Artur Queiroz*, Luanda
Número oficial: 400 crianças
morrem por dia na Faixa de Gaza, vítimas dos bombardeamentos israelitas. O
ministro da Defesa de Israel diz que é para estabelecer uma “nova ordem”
Números provados e comprovados: Até hoje os bombardeamentos de Israel à Faixa de Gaza mataram 7703 palestinos, 70 por cento são mulheres e crianças. Mais de 900 crianças estão desaparecidas sob os escombros das casas e prédios onde moravam. Adultos “desaparecidos” são mais de 3.000. Podem estar soterrados nos escombros. Mas também podem ter ido combater pelo braço armado do HAMAS. Nunca se sabe.
Hoje, ficou apurado que 25 jornalistas foram mortos pelos bombardeamentos israelitas à Faixa de Gaza. Os que ainda estão vivos, foram “aconselhados” a abandonar imediatamente o território. Continuam lá. Nem todos são papagaios ou elefantes amestrados que tocam o sino sempre que os donos lhe metem uma moedinha na tromba. Eu vi um paquiderme amestrado fazer isso no Jardim Zoológico de Lisboa, quando lá fui visitar os animais prisioneiros. Nunca mais voltei. Mas hoje vejo usurpadores da profissão de jornalista tocar a sineta quando lhes metem uma moedinha nas mãos. Crime grave contra o Jornalismo que já está moribundo.
O meu colega Wael Al Dahdouhé, chefe da delegação da Al Jazeera em Gaza, acabou de enviar um serviço e foi avisado de que sua casa tinha desaparecido num bombardeamento. Morreu toda a sua família. Ainda conseguiu tirar dos escombros um neto, bebé, com sinais de vida. Chegou morto ao hospital. Mataram o meu neto. Não vou responder matando. Mas os matadores vão responder ante a Justiça. Biden, Blinken, Austin, Sunak, Úrsula, Scholtz, Macron e todos os outros assassinos, vão responder. Estarei lá testemunhando contra eles. Mataram os meus pais. As minhas irmãs e irmãos. As minhas filhas e filhos. As minhas netas e netos. As minhas amigas e amigos. Não dou a outra face. Não vos perdoo.
Os jornalistas não fugiram e os nazis de Telavive cortaram as telecomunicações. Sei como é. Na primeira guerra do Golfo fomos “aconselhados” a abandonar o Iraque. Os que não obedeceram foram avisados logo na primeira noite de bombardeamentos à capital iraquiana. Um hotel onde muitos estavam alojados foi bombardeado. O governo juntou todos os jornalistas estrangeiros no Hotel Al Rasheed, que tinha um abrigo antinuclear. Algumas horas depois da “mudança”, os EUA bombardearam as telecomunicações. Ficámos dependentes da disponibilidade do Ministério da Informação. Ontem os nazis de Telavive cortaram a internet e as telecomunicações à Faixa de Gaza. Só toleram a versão deles.