sábado, 30 de julho de 2011

BRASIL VAI “REAVALIAR” PROGRAMA NUCLEAR




PORTUGAL DIGITAL, com Agência Brasil

Programa nuclear brasileiro será reavaliado e não tem prazo para definição, diz presidente da Eletronuclear.

Rio de Janeiro - O programa nuclear brasileiro passa por uma reavaliação, sem prazo de definição. O processo revisará custos, tecnologia e impacto ambiental das quatro usinas previstas para serem construídas no Nordeste até 2030, disse quinta-feira (28) o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro.

"Avaliaremos tudo de acordo com as demandas sociais, sem ficar refém de nenhum grupo", disse o presidente, referindo-se a organizações não governamentais de defesa do meio ambiente.

O presidente da subsidiária descartou suspender o programa nuclear, como fizeram a Alemanha e a Itália, depois do acidente com a Usina Nuclear de Fukushima, no Japão. Na Itália, o programa foi rejeitado em plebiscito e na Alemanha, o governo decidiu desativar todas as usinas nucleares responsáveis por 26% da geração de energia naquele país até 2022.

"A revisão [do programa brasileiro] indicará que precisaremos de alguma coisa. A percentagem [de energia gerada por usinas nucleares] é pequena [3,19% da matriz energética], mas é a segunda fonte de energia no país. A contribuição é importante para o equilíbrio do sistema".

Pinheiro informou também que o edital de montagem da parte elétrica e mecânica da Usina Nuclear Angra 3 deve ser lançado para construtoras brasileiras na próxima semana. As obras incluirão itens que vão desde a instalação de tubulação no reator, excluindo a construção civil, e custarão cerca de R$ 2 bilhões.

Pinheiro disse que as obras da usina estão dentro do prazo previsto para estar concluída até março de 2012. Ele explicou que o edital previsto para 2010 sofreu atrasos devido à sobrecarga na área de contratações.

Brasil: MARCO AURÉLIO GARCIA NEGA “CAÇA ÀS BRUXAS”




PORTUGAL DIGITAL, com Agência Brasil

Para Marco Aurélio Garcia, mudanças nos Transportes não significam caça às bruxas.

Lima - O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que o governo investigará denúncias de irregularidades, mesmo que sejam contra pessoas ligadas ao PT ou a partidos aliados. Mas isso, segundo ele, não significa uma caça às bruxas, nem o fim da aliança política.

"A aliança política continua sólida", disse ontem (27), referindo-se ao afastamento de pessoas no Ministério dos Transportes, ligadas basicamente ao PR, depois de denúncias de superfaturamento de obras na pasta.

"Se houver problemas em qualquer partido ou em particular com o meu partido, o PT, esses problemas serão averiguados sob critérios bastante republicanos. Não há problema sobre isso”, disse Marco Aurélio, em Lima.

Segundo ele, o que houve foi "uma série de mudanças no Ministério dos Transportes, em função de questões concretas que apareceram e que serão averiguadas. E, uma vez averiguadas serão encaminhadas, se houver efetivamente consistência nas acusações serão encaminhadas à Justiça”.

ONU alerta: FOME NA SOMÁLIA VAI AGRAVAR ATÉ AO FIM DO ANO




PÚBLICO

Pedidos mais 1400 milhões de dólares

A crise alimentar no Corno de África vai continuar até ao final do ano e para a enfrentar é necessário mais dinheiro. Num relatório divulgado ontem, a agência da ONU que coordena a ajuda humanitária, a OCHA, sublinha que na Somália a fome vai piorar e que o envio de alimentos tem que continuar.

“Toda a região Sul vai sucumbir à fome”, diz o documento da OCHA, citada pela Reuters. É feito um apelo ao aumento dos donativos em mais 1400 milhões de dólares porque é preciso custear uma crise humanitária que “vai estar sempre em crescendo nos próximos quatro meses”.

Segundo a ONU, nos meses de Agosto e Setembro é provável que faltem alimentos nos campos de refugiados. “As zonas identificadas como de maior risco nos próximos seis meses são o Sul e o Centro da Somália, o Sul e o Leste da Etiópia e os campos de refugiados no Djibuti, Quénia e Etiópia”, diz o documento. Etiópia e Quénia, prossegue a OCHA, deverão começar a sair do alerta vermelho perto do fim do ano. Na Somália — cujo Centro e Sul está debaixo do controlo da al-Shabab, organização islamista ligada à Al-Qaeda — não existe esse momento de recuperação devido aos “elevadíssimos níveis de subnutrição, às péssimas condições para o pastoreio e às colheitas, que estão muito abaixo do considerado normal”.

O dramatismo que se vive na Somália — a al-Shabab não permite a entrada de ajuda humanitária nos territórios que controla — tem desviado os olhares dos outros países do Corno de África afectados pela fome. No Quénia, têm-se registado lutas violentas entre tribos fronteiriças (quenianas e somalis) e clãs da mesma tribo pela posse dos poucos recursos. No Nordeste do Quénia, habitado pelos turkana (nómadas pastores que dão nome à sua região), a Reuters dá conta de tiroteios iniciados devido ao roubo (ou tentativa de roubo) do gado ainda vivo.

A maior parte dos turkana não usa moeda nem faz troca de produtos, alimentando-se de leite, sangue dos animais e frutos selvagens. “Perdemos muita gente nos últimos meses, muitas crianças e muitos idosos. Não os contamos porque a morte deles é uma vergonha para a nossa comunidade”, disse à Reuters o chefe da comunidade de Naporoto, que recusou dizer o seu nome.

EUA: Câmara dos Representantes aprova proposta para elevar limite da dívida nos EUA




PÚBLICO

Senado não parece disposto a um acordo que apenas adie o problema

A proposta do Partido Republicano para resolver a crise da dívida pública nos EUA foi nesta sexta-feira aprovada pela Câmara dos Representantes, mas uma solução do problema ainda pode estar distante e depende do Senado.

A proposta foi delineada e várias vezes alterada pelo vice-presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, que conseguiu finalmente o voto favorável desta câmara. Boehner conseguiu convencer os Republicanos mais conservadores (ligados ao movimento Tea Party) a apoiarem-no, algo que ontem não tinha acontecido.

Ainda assim 17 republicanos votaram contra e todos os democratas votaram contra. No total, contabilizaram-se 218 votos a favor e 210 contra. A proposta prevê cortes na despesa superiores a um bilião de dólares e um alargamento faseado do limite da dívida que daria margem de manobra ao Governo Federal apenas até ao início do próximo ano.

No entanto, a passagem desta proposta na Câmara dos Representantes dominada pelos Republicanos, não significa uma solução para o problema porque o Senado, dominado pelos Democratas, não parece disposto a aceitar um acordo que apenas adie o problema para um período anterior às eleições. E ambas as Câmaras do Congresso têm de votar favoravelmente a proposta para ela passar a lei.

O DECLÍNIO DO IMPÉRIO (FINANCEIRO) AMERICANO




António Martins – Outras Palavras

À medida que cresce risco de calote imediato, desgasta-se condição dos EUA como grande centro financeiro do mundo

As crises ensinam. Até ontem à noite, os políticos norte-americanos continuavam incapazes de chegar a um acordo sobre a ampliação da dívida do país — única forma de evitar, a partir de 2 de agosto, um colapso múltiplo dos serviços públicos e, talvez, um calote contra os credores do país. Por suas consequências devastadoras, sobre toda a economia mundial, tal desfecho é, ainda, improvável. Mas um texto das jornalistas Julie Creswell e Louise Story, publicado semana passada no New York Times debate as consequências de longo prazo da crise destas semanas. A leitura sugere que o papel de que os Estados Unidos se beneficiaram desde o final da II Guerra — o de grande centro financeiro global — sofrerá grande desgaste.

Julie e Louise apuraram que surgiu pela primeira vez, no universo dos mega-investidores em papéis norte-americanos — Tesouros de dezenas de países, corporações transnacionais, grandes instituições financeiras — a noção de que também os Estados Unidos podem ficar sem condições de honrar sua dívida. Tanto pelo crescimento exponencial dos débitos, quanto, como sugere o episódio atual, por decisão ou mesmo paralisia política.

Tal compreensão pode rompe uma crença e um comportamento mantidos durante décadas. Como o dólar era a moeda aceita internacionalmente, pensou-se que seu emissor nunca se tornaria inadimplente. Comprar títulos do Tesouro norte-americano foi sempre considerado a opção mais segura, para investidores interessados em manter seus recursos protegidos. Por isso, os Estados Unidos foram, durante longos períodos, financiados pelo resto do mundo. Mantiveram comércio externo altamente deficitário porque, num certo sentido, bastava-lhes imprimir dinheiro. Como nenhuma outra moeda ameaçou, neste período, seu papel, os grandes investidores simplesmente não tinha outra opção, exceto continuar financiando os EUA.

O risco real de um calote está levando os gestores dos Tesouros, corporações e bancos credores dos EUA a rever, pela primeira vez, esta opção. No momento, é apenas uma consideração teórica, inclusive porque não há alternativas. Mas o que a matéria do New York Times revela é que, mesmo após superado o impasse entre democratas e republicanos, a situação nunca será a mesma. A ficha começou a cair.

Um calote do Tesouro dos EUA seria desastroso para todos. Ele tornaria insolventes outros bancos, empresas e países, com provável efeito-dominó em plano mundial. Lançaria dúvida generalizada sobre algo essencial na economia: a crença que cada parte precisa ter na capacidade de pagamento da outra, em qualquer operação econômica (da fusão entre duas grandes companhias à compra de um computador ou ao depósito em um banco). Por isso, não vale a pena torcer pela quebra. Mas será cada vez mais importante desmistificar o papel financeiro dos Estados Unidos, e buscar alternativas a ele…

AGRESSÃO AO BOM SENSO




José Inácio Werneck – Bristol – Direto da Redação

Bristol (EUA) – Quem mora nos Estados Unidos pode suspeitar que Aristóteles, Descartes e outros gigantes do pensamento racional  não são conhecidos pelos politicos do Partido Republicano.

Diariamente o presidente Barack Obama comparece diante de câmeras e microfones para tentar racionalizar o debate sobre a dívida pública e diariamente é repelido com uma intransigente atitude que não admite  ouvir dizer que milionários e bilionários serão obrigados a pagar um centavo a mais de impostos.

Os americanos pagam  menos impostos do que os demais países desenvolvidos e isto se tornou mais evidente depois dos “cortes temporários” obtidos pelo presidente George W. Bush em seu primeiro mandato.

De temporários eles estão próximos de se tornarem permanentes. Os republicanos não admitem sua caducidade, embora ela esteja prevista na legislação. Pior, não admitem que o governo federal feche os muitos “loopholes”, as brechas  que permitem às classes abastadas deixarem de pagar o imposto que teoricamente lhes é exigido pelas leis.

Mas, no outro extremo da equação, os republicanos ligados ao Tea Party são insaciáveis: querem radicais cortes de despesas, sobretudo as que atingem os serviços sociais, como aposentadorias, Medicare (que assiste aos idosos) e Medicaid (que assiste aos pobres). Estão furiosos desde que Barack Obama, num esforço para combater a recessão surgida no segundo mandato de George W. Bush, obteve passagem no Congresso do Plano de Estímulo, com obras públicas e outras despesas governamentais, numa tentativa de combater o desemprego.

O estímulo cumpriu em parte seu papel e só não obteve mais porque foi modesto. Para apaziguar os republicanos, Obama temperou-o com cortes de impostos e investiu menos em obras do que deveria. Mesmo assim os republicanos, que conseguiram maioria na Câmara dos Deputados nas últimas eleições, ameaçam impedir que o governo eleve o teto da dívida pública se Obama não concordar com todas as suas exigências de cortar serviços sociais sem cobrar um centavo a mais de impostos aos americanos com renda superior a 250 mil dólares ao ano. (Mesmo quando se fala em dobrar a quantia para 500 mil dólares, eles recusam).

Alguma solução tem que ser alcançada até o dia 2 de agosto, quando o governo tecnicamente entrará em inadimplência, em “default” – isto é, não poderá honrar seus compromissos. Uma pequena esperança surgiu agora no horizonte com o ressurgirmento de uma proposta do chamado Grupo de Seis, formado por senadores democratas e republicanos, de combater a dívida pública com uma mistura de cortes de despesas e aumento de impostos.

Mais uma vez, Obama procurará argumentar com a lógica. Resta saber se os republicanos ligados ao Tea Party na Câmara de Deputados estão finalmente dispostos a ouvir um discurso racional.

É jornalista e escritor com passagem em órgãos de comunicação no Brasil, Inglaterra e Estados Unidos. Publicou "Com Esperança no Coração: Os imigrantes brasileiros nos Estados Unidos", estudo sociológico, e "Sabor de Mar", novela. É intérprete judicial do Estado de Connecticut.

ESPANHA COM ELEIÇÕES ANTECIPADAS EM 20 DE NOVEMBRO




NUNO RIBEIRO, em Madrid - PÚBLICO

A Espanha vai às urnas no próximo dia 20 de Novembro, anunciou hoje o presidente do governo, José Luís Rodriguez Zapatero. Deste modo, as eleições, inicialmente marcadas para Março de 2012, quando se cumpriam os quatro anos de legislatura, vão ser antecipadas. Em 26 de Setembro próximo, Zapatero tornará oficial a convocatória eleitoral.

Para justificar a antecipação, Zapatero destacou que foram cobertos “os objectivos fixados para a segunda parte da legislatura”, referindo-se à recuperação da economia e às metas reformistas socio-laborais, de competitividade e do sistema financeiro.

Com eleições em 20 de Novembro, caberá ao Executivo que saia das urnas a elaboração do Orçamento do Estado para 2012. Aliás, a antecipação da ida às urnas deve-se, em boa parte, ao facto do actual governo não ter apoios sólidos e suficientes para apresentar a sua proposta de contas públicas.

Portugal: DEPOIS DOS JUÍZES, ADVOGADOS APANHADOS A COPIAR




PAULA TORRES DE CARVALHO - PÚBLICO

Ordem já anulou as provas

Um grupo de 13 advogados estagiários foi apanhado a consultar manuais durante o exame de acesso à segunda fase do estágio, avançou hoje o semanário "Sol". A Ordem dos Advogados anulou as provas.

O exame poderá agora ser repetido em Setembro, confirmou ao PÚBLICO o bastonário Marinho e Pinto.

Embora “absolutamente lamentável” este caso “não tem nada a ver” com o escândalo que envolveu candidatos a juízes suspeitos de terem conhecido por antecipação um dos exames do Centro de Estudos Judiciários (CEJ) e que levou à demissão da sua directora, considera por sua vez o presidente do Conselho Distrital da Ordem dos Advogados, Vasco Correia.

Os jovens advogados que infringiram as regras, ao “manipular bibliografia não autorizada”, são “uma minoria insignificante” dos que realizaram o exame, 13 em mais de dois mil, sublinha. Face ao sucedido, a Ordem procedeu, “como se impunha”, com a anulação da prova, explica Vasco Correia.

No caso dos juízes, Marinho e Pinto defendeu que os que foram apanhados a copiar deveriam ser “excluídos da profissão”. Quanto aos advogados tem uma posição diferente: “Não, não devem ser excluídos”, afirma ao PÚBLICO. “Os juízes vão julgar os outros, é diferente”, considera, notando que a Ordem fez o que tinha a fazer: anulou a prova.

Portugal – Parlamento: PASSOS RESGATA PROPOSTAS DE BARROSO E SÓCRATES




MARIA JOSÉ OLIVEIRA - PÚBLICO

Na estreia de Passos Coelho nos debates quinzenais na Assembleia da República, esta manhã, a novidade foi mesmo a recuperação de iniciativas lançadas nos governos de Durão Barroso e de José Sócrates.

No seu primeiro debate quinzenal, o primeiro-ministro, que não subiu à tribuna, preferindo falar da bancada do Governo, anunciou um conjunto de medidas que foram já debatidas no Parlamento – uma delas em 2002, durante o Governo PSD/CDS, liderado por Durão Barroso; e três propostas pelo Governo PS e registadas no Orçamento de Estado de 2011.

A primeira é a fusão, num único organismo, do Instituto Português da Juventude, Movijovem, Instituto do Desporto de Portugal e Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação.

Os três restantes projectos referidos por Pedro Passos Coelho consistem em medidas lançadas pelo Governo PS há cerca de um ano: as extinções da RAVE (Rede Ferroviária de Alta Velocidade), cujas competências serão transferidas para a Refer, da EDAB (Empresa para o Desenvolvimento do Aeroporto de Beja) e ainda da NAER (empresa pública para o novo aeroporto de Lisboa).

Antes de apresentar estas propostas, Passos Coelho afirmou que a extinção de organismos terá “impacto” na sociedade portuguesa, admitindo que o processo não será “pacífico” ou “fácil”.

A intervenção do primeiro-ministro foi praticamente dominada por um balanço dos últimos 30 dias de governação, com Passos a registar que o Executivo conseguiu, “em tempo recorde”, aprovar em Conselho de Ministros um calendário para o Orçamento do Estado de 2012 e ainda cumprir alguns dos prazos previstos no memorando acordado com a troika internacional.

Contudo, frisou, o Governo precisa de “ganhar tempo”. E o esforço, concluiu, é “colossal”.

Portugal: REGRESSÃO SOCIAL, NÃO!




CARVALHO DA SILVA – JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

Um dos compromissos para os quais vale a pena mobilizar a sociedade portuguesa é contra a regressão social. Se não o conseguirmos fazer o país regredirá inexoravelmente no seu processo geral de desenvolvimento. O primeiro-ministro e outros membros do Governo confirmam que as suas políticas vão garantir-nos mais dois anos e meio de sacrifícios, sem crescimento económico, prosseguindo a recessão económica, agravando-se a situação da dívida, aumentando o desemprego e a pobreza.

Dizem-nos que a prioridade é "equilibrar as contas", depois teremos crescimento! Mas, quando equilibrarmos as contas em que situação estaremos? Qual a dimensão da pobreza? Qual o nível de direitos sociais? O que será o direito ao trabalho e o conceito de emprego neste país?

Começaremos a ter crescimento económico a partir de que base, com que estrutura do nosso tecido empresarial, com que papel do Estado, com que nível de desequilíbrio na destruição da riqueza?

Se os nossos jovens e muitos trabalhadores qualificados continuarem a ter de emigrar ao ritmo dos últimos três anos - o que pode significar a saída de meio milhão num período inferior a 10 anos - como vai a sociedade portuguesa recompor-se e com que custos?
Pertenço a uma geração que sente uma enorme alegria quando observa o percurso da sociedade portuguesa, desde o final dos anos 50 até ao tempo presente.

No Portugal rural e pobre da minha infância eram enormes as carências, em particular, no plano social e no trabalho. Muitos dos meus companheiros de escola, fugindo dessas tristes realidades, partiram à conquista do sonho e da esperança emigrando, quantos deles para França, Alemanha e outros países.

Havia muito pouco emprego, existia essencialmente trabalho mal remunerado, o salário dava para subsistir e pouco mais, o acesso à Educação, ao Ensino e à Saúde eram miragens, as infra-estruturas básicas nas habitações e nas aldeias e vilas eram quase inexistentes.

Foi o surgimento de trabalho e a luta dos trabalhadores pelos seus direitos (e deveres) que a Constituição da República de 1976 havia de consagrar nos "direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores" e nos "direitos e deveres económicos, sociais e culturais", foi o extraordinário impulso do 25 de Abril na construção do Estado social, foi o investimento público em áreas estratégicas (sociais, económicas e culturais) para assegurar a prestação de serviços indispensáveis às populações, que nos garantiram progresso e desenvolvimento.

As políticas laborais e sociais em curso e, em particular, o ataque aos direitos dos trabalhadores, conduzem-nos, mesmo que de forma camuflada, ao regresso ao passado, precipitam-nos no desastre.

Observemos como são falsos e cínicos os fundamentos apresentados pelo Governo sobre a proposta de lei relativa à diminuição da indemnização por despedimento, quando diz que visa obter a protecção e a criação do emprego. De facto, a redução das indemnizações determina, não a protecção e/ou a criação de emprego, mas sim o incremento dos despedimentos e, consequentemente, mais desemprego. O Governo tem como objectivo tornar todo o emprego mais instável, menos protegido e mais mal pago para, num contexto de enorme desemprego, forçar as pessoas a trabalharem em quaisquer condições para sobreviverem.

O Governo não quer nem pode mobilizar os trabalhadores e o povo português numa perspectiva democrática! Está hoje claro que as políticas de ortodoxia liberal só poderão continuar a proliferar se houver intensificação da exploração e das desigualdades e retrocesso civilizacional.

O Governo, imprimindo uma dinâmica ofensiva no imediato pretende gerar contradições profundas entre os portugueses, atacar tudo o que possa pôr em causa políticas universalistas e solidárias, levar as pessoas a desacreditarem no futuro e a perderem a esperança, ou seja substituir mobilização por submissão. Temos de trabalhar compromissos sérios, em base sociais e políticas amplas, para travar esta regressão social e civilizacional e se começar a trabalhar a necessária mobilização democrática, que abordarei em próximos artigos.

Estagiários apanhados a copiar em exame deviam ser expulsos da Ordem dos Advogados




JORNAL DE NOTÍCIAS

O bastonário da Ordem dos Advogados disse esta sexta-feira que os advogados estagiários apanhados a copiar num exame de estágio deviam ser expulsos da Ordem, mas que a lei e a Constituição permitem que voltem a inscrever-se, para repetir o exame.

António Marinho Pinto comentava à agência Lusa o facto de uma dúzia de advogados estagiários terem sido apanhados a copiar no exame que daria acesso à segunda fase do estágio, mas podem voltar a inscrever-se para repetir o exame dentro de meses.

Apesar de entender que o mais correcto seria aqueles advogados estagiários serem afastados da Ordem, sem possibilidade de se inscreverem para repetição de exame, o bastonário sublinhou que os infractores serem apenas uma dúzia em cerca de 1.700 candidatos.

Marinho Pinto disse ainda que esta situação "não tem comparação com o escândalo" ocorrido no Centro de Estudos Judiciários (CEJ) em que houve copianço generalizado e os candidatos a magistrados em causa foram "premiados" administrativamente com uma nota positiva (10 valores). Após o caso ter sido divulgado, o CEJ anulou a prova, que foi repetida.

O bastonário notou ainda que os candidatos a magistrados do CEJ utilizaram "métodos fraudulentos" para aceder a um órgão de soberania, onde irão julgar outras pessoas, pelo que o grau de honestidade destes profissionais tem de ser o mais elevado possível.

Entretanto, o Conselho Distrital de Lisboa da OA emitiu esta sexta-feira um comunicado a confirmar que alguns alunos copiaram na Prova de Aferição do 1.º Curso de Estágio de 2011 da Ordem dos Advogados, realizada nos dias 18, 20 e 22 de Julho, como noticiou o semanário Sol.

"Realizaram a Prova de Aferição, pelo Conselho Distrital de Lisboa, seiscentos e cinquenta e cinco advogados estagiários, o que totalizou mil novecentos e sessenta e cinco testes escritos, dos quais treze (uma insignificante minoria, portanto) foram anulados pela Direcção do Centro de Estágio, por ter sido detetada a utilização de elementos cuja consulta não era permitida", refere o comunicado.

O Conselho Distrital realça que "as anulações foram fundadas em factos objectivamente verificados na ocasião".

Mais de Portugal:

Portugal: Trabalhadores da RTP querem reposição imediata nas emissões em onda curta




LUSA

Lisboa, 20 jul (Lusa) -- A comissão de trabalhadores da RTP pediu à administração da empresa para repor de imediato as emissões em onda curta, argumentando que a decisão impede o acesso à informação e à língua portuguesa de milhares de portugueses.

O pedido foi anunciado hoje na sequência de uma reunião com o conselho de administração realizado na terça-feira, na qual o presidente da estação confirmou aos trabalhadores ter recebido autorização para suspender a onda curta pelo anterior ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão.

Considerando tratar-se de uma "atitude inconstitucional, ilegítima, extemporânea e irresponsável", a comissão de trabalhadores defende, em comunicado hoje divulgado, que a onda curta é uma "opção estratégica da difusão da língua portuguesa".

Portugal: COMISSÃO DE TRABALHADORES DA RTP PEDE REPOSIÇÃO DA ONDA CURTA!




COMUNICADO DA COMISSÃO DE TRABALHADORES DA RTP

Querem silenciar a Onda Curta…

Uma atitude inconstitucional, ilegítima, extemporânea e irresponsável.

O Conselho de Administração da RTP confirma ter pedido ao governo autorização para suspender as emissões em onda curta. A decisão foi autorizada pelo então ministro dos Assuntos Parlamentares Jorge Lacão e ordenada a suspensão das emissões em onda curta com efeito a partir de 1 de Junho.

A confirmação foi dada em reunião com a Comissão de Trabalhadores da RTP pelo Presidente da Empresa, Dr. Guilherme Costa, e pela Vogal Dra. Carla Chousal no dia 19 de Julho.

A decisão do Conselho de Administração impede o acesso à informação e à língua portuguesa de milhares de portugueses espalhados pelo mundo.

A Comissão de Trabalhadores da RTP entende que esta decisão é inconstitucional porque contraria a Constituição da República, no que concerne ao Art.º 38.º, n.º 5 - comete ao Estado a obrigação de assegurar a existência e o funcionamento de um serviço público de rádio e de televisão.

A Comissão de Trabalhadores considera esta decisão ilegítima porque desresponsabiliza a RTP,SA nas obrigações de serviço público expressas no Artigo 15.º nº 4 - A atividade de rádio em ondas […] decamétricas (ondas curtas) apenas pode ser exercida pela concessionária do serviço público de rádio, sem prejuízo da sua prossecução por outros operadores legalmente habilitados para o efeito à data da entrada em vigor da presente lei. Requisitos dos operadores Capítulo II Acesso à atividade da Lei da Rádio.

É uma decisão extemporânea, porque suspende um serviço público sem qualquer estudo prévio sobre as suas consequências. A “suspensão” por um período de seis meses pode por em causa os compromissos internacionais da RTP, quando da sua participação no High Frequency Coordination Committee (Presença internacional da RTP na organização anual da coordenação e distribuição das frequências).

A Comissão de Trabalhadores devia ter sido informada pelo Conselho de Administração antes da tomada de decisão, o que também não aconteceu. Os trabalhadores que se encontravam no Centro Emissor de Onda Curta de Pegões estão a ser colocados noutros serviços, denunciando uma intenção definitiva em acabar com a Onda Curta e não de uma suspensão temporária.

A Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) “não vê problemas” na suspensão temporária das emissões da RDP Internacional em Onda Curta, pedida pela Administração da Empresa ao Governo, mas demarca-se de ter feito um parecer favorável, afirmando que a RTP apenas lhes deu conhecimento sobre a situação.

Também, o Provedor do Ouvinte, Mário Figueiredo só teve conhecimento desta decisão depois do processo já ter sido desencadeado. “Sou frontalmente contra, como representante dos ouvintes”, afirmava em Abril em declarações ao PÚBLICO. Alertando que as outras plataformas de emissão, como o satélite, cabo ou DTH e Internet implicam custos para o ouvinte ao contrário da onda curta.

No site da Empresa a RDP Internacional é definida como “o grande elo de ligação dos portugueses no Mundo. Através das suas emissões, todos, em qualquer ponto, podem aceder instantaneamente ao contacto com Portugal.” Em que ficamos?

Nalguns casos, como ocorre com quem trabalha no mar, quem está em regiões mais inacessíveis ou anda na estrada, essa decisão terá um impacto evidente e criará maior isolamento. E programas da RDP Internacional, dedicados, por exemplo, a camionistas, deixam de fazer sentido.

Como se explica a deliberação da Administração da RTP,SA? Em que estudos se apoiaram para formarem a opinião que os levou a decidir sobre esta matéria?

A Administração da RTP,SA ao decidir “suspender” as emissões em onda curta, demonstra falta de responsabilidade na tomada desta medida. É importante relembrar o investimento de quase 6 milhões de euros, feito na onda curta entre 2003 e 2006. Como se justifica este investimento se a intenção era acabar com a onda curta?

Só em 2005 a RDP assinou um contrato com a Thales Suisse, S.A. para o fornecimento de equipamentos de radiodifusão, no valor de 3.3 milhões de euros, para a modernização do seu Centro Emissor de Ondas Curtas. Do equipamento constante neste contrato estão dois emissores de ondas curtas de 300kW da Thales e uma antena de cortina de alto ganho, destinada às transmissões para a América do Norte, bem como um sistema de gestão técnica da estação. Com vista à modernização total do Centro Emissor, estes montantes constituíram o epílogo de um processo iniciado em 1989 com a aquisição de um emissor de 300kW e de uma antena multifrequência para África, seguida em 2002 de uma outra fase, no valor aproximado de 4 milhões de euros, com a aquisição de mais um emissor de 300kW, duas antenas destinadas às transmissões para a Europa e Brasil e diverso equipamento auxiliar.

Estes dados oficiais da Empresa são justificados então pela RDP, com a entrada em funcionamento do novo equipamento, em 2005. Ficou decisivamente melhorada a cobertura do continente americano com as emissões da RDP Internacional. Por outro lado, com estes fornecimentos a estação anunciou estar preparada para os futuros desafios da digitalização, que se concretizariam com a introdução da tecnologia DRM (Digital Radio Mondiale) também em Portugal.

Insistimos nesta matéria: Como é que a Administração da RTP,SA explica o investimento de montantes tão elevados na modernização da Onda Curta, quando, pouco tempo depois, decide ilegitimamente a sua “suspensão” sem apresentar qualquer sustentação sólida para tal decisão?

É importante lembrar que quando a RDP passou a fazer parte do grupo RTP,SA era uma empresa estável, com as finanças em ordem, lucrativa, sem problemas económicos. É por isso da maior injustiça que a emissão em onda curta e o serviço público prestado através da RDP Internacional seja “suspenso” em nome da redução na despesa da RTP,SA.

Poupar sem ferir o serviço público

Restringir o serviço público de rádio e televisão à gestão de conteúdos, sejam estes de informação ou de entretenimento, é um argumento redutor e demagógico. As obrigações de serviço público exercidas pela RTP,SA garantem: as emissões das regiões autónomas dos Açores e da Madeira; as emissões internacionais de rádio e televisão; a cobertura equilibrada de todo o país geográfico, social e cultural; o apoio ao cinema; a preservação em arquivo do património histórico de produção audiovisual da rádio e da televisão; a cooperação com os PALOP; o Host Broadcasting Service; o investimento em novas tecnologias, a televisão digital terrestre (TDT), a alta definição (HD); assim como, as emissões em Onda Curta, são a parte menos visível do serviço público de rádio e televisão, mas nem por isso menos importantes.

O único intuito desta “suspensão” é o de poupar à RTP,SA oitocentos mil euros por ano.

Mas a Administração da RTP,SA sabe que pode reduzir na despesa sem pôr em causa o cumprimento do serviço público de rádio e televisão.

Por exemplo, retirando as 66 viaturas (com combustível e manutenção) atribuídas aos cargos superiores da Empresa que custam mais de 600 mil euros por ano. Solução que o Presidente do Conselho de Administração Dr. Guilherme Costa não admite em absoluto. .

A Comissão de Trabalhadores tem insistido também na aplicação de tetos salariais nas novas contratações. E na renegociação imediata de salários avultados cujos montantes foram negociados na base do mercado e na oferta. Se o mercado se alterou é justo e urgente que a Empresa renegocie os montantes acordados então debaixo de outros pressupostos. Equacione a correção de vencimentos, cujos critérios de atribuição sempre nos pareceram pouco claros, e atenue desequilíbrios salariais graves entre trabalhadores que prestam o mesmo serviço com igual competência mas auferem salários muito mais reduzidos. Haveria muito por onde reduzir na despesa, lamentavelmente o Conselho de Administração optou por reduzir no serviço  público de rádio e televisão, na onda curta.

Qual é a importância da Onda Curta?

Inaugurado em 1954, o Centro Emissor de Ondas Curtas da RDP constitui a principal via de comunicação entre a RDP Internacional e as comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo. Transmite em média de 50 horas por dia, para a Europa, África, Brasil, América do Norte, Venezuela e Médio Oriente. As ondas curtas - radiofrequências situadas entre os 3 e os 25 megahertz (MHz) - constituem um objectivo estratégico de afirmação dos interesses nacionais no espaço global e são tanto mais importantes quanto um país tem interesses relevantes a projetar a nível internacional, dadas as suas características de propagação a longas distâncias do transmissor. As emissões em onda curta são símbolo da liberdade e da comunicação entre as pessoas que falam a mesma língua, do Brasil a Timor-Leste mas também são por vezes o único meio de darmos voz aqueles que se expressam na língua portuguesa. As ondas curtas não podem ser controladas por barreiras de qualquer tipo, não podem ser confinadas a fronteiras nacionais ou ideológicas. Podem ser sintonizadas através de aparelhos simples e portáteis. Não podem ser censuradas; não é possível rastrear quem sintoniza o rádio ao contrário de quem comunica pela Internet. Estas são algumas das características que as tornam singulares e necessárias. Fundamentais para que a língua portuguesa chegue a todos onde quer que estejam. A sua utilização foi fundamental para a liberdade de outros povos em diversos momentos da história de Portugal, como foi o caso de Timor-Leste. Chegam onde a Internet não consegue chegar. Apelamos a todos que considerem vantajoso para Portugal as emissões de onda curta, que exijam o fim do embargo e a reposição imediata das emissões de onda curta ilegitimamente suspensas pela Administração da RTP,SA.

Com apelo à reposição imediata das transmissões em onda curta, este comunicado foi enviado ao Primeiro-ministro, Dr. Pedro Passos Coelho; ao ministro que tutela a RTP,SA, Dr. Miguel Relvas, Ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares; ao Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Dr. Paulo Portas; assim como aos secretários de estado deste ministério, por entendermos terem obrigações maiores para com as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Dr. Luís Brites Pereira; e Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. José Cesário.

Aos grupos parlamentares na Assembleia da República e aos deputados da Assembleia da República eleitos pelo círculo da emigração nomeadamente: os deputados, Paulo Pisco, eleito nas listas do PS; Carlos Gonçalves, José Cesário e Carlos Páscoa Gonçalves, eleitos nas listas do PSD. O deputado socialista Paulo Pisco já manifestou a sua discordância com todo este processo e apresentou um requerimento ao Governo e à RTP através do Senhor Ministro da Economia e do Emprego.

Apelamos, também, ao Dr. Alberto Martins, Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, assim como individualmente a cada um dos outros 40 deputados representantes dos partidos com assento parlamentar que fazem parte desta comissão que se pronunciem sobre a suspensão das emissões em onda curta. Interlocutores privilegiados das embaixadas e consulados portugueses no mundo.

 Lisboa 19 de Julho de 2011, a Comissão de Trabalhadores, pela reposição imediata da onda curta como opção estratégica da difusão da língua portuguesa. 

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 26




MARTINHO JÚNIOR

AINDA A SOMÁLIA

A desestabilização prolongada a que tem sido sujeita a Somália, incluindo a pirataria “passiva” dos poderosos que tem resultado na delapidação dos recursos de pesca que ocorre nos mares circundantes em contradição com a pirataria “agressiva” dos somalis, só poderia mais tarde ou mais cedo, em função dos fenómenos decorrentes do aquecimento global, redundar em tragédias humanas como a que presentemente ocorre.

A economia da Somália está completamente desarticulada, exausta e uma quota parte do contencioso deve-se às próprias ingerências promovidas pelos poderosos interesses conotados com os expedientes da hegemonia: destruiu-se o tecido produtivo da sociedade, um tecido arcaico, feudal e resistente em grandes extensões (especialmente fora dos ambientes urbanos), mas decisivo para a frágil situação humana, para se criarem dependências generalizadas da pior forma possível, conformadas ao modelo da globalização elitista em curso.

A 23 de Julho corrente, o artigo de análise de 1994 da autoria de Michel Chossudovsky sobre a Somália voltou a ser lembrado com o título “Somália: the real causes of famine” (http://www.shoah.org.uk/2011/07/23/somalia-the-real-causes-of-famine-1/):

“While external climatic variables play a role in triggering off a famine and heightening the social impact of drought, famines in the age of globalization are man-made.

They are not the consequence of a scarcity of food but of a structure of global oversupply which undermines food security and destroys national food agriculture.

Tightly regulated and controlled by international agri-business, this oversupply is ultimately conducive to the stagnation of both production and consumption of essential food staples and the impoverishment of farmers throughout the world. Moreover, in the era of globalization, the IMF-World Bank structural adjustment program bears a direct relationship to the process of famine formation because it systematically undermines all categories of economic activity, whether urban or rural, which do not directly serve the interests of the global market system”.

Mais recentemente Chossudovsky aprofundava a sua tese sobre as origens da fome no “corno de África”, apontando o seu dedo acusador aos serviços de inteligência das potências anglo-saxónicas e de seus aliados-fantoches:

"According to the UN, a situation of famine prevails in southern Bakool and Lower Shabelle, areas in part controlled by Al Shahab, a jihadist militia group affiliated to Al Qaeda.

Both the UN and the Obama administration had accused Al Shahab of imposing "a ban on foreign aid agencies in its territories in 2009". What the reports do not mention, however, is that Harakat al-Shabaab al-Mujahideen (HSM) (Movement of Striving Youth) is funded by Saudi Arabia and supported covertly by Western intelligence agencies.

The backing of Islamic militia by Western intelligence agencies is part of a broader historical pattern of covert support to Al Qaeda affiliated and jihadist organizations in a number of countries, including, more recently, Libya and Syria”.


Os organismos internacionais de especialidade não têm saído do estágio extremamente limitativo de fornecer ajuda directa, ou seja, dar o peixe, não ensinar a pescar, muito menos criar o ambiente propício para garantir equilíbrios suficientes a longo prazo, a fim de melhor gerir os recursos, geração após geração.

Envenenar, sob os pontos de vista psicológico e sócio-político, as sociedades, são uma arma tenebrosa própria do “moderno” fascismo.

O Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), sustentáculo do Programa Alimentar Mundial (PAM) está a fazer face à fome que alastrou abrangendo já vários países do “corno de África” com epicentro no sul da Somália e tem vindo a lançar desesperados alertas.

A Directora do PAM, Josette Sheeran, durante uma Conferência Ministerial realizada pela organização em Roma, considerou que a mancha da fome no “corno de África” é “a pior situação a que já assisti”, afectando sobretudo as crianças, as mulheres e as pessoas de idade avançada…

O PAM estima que as crianças afectadas pela fome na Somália têm menos de 40 por cento das hipóteses de sobreviver: “o nosso principal motivo de inquietação são as crianças que estão de tal maneira fracas e em estado de desnutrição tão avançada que têm poucas hipóteses de sobrevivência”.

O problema atingiu tal amplitude que há mães que partindo em busca de socorro na direcção dos centros do PAM na imensa região afectada, estando elas próprias enfraquecidas, estão a abandonar no caminho os seus filhos, que ficam assim automaticamente condenados à morte.

O Director Geral cessante da FAO por seu turno, enfatizou em Roma que foram sendo reduzidos os fundos contributivos dos países em relação à Agricultura e apelou para que, na próxima Conferência da FAO em Nairobi, se reúnam 1.600 milhões de dólares para fazer face à situação da região afectada (que também atinge a parte leste do Quénia), nos próximos 12 meses.

Os desequilíbrios globais expressos pela hegemonia aferida a uma lógica capitalista voraz em relação aos recursos do planeta e criminosa em relação à humanidade, são entretanto expostos em vários artigos.

Os números, ao se fazerem as comparações entre os que se referem ao combate à fome e o dos armamentos, não deixam margem para qualquer dúvida e são expressão do tenebroso fascismo que é imposto a toda a humanidade.

Entre esses artigos realço um dos últimos que foi publicado a 13 de Julho pela Redacção Global da Prensa Latina, sob o título “A espiral explosiva da despesa mundial em armamentos – sem surpresa, os EUA são responsáveis por metade das despesas” (http://www.odiario.info/?p=2135):

“As despesas mundiais em armamento, sempre encabeçadas pelos Estados Unidos, tiveram em 2010 um crescimento de 1,3 por cento, atingindo um trilião e 630 mil milhões de dólares.

Os cem maiores fabricantes mundiais de armamento, com excepção da China, venderam 401 mil milhões de dólares de produtos bélicos em 2009, com o recorde para os Estados Unidos, cuja encomenda governamental continua a elevar-se”.

(…)

“Com a despesa mundial em armamentos durante 2010 poderiam manter-se 212 milhões de crianças de aproximadamente um ano, ao custo médio necessário num país desenvolvido europeu. A manutenção estimada por criança ali, segundo fontes extra-oficiais, é de quatro mil 715 dólares ao ano, enquanto o investimento em meios bélicos aumentou em 2010, globalmente, a um trilião e 630 mil milhões de dólares.

Nove milhões de crianças morrem de fome anualmente no mundo, e só o protótipo do super avião britânico não tripulado Tiranis acumulou um custo de 215 milhões de dólares, os que bastariam para alimentar 45.599 crianças ao ano”.

(…)

“Neil Melvin, director no SIPRI do programa Conflitos Armados e Gestão dos Conflitos, considera que os recursos são um factor maior de conflito.

Em sua opinião, o petróleo tem desempenhado o seu papel nas tensões no Sudão e na Líbia, onde contribui para a guerra civil, ao que pode acrescentar, na opinião de analistas, que motiva também os bombardeamentos da OTAN.

O aumento súbito da procura pelo consumo, segundo o SIPRI, é a causa principal de uma concorrência crescente na busca de recursos exploráveis, até no Árctico, e do aumento dos preços, sobretudo os da alimentação.

Ante tais previsões, o alarme é maior se se considera que os preços dos alimentos poderiam duplicar de agora a 2020.

Em relação a isto, os múltiplos actos de violência da chamada primavera árabe foram engendrados em grande parte por distúrbios causados pela fome e os altos preços dos produtos alimentares, opina”.

As nações, sobretudo as que compõem o complexo de culturas anglo-saxónicas, manipuladas por mãos poderosas, assumem um papel instrumentalizado, impondo a divisão da humanidade, como se todos nós não tivéssemos a mesma casa comum para habitar com equilíbrio e coerência, com o cuidado de não delapidarmos, nem esbanjarmos os recursos, muitos deles recursos não renováveis.

A aristocracia financeira mundial, que tem em suas mãos a maior concentração de riqueza e poder, faz proliferar ideologias feudais de há mais de 500 anos, numa altura em que as tecnologias de destruição são próprias dum século que deveria ser de luzes e esperanças para toda a humanidade e de respeito para com o planeta.

A Somália constitui o exemplo mais terrível da falta de amor, de falta de solidariedade, de falta de ética e moral, sobretudo de quem manipula as grandes potências, com todos os desequilíbrios internos que elas possuem e com todos os desequilíbrios que elas provocam para com todas as outras nações e povos, especialmente os desamparados Haitis de África.

Para alimentar a guerra na Somália, enquanto não consegue combater a fome dentro de suas próprias fronteiras, a Etiópia comprou, segundo Thomas Mountain, 200 tanques, orçando em mais de 100 milhões de dólares em armamento (http://tesfanews.net/archives/2428):

"Ethiopia is on another arms buying spree as millions of Ethiopians starve due to the worst drought in 60 years. According to Prime Minister Meles Zenawi Ethiopia is purchasing 200 battle tanks from Ukraine for over $100 million.

Was it a coincidence that the day before Meles’ announcement, the British foreign aid office announced a $60 million “emergency food aid donation” to Ethiopia?

One of the primary reasons Ethiopia needs 200 tanks is to conduct its counterinsurgency campaigns against the ethnically based armed uprisings slowly engulfing much of the country. From the Ogaden in the south east, to Tigray in the north to Gambella in the west, and now it is reported, even spreading to much of Oromia in the south west, the Ethiopian regime needs to be able to crush its own people and the latest installment of armor is long over due".

Só ideologias e praxis fascistas e neo coloniais de última geração podem redundar em efeitos tão terríveis como os que estão a ocorrer no ”corno de África”.

As repercussões de ingerências próprias do fascismo em sociedades arcaicas, mas dispostas a resistir, constituem um crime contra a humanidade.

A consciência disso obriga África, um continente que aspira construir em paz a sua identidade, a reagir.

Em regiões enormes do continente há condições para se fazerem gerar imensos celeiros, por que há água, solos ricos, cabeças para pensar e dirigir, bem como maquinarias e braços para trabalhar.

África deve-se empenhar na agricultura, na pecuária, na pesca e não esperar as tristes “ajudas” que vêm de fora, muitas vezes ingerências que provocam autênticos holocaustos como o que está em curso no “corno de África”.

Angola é um desses países capazes de, pela via duma consequente cultura de paz que estabilize num socialismo democrático disposto a aprofundar a democracia, avançar na agricultura, na pecuária, na pesca, na gestão de imensos recursos de forma equilibrada e sustentável, a prazos dilatados.

É necessário que países como Angola produzam e os excessos de sua produção sejam garante para todo o Continente, na criação do seu próprio banco alimentar, a fim de melhor fazer face ao caos do fascismo criminoso que é imposto pelos poderosos da Terra pela via duma lógica capitalista desumanizada e irresponsável, que constitui o beco sem saída em que todos nós nos encontramos.

Em África é urgente transformar as armas em tractores e arados!
 

Ex-Presidente Lula da Silva defende que próximo passo do país deverá ser a África




FO - LUSA

Rio de Janeiro, 29 jul (Lusa) -- O ex-Presidente Lula da Silva disse hoje, no Rio de Janeiro, que o próximo passo do Brasil deverá ser a África e defendeu mais uma vez uma "representatividade mais sólida" do país no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

"A África é o nosso próximo passo. O Brasil tem que voltar para a África. Há uma vantagem comparativa, eles se sentem iguais a nós e nós nos sentimos iguais a eles", afirmou Lula da Silva, que deu hoje uma palestra sobre o 'futuro do Brasil' a convite na Escola Superior de Guerra (ESG) para um público de militares e autoridades civis.

Para o ex-presidente, o Brasil quer manter "relações harmónicas com todo o mundo" e tem a responsabilidade de manter a paz. "A nossa política é a de construir uma relação de respeito. Não queremos uma relação hegemónica com ninguém", afirmou.

Próximo de tornar-se a quinta maior economia mundial, em 2016, o Brasil deve olhar mais para os países em desenvolvimento como os estados africanos, defendeu.

"O Brasil não tinha embaixada em nenhum dos países africanos. Como o Brasil quer fazer política sem fincar os pés nesse países?", questionou Lula da Silva.

O ex-chefe de Estado lembrou que, no início do seu governo, em 2003, as trocas comerciais com todo o continente africano não ultrapassavam cinco mil milhões de dólares. "Hoje vamos chegar a 20 mil milhões de dólares".

O país deixou de sofrer do "complexo de vira latas", sublinhou Lula, comentando que o Brasil "aceitava" ser tratado como inferior.

"Tudo o que era 'made in' outro lugar era melhor. O Brasil foi visto durante muito tempo como se fosse ruim para a América do Sul e para a África", realçou.

Na sua intervenção o ex-presidente brasileiro defendeu também, mais uma vez, a necessidade de uma reforma profunda no Conselho de Segurança da ONU.

"O Brasil tem que estar no Conselho, assim como a Índia, a Alemanha, o Japão, a África e a América Latina tem que ter mais de um país além do Brasil. Se quisermos ter uma governação global mais séria e respeitada, temos que repensar o Conselho de Segurança. O mundo está a exigir que o Conselho mude", destacou, referindo ainda que quer ver o Brasil no Conselho de Segurança "a fazer diferença".

No âmbito da manutenção da paz, Lula da Silva realçou a presença do Brasil em missões da ONU, como no Haiti, ou em outras operações sob responsabilidade da organização, como na Guiné-Bissau.

"Eu era um dos grandes defensores do Brasil estar com a sua tropa no Haiti. Ouso duvidar se alguma força conquistou o carinho que as tropas brasileiras conquistaram no Haiti", referiu.

Lula reconhece que haverá um momento que o Brasil terá que retirar-se da Minustah. "Não queremos ficar para sempre. Temos que analisar corretamente se não está na hora de compartilhar com eles a nossa saída".

Para Lula, o Brasil pode servir de exemplo. "A atuação do Brasil merece respeito. Só um brasileiro misturado com africano e índio é capaz de fazer isso". Por isso, defende que o Brasil participe em "quantas missões de paz for chamado".

"Se a ONU for forte, terá muitas forças a fazer a paz em muitos países. A violência na Guiné-Bissau, por exemplo, com 1,5 milhões de pessoas. A ONU teria que estar lá para ajudar", destacou.

Lula reiterou que o Brasil deveria compor uma intervenção da ONU na Guiné-Bissau para "equilibrar o país".

*Foto em Lusa

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