domingo, 21 de julho de 2013

Portugal: CAVACO RESUSCITOU CADÁVER DO GOVERNO COM RESPIRAÇÃO BOCA-A-BOCA




FOSSA LUSITANA - JÁ SE VISLUMBRA A ENORME FORTUNA AO VIRAR DA CRISE II

António Veríssimo (com atualização - anterior)

Não será difícil prever que o futuro de Portugal é risonho e a prosperidade está já ali ao virar da esquina da fossa que Cavaco e muitos outros políticos começaram a construir há cerca de 3 décadas (pelo menos). Vamos exportar merda, estrume. A enorme fossa lusitana (melhor que petróleo ou gás) está em vias de se tornar a maior e mais desenvolvida estrumeira da Europa, sendo previsível que a continuar neste ritmo não tardará que seja a maior do mundo. Vamos exportar merda portuguesa por todo o mundo. Antes era só o fado e Fátima, para além do futebol – que não foi nem tem sido muito lucrativo – mas só pessimistas ou estúpidos não entenderão que não tardará para o El Dorado se instalar em Portugal comercializando patenteadamente nova merda a novos mundos. Será assim – com o negócio da fossa lusitana - que num ápice saldaremos as dívidas aos credores, será assim que o PIB subirá astronómicamente e o défice dará lugar a superavit em crescimento constante. Todos os portugueses estão prestes a enriquecer quase sem esforço. Imaginemos o bem que é dar um pontapé numa poia ou num cagalhão e dali resultarem imensas notas de cem euros p.ex. Os mentores desta iniciativa são de facto uns grandes patriotas. Todos eles, que durante décadas têm vindo a construir a fossa lusitana, são grandes patriotas. Cavaco Silva, Durão Barroso, Guterres, Sócrates, etc, etc. são merecedores do nosso reconhecimento e agradecimento. Afinal todas as contestações e opiniões que os portugueses manifestaram no passado, assim como na atualidade, estão eivadas de atroz injustiça para com estes patriotas, estes, já citados, e os que na Assembleia da República – os deputados dos partidos do arco do poder – tanto têm contribuído para o crescimento da fossa que está prestes a render muito mais que petróleo ou gás russo ou africano. Árabe ou americano. Mais que os veios diamantífero angolanos que são roubados por uns quantos em detrimento de milhões. Muito mais que as minas de ouro da África do Sul. Portugal está rico. Está próxima a hora do slogan português que será repetido globalmente “A Merda é Que Está a Dar”. Estamos ricos. Nós, todos os portugueses. Graças a tantos e tão bons patriotas, maravilhosos políticos e empreendedores visionários, graças ao Presidente de Todos os Portugueses, Cavaco Silva, estamos ricos. Tão ricos quanto atolados estamos na fossa que não pára de crescer graças a iniciativas como a do visionário e patriota Cavaco Silva – que não se cansa de atirar merda para a ventoinha. Atualmente ser merdoso é qualidade de patriotismo. Eis que o são e merecem homenagem: Paulo Portas, Vítor Gaspar, Passos Coelho, o Rosalino, a Maria Luís e tantos outros. Graças ao CDS, ao PSD e ao PS é um ver-se-te-avias de merda a crescer, um recorde de fossa. Não sejamos ingratos com estes patriotas. Agradeçamos. Saibamos solicitar-lhes que atirem ainda muito mais merda para as ventoinhas.  Invistam em mais ventoinhas, produzam muito mais da vossa merda de excecional qualidade, aumentem a fossa. Vivam eles. Viva Portugal. Viva a fossa lusitana.

Depois de Escrito: Os portugueses também devem reconhecimento e agradecimentos ao FMI e à União Europeia pela merda que têm produzido em prol da fossa lusitana. Jamais os olvidaremos.

CAVACO INSISTE EM ATIRAR MAIS MERDA PARA A VENTOINHA

Foi há cerca de duas horas que Cavaco Silva mostrou aos portugueses a sua arte de ressucitar mortos. O cadáver do governo Cavaco-Passos-Portas estava já em decomposição e os odores nauseabundos eram por demais. Mas nem por isso Cavaco se refugiou na desculpa do nojo e atirou-se ao cadáver para lhe dar vida. A assisti-lo António José Seguro, que apesar de exigir uma máscara para evitar contágios cadavéricos esteve presente, obediente e diligente na tarefa presidencial de reavivar o morto. Cavaco perdeu-se no tempo, nas horas e nos dias que se manteve debruçado sobre o cadáver a aplicar-lhe respiração boca-a-boca. Nem o facto de trazer pegado a si, à boca e às mãos, pedaços do cadáver já decomposto, o demoveu dos esforços de salvamento. Só se quedou quando o cadáver tornou audível um ligeiro suspiro e logo a seguir uma lenta respiração. O cadáver do governo cavaquista ressuscitou, para gáudio do seu salvador e para desilusão do seu assistente, António José Seguro - que tem os dias contados no topo da pirâmide do Partido Socialista.

Por outro modo e com toda a legitimidade é sentido em Portugal que Cavaco voltou a atirar mais merda para a ventoinha com a genial ideia de exportar todo o conteúdo da Fossa Lusitana que ele e o seu governo (agora ressuscitado) têm primado em produzir e aumentar. É expectável que o futuro luso seja ainda mais risonho. Vai haver ainda mais merda com fartura.

Depois de escrito: Avisem a troika, a senhora Merkel, os Mercados, a UE - os donos do Protetorado Luso - que o cadáver ressuscitou e que a produção de merda na Fossa Lusitana vai continuar.

Portugal - Sócrates: “LAMENTO NÃO CONCORDAR COM O TOM OTIMISTA DE CAVACO”



Mariana Cabral - Expresso

Ex-líder do PS diz que o país fica "pior" com a decisão do Presidente da República, que hoje "foi tudo menos imprevisível".

José Sócrates crê que a solução "alternativa" apresentada esta noite por Cavaco Silva não foi a mais adequada, uma vez que o Presidente "apresentou um mal menor, mas que não deixa de ser um mal".

O ex-líder socialista diz que, hoje, o líder da República "foi tudo menos imprevisível", ao contrário do que sucedeu na comunicação ao país de 10 de julho. "Lamento não concordar com o tom otimista de Cavaco, porque acho que ficámos pior", disse, em declarações à RTP1.

Sócrates defende que ficou demonstrado o "duplo falhanço", isto é, houve "uma crise iniciada pelo Governo e depois continuada pelo Presidente da República".

"É uma solução que põe o Governo numa situação ainda mais débil do que já estava", explica. "Em 2011, a direita abriu uma crise política, mas para a direita não basta um Governo, uma maioria e um presidente, parece que precisa também de uma oposição no bolso". 

José Sócrates elogiou o diálogo político entre os partidos, tal como fez o Presidente da República, mas questionou as palavras de Cavaco: "Então por que é que o Presidente da República não fez este apelo há mais tempo? Eu defendo um acordo, mas esse acordo teria de assentar numa base de mudança política".

Leia mais em Expresso

Portugal: É preciso um compromisso nacional para salvar o Presidente da República



MIGUEL GASPAR - Público

O Presidente jogou forte e perdeu. É provável que se tenha tornado irrelevante. Cavaco Silva fez o discurso que poderia ter feito há dez dias, quando anunciou que havia um Governo de gestão e obrigou os partidos a negociarem um acordo que falhou.

Há dez dias, o Presidente podia ter dito que o Governo tinha perdido as condições de legitimidade para continuar e marcar eleições antecipadas. Ou então aceitava a remodelação proposta pelo executivo, mas anunciava que ia estar vigilante.

Mas preferiu o golpe de teatro. Agora recuou por completo.

E, apesar do aviso que deixou no final, o Presidente corre o risco de se tornar irrelevante.

Cavaco tentou salvar os restos mortais do acordo afirmando que para o futuro ficou uma semente: a cultura de diálogo.

Não é verdade. Nenhum dos partidos queria o acordo e todos tinham razões para não respeitarem a vontade do Presidente.

Não houve e não há consenso porque os partidos querem coisas diferentes. Para haver um consenso, era preciso que existissem condições para harmonizar as posições de todos.

Não existem. Deixaram de existir. Está errado o Presidente quando diz que estavam reunidas as condições propícias para um acordo. Talvez tenha razão ao afirmar que um dia a realidade o pode vir a impor.

Cavaco reconduziu um governo que abriu uma crise política que penalizou gravemente o país e as instituições e cujos líderes não confiam um no outro.

A emergência nacional que justificou há dez dias o apelo desesperado de Cavaco Silva parece ter desaparecido como que por milagre.

O apelo ao acordo significava que o governo já não era capaz; agora, Cavaco tem de readmitir em plenitude de funções um governo que ele próprio colocou em gestão.

A crise segue dentro de momentos. Pior do que antes do patético apelo do Presidente. Com os partidos mais distantes uns dos outros e mais radicalizados do que antes das negociações falhadas.

Cavaco sabe que não voltará a ser escutado da mesma maneira até ao final do seu mandato. Mesmo que tenha deixado no ar, de forma suave, a ameaça da bomba atómica.

Cavaco sabe que a maioria não ouvirá as recomendações que o Presidente deixou.

O Presidente jogou forte e perdeu. É provável que se tenha tornado irrelevante.

É preciso um compromisso nacional para salvar o Presidente da República.


CAVACO BARALHA E DÁ DE NOVO O MESMO JOGO SALVANDO O SEU GOVERNO




Cavaco Silva falou ao país por cerca de 13 minutos para anunciar que mantém o seu governo com Passos e Portas. O mérito de Cavaco esteve na manha de premeditadamente fazer esquecer as demissões de Gaspar e Portas, o descrédito enorme do governo PSD-CDS e a crise e instabilidade constante que a dita “maioria” cavaquista alberga no seu seio.

Cavaco manobrou de modo a salvar o seu governo e levar ainda mais descrédito à oposição, mais diretamente ao Partido Socialista, que caiu na ratoeira cavaquista. Atualizaremos de modo sistemático esta novela cavaquista. (Redação PG)

Cavaco Silva mantém atual Governo em funções

Jornal de Notícias

"A melhor solução alternativa é a continuação do Governo atualmente em funções", explicou Cavaco Silva, na comunicação que fez, este domingo, ao país. Presidente da República afastou hipótese de eleições antecipadas e anunciou uma moção de confiança ao Governo no Parlamento.

O Presidente da República disse, este domingo, que, não tendo sido possível um compromisso de salvação nacional, a melhor alternativa é a continuação em funções do Governo "com garantias reforçadas de coesão e solidez da coligação partidária até ao final da legislatura".

"Na minha Comunicação ao País, apresentei, com toda a clareza, as razões pelas quais considero que, no atual contexto de emergência nacional, a convocação de eleições antecipadas não constitui uma solução para os problemas que Portugal enfrenta", afirmou, numa comunicação ao país, a partir do Palácio de Belém.

"Assim, não tendo sido possível alcançar um Compromisso de Salvação Nacional, considero que a melhor solução alternativa é a continuação em funções do actual Governo, com garantias reforçadas de coesão e solidez da coligação partidária até ao final da legislatura", disse.

Moção de confiança

O Presidente da República anunciou que o Governo PSD-CDS vai apresentar uma moção de confiança no Parlamento.

"Os partidos da coligação apresentaram ao Presidente da República garantias adicionais de um entendimento sólido para alcançar estes objetivos e a informação de que o Governo irá solicitar à Assembleia da República a aprovação de uma moção de confiança e aí explicitará as principais linhas de política económica e social até ao final da legislatura", afirmou Cavaco Silva.

O Presidente da República avisou que, apesar do Governo se manter em plenitude de funções, "nunca abdicará de nenhum dos poderes que a Constituição lhe atribui".

"Quero afirmar aos portugueses que, se o atual Governo se mantém em plenitude de funções, o Presidente da República nunca abdicará de nenhum dos poderes que a Constituição lhe atribui", afirmou Cavaco Silva, no final da sua comunicação ao país.

O chefe de Estado salientou que "a garantia de governabilidade e o exercício das competências constitucionais de cada órgão de soberania representam o melhor sinal de confiança que devemos transmitir aos portugueses".

Portugal: O QUARTO PILAR



Pedro Silva Pereira* – Económico, opinião

Tenho a estranha sensação de ter perdido algum episódio da novela em que se transformou a actual crise política. Se bem me lembro, tudo isto começou com uma grave crise no Governo da direita, mortalmente atingido pelo falhanço que o próprio Vítor Gaspar reconheceu e pela demissão de Paulo Portas (entretanto revogada a troco de uma proposta de remodelação); agora, três semanas depois, parece que depende do PS, que está na oposição, não só o superar da crise governativa (!) mas também o sucesso do Governo PSD/CDS na execução do Memorando (que sete vezes alterou), no regresso aos mercados (apesar da espiral recessiva) e no evitar de um segundo resgate. Há aqui qualquer coisa que não bate certo!

A verdade é que a intervenção do Presidente envolveu um salto lógico insanável: misturou a crise política gerada no interior do Governo de coligação PSD/CDS (sobre a qual nada decidiu, a não ser pré-anunciando eleições antecipadas em 2014) com o acordo a celebrar entre os partidos do Governo e o Partido Socialista. O primeiro efeito desta mistura explosiva, para além de prolongar a indefinição quanto à situação do Governo (colocado em "plenitude de disfunções"), foi escamotear totalmente as responsabilidades do Governo pelas consequências do seu falhanço e da crise política que provocou: aquilo que era uma crise causada pelo escandaloso desentendimento entre os dois partidos da coligação pareceu tornar-se, sem que se tivesse percebido porquê, numa crise de desentendimento entre os três partidos signatários do Memorando original, a qual só podia ser resolvida com a participação "patriótica e responsável" do Partido Socialista - sob pena, claro está, do fogo do inferno.

A confusão instalada pelo Presidente gerou, além do mais, uma situação política absurda: enquanto, no raciocínio do Presidente, a inexistência de acordo poderia implicar o fim do Governo e dar lugar a outras enigmáticas "soluções jurídico-constitucionais", a aceitação do acordo pelo PS (incluindo sobre o calendário das eleições antecipadas) implicaria, garantidamente, salvar o Governo da direita por mais um ano, proporcionando-lhe até o reforço da sua base de apoio parlamentar, designadamente na frente orçamental. Do ponto de vista político, o fruto visível de um acordo seria, portanto, a fotografia da cerimónia de tomada de posse do Governo da direita remodelado. Nem vale a pena perder tempo a explicar o manifesto absurdo desta ideia.

Assim, além dos três pilares que têm sido identificados no acordo pretendido pelo Presidente (calendário de eleições legislativas antecipadas, a partir de Junho de 2014; medidas de execução do Memorando até ao fim do Programa e compromissos orçamentais e de governabilidade para o período "pós-troika"), há também um quarto pilar de que ninguém quer falar mas que está lá: a solução da crise governativa através do acordo implícito do PS à salvação e manutenção do Governo da direita (com um mandato encurtado). É por isso que a equação política proposta pelo Presidente, tal como foi apresentada - envolvendo, na prática, a viabilização do actual Governo e uma adesão do PS às medidas de austeridade negociadas com a ‘troika' à sua revelia - implicaria neutralizar o PS como partido de oposição. E um PS neutralizado como oposição seria um PS neutralizado como alternativa.

*Pedro Silva Pereira, Jurista

Portugal: Procuradoria abriu inquérito à queixa do PS de ser "alvo de escutas"



Jornal de Notícias

A Procuradoria-Geral da República revelou, este domingo, que já abriu um inquérito para averiguar a queixa do Partido Socialista, que diz estar a ser "alvo escutas ilegais".

Num comunicado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) diz que deu "entrada uma participação entregue pelo chefe do gabinete do secretário-geral do PS, relativa a eventuais interceções nas suas comunicações".

"De imediato foi ordenada a instauração de inquérito para investigar tais suspeitas", lê-se.
Fonte oficial do PS disse à Lusa que o partido entregou uma queixa na PGR a solicitar uma investigação já que tem "dúvidas fundadas" de que vários meios podem estar a ser "alvo de escutas ilegais".

O pedido de investigação à Procuradoria-Geral da República foi feito no mesmo dia em que o secretário-geral do PS, António José Seguro, anunciou o fim das negociações com o PSD e o CDS/PP, sem qualquer acordo.

Relacionado em PG

Portugal: BRINCALHÕES E IGNORANTES




Pedro Marques Lopes – Diário de Notícias, opinião

1-Sob o alto patrocínio do Presidente da República os partidos estiveram toda a semana a brincar com os portugueses.

Basta uma breve leitura dos documentos que o PS e o PSD publicaram nos seus sites para perceber que, das duas uma: ou aqueles documentos não são os que levaram às negociações e estão a mentir aos portugueses ao dizer que foram ou, de facto, aquelas propostas são mesmo as que levaram e não se justificava nem um minuto de conversações... quanto mais uma semana.

Os dirigentes do PS levaram a moção de estratégia de Seguro ao Congresso, sem sequer terem tido o cuidado de tirar as partes mais evidentes - como aquela que dizia que o PS queria uma maioria absoluta... E os do PSD queriam que o PS apoiasse todas as propostas do PSD comprometendo-se até a aprovar medidas de substituição na eventualidade de o Tribunal Constitucional chumbar as do Governo...

Será que o Presidente da República estava a pensar que isto podia acontecer quando, na comunicação em que pediu um acordo, disse que "se o compromisso não for alcançado, os portugueses irão tirar as suas ilações quanto aos agentes políticos que os governam ou aspiram a ser Governo" ? Ou seja, será que o Presidente da República pensa que esta perda de tempo foi necessária para todos sabermos que Passos, Portas e Seguro estão a mais? Talvez Cavaco tivesse querido provar a incompetência dos responsáveis partidários, mas que solução tem agora para nós? É que não passa pela cabeça de ninguém que aceite uma remodelação feita por gente em que não confia e a quem não reconhece credibilidade; a tal remodelação que faz com que o CDS governe o país com 12% dos votos.

Por outro lado, marcando eleições, serão muito provavelmente Seguro, Portas e Passos os candidatos, os tais que incita os portugueses a julgar, nas implícitas palavras de Cavaco, muito negativamente.

O Presidente da República meteu-se, e meteu-nos, num jogo muito perigoso ao mandar-nos julgar os políticos em função do resultado dum acordo que sabia ser impossível. Será que queria provar que é ele o único político digno de credibilidade?

Mas ao dizer o que disse queria também dizer-nos que temos de mudar de protagonistas políticos, e para isso acontecer só há uma solução: eleições.

2-"O país precisa de quem não acalente a fantasia de uma súbita e perpétua vontade de o Norte da Europa passar a pagar as nossas dívidas provavelmente para sempre", disse o primeiro-ministro de Portugal.

Digamos que estas palavras proferidas na Assembleia da República e repetidas no Conselho Nacional do PSD já indicavam que as negociações estavam condenadas. Mas isso seria o menos. O que esta afirmação indica é uma profunda ignorância sobre as causas da crise europeia e da portuguesa, exibe que Passos Coelho é uma espécie de porta-voz da tese que defende que os portugueses são uns preguiçosos que vivem à custa dos trabalhadores do Norte da Europa, mostra um fundamentalismo ideológico capaz de fazer corar a sra. Merkl, reproduz a vergonhosa conversa do viver acima das possibilidades.

Bastavam estas palavras para percebermos que Passos Coelho não pode continuar como primeiro-ministro de Portugal.

Cavaco Silva podia até colaborar com a fantochada em curso, a que tenta fazer esquecer que a crise politica é da exclusiva responsabilidade de Passos e Portas. Cavaco Silva podia até fingir que se esquecia do dia em que deu posse a uma ministra dum governo em decomposição e da demissão dum ministro de Estado por incompatibilidades insanáveis com o seu líder. Cavaco Silva podia até assobiar para o lado e achar que nós não sabemos que este Governo é politicamente incapaz de apresentar o próximo Orçamento, de fazer qualquer tipo de reforma digna desse nome. Cavaco Silva podia ignorar a carta de Vítor Gaspar, a irrevogabilidade de Portas, TSU, chumbos no Tribunal Constitucional e todas as trapalhadas e incompetências. Não pode é deixar em funções alguém que acha que somos um bando de preguiçosos e que temos vivido à custa dos "sacrificados" do Norte. Quem não percebe a origem dos problemas nunca será capaz de os resolver.

3-Seguro, em vez de anunciar simplesmente as razões da falta de entendimento, fez uma série de promessas que, na actual conjuntura e num futuro próximo, não vai poder cumprir se for para o Governo. Foi assim que Passos Coelho começou a perder toda a credibilidade. Foi assim que os políticos perderam a confiança dos portugueses.

O ATAQUE AO MODELO SOCIAL EUROPEU




Na Espanha e em outros países do sul do continente, todos eles submersos em ditaduras fascistas ou fascistoides, a Europa era o lugar de destino para as forças antifascistas que lutavam para conseguir liberdade, justiça social e bem-estar. A Europa era o sonho que aspirávamos. Pois bem, este sonho se converteu em um enorme pesadelo. Por Vicenç Navarro

Vicenç Navarro* - Carta Maior

A Europa, com todas as suas limitações, era o ponto de referência internacional para aquelas forças progressistas que aspiravam alcançar um elevado nível de bem-estar social através da via democrática. Essa identificação da Europa com o Estado do Bem-estar e democracia era sua marca. Na Espanha e em outros países do sul da Europa, todos eles submersos em ditaduras fascistas ou fascistoides, a Europa era o lugar de destino para as forças antifascistas que lutavam para conseguir liberdade, justiça social e bem-estar. A Europa era o sonho que aspirávamos.

Pois bem, este sonho se converteu em um enorme pesadelo. E a grande maioria da população espanhola já expressa, através de pesquisas, que esta não é a Europa que desejavam e haviam sonhado. Hoje, pertencer à Europa representa alguns enormes sacrifícios (o desmantelamento do já escassamente financiado Estado de Bem-estar, a redução dos salários e da proteção social, e a enorme destruição de empregos, passando a ser a Espanha, junto com a Grécia, os países com maior desemprego, alcançando índices nunca vistos antes, mais de 50% entre os jovens).

E todos esses sacrifícios estão sendo promovidos precisamente por aqueles que são responsáveis pela enorme crise financeira e econômica que a Europa e a Espanha experimentaram em sua história recente. E estou me referindo ao que costumava clamar-se a classe capitalista (hegemonizada pelo capital financeiro, baseado na especulação) e que agora, utilizando uma narrativa mais americana (na verdade, estadunidense) chama ao establishment financeiro e grande patronal. É uma guerra de classes (class war) que estão vencendo em bases diárias, à custa de um enorme sacrifício humano por parte das classes populares e que aparece em toda variedade de indicadores (níveis de pobreza e exclusão social, número e taxa de suicídios, taxas de desnutrição infantil, estresse social – tanto individual como coletivo -, doenças mentais, deterioro das taxas de novos casos de doenças cardiovasculares, infartos e ataques de coração, e muitos outros) que estão sendo documentados em uma longa lista de trabalhos científicos de grande credibilidade e que estão sendo publicados em várias revistas de prestígio internacional. E essas deteriorações estão sendo mais acentuadas nos países do sul, onde as políticas neoliberais tem sido impostas com maior intensidade. Estas são as consequências do ataque mais frontal que o “modelo social europeu” está experimentando.

As condições para que o ataque seja exitoso

Ataque esse que exigiu uma série de mudanças que debilitaram os instrumentos que tradicionalmente defendiam os interesses das classes populares, que incluem os sindicatos, os movimentos sociais e os partidos de esquerda.

Assim, o establishment neoliberal que controla a União Europeia e seu governo (o Conselho Europeu, a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e a Corte Suprema Europeia, entre outros) foram impondo toda uma série de medidas com as que exitosamente levaram a alcançar estes objetivos. Vejamos algumas destas medidas:

1. A decisão da Suprema Corte Europeia (EU Court of Justice) nos casos Laval, Rütter e Luxemburgo, que anulou e/ou reduziu consideravelmente o direito de greve.

2. As recomendações da Troika que debilitam significativamente os convênios coletivos, tanto no setor privado como no público.

3. As imposições, também da Troika, como condição dos famosos resgates (que facilitam o pagamento das dívidas públicas aos bancos responsáveis pelas crises financeiras) que implicam no desmantelamento dos serviços públicos, com grande destruição de emprego nestes setores.

4. As imposições, também da Troika, de reformas dos mercados de trabalho, que têm como objetivo a criação de desemprego e a redução dos salários e da proteção social, com o fim de debilitar o mundo do trabalho.

5. A aprovação por parte do establishment neoliberal europeu (que governa a Eurozona) de toda uma bateria de tratados e acordos (o Pacto pelo Euro Plus, também chamado “Competitiveness Pact” e o Pacto Fiscal) que têm - todos eles - como objetivo diminuir, a ponto de anular, o poder da população (e muito em particular da população trabalhadora) de opor-se ao desmantelamento do modelo social. Todos esses pactos foram aprovados sem que se oferecesse à população a possibilidade de participar ou debater as medidas draconianas que tais pactos ou tratados preveem contra o Estado do Bem-estar em seus países. Na verdade, o ataque ao modelo social requer também a redução, quando não a eliminação da democracia nestes países. A eliminação do modelo social requer a diluição, quase o aniquilamento, da democracia na União Europeia. A única instância democrática no espaço europeu é o Parlamento Europeu, que tem jogado um papel marginal no desenho e aprovação desses tratados. E, a nível de cada Estado, ditas medidas – como foi o caso na Espanha – foram aprovadas por elites muito pouco representativas da maioria do eleitorado, ao qual se mantém marginalizado.

A eliminação do modelo social requer a destruição da democracia. E isso ocorreu com a cumplicidade dos maiores meios de difusão e de outras instituições geradoras de opinião e persuasão, que estão à serviço dos poderes financeiros e empresariais que os possuem ou influenciam. Hoje estamos assim, vendo a desaparição da democracia e do Estado social.

*Catedrático de Políticas Públicas, Universidade Pompeu Fabra e Professor de Public Policy em The Johns Hopkins University. Artigo publicado originalmente na coluna “Domínio Público” no jornal publico.es, em 18 de julho de 2013.

ESPANHA: O LODOÇAL DE UM GOVERNO INCOMPETENTE E BARATO




Como se não bastasse toda a catástrofe econômica e social que despencou, nos últimos muitos anos, sobre a cabeça e a alma dos espanhóis, agora se destapa a panela da podridão do PP. Descobriu-se que o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, é um político desses que se vende, e com o agravante de se vender barato. Ou, mais exatamente, 25 mil euros por ano. Por Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno - Carta Maior

Há várias coisas que não podem ser ditas do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, do direitista Partido Popular – o mesmo do nefasto José María Aznar, que ocupou o posto entre 1996 e 2004. 

Por uma questão de justiça básica, elementar, ninguém pode dizer que ele seja competente. Também não se pode dizer que sua palavra valha alguma coisa. Menos ainda que seja um luminar: o único brilho que emana de sua figura é o das lentes de seus óculos de professor de catecismo.

E, agora se sabe, tampouco se pode dizer que seja um cidadão correto. O que sim, se pode dizer, é que além de inepto e medíocre, é um corrupto a mais num partido mergulhado em corrupção, num governo bafejado amplamente pelo estigma da indecência. 

Mais: é um político desses que se vende, sim, mas com o agravante de se vender barato. Ou, mais exatamente, 25 mil euros por ano. Uns 75 mil reais anuais. Pouco mais de 6.200,00 reais por mês. 

Para ser considerado um corrupto de alto coturno, é pouco. Para comprar um Rajoy, é o suficiente. Até nisso ele é incompetente.

Pensando bem, e sempre em nome da justiça, é preciso reconhecer que talvez tenha sido muito mais. Essa, porém, foi a quantia que se comprovou. E, vale reiterar: é pouco. Coisa de político chinfrim. Baratinho.

Como se não bastasse toda a catástrofe econômica e social que despencou, nos últimos muitos anos, sobre a cabeça e a alma dos espanhóis, agora se destapa a panela da podridão do PP. Além da maior taxa de desemprego da Europa, além da perda de tudo que havia sido conquistado ao longo de décadas, além do desânimo e da desesperança, agora desaba sobre o país esse temporal de infâmias. 

Tudo começou com as estripulias do contador do partido, Luis Bárcenas. Acossado por acusações contundentes de tráfico de dinheiro ilegal, coerção, extorsão, captação de doações ilegais, distribuição de dinheiros irregulares, ele agüentou firme. Chegou ao máximo da sofisticação quando foi posto frente a frente com cópias das folhas da contabilidade clandestina dos dinheiros irregulares arrecadados por ele e por ele distribuídos aos líderes do partido. Esse material foi divulgado pelo jornal El País e depois aumentado pelo jornal El Mundo, ligado à direita. 

Bárcenas esperneou, reclamou, convocou peritos para analisar sua caligrafia. Pois bem: a perícia comprovou que sua caligrafia tinha, sim, sido falsificada. Mas não nas folhas originalmente divulgadas pelo El País, e sim nas que ele escreveu diante dos peritos para tentar provar que as outras eram falsas. Ou seja, nem como falsário de si mesmo Bárcenas conseguiu ser convincente.

Processado, foram descobertas contas milionárias que ele havia aberto na Suíça, no Uruguai e em outros paraísos fiscais. Agüentou tudo sem abrir a boca. Até que, preso, sentiu-se abandonado pelo Partido Popular. Porque mesmo processado, continuou usufruindo um salário mensal de 23 mil euros (quase o que ele pagava por ano, e não por mês, ilegalmente, a Rajoy), além de carro, motorista, escritório particular na sede do partido e, claro, a correspondente secretária pessoal. Quando foi preso e perdeu tudo isso, perdeu também os pudores. Já que tinha sido jogado às feras da Justiça, resolveu abrir a boca e cantar. E aí a cantoria desse Plácido Domingo da política espanhola fez desabar sobre o governo uma ópera assustadora, assombrosa.

Além de Rajoy, um grosso contingente da alta cúpula do Partido Popular navegou nas mesmas águas de dinheiro desviado, dinheiro ilegal, comissões sobre contratações de serviço público de coleta de lixo, doações não registradas, enfim, essa ampla peregrinação de dinheiro que conhecemos bem. 

Em suas declarações ao juiz, Bárcenas se revelou um fidalgo. Explicou que nunca contou o dinheiro que recebia. Por uma questão de delicadeza, acreditava no que diziam os doadores. Que, aliás, jamais pediram recibo: se contentavam com ‘deixar-se ver’ aos olhos dos dirigentes do partido.

Mariano Rajoy, claro, diz que tudo não passa de falácias infundadas. Não esclareceu se estava se referindo aos dinheiros em si ou à minguada quantia que Bárcenas diz que pagou a ele.

A oposição, a começar pelo PSOE – o Partido Socialista Operário Espanhol –, que não deixa de ter seus pecados, estrilou feio. Exige a renúncia de Rajoy. Outro partido oposicionista, o Izquierda Unida, quer, além da renúncia, a dissolução do Parlamento, o que significaria convocar novas eleições.

O Partido Popular nega tudo, com convicção de nuvem. Mariano Rajoy, com o argumento clássico dos pilantras pegos em flagrante, diz que não vai trair o mandato conquistado nas urnas. Não diz se as urnas sabiam de suas traquinagens.

Como se não bastasse o peso imenso dessas revelações sobre uma opinião pública já maltratada à exaustão com o desmantelamento de uma ordem social arduamente erguida desde a volta da democracia, em 1978, há mais lodo nesse pantanal. Soube-se agora que o presidente do Tribunal Constitucional, instância máxima da justiça espanhola, um cidadão chamado Francisco Pérez de Cobos, não só era filiado ao Partido Popular e contribuiu regularmente com a mensalidade exigida aos militantes, como ocultou tudo isso da Justiça e da opinião pública. 

Diz que deixou de ser filiado, mas não conta quando. Está comprovado que pelo menos até 2011 pagou a anualidade dos filiados, quando já era membro do Tribunal. A bem da verdade, não é um caso isolado. Desde a volta do PP ao poder, ao menos dois outros magistrados ligados ao partido foram nomeados para a corte suprema. Nenhum, porém, era, ao ser nomeado para a corte, legalmente afiliado como Pérez de Cobos, que para culminar, foi eleito presidente do Tribunal Constitucional. 

Os regulamentos do Partido Popular são claros. Exigem, dos filiados, cumprir todas as instruções e diretrizes do PP. Terá Pérez de Cobos, como presidente da corte suprema da Espanha, obedecido à Constituição ou aos ditames do partido ao qual continuou filiado?

Nesse lodaçal infame chafurda um país inteiro.

Fotos: www.telegraph.co.uk 

PROTESTO CONTRA A ESPIONAGEM ILEGAL DO FACEBOOK E SIMILARES DOS EUA




CONSIDERANDO A ATIVIDADE REPROVÁVEL E ILEGAL DO FACEBOOK E DE OUTRAS CORPORAÇÕES NORTE-AMERICANAS QUE TÊM VIOLADO A PRIVACIDADE DOS CIDADÃOS DE TODO O MUNDO DEVIDO A UM RADICALISMO PARANÓICO QUE FALSAMENTE PRETEXTA PREVENÇÃO CONTRA O TERRORISMO, IGNORANDO OSTENSIVAMENTE O DIREITO INTERNACIONAL E OS DIREITOS HUMANOS, A FÁBRICA DOS BLOGUES E AS PÁGINAS E GRUPOS QUE LHE ESTÃO ASSOCIADAS - PÁGINA GLOBAL/TIMOR LOROSAE NAÇÃO - ESTÃO A PONDERAR A POSSIBILIDADE DE ABANDONAR O FACEBOOK E TODAS AS OUTRAS CORPORAÇÕES ENVOLVIDAS NOS CRIMES DE ESPIONAGEM QUE OPERAM NA INTERNET DENUNCIADOS POR EDWARD SNOWDEN.

OPORTUNAMENTE PUBLICAREMOS MAIS INFORMAÇÃO.

TEERÃO: DA MODERADA RADICALIDADE Á RADICAL MODERAÇÃO



Rui Peralta, Luanda

I - Hassan Rohani, o novo presidente iraniano, vencedor das eleições presidenciais é um “moderado”, o que na nomenclatura politica iraniana não representa um reformista, mas antes um conservador consensual, habituado às negociações inerentes á manutenção dos equilíbrios orgânicos da elite politica islâmica iraniana. Neste sentido Rohani é uma figura diametralmente oposta ao anterior presidente Ahmadinejad, considerado um “radical”, que contava, inicialmente (no segundo mandato as relações deterioram-se) com o apoio dos sectores conservadores da ala histórica do regime (os “principalistas”, erradamente considerados fundamentalistas, que rodeiam o líder máximo do país, o aiatola Ali Khamenei) e dos sectores populistas.

Ahmadinejad imprimiu uma política externa profundamente anti-imperialista, de cariz nacionalista e vagamente socializante, no plano interno. Aproximou o país ao eixo bolivariano (Venezuela, Bolívia, Equador), manteve boas relações com Cuba, com o Brasil e com a Argentina, ampliou os laços com a Rússia, reforçou as relações com a China, procurou um relacionamento mais profundo com o continente africano (que ainda não entendeu a vantagem potencial que reside no estabelecimento de relações de cooperação mais profundas com o Irão, o que também é devido ao estado de bajulação neocolonial que está estabelecido no continente) ensaiou pontes de relacionamento estável com a India e provocou a hostilidade do ocidente, que não viu com bons olhos a política nacionalista de Ahmadinejad e a sua priorização do projecto nuclear iraniano.

O alto índice de participação nas eleições, 72,7%, desmentiu a possibilidade avançada pelos serviços de informação ocidentais que apostavam numa abstenção numerosa por parte da classe média urbana. Pelo contrário, a classe média urbana iraniana parece ter-se contentado com a vitória eleitoral dos “moderados”, embora os radicais mantenham poder suficiente no Parlamento e os assuntos de defesa, segurança interna e de política externa, incluindo o programa nuclear estejam obrigados ao acordo de Khamenei.

II - Rohani, com 64 anos de idade, é um clérigo, um homem com formação em Teologia Islâmica e Direito  Islâmico, e um doutoramento em Direito na Universidade de Glasgow, na Escócia. Viveu vários anos na Europa e fala alemão, russo, inglês e francês. A sua carreira no Estado Iraniano, depois da Revolução Islâmica, esteve sempre ligada aos sectores da defesa e da segurança, assumindo durante a guerra com o Iraque, posições de alta responsabilidade nos serviços de inteligência iranianos. Em 1989 foi nomeado para o Conselho de Segurança Nacional e dez anos depois para o Conselho de Peritos, um organismo do Estado iraniano que reúne especialistas dos mais diversos ramos do saber e das actividades económicas.

Em finais de 1999 assume a liderança da equipa negociadora dos assuntos nucleares, cargo que ocupou até 2005, sendo afastado com a entrada em funções do presidente Ahmadinejad, que imprimiu uma nova dinâmica ao projecto nuclear e que acusou Rohani de manter uma linha demasiado cautelosa em relação á Europa e aos USA, o que segundo Ahmadinejad, era uma atitude que afectava o progresso do programa nuclear. Numa entrevista realizada em Março deste ano, na televisão pública iraniana, durante a campanha eleitoral, o entrevistador usou os mesmos argumentos de Ahmedinejad ao que Rohani reagiu intempestivamente chamando-o de “analfabeto” e afirmou ser falso que durante o seu mandato o programa nuclear avançasse de forma lenta, em função das relações diplomáticas, assumindo-se como o grande responsável pela implementação do programa e pelo seu desenvolvimento.

Na política externa, Rohani pretende normalizar as relações com os USA e a Europa, deterioradas durante a administração de Ahmadinejad. Mas na frente interna não se espera grandes alterações durante o mandato de Rohani, que durante a campanha defendeu que o governo deve interferir menos na vida dos cidadão, o que levou as classes médias urbanas, que pretendem libertar-se do controlo imposto pelos sectores religiosos, a prestarem-lhe o seu apoio. Por ser um hábil negociador e um homem de consensos é natural que a sociedade iraniana sofra uma maior abertura ao exterior e que o peso dos valores religiosos se esbatam e se diluam, levemente, durante a sua administração, mas os que esperam por grandes transformações ou por um projecto reformista, ver-se-ão desiludidos, porque Rohani nunca enveredará por uma via que o afaste do consenso e o empurre para o confronto aberto com os radicais.

III - Rohani contou com o apoio dos ex-presidentes Akbar Hashemi Rafsanyani e Mohammed Katami e com a declinação, a seu favor, quatro dias antes do acto eleitoral, do candidato Mohammed Reza Aref. Os “moderados” jogaram tudo na primeira volta das eleições, evitando o cenário da segunda volta, utilizando um discurso que mobilizou a descontente classe média das cidades, que sentia-se ameaçada pelas reformas de Ahmadinejad (o único presidente iraniano que apesar de ser um “radical” encetou um sério programa de reformas sociais, que beneficiaram as camadas rurais mais necessitadas da sociedade iraniana, embora causassem a desconfiança e o temor das camadas médias das urbes).

Do lado dos “radicais”, representados por três candidatos – o alcaide de Teerão, Mohammed Baker Qabilaf, Ali Alili, chefe da equipa de negociações do programa nuclear e Ali Akbar Velayaties, próximo a Ahmadinejad – as divisões eram mais intensas e os consensos muito mais difíceis de obter, devido á maior amplitude de interesses reflectida neste sector, que abrange desde os conservadores religiosos, aos nacionalistas progressistas, passando por uma vasta gama de tendências populistas.

A Republica Islâmica do Irão é um sistema complexo de relações e de dinâmicas de Poder. Não existe um centro de Poder definido. O Conselho Supremo, os pasdarans, o Conselho de Peritos, o Conselho de Segurança Nacional, são instâncias do poder executivo, com uma larga autonomia institucional, mas interrelacionadas de uma forma mais operacional do que hierárquica, ou minimamente hierarquizadas no seu relacionamento. Enquanto o Poder Legislativo e o Poder Judicial contêm centros únicos (o Parlamento Islâmico e o Tribunal Supremo) o Poder Executivo é composto por uma miríade de instituições que poderão ser mais ou menos preponderantes e que criam uma encruzilhada de jogos de Poder, na qual o Presidente da Republica é apenas mais um actor, que pode desempenhar diferentes papéis, mas com competências próprias e especificas ao seu cargo de alto magistrado e responsável máximo do executivo.   

O actual Líder Supremo o aiatola Khamenei, inicialmente viu com bons olhos a eleição do presidente Ahmadinejad, um “radical” que aparentemente favorecia os interesses dos conservadores religiosos (os principalistas), que se reúnem em tono do Líder Supremo. Mas a agenda própria de Ahmadinejad, no exercício da Presidência da Republica, criou fissuras nas relações com o Líder Supremo. Os últimos dois anos foram de difícil relacionamento entre ambas as instituições e apenas as manifestações e o descontentamento das classes médias urbanas, as manteve em diálogo mínimo e concertado.

Os “radicais” da linha de Ahmadinejad (nacionalistas progressistas) tinham uma agenda diferente dos “radicais” próximos ao Líder Supremo, mas este nunca teve força suficiente para desautorizar Ahmadinejad, ou de destitui-lo (o que seria possível apenas através do parlamento). Por sua vez o Presidente da Republica (que não é Comandante em Chefe, ou seja não detém autoridade militar, pois os militares estão sujeitos a obediência ao Parlamento, que é quem declara a guerra e as medidas de emergência) adquiriu uma forte preponderância no Conselho de Segurança Nacional (logo nos serviços de inteligência) enquanto o Líder Supremo e a sua corrente política dominavam o Conselho de Peritos. Não é por isso de descartar a hipótese (plausível se atendermos ás dinâmicas e relacionamentos internos e orgânicos do Estado) que o aiatola Jamani tenha obtido uma vitória politica com a eleição de Rohani, apesar das suas divergências e diferentes interesses.

IV - A cobertura mediática foi reveladora da ignorância do Ocidente no que diz respeito á política iraniana. Nenhuma das analises dos “experts” - as habituais figuras especializadas em tudo, desde do gato da Joana que ficou preso na árvore até aos mais complexos problemas do macrocosmos e da economia, passando pelas trivialidades da política - fazedores de opinião (opinionemeiqueres), que fazem fila á porta dos estúdios para fazerem ouvir os seus mal esclarecidos e pouco esclarecedores comentários, ou fazem sentir o peso (insustentavelmente leve, como a aerodinâmica do hipopótamo) da torta palavra, escrita em linhas direitas, previu o triunfo dos “moderados”, limitando-se a repetir o discurso de Washington que se afogava em lágrimas por o seu candidato, o ex-presidente Rafsanjani, ter visto vetada a sua candidatura, pelo Conselho Supremo da Revolução Islâmica, liderado pelo Líder Supremo, o aiatola Khamenei.

O veto á candidatura de Rafsanjani foi interpretado no ocidente como um “gesto de desespero” do Líder Supremo, que entrou em “pânico com a força dos reformadores”. A campanha mediática que foi desencadeada durante os protestos das classes médias de Teerão acabou por tornar-se numa intensa campanha propagandística e com relação ao Irão, o ocidente não consegue ir além de slogans e de histórias da aleijadinha, ou de argumentos próprios dos dramas de faca e alguidar, que põem as velhinhas a chorar pedras da calçada. E com estas eleições passou-se o mesmo. Acabou por ser divertido ver, ouvir e ler, a surpresa manifesta dos papagaios e catatuas da indústria mediática, perante a vitória eleitoral de Rohani.

Afinal, o Irão, ainda tinha um bocadinho de democracia, diziam os risos, amarelos pelo desconcerto com que as análises do ocidente enganam os seus próprios manipuladores…

V - Nas eleições iranianas de 14 de Junho, os oito anos da presidência de Ahmadinejad - caracterizados por uma política externa independente, dissonante com o Ocidente e de uma política interna baseada nas aspirações camponesas e apostando fortemente no projecto nuclear, transformado em questão vital para a soberania - foram julgados. Foi fatal a Ahmadinejad uma economia problemática. A vida quotidiana do Irão é afectada por questões básicas, como o deficiente abastecimento alimentar e a falta de medicamentos. O presidente iraniano foi demonizado pelas classes médias urbanas, assustadas com o seu discurso socializante e com a sua perspectiva externa contrária aos desígnios ocidentais.

Ahmadinejad via nas classes médias aquilo que realmente são: uma massa disforme e confusa de funcionários, profissionais liberais e pequenos empresários, caracterizados pela relação de propriedade. Este cluster social julga que a solução para o drama económico iraniano consiste numa mera abertura do mercado ao Ocidente. As classes médias urbanas iranianas (iguais ás de todo o mundo, com os mesmos tiques, as mesmas crenças e as mesmas mitologias alienantes), fortemente aculturadas e com um gosto especial pelo Ocidente, abominavam a figura do presidente iraniano, considerando-o um campónio, um ditador e um retrógrado, na melhor das hipóteses, havendo ainda os sectores mais desesperados, á beira da falência, que o consideravam um perigoso comunista. 
  
As aspirações nacionalistas de Ahmadinejad soçobraram perante a fraqueza da economia iraniana, que naturalmente tornou-se um dos dois temas centrais do cenário eleitoral. O outro tema estava escondido por debaixo do projecto nuclear iraniano e chama-se relações com o Ocidente. Com a política de Ahmadinejad essas relações tornaram-se ainda mais conflituosas e a classe média teme as consequências desse conflito (o que a deixa num papel de relevo no bluff externo criado pelo Ocidente). Desde a revolução Islâmica que o Ocidente olha para o Irão como um inimigo permanentemente diabolizado, um nicho de terroristas e um centro de clérigos fanáticos e fundamentalistas.

A insistência do Irão em ter uma via de desenvolvimento assente na soberania dos recursos entra em contradição com os actuais ditames da presente ordem internacional. O Irão é temido e por isso é atacado, mas o receio que o Irão inspira ao Ocidente é devido á incompreensão ocidental, que não consegue entender as dinâmicas internas do país e a arquitectura institucional estabelecida pela Revolução Islâmica. Os argumentos que o Ocidente esgrime na sua cruzada contra o Irão, são o sinal evidente desta incompreensão da realidade iraniana e constituem um bloqueio cultural, que não resiste a uma análise mais séria e profunda, mesmo que efectuada dentro dos parâmetros predominantes da actual lógica do Ocidente. 
  
As condenações a que o país é sujeito por parte da U.E. dos USA e da ONU, que se reflectem na política de sanções impostas aos iranianos, baseiam-se em pressupostos errados e em premissas que nunca foram comprovadas. Apesar dos USA, logo depois dos resultados eleitorais serem conhecidos, afirmaram-se prontos para negociar com o Irão o seu programa nuclear, demonstrando algum optimismo e deixando no ar uma vaga hipótese de abrandar as sanções, é pouco provável que isso venha a acontecer de imediato.

Israel, pela voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, afirmou que a pressão sobre o Irão não deve ser abandonada. Netanyahu, conhecedor da realidade institucional iraniana, referiu que o Líder Supremo é quem determina o programa nuclear e não o presidente, pelo que a pressão deve continuar, até para “auxiliar o processo reformista”. E arrematou com a habitual ameaça: “Se o Irão insistir em avançar com o programa de armamento nuclear o resultado final deve ser claro. De uma forma ou de outra o programa tem de ser parado.”

As sanções aplicadas ao Irão visam a asfixia económica do país, de forma a criar focos de instabilidade, o que foi conseguido com as classes médias dos principais centro urbanos, mais sensíveis á pressão e às relações comerciais com o Ocidente. David Cohen, Subsecretário de Estado para o Terrorismo, declarou á al-Arabiya, que as sanções afectaram a capacidade do Irão e dos seus serviços de inteligência em manterem os elevados níveis de suporte ao Hezbollah e ao Hamas, para além de prejudicarem os apoios iranianos á Síria.

O Irão é, assim, sancionado pela possibilidade incerta de num determinado momento do presente ou de um futuro próximo produzir armas nucleares, o que nunca foi comprovado e que o Irão refuta, argumentando que o seu projecto de desenvolvimento nuclear é para fins energéticos e não para fins militares. Duas questões essenciais devem ser colocadas, na actual e decadente ordem internacional: a da decisão soberana e o da legitimação dos tratados internacionais. Vamos supor – porque nada indica que essa seja a intenção – que o Irão utilizará o projecto nuclear com fins militares, para além das óbvias finalidades civis. É uma decisão soberana e legítima. Algumas vozes angelicais perguntam de imediato: “Então e os tratados internacionais de Não Proliferação Nuclear?” Esses, meus angelicais e etéreos seres, valem o que valem. E valem o que valem porque são assentes numa lógica de domínio e não na legitimidade da decisão soberana.

Os actuais tratados favorecem o clube dos que já possuem as armas nucleares, um restrito clube de cavalheirescos cavaleiros e garbosos cavalos, que impede a entrada aos jovens pretendentes. Os privilegiados outorgam-se de um direito quase divino e consideram-se os eleitos, os únicos que podem manter os arsenais nucleares, porque com eles estão “em boas mãos”. Como este clube de privilegiados, de eleitos que possuem as virtudes cedidas pela divindade do bom senso e da razão pura, é o mesmo que tem assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, fica constituído o monopólio das armas nucleares. Tudo o que está para além das suas decisões é proliferação nuclear.

Só teme a proliferação nuclear os que pretendem manter a sua hegemonia. É legítima a vontade soberana que provenha de um Estado que opte pela utilização dos arsenais nucleares, pois esta é uma opção de defesa perante as pretensões hegemónicas do bloco dominante. Os tratados internacionais só são legítimos, quando assentam em pressupostos e procedimentos de igualdade de tratamento e de respeito mútuo, pois só assim a fonte da legitimidade, que provém da soberania dos signatários, poderá impor a implementação do acordo.

Neste contexto a Republica Islâmica do Irão joga um papel fundamental na desarticulação dos discursos e da praxis da homogeneização na política internacional. O maior legado de Ahmadinejad foi a aproximação efectuada entre a América Latina, o mundo árabe, África e o mundo persa, no contexto da cooperação sul-sul, numa lógica de combate á hegemonia e assente na construção de um padrão critico nas relações internacionais. Se Rohani vai reconhecer este facto e continuar nesta senda, ou não, é, por enquanto, uma incógnita. Depende das cedências que fizer aos interesses que o elegeram e aos interesses que o rodeiam: ou cede á radical moderação da classe média e das elites económicas (que o elegeram), ou á moderada radicalidade das elites surgidas após a Revolução de 1979 (que é a sua origem).

Quanto às aspirações populares terão de ficar na fila de espera. São ardilosos, os trilhos do Profeta…
  
Fontes

Portugal: CAVACO SILVA VAI TER DE CONVOCAR ELEIÇÕES ANTECIPADAS




João Lemos Esteves – Expresso, opinião

Portugal vive actualmente um período negro. Não só do ponto de vista económico-financeiro, mas sobretudo do ponto de vista político. Aquilo que sucedeu nas duas últimas semanas foi uma autêntica paródia política (para ser simpático!). O resultado das negociações propostas pelo Presidente da República terminou como se esperava: com uma enorme e rotundo desacordo, com o PS a saltar fora. Vamos ser sérios e realistas: o fracasso das negociações era o único resultado possível. Porquê? Vejamos.

Em primeiro lugar, o processo negocial começou logo com um pecado original: Passos Coelho anunciou que aceitava o repto do Presidente da República, mas que era inflexível quanto às metas fundamentais do seu programa. E quais eram essas metas? Redução dos funcionários públicos, manutenção do nível fiscal e privatizações. E quais são as discordâncias de fundo do PS em relação á governação passista/portista? Ora, estão relacionadas precisamente com esses três pontos. Portanto, se Passos Coelho é inflexível quanto a esses três pontos e António José Seguro o quer verdadeiramente esses três pontos, à partida, o acordo é impossível! Como é que pode haver um acordo de vontades entre duas partes, se essas partes são, no processo de formação do acordo, inflexíveis quanto a pontos cruciais do objecto negocial? É impossível! É, pois, quase anedótico ouvir PS e PSD falarem de "boa-fé negocial": esta é mais uma expressão da retórica deste poder caduco. Nem sequer têm noção do ridículo em que caiem quando, na mesma frase, expressam duas ideias altamente contraditórias: entrámos no processo de boa fé, mas inflexíveis. Pois... Devem achar que os portugueses são estúpidos.

Em segundo lugar, António José Seguro não se pode fazer de vítima ofendida. Porque António José Seguro, ao contrário do que pretendem os novos seguristas convertidos que pululam por aí na blogosfera e na imprensa escrita, não foi nenhum Patriota ou homem com Sentido de Estado neste processo. Bem pelo contrário: António José Seguro foi um medroso. Então, cabe na cabeça de alguém que o partido que está a negociar um acordo de salvação nacional com o Governo, vota, no Parlamento, uma moção de censura a esse mesmo Governo? Quer dizer: os parlamentares socialistas votam uma moção de censura que teoricamente serve para derrubar o Governo, enquanto que os responsáveis máximos do partido estavam à mesa das negociações com o Governo que queriam derrubar! Isto não é infantil. Isto não é amadorismo político. Em português, só há duas palavras para descrever o comportamento do PS: ridículo e risível (por acaso, a palavra que me passou pela cabeça é estúpido, mas não a vou dizer pela consideração, muito pouca, que ainda tenho por António José Seguro). Portanto, Portugal - que é o mais importante, a nossa Pátria - parou, com prejuízos sérios para a nossa economia, para que os políticos-politiqueiros andassem a brincar durante uma semana aos polícias e aos cowboys. E agora vem o ponto ainda mais censurável: brincadeira que mereceu o alto patrocínio de Sua Excelência, o Presidente da República.

O mais surpreendente nesta história é que Cavaco Silva sabia que PSD e PS tinham posições políticas irreconciliáveis, sendo, por conseguinte, quase impossível um acordo - quanto mais um acordo de governação. E achou que bastava forçar os dois partidos para conversarem, tomar uns chazinhos nas respectivas sedes partidárias, para que passassem a falar melhor. Puro engano. Por conseguinte, o grande perdedor deste processo é Cavaco Silva. Note-se: cavaco Silva, desta vez, nem sequer poderá "lavar as mãos" deste falhanço e atirar as responsabilidades para outrem - é que Cavaco Silva esteve presente nas negociações, por intermédio de David Justino, consultor de Cavaco Silva para os assuntos sociais. Portanto, Justino, um funcionário da Casa Civil do Presidente, esteve com os partidos nas negociações - e não conseguiu nenhum resultado útil. Ou seja, já nem os partidos políticos respeitam Cavaco Silva.

Dito isto, Cavaco Silva terá de tomar uma decisão clara, que será comunicada hoje às 20h30. Repito: Cavaco Silva perdeu toda a sua autoridade com esta paródia nacional de que ele é co-autor. Foi profundamente desrespeitado pelos partidos políticos. Aceitar a remodelação governamental proposta por Passos Coelho, seria um desastre para Cavaco Silva - pois torna-o o único responsável pela semana de brincadeira que Portugal viveu. Logo, existindo coerência e racionalidade nas decisões políticas de Cavaco Silva, a única saída airosa que tem para manter alguma autoridade é dissolver a Assembleia da República - e convocar eleições antecipadas já. É cero que é reescrever uma frase do seu discurso de dia 10 - mas aceitar a remodelação proposta por Passos Coelho e Paulo Portas é anular completamente o seu discurso e auto-criticar a sua intervenção na gestão da crise política.

Por último, repare-se que Cavaco Silva afirmou, nas Selvagens, que é imune a pressões. Ora, Marques Mendes, em nome do Governo, ontem já começou a pressionar o Presidente para viabilizar a solução governativa Coelho/Portas. Porventura, este será mais um dado a ter em conta por Cavaco Silva...Ou então não, já que racionalidade e coerência parecem não existir lá para os lados do Palácio de Belém com o actual inquilino...

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