segunda-feira, 17 de setembro de 2018

António Costa em Angola fala “economês”, o resto que vá para… o museu


O primeiro-ministro de Portugal chegou hoje a Angola, Luanda esperava-o com um calor da época e uma chuva de sorrisos das comitivas oficiais, facto indesmentível se olharmos as capturas do enxame de fotógrafos.

Prolifera na comunicação social de Portugal a matéria sobre a visita de Costa a Angola, não nos cabe no PG ter a pretensão de fazer mais que isto à boleia da Agência Lusa numa peça integrada no Expresso, a que segue.

Antes de terminar salientamos que Costa está em Angola a falar “economês”, dizendo mesmo, de outra forma, que o que lá vai, lá vai. Que o resto é passado e “o passado vai para o museu”. Uma “tirada” à Costa, diferente de Passos, que neste caso diria muito provavelmente: “o passado que se lixe”. Ora vejam lá como Portugal está tão diferente. Está?

A seguir uma prosa sobre Costa em Angola. “Economês” quanto baste. (PG)

António Costa anuncia aumento da linha de crédito às exportações para Angola

O primeiro-ministro anunciou que o Governo português vai aumentar a linha de crédito de apoio às exportações para Angola de 1.000 para 1.500 milhões de euros, medida que considerou enquadrar-se na "solidez" das relações políticas luso-angolanas

O primeiro-ministro anunciou esta segunda-feira que o Governo português vai aumentar a linha de crédito de apoio às exportações para Angola de 1.000 para 1.500 milhões de euros, medida que considerou enquadrar-se na "solidez" das relações políticas luso-angolanas.

António Costa falava no início de uma reunião com empresários portugueses com investimentos no mercado angolano, num discurso marcadamente económico, mas em que também falou de "emoção" e "paixão" sempre presente nas relações luso-angolanas.

"Vamos aumentar a linha de crédito de apoio às exportações dos atuais 1.000 para os 1.500 milhões de euros. Esta linha de crédito ampliada a renovada é um sinal muito importante da vontade dos dois países continuarem a estreitar as suas relações económicas", declarou o primeiro-ministro.

Perante os empresários portugueses, o líder do executivo defendeu a tese sobre a necessidade de novos objetivos e, por outro lado, de os diferentes agentes no terreno "não se cingirem ao que têm feito" em termos de cooperação.

"Há ainda muito para fazer no futuro. Com a assinatura do novo acordo estratégico para a cooperação (2018/2022) vamos além dos domínios tradicionais da saúde e da educação. Alargaremos a cooperação a áreas de soberania como a defesa, a colaboração técnica policial ou a administração tributária", especificou.

Para António Costa, os passos agora dados "traduzem que as relações políticas entre Portugal e Angola não só estão boas, como estão sólidas e com grande perspetiva de se poderem aprofundar ao longo dos próximos anos".

"Da parte de Portugal, creio que não há com nenhum outro país, em qualquer continente, uma relação tão intensa como temos com Angola, assente nos laços individuais que se foram estabelecendo. Como todas relações intensas marcadas pela paixão, muitas vezes essas relações são também emotivas. Mas, como sabemos, sem emoção não há uma boa relação", advogou.

Ainda neste capítulo da sua intervenção, o primeiro-ministro defendeu que, no âmbito da relação entre África e União Europeia, Portugal e Angola encontram-se em posição privilegiada.

"As relações políticas são essenciais, mas é absolutamente indispensável que o relacionamento humano, com a presença constante de quem aqui trabalha e investe, continue a construir a aprofundar as nossas relação com Angola", afirmou, numa nova mensagem dirigidas à comunidade empresarial portuguesa radicada em Luanda.

Lusa | em Expresso | Foto: Laurent Gillieron

O PRIMEIRO COMANDANTE-EM-CHEFE DE ANGOLA INDEPENDENTE


Martinho Júnior | Luanda 

1- No dia 13 de Setembro de 2018, na Sala de Reuniões do Estado-Maior do Exército das FAA em Luanda, numa iniciativa conjunta do Estado-Maior das FAA com a Fundação António Agostinho Neto, foi dignamente homenageado aquele que foi o primeiro Comandante-em-Chefe duma Angola finalmente libertada, independente e soberana!

Além da presença da Presidente da Fundação António Agostinho Neto, Maria Eugénia Neto, ela própria, pela sua vivência enquanto esposa e viúva, merecedora da homenagem, esteve presente o general Moracén Limonta, herói de Cuba e um dos instrutores enviados pelo Comandante Fidel a fim de instruir as guerrilhas do MPLA no seguimento da visita do Comandante Ernesto Che Guevara à sede do MPLA em Brazaville a 2 de Janeiro de 1965, alguns membros Adidos Militares das Embaixadas acreditadas na capital angolana, o general Sá Miranda, Chefe do Estado-Maior do Exército e outros Altos dignitários das Forças Armadas Angolanas, entre oficiais generais, superiores, capitães e subalternos.

A convite da Fundação António Agostinho Neto, o emérito professor Fernando Jaime, meu camarada e amigo, foi o conferencista do dia, nos curtos 45 minutos de intervenção que deram apenas para uma introdução, comunicativa e vibrante, à vida e obra de António Agostinho Neto, que para melhor compreensão da audiência foi dividida em 5 fases, do seu nascimento à morte.

O próprio conferencista declarou com justa razão e a propósito, que no mínimo seriam precisas 5 horas para a abordagem à altura do desafio da decifragem da vida e obra de António Agostinho Neto e dos seus ensinamentos e memórias!...

2- A saga da libertação por via armada foi legitimamente iniciada em 1794, quando os escravos no Haiti (na altura haviam 465.000 escravos na ilha) se revoltaram contra os seus amos e foi possível a independência do mais populoso país membro do que constitui hoje o CARICOM, (“Comunidade das Caraíbas”) em 1804, com o vexame da derrota, triste e inglória, das tropas napoleónicas.

Essa é uma das gestas narradas por Eduardo Galeano em “Haiti, país ocupado”:

… “Consulte qualquer enciclopédia. Pergunte qual foi o primeiro país livre na América. Receberá sempre a mesma resposta: os Estados Unidos. Porém, os Estados Unidos declararam sua independência quando eram uma nação com seiscentos e cinquenta mil escravos, que continuaram escravos durante um século, e em sua primeira Constituição estabeleceram que um negro equivalia a três quintas partes de uma pessoa.

E se procuramos em qualquer enciclopédia qual foi o primeiro país que aboliu a escravidão, receberá sempre a mesma resposta: a Inglaterra. Porém, o primeiro país que aboliu a escravidão não foi a Inglaterra, mas o Haiti, que ainda continua expiando o pecado de sua dignidade.

Os negros escravos do Haiti haviam derrotado o glorioso exército de Napoleão Bonaparte e a Europa nunca perdoou essa humilhação. O Haiti pagou para a França, durante um século e meio, uma indenização gigantesca por ser culpado por sua liberdade; porém, nem isso alcançou. Aquela insolência negra continua doendo aos amos brancos do mundo.

Sabemos muito pouco ou quase nada sobre tudo isso.

O Haiti é um país invisível”…

3- Essa saga esteve por dentro do espírito de luta armada contra a colonização na América Latina com muitos dos escravos libertos a integrarem e fortalecerem as forças independentistas, nas Caraíbas, na América Central e na América do Sul, uma inspiradora fonte em cujas águas foi beber a revolução cubana, onde vai beber a luta pelo socialismo bolivariano na Venezuela e uma fonte inspiradora para a decisão do Comandante Fidel, no sentido de aliar-se aos movimentos de libertação em África, apenas dois anos decorridos após o triunfo da revolução em Cuba (1961)!

A história dessa saga emergiu quase desconhecida desde finais do século XVIII até hoje, com África a manter-se na generalidade arredia do conhecimento dela por que o poder dominante se nutriu dos interesses e auspícios daqueles que forjaram as doutrinas, as filosofias e as ideologias da “civilização cristã ocidental” e nela, as da “Guerra Fria”!

São esses filiados e agentes das doutrinas, filosofias e ideologias dominantes, que procuram apagar, inibir ou subverter o“inconveniente” dos que assumem vivencialmente a história no âmbito das sensibilidades inerentes aos povos mais escravizados, colonizados e oprimidos da Terra ao longo dos últimos cinco séculos e inexoravelmente a história das mais legítimas revoluções que têm animado a vida em nome da humanidade, particularmente no hemisfério sul do planeta!

O primeiro Comandante-em-Chefe das então Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, FAPLA, o primeiro Comandante-em-Chefe duma Angola libertada, independente e soberana, António Agostinho Neto, foi um comandante-estratega maior da Luta de Libertação em África, de Argel ao Cabo da Boa Esperança, dando continuidade no lado leste do Atlântico Sul a essa saga de séculos!

Ele integrou a luta e deu continuidade a Toussaint l’Ouverture, a Dessalines, a José Marti, a Simon Bolivar, a Sandino, a Ben Bella entre outros comandantes-estrategas que iluminaram o sul escravizado, colonizado, oprimido e vilipendiado!...

Entre seus pares contemporâneos, entre Fidel, Che Guevara, Amílcar Cabral, Samora Machel, Robert Mugabe, Sam Nujoma, Oliver Tambo e seus seguidores, António Agostinho Neto foi um dos que geraram a capacidade de luta contra a internacional fascista cujo núcleo duro se instalou no sul do continente com o “apartheid”, assim como contra todos os preconceitos de seus agenciados apêndices que frutificaram no e a partir do Exercício ALCORA e das suas sequelas até hoje!

“Na Namíbia, no Zimbabwe e na África do Sul, está a continuação da nossa luta”, proclamava o Comandante-em-Chefe de Angola na segunda metade dos anos 70 do século XX, por que “somos milhões e contra milhões ninguém combate”, advertia e complementava recorrendo clarividente a toda a sensibilidade histórica e humana própria dum comandante-estratega e mobilizador!

De facto, se a luta contra o colonialismo na Argélia inspirou a continuação da luta contra o fascismo na Europa e a luta armada de libertação nacional até hoje em África (ela continua no Sahara) contra o colonialismo e o “apartheid”, ela só poderia ser levada a cabo, com comandantes-estrategas ao nível de Amílcar Cabral, de Agostinho Neto, de Samora Machel, de Sam Nujoma, de Robert Mugabe, de Oliver Tambo e de tantos outros, que animados das capacidades vitais das filosofias marxistas-leninistas, deram corpo vibrantemente à continuação da saga da libertação desta feita em África, com a aliança propiciada por Cuba revolucionária sob a liderança do Comandante Fidel e com o concurso ao génio inspirador e directo empenho do Comandante Che Guevara!...


4- A figura de António Agostinho Neto como líder e comandante-estratega da continuada saga da legítima luta de libertação contra a escravatura, o colonialismo, o “apartheid” e suas sequelas, inclusive as vividas nas contradições internas do MPLA mais evidentes desde Viriato da Criz a Nito Alves, é por si uma inspiração patriótica que deve ser honrada na cultura e vivência de sua memória e ensinamentos!

Ela deve estar bem presente por que não só o imperialismo ganhou novos e poderosos métodos, formas e fórmulas, invadindo sociológica, psicológica e antropologicamente os vínculos comuns da globalização por via dos interesses de ingerência e de manipulação na América Latina e em África, quer por parte do capitalismo financeiro transnacional, quer por parte do capitalismo produtivo, quer por parte da hegemonia unipolar, em tudo tirando partido da revolução de novas tecnologias sob sua égide, mas também por que a advocacia do elitismo subjacente a esse poderoso domínio de cariz neocolonial, dando continuidade a ideologias que no tempo do império britânico se distendiam do Cabo ao Cairo, estão deliberadamente presentes em África e sobretudo na África Austral, onde se fazem sentir com vigorosos e por vezes provocadoramente atraentes impactos sobre seus povos e estados.

Nesse sentido António Agostinho Neto, falecido prematuramente a 10 de Setembro de 1979, enquanto líder e Comandante-em-Chefe ultrapassa-se ao seu desaparecimento físico e chega até hoje com seus seguidores, como um desafio enorme e incontornável face à conjuntura assimétrica, desigual e injusta que se oferece a toda a humanidade de há cinco séculos a esta parte!

Essa tem sido também a minha tão incompreendida saga pessoal desde aqueles anos de 1969 e 1970, quando frequentei as universidades portuguesas e comecei a forjar a minha própria consciência crítica, materialista-dialética, legitimada pela história dos escravos, dos colonizados e dos oprimidos de todo o mundo, onde não tem lugar a mentalidade formatada pelo domínio da hegemonia unipolar contemporânea, nem a história forjada pelos mentores de guerras psicológicas, por tabela da “Guerra Fria”!

Não foi de estranhar que em 1986, a “oficial” subversão (em termos de guerra psicológica), do meu empenho enquanto oficial da Segurança do Estado, tivesse merecido a interpretação institucional de alguns que, ao invés de balancear justamente o meu contributo contra um tráfico ilícito de diamantes que dilacerava a economia de Angola, interpretaram levianamente como se estivesse afinal a fazer um “golpe de estado sem efusão de sangue”, em relação ao qual ainda hoje se desconhece o chefe, quando isso viria a contribuir para que a subversão armada de Savimbi ganhasse no sector dos diamantes “asas” de que, de outro modo, jamais teria ganho!...

Tenho toda a legitimidade em relação à justiça que recai sobre a minha própria vida, que “a história me absolverá”!

Imaginam quantos sacrifícios por causa desse meu empenho imprescindível à alimentação de minha consciência crítica, ao longo de desertos de várias décadas, não foram impostos à minha família e sobretudo, aos meus próprios e inocentes descendentes?...

5- O MPLA alcançou os objectivos do seu Programa Mínimo, quando em Angola, a 11 de Novembro de 1975, António Agostinho Neto proclamou a independência nacional…

O MPLA alcançou a vitória noutro objectivo programático de primeira grandeza na libertação africana, quando acabou o“apartheid” em 1991…

O MPLA alcançou a vitória sobre muitas das sequelas coloniais e do “apartheid” em 2002, sob o olhar silencioso de António Agostinho Neto, por seu turno inspirado no olhar silencioso de Lénin…

Mas o MPLA está longe de realizar alguns dos principais objectivos do seu próprio Programa Maior, na longa luta que há a levar por diante contra o subdesenvolvimento e na trilha duma geoestratégia para um desenvolvimento sustentável, animado da mesma lógica com sentido de vida cuja saga nascida com a revolução dos escravos no Haiti inspirou a luta armada de libertação na América Latina e em África, multiplicando os Vietname, algo que tem a ver com a decisão do próprio renascimento de que África tanto carece!

Quando iluminados pela história os angolanos assumem em paz que “o mais importante é resolver os problemas do povo”, face aos impactos da globalização gerida pelos interesses tentaculares da aristocracia financeira mundial tenho verificado quão vulneráveis eles, antropológica, social e psicologicamente afinal estão, por que a consciência histórica, numa perspectiva materialista-dialética, pouco ou nada tem a ver com a mentalidade que lhes tem sido injectada e formatada de 2002 até hoje, quando a paz deveria corresponder às vitórias da sensibilidade socialista em tempo de guerra!

Honrar a memória e os ensinamentos do líder e comandante-estratega António Agostinho Neto, merece enquanto permanente desafio, uma outra resposta de todos nós filhos de África e da América Latina e, desde logo, há que reconhecer num plano decisivo e ultrapassando todas as guerras frias consubstanciadas na permanente guerra psicológica em curso nos nossos dias, a história incontornável da saga da luta que acabou com a escravidão, com o colonialismo e com o “apartheid”, que já vai a caminho de dois séculos e meio, desde 1804 com a independência do Haiti!

Há que reconhecer em todas as suas implacáveis transversalidades antropológicas, sociológicas e psicológicas, que não se levou de vencida o que à barbárie neocolonial indexada ao império da hegemonia unipolar diz respeito!

A aristocracia financeira mundial faz prevalecer de forma avassaladoramente dominante e por via de múltiplas acções de tão persuasiva quão continuada guerra psicológica, a proficuidade desse domínio em nossos dias, algo que lhe dá imensos lucros explorando matérias-primas indispensáveis às indústrias transnacionais e mão-de-obra barata quase ao nível da escravidão, por que os povos africanos não alcançaram patamares de educação, de saúde e de desenvolvimento sustentável satisfatórios para assumir o indispensável para se poderem catapultar as culturas a inscrever nas imensas potencialidades do seu próprio renascimento!...

A LUTA CONTINUA!...

Martinho Júnior - Luanda, 17 de Setembro de 2018

Imagens:
Duas fotos recolhidas por mim no acto de homenagem em 13 de Setembro de 2018, ao primeiro Comandante-em-Chefe de Angola libertada, independente e soberana, na Sala de Reuniões do Estado-Maior do Exército das FAA em Luanda, numa iniciativa conjunta com a Fundação António Agostinho Neto.

Por que China aposta na aliança estratégica com Venezuela?


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chegou a Pequim para se encontrar com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, e outros importantes funcionários do gigante asiático. Entenda por que a China ajuda o país caribenho apesar de muitos países serem contra.

De acordo com Maduro, as relações entre China e Venezuela "são muito sólidas e robustas e apontam para um desenvolvimento maior" — e os acordos econômicos e memorandos de cooperação estão aí para provar as palavras do presidente venezuelano, chegando à margem dos 30.

O analista internacional Sergio Rodríguez Gelfenstein explicou à Sputnik Mundo que considerar a China parceiro estratégico é muito transcendente para a Venezuela, particularmente perante esforços extraordinários dos EUA de prejudicar interesses de Caracas.

"Sabe-se que há um bloqueio financeiro económico contra a Venezuela no sistema financeiro internacional", fala o analista, acrescentando que o aumento do comércio com a China ajuda a Venezuela a continuar resistindo à agressão, imposta pelos EUA.

No âmbito dos acordos bilaterais, a empresa estatal venezuelana PDVSA cederá à Corporação Nacional de Petróleo da China (CNPC) 9,9% das ações de Sinovensa, uma empresa de produção de petróleo bruto estabelecida entre ambos os países.

Essa não é a única companhia mista de PDVSA e CNPC, segundo comunicado da presidência venezuelana. Além disso, as empresas firmaram "um memorando para fortalecer a cooperação conjunta" na esfera de exploração de gás na Venezuela.

A China já anunciou apoio para dinamizar o setor petrolífero do país caribenho em julho, investindo 250 milhões de dólares para aumentar a produção de PDVSA, afirmou o representante venezuelano.

Segundo Rodríguez Gelfenstein, as relações entre ambos os países não são apenas bilaterais, mas influenciam a América Latina em geral, já que a "China joga um papel mais transcendente" no palco internacional, sendo "potência global".

Além da América Latina, cada vez mais fortes estão as relações entre a China e a África, o que ficou claro no Fórum de Cooperação China-África. Xi Jinping declarou que "a China e a África devem se unir para forjar juntas uma comunidade" baseada nos princípios da responsabilidade, cooperação e convivência harmoniosa.

Entre as ações prioritárias, o líder chinês nomeou as "oito ações", que englobam o estímulo industrial, a conectividade de infraestrutura, a facilitação comercial, o desenvolvimento verde, a construção de capacidades, a saúde, o intercâmbio cultural e a paz e a segurança, o que é compartido pela América Latina. Mas, Pequim, no contexto latino-americano, vem jogando com outras cartas, pois na região há outro influenciador potente que a vê como "quintal" — os EUA.

Segundo o analista, Washington está voltando a aplicar a Doutrina Monroe, que consiste no princípio da política exterior "América para os americanos".

Agora essa Doutrina não é mais destinada ao Reino Unido, e sim à Rússia e à China. Porém, Pequim está ciente da sua importância no desenvolvimento económico na região latino-americana.

"O papel que pode ser desempenhado pela China consiste em apoiar, sustentar e respeitar os princípios do direito internacional e da Carta das Nações Unidas", destaca o especialista.

Apesar da interação económica, a China e a América Latina avançam em sua compreensão cultural.

Sendo países de continentes diferentes, é bem difícil para a China e Venezuela entender as peculiaridades da mentalidade alheia, por exemplo, cultura trabalhista, disciplina, eficiência administrativa e governamental.

No entanto, a China está se aproximando deste e de outras realidades em cada país da América Latina com quem está fortalecendo relações. A compreensão de "desenvolvimento político, da sociedade, do Estado e de seu funcionamento" beneficiará avanço nas relações.

Sputnik | Foto:  Reuters / Handout/Miraflores Palace

EUA | Demissão do Almirante McRaven, antigo assassino-mor do Pentágono


O Almirante William H. McRaven apresentou ao Secretário da Defesa, a sua demissão do Conselho Consultivo da Inovação.

Este Conselho foi criado em 1996, pelo Secretário da Defesa, Ash Carter, a fim de tirar o melhor partido das indústrias inovadores de Silicon Valley. Agrupa personalidades da Internet e militares de alta patente.

O Almirante McRaven entrou em oposição frontal com o Presidente Trump após a revogação deste último, da Habilitação de Segurança ou seja, do acesso aos Serviços Secretos e de Defesa do antigo Director da CIA, John Brennan. Ele publicou, nessa ocasião, um artigo a solicitar a rescisão da sua própria Habilitação de Segurança. Este texto foi publicado pelo Washington Post [1] no mesmo dia em que antigos altos funcionários dos Serviços Secretos também publicaram um texto a apoiar Brennan [2].

Após a publicação de um artigo anónimo anti-Trump no New York Times [3], desta vez atribuído a um alto funcionário da Casa Branca, McRaven foi convidado a demitir-se do Conselho do qual era membro.

O Almirante McRaven tornou-se célebre ao conduzir a operação Tridente de Neptuno (Neptune’s Spear). Teria, supostamente, assassinado Osama Bin Laden na sua casa, em Abbottabad, no Paquistão. Esta operação, encenada pelo Presidente Barack Obama, foi vivamente contestada pelo Paquistão. Primeiro, porque foi levada a cabo, violando a soberania desse país e, em seguida, porque Osama Bin Laden não residia em Abbottabad, mas morreu no Afeganistão, em Dezembro de 2001. Na altura,o Almirante McRaven chefiou as Forças Especiais (US SOCOM). Como tal, foi ouvido em audiência pelo Congresso e revelou, orgulhosamente, comandar assassinatos políticos em 78 países, em todo o mundo. O Presidente Obama encarregou McRaven de formar uma rede com as Forças Especiais Aliadas, de maneira a poder assassinar qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, em menos de 48 horas. [4]

John O. Brennan percorreu uma longa carreira na CIA até se tornar Director da mesma (2013-17). Desenvolveu, consideravelmente, o programa de assassinatos por drones da Agência. Neste contexto, trabalhou em estreita colaboração com o Almirante McRaven. No entanto, entrou em conflito com o General Michael T. Flynn, dos Serviços Secretos Militares. Designado como primeiro Conselheiro de Segurança Nacional, do Presidente Trump, Flynn mandou, imediatamente, demitir Brennan e tentou reorganizar a CIA, dando prioridade às missões de Serviços Secretos humanos e não mais liquidar os seus inimigos. Então, Brennan liderou a luta política contra Flynn e Trump, acusando-os de serem agentes russos. A sua Habilitação de Segurança foi revogada em 15 de Agosto de 2018.


Notas:
[1] «Revoke my security clearance, too, Mr. President», by William H. McRaven, Washington Post (United States) , Voltaire Network, 16 August 2018.
[2] “Statement from former senior intelligence officials”, Voltaire Network, 16 August 2018.
[3] “I Am Part of the Resistance Inside the Trump Administration”, New York Times (United States) , Voltaire Network, 5 September 2018.
[4] “A globalização das forças especiais”, Manlio Dinucci, Tradução Marisa Choguill, Il Manifesto (Itália) , Rede Voltaire, 20 de Maio de 2014.

Em Itália, o maior barril de pólvora USA


Manlio Dinucci*

A seguir à Segunda Guerra Mundial, as tropas aliadas ocuparam o continente europeu. Se a França e a Rússia se retiraram, hoje, os Estados Unidos da América e o Reino Unido conservam aí uma parte das suas tropas. Desde há um ano, o Pentágono, prevendo uma guerra mundial contra a China e contra a Rússia, utiliza as suas numerosas bases em Itália para aumentar, de maneira maciça, o armazenamento das suas armas na Europa, incluindo bombas atómicas.

No dia 8 de Agosto de 2018 fez escala no porto de Livorno, o navio Liberty Passion (Paixão pela Liberdade) e no dia 2 de Setembro, o Liberty Promise (Promessa de Liberdade), que serão secundados, no dia 9 de Outubro, pelo Liberty Pride (Orgulho da Liberdade). Os três navios regressarão a Livorno, sucessivamente, nos dias 10 de Novembro, 15 de Dezembro do corrente ano e em 12 de Janeiro de 2019. São navios Ro-Ro enormes, com 200 metros de comprimento e 12 pontes, cada um capaz de transportar 6500 automóveis. Mas eles não carregam carros, mas tanques de guerra. Fazem parte de uma frota norte-americana de 63 navios pertencentes a empresas privadas que, por conta do Pentágono, transportam armas continuamente num circuito mundial entre os portos dos EUA, para o Mediterrâneo, Médio Oriente e Ásia. A escala principal do Mediterrâneo é Livorno, porque o seu porto está ligado à base americana limítrofe de Camp Darby.

Qual é a importância da base foi recordado pelo coronel Erik Berdy, comandante da guarnição estacionada em Itália, do Exército dos EUA, numa visita recente ao jornal "La Nazione" em Florença. A base logística, situada entre Pisa e Livorno, é o maior arsenal dos EUA fora da pátria. O Coronel não especificou qual é o conteúdo dos 125 bunkers em Camp Darby. Pode ser estimado em mais de um milhão de projécteis de artilharia, bombas para aviões e mísseis, além de milhares de tanques, veículos e outros materiais militares. Não se pode excluir que nessa base estiveram, estão ou podem vir a estar, no futuro, bombas nucleares.

Camp Darby - sublinhou o coronel - desempenha um papel fundamental, reabastecendo as forças terrestres e aéreas dos EUA num espaço de tempo muito mais curto do que seria necessário se elas fossem abastecidas vindo directamente dos USA. A base forneceu a maioria das armas para as guerras contra o Iraque, Jugoslávia, Líbia e Afeganistão. Desde Março de 2017, com os grandes navios que fazem escala mensalmente em Livorno, as armas de Camp Darby são continuamente transportadas para os portos de Aqaba na Jordânia, Jeddah na Arábia Saudita, e outras escalas a Sul, para serem usadas pelas forças americanas e pelas forças aliadas nas guerras na Síria, no Iraque e no Iémen.

Na sua viagem inaugural, o Liberty Passion desembarcou desembarcou em Aqaba, em Abril de 2017, 250 veículos militares e outros materiais. Entre as armas que todos os meses são transportadas por mar, de Camp Darby a Gedda, certamente há também bombas americanas para os aviões que a aviação saudita emprega (como evidenciado por provas fotográficas) para matar civis no Iémen. Há também sérios indícios de que, na ligação mensal entre Livorno e Gedda, os grandes navios também transportam bombas aéreas fornecidas pela RWM Itália (Radioactive Waste Management), de Domusnovas (Sardenha), para a Arábia Saudita, para a guerra no Iémen.

Como resultado do aumento do trânsito de armas de Camp Darby, já não é suficiente a ligação por canal e estrada, da base com o porto de Livorno e com o aeroporto de Pisa. Portanto, foi decidida uma reorganização maciça da infraestrutura (confirmada pelo Coronel Berdy), que compreende uma via férrea nova. O plano envolve o abate de 1.000 árvores numa área protegida, mas já foi aprovado pelas autoridades italianas. Tudo isto não basta. O Presidente do Conselho Regional da Toscana, Giani (Pd), ao receber o Coronel Berdy, prometeu “promover a integração entre a base militar dos EUA de Camp Darby e a comunidade que a circunda”. Posição substancialmente partilhada pelo prefeito de Pisa, Conti (Lega) e pelo de Livorno, Nogarin (M5S). Este último, ao receber o coronel Berdy e depois o Embaixador americano Eisenberg, hasteou na Câmara Municipal, a bandeira com estrelas e riscas.

Manlio Dinucci* | Voltaire.net.org | Tradução Maria Luísa de Vasconcellos | Fonte Il Manifesto (Itália)

* Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações : Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016.

Na foto: Lewis Eisenberg foi o presidente do porto de New York, que vendeu o World Trade Center precisamente antes dos atentados de 11de Setembro, a fim de que os mesmos pudessem ser organizados aí. Hoje, desempenha o cargo de Embaixador dos Estados Unidos, em Roma, e transforma a península num arsenal USA.

Alemanha condena dois homens à prisão por saudação nazista


Ambos participaram de manifestações de extrema direita na cidade de Chemnitz, no leste do país. Um deles ficará em liberdade condicional. Outro recebe pena de cinco meses na cadeia.

Dois homens foram condenados a até oito meses de prisão por fazerem a saudação nazista em manifestações de grupos de extrema direita na cidade de Chemnitz, no leste da Alemanha. O gesto é proibido pela legislação alemã.

Nesta sexta-feira (14/09), o tribunal distrital de Chemnitz condenou um homem de 34 anos a cumprir cinco meses de detenção pela "utilização de símbolos de organizações anticonstitucionais".

O homem fez a saudação nazista diversas vezes durante uma manifestação em 27 de agosto convocada pelo movimento extremista Pro Chemnitz. Ele já tinha passagem pela polícia por diversas ocorrências anteriores, incluindo agressão, um dos motivos pelos quais a corte decidiu que não cabe liberdade condicional.

O veredicto foi conhecido menos de 24 horas depois da condenação, nesta quinta-feira, de um homem de 33 anos. Ele recebeu pena de oito meses de prisão e uma multa de 2 mil euros, com direito a liberdade condicional. Além de ter feito a saudação nazista, o homem também foi punido por agressão a policiais e tentativa de agressão física. Os promotores do caso contestaram a decisão, pois demandavam pena de um ano de prisão sem condicional.

O homem contestou as acusações perante o tribunal, afirmando que tinha levantado o braço apenas para se despedir de seus colegas. Quatro policiais do estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental compareceram ao julgamento como testemunhas e corroboraram as acusações.

Ambos os julgamentos foram realizados de forma acelerada, após uma série de protestos contra a política de refugiados do governo alemão ocorrerem em Chemnitz no fim de agosto, com participação da extrema direita.

Os ânimos na cidade se acirraram com a morte de um cidadão alemão durante uma briga na cidade. Três requerentes de refúgio são acusados pelo crime.

Convocados por organizações de extrema direita e grupos anti-imigração, os protestos atraíram milhares de pessoas, em grande parte apoiadores do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e do movimento Pegida (sigla em alemão para "Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente"). Manifestantes perseguiram e atacaram pessoas que aparentavam ser estrangeiras durante os protestos, segundo testemunhas.

Na cidade de Köthen, também no leste alemão, manifestantes entoaram cânticos e palavras de ordem nazistas no último domingo, durante uma marcha de luto pela morte de um homem após uma briga com imigrantes afegãos.

A chanceler alemã, Angela Merkel, lamentou as mortes em Chemnitz e em Köthen e afirmou que os responsáveis devem ser punidos. Ela disse compreender que muitas pessoas estejam revoltadas por supostos crimes cometidos por imigrantes, mas condenou o uso de expressões nazistas e os ataques a estrangeiros.

PJ/dpa/afp | Deutsche Welle

RU vs UE | "É meu acordo ou acordo nenhum", diz May sobre o Brexit


Primeira-ministra diz que não haverá alternativa caso parlamentares britânicos não aprovem seus planos para o pacto com a UE sobre a saída do bloco. FMI alerta que tal cenário traria altos custos para o país.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, lançou um alerta nesta segunda-feira (17/09) aos rebeldes de sua legenda, o Partido Conservador. Ela afirmou que se não apoiarem o acordo que seu governo negocia com a União Europeia (UE) sobre o Brexit – o chamado plano Chequers – terão de enfrentar um cenário potencialmente caótico, sem um pacto que estabeleça as condições para a saída do Reino Unido do bloco europeu e as futuras relações entre as duas partes.

"Acho que a alternativa a isso seria não termos um acordo", disse May em entrevista à emissora britânica BBC. 

A saída oficial do Reino Unido da União Europeia está marcada para 29 de março de 2019, mas as duas partes ainda estão longe de um acordo total, enquanto alguns membros do partido governista britânico ameaçam votar contra um possível pacto.

A proposta de May para o Brexit precisará ser aprovada pela câmara baixa do Parlamento, mas ainda é incerto se ela conseguirá os 320 votos necessários. Ela diz acreditar que, caso consiga um acordo com os europeus, os parlamentares acabarão aprovando o acordo.

Britânicos e europeus esperam finalizar as negociações sobre o acordo do Brexit em outubro de modo a garantir o tempo necessário para que o texto seja ratificado pelos parlamentos britânico e europeu. Restam, porém, algumas questões em aberto, como a definição do status da fronteira entre a Irlanda do Norte, que integra o Reino Unido, e a República da Irlanda, país-membro da UE.

May defendeu que deve haver "movimentação de bens sem atritos" entre o Reino Unido e a UE na Irlanda, ou seja, sem alfândegas e verificações regulatórias, para evitar que seja instaurada uma fronteira rígida no país.

Uma reportagem do jornal britânico The Times afirma que a UE se prepara em sigilo para aceitar uma fronteira livre na Irlanda. A movimentação de bens entre o território britânico, Irlanda do Norte e Irlanda "poderia ser controlada com a utilização de códigos de barras nos contêineres sob esquemas de 'trusted-traders' ('operadores confiáveis') administrados por empresas registradas", removendo a necessidade de uma fronteira rígida, afirma o diário, citando fontes diplomáticas confidenciais. A medida seria semelhante ao que já ocorre entre a Espanha e as Ilhas Canárias.

May propõe um chamado Brexit suave, que manteria o Reino Unido alinhado com as regulamentações da UE após o Brexit em troca do livre comércio entre as duas partes e da abertura da fronteira com a Irlanda, o que não agrada muitos dos membros da base conservadora.

O ex-secretário britânico para o Brexit David Davis e o ex-ministro do Exterior Boris Johnson estão entre os que defendem um rompimento total com a UE ao invés do acordo que está sendo negociado pelo governo.

May criticou Johnson por se opor a seu plano para o Brexit. Durante a entrevista à BBC, ela insistiu que está concentrada em trabalhar pelo futuro do país depois da saída britânica da UE.

"Sinto-me um pouco irritada, mas este debate não é sobre o meu futuro, este debate é sobre o futuro do povo do Reino Unido e o futuro do Reino Unido", afirmou a PM. "É nisso que estou concentrada, e é nisso que todos nós deveríamos estar concentrados", acrescentou May.

A líder conservadora ressaltou que o mais importante é fechar um "bom acordo" com a UE, que seja vantajoso para os britânicos de todas as regiões do país.

May também criticou o linguajar utilizado por Johnson para rejeitar o plano Chequers, ao compará-lo com um imaginário colete suicida, que explodiria o Reino Unido, mas cujo detonador é entregue à UE.

"Devo dizer que a escolha do linguajar é totalmente inadequada. Eu fui ministra do Interior durante seis anos e primeira-ministra por dois anos e acredito que utilizar um linguajar como esse não é correto", afirmou.

A primeira-ministra insistiu que Chequers é o único plano que fará a vontade dos britânicos e, ao mesmo tempo, evitará uma fronteira rígida na Irlanda.

FMI alerta contra falta de acordo

Líderes do setor empresarial e investidores temem que aspectos políticos possam minar o futuro acordo, jogando a quinta maior economia do mundo em um cenário caótico que poderia enfraquecer o Ocidente, abalar o mercado financeiro e bloquear as artérias do comércio internacional.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que a falta de um acordo para o Brexit poderá gerar uma forte retração econômica. "Espero muito e rezo para que haja um acordo entre a UE e o Reino Unido", disse Christina Lagarde, diretora-gerente da instituição.

Ela rebateu as afirmações de alguns opositores de May, de que a falta de um acordo seria algo preferível, uma vez que o país se veria livre para negociar novos acordos comerciais em todo o mundo.

"Todos os prováveis cenários do Brexit trarão custos para a economia britânica", afirmou, acrescentando que, no entanto, uma saída desordenada traria efeitos "significativamente piores". Segundo o FMI, até mesmo um acordo satisfatório resultaria em novas barreiras comerciais.

Lagarde diz que qualquer que seja o acordo, não poderá ser tão bom quanto os benefícios dos quais o Reino Unido goza atualmente, como parte integrante da zona de livre comércio com outros 27 países da UE. A falta de um pacto "iria impor custos muito altos para a economia britânica", disse.

O ministro britânico das Finanças, Philip Hammond, sugeriu que o governo preste atenção aos alertas do FMI. O fundo prevê crescimento de 1,5% da economia britânica tanto em 2018 e em 2019, uma queda em relação ao 1,75% dos anos 2016 e 2017.

Segundo o FMI, o Reino Unido se retraiu em relação com os demais países do G7 desde o referendo de 2016 que resultou na decisão de deixar a UE. As incertezas no futuro do ambiente de negócios levaram a uma retenção dos investimentos no país. Além disso, a queda da libra esterlina desacelera o crescimento em termos de renda e consumo.

Caso britânicos e europeus não cheguem a um acordo até março de 2019, a questão estará sujeita às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), que especifica as regulamentações alfandegárias e de fronteira para quaisquer negócios com a UE.

RC/rtr/efe/lusa/ap | Deutsche Welle

Portugal | O negacionismo imobiliário


Manuel Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

O debate sobre o imobiliário, em particular acerca da existência ou inexistência de uma bolha especulativa e da necessidade ou desnecessidade de a combater, trouxe à tona a atitude que aqui designamos por negacionismo dos interesses imobiliários e se caracteriza pela recusa obstinada de toda a evidência de sinais de bolha especulativa.

O especulador é alguém, ou alguma instituição nomeadamente financeira, que se dedica a comprar barato seja o que for para vender caro o que compra, sem lhe acrescentar valor ou acrescentando muito pouco. Para o especulador, o mais importante de tudo é evitar que se difunda a opinião de que as coisas, a cuja compra e venda se dedica, tendem para a desvalorização e não para a valorização.

Mesmo que durma mal, em resultado de pesadelos com bolhas a rebentar, o especulador obriga-se a si mesmo a acordar enérgico, exalando confiança por todos os poros. Ele precisa de "demonstrar" que as tais coisas a cuja compra e venda se dedica (não importa o quê) se vão valorizar amanhã, e depois de amanhã, e assim sucessivamente até ao dia do juízo final. O especulador sabe que, se os seus clientes e potenciais clientes passarem a ter pesadelos como ele, as bolhas podem rebentar. Daí o negacionismo militante dos grandes interesses imobiliários.

A crescente difusão do discurso negacionista em torno do setor imobiliário é, em si mesmo, um indício de que há real perigo de bolha e do seu rebentamento. Os especuladores, contudo, vão desdobrar-se na produção de argumentos técnicos, sociais e políticos que possam convencer o comum das pessoas de que não há perigo iminente. Um deles, muito difundido nestes dias, reza o seguinte: as bolhas especulativas só seriam perigosas se os que se dedicam à compra e venda de imóveis recorressem ao crédito bancário, dando como garantia dos empréstimos aquilo que compram com esse crédito. Isto porque, quando assim acontece e a bolha rebenta, o especulador deixa de conseguir vender ao preço desejado o objeto de especulação e não consegue pagar o que deve ao banco e, o banco, embora penhorando os bens em causa, não obtém com a penhora o valor do crédito concedido. Neste cenário, como bem sabemos, perde o especulador, perde o banco, perdem duplamente as pessoas que eram proprietárias, caso as perdas dos bancos sejam socializadas - pagas com os nossos impostos e rendimentos - como tem acontecido.

Agora, prega o negacionismo vigente, esse cenário não emergirá pois, dizem eles, os especuladores são fundos imobiliários que não recorrem ao crédito bancário. E acrescentam que se a bolha rebentar perderão os fundos e a história acabará aí.

Ora, há pelo menos três "detalhes" que ficam de fora dessa história. Primeiro: no processo de especulação os habitantes das cidades são expulsos para as periferias. Segundo, os preços das habitações nas periferias crescem, embora a ritmo inferior, e essas são compradas a crédito. Terceiro, os preços das habitações, quer nos centros quer nas periferias, tornam-se proibitivos para quem dispõe de rendimentos que permanecem estagnados ou quase, como acontece com a maioria dos portugueses.

A vida de especulador é tão absorvente que não deixa tempo para considerar factos simples: as casas existem para as pessoas viverem nelas e não para serem instrumento de enriquecimento acelerado de alguns; as cidades existem para serem habitadas e organizadas de forma a possibilitarem proximidade aos bens e serviços de que os cidadãos necessitam para trabalhar e viver com dignidade; o crédito bancário para compra de habitação não deixou de existir e não pode esmagar a vida das pessoas e das famílias.

Por muito que custe aos negacionistas, devem ser consideradas com respeito, e não descartadas arrogantemente, as propostas avançadas para combater a especulação imobiliária. E todos devemos de ter presente, também, que nas políticas de habitação como nas do trabalho, as medidas fiscais podem e devem introduzir correções, mas é imprescindível atuar a montante valorizando salários, distribuindo melhor a riqueza desde a sua produção, garantindo, à partida, habitações disponíveis para aluguer ou compra a preços compatíveis com os rendimentos das pessoas.

*Investigador e professor universitário

Imagem em Repórter Sombra

Trabalhadora "de castigo" denunciou situação à ACT. Nada mudou


Nada mudou e, esta segunda-feira, a trabalhadora da corticeira Fernando Couto, em Paços Brandão, continua a trabalhar isolada e a arrumar paletes de rolhas.

A TSF começou o dia à porta da empresa e tentou obter uma reação por parte dos proprietários. Um elemento da administração veio até à entrada, mas recusou comentar o caso de Cristina Tavares , afirmando que o processo está entregue ao gabinete jurídico e que "talvez a meio da semana" a corticeira Fernando Coutou emita uma reação.

Cristina Tavares chegou à empresa às 7h40. "Gosto de estar no meu posto de trabalho 5 minutos antes, para não terem com o que implicar." Com voz rouca, magra e nervosa, sempre a passar a mão no cabelo, conta que esta segunda-feira o trabalho vai ser igual ao dos últimos meses. "Vou arrumar paletes, trabalho sozinha... Os meus colegas estão proibidos de falar para mim."

Na sexta-feira, a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) esteve na corticeira Fernando Couto, pela terceira vez desde maio. "Perguntaram o que estava a fazer, viram que estava a desfazer paletes. Perguntaram porque estava lá em cima e não cá em baixo, que é mais fresco. Eu disse que estava no castigo. Disse também que estou disposta a fazer qualquer trabalho."

Este processo tem sido acompanhado pelo Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte. Alírio Martins, da direção do sindicato, estranha que a ACT ainda não tenha tomado uma posição. "Sempre que estiveram cá elaboraram um relatório vago, que diz que estão a acompanhar o processo e que a empresa foi autuada".

"Parece que a ACT ou não quer ou sente-se impotente para resolver um caso destes", comenta o dirigente sindical.

Cristina Tavares, que tem um filho com problemas de saúde, garante que não vai desistir. "Sou o único sustento da casa, sou nova e quero trabalhar".

Rute Fonseca | TSF | Foto: Leonardo Negrão/Global Imagens

FMI monta o cenário, Costa ensaia o brilharete


Em vésperas da apresentação do Orçamento do Estado, os habituais avisos do FMI servem ao Governo do PS para tentar transformar qualquer pequeno avanço, mesmo a contragosto, numa grande vitória.

AbrilAbril | editorial

O último relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre Portugal, revelado a pouco mais de um mês de 15 de Outubro, data limite para a entrega do Orçamento do Estado para 2019 pelo Governo, não traz nada de novo.

Os dados objectivos de evolução da economia e do emprego já não permitem repetir os alertas catastrofistas, mas o FMI continua a deixar «avisos» e «recomendações». Pela imprensa, sabemos que um dos pés da troika está preocupado com o descongelamento das progressões nas carreiras da Administração Pública, com o peso dos salários dos trabalhadores do sector público ou com o regime para as longas carreiras contributivas. Em sentido inverso, o que o FMI receita é um acelerar da «consolidação das contas públicas» e uma «reforma da Função Pública». Basta lembrar os anos da troika para entender o que desejam Christine Lagarde e Vítor Gaspar.

Mas, no quadro político actual, estes relatórios (como o da recente avaliação pós-troika da Comissão Europeia) assumem uma dupla função. Para além da eficácia enquanto elemento de pressão e chantagem sobre o País, estes permitem ao Governo do PS ensaiar um limpar de face perante as suas próprias insuficiências. Ao não ir tão longe quanto podia e se exigia, o Executivo responderá que foi mais longe que o FMI e as instituições europeias queriam, tantas vezes forçado por um quadro político em que depende de outros para a aprovação do Orçamento.

No entanto, não será o jogo de enganos e aparências que dará resposta aos problemas do País. Para cortar com o rumo que foi e continua a ser «recomendado» por estas instituições, não basta dizer que se tomaram algumas medidas a contragosto das principais potências e dos interesses económicos que representam.

Quando os governantes e os dirigentes do PS se orgulham dos ganhos de causa perante a política das inevitabilidades e do inflexível directório europeu, não dizem que bloquearam avanços de maior alcance precisamente por terem aceitado os principais constrangimentos impostos ao País.

Ventos fortes, mas não de mudança


Ventos fortes, muito fortes, mas não de mudança. Ventos de morte no sudeste asiático. Por onde passou o super tufão (pelo ocidente chamam-lhe furacão) somou mais de 100 vidas que roubou. Nas Filipinas foi a maior matança. Por cá, em Portugal, quase a totalidade dos milhões de portugueses não faz a mínima ideia do que são aqueles monstros a soprarem a 180 e mais de 200 quilómetros hora. Por aqui no PG há quem tenha aprendido, no sul da Ásia, a navegar no Índico. Mas sem dúvida que é um espetáculo feérico, digno de ser visto. A natureza é linda até nas suas complexas e brutais manifestações.

Em Portugal o ar está poluído com a PGR sim ou não. Joana Marques Vidal, ou outro qualquer, ocupa um cargo que tem uma duração de 6 anos. A continuar em PGR vai somar 12 anos. É demasiado tempo seja para quem for naquele lugar. Os vícios já lá estão e precisam de ser varridos. Um “tufão” na PGR é preciso. Nem mais um minuto além do legal da PGR e dos vindouros. Um mandato e… basta. O que admira é que os próprios nada tenham de democráticos e não saibam sair ao fim de um mandato. Em vez disso agarram-se ao tacho. Uma vergonha para os que querem fazer perdurar as suas “ditaduras”, os seus vícios, as suas bagunças e amizades ou conveniências, nada convenientes para a democracia, nem para a justiça, nem para o país… Mais Joana Marques Vidal, não. Venha outro e que saia ao fim de 6 anos, sem dramas, sem “casos”, sem polémicas. Isso é que é democracia. Na PGR, na justiça, no MP, urge um grande tufão. A continuar com os mesmos nunca mais os ventos serão de mudança. Escrevam na lei que é mandato único. Acabem com a treta que agrada e convém a muitos deputados e políticos ou outros que serram presunto enquanto se "enchem" nos "paraísos" e ilhargas adequadas a gente desonesta. Políticos, empresários, etc.

Em baixo o Curto do Expresso sopra sobre o tema. Ásia e EUA numa roda-viva. Vidas roubadas e tudo que ficou no caminho do “varrimento” da natureza. Depois o ar é mais limpo. E esta!?

Siga para o Curto e leia o produto de Pedro Cordeiro. Boa semana, a começar hoje. (CT | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Ventos fortes que espalham mortes

Pedro Cordeiro | Expresso

Bom dia! À hora a que estiver a saborear este Expresso Curto, é provável que muitas localidades do país já registem temperaturas acima dos 20ºC, devendo ultrapassar os 30ºC até à hora do almoço. O céu estará pouco nublado ou limpo. Que contraste entre este verão que não quer partir até à última e as imagens e notícias trágicas que nos chegam de oriente e ocidente, as notícias de morte e destruição que acompanham: eis bátegas incessantes de chuva, ventos selváticos, ondas que galgam portos e marginais, como mostra este vídeo de “The Guardian”.

Na região Ásia-Pacífico o tufão Mangkhut chegou às costas da China e açoitou Macau e Hong Kong (galeria do sítio “Quartz”) depois de ter devastado as Filipinas, onde fez dezenas de vítimas (65 segundo o último balanço), vítimas tanto diretamente da intempérie como de derrocadas que a mesma causou, mormente na região de Cordillera, no norte da ilha de Luzon. Com mais de 40 desaparecidos, o balanço pode agravar-se. A tormenta terá afetado um quarto de milhão de pessoas, ainda assim muito menos do que o Yolanda, que há cinco anos matou mais de 6000 e fez deslocar quatro milhões. O trajeto do Mangkhut pode ser acompanhado graças a “The New York Times”. O jornal propõe também uma visualização 3D do interior do tufão, cortesia da NASA.

Na província chinesa de Guangdong, quase dois milhões e meio de pessoas tiveram de sair de suas casas, escreve a CNN. A agência estatal Xinhua dá conta de 18.327 abrigos de emergência ativados, 632 explorações turísticas encerradas e 29.611 estaleiros de obras suspensos. Os ventos do Mangkhut caíram para 63 quilómetros por hora, depois dos 173 que alcançaram na véspera e dos 270 com que assolou o arquipélago filipino. A classificação da sua intensidade também foi reduzida de T10 para T8.

Do outro lado do mundo, é Florence o furacão de que se fala, embora, em rigor, seja agora uma depressão tropical, que é como quem diz que perdeu força. Atingiu a costa leste dos Estados Unidos com chuva intensa e ventos ciclónicos, sobretudo na Carolina do Norte. Cidades inundadas, habitantes fugidos, barragens em risco e salvamentos em curso preenchem as imagens impressionantes da imprensa americana. O pior são as 17 vítimas mortais até ontem à noite, momento em que o governador do Estado, Roy Cooper, alertou: Florence “nunca foi mais perigosa do que agora”. Pelo menos até terça-feira o clima não deve melhorar. A Carolina do Sul também sofre os seus efeitos, conta “The Washington Post”, e o Estado da Virgínia não pode dormir descansado. com milhões a queixarem-se de falhas de eletricidade.

Há, porém, outra tempestade a fermentar além-Atlântico, de cariz político e sexual. Christine Blasey Ford é a mulher de quem se fala, por ter decidido identificar-se como a autora (até agora) anónima de denúncias de abusos sexuais alegadamente cometidos pelo juiz Brett Kavanaugh, o homem que Donald Trump escolheu para substituir o veterano Anthony Kennedy no Supremo Tribunal dos Estados Unidos.

A história remonta a um verão dos anos 80 (Ford crê que foi em 1982, quando tinha 15 anos), eram os protagonistas alunos de liceu no Estado de Maryland: Kavanaugh e um amigo tê-la-ão encurralado num quarto, onde o hoje magistrado a apalpou e tentou despir. A rapariga conseguiu fugir e não conseguiu falar do assunto até 2012, numa sessão de terapia de casal. Terá sido a designação do presumível abusador para um cargo poderosíssimo e vitalício que a fez identificar-se, explica “The Washington Post”, em cuja opinião as audições de confirmação de Kavanaugh pelo Senado deveriam ser suspensas. Há senadores democratas e republicanos que concordam.

Donald Trump está apostado em não recuar. “Claro que não vamos retirar a nomeação”, garante fonte da Casa Branca citada pelo “Politico”, ao mesmo tempo que circula uma carta aberta assinada por 65 colegas de liceu de Kavanaugh a pôr as mãos no fogo por este último. A polémica não convém ao Presidente a menos de dois meses das eleições para o Congresso (6 de novembro), estando o seu Partido Republicano em perigo de perder a maioria. Até o habitualmente comedido antecessor de Trump, Barack Obama, foi para a estrada defender os candidatos democratas, criticando o seu sucessor (a Margarida Mota explicava no Expresso deste sábado porque é que isso pode ser um pau de dois bicos). Trump vê-se ainda a braços com a investigação do procurador Robert Mueller às ligações entre a sua campanha de 2016 e o regime russo. O ex-aliado Paul Manafort, que foi diretor dessa campanha, aceitou cooperar com a justiça, o que já motivou ataques do inquilino da Casa Branca. Para a NBC o caso vai continuar a agitar Washington.

Só para encerrar o tema dos furacões, e voltando aos que o são de forma não metafórica, Trump continua a desmentir que o furacão Maria, que assolou as Caraíbas há um ano, tenha tido os efeitos indicados pelas autoridades de Porto Rico, um território dos Estados Unidos, incluindo 3000 mortos. No seu meio de comunicação preferido, o Twitter, o Presidente acusa os democratas de estarem por detrás dessa estatística e assegura que a resposta do seu Governo foi “fantástica”. Tudo isto tem a credibilidade de quem, a propósito do mesmo fenómeno climatérico, dizia há um ano ter tido conversas importantes com “o Presidente das ilhas Virgens americanas”, esquecendo-se de que o ocupante desse cargo é ele próprio. Alexandria Ocasio-Cortez, estrela ascendente democrata e candidata ao Congresso em novembro, acusa Trump de tratar os portorriquenhos como cidadãos de segunda classe.


E POR CÁ?

Ou antes, por lá. Por Angola anda António Costa, naquela que é a primeira visita de um chefe de Governo luso em sete anos. O primeiro-ministro regozijava-se ontem, pela enésima vez, por ter desaparecido aquilo a que chamou “o irritante” nas relações bilaterais, isto é, o processo judicial em Portugal, por corrupção, contra o ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente. Em maio a justiça do nosso país enviou os autos para Angola, onde o antigo número dois de José Eduardo dos Santos poderá ser julgado. Não sou, devo dizer, particular apreciador do estilo adotado pelo nosso chefe de Governo (e logo repetida pelo Presidente da República) ao referir-se a este caso. O governante de um Estado de direito democrático não deve chamar “um irritante” a um processo que corre (corria, então) termos na justiça do seu país, independente dos demais ramos do poder. Sobre o que quer Costa em Luanda, o “Diário de Notícias” ouviu o próprio. E os independentistas de Cabinda convidaram-no a conhecer o seu território.

Quando regressar do encontro com João Lourenço (que parece estar a correr-lhe de feição), Costa terá pela frente a parceira de posição conjunta que lhe permitiu governar, Catarina Martins. A líder do Bloco de Esquerda pede que o salário mínimo seja aumentado acima do que o seu partido concordara(600€) ao articular-se com PS e PCP/Verdes na chamada “geringonça”. O debate sobre o orçamento, que dominará as próximas semanas da política nacional, promete aquecer. O novo chefe de gabinete do líder do Executivo que se prepare.

E na oposição? Passando ao lado das confissões de Assunção Cristas que preferia “unknow”, no PSD parece não haver descanso. A direção de Rui Rio proclama-se “globalmente coesa” e uma pessoa fica a pensar qual a necessidade do advérbio de modo. Mas a mesma direção de Rui Rio aponta o dedo a membros seus, informa o “Observador”. Bocejou, leitor(a)? Será da hora, pois é cedo, ou de quão desinteressantes parecem estas querelas, meses depois de o líder ter sido eleito e quando se esperaria que propusesse um programa alternativo ao país. Sobre o líder social-democrata, vale a pena ouvir a Comissão Política, o podcast de política do Expresso, gravado há uns dias.

Melhor seria, talvez, debater assuntos como, para dar apenas um exemplo, a reforma do sistema eleitoral. Ainda esta semana a sociedade civil mexeu-se, com as associações Sedes e Por uma Democracia de Qualidade a proporem uma revisão das leis que regem a forma como votamos. Há dias promoveram na Faculdade de Direito de Lisboa uma conferência sobre esta questão, na qual participou Marcelo Rebelo de Sousa e da qual já resultaram pelo menos dois artigos que vale a pena ler (Pedro Delgado Alves no “Público”, Paulo Trigo Pereira no “Observador”). Revisite-se também este texto mais antigo de um dos proponentes da reforma em causa, José Ribeiro e Castro.

Não estaria este rol completo sem lembrar que ontem os U2 tocaram no Altice Arena, onde regressam esta noite. Na Blitz a Lia Pereira e a Rita Carmo contam como foi.


OUTRAS NOTÍCIAS

DOIS GRANDES, OUTRO NEM TANTO. Houve Taça da Liga no fim-de-semana e dois dos três grandes ganharam as respetivas partidas. O Sporting derrotou ontem o Marítimo por 3-1, como relata a Tribuna Expresso, no primeiro jogo oficial desde que Frederico Varandas é presidente do Clube. Bruno Fernandes foi decisivo. Na véspera a vida tinha corrido mal ao F.C. Porto, que empatou com o Chaves, e bem ao Benfica, que bateu o Rio Ave. Fora do campo, os encarnados continuam acossados pelo caso e-toupeira.

NOVO RECORDE. Porque o desporto não é só futebol, assinale-se o novo recorde do mundo da maratona masculina. Em Berlim, o queniano Eliud Kipchoge correu os 42,195 quilómetros em 2h01m39s, menos 1m22s do que a marca que o seu compatriota Dennis Kimetto estabelecera há quatro anos.

À ESPERA DO FIM. Na Síria, prepara-se a ofensiva final do regime contra Idlib, a última cidade importante (ainda) dominada pelos rebeldes. A sua reconquista permitirá a Bashar al-Assad cantar vitória. No semanário Expresso, Ricardo Silva, conta o que se passa no terreno.

À ESPERA DO FIM HÁ MAIS TEMPO. As Coreias, tecnicamente em guerra desde 1950, preparam nova cimeira Norte-Sul.

O ENIGMA DA NOVA ESFINGE. Arqueólogos descobriram no sul do Egito uma esfinge de calcário. Virá da era ptolemaica, há mais de 2000 anos.

O OCASO DO DITATOR. Na Revista E, António Caeiro, José Pedro Castanheira e Natal Vaz recordam os últimos dias de António de Oliveira Salazar. O ditador português foi operado ao cérebro há 50 anos, o que o obrigou a largar o poder ao fim de décadas.

E O DO OUTRO. O “Público” iniciou, a propósito da recente decisão do Parlamento espanhol de exumar os restos mortais do caudilho Francisco Franco do Vale dos Caídos, uma série de artigos sobre a memória histórica no país vizinho. O primeiro parece-me de leitura obrigatória. Os outros não me escaparão.


MANCHETES DO DIA

Jornal de Notícias: Urgências têm 20% de médicos com idade para dispensa

Público: Bancos inogram regulador e aceleram no crédito de risco


i: Epidemia de lixo alastra em Lisboa


Diário
de Notícias (online): Lisboa vai ter mais oito quilómetros exclusivos para transportes públicos


Correio da Manhã: Milhares de alunos ainda sem professores


Negócios: Turistas já ocupam 34% das casas do centro


O Jornal Económico: Amorim tem novos concorrentes na corrida à Comporta 


O QUE EU ANDO A OUVIR

Os Proms da BBC. Ou, oficialmente, The Henry Wood Promenade Concerts. Criados em 1895, enchem o estio londrino de música da melhor qualidade. Nunca tive o gosto de os ouvir ao vivo no Royal Albert Hall, mas não perco uma transmissão no sítio da emissora estatal britânica. Foram mais de 80 concertos, entre os 75 principais e mais uns quantos extras centrados na música de câmara, com breves debates e preleções nos intervalos. Estão todos disponíveis durante um mês. Vou a meio da audição, embora a temporada tenha acabado há mais de uma semana.

O QUE EU QUERO VER

Duas exposições. No Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, Do tirar polo natural, sobre retrato português ao longo dos séculos. Só até final do mês. No Porto, e porque todo o pretexto é bom para visitar a Invicta, Robert Mapplethorpe, a inaugurar na quinta-feira em Serralves.

NADA MAIS HAVENDO A TRATAR...

...desejo-vos uma boa semana. Amanhã haverá mais notícias frescas no Expresso Curto. Hoje a informação flui no Expresso online ao longo do dia e é sintetizada às 18h no Expresso Diário. Aproveitem os tempos livres para ir lendo o que vos tiver escapado da edição semanal em papel e gozem os últimos calores estivais. Sejam felizes!

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