agente Jonathan Polonitza revelou evidências de pagamentos ilícitos a vários cidadãos moçambicanos para financiar os projetos da EMATUM, ProIndicus e MAM. E foram apresentados comprovativos de transferências para a conta do Comité Central da FRELIMO, no Banco Internacional de Moçambique, encontados pelo FBI em mensagens de correio electrónico do negociador da Privinvest, o libanês Jean Boustani, acusado de corrupção.

Angola | Parlamento retira mandato a deputada do MPLA Tchizé dos Santos


O Parlamento angolano retirou o mandato a deputada Tchizé dos Santos, do MPLA, devido a sua ausência prolongada. A filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos diz ser vítima de "um golpe" de João Lourenço.

A Assembleia Nacional de Angola retirou esta terça-feira (29.10) o mandato de deputada a Welwitschea dos Santos, também conhecida por Tchizé dos Santos, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), devido ao prolongado tempo de ausência nas reuniões plenárias e de trabalho. 

A decisão contou com votos a favor do MPLA, partido maioritário, e da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior grupo parlamentar da oposição. 

Os grupos parlamentares da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), do Partido de Renovação Social (PRS) e da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) optaram pela abstenção no processo de votação.

Guiné-Bissau | José Mário Vaz nomeia Faustino Imbali para primeiro-ministro


Depois de demitir o Governo de Aristides Gomes, o Presidente cessante, José Mário Vaz, nomeou, esta terça-feira, um novo primeiro-ministro, que já tomou posse. PAIGC critica e CEDEAO considera ilegal.

 O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, nomeou, esta terça-feira (29.10), Faustino Imbali para o cargo de primeiro-ministro do país. Uma nomeação que acontece poucas horas depois do chefe de Estado ter demitido o Governo liderado por Aristides Gomes e ter convidado o Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), o segundo partido mais votado nas eleições de março, a indicar um nome para primeiro-ministro.

Esta tarde, na tomada de posse como primeiro-ministro, Faustino Imbali disse que a prioridade do seu Governo é a realização das eleições presidenciais a 24 de novembro. "Eleições que, por imperativo da nossa função como chefe do Governo, seremos intimados a levar a cabo com a maior isenção possível transparência, imparcialidade, liberdade, sapiência e sempre imbuídos de sentido de Estado e de responsabilidade", acrescentou.

O combate à corrupção e ao tráfico de droga, e garantir paz e estabilidade no país, estão também entre as prioridades de Faustino Imbali, que garantiu também que "o diálogo será a palavra de ordem no relacionamento do Governo com os partidos políticos e com os candidatos às eleições presidenciais". 

Faustino Imbali já foi primeiro-ministro da Guiné-Bissau, entre março e dezembro de 2001, e ministro dos Negócios Estrangeiros, entre 2012 e 2013. Foi fundador do partido Manifesto do Povo, mas atualmente é militante do Partido de Renovação Social (PRS), que tem acordo de incidência parlamentar com o MADEM-G15.

José Mário Vaz responsabiliza o executivo de Aristides Gomes por agravar a discórdia e desconfiança quanto ao processo de preparação das eleições presidenciais, marcadas para 24 de novembro, com a repressão de um protesto que se realizou no sábado (26.10), em Bissau, que provocou um morto, e não foi autorizado pelo Ministério do Interior. 

Guiné-Bissau | José Mário Vaz demite Governo liderado por Aristides Gomes


O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, demitiu o Governo do primeiro-ministro Aristides Gomes. A decisão foi expressa em decreto presidencial, após reunião do Conselho de Estado.

"É demitido o Governo chefiado pelo senhor Aristides Gomes", pode ler-se no decreto presidencial divulgado na noite desta segunda-feira (28.10). No documento, o Presidente guineense justifica a decisão, sublinhando que a situação prevalecente se "enquadra numa grave crise política e que está em causa o normal funcionamento das instituições da República, em conformidade com o estatuído no número 2 do artigo 104 da Constituição da República".

José Mário Vaz convocara esta segunda-feira os partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado, depois de no último sábado (26.10) ter responsabilizado o Governo por agravar a discórdia e desconfiança quanto ao processo de preparação das eleições presidenciais, marcadas para 24 de novembro, com a repressão de um protesto não autorizado pelo Ministério do Interior, em Bissau, que provocou um morto.

No fim da reunião do Conselho de Estado, o porta-voz do Conselho, Vitor Mandinga, teceu gaves acusações contra Aristides Gomes e o seu Governo. Segundo Mandinga, a Guiné-Bissau tem "sucessivamente problemas ao nível do tráfico de droga" e "branqueamento de capitais" e o primeiro-ministro "fugiu de responder na Assembleia Nacional Popular".

"Este país não pode continuar a depender de pessoas com panaceias, ilusões, vendedores da banha da cobra sobre uma promessa irrealizável para reter e sequestrar os guineenses apenas com intenção de dominar este país", afirmou Vítor Mandinga, acrescentando que "os conselheiros entenderam por bem dizer ao senhor Presidente que deve retirar os poderes constitucionais que tem e dissemos que as eleições não podem ser adiadas".

Guiné-Bissau | Religiões a interferir no processo eleitoral?


A um mês das presidenciais na Guiné-Bissau, é tema de debate no país o alegado aproveitamento das religiões para fins eleitorais. E questiona-se qual deve ser o papel da religião no processo eleitoral de um estado laico.

A religião islâmica está no centro do debate aberto na Guiné-Bissau. Em junho deste ano, num encontro no Palácio da República, um líder islâmico tinha garantido o apoio dos muçulmanos guineenses ao atual Presidente José Mário Vaz.

A 13 de outubro, foram recitados versículos corânicos numa ação política de Domingos Simões Pereira, líder e candidato presidencial do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

E também se tem questionado o uso de turbantes por parte de Umaro Sissocó Embaló, candidato presidencial do Movimento para Alternância Democrática (MADEM G-15) - uso que é extensivo aos seus apoiantes.

Recentemente, a juventude islâmica apelou à comunidade para se distanciar de manipulações para fins políticos.

Em entrevista à DW África, Ibraima Fati, imã de uma das mesquitas de Bissau, reprova qualquer envolvimento de elementos da religião em ações políticas. "É feio mesmo um imã ou um professor islâmico a apelar as pessoas para atos políticos e mostrar que pertence a um determinado partido. Isso mostra que pertence a um partido. A política separa. Por causa dela, vê-se ódio entre duas pessoas, as vezes irmãos. Por isso, um imã ou um cheick não deve ser apoiante deste ato".

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Agora o Facebook quer controlar sua saúde


Conhecida por escândalos de captura de dados e manipulação política, rede sugere a usuários que lhe ofereçam suas informações médicas. Promete recomendar tratamentos… Leia também: corporações querem funcionários com chips

Maíra Mathias e Raquel Torres | Outras Palavras

O Facebook lançou uma nova ferramenta para as pessoas tomarem e registrarem decisões sobre seus cuidados com saúde. Elas informam seu sexo e idade e, em seguida, recebem uma lista de recomendações para cuidados preventivos, como teste de pressão arterial, mamografia, papanicolau ou um exame para os tipos de HPV com maior probabilidade de causar câncer. Os usuários também podem registrar quando fazem um check-up e escrever lembretes para agir no futuro. A ferramenta foi criada com a ajuda de parceiros como a American Cancer Society, o American College of Cardiology, a American Heart Association e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. Ainda está disponível só nesse país e apenas em inglês, mas os planos são de que, em breve, esteja em espanhol também  –  e há a possibilidade de expansão para outros lugares.

Considerando o tamanho das discussões sobre privacidade e compartilhamento inadequado de dados nessa rede social, a novidade dá o que falar. A matéria do Stat cita um estudo recente que revelou que dezenas de aplicativos de saúde mental enviaram dados ao Facebook e ao Google para fins de análise ou publicidade. E, em fevereiro, o Wall Street Journal relatou que aplicativos nos quais os usuários registram dados confidenciais de saúde (como aqueles sobre ovulação) estavam compartilhando essas informações com o Facebook. 

A empresa afirma que adotou “rigorosas salvaguardas” para proteger a privacidade dos usuários: prometeu não compartilhar os dados gerados com terceiros, não deixar que outros usuários vejam quando as pessoas usam o recurso e não permitir que os anunciantes segmentem anúncios com base nas informações compartilhadas. Mas pode (e deve) acontecer de os usuários verem anúncios segmentados se clicarem em outro site ou navegarem para curtir a página de uma organização de assistência médica. Dentro do Facebook, os dados da ferramenta estarão acessíveis apenas a um subconjunto de funcionários focado em manter o recurso funcional. A ver.

Portugal | Um parlamento sem políticos


Fernanda Câncio | Diário de Notícias | opinião

O Público elencou as profissões dos novos deputados. Descobrimos assim que em 230 identificou um - um único, que o jornal não identifica - "político profissional". A síndrome cavacal está bem e recomenda-se. Ou de como o populismo ocupou o superego dos representantes eleitos.

Ainda bem que há um deputado arqueólogo: faz falta para fazer a arqueologia da profissão de político no parlamento. 45 anos depois do 25 de Abril e 44 após as primeiras eleições livres, só existe, a crer no trabalho publicado nesta sexta-feira pelo Público, um político profissional naqueles 230 lugares.

Isto apesar de termos ali gente que há 30 anos não larga a cadeira, como o comunista António Filipe, que entrou em 1989, na V legislatura, com 26 anos, e quem, como Jerónimo de Sousa, tendo entrado em 1975 na Constituinte, aos 28, acumule 36 de parlamento (saiu ao fim da VI legislatura, em 1995, e voltou na IX, em 2002) e 15 de liderança de partido. Jerónimo e o seu colega de bancada Francisco Lopes são aliás dois casos muito curiosos, já que surgem nas respetivas biografias parlamentares como "afinador de máquinas" e "eletricista".

Surgem de resto no referido artigo do Público como os únicos "operários" do parlamento, correspondendo a 0,9% do total - o que colide com uma notícia do Observador, que indica Hugo Oliveira, eleito pelo PS por Aveiro, como "operário fabril" (a respetiva biografia não consta ainda no site da AR mas foi possível confirmar que o deputado se identifica como tal).

Vejamos o caso de Francisco Lopes. Tem 64 anos e foi eleito pela primeira vez como deputado na X legislatura, em 2005. Se no site do parlamento está como eletricista, no do PC a biografia que consta, datada de 24 de agosto de 2010 (um ano antes de ser candidato por aquele partido à presidência da República), inclui, além de eletricista, também "funcionário do PCP".

Moçambique | Mais de 6.5 milhões de não votaram e Nyusi venceu...


Nyusi pediu vitória “5-0”... ganhou pela falta de comparência de 6,5 milhões moçambicanos

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou neste domingo (27) que o partido Frelimo e os seus candidatos venceram as eleições as Eleições Presidenciais, Legislativas e Provinciais. Filipe Nyusi, que durante a campanha pediu uma vitória “5-0”, foi reeleito Presidente de Moçambique graças a habitual fraude com conivência dos órgãos eleitorais mas também pela incompetência dos partidos de oposição em mobilizarem os 6,5 milhões de moçambicanos que não saíram de casa (nem das redes sociais) para exercer o seu dever cívico.

“O número total de votantes foi de 6.679.008 eleitores, o que corresponde a participação de 50,74 por cento. O candidato Filipe Jacinto Nyusi obteve neste agregado geral 73 por cento dos votos, o candidato Daviz Mbepo Simango obteve 4,38 por cento do total de votos, o candidato Ossufo Momade obteve 21,88 por cento e o candidato Mário Albino obteve 0,73 por cento do total de votos”, anunciou o presidente da CNE, Abdul Carimo Sau.

O apuramento geral dos resultados da 6ª eleição Presidencial indicam que Nyusi obteve 4.507.422 votos porém o número de moçambicanos que foram recenseados para este pleito mas não votou foi de 6.483.313 eleitores.

Mesmo que se descontem os “fantasmas”, que apoiariam o candidato do partido Frelimo, estes números mostram que a maioria dos moçambicanos não votou em Filipe Nyusi mas também não votou em nenhum dos outros candidatos nem mesmo para mostrar a sua posição relativamente ao aumento da pobreza, a falta de Saúde, ao aumento da corrupção ou mesmo sobre as dívidas ilegais.

Angola | Fuga da crise


Victor Silva | Jornal de Angola | opinião

Está a tornar-se coincidente a ideia de que, afinal, vivíamos uma realidade mascarada, fantasiada de realizações faraónicas que não saiam do papel mas torravam milhões e milhões, qual delas menos prioritária que a outra, numa inversão criminosa do interesse colectivo pelo individual ou de grupos.

Quer no MPLA, primeiro, por ter reconhecido ser urgente mudar o quadro, adoptando o lema de corrigir o que está mal, quer, depois, na oposição e na sociedade civil que se foram apercebendo da dimensão da crise em que o país estava mergulhado. A população, no geral, está a constatar dolorosamente essa situação, com a carestia do nível de vida que não pode ser responsabilidade única das medidas de estabilização macroeconómicas que o Governo tem vindo a adoptar.

O país foi saqueado e delapidado cruel e, repito, criminosamente, a pontos de ter atingido níveis de endividamento preocupantes que condicionam a execução dos vários programas para o relançamento da economia depois de anos seguidos de recessão.

A crise não foi “descoberta” pelo Governo liderado por João Lourenço. Ela já vem de há muitos anos atrás. Como a memória tem tendência a estreitar-se no tempo, recua-se ao ano de 2014, embora se saiba que já antes, no subprime, em 2007/8, as campainhas tivessem tocado com muitos “iluminados” da praça a dizerem do alto do seu pedestal, que Angola estava imune à crise.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

REINTERPRETAR O MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO EM ÁFRICA – III


SUBSÍDIOS EM SAUDAÇÃO AO 11 DE NOVEMBRO DE 2019

Uma das maiores deficiências de que sofrem os africanos duma forma geral e os angolanos em particular, é a ausência de reflexão própria sobre os fenómenos antropológicos e históricos afectos ao seu espaço físico, geográfico e ambiental.

Essa falta de vontade e de perspectiva abre espaço ao conhecimento que chega de fora, em prejuízo do conhecimento que tem oportunidade de florescer dentro, ou seja: subvaloriza o campo experimental próprio, quantas vezes para sobrevalorizar as teorias injectadas do exterior!

Isso permite que outros não abram o jogo sobre essas interpretações dialéticas em função de seus interesses, manipulações e ingerências, aplicando a África, por tabela a Angola, as interpretações estruturalistas de feição, de conveniência e de assimilação!


Esta série pretende reabrir dossiers que do passado iluminam o longo caminho da libertação dos povos da América Latina e Caribe, de África e por tabela de Angola, sabendo que é apenas um pequeno contributo para o muito que nesse sentido há que digna e corajosamente fazer!

Abrir os links permite complementar com fundamentos, muitas das (re)interpretações do autor.

domingo, 27 de outubro de 2019

Os desafios da primeira ministra das Finanças de Angola


Vera Daves, a nova ministra das Finanças de Angola, foi nomeada no início de outubro. É a primeira mulher a ocupar o cargo em 44 anos de independência do país, e tem uma grande tarefa pela frente.

Vera Esperança dos Santos Daves de Sousa nasceu na província de Luanda. Formou-se em economia na Universidade Católica de Angola, onde também é docente, e, aos 35 anos, é a primeira mulher a ocupar o cargo de ministra das Finanças em 44 anos de independência de Angola.

O jurista Manuel Pinheiro caracteriza a governante como "uma pessoa de fácil comunicação e que vem desempenhando vários cargos no aparelho governativo".

Entre os cargos exercidos pela nova ministra está o de administradora executiva da Comissão de Mercado de Capitais, entre 2014 a 2016, e de presidente da Comissão de Mercado de Capitais, de setembro de 2016 a outubro de 2017.  

Antes de ser nomeada ministra, Vera Daves foi secretária de Estado para as Finanças e Tesouro. Rendeu no cargo Augusto Archer de Sousa Mangueira, que ocupa agora a pasta de governador da província do Namibe, no sul do país.

Guiné-Bissau | Nuno Nabian reage à morte de manifestante em protestos


Nuno Gomes Nabian, também candidato às eleições presidenciais na Guiné-Bissau, reagiu neste domingo (27.10) aos acontecimentos dos protestos deste sábado em Bissau, e que resultaram em um morto e feridos.

O líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que partilha a governação com o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) acusa as autoridades policiais de "execução" de um manifestante este sábado (26.10) na sequência de uma manifestação reprimida pelas forças da ordem.

Nuno Gomes Nabian, que também é candidato às eleições presidenciais apoiado pelo seu partido, reagiu neste domingo (27) em conferência de imprensa aos acontecimentos de sábado em Bissau:

"O que aconteceu nesta marcha é um plano premeditado e uma ordem de mandar matar. É grave. É aquilo que chamamos de excesso de força ou brutalidade da força da ordem, o que não é normal numa sociedade que tentamos construir. Este irmão [manifestante] foi executado. Inalou o gás, perdeu o fólego, desmaiou. Segundo informações, a polícia chegou e meteu-o arma no pescoço até à morte. É ordem para matar as pessoas, para não se manifestarem. Por isso, os mandantes desta ordem têm que ser responsabilizados".

Guiné-Bissau | "Repressão de protesto agrava desconfiança sobre processo eleitoral" - PR


Presidente da Guiné-Bissau diz que repressão de protesto agrava desconfianças sobre processo eleitoral e que o Governo não está a servir aos interesses da nação. Neste sábado, um homem morreu durante protestos em Bissau.

O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, pronunciou-se neste sábado (26.10), após incidentes numa manifestação de oposição, que resultaram na morte de um cidadão guineense, e disse que a repressão do protesto em Bissau agrava a discórdia e as desconfianças sobre o processo de preparação das presidenciais e que o Governo não está a servir os interesses da nação.

"A mortífera violência da repressão policial contra uma marcha pacífica de cidadãos indefesos, que não constituía uma ameaça à segurança, nem às instituições ou à propriedade, representa uma disrupção que se afasta vertiginosamente dos valores que temos promovido, semeando mais crispação e discórdia, agravando as desconfianças em relação ao processo de preparação da eleição presidencial", afirmou José Mário Vaz, numa mensagem à nação.

Na mensagem, o Presidente disse que na Guiné-Bissau "não pode haver mais quero posso e mando, nem para um Governo que dispõe aleatoriamente do direito à vida dos cidadãos". "Um Governo que não só não garante a segurança dos cidadãos, como violenta e abusivamente põe em causa a segurança e a integridade física dos nossos irmãos, não está a servir os interesses da nação guineense", acrescentou.

José Mário Vaz sublinhou em seu discurso que, na semana passada, tinha advertido o Governo a "assumir a responsabilidade plenas pelos seus atos" pela "forma fraturante como vem conduzindo matérias tão sensíveis e determinantes para o futuro" do país. Na segunda-feira à noite, o primeiro-ministro denunciou uma tentativa de golpe de Estado e envolveu um dos candidatos às presidenciais.

Julian Assange pode não viver até ao final do processo de extradição


– O silêncio conivente dos media e dos jornalistas corporativos é ensurdecedor
– O caso de Assange é uma infâmia maior que o affaire Dreyfuss
– É uma tentativa de assinalar aos jornalistas as consequências de publicar informação relevante

Craig Murray [*]

Fiquei profundamente abalado ao testemunhar os acontecimentos no Tribunal de Magistrados de Westminster, segunda-feira 21 de Outubro. Todas as decisões foram tomadas às pressas, mal ouvindo os argumentos e objecções da equipa jurídica de Assange, por uma magistrada que nem sequer pretendia estar a ouvi-las.

Antes de entrar nesta ausência flagrante de um processo justo, a primeira coisa que devo observar foi a condição de Julian. Fiquei muito chocado com o peso que o meu amigo perdeu, com a velocidade com que o seu cabelo caiu e com a sua aparência de envelhecimento prematuro e muito rápido. Ele está também a coxear de forma muito pronunciada, o que nunca vi antes. Desde a sua prisão, ele perdeu mais de 15 kg de peso.

Mas sua aparência física não era tão chocante quanto sua deterioração mental. Quando lhe pediram para dizer o nome e data de nascimento, ele lutou visivelmente por alguns segundos para se lembrar de ambos. Chegarei ao conteúdo importante de sua declaração no final do processo no devido tempo, mas a sua dificuldade em fazê-la era muito evidente; foi uma verdadeira luta para ele articular as palavras e concentrar-se na sua linha de raciocínio.

Até então, sempre fui discretamente céptico em relação àqueles que alegavam que o tratamento de Julian representava tortura – mesmo depois de Nils Melzer , relator especial da ONU sobre tortura, o afirmar – e céptico em relação àqueles que sugeriam que ele poderia estar sujeito a tratamentos de drogas debilitantes. Porém, depois de ter participado em julgamentos no Uzbequistão de várias vítimas de tortura extrema e de ter trabalhado com sobreviventes da Serra Leoa e de outros lugares, posso dizer que ontem mudei de ideias completamente: Julian exibiu exactamente os sintomas de uma vítima de tortura trazida para a luz, particularmente em termos de desorientação, confusão e verdadeira luta para reivindicar o livre arbítrio através da névoa de uma extrema debilidade adquirida.

TODO O MUNDO É UM ATIVISTA RUSSO


A América riu dos comentários de Hillary Clinton sobre Tulsi Gabbard, mas as ideias de Hillary se encaixam perfeitamente na tendência dominante do pensamento intelectual americano.

Matt Taibbi*

21 de outubro de 2019 - Information Clearing House  --   Hillary Clinton , não muito tempo atrás, foi nomeada pelo Partido Democrata para as primárias democratas e teve algumas palavras bem escolhidas sobre o estado da política americana na sexta-feira.

"Não estou fazendo nenhuma previsão, mas acho que eles (os russos)  estão de olho em alguém que está atualmente nas primárias democratas e a estão preparando para ser candidata a um terceiro", disse Clinton em um podcast com o ex-assessor de Barack Obama; David Plouffe. "Ela é a favorita dos russos."

Clinton parecia estar falando sobre a congressista do Havaí Tulsi Gabbard, uma veterana de combate. Ela não terminou, atacando, também, a ex-candidata do Partido Verde Jill Stein:

A Jill Stein, também, é um património russo ... Sim, ela é um património russo - quero dizer, totalmente. Eles sabem que não podem vencer sem um candidato de terceiros. 

Ela passou a falar sobre Donald Trump:

"Não sei o que Putin tem sobre ele, seja pessoal ou financeiro ... presumo que seja".

Hillary Clinton é insana. Ela, também, não está longe da tendência dominante do Partido Democrata, que vem seguindo a mesma linha há anos.

Mais lidas da semana