segunda-feira, 16 de julho de 2012

Timor-Leste: Hipótese de distúrbios fazia parte de cenário pós-eleitoral - Nuno Melo



IG (JCS/MSE) - Lusa

Bruxelas, 16 jul (Lusa) -- O eurodeputado português Nuno Melo (CDS-PP) disse hoje à Lusa que a possibilidade de distúrbios tinha sido abordada quando se debateram os cenários pós-eleitorais, mas acredita que a situação em Timor-Leste se normalizará rapidamente.

"Acredito que tudo se normalizará rapidamente", disse Nuno Melo - que chefiou a missão de observação da União Europeia às legislativas de Timor-Leste.

"Quando saímos de Timor-Leste [na terça-feira], a ocorrência de incidentes era tida como possível num cenário pós-eleitoral", adiantou à Lusa.

O eurodeputado salientou ainda que, segundo as informações que tem, os incidentes que ocorreram no domingo "são pontuais" e elogiou a intervenção da Guarda Nacional Republicana de Portugal, que teve "um papel extraordinário".

As legislativas de 07 de julho decorreram, reiterou, "de forma transparente, isenta e sem quaisquer incidentes".

Melo lembrou também que Timor-Leste é "uma democracia recente, com dez anos de vida, cujas tensões ainda se notam".

Nas legislativas de 07 de julho, o Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, angariou 36,68 por cento dos votos, garantindo 30 lugares no Parlamento, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) 29,89 por cento dos votos e 25 lugares, o Partido Democrático (PD) 10,30 por cento e oito lugares e a Frente Reconstrução Nacional de Timor-Leste (Frente Mudança) 3,11 por cento dos votos e dois lugares.

O CNRT, que ganhou sem maioria absoluta as legislativas timorenses, decidiu convidar o Partido Democrático e a Frente Mudança para formar o próximo governo, rejeitando uma coligação com a Fretilin.

O Partido Democrático (PD) aceitou hoje integrar a coligação governamental.

Nota Página Global: Se Melo diz agora que as eleições em TL decorreram "de forma transparente, isenta e sem quaisquer incidentes", porque razão quando estava ainda no país declarou que a um jornal timorense que "foram detetados casos de votos comprados"? Referindo mais não poder dizer por o caso se encontrar enquadrado no segredo de justiça? Isso significa que afinal as eleições não foram tão "limpas" como também diz. Ou não será?

Timor-Leste: SITUAÇÃO EM DÍLI, BAUCAU E VIQUEQUE É CALMA




Timor Hau Nian Doben - 16 de julho de 2012

A CJITL acaba de informar aos seus amigos no Facebook de que a situação nos distritos de Timor Leste, mais afetados pela violência eclodida ontem, Díli, Baucau e Viqueque, que a situação nestas localidades neste momento é calma e estável

De acordo com o noticiário da Televisão de Timor Leste, o comandante geral da Policia Nacional de Timor Leste (PNTL), Longuinhos Monteiro, disse que o balanço da violência dos últimos dois dias é de: 63 carros públicos e cinco da polícia foram destruídos, sete casas foram queimadas, cinco polícias foram gravemente feridos, um morto e alguns cidadãos civis feridos.

Longuinhos disse também à TVTL que a tolerância é zero para a violência que aconteceu ou a que possa acontecer no futuro.

O comandante da PNTL apelou também aos líderes dos partidos políticos para medirem as suas palavras quando fizerem declarações para o público.

A EUROPA MANTIDA COM ÁGUA AO NÍVEL DO NARIZ



Nada de realmente novo acontecerá na economia mundial antes das eleições nos EUA em novembro e das eleições alemãs de meados de 2013. Até lá, continuaremos a ver a Grécia e a Irlanda dançarem à beira do precipício e Espanha e Itália flertarem com o desastre, mas cada um desses países será mantido por instrumentos de respiração automática que não lhes garantem o regresso à vida normal mas, por outro lado, evitam o colapso total com potencial de arrastar o resto da Europa e boa parte do mundo. O artigo é de J. Carlos de Assis.

J. Carlos de Assis (*) – Carta Maior

Nada de realmente novo acontecerá na economia mundial antes das eleições americanas de novembro e das eleições alemãs de meados do próximo ano. Até lá, continuaremos a ver a Grécia e a Irlanda dançarem à beira do precipício e Espanha e Itália flertarem com o desastre, mas cada um desses países será mantido por instrumentos de respiração automática que não lhes garantem o regresso à vida normal mas, por outro lado, evitam o colapso total com potencial de arrastar o resto da Europa e boa parte do mundo.

A melhor ilustração gráfica desse período não é o V, o W ou o U dos primeiros analistas da crise de 2008. No início de 2009, num grande seminário sobre a crise promovido pelo então governador Requião em Foz do Iguaçu, observei que ela teria a forma de um eletrocardiograma. É justamente o que está acontecendo. Embora haja forças poderosas que, empurradas pelo que ainda sobrevive do ideário neoliberal pretendem jogar as economias dos países ricos no fundo do poço, subsiste uma capacidade de reação modesta para contrariá-las.

Obama, pessoalmente progressista mas cercado por uma equipe neoliberal herdada de Clinton, e além disso iludido pela ideia de atrair os republicanos para uma política bipartidária, fracassou na tentativa de recuperar a economia, e sobretudo o emprego nos EUA, tendo sido bloqueado em 2010 ao tentar fazer aprovar no Congresso um segundo programa de estímulo fiscal. Isso emitiu um sinal fortemente negativo para o resto do mundo, em especial para a Europa. Na reunião de 2010 em Toronto, no Canadá, o trio Merkel-Sarcozy-Cameron tomou as rédeas, saiu do marco cooperativo das políticas fiscais de estímulo e impôs um programa de austeridade fiscal insano na área do euro.

Considerando que a economia mundial não vai ser reordenada por forças naturais, e que as forças políticas atualmente dominantes na Europa – exceto, parcialmente, na França – são filiadas ao pensamento neoliberal, é pura ilusão esperar que haja uma mudança a curto e médio prazos para melhor na economia. Alguma coisa diferente poderia ocorrer se Obama fosse reeleito com maioria no Congresso. A probabilidade é que ocorra justamente o contrário. Nessa hipótese, será revivido Hoover, o presidente americano da Grande Depressão.

Uma alternativa favorável para o mundo poderia ser a vitória de Obama, com maioria congressual, e a derrota de Merkel para os sociais-democratas. Isso abriria caminho para um novo consenso do G20, similar que aconteceu nas três reuniões realizadas logo em seguida à eclosão da crise, em Washington, Londres e Pittsburg. Nesses encontros, predominou o compromisso da cooperação entre os países e da realização de políticas de estímulo fiscal. A regressão posterior das economias ricas se deveu ao espúrio semi-consenso de Toronto, reforçado nas reuniões seguintes de Seul e México.

É que, qualquer que seja a evolução da economia mundial, será indispensável alguma forma de governança para ordenar a cooperação internacional, sem a qual, num mundo globalizado, não será possível o reordenamento das economias. Dado que não há um país hoje que, por mais poderoso que seja, exerça o papel de um hegemon com capacidade de ordenar o mundo – como fizeram os EUA, no Ocidente, no pós-guerra -, a única alternativa possível é um hegemon coletivo, que está se institucionalizando na forma do G20 – um ente que combina uma representatividade global com capacidade de interação por ter número limitado de players. Este foro determinará a evolução ou involução da crise nos próximos meses.

Dado que, neste momento, não há muito que falar da crise por seu caráter repetitivo, vamos a dois pontos que escandalizaram meus leitores em colunas anteriores, ambos de caráter teórico, e aos quais talvez seja interessante voltar. Um deles refere-se à própria teoria que estou defendendo, segundo a qual a civilização caminha, depois do caos, para a idade da cooperação. Outro se refere ao que denominei de mais-valia social, algo que deriva de uma releitura de Marx e que julgo que ele trataria teoricamente, se houvesse evidências disso na sua época, no quinto volume de O Capital.

O alvorecer de uma idade de cooperação não é um sonho kantiano de paz perpétua. É um imperativo da civilização. Ninguém em sã consciência vai achar que a crise financeira atual vai se resolver por uma revolução popular anti-capitalista de forma a instaurar o socialismo – desta vez, o socialismo “bom”, já que o soviético ficou um tanto desmoralizado. Mas é perfeitamente possível considerar que a crise determinou o colapso do capitalismo neoliberal, cuja superação passa por algum mecanismo cooperativo entre as classes, sem necessidade da eliminação física de uma delas, e enfrentar a sua reação.

É justamente nesse ponto que convém dar atenção ao conceito de mais-valia social. No tempo de Marx, toda mais-valia produzida pelo trabalhador era apropriada pelo capital (direta ou indiretamente) a partir da esfera da produção. Apenas uma fração irrelevante do trabalho excedente era destinada ao governo, sendo gasta sobretudo em segurança e forças armadas. A partir do século XX, esse quadro muda radicalmente. Aos poucos, uma parte cada vez maior da mais valia originária da esfera produtiva passa a ser apropriada pelos governos para financiar projetos e programas sociais de interesse direto do trabalhador. Daí a saúde pública, a educação pública, da previdência social, do salário desemprego etc.

Isso não ocorreu por acaso. Foi resultado da aquisição de direitos de cidadania pelo trabalhador. Os novos detentores de direitos políticos impuseram ao Estado direitos sociais. Em consequência, o trabalhador recupera como cidadão parte da mais valia que ele produziu e que foi apropriada inicialmente pelo patrão. É a relação entre economia e política nessa forma que abre espaço para o avanço da civilização na base da prevalência da democracia e, em última instância, da cooperação. É que mesmo uma grande corporação moderna é, ela própria, internamente, uma entidade cooperativa socialmente regulada, a cujo destino se ligam os destinos de milhares de trabalhadores.

(*) Economista e professor de Economia Internacional da UEPB, autor com o matemático Francisco Antonio Doria do recém-lançado “O Universo Neoliberal em Desencanto”, pela Civilização Brasileira. Esta coluna sai também nos sites Rumos do Brasil, Brasilianas e no jornal carioca Monitor Mercantil.

O BOSQUE EM FLOR



Rui Peralta

O Afeganistão tornou-se num imenso palco onde decorre um intenso e prolongado drama humano. As mulheres são uma componente primordial no desenrolar deste drama. Para as Afegãs os obstáculos e os problemas são uma constante. A escola é um problema, o trabalho é um problema, a família e o domínio do homem é um problema, a religião é um problema, o rosto coberto que encobre os véus que cobrem o ser, a suspeita, o escândalo, a humilhação, a moral, os costumes, os matrimónios concertados… São dramas, as mulheres, na trama de dramas que é o Afeganistão.

Quando elas trabalham não podem partilhar o espaço com os colegas masculinos, nem quando estudam, embora trabalhar e estudar seja uma vitória para estas mulheres. Como será a partilha de segredos, de desejos, de sonhos, angustias, alegrias, tristezas, entre as mulheres afegãs? E que projecto têm elas para o seu país? Elas, que sofrem na pele e na alma as agruras das tradições e o apartheid do género, que medidas propõem para transformar o presente e construir o futuro?

De certeza que nas suas conversas, nas partilhas do seus desejos, está um Afeganistão livre de senhores da guerra, da ditadura da tradição e do apartheid do género e dos drones yankees com os seus danos colaterais e das confusas acçöes da CIA para quem as festas populares são concentrações de terroristas e das crianças a irem para a escola publica e da saúde para todos e…

A República do Deserto

A Republica Árabe Saharaui Democrática (RASD) é reconhecida por 82 países mas a ONU continua a considerar o Sahara Ocidental como um “território em processo de descolonização inconclusa” iniciada em 1976, quando a Espanha, a antiga potência colonial, abandonou o território e o entregou a Marrocos e Mauritânia. Seguiram-se combates e problemas fronteiriços, a questão chegou a envolver a Argélia, a Frente Popular de Libertação do Sahara e Rio de Ouro (Frente Polisário), dirigiu um combate de longa duração contra as pretensões da monarquia marroquina até que com o cessar-fogo de 1991, Rabat controla grande parte do território e a Frente Polisário – reconhecida pela ONU como a representante legitima do povo saharaui – libertou uma exígua franja oriental.

Nos territórios libertados pela Frente Polisário não há água, nem luz, telefones ou hospitais. É um lugar inóspito, habitado por nómadas e guerrilheiros. A maioria da população saharaui vive em solo argelino, nos campos de refugiados de Tinduf, cerca de mil e 500 km a sul de Argel onde residem entre 200 mil a 250 mil saharauis. Nos territórios libertados a capital é Bir Lehlu e o seu subsolo é uma enorme rede de galerias subterrâneas, única forma dos seus habitantes refugiarem-se dos bombardeamentos da Força Aérea marroquina. Esta é uma região de resistência.

Durante a década de 80 do seculo passado o governo marroquino construiu um “muro” com 2 mil e 700 km e que traça de norte a sul o limite ocidental do território libertado. Uma das tarefas do segundo batalhão, aquartelado em Bir Lehlu, para além da manutenção da rede de tuneis subterrâneos, é levar a cabo acçöes militares para além do muro e patrulhar constantemente a zona do muro. Até 1991 a Polisário realizava operações nocturnas através do muro, durante mais de 16 anos.

Em Outubro do ano passado 3 cooperantes – 2 espanhóis e 1 italiana – foram sequestrados em Tindulf por um grupo da rede da Al-Qaida que opera nos campos de refugiados. As consequências desse acto dos integristas islâmicos foram negativas para o povo saharaui e refelctiram-se na diminuição da ajuda internacional. Ora a actual situação da RASD leva a que o povo saharaui depende dessa ajuda solidária, pelo que a Polisário prioriza a luta contra os integristas, que mais não fazem do que servir os desígnios do governo marroquino, com as suas acçöes terroristas.

A Polisário patrulha o deserto em veículos 4X4 de fabrico japonês equipados com artilharia antiaérea (a Polisário foi a primeira a montar artilharia pesada nestes veículos, em 1974, ainda antes da retirada da Espanha) identificados pela bandeira da RASD: 3 faixas em verde, branco e negro, unidas á direita por um triângulo vermelho, no qual está metade de uma estrela e uma meia-lua. Os habitantes dos territórios libertados são beduínos nómadas, que subsistem graças aos rebanhos de cabras e camelos e que procuram a segurança dos territórios libertados.

As novas medidas de segurança nos territórios libertados implicam o recolher obrigatório para os estrangeiros que circulam no território, às 19 horas, forma de evitar e minimizar os raptos e escolta militar obrigatória para as viaturas que circulam nas estradas. É que qualquer atentado contra estrangeiros, seja um sequestro, explosivos na estrada ou uma agressão física, pode ter consequências funestas para o futuro dos refugiados e este é o ponto mais vulnerável da resistência saharaui, daí o extremo cuidado e vigilância que a Polisário exerce sobre os estrangeiros, principalmente desde que a Al-Qaida e os tuaregues do Mali optaram pelo sequestro de estrangeiros. Para a Polisário os sequestradores são financiados por Rabat, conforme o demonstra a comunicação interceptada pelos comandos da resistência no dia do sequestro. Na gravação da intercepçäo ouve-se um oficial marroquino dar as instruções aos guardas da fronteira para permitirem a passagem dos sequestradores.

A crescente instabilidade na região preocupa os saharauis. O cruzar do trafico de drogas, com a Al-Qaida e o autoproclamado estado de Azawad, são um motivo de apreensão para a RASD e mais um desafio para os resistentes e também aqui o governo marroquino pretende tirar proveitos, mesmo com o risco de ser afectado pela penetração do narcotráfico. Num encontro entre ambas as partes, ocorrido no ano passado, a RASD fez uma proposta de mútua segurança para combate ao narcotráfico e ao terrorismo, no âmbito do cessar-fogo. Até agora o governo marroquino ainda não respondeu. Possivelmente aguarda a autorização dos parceiros franceses…

A Primavera Sudanesa ou apenas uma reacçäo alérgica?

Os líderes sudaneses, já com 23 anos de poder, bateram palmas entusiastas aos acontecimentos na Líbia e no Egipto e seguros do seu papel na condução dos destinos da nação. A segurança que sentiam provinha de dois factores: primeiro a relativa liberdade política existente no Sudão e segundo o profundo esgotamento do povo sudanês após as revoltas e lutas do passado. Só que em no passado mês de Junho, em Cartum, os estudantes manifestaram-se contra o aumento dos preços e começaram a ter o apoio de outros sectores sociais, afectados com as recentes medidas de contenção económica do governo sudanês.

O aumento das tensões sociais internas tem-se feito sentir, de forma gradual. Quando no ano passado o Sudão do Sul obteve a independência e ficou com 75% dos poços petrolíferos da região, recusando-se a pagar a Cartum pela transferência de propriedade dos poços, as receitas sudanesas caíram de forma brusca e a economia começou a ressentir-se. A promessa de que o Sul pagaria ao Norte 36 USD por barril, em jeito de compensação, nunca foi cumprida pelo Sudão do Sul. E não só não pagou pelo uso da infraestructura petrolífera como introduziu um férreo e apertado controlo á exportação petrolífera, acusando Cartum de desvios nas ramas para exportação. Houve a normal retorica beligerante e mesmo umas bravatas de parte a parte, mas o que é um facto é que as autoridades de Cartum ficaram a braços com um grave problema económico e financeiro. Em Maio último a taxa de inflacçäo ultrapassou os 30% mês e o dólar chegou, no mercado informal ao dobro da sua cotização oficial, para além do deficit orçamental rondar 2 mil e quatrocentos milhões de USD.

A economia sudanesa acostumou-se a viver folgadamente das receitas petrolíferas, ao ponto de não desenvolver os outros sectores económicos, esquecendo-se as suas elites burocráticas que a agricultura sustentava 80% da população. Perante o descalabro das receitas o governo sudanês aumentou os impostos e suprimiu as subvenções estatais que permitiam o baixo preço do combustível consumido internamente. Como resultado os preços dos combustíveis aumentaram 60%, as tarifas dos transportes públicos sofreram aumentos de 45% e os bens essenciais aumentaram 40%. Os estudantes vieram para a rua e largos sectores populares aproveitaram para manifestar o seu descontentamento.

A fragmentada oposição ao governo do Congresso Nacional Africano exige a constituição de um governo de transição e a realização de eleições legislativas e presidenciais, mas não consegue um programa mínimo de entendimento. As 3 forças políticas principais da oposição – o Congresso Popular Africano, o Umma e o Partido Comunista do Sudão – apresentam alternativas muito díspares e representam interesses de classe que no momento são irreconciliáveis.

De qualquer forma as manifestações vão aumentando e a polícia sudanesa já começou a deter líderes da oposição, sindicalistas e activistas estudantis, não se registando até ao momento incidentes nas manifestações que continuam a decorrer de forma pacífica. Por outro lado a 19 de Julho começa o Ramadão o que vai proporcionar um período de acalmia. As classes médias mais abastadas passam esse período fora de casa e viajar e as camadas mais necessitadas da população são assistidas pelas organizações e fundações de beneficência islâmicas.

Talvez a Primavera Sudanesa só seja visível no Outono…

A Tunisia e a extradição

O presidente interino da Tunisia, Monzef Marzuki, protestou contra a extradição do ex primeiro-ministro líbio, Al Baghdadi Al Mahmudi, para a Libia. Markuzi remeteu uma carta de protesto á Assmbleia Constituinte acusando o executivo tunisino de ter procedido de forma ilegal e de ter violado as suas competências.

A extradição foi levaa a cabo sem as consultas de lei entre o presidente, o primeiro-ministro e o presidente da Assembleia Constituinte. Para além disso a extradição só poderia ser efectuada com a assinatura do presidente e em caso de desacordo, o assunto seria entregue á Assmbleia Constituinte. Além do mais, segundo Marzuki, a matéria de extradição é um assunto de politica externa, näo da Justiça e a politica externa é da competência da presidência da republica e näo do primeiro-ministro.

Marzuki responsabiliza o primeiro-ministro tunisino, Hamadi Jebali, por tudo o que acontecer a Al Mahmudi e das possíveis repercurssöes a nível internacional. Além do mais, o presidente revela a existência de um acordo entre ele, o primeiro-ministro e o presidente da Assembleia Constituinte para a näo entrega de Al Mahmudi antes das eleições libias.

A decisäo de extraditar é uma violação dos compromissos internacionais da Tunisia, que näo respeitou o acordo efectuado com o Alto Comissário da ONU para os Refugiados, que havia acordado com as autoridades tunisinas näo entregar Al Mahmudi até que fosse emitido um parecer sobre a sua petição de asilo, ao abrigo da Convençäo de Genebra de 1951, sobre o direito de asilo. Com esta atutude de duplo desrespeito - pelas normas administrativas e procedementais internas e pelo cumprimento dos acordos com instituições internacionais - o estado tunisino demonstra a sua irresponsabilidade total e as autoridades tunisinas perderam qualquer credibilidade no âmbito das obrigações internacionais.

Fontes
Alberto Piris; Un intrahistoria de mujeres; CEIPAZ, 20/06/2012

Timor-Leste: Um morto nos arredores de Díli em consequência de distúrbios - Polícia



JCS - Lusa

Macau, China, 16 jul (Lusa) - Uma pessoa morreu hoje em Era, arredores de Díli, capital de Timor-Leste, em consequência de distúrbios que desde a noite de domingo são registados no país, disse à agência Lusa o comandante da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL).

"Quando os agentes da PNTL chegaram ao local dos distúrbios encontraram uma pessoa ferida que foi transportada para o hospital, onde acabaria por morrer", disse Longuinhos Monteiro num contacto telefónico feito a partir de Macau.

O ferido que acabaria por falecer estava envolvido em confrontos entre grupos rivais e a polícia está agora a investigar para apurar as causas da morte.

O mesmo responsável salientou que os distúrbios começaram após o Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), o partido de Xanana Gusmão, que ganhou sem maioria absoluta as legislativas timorenses, ter anunciado ter convidado o Partido Democrático e a Frente Mudança para formar o próximo Governo, rejeitando uma coligação com a Fretilin.

Foto: Estudante universitário morto - foto em Rádio Liberdade

Timor-Leste: Polícia deteve cinco pessoas desde o final da tarde de domingo



JCS - Lusa

Macau, China, 16 jul (Lusa) - A Polícia Nacional de Timor-Leste deteve, desde o final da tarde de domingo, cinco pessoas alegadamente envolvidas em ações de desestabilização social no país, disse à agência Lusa o comandante da polícia, Longuinhos Monteiro.

Num contacto telefónico feito a partir de Macau, Longuinhos Monteiro explicou que na noite de domingo foram detidas duas pessoas e que já hoje de manhã outros três indivíduos que estarão envolvidos nos distúrbios que começaram após o Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), o partido de Xanana Gusmão, que ganhou sem maioria absoluta as legislativas timorenses, ter anunciado ter convidado o Partido Democrático e a Frente Mudança para formar o próximo Governo, rejeitando uma coligação com a Fretilin.

Longuinhos Monteiro disse também que os distúrbios, que classificou como "atos criminais" estão a ser perpetrados por "militantes ou apoiantes da Fretilin" que demonstram a sua "insatisfação com violência e anarquismo".

Mas, sublinhou, a polícia está no terreno para manter a tranquilidade e a ordem pública, e "nenhum país democrático aceita a violência e o anarquismo como parte do jogo político".

Desde o final da tarde de domingo, Longuinhos Monteiro identificou também 63 viaturas do Governo destruídas ou com danos, "entre os quais cinco carros da polícia", e cinco polícias feridos nos confrontos.

Apesar de sublinhar "ser seguro" andar nas ruas da capital, onde a polícia está pronta a intervir em qualquer cenário, Longuinhos Monteiro apelou à população para se manter em casa dado que os distúrbios são provocados por pessoas que atacam tudo o que não seja do partido (Fretilin).

"Para eles o alvo é tudo o que não é do partido", disse.

Timor-Leste: PR recebe hoje os partidos políticos com assento parlamentar



MSE - Lusa

Lisboa, 16 jul (Lusa) - O presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, vai receber hoje os partidos políticos que conseguiram o assento parlamentar após as eleições legislativas de 07 de julho, disse hoje à agência Lusa o gabinete de imprensa da presidência.

Na sequência dos encontros, o presidente dará uma conferência de imprensa.

Nas legislativas de 07 de julho, o Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, angariou 36,68 por cento dos votos, garantindo 30 lugares no Parlamento, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) 29,89 por cento dos votos e 25 lugares, o Partido Democrático (PD) 10,30 por cento e oito lugares e a Frente Reconstrução Nacional de Timor-Leste (Frente Mudança) 3,11 por cento dos votos e dois lugares.

Timor-Leste: Distúrbios resultam de "atitude irresponsável" do CNRT - Mari Alkatiri



JCS - Lusa

Macau, China, 16 jul (Lusa) - Os distúrbios em Timor-Leste praticados por alegados membros da Fretilin "não são feitos em nome" do partido, mas são "consequência de atitude irresponsável do CNRT e de alguns dos seus membros", afirmou hoje à agência Lusa Mari Alkatiri.

"Os atos criminais não têm nada a ver com a organização. A qualidade das pessoas é uma coisa, os atos das pessoas é outra coisa", disse o mesmo responsável ao salientar que ninguém pratica distúrbios em nome da Fretilin.

Num contacto telefónico feito a partir de Macau, Mari Alkatiri salientou, contudo, que a reação das pessoas é uma resposta à "atitude irresponsável do partido CNRT e dos membros do partido".

"Utilizaram os canais oficiais para fazerem uma conferência em direto e fazerem quase julgamento público à Fretilin", disse Mari Alkatiri ao sublinhar que publicamente os membros do CNRT acusam a organização Fretilin de "não contribuir para a paz e outras coisas".

"Isto é um ato irresponsável que teve lugar numa conferência do partido" e que depois gerou "reações espontâneas de pessoas e não da organização", assinalou.

Mari Alkatiri disse também ter já falado com o presidente da República e com um colaborador de Xanana Gusmão "apelando a que assumam uma postura que acalme as pessoas".

Com lugar garantido na oposição depois do Conselho Nacional da Reconstrução Timorense ter decidido convidar o Partido Democrático e a Frente Mudança para formar um governo maioritário, Mari Alkatiri garante "respeitar totalmente o resultado eleitoral", mas diz que a oposição do país nunca passou de cosmética.

"Eles dizem que querem uma oposição forte, mas é cosmética porque o Governo nos últimos cinco anos nunca respeitou a oposição", concluiu.

OS INFANTILMENTE PREVISIVEIS ADVERSÁRIOS DE XANANA GUSMÃO



António Veríssimo

No ponto geográfico onde o sol se põe, naquilo a que chamam ocidente, creio que todos adormecemos julgando que os distúrbios ocorridos ontem em Timor-Leste estavam dominados e que nesta manhã daquela país tudo acordaria com a ressaca de uma tarde-noite violenta mas em paz. Assim parece não estar a acontecer.

Poderei afirmar que estou quase virgem sobre as notícias ou emails que hoje me põe a par da situação em Díli e noutras localidades onde existiram e existem confrontos violentos. Bastou-me ler que já se regista um morto para ficar com o dia estragado, com a tristeza e a revolta que muitos de nós, pacifistas e democráticos amantes de Timor-Leste, sempre experimentamos quando a violência estala no país.

Em tempos idos era a ansiedade e tristeza coladas à impotência que morava connosco até no subconsciente por via das atrocidades das forças ocupantes indonésias. Agora, e de há tempos a esta parte, talvez a tristeza seja maior porque são timorenses os carrascos dos próprios timorenses. Para mim e para muitos de nós não importam as suas cores partidárias, importa que não está certo e que por não valorizarem a vida comportam-se como as odiosas forças indonésias ocupantes do país durante mais de duas décadas. Irmãos contra irmãos por razões nunca suficientemente justificativas para matarem, esfolarem, incendiarem, ferirem, apedrejarem... Quem se julgam? O que defendem? Quem apoiam? Apoiam o caos, a vossa miséria, e mais nada.

A irracionalidade regressou a Timor-Leste. Atiram-se culpas para este e aquele. Fala-se sobre quem provocou os primeiros "acordes" da violência. Diz-se que foi o CNRT, que foi Xanana. Mas onde está a novidade? Todos sabemos que Xanana Gusmão é mestre em fazer o mal e a caramunha. Em organizar um golpe e convencer de que foram outros que o fizeram, em dividir os timorenses em lorosais e loromonus por lhe convir essa divisão e as ações de violência consequentes, em fazer-se vitima de atentados quando estruturou mais uma boa farsa... E todos caem infantilmente naquilo que Xanana Gusmão semeia: a discordia seguida de violência, de destruições e mortes.

"Caem sempre na esparrela montada por Xanana". disseram-me ontem de Timor-Leste. Desculpem, meus caros adeptos da violência: mas vocês são parvos ou o que são? Depois de quase 10 anos de vivência mais ou menos democrática não há justificação possivel para ter reações como as de ontem e de hoje, pelo que mal li e sei. A violência não serve a ninguém, muito menos à FRETILIN. Não há desculpa para a existência de violência excepto a que seja imprescindivel para nossa defesa, para vossa defesa, para a defesa de qualquer pessoa ou organização fisica e violentamente atacada. E mesmo assim deve ser aplicada com conta, peso e medida. Preferêncialmente com todo o respeito que devemos ao direito à vida animal e humana.

A violência prossegue em Timor-Leste. É o que vi de relance. É o que a seguir terei por destino inteirar-me... Basta! Não façam o jogo desse homem malvado e de seus associados, que não olham a meios para atingirem os seus objetivos. Exatamente por fazerem o jogo deles é que Gusmão e os seus andam gordos e anafados e quase todos os outros com fome e a sobreviverem à mingua. Deixem de ser tão infantis, tão primários, tão previsiveis aos olhos dos vossos adversários e inimigos. Respondam-lhe adequadamente no quadro institucional e democrático. Basta! Este é um "déjávu" estéril e cansativo.

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