segunda-feira, 20 de abril de 2020

FLEXIBILIDADE


Dinis Chan | Plataforma | opinião

A propagação do novo coronavírus tem acelerado o processo de reordenação de toda a dinâmica mundial. Tal como durante a Guerra Fria, nós que estamos num ponto de confluência entre a China e o Ocidente estamos na linha da frente desta nova era.

Nos últimos anos, a "diplomacia de divisão" tem-se tornado cada vez mais popular, especialmente em países do Sudeste Asiático que têm de lidar com a pressão do crescimento dos EUA e da China. Ou seja, estes pequenos países recusam-se a tomar partido, adotando uma diplomacia um pouco contraditória que, no entanto, os mantém numa posição ambígua que possibilita retirarem-se a qualquer momento.

No passado, devido ao atraso em desenvolvimento económico, vários países no sudeste asiático ficaram reduzidos a colónias do ocidente. No entanto, entre estes existe uma exceção, a Tailândia. O Reino Unido e a França lutaram por este território, porém acabou por ser o único país na região a não ser ocupado por forças estrangeiras.

Depois da nova epidemia a Tailândia não fechou as fronteiras, tornando-se num centro de trânsito global, já que vive em grande parte do turismo e o descanso e lazer são a fonte de subsistência.

Embora Macau seja uma cidade pequena, há muito que mantém um contacto próximo com o sudeste asiático devido à história e localização geográfica. E ao longo dos últimos anos a cidade tem também aprendido muito a nível político com esta região. Numa era em que o mundo está em constante mudança, temos de nos manter firmes, e, talvez, imitar a atitude tailandesa, o seu otimismo, estabilidade emocional e flexibilidade, para garantir que Macau continua com o seu dia-a-dia normal.

Brasil | Liderança indígena do povo Uru-eu-wau-wau é assassinada em Randónia


Ari Uru-eu-wau-wau atuava como vigilante do território no município de Jaru e vinha sendo ameaçado, segundo Apib

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgou no final da tarde deste sábado (18) o assassinato do indígena Ari Uru-eu-wau-wau, no município de Jaru, em Randónia. Esse povo é um dos nove – dos quais quatro permanecem isolados – que habitam a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau.

Segundo a nota da Apib, ele integrava o grupo de vigilantes e protetores do território do seu povo e estava ameaçado pelos criminosos responsáveis pelas invasões e devastações na região. Ainda não há informações sobre as circunstâncias e a autoria do crime.

A Apib destaca que o crime ocorre em um momento delicado para os povos indígenas, em que se busca "intensificar ações de proteção" por conta do risco de contaminação em meio à pandemia do coronavírus no Brasil.

"Não estamos expostos apenas ao coronavírus, os crimes cometidos por madeireiros, garimpeiros e grileiros seguem intensos violando nossos direitos e destruindo nossa natureza."

Brasil | O impacto cultural da pandemia de coronavírus sobre povos indígenas


Sepultamento de jovem ianomâmi sem consulta à família gera debate sobre possibilidade de conciliar protocolos restritivos para limitar o contágio por coronavírus com as particularidades culturais de diferentes povos.

Não bastasse a dor de perder o filho de 15 anos, os pais do jovem ianomâmi morto no dia 9 deste mês em decorrência do novo coronavírus não poderão dizer adeus. Horas após o óbito, o corpo foi enterrado em Boa Vista (RR), onde ele estava internado, sem que a família fosse comunicada.

A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde, alega ter seguido o protocolo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que estabeleceu, em 30 de março, procedimentos excepcionais para sepultamento e cremação de corpos durante a pandemia do novo coronavírus.

Ritos fúnebres têm um papel importante nas mais diversas culturas. Para o povo ianomâmi, que conseguiu preservar sua tradição espiritual ao longo do processo de contato com a sociedade, a despedida dos mortos é entendida como vital para o bem-estar da pessoa falecida e também da comunidade.

No livro A queda do céu, o xamã e líder ianomâmi Davi Kopenawa relata a morte de sua mãe durante uma epidemia de sarampo trazida por missionários do grupo Novas Tribos do Brasil (atualmente, Ethnos360). Seu corpo foi sepultado à revelia em um local desconhecido até hoje.

"Por causa deles, nunca pude chorar a minha mãe como faziam nossos antigos. Isso é uma coisa muito ruim. Causou-me um sofrimento muito profundo, e a raiva desta morte fica em mim desde então. Foi endurecendo com o tempo, e só terá fim quando eu mesmo acabar", conta.

A pandemia mostra a necessidade de cooperação apesar das diferenças políticas


O impacto da COVID-19 já pode ser medido, e poderá ser avaliado no futuro, pela impressionante quantidade de pessoas infectadas, pelos números inaceitáveis de mortes, pelo indiscutível prejuízo à economia mundial, à produção, ao comércio, ao emprego e aos ganhos pessoais de milhões de pessoas. É uma crise que ultrapassa em grande medida o âmbito sanitário.

A pandemia chega e se propaga em um cenário previamente caracterizado pela brutal desigualdade económica e social, entre as nações e no seu interior, com fluxos migratórios e de refugiados sem precedentes; em que a xenofobia e a discriminação racial voltam a aflorar; e em que os impressionantes avanços da ciência e da tecnologia, particularmente em matéria de saúde, concentram-se cada vez mais no negócio farmacêutico e na comercialização da medicina, em lugar de estar voltado a garantir o bem-estar e a vida saudável das maiorias.

Chega a um mundo lastrado por padrões de produção e consumo, particularmente nos países mais industrializados e entre as elites dos países em desenvolvimento, que são reconhecidamente insustentáveis e incompatíveis com a condição limitada dos recursos naturais dos quais depende a vida no planeta.

Antes de identificar-se o primeiro enfermo, havia 820 milhões de pessoas famintas no mundo, 2 mil e 200 milhões sem serviços de água potável, 4 mil e 200 milhões sem serviços de saneamento geridos de forma segura e 3 mil milhões sem instalações básicas para  lavar as mãos.

Esse cenário é ainda mais inadmissível, quando se sabe que, no nível global, empregam-se por ano cerca de 618 mil e 700 milhões de dólares estadunidenses apenas em publicidade, e mais um bilião e 8 mil milhões de dólares estadunidenses em gasto militar e de armamentos, que são totalmente inúteis para combater a ameaça da COVID-19, com suas dezenas de milhares de mortes.

O vírus não discrimina entre uns e outros. Não distingue entre ricos e pobres, mas os seus efeitos devastadores se multiplicam ali, onde estão os mais vulneráveis, os de menos ganhos, no mundo pobre e subdesenvolvido, nos bolsões de pobreza das grandes urbes industrializadas. São sentidos com especial impacto ali, onde as políticas neoliberais e de redução dos gastos sociais limitaram a capacidade do Estado na gestão pública.

Faz mais vítimas, onde se cortaram as verbas governamentais dedicadas à saúde pública. Provoca mais prejuízo económico, onde o Estado tem poucas possibilidades ou carece de opções para resgatar os que perdem o emprego, fecham seus negócios e sofrem a redução dramática ou o fim de suas fontes de ganhos pessoais e familiares. Nos países mais desenvolvidos, provoca mais mortes entre os pobres, os imigrantes e, especificamente nos Estados Unidos, entre os afro-americanos e os latinos.

UM VÍRUS, A HUMANIDADE E A TERRA


Um pequeno vírus pode ajudar-nos a dar um grande passo à frente para fundar uma nova civilização planetária ecologista, baseada na harmonia com a natureza. Ou, então, podemos continuar vivendo a fantasia do domínio sobre o planeta e continuar avançando até à próxima pandemia. E, por último, até a extinção", escreve Vandana Shiva, física, ecofeminista, ativista ambiental, defensora da soberania alimentar e fundadora do Movimento Navdanya, em artigo publicado por El Salto, 11-04-2020. A tradução é do Cepat.

Vandana Shiva*

Um pequeno vírus confinou o mundo, parou a economia global, levou embora a vida de milhares e o sustento de milhões de pessoas. Que lições podemos aprender, graças ao coronavírus, sobre a nossa espécie humana, os paradigmas económicos e tecnológicos dominantes e a terra?

A primeira coisa é que o confinamento nos recorda é que a terra é para todas as espécies e que quando abrimos espaço e liberamos as ruas de carros, a poluição se reduz. Os elefantes podem ter acesso às áreas residenciais de Dehradun e se banhar no Ganges, no ghat de Har Ki Pauri, em Haridwar. Um leopardo vagueia livremente em Chandigarh, a cidade projetada por Le Corbusier.

 A segunda lição é que esta pandemia não é um desastre natural, assim como os fenómenos climáticos extremos também não são. As epidemias emergentes, assim como a mudança climática, são antropogénicas, ou seja, causadas pelas atividades humanas.

Os cientistas nos avisam que ao invadir os ecossistemas florestais, destruir os habitats de muitas espécies e manipular as plantas e os animais para obter lucro económico, fomentamos o surgimento de novas doenças. Ao longo dos últimos 50 anos, apareceram 300 novos patógenos. Está escancaradamente documentado que 70% dos patógenos que afetam o ser humano, entre os quais estão o HIV, o ebola, a gripe, a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS, na sigla em inglês) e a síndrome respiratória aguda grave (SARS, na sigla em inglês) surgem quando os ecossistemas florestais são invadidos e os vírus se transferem de animais para pessoas. Quando se amontoam animais em fazendas industriais para maximizar os lucros, afloram novas doenças como a gripe suína e a aviária.

A avareza humana, que não respeita os direitos de outras espécies, nem os direitos dos membros de nossa mesma espécie, é a raiz desta pandemia e das pandemias que a seguirão. Uma economia global baseada na ilusão do crescimento ilimitado se traduz em um apetite insaciável pelos recursos planetários, o que, como consequência, se traduz em uma ilimitada transgressão dos limites do planeta, dos ecossistemas e das espécies.

Vírus feito em laboratório pode dizimar metade da humanidade

Algumas pequenas alterações. Isso é tudo que foi necessário para que um grupo de pesquisadores holandeses transformasse o vírus H5N1 (conhecido como causador da gripe do frango ou gripe aviária) em algo que pode potencialmente acabar com metade da civilização como a conhecemos. Já haviam rumores sobre a pesquisa, como noticiado aqui mesmo no Tecmundo, mas agora os resultados finalmente serão divulgados.

De acordo com a revista especializada Science Insider, a nova variação do vírus é facilmente transmissível entre furões, que são animais que reagem de uma forma parecida à dos humanos em relação a gripe. A revista ainda afirma que outros estudos paralelos alcançaram os mesmos resultados nos Estados Unidos e em Tóquio.

Embora essa descoberta possa ser um grande passo no controle da transmissibilidade dos vírus, outros cientistas estão demonstrando suas preocupações com a chamada “pesquisa dupla”. Isso porque os resultados podem ser utilizados tanto para o bem, quanto para criação de armas biológicas e ataques terroristas caso as informações acabem vazando.

O vírus H5N1 sempre afetou os pássaros, mas nos últimos 10 anos passou a aparecer entre os humanos. Foram em torno de 600 casos diagnosticados, com mais de 500 mortes no mundo todo. A razão de que o vírus não se tornou comum é que ele não é transmissível entre humanos pelas vias aéreas. Ou ao menos não era, pois essa nova versão da ameaça proporciona justamente isso.

Em defesa ao projeto, o virologista holandês Ron Fouchier acredita que a publicação dos resultados ajudará a comunidade científica a estar preparada para o caso de ocorrer uma pandemia de H5N1. Por outro lado, não publicar irá deixar todos no escuro sobre como reagir ao problema.

Só nos resta esperar que esse vírus não caia nas mãos erradas, como foi o caso do anthrax (que aliás é muito menos perigoso que essa nova versão do H5N1).

Thiago Szymanski | Publicado em Tecmundo - 29.11.2011

Imagem: Vírus H5N1 // Daily Mail / Reuters

Portugal | NORMALIDADE E DESIGUALDADES


Manuel Carvalho Da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

O retorno à normalidade é agora o objetivo premente tornado coletivo. Que normal é esse a que se quer voltar?

A emergência e disseminação do vírus e as duras condições do combate à pandemia trouxeram-nos, num espaço de tempo curto, a evidência de que vimos de um passado carregado de erros e contradições, de vulnerabilidades, riscos e injustiças. As desigualdades entre as pessoas, os povos e os estados tornaram-se mais evidentes e inquietantes, contudo já é visível que, se a resposta à crise se cingir à aplicação de leis, de políticas e de práticas instituídas, essas desigualdades se aprofundam e se gera um lastro pesado para o futuro.

É urgente evitar caminhos que propiciam estabilidade a uma minoria e anormalidade permanente para a maioria da população.

A saúde pública e a produção económica são bens que não podem ser postos nos pratos de uma balança no pressuposto de que um sobe quando o outro desce e vice-versa. Imaginamos, porque estamos distantes de poder saber com rigor, a grande dimensão das consequências económicas do confinamento sanitário. Mas serão enormes as consequências sanitárias e económicas de uma pressão demasiada no lado da economia. Evite-se uma escolha trágica entre dois males. Há quem, por egoísmo, pense que tudo se resolve se cada um for já trabalhar, açaimado com máscaras protetoras mágicas e vigiado por sistemas digitais capazes de saberem de cada um de nós coisas que nem os próprios conhecem. É preciso ir trabalhar em pleno, mas as regras têm de ser outras: não se podem cimentar divisões entre "produtivos" e "não produtivos", entre os indispensáveis e os dispensáveis da situação de emergência, entre teletrabalhadores e os outros. Se os idosos forem colocados à parte, persistirão as condições de isolamento e desproteção em que muitos vivem, e rapidamente se ouvirá um coro a qualificá-los de privilegiados e de obstáculo ao "desenvolvimento" da sociedade.

Portugal | Número de mortos recua (21). Mais 657 casos positivos de Covid 19


Valores de há 15 dias no número de mortes nas últimas 24 horas

Portugal registou mais 21 mortos por Covid-19 nas últimas 24 horas o número mais baixo desde 6 de abril.

De acordo com o boletim epidemiológico desta segunda-feira, foram registados, até ao momento, 735 vítimas mortais da Covid-19 em Portugal. O último balanço dá conta de 20863 infetados, mais 657 nas últimas 24 horas.

O número de vítimas mortais desceu pelo segundo dia consecutivo, desta vez para valores mais afastados da trintena que vinha a marcar os últimos 15 dias. Segundo dados da DGS, foram registados 21 óbitos nas últimas 24 horas, o número mais baixo desde 6 de abril, quando foram contabilizados 16. De então para cá, o país entrou numa espécie de planalto, com o número de vítimas mortais a rondar os 30 mortos.

A taxa de mortalidade global é de 3,5%, subido par 12,8% em pessoas acima de 70 anos.

Covid-19: "País preparou-se para o pior cenário". Portugal volta a ser notícia lá fora


A luta de Portugal contra a Covid-19 continua a ser notícia lá fora. Desta vez, o jornal britânico "The Guardian" faz título com palavras do secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales. "Ação rápida controlou a crise de coronavírus em Portugal", lê-se num artigo publicado este domingo.

O texto do "The Guardian" começa por referir que "o baixo número de casos de coronavírus do país" é atribuído pelo governo português a uma "resposta rápida e flexível ao 'pior cenário'" e ao "encerramento antecipado de escolas e universidades em 16 de março".

No artigo é referido ainda que, "apesar de cerca de 22% dos 10,3 milhões de pessoas de Portugal terem 65 anos ou mais, o que as torna particularmente vulneráveis ​​ao vírus, o país registou até agora pouco mais de 20.000 casos e 714 mortes - muito menos do que os vizinhos". Atente-se nos números de outros países europeus: mais de 195 mil casos e mais de 20 mil mortesem Espanha; mais de 175 mil casos e mais de 23 mil mortesem Itália; mais de 111 mil casos e quase 20 mil mortesem França.

Assim, conclui o "The Guardian", a taxa de mortalidade por Covid-19 em Portugal é de cerca de 3%, muito abaixo dos 13% no Reino Unido (mais de 120 mil casos e mais de 16 mil mortes) e na Bélgica (mais de 38 mil casos e mais de 5 mil mortes) ou dos 10% em Espanha.

Como é que Portugal o conseguiu? "Tomou as medidas certas na hora certa", respondeu o secretário de Estado da Saúde, António Sales. "A resposta portuguesa ao surto global de coronavírus foi, desde o início, baseada nos melhores conselhos científicos e na experiência de outros países. Foi regularmente reavaliada e adaptada a uma evolução muito rápida. O país preparou-se para o pior cenário", afirmou ao jornal britânico.

A decisão de fechar todas as escolas e universidades em meados de março, quando ainda se contabilizavam pouco mais de 100 casos de Covid-19 e nenhuma morte, foi "crucial". "Antecipando a disseminação da infeção e transmissão pela comunidade, o governo decidiu fechar instituições de ensino para limitar o contacto de uma grande quantidade de pessoas num local confinado", acrescentou Sales.

Cabo Verde | Covid-19: Situação agrava-se na Praia com mais três novos casos positivos


A situação do Covid-19 em Santiago evolui negativamente com o surgimento de três novos casos positivos na Praia, aumentando para 09 o número de infetados por novo coronavírus na Capital e 61 em Cabo Verde.

Em comunicado remetido ao Asemanaonline, o Ministério da Saúde e da Segurança Social informa que, na sequência das medidas para identificação e seguimento de contactos, foram confirmados, este domingo, mais três casos de infeção por COVID-19 na Cidade da Praia. Consta que todos estão, segundo outras fontes deste jornal, relacionados com o infectado de Ponta d’Água e do agente da PJ que trouxe a doença de França/Portugal para Cabo Verde e que já teve alta. Mas o Diretor Nacional de Saúde retifica (ver este jornal), informando que dois dos três casos positivos de Covid - 19 identificados, hoje, na Praia, são importados da Boa Vista. O outro refere a um paciente também da Praia, que foi conduzido ao Hospital Agostinho Neto.

Conforme o comunicado referido, as vítimas são um homem e duas mulheres. «Trata-se de um senhor de 38 anos de idade e de duas senhoras de 41 e 27 anos de idade, respetivamente, todos de nacionalidade cabo-verdiana», lê se no documento referido.

Diante desta situação, o Ministério da Saúde e da Segurança Social diz que quer contar com toda a população cabo-verdiana, «para o cumprimento cabal do estado de emergência, nomeadamente a permanência em casa, evitando assim a possibilidade de propagação da doença».

Guiné-Bissau | 50 casos confirmados de Covid-19 em plena crise política


Entidades sanitárias apelam às pessoas suspeitas de estarem infetados pelo coronavírus para irem fazer o exame, em Bissau. País é dos mais afetados entre os PALOP. Crise política continua a preocupar.

"Apelamos, mais uma vez, através da comunicação social, para irem fazer o exame. Irem ao centro de atendimento do Hospital Nacional Simão Mendes. Caso contrário, o que não queremos, somos obrigados a tomar medidas, que naturalmente temos de tomar para proteger a saúde pública", afirmou o médico Tumane Baldé, do Centro de Operações de Emergência de Saúde guineense.

Tumané Baldé, que falava na conferência de imprensa diária para fazer o balanço da evolução da doença no país, explicou também que aquelas pessoas são cidadãos residentes em Bissau e em Canchungo.

A Guiné-Bissau tem até hoje 50 casos confirmados de Covid-19, três dos quais curados, distribuídos pelo setor autónomo de Bissau (32), Canchungo (13) e Biombo (5).

O médico guineense disse que foi enviada para a cidade de Canchungo uma equipa reforçada de saúde pública, que inclui médicos, epidemiologistas e funcionários do Laboratório Nacional de Saúde Pública, para reforçar o Centro de Operações de Emergência Médica regional e fazer um "trabalho de fundo para informar qual a situação real daquela cidade".

Tumane Baldé referiu também que o grupo clínico identificou 18 pessoas com Covid-19 que têm risco de maior transmissão da doença na comunidade ou por causa do grau de gravidade que vão ser transferidas para o Hospital Nacional Simão Mendes "por falta de condições e porque têm maior risco de transmissão".

Guiné-Bissau | Covid-19: MAIS DE 200 PESSOAS FORAM DETIDAS EM BISSAU


ASSOCIAÇÃO JUVENIL DENUNCIA

Mais de 200 pessoas foram detidas no início do fim de semana em Bissau pelas forças de segurança por circularem na via pública e algumas foram agredidas, denunciou hoje a Associação Juvenil para a Promoção e Defesa dos Direitos Humanos.

“A Guarda Nacional e a Polícia de Ordem Pública da Guiné-Bissau detiveram, na noite de ontem para hoje mais de 200 indivíduos por circularem nas vias públicas, entre eles, uma criança, que acabou por ser solta”, refere, numa mensagem na sua página da rede social (Facebook), a associação juvenil de direitos humanos.

A associação indica também ter “recebido relatos de que alguns foram agredidos física e verbalmente, sobretudo no Ministério da Defesa, onde mais de 50 indivíduos dormiram na rua, sem proteção alguma, num campo ao lado da instituição”.

Segundo a associação, as pessoas estiveram detidas nos ministérios do Interior e da Defesa cerca de 12 horas.

“A Associação Juvenil para Promoção e Defesa dos Direitos Humanos tem vindo a receber várias denúncias sobre a atuação das forças de ordem e continua a seguir a situação”, salienta.

No âmbito das medidas de combate e prevenção à pandemia provocada pelo novo coronavírus, as autoridades no poder na Guiné-Bissau, que declararam estado de emergência até 26 de abril, impuseram uma restrição de circulação no país, que apenas permite que as pessoas circulem nas vias públicas entre 07:00 e as 12:00, sendo que os últimos 60 minutos devem ser utilizados para o regresso ao domicílio.

A Guiné-Bissau tem até hoje 50 casos confirmados de covid-19, três dos quais curados, distribuídos pelo setor autónomo de Bissau (32), Canchungo (13) e Biombo (5).

A pandemia de covid-19 já matou pelo menos 164 mil pessoas e infetou mais de 2,3 milhões em todo o mundo desde dezembro, segundo o balanço da agência AFP, junto de fontes oficiais, até às 19:00de hoje.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Maurício Mane | O Democrata (gb) | Imagem: Arquivo de O Democrata

Covid-19: Enfermeira detida por comentar falhas de hospital na Guiné Equatorial


Uma enfermeira foi detida na Guiné Equatorial e acusada de “violação de segredo” por ter dito que faltava oxigénio no hospital onde são tratados os doentes com Covid-19, segundo fontes citadas pela Agência France Presse.

De acordo com a ordem do tribunal, o Ministério Público pediu a prisão preventiva de Nuria Obono Ndong Andem pela “autoria do delito de violação de segredo”.

Em causa está uma mensagem em áudio enviada através do serviço de mensagens WhatsApp a uma amiga, na qual a enfermeira apontava falhas no hospital.

“O hospital Sampaka, cuja capacidade de tratar doentes de coronavírus é ostentada na televisão nacional, não tem oxigénio para os doentes de Covid-19”, terá afirmado a ­enfermeira.

A mensagem começou a circular, na quarta-feira, nas redes sociais e a enfermeira foi convocada no próprio dia pelo ministro da Saúde, Salomon Nguema Owono, que apresentou queixa judicial contra ela.

A cadeia de televisão nacional, TVGE, difundiu, entretanto, um desmentido das autoridades de saúde, mostrando tanques de ­oxigénio.

“Temos mais de 80 tanques de oxigénio e uma empresa norte-americana garantiu que nos oferecerá oxigénio sempre que seja necessário”, disse um alto funcionário do Ministério da Saúde.

A detenção à enfermeira foi criticada pelo partido Convergência para a Demococracia Social (CPDS), na oposição, que exigiu, em comunicado, a libertação imediata da enfermeira, alegando que “uma cuidadora, neste momento, é mais importante que a fúria do ministro”.

O CPDS entende que o comentário foi feito na esfera privada e que não há, por isso, lugar a que seja sancionada.

“A liberdade de expressão é garantida pela Constituição”, argumentou, por seu lado, o grupo Cidadãos pela Inovação, partido da oposição dissolvido pelas autoridades em Fevereiro de 2018.

O movimento pró-democracia e direitos do homem SOMOS+ lançou uma campanha a reivindicar a libertação da enfermeira sob o lema “Je suis Nuria Obono Ndong”.

As autoridades da Guiné Equatorial declararam a existência de 79 casos positivos de infecção pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, sem registo de mortes.

O Governo decretou, entre outras medidas de combate à doença, o isolamento entre a parte continental e a parte insular do país.

Jornal de Angola

Angola | Pessoas internadas com Covid-19 em Luanda estão estáveis


As 16 pessoas infectadas por Covid-19 internadas no Hospital da Barra do Kwanza e na Clínica Girassol, em Luanda, encontram-se clinicamente estáveis, assegurou, ontem na capital, o secretário de Estado para a Saúde Pública.

Na habitual actualização de dados sobre a pandemia do coronavírus, Franco Mufinda disse que até ontem não se tinham registado novos casos, mantendo-se os 24 positivos anunciados no sábado, dos quais seis recuperados, dois óbitos e 16 activos.

O governante lembrou que Luanda continua a ser a única província do país com casos confirmados, sendo o município de Belas a localidade com maior número de casos registados.

Em relação à quarentena institucional, o secretário de Estado para a Saúde Pública afirmou que 508 pessoas estão sob cuidados das autoridades sanitárias. O Laboratório do Instituto Nacional de Investigação em Saúde processou 1.396 amostras, 91 das quais encontram-se em processamento. Ainda no capítulo laboratorial, frisou Franco Mufinda, iniciou-se, ontem, a recolha e processamento das amostras dos profissionais de saúde vindos de Cuba, que termina hoje.

O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), disse o governante, não registou nenhuma denúncia de quarentena domiciliar. Apenas foram reportados quatro alertas, das quais um validado.

De acordo com o secretário de Estado para a Saúde Pública, 385 pessoas são consideradas suspeitas directas e 696 seguidas de forma ocasional.

Angola | Chuvas causam 15 mortes e milhares de desalojados


Quinze mortes, 13 pessoas desaparecidas, das quais três crianças, várias casas inundadas e ruas intransitáveis é o balanço provisório das fortes chuvas que se abateram sobre Luanda na madrugada de sábado.

O director provincial de Comunicação Institucional e Imprensa do Comando Provincial de Luanda do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, subinspector Faustino Minguêns, disse ontem, ao Jornal de Angola, que oito mortes ocorreram no município do Kilamba Kiaxi e três no de Talatona.

Acrescentou que as chuvas provocaram a inundação de 1.945 residências e 73 ficaram parcialmente alagadas.  Faustino Minguêns referiu que as chuvas provocaram ainda o desabamento de sete residências e 28 ficaram parcialmente destruídas.

As chuvas afectaram ainda 2.136 famílias, o que corresponde a 10.680 pessoas , que estão a ser alojadas, provisoriamente, num espaço cedido pela Administração do Talatona .  Só no Talatona, acrescentou, as chuvas afectaram 2.530 pessoas e 1.225 no município do Kilamba Kiaxi, onde um dos hospitais ficou inundado e três pontes obstruídas, devido à força da água das chuvas.

O Serviço de Protecção Civil e Bombeiro, disse, está a fazer a sucção das águas em várias residências, o desassoreamento de algumas linhas de passagem de águas pluviais, bem como o reperfilamento das bacias de retenção e contenção de águas. O Serviço de Protecção Civil e Bombeiros procedeu ao resgate de 113 pessoas no município de Talatona, concretamente no Distrito Urbano da Cidade Universitária, devido ao elevado nível de água.

O director provincial de Comunicação Institucional e Imprensa do Comando Provincial do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros deu a conhecer que a corporação está a sensibilizar e a proteger as populações da via principal do Zango, de modo a evitar afogamentos junto da vala de drenagem a céu aberto, ali existente.

Até ontem, os efectivos do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros envidavam esforços para remover duas árvores caídas, sendo uma localizada no Distrito Urbano da Ingombota, na rua Reverendo Agostinho Pedro Neto, e outra no Kwame Nkrumah, Distrito Urbano da Maianga.

O governador de Luanda, Sérgio Luther Rescova, defendeu ontem, em conferência de imprensa, a necessidade de se apoiar as pessoas afectadas pelas chuvas e que se encontram em situação mais vulnerável.

Sérgio Luther Rescova sublinhou que o Governo Provincial está a reforçar o trabalho preventivo, enquanto se espera pelas principais obras de infra-estruturas relacionadas com a macro drenagem que a província de Luanda precisa. O governador disse ainda que o Serviço de Protecção Civil e Bombeiros começou a prestar apoio às populações tão logo a chuva começou. Acrescentou que os municípios de Kilamba Kiaxi, Talatona e Viana foram os mais afectados pela chuva. De acordo com o Instituto de Meteorologia, há previsão de chuva para a região de Luanda e arredores, nos próximos dias, podendo o céu apresentar-se nublado, alternando com períodos de céu muito nublado, assim como podem ainda ocorrer ventos fortes e trovoadas.

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