sexta-feira, 2 de outubro de 2020

A realidade bate à porta da Casa Branca

Trump fez questão de quase não usar máscara e minimizou repetidamente o coronavírus. Agora, o próprio presidente está infectado. Seu modo de lidar com a pandemia definirá a eleição, opina Ines Pohl*.

Então, agora chegou a vez dele. Durante meses, Donald Trump minimizou os perigos da covid-19, zombou das pessoas que tentam se proteger com máscaras, declarou que a doença potencialmente fatal é uma invenção democrata e afirmou que nem tudo é tão grave assim.

Mesmo que pouco depois do anúncio do diagnóstico positivo não seja possível prever se e com que gravidade o mandatário de 74 anos adoecerá, os efeitos sobre a campanha política já são claros, nas vésperas das eleições: são desastrosos.

Sem considerar vidas

Todas as tentativas de desviar a atenção do próprio fracasso, de minimizar o fato de que não existe um plano nacional para proteger a população, de que os governadores foram abandonados à própria sorte e de que mais de 200 mil americanos morreram do vírus são agora obsoletas.

A realidade fez estourar o pacote de mentiras do presidente. Ele e sua equipe não conseguirão mais acender cortinas de fumaça, pintar os distúrbios violentos em algumas cidades como mais graves do que o fato de mil americanos morrerem todos os dias em decorrência do vírus.

Com todas as suas forças e ignorando perdas de vidas, Donald Trump tentou colocar a economia novamente nos trilhos antes do dia da eleição. Este plano também vai por água abaixo com este diagnóstico. Mesmo os maiores negacionistas do coronavírus não poderão mais deixar de admitir que o vírus é altamente contagioso – já que ele pode contagiar até mesmo o homem forte que reside na Casa Branca. Neste 2 de outubro, o país está mais longe do que nunca da normalização que Trump esperava tão desesperadamente.

Portugal | Governo disponível para aumentar salário mínimo e pensões

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, anunciou, esta sexta-feira, disponibilidade para um aumento extraordinário das pensões em agosto de 2021 e para um aumento do salário mínimo em linha com a média dos últimos quatro anos.

Estas posições do executivo foram transmitidas por Duarte Cordeiro em conferência de imprensa, no parlamento, durante a qual sustentou a tese de que "têm existido avanços concretos" nas negociações entre o Governo e os parceiros de esquerda sobre o Orçamento do Estado para 2021.

Duarte Cordeiro, porém, frisou também que boa parte das matérias "ainda se encontra por densificar" com o Bloco de Esquerda, PCP ou PAN até o Governo aprovar a proposta de Orçamento em Conselho de Ministros, o que acontecerá no próximo dia 8.

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares afirmou que o Governo aceita um novo aumento extraordinário das pensões em agosto e que mantém o objetivo de atingir o valor de 750 euros para o salário mínimo nacional no final da legislatura.

"O aumento significativo do salário mínimo no próximo ano será em linha com a média registada de subida na última legislatura", apontou.

Jornal de Notícias, com agências

Em Atualização no JN

IMAGEM DO DIA - Orgulho na Pátria Madrasta

Quem quer ser velho em Portugal, com reformas e pensões de miséria, excluídos e ignorados, que ponha a mão no ar...

Mais seis mortes e 888 novos casos em Portugal nas últimas 24 horas

A Direção-Geral da Saúde partilhou o novo balanço epidemiológico de evolução da Covid-19 em Portugal.

Portugal contabilizou, nas últimas 24 horas, mais seis vítimas mortais e 888 novos casos da doença provocada pelo SARS-CoV-2. No total, em termos acumulados, o país soma 1.983 óbitos e 77.284 infetados com a Covid-19. 

Em relação a quinta-feira, há uma variação de 0,30% no número de óbitos e de 1,16% no número de casos. 

O boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde desta sexta-feira indica ainda que há, de momento, 25.942 casos ativos da doença, mais 460 do que ontem. 

As autoridades destacam também que mais 422 pessoas recuperaram da Covid-19, num total de 49.359. 

De salientar que, esta sexta-feira, não há variação nos dados de internamentos, sendo que se mantêm os valores de ontem (682 internados e 107 em cuidados intensivos). 

Distribuição geográfica 

Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a região mais afetada pela crise pandémica, com 39.488 infeções (mais 381) e 775 vítimas mortais (mais cinco).  

No Norte, foram contabilizados 27.732 casos (mais 363 do que ontem) e mais um morto (num total de 888). Quanto ao Centro, o boletim indica que há 6.294 infetados (mais 82) e 263 mortos. 

No Alentejo, 1.512 pessoas foram infetadas até à data (mais duas) e o número de mortes mantém-se nos 23. O Algarve soma 1.743 casos da doença (mais 50) e 19 vítimas mortais. 

Quanto aos arquipélagos, há mais cinco casos nos Açores (total de 280) e mais cinco na Madeira (total de 235). 

Noticias ao Minuto

O novo velho continente e suas contradições: A internacional reacionária, ou a onda castanha

A internacional reacionária é liderada por Trump, Bolsonaro e Orbán e pretende polarizar o apoio do extremismo radical conservador. É de se prever que esse tipo de líder vai acabar por levar frustração aos seus correligionários mas o estilo que inauguraram, construído por ameaças, insultos, mensagens racistas, mentiras deliberadas e complôs deve permanecer como estratégia política. Nas raízes históricas desses partidos encontra-se o colaboracionismo com o Terceiro Reich alemão

Celso Japiassu | Carta Maior

Há em gestação uma Internacional Progressista, formada principalmente por partidos de centro esquerda e alguns respeitáveis intelectuais, entre eles Noam Chomsky, Naomi Klein, Yanis Varoufakis e Fernando Haddad, dentre outros, que se declaram defensores da democracia, da solidariedade, da igualdade e da sustentabilidade. Seu principal inspirador é o senador estadunidense pelo Partido Democrata Bernie Sanders. Outros signatários conhecidos são o ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, o ex-vice-presidente boliviano Álvaro García Linera, o ator mexicano Gael García Bernal, a escritora Arundhati Roy, o filósofo Srecko Horvat e a alemã Carola Rackete, capitã de embarcação e símbolo do resgate de migrantes no Mediterrâneo. Procuram contrapor-se a uma informal mas nem por isso menos coesa internacional reacionária, liderada por Donald Trump e cujos expoentes internacionais são Jair Bolsonaro, do Brasil; os ditadores do Golfo Mohammed bin Salman, da Arábia Saudita, Hamad bin Isa Al Khalifa, rei do Barhein, Khalifa Bin Zayed Al Nahyan, dos Emirados Árabes Unidos; Abdel Fatah al Sisie do Egito e Benjamin Netanyahu de Israel, no Oriente Médio; Narendra Modi na India e Viktor Orbán na Europa. Na América do Sul, a direita governa além do Brasil na Colômbia, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai.

Apenas três países europeus continuam sem a presença da extrema direita em seus parlamentos, que são Malta, Irlanda e Luxemburgo. Na Espanha, o fascista Vox é a quinta força política do país. Em alguns países a direita com tonalidades fascistas governa ou está próxima do poder na Polónia, Hungria, República Checa, Áustria, Letónia, Eslováquia, Bulgária, Itália e Finlândia. Na Alemanha, o neonazista Alternativa para a Alemanha (Alternative für Deutschland) é a terceira maior força política no parlamento. Sem contar a França, onde o Rassamblement National chegou em segundo lugar nas eleições presidenciais.

Líderes europeus acordam sanções à Bielorrússia


Chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) chegaram a acordo sobre a aplicação de sanções aos repressores na Bielorrússia. Entretanto, o Presidente Alexander Lukashenko não está na lista de sancionados.

"Concordámos hoje implementar as sanções que já tínhamos definido", declarou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, esta quinta-feira (01.10), falando aos jornalistas no final do primeiro dia desta cimeira extraordinária dedicada à Bielorrússia e à crise no Mediterrâneo oriental, em Bruxelas, num processo negocial de quase nove horas para assegurar a cedência de Chipre.

"É um importante e claro sinal de que somos credíveis, [...] que será concluído [hoje, sexta-feira] através de um procedimento por escrito para implementar as sanções à Bielorrússia, numa lista com cerca de 40 nomes" de pessoas ligadas às ações de repressão, acrescentou Charles Michel.

O objetivo da UE é que "as pessoas da Bielorrússia tenham o direito de decidir o seu próprio futuro", adiantou.

The shit show, made in Portugal


Paulo Baldaia | TSF | opinião

Não foi preciso Trump, nem é preciso Ventura para que o debate em Portugal se tenha tornado uma bela porcaria. Com Ventura será muito pior, é evidente, mas já lá vamos.

Quem viu e ouviu, esta semana, o debate entre Daniel Oliveira e Sérgio Sousa Pinto, na SIC Notícias, e seguiu depois as reações das claques nas redes sociais percebe bem que tudo se resume a saber quem ganhou e quem perdeu, sendo certo que perdemos todos quando os debates deixam de ser sobre ideias, deixam de ter argumentos e passam a ter interrupções constantes, insultos e questões pessoais. Foi assim na América, mas já tinha sido assim em terras lusas.

As aulas de cidadania e as questões de género parecem apelar a instintos, quando deviam apelar à racionalidade, chegando mesmo ao ponto de ter um deputado socialista a referir-se ao seu opositor no debate como um troglodita de esquerda. Sérgio Sousa Pinto quis um acerto de contas pessoal e Daniel Oliveira permitiu, a espaços, que o debate deixasse de ser sobre cidadania e as questões de género. Numa semana em que um senhor de nome Aguilar, suposto professor de Direito na Universidade de Lisboa, ficou conhecido por falar da miopia da fêmea, por comparar o feminismo ao nazismo, num país em que às mulheres continuam a ser vedados direitos exclusivos dos homens, em que elas continuam a tratar da casa e dos filhos, há quem pense que isto se muda sem ensinar desde cedo que não pode continuar a ser assim.

Voltemos a Trump e a Biden. O debate entre os candidatos norte-americanos terá sido o pior de sempre, mas podem ter a certeza que se houver debates presidenciais em Portugal, há o risco sério de a coisa descer ainda mais de nível. O espirito da Democracia apela a que se façam debates entre os candidatos, mas a presença de André Ventura desaconselha vivamente que se façam. Acabaremos por ter, até porque a televisão portuguesa está desejosa de ter o seu "The Shit Show". Infelizmente, o candidato de extrema-direita destruirá qualquer hipótese de debate, mas não me parece sequer que fique a falar sozinho. Há muita gente a pensar que é preciso jogar o jogo dele, desmascará-lo, mostrar as suas fragilidades. Adivinho que Ana Gomes e Marisa Matías estejam desejosas de o enfrentar. Quem não distingue mentira de verdade, insulto de acusação, não perde debate nenhum. Nós é que vamos perder parte do nosso precioso tempo a tentar perceber e explicar porque é que o pior debate de sempre também será em Portugal o debate presidencial.

A crise está a empurrar cada vez mais famílias portuguesas para a pobreza...


A pobreza em Portugal (ma non tropo) é tema no Fórum da TSF. Não sabemos o que ali está a ser dito e quem diz, mas o programa ainda está no "ar". Até muito próximo do meio-dia.

Sabe-se que podemos contar com baboseiras, desconhecimentos, hipocrisias, aviltantes afirmações, dos que nem sabem o que é isso de pobreza e porque acontece, não só em Portugal mas sim em todo o mundo. Aliás, para muitos a pobreza já é um negócio. A coberto de praticarem boas atitudes aos olhos da sociedade ganham currículos deslumbrantes e quase enriquecem. Ou enriquecem mesmo... à custa da pobreza.

Diz no site da TSF:

"Como é que o Estado deve responder ao agravamento da crise social? É importante aumentar o subsídio de desemprego? O aumento do salário mínimo pode ter um papel importante na luta contra a pobreza?

Fórum TSF

Sem temas tabu nem verdades feitas, a TSF desafia os ouvintes a dizerem o que pensam. De segunda a sexta, entre as 09h00 e as 12h00, o debate livre sobre a notícia do dia.

Pode participar através do número de telefone 808 202 173, no destaque do dia disponibilizado na nossa página principal ou na página da TSF no Facebook."

Assim diz, assim consta. Não vimos ali que no convite seja referido o cancro das reformas de miséria, dos subsídios de miséria... para os que são cartas de outro baralho, dos realmente pobres. Dos que recebem 100 euros ou pouco mais e são doentes apanhados por doenças oncológicas (por exemplo), sem mais meios de subsistência. E tantos outros(as). Afinal verdadeiras vítimas da pobreza, vítimas dos políticos, que antes foram vítimas de patrões e de muitos outros ladrões sustentados pela chulice de pagamento ordenados miseráveis, e agora são vítimas dos jornalistas que não se interessam por essa "cambada" de improdutivos à força de doenças, de velhices. Alguns ainda com o cardápio aumentado por mazelas adquiridas nos tempos da guerra colonial, que a velhice lhes recordou e fulmina.

Nada disso vimos. O que vimos é a pobreza gritante mas que já entendeu que pode contar com a indiferença dos que podiam fazer a diferença e contribuir para a derrotar.

Qual quê! Mas esses também são pobres. Pobres de espírito. Uns merdas enfatuados, ou não. Mas merdas. Não todos, mas alguns preponderantes.

Querem falar de pobreza? Falem. Mas a sério. Mesmo a sério. E antes de tudo façam o levantamento real da pobreza que tanto aumenta em Portugal. Muito mais do que as estimativas do INE. Muito mais que a que os doutores, os sábios, referem... Gente que não merece a menor consideração nos seus "estudos" e divulgações erróneas. Que até servem com denodo o sistema atual, democrata-esclavagista, com etiqueta neoliberal - antecâmara do fascismo que avança... modernizado, enganador para os mais distraídos. E esses são imensos.

MM | PG

Trump, Melania e Fátima. Milagres que constarão na história

O título do Curto diz tudo sobre o internacional no Expresso. Que o covid-19 penetrou no organismo de Donald Trump e da Melania que o acompanha. Sem problema para eles.

O vírus é que se vai dar mal. Ficará todo estraçalhado, esmagado, senhor dos ais e dos uis, das dores e sem vontade de contaminar mais ninguém. Vai levar uma “esfrega”, um “tratamento”, tanta porrada, tanta, que se ‘pirará’ para a China com os olhos em bico e marcado pela negritude made in Trump e ianques da ‘Grande América’ que está a mirrar. Que, pelo visto, mirrará tanto que irá ser convidada a fazer parte da Capela dos Ossos, em Évora. Olaré! Que assim será, que assim é!

Avançando, deixando em paz as futuras ossadas ianques, racistas e fascistas, melhor será dizer que o Curto não é só Trump. Fátima também está no cardápio de hoje. Haverá a tal refeição milagrosa que será servida a 13 de Outubro próximo a seis mil pessoas em busca de milagres, repletas de agradecimentos à senhora (que também dizem que era um óvni)… Cada um tem as suas crenças e só merecem todo o nosso respeito. Adiante.

Antes de terminarmos este ínterim pró-Curto gostaríamos de focar levemente o covid-19 nas escolas de Portugal. Quase nada se sabe sobre isso, além de que umas quantas escolas fecharam para algumas turmas. Nem se sabe se os alunos dos novos casos de contaminação cumpriram a função e contagiaram os avozinhos quando regressaram a casa ou quando lhes fizeram uma visita… Bem, talvez tenham contaminado os pais que eventualmente têm fragilidades – doentes oncológicos, etc.) Ou não? Nada disso aconteceu? Se não, ainda, depois não se esqueçam de tornar público… Que é coisa que provavelmente nem é apurada porque não interessa nada… Mais velhos “apagados” ou doentes muito fragilizados a baterem a bota até dá jeito. Redução da população inoperante e dos “empecilhos” velhos e doentes é um bem que o covid-19 tem por oferenda… e não dói nada. O Hitler, esse sim, é que atirava a velharia, os aleijadinhos, os doentinhos, os fragilizados, para a câmara de gás. A par com os judeus, os ciganos e etc. Com o covid-19 tudo é muito mais discreto e humanizado. Pois.

Nesta manhã de má-língua a chuva cai, o vento bufa e derruba o fragilizado. Até parece o covid milagreiro, futuro salvador dos serviços de saúde e de pensões e de reformas. Futuramente quanto será poupado com esta luminosa covidada-revolução? Tanto? Até parece milagre! Como outros. Milagres que constarão na história.

Bom dia e umas iscas bem temperadas regadas com um verde branco fresquinho e supimpa. Bom pequeno-almoço.

Invada o Expresso Curto. Leia Miguel Cadete, que é o “maestro” de hoje. Avante!

MM | PG

A batota de Trump

Miguel Guedes* | Jornal de Notícias | opinião

Quando Ronald Reagan ganhou a América a Jimmy Carter, milhões de americanos sentiram que um terramoto tinha acabado de abanar a história do país.

Era o início de um novo paradigma com um colete-de-forças de braços armados externos que simbolizava a ruptura com uma dimensão de valores que já se sentiam moribundos mas que, com boa probabilidade, ali morreriam. Quarenta anos depois, comparar a América de Reagan com a de Trump é um exercício de extremos onde o ex-actor americano incarna a figura de um perigoso esquerdista.

O actual presidente dos EUA é talentoso na subversão das normas democráticas e na criação aleatória de regras que lhe sejam convenientes. É ostensivo na encriptação do seu pensamento em relação ao que desconhece ou pretende manter omisso mas usa e abusa da sua enorme irresponsabilidade ao não ser capaz de condenar grupos de supremacistas brancos (pelo contrário, o seu "stand-by" aos "Proud Boys" é o mais claro sinal de que vai precisar deles nas ruas caso perca as eleições). Trump joga com a violência nas ruas como sua eventual guarda pretorial.

Se há algo que o primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden demonstrou é que aqueles que acreditaram na hipótese da combinação das palavras Trump/debate são românticos incuráveis. Uma besta num lamaçal, a arrastar convictamente o seu peso para os limites do debate de forma a que nada se produza senão ruído, circo e confusão. Assim foi e assim será nos próximos dois debates, caso existam. Contadas 73 interrupções de Trump a Biden, fica na memória de quem o viu como o pior debate de sempre nas eleições americanas. Realizar debates nestas circunstâncias é jogo sujo, como se Trump bloqueasse todas as cartas do adversário ou não o deixasse ir a jogo. Daí que as regras tenham que mudar já para o segundo debate de 15 de Outubro. A comissão que superintende os debates eleitorais nos EUA já assegurou que irá alterar o formato dos mesmos, nomeadamente através do corte dos microfones dos candidatos quando não estejam na posse da palavra. Trump está contra, claro. Veremos como gesticulará numa loja que para ele será de porcelanas.

No debate eleitoral entre Ronald Reagan e Jimmy Carter em 1980, Reagan teve acesso a documentos internos da preparação do debate por parte da campanha de Carter. No que viria a ser conhecido como o "Debategate", a batota republicana impediu a já de si difícil reeleição de Carter que ainda contava com a cartada da libertação dos reféns no Irão para inverter a tendência perdedora das sondagens. Olhando agora por comparação à distância de quatro décadas, o que Trump fez não requer livre ingresso ou acesso indevido à literatura confidencial da campanha de Biden. Basta faltar ao debate, aparecendo tal como é.

O autor escreve segundo a antiga ortografia

*Músico e advogado

O péssimo teatro do Presidente Macron no Líbano

Thierry Meyssan*

Jogando ao Deus ex machina, o Presidente Macron veio atribuir boas e más classificações aos dirigentes libaneses. Seguro da sua superioridade, afirmou-se envergonhado com o comportamento dessa classe política. Mas tudo isto não é mais do que uma má peça de teatro. Por trás da cortina, ele empenha-se em destruir a Resistência e em transformar o país num paraíso fiscal.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, consagrou uma das suas raras conferências de imprensa à situação num país estrangeiro, o Líbano. Assim, declarou : «O Hezbolla não pode ao mesmo tempo ser um exército em guerra contra Israel, uma milícia enlouquecida contra os civis na Síria e um partido respeitável no Líbano. Não se deve crer mais forte do que é. Deve mostrar que respeita todos os Libaneses e nestes últimos dias mostrou o contrário». Sayed Hassan Nasrallah irá responder-lhe a 29 de Setembro.

Reagindo à explosão no porto de Beirute, em 4 de Agosto de 2020, o Povo libanês e a imprensa internacional viram nesta um acidente imputável à corrupção das autoridades portuárias. Pela nossa parte, após a análise dos primeiros indícios, colocamos imediatamente em causa a tese do acidente e privilegiamos a do atentado. O Presidente francês Emmanuel Macron viajou de urgência para o Líbano para “salvar” o país. Dois dias mais tarde, nós pronunciamo-nos na televisão síria, Sama, pela hipótese de ser a continuação da operação para aplicação da Resolução 1559.

A hipótese da Resolução 1559

De que se trata? Esta Resolução franco-americana de 2004 foi redigida por ordens do Presidente dos EUA, George W. Bush, a partir de um texto escrito pelo Primeiro-Ministro libanês de então, Rafic Hariri, com a ajuda do Presidente francês, Jacques Chirac. Ela visava fazer aprovar os objectivos formulados pelo Secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas:

»» expulsar do Líbano a força de paz síria colocada devido aos Acordos de Taëf [1];

»» acabar com a Resistência libanesa ao imperialismo;

»» impedir a reeleição do Presidente libanês, Émile Lahoud.

Ora, em 14 de Fevereiro de 2005, Rafic Hariri, que já não era o Primeiro-Ministro e acabava de se reconciliar com o Hezbolla, foi assassinado num mega-atentado em que o Presidente libanês, Émile Lahoud, e o seu homólogo sírio, Bashar al-Assad, foram acusados de ser os comanditários. A Força de Paz síria retirou-se e o Presidente Lahoud renunciou voltar a recandidatar-se.

Mensagem da China para Donald: O que é que você quer de nós?

#Publicado em português do Brasil

Uma mensagem de um cidadão chinês ao presidente Trump, ao governo dos EUA e à mídia americana

Lin Liangduo | Global Research, 02 de outubro de 2020

-- Traduzido do chinês para Global Research; publicado pela primeira vez em 28 de janeiro de 2020.

Já é suficiente.  Suficiente hipocrisia para este mundo.

O que você quer de nós, afinal? O que você realmente quer de nós?

Quando éramos o homem doente da Ásia, éramos chamados de “o perigo amarelo”.

Quando somos cobrados como a próxima superpotência, somos chamados de “a ameaça”.

Quando éramos pobres, você invadiu nossas cidades e ergueu placas com os dizeres: “Não são permitidos cachorros ou chineses”.

Quando somos ricos e lhe emprestamos dinheiro, você nos culpa por suas dívidas nacionais.

Quando fechamos nossas portas, você contrabandeou drogas para abrir nossos mercados.

Quando abraçamos o livre comércio, você nos culpa por tirar seus empregos.

Quando tentamos o comunismo, você nos odiou por sermos comunistas.

Quando abraçamos o capitalismo, você nos odeia por sermos capitalistas.

Quando estávamos desmoronando, você marchou em suas tropas e queria seu “quinhão”. Quando tentamos juntar as peças quebradas novamente, "Tibete Livre", você gritou,

Foi uma invasão! Quando, por sua causa, Xinjiang e o Tibete foram perdidos no caos e na fúria, você exigiu regras de direito.

Quando defendemos a lei e a ordem contra a violência, você chama isso de violação dos direitos humanos.

Quando tínhamos um bilhão de pessoas, você disse que estávamos destruindo o planeta. Quando tentamos limitar nossos números, você disse que abusamos dos direitos humanos.

Quando construímos nossas indústrias, você nos chama de poluidores.

Quando lhe vendemos mercadorias, você nos culpa pelo aquecimento global.

Quando compramos petróleo, você chama isso de exploração e genocídio.

Quando você invade países em busca de petróleo, você chama isso de libertação.

Quando ficamos em silêncio, você disse que queria que tivéssemos liberdade de expressão. Quando não estamos mais em silêncio, você diz que somos xenófobos que sofreram lavagem cerebral.

“Você nos entende, nós perguntamos”? “Claro que sim”, você disse, “Temos Fox News, CNN e The Economist”.

E hoje em 2020, estamos fazendo o nosso melhor para lidar com uma epidemia de vírus desconhecida, mas nada do que fazemos é bom o suficiente para agradar você.

Colocamos a área infectada em quarentena, mas sua CNN publica um artigo sujo nos dizendo que isso é “muito agressivo” e que estamos “violando os direitos humanos” e fazendo “um plano para a segregação racial”. Mas se não fizéssemos isso, você nos condenaria por não tomar medidas mais fortes. (1)

Então, o que você realmente quer de nós?

Já é suficiente. Suficiente hipocrisia para este mundo.

Os líderes da China não precisam ser dirigidos pelos EUA, e os americanos não têm o direito de ensinar à China sobre “paz” ou “direitos humanos” ou qualquer outra coisa.

E por que esta terra não é grande o suficiente para todos nós?

Nota: (1) https://edition.cnn.com/2020/01/26/health/quarantine-china-coronavirus/index.html

A fonte original deste artigo é Global Research

Copyright © Lin Liangduo , Global Research, 2020

A lenta construção de um “Estado Vassalo”

Militares brasileiros participaram, em 90 anos, de seis golpes de Estado. Aliança com os EUA ajudou a promover rupturas. Mas esta “relação carnal” vai ao máximo com a presença de Mike Pompeo em Roraima, e os planos de ataque à Venezuela

José Luís Fiori | Outras Palavras | Imagem: Fernando Botero

Os países fortes tornam-se cada vez mais fortes, e os fracos, dia a dia, mais fracos; as pequenas nações se veem, da noite para o dia, reduzidas à condição humilde de estados pigmeus […] e a equação de poder do mundo simplifica-se a um reduzido número de termos, e nela se chega a perceber desde já apenas raras constelações feudais de estados-barões rodeados de satélites e vassalos.

Gal Golbery do Couto e Silva, 1952, “Geopolítica e estratégia”, in “Geopolítica e Poder”, Editora UniverCidade, Rio de Janeiro, 2003, p. 17


Segundo Joffrey Sachs, Mike Pompeo, chefe do Departamento de Estado norte-americano, é um ardoroso evangélico que considera que é chegada a hora do Apocalipse, da volta de Cristo e da batalha final do “bem” contra o “mal”, que será liderada pelos Estados Unidos, o maior de todos os povos judaico-cristãos.1 Além disso, Mike Pompeo é um empresário “rude e simplista”, e um homem da comunidade de inteligência americana, ex-diretor da CIA, sem nenhuma formação diplomática, que opera como uma espécie de ventríloquo de Donald Trump e de sua diplomacia agressiva de desacato às pessoas e de ameaças aos países que discordam ou competem com os Estados Unidos. De qualquer maneira, é um homem que não usa “meias palavras” nem esconde intenções, e foi absolutamente explícito com relação aos objetivos de sua visita-relâmpago à Base Aérea de Boa Vista, no estado de Roraima, junto à fronteira da Venezuela, no dia 18 de setembro de 2020. Todos entenderam sua encenação eleitoral, mas ele também foi claro na sua demonstração ostensiva de poder frente aos governos, e frente às “tropas satélites”, que estão participando do cerco militar ao território venezuelano que está em pleno curso.

O cerco militar à Venezuela começou no mês de abril, com uma grande demonstração do poder naval dos Estados Unidos no Mar do Caribe, mas depois disto, nos meses de junho e julho, a marinha americana realizou novas simulações de guerra e uma grande “Operação Liberdade de Navegação”, comandada pelo Alm. Craig Fallen, chefe do Comando Sul das Forças Armadas do Estados Unidos, “USSOUTHCOM”, com sede na Flórida, e liderada por uma das mais modernas embarcações da máquina de guerra dos EUA, o destroier USS Pinckney (DDG91). Imediatamente depois, foi a vez da “Operação Poseidon”, que já contou com a participação direta da Colômbia, e foi realizada junto com a visita de Mike Pompeo, que antes de aterrissar em Roraima visitou a Guiana e o Suriname, e obteve o consentimento para utilização de seu espaço aéreo, a leste da Venezuela, pela Força Aérea dos Estados Unidos. Por fim, a visita de Mike Pompeo coincidiu com a “Operação Amazônia” das FFAA brasileiras, realizada entre os dias 4 e 23 de setembro, envolvendo três mil militares trazidos de cinco comandos diferentes, juntamente com uma bateria completa do Sistema Astros, completando o cerco pelo sul do país vizinho.

Apesar da data e das dimensões da operação brasileira, ela foi tratada pelas autoridades militares locais como um exercício regular de suas FFAA, quando de fato envolve acordos e encobre decisões que dizem respeito ao futuro de todos os brasileiros. Mesmo quando essas decisões não sejam novas nem originais e reproduzam a história de longo prazo das relações militares entre o Brasil e Estados Unidos, que começou na primeira metade do século XX, são tratadas como se fossem de exclusiva responsabilidade das Forças Armadas. Uma história longa, mas que pode e deve ser dividida em dois grandes períodos: antes e depois de 1941.

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