segunda-feira, 11 de março de 2019

Kramp-Karrenbauer freia planos de Macron para a UE


Já é a segunda vez que o presidente francês apresenta propostas para reformar a União Europeia. E, de novo, a Alemanha, seu principal parceiro, não dá uma resposta adequada, opina o jornalista Rupert Wiederwald.

Rupert Wiederwald | opinião

Quando finalmente conheceremos a resposta da Alemanha às propostas de Emmanuel Macron? Essa questão é corrente em Berlim desde que o presidente francês esboçou pela primeira vez seus planos de reforma da União Europeia (UE) e suas instituições, num discurso na Sorbonne, em setembro de 2017.

Desde então, fortalece-se a imagem de um presidente francês reformista que esbarra numa chanceler alemã sem vontade alguma de reformar. A resposta de Angela Merkel está até hoje em aberto, apesar de alguns vagos acenos.

Essa imagem se repete agora: com a eficiência midiática de sempre, o presidente francês explicou na semana passada, num texto publicado em todos os 28 países-membros da UE, quais são os seus planos para melhorar a cooperação europeia. Pelo menos desta vez houve – algo pouco usual – uma resposta rápida alemã. Só que não da chanceler federal, mas da sua sucessora no comando dos cristão-democratas.

Ou seja, uma presidente partidária sem cargo no governo respondeu a um chefe de Estado – o adversário político chamou isso, de forma debochada, de "incompatível com as regras do vestuário".

Recuo dos direitos humanos em França | A República em marcha-atrás


Remy Herrera [*]

Artigo (escrito no fim de janeiro de 2019) que serviu de base a um relatório sobre as violações dos direitos humanos em França entregue pelo Centro Europa – Terceiro Mundo (CETIM) de Genebra no Conselho dos Direitos do Homem da Organização das Nações Unidas para a sua sessão de fevereiro-março de 2019 [documento que pode ser consultado no site da ONU] - Cota ONU: A/HRC/40/NGO/56

1. De há meses a esta parte, a França entrou numa zona de forte turbulência. A virulência dos conflitos sociais há muito que é uma característica importante e marcante da vida política deste país, um dado histórico duma nação que se construiu, também e sobretudo, depois de 1789, na base duma revolução de dimensão universal e cujos traços – juntamente com as conquistas sociais de 1936, 1945 ou 1968 – se mantêm ainda hoje impressas na memória coletiva e nas instituições, quaisquer que tenham sido as tentativas para as apagar. No entanto, em breve se completarão 40 anos em que a França – e com ela, as outras economias capitalistas do Norte, sem exceção – se encontra imobilizada no espartilho mortífero de políticas neoliberais depredadoras. Estas não podem ser interpretadas de outra maneira senão como uma extraordinária violência social dirigida contra o mundo do trabalho. Os seus efeitos de destruição – dos indivíduos, da sociedade, mas também do ambiente – propagam-se graças à cumplicidade do Estado com os poderosos do momento. Ainda por cima, são agravados pela sujeição ao conteúdo anti-social dos tratados da União Europeia, embora os cidadãos franceses tenham dito, no referendo de 2005, que não a queriam, e que lhes foi imposta numa negação da democracia. Foi mais uma violência suplementar, contra todo um povo. É nesta perspetiva particular, e no contexto geral duma crise sistémica do capitalismo globalizado, que se explicam as vagas de revoltas populares que se amplificaram no decurso das últimas décadas: as greves de 1995, os motins dos subúrbios de 2005-2007, as manifestações dos anos 2000 e 2010… Na hora presente, o sentimento de mal-estar e o descontentamento são generalizados. A partir do fim de outubro de 2018, a mobilização dos "coletes amarelos" representa uma das expressões disso, mas esbarra na pior recrudescência de violências policiais desde a guerra da Argélia. Perante as diversas contestações que reclamam sobretudo justiça social, as autoridades optaram por responder com mais repressão, ao ponto de fazer recuar, de modo extremamente preocupante, os direitos humanos.

ESTADO DO MUNDO


  
1- Se me perguntarem hoje pelo estado do mundo em pleno século XXI da globalização e da revolução das novas tecnologias, tenho desde logo uma proposta a fazer: comecemos então a avaliação pelo Haiti e pelos componentes do CARICOM.

Justifico-o pelas mais diversas razões, todas elas de natureza singularmente caótica:

Por que as assimetrias globais redundam de acumulações de terríveis injustiças que se foram acumulando desde o passado histórico e antropológico, particularmente desde o século XV e XVI;

Por que até as “potências médias” foram tendo o papel de subservientes para com os “fortes” e arrogantes para com os“fracos”, servindo às mil maravilhas como “correias de transmissão” para os processos antropológicos reflectores do degrau em degrau da “ascensão elitista do domínio” sobre todos os outros;

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