sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

DEUS NOS SALVE DE TAUR MATAN RUAK SER ELEITO PRESIDENTE DA REPÚBLICA



Ana Loro Metan

Reparo que a Lusa divulgou notícia de Timor-Leste sobre o reconhecimento público do CNRT-Xanana Gusmão de que Taur Matan Ruak é o seu candidato presidencial. Eles dizem que o apoiam, o que vai dar no mesmo. Finalmente disseram verdade, desnudaram um pouco do que há dois anos vem sendo cozinhado e que por aqui vimos dizendo desde esse momento.

Vai daqui o meu vibrante lamento por constatar que Taur é um grande cara de pau ao ter deixado ocultar o que para todos era evidente e que ele próprio anunciava por corredores e gabinetes há cerca de dois anos, todo entusiasmado. Acenaram-lhe com a cenoura e ele lá a vem perseguindo desde aí. Esperemos que a cenoura não esteja num pau colado a ele próprio e que assim nunca mais lhe chegue. Numa certa perspetiva seria didático, se bem que arrasante para Taur, porque talvez se convencesse de uma vez por todas de que Xanana Gusmão e os párias que o rodeiam (não todos mas a maioria) não são de confiança e que visam as pessoas de quem se possam servir e não o contrário. O tempo o dirá.

No momento de apresentação da candidatura, em 9 ou 10 de Outubro, em Mertuto, Ermera, Taur Matan Ruak disse: "Quero que todas as pessoas tenham oportunidades na vida" e também que queria "levar Timor-Leste para a frente, desenvolver mais o país porque muitas pessoas ainda estão a sofrer".

Não deixa de ser curioso este tipo de discurso (que para os ingénuos cai sempre bem). É que se não existem mais timorenses com oportunidades e se existem timorenses a sofrer presentemente tal se deve ao atual PM e ao seu governo, maioritariamente CNRT, comandado por Xanana Gusmão, as mesmíssimas pessoas que há cerca de dois anos andam a cozinhar a sua candidatura. E então é agora, no caso de ser eleito PR, que tudo se vai resolver, tudo ou parte muito substancial? Porque razão? Porque Matan Ruak será o PR?

Dá o que pensar. Saberá este candidato os poderes que pertencem ao PR de Timor-Leste? Saberá que o PR não governa? Taur promete afinal o quê?

Felizmente, pelos indícios, Ramos Horta vai colher muitos votos. O mesmo para Lu Olo. Já se desenha a grande visão de que Taur Matan Ruak não vai colher o que podia guindá-lo à presidência da república - por ser apoiado por Xanana Gusmão e a sua pandilha. A segunda volta das eleições será disputada novamente por Lu Olo e Ramos Horta. Assim seja. Com Taur candidato de Xanana, Deus nos salve.

Leia em Timor-Leste ou em TL Eleições 2012 matéria relacionada

ELEITORES TIMORENSES: PARTICIPEM NA SONDAGEM “VOTO PARA PR DE TIMOR-LESTE”, na barra lateral

Presidente do parlamento de Timor-Leste pede continuidade de português na Euronews



CSR/(PPF/APL) - Lusa

Lisboa, 24 fev (Lusa) -- O presidente do parlamento timorense, Fernando La Sama de Araújo, expressou preocupação sobre a continuidade do serviço em português do canal Euronews numa carta, hoje divulgada, endereçada à Assembleia da República portuguesa.

"Tomei a iniciativa de lhe escrever para manifestar a profunda preocupação que sinto, enquanto presidente do parlamento nacional e cidadão timorense, em relação à continuidade da emissão em língua portuguesa do canal Euronews", referiu Araújo na carta, endereçada à presidente do parlamento português, Assunção Esteves, e a outros deputados.

O presidente do conselho de administração da Euronews, Michael Peters, informou ao Parlamento português, em 18 de janeiro, que RTP já declarou que não renovará o contrato com o canal, que em maio partirá para o despedimento coletivo de 17 jornalistas portugueses e encerrará o serviço em português em janeiro de 2013, se não encontrar financiamento.

Nesta ocasião, Peters deixou aos deputados portugueses cinco possibilidades para que se mantenha o serviço em língua portuguesa na estação de notícias internacional depois de 31 de janeiro de 2013, que pesa anualmente ao orçamento da RTP cerca de 1,8 milhões de euros, a que acrescem 360 mil euros de obrigações da estação pública enquanto acionista da Euronews.

"Em Timor-Leste, pela sua intrínseca diversidade linguística e cultural, e pelas cicatrizes deixadas pela ocupação que se seguiu à proclamação da independência, a política da língua é essencial à construção da identidade nacional, à consolidação do Estado de Direito, à afirmação do país na região e no mundo e bem como a garantia de desenvolvimento harmonioso e pacífico", sublinhou ainda a carta de La Sama de Araújo.

O presidente do parlamento timorense referiu ainda que Timor-Leste está entre os diversos países que recebem os programas do canal internacional.

"Neste sentido, não poderia deixar de lamentar que constrangimentos ou dificuldades financeiras conjunturais viessem a comprometer a continuidade desse serviço", referiu.

Segundo o político timorense, também candidato ás presidenciais de 17 de março, "as atuais circunstâncias impõem a afirmação e expansão da língua portuguesa no mundo e a articulação de uma estratégia coerente que terá sempre que passar pelos meios de comunicação".

"Pese embora as exigências do atual momento, confiamos que será possível vir a encontrar uma solução que permita salvaguardar a presença da língua portuguesa num veículo de comunicação com o impacto da Euronews", referiu ainda La Sama Araújo.

O deputado português José Ribeiro e Castro (CDS-PP), que tem protagonizado a oposição ao fecho do serviço da Euronews, admitiu, a 30 de janeiro, a possibilidade de a Comissão Europeia apoiar a manutenção das emissões em língua portuguesa, cenário que diz ser "indispensável" e de elevado valor para o país e para a língua.

"Seria um recuo histórico trágico se Portugal se retirasse do projeto", declarou naquela ocasião o deputado do CDS-PP à agência Lusa, em Bruxelas, onde se reuniu sobre o assunto com Viviane Reding, comissária para a Justiça e para os Direitos dos Cidadãos.

O serviço em língua portuguesa é assegurado por 17 jornalistas portugueses em regime permanente e ainda cerca de 20 "free lancers" portugueses, que se encarregam do noticiário em português. O português é uma das onze línguas em que emite a Euronews, que conta com cerca de 400 jornalistas de 23 nacionalidades.

Leia mais sobre Timor-Leste - use os símbolos da barra lateral para se ligar aos países lusófonos pretendidos.

Destaque

ELEITORES TIMORENSES: PARTICIPEM NA SONDAGEM “VOTO PARA PR DE TIMOR-LESTE”, na barra lateral

LU-OLO HAMUTUK HO KOMITIVA HALAO VIZITA BA HNGV




Wihelmina Lika – Rádio Liberdade (tl)

Radio, online – Kandiatu Prezidenti ho numeru surteiu 3 Francisco Guterres Lu –Olo hamutuk ho ekipa susesu ba vizita Hospital Nasional Guido Valadares (HNGV) hodi hare dereitamente servisu pesoal saude no pasiente sira mak halao tratamentu iha hospital nasional ne’e.

Kandidatu Prezidenti ne’e hakat ba HNGV Bidau, Sesta (24/3). Lu-Olo dehan, vizita ida ne’e laos hodi naran kandidatura Presidente maibe hanesan lider partidu opozisaun atu hare direitamente kondizasaun HNGV nian.

“Hau atu mai hare ita nia oan sira mak infrenta moras denge tamba iha bebe oan kuaze iha nain 4 mak mate tamba moras ne’e. Hau husu ba governu ne’e tenki fo atensaun maximu ba problemas ne’e, see lae labarik sira sai perigizu ba denge,”Lu-Olo kestiona.

Iha sala seluk Lu-Olo senti triste tamba kondisoes rekurusu umanus no logistiku iha HNGV ne’ebe sai mukit. Lu-Olo mos lamenta iha sala balun uza kontentor.

Diretor Geral HNGV, Odete Viegas hatan ba preokupasaun hirak ne’e hateten katak maske kondisoes menus rekursu umanus no logistiku maibe Dotor no infermeiro sira haka’as atu oinsa bele atendementu pasientes moras sira ne’ebe iha ne’e.


MF KONSEDERA TIRU IHA FATIN KONTRA LEI



Marta da Costa – Radio Liberdade

Radio, online – Sosiedade Sivil ne’ebe hare liu ba area seguransa no defeza, Fundasau Mahein (FM) konsedera stetmentu Komisairiu PNTL, Longuinhos Monteiru dehan durante eleisaun ema ne’ebe atu halo disturbu sei tiru mate iha fatin. Stetmentu ne’e kontra lei no bele hamosu ditadura iha nasaun ne’e.

Diretor FM Nelson Belo dehan stetmentu Komandante PNTL nian ne’e sei fo impaktu bo’ot ba sidadaun iha rai ida ne’e. Tamba membru PNTL balun agora dadaun sala klilak barak ona.

“Hau dehan impakto bo’ot tebes tamba iha 2008 ne’e estado desitui la iha autorizasaun atu tiru ema ne’ebe halo violensia. Longuinhos hanean figura, labele provoka violensia iha tinan 24 nia laran, ita vitima ba kilat maibe tamba sa mak Longuinhos fo orden ba polisia atu tiru ema halo violensia.

Entaun ita nia lei ba ne’ebe tina ona, no tamba sa mak membru PNTL sira lor-loron halai treinu fiziku,”Nelson kestiona.

Tuir FM, polisia nia knar atu halo protesaun, laos atu uza kilat hodi hatauk ema. Polisia komunitario la halo knar diak tamba ne’e komunidade seidauk besik ba polisia, tamba ne’e mak violesia akontese bebeik.


COLAPSO PRESIDENCIAL?




Manuel Maria Carrilho – Diário de Notícias, opinião - ontem

As dificuldades de Cavaco Silva não são matéria que se deva abordar com ligeireza, dada a importância nuclear das funções do Presidente da República no funcionamento da nossa democracia.

Mas a situação é grave. E é preciso dizê-lo claramente, porque Cavaco Silva está à beira de conseguir um feito inédito: o de se tornar, como todas as últimas sondagens e estudos de opinião têm mostrado, um Presidente impopular e sem credibilidade.

Cavaco Silva não pode cometer mais erros e tem de reparar os que cometeu. Não será fácil, mas, com cerca de quatro anos de mandato ainda por cumprir, é essencial que o faça - por si e por todos nós.

Como é que se chegou aqui? Pouco talhado para a função, Cavaco Silva apresentou-se em 2006 como um candidato que, mais do que uma visão de futuro para País, exibia um currículo e uma imagem de rigor que prometiam proteger-nos das derivas que o País tinha na memória mais recente.

A estratégia falhou. As derivas (diferentes, é verdade) continuaram, ele dedicou-se a minudências, esquecendo o essencial, e acabou a fazer o impensável no momento em que a crise nacional e internacional mais se agudizava: dar posse a um Governo minoritário, que é sempre - como se sabe - um governo a prazo, sem força, que pensa mais na sua sobrevivência do que nos problemas do País.

A crise, entretanto, mudou também a forma como muitos portugueses olham para a herança do cavaquismo. A reputação de Cavaco Silva assentava, em boa parte, na "sua" obra, realizada na "sua" década. Ora, o que agora se foi tornando evidente foi que muitas decisões tomadas entre 1985 e 1995 estão na origem, remota mas real, de grande parte dos problemas que hoje o País enfrenta.

O modelo de desenvolvimento que então se estabeleceu, essencialmente assente no betão e nos seus interesses, deixou-nos com escassos argumentos para enfrentar o futuro, e com o sabor amargo de se ter perdido uma oportunidade histórica para realmente mudar o País.

Perante isto, Cavaco Silva prometeu um segundo mandato revigorado por uma magistratura de influência "mais ativa". Contudo, depois de um previsível discurso de posse, que marcou a sua rutura com o Governo minoritário de José Sócrates, a ideia que foi dando foi mais de paralisia do que propriamente de mudança...

Esta acabou por vir do Governo da coligação PSD/PP, e com ela de novo Cavaco Silva perdeu o pé, multiplicando declarações contraditórias, entre o apoio sem convicção e a crítica sem consequências, acabando por escorregar depois em afirmações desajeitadas e de uma infelicidade quase provocadora, a propósito das suas pensões.

O problema - grave problema, repito - é que em vez de procurar arrepiar caminho, o que se impõe com urgência, Cavaco Silva parece algo esquivo à realidade, procurando proteger-se ora com tiques de autoridade, ora com poses de recolhimento, havendo já quem pressinta uma presidência doravante fechada ou, no mínimo - como aqui no DN escreveu Nuno Saraiva -, uma presidência bloqueada.

O Presidente tem de dar a volta à situação, percebendo que as exigências de escrutínio e de transparência que se tornaram comuns nas democracias contemporâneas, e se têm naturalmente radicalizado com a crise, introduziram novas dimensões na vida política, levando à erosão do argumento de autoridade, seja qual for a sua forma: de função, de representação ou de estatuto.

Nos tempos que correm, exercer o poder é difícil - mas incarná-lo não o é menos. Às conhecidas características da sociedade do espetáculo, que a democracia incorporou nas últimas décadas, juntam-se agora as de uma sociedade do contacto (de proximidade e de emoção), marcada por um individualismo sobretudo expressivo, e pelo progressivo desaparecimento de quase todas as formas de distância e de quase todos os dispositivos de protocolo.

A situação não se resolve, pois, com brejeirices, como se tivéssemos entrado na época do "tiro ao Cavaco", como disse Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente deve saber que (como há muito o estabeleceu a teoria dos speech acts) em política "dizer é fazer" - até porque, sendo professor, tem a dupla experiência dessa realidade. "Dizer" um disparate ou uma asneira é, em qualquer dessas funções, "fazer" um disparate ou uma asneira.

E agora? Agora, é preciso que o Presidente da República reinvente o seu estatuto, tanto no que diz como no que faz. Ajudaria se optasse pelo salário das suas funções, em detrimento das suas legítimas pensões. E ajudaria ainda mais se encontrasse a disponibilidade e a força interior necessárias para confraternizar regularmente com a angústia e o sofrimento dos portugueses. Só um golpe de asa genuinamente solidário evitará o colapso presidencial.


HEIL CAVACO!




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O Presidente da República portuguesa, Cavaco Silva, disse hoje ter ficado "um pouco surpreendido"om os números do desemprego apresentados na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística. A taxa ficou nos 14% no último trimestre de 2011.

Nos intervalos das contas para saber se arrecada o suficiente para as despesas, Cavaco Silva lá vai dizendo coisas, embora melhor fora que ficasse caladinho.

No dia 6 de Novembro do ano passado, ou sei que já foi há muito tempo, o Presidente da República disse que tem "grande esperança" que o espírito de solidariedade dos portugueses permita "demonstrar à Europa e às instituições internacionais" que o país "é capaz de ultrapassar as dificuldades", considerando que "os próximos tempos podem ser insuportáveis".

Se ele diz… é mesmo assim, mesmo considerando que nada tem a ver com o estado do país. Recém-chegado à vida das ocidentais praias lusitanas, Cavaco Silva aponta o rumo, mesmo mão estando ao leme.

Se calhar há quem pense que Cavaco é co-responsável pelo afundanço do país. Mas não é. Ele só foi primeiro-ministro de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995, e só venceu as eleições presidenciais de 22 de Janeiro de 2006 e só foi reeleito a 23 de Janeiro de 2011. Coisa pouca, portanto.

Cavaco Silva apelou (e apelos é com certeza uma das principais prerrogativas constitucionais do presidente) ao "esforço de todos" e acrescentou que são extensas, eventualmente gregas, as dificuldades que esperam os portugueses.

"Os próximos tempos podem ser insuportáveis para alguns dos nossos concidadãos, em especial os reformados (aqui estava pensar nele) e os desempregados", disse o presidente da República, muito preocupado (segundo a interpretação dos jornalistas que o ouviram) com os "filhos de casais desempregados".

Embora como homem do leme a sua função, ao que parece, se limite a constatar o óbvio, fica sempre bem ter uma palavra para 1.200 mil desempregados, para os 20% de escravos que vivem na miséria e, ainda, para os outros 20% que ainda acreditam ser possível viver sem comer.

Cavaco Silva referiu nessa altura as situações que resultam da perda do emprego, da quebra de rendimentos das famílias e da emergência de novos pobres, tendo feito uma referência explicita à "insuficiência alimentar" de alguns portugueses, sublinhando que conta com o empenho do poder do local e das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) para contornar as dificuldades.

“Insuficiência alimentar” revela uma desconhecida faceta de Cavaco Silva, a poesia. Dizer a quem passa fome que apenas padece de "insuficiência alimentar" é, digamos, uma poética forma de juntar à barriga vazia dos portugueses um atestado, em papel timbrado da Presidência da República, de menoridade ou estupidez.

"Tenho grande esperança no espírito solidário dos portugueses e na acção das câmaras municipais, que estão a ser chamadas a dar resposta a situações que resultam do desemprego, da queda do rendimento das famílias, da emergência de novos pobres e da acção das IPSS. Com esse espírito de solidariedade havemos de mostrar à Europa e às instituições internacionais que somos capazes de ultrapassar os nosso problemas", notou Cavaco Silva.

Tem razão. Consta, aliás, que Cavaco Silva (que em termos vitalícios só tem direito a 4.152 euros do Banco de Portugal, a 2.328 euros da Universidade Nova de Lisboa e a 2.876 euros de primeiro-ministro) terá até decido que, por solidariedade com os que sofrem de “Insuficiência alimentar”, toda a sua equipa vai passar a fazer greve de fome… entre as refeições.

Ao nível político, o Presidente da República defendeu, reparem só na perspicácia de Cavaco Silva, um "diálogo frutuoso e construtivo" no Parlamento sobre o Orçamento do Estado para evitar "custos insuportáveis" para uma parte da população.

Aníbal Cavaco Silva disse mesmo pensar ser esse entendimento algo "da maior importância para preservar a coesão social e criar um ambiente social menos negativo" no país.

Certamente que, com diálogo e entendimento, a “insuficiência alimentar” dos que já só sonham com uma refeição será mais fácil de digerir. Estou memo a ver muitos portugueses a arrotar de satisfação depois de sonharem com um prato de comida.

Por deficiência congénita e ancestral, os portugueses são de uma forma geral um povo de brandos costumes que, quase sempre, defendem a tese de que “quanto mais me bates mais gosto de ti”.

Mesmo agora que está esquelético como resultado da “insuficiência alimentar”, continuam a achar que o seu fado é serem cidadãos de segunda que tudo devem fazer para agradar aos seus donos.

Talvez um dia acordem com a barriga de tal modo vazia a ponto de mostrem que estão fartos de quem em vez de os servir… só se serve deles. Não sei se isso acontecerá. Mas que, pelo menos em tese, os portugueses também têm direito à Primavera, isso têm.

É certo que em Portugal aumenta o número dos que pensam que a crise (da maioria, de quase sempre os mesmo) só se revolve ou a tiro ou elegendo um ditador. Até os militares sonham, embora em silêncio e com as paredes do cérebro insonorizadas, que essa é uma alternativa.

Mesmo que assim seja, se calhar os responsáveis pela tragédia (como é o caso, entre outros, entre muitos outros) de Cavaco Silva, José Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas, vão continuar a ter pelo menos três boas refeições por dia e chorudas pensões vitalícias.

Seja como for, começa mesmo a ser altura de os portugueses porem os seus políticos a pão e água ou, talvez, a farelo. Seria, aliás, uma boa forma de melhorar a “insuficiência alimentar”.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: Angolanos continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer com fome

Brasil: SENADOR DO PR É RÉU EM AÇÃO SOBRE TRABALHO ESCRAVO




Correio do Brasil - com Agência Brasil - de Brasília

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem, por 7 votos a 3, abrir ação penal contra o senador João Ribeiro (PR-TO) para apurar se ele tratou como escravos 35 trabalhadores de sua propriedade, a Fazenda Ouro Verde, localizada no interior do Pará. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a situação foi constatada entre janeiro e fevereiro de 2004, quando o político era deputado federal.

De acordo com a denúncia, os trabalhadores estavam em condições subumanas de trabalho e acomodação, sem sanitários ou água potável para beber, com jornadas que podiam chegar a 12 horas diárias. Os auditores do trabalho também constataram que as compras de alimentos e de material de trabalho eram descontadas dos salários, criando uma dívida impossível de ser paga. Em sua defesa, Ribeiro disse que nenhum empregado era proibido de sair da fazenda e que jamais sofreu qualquer espécie de coação ou ameaça.

O julgamento havia começado em 2010, com o voto da relatora Ellen Gracie, hoje aposentada, favorável à abertura da ação penal. Foi interrompido por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes, que devolveu o processo para julgamento. Hoje Mendes votou pela inocência de Ribeiro. “Se for dada à vítima a liberdade de abandonar o trabalho, rejeitar as condições supostamente degradantes, não é razoável pensar em crime de redução à condição análoga ao trabalho escravo”.

Acompanharam o entendimento de Mendes os ministros Antonio Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello, alegando que a situação dos empregados era apenas degradante, e não semelhante à escravidão. O presidente do STF, Cezar Peluso, aceitou apenas a denúncia para apurar se houve tratamento de empregados como escravos. A denúncia também acusa os crimes de aliciamento fraudulento de trabalhadores e frustração de direito assegurado na legislação trabalhista.

O senador também responde a outra ação penal por peculato no STF e está sendo investigado em dois inquéritos – um para apurar crime de estelionato e outro relativo a crimes contra o meio ambiente.

A FALTA DE VOZ BRASILEIRA NA GLOBO




Urariano Mota*, Recife – Direto da Redação

Recife (PE) - Mais de uma vez eu já havia notado que os apresentadores de telejornalismo têm uma língua diferente da falada no Brasil. Mas a coisa se tornou mais séria quando percebi que, mesmo fora do trator absoluto do Jornal Nacional, os apresentadores locais, de cada região, também falavam uma outra língua. O que me despertou foi uma reportagem sobre o trânsito na Avenida Beberibe, no bairro de Água Fria, que tão bem conheço. E não sei se foi um despertar ou um escândalo. Olhem Clique aqui

Na ocasião, o repórter, o apresentador, as chamadas, somente chamavam Beberibe de Bê-Bê-ribe. O que era aquilo? É histórico, desde a mais tenra infância, que essa avenida sempre tenha sido chamada de Bibiribe, ainda que se escrevesse e se escreva Beberibe.

Ligo para a redação da Globo Nordeste. Um jornalista me atende. Falo, na minha forma errada de falar, como aprenderia depois:

- Amigo, por que vocês falam bê-bê-ribe, em vez de bibiribe?

- Porque é o certo, senhor. Bé-Bé é Bebê.

- Sério? Quem ensina isso é algum mestre da língua portuguesa?

- Não, senhor. O certo quem nos ensina é uma fonoaudióloga.

Ah, bom. Para o certo erram de mestre. Mas daí pude ver que a fonoaudióloga como autoridade da língua portuguesa é uma ignorância que vem da matriz, lá no Rio. Ou seja, assim me falou a pesquisa:

“Em 1974, a Rede Globo iniciou um treinamento dos repórteres de vídeo... Nesse período a fonoaudióloga Glorinha Beuttenmüller começou a trabalhar na Globo. Como conta Alice-Maria, uma das idealizadoras do Jornal Nacional: “sentimos a necessidade de alguém que orientasse sua formação para que falassem com naturalidade”.

Foi nesta época, que Beuttenmüller, começou a uniformizar a fala dos repórteres e locutores espalhados pelo país, amenizando os sotaques regionais. No seu trabalho de definição de um padrão nacional, a fonoaudióloga se pautou nas decisões de um congresso de filologia realizado em Salvador, em 1956, no qual ficou acertado que a pronúncia-padrão do português falado no Brasil seria do Rio de Janeiro”. (Destaque meu.)

Mas isso é a morte da língua. É um extermínio das falas regionais, na voz dos repórteres e apresentadores. Os falares diversos, certos/errados aos quais Manuel Bandeira já se referia no verso “Vinha da boca do povo na língua errada do povo/ Língua certa do povo”, ganha aqui um status de anulação da identidade, em que os apresentadores nativos se envergonham da própria fala. Assim, repórteres locais, “nativos”, se referem ao pequi do Ceará como “pê-qui”, enquanto os agricultores respondem com um piqui.

De um modo geral, as vogais abertas, uma característica do Nordeste, passaram a se pronunciar fechadas: nosso é, de “E”, virou ê. E defunto (difunto, em nossa fala “errada”) se transformou em dê-funto. Coração não é mais córa-ção, é côra-ção. Olinda, que o prefeito da cidade e todo olindense chamam de Ó-linda, nos telejornais virou Ô-linda. Diabo, falar Ó-linda é histórico, desde Duarte Coelho. Coisa mais bela não há que a juventude gritando no carnaval “Ó-linda, quero cantar a ti esta canção”. Já Ô-linda é de uma língua artificial, que nem é do sudeste nem, muito menos, do Nordeste. É uma outra coisa, um ridículo sem fim, tão risível quanto os nordestinos de telenovela, com os sotaques caricaturais em tipos de físicos europeus.

Esse ar “civilizado”de apresentadores regionais mereceria um Molière. Enunciam, sempre sob orientação do fonoaudiólogo, “mê-ninô”, “bô-necÔ”, enquanto o povo, na história viva da língua, continua com miní-nu e buneco. O que antes era uma transformação do sotaque, pois na telinha da sala os apresentadores falariam o português “correto”, atingiu algo mais grave: na sua imensa e inesgotável ignorância, eles passaram a mudar os nomes dos lugares naturais da região.

O tão natural Pernambuco, que dizemos Pér-nambuco, se pronuncia agora como Pêr-nambuco. E Petrolina, Pé-tró-lina, uma cidade de referência do desenvolvimento local, virou outra coisa: Pê-trô-lina. E mais este “Nóbel” da ortoépia televisiva: de tal maneira mudaram e mudam até os nomes das cidades nordestinas, que, acreditem, amigos, eu vi: sabedores que são da tendência regional de transformar o “o” em “u”, um repórter rebatizou a cidade de Juazeiro na Bahia. Virou JÔ-azeiro! O que tem lá a sua lógica: se o povo fala jUazeiro, só podia mesmo ser Jô-azeiro.

* É pernambucano, jornalista e autor de "Soledad no Recife", recriação dos últimos dias de Soledad Barret, mulher do cabo Anselmo, executada pela equipe do Delegado Fleury com o auxílio de Anselmo.

Brasil: Audiência pública debate drama de 6 mil desalojados de Pinheirinho




Najla Passos – Carta Maior, com foto

Senador tucano quase inviabilizou audiência pública para debater a desocupação de Pinheirinho, ao alegar que PT estava utilizando a “miséria alheia” para atender seus interesses eleitorais. Lideranças políticas e comunitárias reagiram e demonstraram a importância de solucionar com urgência o drama dos seis mil desalojados, ao invés de partidarizar o debate. Secretária Nacional de Habitação afirmou que governo federal vai garantir direito da comunidade à moradia, com ou sem a parceria do estado e do município.

Brasília - Sob a acusação de que o Partido dos Trabalhadores (PT) estaria “utilizando a miséria alheia para favorecer seus interesses eleitorais”, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) quase inviabilizou a audiência pública convocada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado para discutir, nesta quinta (23), o truculento despejo das cerca de 1,6 mil famílias que viviam na área de ocupação conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), em 22/1.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que assinou o requerimento para realização da audiência em parceria com o senador Paulo Paim (PT-RS), chegou a ficar exaltado e a gritar com o colega. Mas, com o apoio de senadores e lideranças políticas e comunitárias de outras legendas, defendeu a importância da pauta e conseguiu dar prosseguimento à audiência, que durou quase seis horas.

Cerca de quarenta ex-moradores de Pinheirinho e lideranças comunitárias e políticas garantiram o quórum da audiência, que contou com a presença de apenas cinco senadores. Os representantes do governo e da justiça paulistas não compareceram. “Enquanto não houver uma discussão séria em que a questão dos direitos humanos não seja tratada de forma unilateral, o governo de SP não irá participar e nem eu”, justificou Aloysio Nunes.

Para ele, a CDH foi “aparelhada pelo PT” com o propósito de prejudicar o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), legenda que, além dele, abriga o governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, e o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury, que autorizaram a Polícia Militar (PM) e a Guarda Municipal a cumprirem a polêmica decisão de reintegração de posse do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

“Estamos diante de uma operação política em que o PT, para promover seus interesses eleitorais, terceiriza o seu radicalismo a grupetos pseudo revolucionários e a pretensos líderes comunitários, que são verdadeiros parasitas desses movimentos”, afirmou, sem poupar críticas às principais lideranças comunitárias da comunidade, que são filiadas ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU).

Exaltado, Nunes disse também que há muita mentira em torno da desocupação. “Falaram em mortos, feridos, mas nada foi comprovado”, acrescentou. Segundo ele, não por acaso, os depoimentos sobre possíveis truculências da PM partiram dos funcionários do gabinete do senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

Suplicy, reconhecido pela calma exagerada, rebateu o colega aos berros. “Se eu não tivesse convidado o governo de São Paulo e os juízes envolvidos, eu até poderia ser acusado de parcial. O senador Aloysio Nunes precisa ficar e ouvir aquilo que ele acha que não ocorreu. Ele diz que não houve violência, mas aqui está um morador, com os exames médicos que comprovam que ele levou um tiro”, contrapôs.

O pedreiro David Washington Furtado contou como foi baleado, quando saia de casa, com a roupa do corpo. Ele, que passou 17 dias hospitalizado, apresentou exames comprovando as sequelas do tiro que recebeu pelas costas. Com a ajuda da esposa e de outros companheiros, relatou também o caso do vizinho, Ivo Teles dos Santos, que sofreu um derrame após ser espancado pela Polícia. E o de Antônio Dutra Santana, que morreu atropelado por um carro atingido por uma bomba de feito moral.

Houve, ainda, relatos de estupros, espancamentos e até o lançamento de uma bomba de efeito moral dentro de uma igreja, onde muitos moradores procuraram abrigo.

O líder comunitário Valdir Martins de Souza disse que, antes da desocupação, Pinheirinho era considerado um exemplo para o mundo. “Nós mostramos como fazer casas populares com baixo custo, abrimos ruas sem ajuda do poder público e vivemos oito anos na área sem que fosse registrado um único crime. Agora, para reparar o que foi feito em Pinheirinho, a única solução é a desocupar a área e construir casas populares nela ”, disse.

A secretária Nacional de Habitação, Inês Magalhães, explicou que, desde 2006, dois anos após o início da ocupação, o governo vem manifestando interesse em discutir uma solução para o problema dos quase 6 mil moradores da área, que pertence à massa falida de uma empresa do mega-especulador Naji Nahas. “Há, da nossa parte, o compromisso de atendimento total à demanda dos moradores do Pinheirinho, com ou sem parceria dos outros níveis de governo”, afirmou.

O secretário Nacional de Articulação, Paulo Maldos, acrescentou que o governo continua empreendendo todos os esforços para estabelecer parcerias, principalmente com a Prefeitura, que pode facilitar a solução do impasse ao alterar o plano de zoneamento da cidade. Segundo ele, o governo criou uma espécie de força tarefa que se reúne semanalmente para viabilizar um diagnóstico das áreas da região, passíveis de serem transformadas em conjuntos habitacionais.

Maldos, que estava na área no dia da desocupação e chegou a se ferir com um tido de bala de borracha nas pernas, reiterou os depoimentos dos moradores sobre a truculência da operação. “A população de Pinheirinho foi tratada como inimigo do estado e a PM se portou como força de ocupação”, disse.

Senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que assistiu a um vídeo sobre a operação, ficou chocado. “Há formas e formas de se cumprir uma decisão judicial. Pelas cenas exibidas aqui, parece que faltou o mínimo de razoabilidade e bom-senso na desocupação”.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) lembrou que o impasse vem se arrastando há oito anos, tempo suficiente para que todas as esferas de governo pudessem tomar as providências devidas para solucioná-lo.

O presidente nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSol), deputado Ivan Valente (PSol-SP), denunciou a opção do governo estadual pela violência. Para ele, mesmo que houvesse uma ordem judicial de reintegração de posse, o governo poderia ter ponderado, porque havia uma negociação em curso. “O caso de Pinheirinho é simbólico, é paradigmático de como é tratada a questão social no Brasil”.

O presidente nacional do PSTU, José Maria Almeida, criticou a operação, defendeu os moradores da área que, segundo ele, são vítimas da criminalização dos movimentos sociais em curso no Brasil, mas ressaltou que a hora é de agir. “Quando é que vamos começar a construir as casas?”, cobrou.

No final da audiência, Suplicy afirmou que enviará relato das denúncias contra os magistrados que determinaram a ação ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que poderá avaliar se houve ou não irregularidades nelas. Ele reiterou o convite às autoridades paulistas para explicarem quais providências estão sendo tomadas para apuração das denúncias e para solução do impasse.

Fotos: José Cruz/ABr

DUARTE MARQUES, O CRENTE JOTA LARANJA




Carlos Fonseca - Aventar

O processo de deterioração de qualidade dos políticos, sobretudo no chamado ‘arco do poder’, desenvolve-se também ao nível dos “jotas”. De resto, afirmou-se como fenómeno natural na política portuguesa. Coelho, Portas e Seguro mais não são do que a emanação do cinzentismo jota. Sócrates teve igual origem. Duarte Marques, que a bloquista Ana Drago dizimou na AR há dias, continua na caminhada da inconsciência ou da demagogia. Defende a parda criatura que o combate ao desemprego é uma questão de fé.

A teoria da fé sobretudo ganhou sentido no domínio das crenças religiosas. Mas, no rigor do conceito científico e em propósitos da vida humana, fé é apenas isto; ou seja, a proclamação do jovem Marques, presidente da JSD, reduz-se a uma alegação sem a mínima racionalidade. Ao contrário do que o “jota” laranja defende, o desemprego vence-se por acções concretas e força da vontade humana, quando empenhada em projectos de desenvolvimento em que políticos e sociedade conjuguem estratégias apropriadas. Não é obra da ‘troika’ e menos ainda do governo que, na austeridade e recessão, ultrapassa aquela.

Caso o discurso do jovem Marques seja uma convicção, complementada com a noção de que “os cidadãos mais velhos”, milhões dos quais já só têm muito pouco ou nada a dar, “têm de abdicar de direitos a favor dos mais novos”, estamos perante um caso de insanidade mental. De alguém, e vá lá saber-se como!, já foi assessor em Bruxelas e se projectou na liderança da JSD em Outubro passado.

Jovens destes são, de facto, velhos, velhos, velhos… e com eles o País não avançará social e economicamente.

OCDE pede mais medidas para Portugal reduzir desigualdades no mercado laboral




Raquel Martins, Pedro Crisóstomo – Público

Apesar das reformas concretizadas ao longo dos últimos anos, Portugal deve fazer mais para reduzir a dualidade do mercado de trabalho, nomeadamente ao nível do subsídio de desemprego e da protecção dos trabalhadores com contratos permanentes, considera a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Esta é uma das recomendações feitas pela instituição no relatório Going for Growth de 2012, hoje divulgado, e que faz uma análise das reformas feitas entre 2007 e 2011 tanto em Portugal como nos restantes países-membros.

A OCDE reconhece que a reforma da legislação laboral feita em 2009 simplificou o processo de despedimento individual e que, em 2011, se reduziram as indemnizações por despedimento para as novas contratações.

Além disso, tem em conta a intenção de Portugal reformar, em 2012, a protecção no desemprego, mas continua a recomendar que se alivie a protecção dos trabalhadores do quadro e que se reduza a duração do subsídio de desemprego para os trabalhadores mais velhos e se reforce a protecção dos mais jovens.

“Em algumas áreas prioritárias foram feitos progresso substanciais desde 2007, nomeadamente na melhoria dos resultados do sistema de educação, na redução da burocracia e na protecção do emprego, contudo são necessários mais esforços para reduzir o dualismo do mercado de trabalho”, lê-se no relatório.

No documento nota-se ainda que na área fiscal é necessário tomar medidas no alargamento das bases de incidência tributária.

A OCDE frisa que os programas de resgate financeiro a que Portugal, Grécia e Irlanda tiveram que recorrer, levaram a que estes países tivessem que acelerar as reformas estruturais e pôr no terreno algumas das medidas prioridades que vêem sendo recomendadas nos sucessivos relatórios.

“Como foi muitas vezes o caso no passado, a crise funcionou como um catalisador para reformas estruturais. O ímpeto reformista tem sido particularmente forte nos países da zona euro que pediram assistência à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional. Na Grécia, Irlanda e Portugal, algumas das medidas anunciadas em 2010 e 2011 estão associadas aos programas de assistência financeira, mas também estão em linha com as recomendações [dos relatórios anteriores Going for Growth]”, diz o documento.

Sem se referir em concreto a qualquer país e na base de uma análise empírica das reformas estruturais dos países da OCDE durante os 30 anos que antecederam a crise financeira, a organização conclui que, num período de especial dificuldade, determinadas reformas no mercado de trabalho podem piorar temporariamente a situação económica

“Muitas vezes, os benefícios das reformas estruturais – geralmente destinadas a aumentar a produtividade ou o emprego – levam tempo a concretizar-se, e os seus impactos no curto e no longo prazo podem ser diferentes”, lê-se no documento divulgado pela organização dirigida por Angel Gurría.

Alguns benefícios de longo prazo podem implicar custos no processo de transição, o que a OCDE diz dever-se, por exemplo, ao desaparecimento de empresas e aos despedimentos que daí resultam na sequência da “liberalização do mercado”.

A organização observa, por outro lado, que algumas reformas estruturais “podem impulsionar o crescimento rapidamente”, quando aumentam a confiança na economia antecipando benefícios que estimulam o consumo e o investimento.

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Portugal tem que ter “coragem” para “despedir ´troika´”, diz Louçã


Os funcionários agiotas da Troika
Público

O coordenador nacional do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, defendeu hoje que Portugal tem que “despedir a ´troika´”, que “é prejudicial à economia”, e acabar com a austeridade que aproxima o país de um segundo resgate financeiro.

Um segundo resgate financeiro, frisou, “não é inevitável”, mas, para o evitar, Portugal tem que “ter a enorme coragem e sensatez de despedir a ´troika´”.

“De dizer que a “troika” é prejudicial à economia, à democracia, ao respeito pelas pessoas, ao salário, às pensões. Temos que recuperar para nós, para a Europa, a capacidade de ter uma economia para as pessoas”, afirmou.

Francisco Louçã falava aos jornalistas em Elvas, à margem de uma sessão com estudantes na Escola Secundária D. Sancho II, subordinada ao tema “Os jovens e a política”.

Questionado pela Agência Lusa sobre o cenário de um segundo resgate financeiro, o líder do BE manifestou-se contra - “temos que nos opor a ele”, disse -, mas insistiu que tal implica “romper com a ´troika´” e “acabar com a austeridade”, passando a “dar prioridade àquilo que é prioritário”.

Aludindo aos mais recentes números apresentados pela Comissão Europeia, na quinta-feira, Francisco Louçã ironizou que o Governo PSD/CDS-PP “só tem que está satisfeito”.

“Quis desemprego, tem desemprego, quis austeridade, tem austeridade, quis recessão, tem recessão e, portanto, provocou a queda da economia portuguesa”, acusou.

Portugal, continuou, “está hoje mais próximo do abismo, do segundo resgate, de novas medidas gravosas” e essa situação é “o resultado inevitável, a consequência, de Passos Coelho e Paulo Portas a governarem para criarem desemprego”.

O que o executivo liderado por Passos Coelho deveria estar a fazer era “criar crédito, emprego, desenvolver a economia, melhorar a produção, substituir importações, desenvolver exportações, criar inovação”, contrapôs Louçã, a título de exemplo.

No fundo, segundo o líder bloquista, o Governo devia era “inventar uma economia para as pessoas, em vez de uma economia para a finança, para a especulação e para o despedimento”.

O país tem “1,2 milhões de desempregados”, lembrou, defendendo que essas pessoas deviam estar a trabalhar, porque é “isso que faz uma economia diferente”.

E “só essa economia é que tem futuro. Uma economia com tanto desemprego é uma economia que não tem alternativas e, portanto, cai no abismo da recessão. E é para esse abismo que estas políticas [de austeridade] nos levam”, afiançou.

“Portugal está a viver um gigantesco embuste, que é o embuste das políticas europeias”, alertou, assegurando que se caminha para a “desagregação” da economia nacional, o que faz o país ser “mais vulnerável” à “chantagem financeira que os credores têm vindo a impor”.

Portugal: CAVACO JUSTIFICA CANCELAMENTO A VISITA DE ESCOLA



Sol - Lusa

O Presidente da República, Cavaco Silva, reiterou hoje o «impedimento de última hora» para justificar o cancelamento de uma visita a uma escola, lembrando a sua «experiência muito acumulada» ao longo dos anos em que desempenhou cargos públicos.

No arranque da sexta jornada do Roteiro da Juventude, Cavaco Silva foi questionado pelos jornalistas sobre o motivo que o fez cancelar, à última da hora, uma visita à Escola António Arroio, em Lisboa, onde dezenas de alunos estavam concentrados em frente ao portão.

«O meu gabinete, no dia próprio, teve o cuidado de informar a direcção da escola de que um impedimento de última hora me impediu de concretizar a visita», recordou.

O Presidente da República lembrou que foi «primeiro-ministro dez anos», que no próximo dia 9 vai «já completar seis anos de Presidente da República» e que disputou «múltiplas eleições», tendo até ganho «quatro com mais de 50 por cento».

«E portanto tenho uma experiência muito acumulada ao longo de todos esses anos em todas as situações, em todos os domínios e até para detectar aqueles sectores que podem contribuir para resolver o principal problema que temos neste momento, que é o problema do crescimento económico e do desemprego e apontar caminhos como é o caso das indústrias criativas», enfatizou.

Perante a insistência dos jornalistas, Cavaco Silva não mais acrescentou senão: «eu tive a ocasião já de lhe responder a essa questão e hoje todo o meu vigor vai estar voltado para este eixo decisivo para a resolução dos problemas do nosso país».

Perante as questões dos jornalistas sobre a sua pensão do Banco de Portugal, o Presidente da Republico disse já ter tido «ocasião de explicitar o sentido» das suas palavras quando a questão lhe foi colocada no Porto.

«Neste momento eu entendo que não devo contribuir de forma nenhuma para aumentar polémicas ou aumentar desinformações. E por isso na altura dei aos senhores todos os dados que podiam precisar para consultarem o Banco de Portugal sobre essa matéria. (...) Neste momento eu não alimentarei de facto essa polémica», disse.

Nota Página Global

Cavaco falou e não disse nada. Portugal tem um PR da espécie Fujão. Pior que rei, ele nem tem coragem de dizer que não explica estas ou aquelas razões dos seus comportamentos inadequados e inadmissiveis num presidente da República. O respeito aos portugueses é práticamente nulo neste aspeto. Não é por acaso que tem a reprovação de uma vasta maioria de portugueses, a sua popularidade está de rastos. Há pouco mais de um mês 40 mil subscreveram petição para que ele se demitisse. Curiosamente dessa petição não mais se falou. Tanto quanto sabemos o autor da petição também deu às de Vila Diogo e não mais disse ai nem ui. Pelo que sabemos e vimos na comunicação social - e lemos bastante. Muitos são os que optam por se acomodarem ao estado podre da nação. Esses têm o PR que merecem, o governo que merecem. Mas esses são uma minoria. Cavaco foi eleito por pouco mais de 20 por cento dos eleitores, este governo dele, do PSD e do CDS, pouco mais que isso representa. É esta a democracia de Portugal? Pois não admira que Cavaco não saiba representar os interesses dos portugueses. É somente presidente de uns quantos, pior é que a maioria está tramada. Democracia, não é? Que fique claro: Cavaco não explicou a razão porque cancelou a visita à escola António Arroio, o que disse não é explicação sobre os motivos explícitos. Segredo de Estado? Se fosse um PR que não tivesse um historial tão repleto de tabus, de "gafes" e de faltas de respeito pelos cidadãos, ainda vá. Quem se julga ele? Demita-se, senhor Silva! (redação - FS)


Destaques

Angolanos continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer com fome



Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

Ao que parece, os ortodoxos do regime angolano não conseguem deixar às gerações vindouras algo mais do que a pura expressão da cobardia que, entre outras coisas, faz com que milhões de angolanos tenham pouco ou nada, e poucos tenham muitos milhões.

Talvez esses génios, quase todos paridos nas latrinas da cobardia, pensem que não é necessário dar corpo e alma à angolanidade (seja, ou não no contexto da Lusofonia). É por isso que alimentam o ódio e a discórdia, o racismo, não reconhecendo que a liberdade deles termina onde começa a dos outros.

Porque não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar, permito-me a ousadia (que espero – com alguma ingenuidade, é certo - compartilhada por todos os que responderam a esta chamada) de tentar o impossível já que - reconheçamos - o possível fazemos nós todos os dias.

Como jornalista, como angolano, como ser humano, entendo que a situação angolana ultrapassa todos os limites, mau grado a indiferença criminosa de quem, em Angola ou no Mundo, nada faz para acabar com a morte viva que dez anos depois da paz caracteriza um povo que morre mesmo antes de nascer.

E morre todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos. E morre enquanto e Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) canta e ri. E morre enquanto outros, em Luanda, comem lagosta. E morre enquanto outros, no interior do território, nem sabem o que é comer.

É que, quer o MPLA queira ou não, como na guerra, a vitória é uma ilusão quando o povo morre à fome. Tal como está a Angola profunda, a Angola real, ninguém sairá vencedor, mesmo que haja eleições. Todos perdem. Todos perdemos.

Creio, aliás, que o próprio José Eduardo dos Santos terá de vez em quando consciência de que a sua ditadura não é uma solução para o problema angolano, sendo antes um problema para a solução.

Creio que é, ou pode ser, pequeno o passo que é preciso dar para que os angolanos, irmãos de sangue, se entendam para ajudar Angola a ser um país onde os angolanos sejam todos iguais e não, como agora acontece, uns mais iguais do que outros.

Se se entenderam para que Angola deixasse de ser uma gigantesca vala comum, não será difícil que entendam agora que a força da razão pode e deve substituir a razão da força.

Durante demasiados anos de guerra, os angolanos mataram-se uns aos outros. Acabada essa fase, os angolanos continuam a matar-se uns aos outros. Não directamente pela força das armas, mas pelo poder que as armas dão aos que querem subjugar os seus irmãos que consideram de espécie inferior.

Mais do que julgar e incriminar importa, nesta altura, parar. Parar definitivamente. Não se trata de fazer um intervalo para, no meio de palavras simpáticas e conciliadoras, ganhar tempo continuar o processo de esclavagismo, ganhar tempo para formar novos milionários, ganhar tempo para sabotar eleições, ganhar tempo para enganar o Povo.

Dez anos passos, Angola tem militares a mais e angolanos a menos. Angola tem minas que chegam para encher durante um século os cemitérios. Angola tem feridas suficientes para ocupar os médicos (que não tem) durante décadas.

Convém, por isso, que a democracia, a igualdade de oportunidades, a justiça, o Estado de Direito cheguem antes de morrer o último angolano. Espero que disso se convença José Eduardo dos Santos, um angolano que certamente não se orgulha de ser presidente de um país onde os angolanos são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome.

Foto: 4 de Abril de 2002, o chefe das Forças Armadas de Angola, à direita, Armando da Cruz Neto, e Abreu Muengo 'Kamorteiro', comandante das FALA.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: VAMOS LÁ RAPAZIADA, TODOS PARA O PSD

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