terça-feira, 16 de setembro de 2014

DESBRAVANDO A LÓGICA COM SENTIDO DE VIDA! – VIII




Martinho Júnior, Luanda (Continuação – ver anteriores

21 – O compromisso de paz que o estado angolano assumiu por inteiro em Bicesse e nos acordos que se seguiram, excluiu sempre as questões económicas, financeiras e os organismos de segurança e de inteligência, cingindo-se apenas às questões políticas e militares.

Com o decorrer do tempo a UNITA soube integrar os seus próprios efectivos (como os pertencentes ao BATE ou ao BRINDE), nas FALA, a fim de proteger o seu quadro humano, tanto por via do GURN, como mais tarde por via das políticas de Reconciliação, Reconstrução Nacional e Reinserção Social e isso apesar de decisão de Savimbi de partir para a “somalização”, tirando partido da supremacia inicial de suas forças que, cumprindo com a ementa colocada à disposição pelos racistas sul-africanos, haviam sido escondidas no Cuando Cubango.

Em 1991 e 1992, precisamente quando Savimbi rapidamente tomou mais de 70% do território, milhares de homens pertencentes à Segurança do Estado foram excluídos dos serviços de forma abrupta, sem formalização de disponibilidade e sem qualquer garantia de vida.

Os serviços interromperam a ligação com esses efectivos, apesar de grande parte deles serem fieis ao MPLA.

Muitos desses milhares haviam sido colocados nesses serviços durante a Iª República, pelo que eram efectivamente efectivos indubitavelmente afectos ao MPLA.

O corte foi feito de tal maneira que ainda hoje, 22 anos depois, a situação de passagem à reforma desses efectivos não está, em grande parte dos casos, resolvida!

Mesmo assim, grande parte da resistência foi feita com o concurso desses efectivos, em especial durante a “guerra das cidades”, com realce para a cidade do Cuito, no Bié, num ambiente que Vitoria Bittain nos socorre no eu livro “Morte da dignidade”:

…”Com a captura do Huambo a UNITA passou a controlar cinco capitais de província – algo que nunca teria sequer sonhado durante os longos anos de guerra sul-africana dos anos 80. Para além do Caxito, as outras três cidades eram no norte: Uíge, N’Dalatando e M’Banza Congo. Savimbi, recebendo jornalistas que tinham ido de avião pr o Huambo a partir do Zaíre, disse-lhes que as forças estavam preparadas para tomar mais quatro capitais no centro e no leste, que nessa altura estavam cercadas: Cuito, Malange, Luena e Menongue. Dias e semanas de barragens de artilharia reduziram grande parte destas cidades a escombros e obrigaram a população a viver em bunkers, a comer ratos e a arrastar-se de noite pelos campos minados que rodeavam as cidades para chegarem aos campos onde podiam arranjar comida. Todos os dias o número de baixas, sobretudo mulheres e crianças, aumentava devido a acidentes com minas terrestres que rebentavam pés e pernas a uma taxa tal que depressa Angola se tornou no sinistro detentor do recorde mundial de vítimas de minas, ultrapassando os dramas mais conhecidos do Camboja e do Afeganistão”…

(…)

…“O Presidente Eduardo dos Santos, perante o cenário dos horrores que se passavam nas cidades cercadas, pediu sanções imediatas contra a UNITA, congelando os seus fundos e as suas contas bancárias e terminando com as facilidades de transporte. Mas sobretudo depois da queda do Huambo, que fazia parecer cada vez mais possível que a UNITA ganhasse a guerra, a comunidade internacional absteve-se de actuar, embora o Conselho de Segurança tenha pelo menos condenado fortemente as violações dos acordos de paz da parte d UNITA e pedido um cessar-fogo e que se retomasse o diálogo”…

22 – Os efectivos que haviam pertencido às Forças Especiais no Bié e unidades de LCB da Segurança do Estado, apesar da desmobilização avulsa que foi feita por imposição dos Acordos (que nunca contemplaram esses efectivos), participaram no esforço de resistência em várias cidades, muito em especial na cidade do Cuito, que só não chegou a ser tomada graças ao seu empenho, sacrifício e bravura.

O assédio durou largos meses, os combates ocorreram no casco urbano e à volta da cidade, esquina a esquina, colina a colina, ravina a ravina, mas o palácio do governo não foi tomado.

Entretanto segundo o testemunho de Margaret Anstee, na altura (1992/93) Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas em Angola, a comunidade internacional negou apoio para a realização duma Conferência de Doadores em benefício de Angola, alegando que o país era suficientemente rico par se virar e a ONU negou um efectivo de 5.000 capacetes azuis que iriam ser utilizados em mais uma tentativa de cessar-fogo.

Savimbi atacou 10 das 18 capitais provinciais, acabando por tomar a cidade do Huambo; em Luanda as escaramuças foram-lhe desfavoráveis, assim como em Benguela, mas as cidades do interior (Malange, Cuito e Luena) receberam os maiores impactos da sua ofensiva.

Enquanto “promovia” a guerra nas cidades, Savimbi montava todos os dispositivos de exploração de diamantes nos ricos vales do Cassai, do Cuango e do Cuanza, bem como na vasta rede de seus afluentes e sub-afluentes.

A “guerra dos diamantes de sangue” revelar-se-ia ainda mais mortífera que as guerras anteriores e, ao interligar-se com outros conflitos em África (Zaíre-RDC, Grandes Lagos, Ruanda, Libéria e Serra Leoa) integrou uma vasta maquinação internacional que o socorria e o ultrapassava, tal o peso do “lobby dos minerais” e sobretudo do cartel dos diamantes…

A “guerra dos diamantes de sangue” nada teve de “guerra civil”, ao contrário do que considerou Vitoria Brittain; a propaganda ocidental tenta fazer crer a receita de “guerra civil” uma vez que isso serve para esconder seus próprios interesses, implicações e até seu envolvimento directo ou indirecto nos acontecimentos, quantas vezes por via de mercenários, que foram sempre tão “férteis” em África…

As outras cidades que Savimbi tomou foram o Uíge, N’Dalatando, M’Banza Congo e Caxito, em resultado já de alterações de fundo nos seus suportes externos: o Zaíre de Mobutu aprestou-se em substituir os racistas sul-africanos nos apoios de retaguarda de Savimbi e ele assim dava início à implantação nos ricos vales do Cuango, do Cassai e do Cuanza, garantindo desse modo o financiamento da sua campanha duma forma que não era inédita, pois ele já havia seguido esse mesmo critério enquanto foi instrumentalizado pelo “apartheid”!

Os norte americanos reactivaram a base de Kamina em benefício do esforço de Savimbi.

O cerco às cidades trazia pois uma carta escondida: com isso Savimbi organizava a exploração frenética e clandestina de diamantes, aproveitando-se das fragilidades acumuladas pelo estado angolano, desde que activou o processo 76/86 contra os oficiais que haviam combatido e neutralizado grande parte do tráfico em 1983!...

A radiografia de sua geo estratégia não passou despercebida por alguns analistas angolanos, inclusive um dos oficiais que havia sido condenado em resultado do processo 76/86, uma vez que a sequência dos factos só poderia produzir esse caminho.

O que teve de se suportar e o que ainda se suporta para sem ambiguidades se alcançar uma plataforma mínima de paz em Angola, que permita levar avante o Programa Maior do MPLA e sobretudo a luta contra o subdesenvolvimento, tem implicações profundas na militância do MPLA, que até hoje guarda a firme convicção de que a história do movimento de libertação em África é protagonista dum rumo a muito longo prazo, um rumo que, apesar dos imensos obstáculos e riscos, não foi perdido, antes pelo contrário, tem hoje tudo para se poder afirmar!

Foto: Savimbi com seus tutores, em nome duma democracia imaginária e falaciosa, incapaz de actuar num eixo de paz!

Foi com base nos “ensinamentos” dos fascistas do “apartheid” que Savimbi publicou em francês os traços da ideologia de que se serviu durante a “guerra dos diamantes de sangue”.

A publicação em francês, desconhecida da maior parte dos angolanos, visava angariar apoios em países de expressão francesa de África, o que Savimbi conseguiu particularmente no Zaíre, no Burkina Faso, no Togo e no Congo; desse modo Savimbi garantiu apoios de retaguarda inestimáveis. 

Os racistas sul-africanos retiravam de Angola, da Namíbia e perdiam na própria África do Sul, mas a sua receita preparada para Savimbi, que envolvia a mudança de retaguarda, mostrou-se funcional durante o período de 1991 a 1998.

Brasil – Eleições: Jantar de Marina com banqueiros custou R$ 100 mil por cabeça




Marina participou de jantar com banqueiros e investidores do JP Morgan, Credit Suisse, Grupo Votorantim, BR Partners, Banco ABC, entre outros. Cada um teve de desembolsar R$ 100 mil para sentar à mesa com a candidata

Quer jantar com Marina Silva? O preço é de R$ 100 mil. Pelo menos, esse foi o valor cobrado ontem pela candidata do Partido Socialista Brasileiro, o PSB, num encontro com banqueiros.

De acordo com Álvaro de Souza, o banqueiro (ex-Citibank) que coordena a arrecadação de Marina, essa cobrança foi necessária para financiar “a luta de Davi contra Golias” da sucessão presidencial.

De acordo com os presentes, a candidata do PSB, que promete independência do Banco Central e a revisão do modelo do pré-sal, com menos espaço para a Petrobras, foi aprovada “com louvor”.

Leia, abaixo, nota publicada pela coluna Radar, de Lauro Jardim:

Aproximação com o Mercado

Se o jantar de ontem de Marina Silva com parte do mercado financeiro, na casa de Florian Batunek, da empresa de investimentos Constellation, em São Paulo, fosse um teste, a candidata teria passado com louvor.

Marina convenceu, ao responder perguntas duras sobre os rumos da economia, e garantiu que vai propiciar a retomada do ambiente de negócios no Brasil. Também ironizou a satanização que o PT tem feito de seu nome e suas propostas.

Compareceram José Berenguer, do JP Morgan; Luiz Stuhlberger, do Credit Suisse; José Roberto Moraes, do Grupo Votorantim; Geyze e Ana Maria Diniz, respectivamente mulher e irmã de Abilio Diniz; Tito Alencastro e Anis Chacur do Banco ABC; Andrea Pinheiro, do BR Partners; Jair Ribeiro, do Indusval; entre outros.

Os convidados contribuíram com um mínimo de 100 000 reais para participar da noite. A despeito do alto preço do convite, Alvaro de Souza ainda fez um discurso final pedindo mais doações financeiras para “a luta de David contra Golias”.


Pragmatismo Político

Brasil - São Paulo: Mais de 80 detidos após confronto entre sem-teto e polícia




Mais de 80 pessoas foram detidas após o confronto entre polícias militares e manifestantes sem-teto em São Paulo, durante uma operação para retomar a posse de um hotel ocupado no centro da cidade.

O edifício, de 22 andares, era ocupado por cerca de 200 famílias (800 pessoas) ligadas ao movimento Frente de Luta por Moradia (FLM), desde março.

A maioria dos detidos foi qualificada pela polícia, por resistir à reintegração de posse, e libertada em seguida, segundo agentes do 3.º Distrito Policial (esquadra).

Três suspeitos de terem ferido policiais foram retidos na esquadra, enquanto pelo menos outras cinco pessoas foram levados a outros distritos policiais, sob suspeita de promover ataques a lojas do centro de São Paulo.

A operação policial começou às 7:00 horas locais (11:00 em Lisboa), para cumprir a ordem judicial de reintegração de posse do hotel. Os moradores sem-teto do local enfrentaram a polícia atirando móveis e outros objetos das janelas.

Um autocarro foi incendiado por manifestantes, enquanto os polícias atiraram bombas de gás e balas de borracha. Quatro agentes foram feridos, e uma mulher grávida precisou ser socorrida.

Houve assaltos e vandalismos em lojas próximas ao hotel ocupado.

Lusa, em Notícias ao Minuto

TURISMO NA CPLP, UMA ATIVIDADE ECONÓMICA QUE URGE DESENVOLVER




O enorme potencial turístico dos países da CPLP é uma realidade que tem sido menosprezada por parte dos países componentes da comunidade. São nove países que possuem raras belezas paisagísticas em consonância com a natureza e com a vida selvagem africana, por exemplo. Os PALOP, Países Africanos de Língua Portuguesa comportam nesse capítulo, da vida selvagem e natureza, mais de 80 por cento de interesses nesse setor turístico. Verificando-se que na realidade a divulgação, procura e práticas turísticas nesses países africanos é muito reduzida para o potencial que possui e pode oferecer.

Fora da África a falar português, o país mais dimensionado no setor turístico é o Brasil. Que é um gigante da procura e oferta do setor e deve de servir de exemplo a todos os outros países da CPLP com verdadeiro potencial à sua escala para desenvolver a atividade. Para isso os da CPLP precisam de maior divulgação, maior oferta, para que assim a procura se concretize e aumente. Também Timor-Leste, no sudeste asiático, tem potencial turístico subvalorizado e, por tal, subaproveitado.

Constando esta lamentável realidade já existem esboços dos governos da CPLP para desenvolverem a atividade turística de acordo com as potencialidades subaproveitadas em cada país da comunidade. O Página Global congratula-se com o facto sempre que em notícias reportam intenções e ações para o incremento do desenvolvimento turístico salientado por entidades de cada país em encontros ministeriais e outros de cariz oficial ou empresarial.

Com o propósito de divulgar este setor nos nove países da CPLP, está a ser planeado no Página Global a divulgação correspondente à incrementação e desenvolvimento do turismo nos países da CPLP. Em breve contamos poder convidar os nossos leitores a visitarem o "destacável" TURISMO NA CPLP. Onde divulgaremos temas de interesse naquela atividade de lazer, de relaxe e conhecimento.

Não perca as novidades sobre o setor turístico na CPLP que o Página Global vai ter para lhe oferecer.

"Eu sei que o aconteceu ao avião da Malaysia Airlines"- chefe da polícia indonésia




O chefe da polícia da Indonésia garante que sabe o que aconteceu ao avião da Malaysia Airlines que desapareceu, sem deixar rasto, a 8 de março deste ano com 239 pessoas a bordo quando fazia a ligação entre Kuala Lumpur e Pequim.

A notícia caiu como uma bomba. A imprensa indonésia cita, esta terça-feira, o chefe da polícia local que garante saber o que aconteceu ao avião MH370 que desapareceu a 8 de março, escreve o Mirror.

“Eu falei com o chefe da polícia da Malásia, Tun Mohammed Hanif Omar. Eu sei o que aconteceu com o avião MH370”. São estas as declarações que estão a gerar polémica e estão a preocupar a opinião pública, na medida em que esta receia que as autoridades saibam o que realmente aconteceu, mas que não queiram que seja do conhecimento público.

A Polícia Real da Malásia, por seu lado, já negou que informações relativas ao incidente estejam a ser escondidas.

O MH370 da Malaysia Airlines desapareceu a 8 de março quando fazia a ligação entre Kuala Lumpur e Pequim. A bordo estavam 239 pessoas. Sete meses depois continuam a pairar as incertezas, pois não foram encontrados quaisquer destroços do aparelho e as famílias das vítimas desesperam por novidades.

Notícias ao Minuto

Portugal: A INEVITÁVEL LIQUIDAÇÃO DO MORALISTA VITOR BENTO



Pedro Tadeu – Diário de Notícias, opinião

Há exatamente 70 dias titulei aqui uma previsão fatal: "Vítor Bento a caminho da centrifugação"... Bingo!

Remover Vítor Bento da liderança do Novo Banco passou a ser uma inevitabilidade na própria hora em que o então conselheiro de Estado aceitou presidir ao, ainda, Banco Espírito Santo.

O candidato a banqueiro moralista tinha utilidade: dar cobertura, com a sua credibilidade pessoal, a uma operação de risco. Mas a partir do momento em que restos mortais do BES pudessem ser servidos à mesa financeira, a sua presença atrapalharia os comensais.

Estes senhores desejam deglutir rapidamente, inteiro ou aos pedaços, o cozinhado extraído para o "banco bom": uma bandeja cheia de agências bancárias espalhadas pelo País, milhares de milhões em depósitos, créditos e negócios potencialmente fantásticos, como a seguradora Tranquilidade (que Bento ainda vendeu por 44 milhões) ou a Espírito Santo Saúde.

Vítor Bento, Moreira Rato e José Honório, nomeados até 2017, tinham um aparente plano sensato: reestruturar o Novo Banco, em dois ou três anos, de forma a ter condições para o capitalizar em bolsa, pagando nessa altura ao Fundo de Resolução os 4,9 mil milhões mais juros com que iniciaram a atividade.

Agora a turba mediática, o governador do Banco de Portugal, o primeiro-ministro e a Comissão Europeia propagandeiam a necessidade da venda rápida do Novo Banco, a quem der mais, por causa dos "riscos" de prolongar no tempo a governação acordada (sim, acordada, não tenho dúvidas) com Vítor Bento.

"Os bancos concorrentes são acionistas do Novo Banco e não podem ter esse ponto de interrogação nos seus balanços", explicou ontem Passos Coelho.

Vejamos: inicialmente a banca só tinha no Fundo de Resolução, através de contribuições previstas na lei - que pagaria sempre, houvesse ou não caso BES -, 367 milhões de euros. O Banco de Portugal queria apenas mais 133 milhões. Os generosos banqueiros resolveram, porém, investir mais 633 milhões. O Estado, através de reservas da troika, emprestou 3,9 mil milhões. Para explicar o raciocínio de Passos Coelho o resultado final é este: os 20 % da banca no Fundo de Resolução mandam mais do que os 80% do Estado. Por isso "há que vender depressa o Novo Banco, depressa"...

Vítor Bento, feito idiota útil, lá foi centrifugado para o vácuo profissional, com um capcioso carimbo de "falta de patriotismo", punhalado por Paulo Portas e jornalistas míopes. E os banqueiros, lestos, arranjaram um dos seus para liderar a comissão liquidatária que distribuirá os despojos do "banco bom". Ricardo Salgado, em fundo, sorri.

Portugal: Ministra das Finanças e governador do BdP vão à AR explicar saída de Vítor Bento




Audições foram solicitadas pelo Bloco de Esquerda

As audições da ministra das Finanças e do governador do Banco de Portugal (BdP) na Assembleia da República (AR), solicitadas pelo Bloco de Esquerda (BE) devido à demissão da equipa de gestão de Vítor Bento, foram hoje aprovadas por unanimidade.

"Foi hoje aprovado por unanimidade, na Comissão de Orçamento e Finanças, o requerimento do Bloco para audição, com caráter de urgência, da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, a propósito da demissão da administração do Novo Banco", lê-se num comunicado do BE.

"Alegou-se divergências entre a administração, que pretendia uma reestruturação sólida do Novo Banco, e os objetivos políticos que pressionam para uma venda rápida da instituição. Perante esta situação, que mantém a turbulência do caso BES [Banco Espírito Santo], e tendo em conta que o Novo Banco, detido pelo Fundo de Resolução, é uma entidade bancária capitalizada com dinheiros públicos, são necessárias mais explicações, assim como a clarificação dos objetivos do governo e do Banco de Portugal para o Novo Banco", justificou o BE no documento.

O BdP confirmou no domingo que Eduardo Stock da Cunha foi o escolhido para suceder a Vítor Bento na liderança do Novo Banco, depois de o último ter pedido para deixar o cargo na semana passada, apenas dois meses depois de ter sido nomeado.

Da equipa de gestão do Novo Banco, também o vice-presidente, José Honório, e o administrador financeiro, João Moreira Rato, acompanham a decisão de Vítor Bento e vão deixar a instituição.

Já a nova equipa de gestão inclui ainda Jorge Freire Cardoso (administrador financeiro), Vítor Fernandes e José João Guilherme.

No dia 03 de agosto, o BdP tomou o controlo do BES, depois de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades distintas.

No chamado banco mau ('bad bank'), um veículo que mantém o nome BES mas que está em liquidação, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas.

No 'banco bom', o banco de transição que foi chamado de Novo Banco, ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos.

Foto Rodrigo Cabrita

Lusa, em jornal i

Portugal: O QUE FAZEMOS QUANDO SOMOS MILHÕES?



Nuno Ramos de Almeida – jornal i, opinião

No dia 15 de Setembro de 2012, mais de um milhão de pessoas saiu à rua para dizer que tinham o direito de decidir a sua vida e não eram cobaias da troika

Para que servem as grandes manifestações, o que conquistaram as muitas centenas de milhares de pessoas que saíram às ruas em 15 de Setembro de 2012 e 2 de Março de 2013, aderindo ao apelo dos subscritores do Que Se Lixe a Troika (QSLT)?

Como participante e activista do QSLT tenho uma opinião pessoal sobre as consequências desses dias. Fugindo ao paleio habitual dos governantes que garantem estar sempre a caminhar de vitória em vitória, mesmo que seja para uma derrota final, acho claramente que fomos derrotados. O nosso objectivo era acabar com o protectorado que a troika impôs a Portugal, derrubar o governo que empobrece o país e criar condições para uma ruptura democrática em que o povo tivesse o direito a decidir o seu futuro. Nada disso aconteceu. O governo é o mesmo. As medidas da troika estão pensadas para mais umas dezenas de anos e hoje vivemos pior que em 2012.

Em 15 de Setembro, mais de um milhão de pessoas saíram à rua em cerca de 30 cidades, em Portugal e no estrangeiro. A 2 de Março do ano seguinte foram quase um milhão e quinhentos mil a ocupar as praças de 39 cidades e localidades, algumas delas fora de Portugal. Foram momentos em que as pessoas tomaram a sua história nas mãos. São poderosas afirmações de vontade; nos últimos 40 anos não devemos ter tido mais de quatro manifestações deste tamanho. As pessoas provaram que têm força. Estas demonstrações gigantescas alteraram a forma como a população via a política da troika e as actuações do governo.

Há hoje uma forte maioria hegemónica na sociedade que sabe que, mais que uma questão de governo, temos hoje uma questão de regime para resolver. Vivemos há quase 40 anos com governos que prometem cumprir as suas promessas eleitorais e a Constituição democrática que juraram respeitar, mas mais não fazem que alimentar um conjunto de interesses económicos e clientelismos partidários, associados a esses mesmos grupos financeiros e empresariais em que aparecem ligados antes e depois da comissões de serviço no governo. A esmagadora maioria dos portugueses está contra esta situação, e esse dado é adquirido.

Mas se as manifestações contribuíram para mudar a forma como as pessoas pensam, porque é que tudo está na mesma?

Porque as manifestações foram actos de vontade mas não se concretizaram numa forma de dar mais poder às pessoas e mudar as instituições. A ausência de continuidade dos protestos e a incapacidade de reconquistar o poder democrático, de decidir sobre as suas vidas, que foi retirado às pessoas, fez que nada de substancial mudasse para além do vislumbre de uma força imensa.

Os activistas, na sua impotência, costumam citar uma frase de Samuel Beckett que diz qualquer coisa deste género: "Tentaste sempre. Falhaste. Não te apoquentes. Tenta de novo. Falha de novo. Falha melhor." No buraco negro em que o país se encontra, é preciso gente que queira vencer. E que, mais que ser uma fábrica de produzir derrotas, diga que é insustentável esta situação em que a quase totalidade das pessoas estão excluídas do desenvolvimento, da economia e da democracia, e que acabe com isto.

Editor-executivo - Escreve à terça-feira

Portugal - Declarações: "Pela saúde do sistema", Cavaco poderá antecipar legislativas




No programa ‘Falar Claro’ da Rádio Renascença, o social-democrata Morais Sarmento, analisando aquela que tem sido a atuação do Presidente da República ao longo dos seus dois mandatos, disse acreditar que Cavaco Silva quer uma mudança na liderança dos dois maiores partidos portugueses, pois só dessa forma poderá existir um “entendimento de regime”. Assim, concluiu, o Chefe de Estado poderá convocar eleições antecipadas.

Morais Sarmento disse, no programa ‘Falar Claro’ da Rádio Renascença, que no final do ano haverá uma “enorme pressão” para que as eleições legislativas sejam antecipadas.

“Conhecendo a leitura que o professor Cavaco Silva faz do que é o papel do Presidente da República, a disponibilidade que mostrou o ano passado para que houvesse eleições antecipadas uma vez ultrapassado o período de troika, leva-me a crer que Cavaco Silva não deve estar muito interessado em que as eleições presidenciais sejam uma espécie de extra das legislativas”, explicou.

Concluindo o seu raciocínio, o social-democrata acredita que “por razões de saúde do sistema vai tentar afastar” as duas eleições.

Assim, o cenário de eleições antecipadas é quase uma certeza para Morais Sarmento que refere também que a decisão de Cavaco Silva terá por base ainda o facto de o Presidente da República saber que é preciso “mudar as lideranças” dos dois maiores partidos, caso contrário não será possível chegar a um “acordo de regime”.

Notícias ao Minuto

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Dhlakama entra na campanha eleitoral de Moçambique com comício em Chimoio




A RENAMO está confiante no regresso do seu líder à máquina eleitoral (16.06). Mas o analista ouvido pela DW duvida que a popularidade se reflita em votos no principal partido da oposição nas eleições de 15 de outubro.

Apesar de a campanha eleitoral ter arrancado a 31 de agosto, a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) esteve até agora a meio gás. A conclusão do acordo de paz entre o principal partido da oposição e o Governo, a assinatura do documento e a sua aprovação no Parlamento dificultaram a RENAMO nas duas primeiras semanas de caça ao voto. A campanha entra numa nova fase, esta terça-feira (16.09), com a presença do líder Afonso Dhlakama num comício na cidade de Chimoio, capital da província de Manica, centro do país.

“O tempo perdido nunca se recupera, mas vamos tentar fazer o melhor de nós”, afirma António Muchanga, porta-voz do líder da RENAMO.

“A campanha presidencial do candidato vai ser curta, mas nós estamos no terreno desde que a campanha iniciou. A maior parte dos deputados ainda estava cá [em Maputo] por causa da aprovação dos entendimentos em forma de lei. Mas acredito que esta semana todos eles já estarão posicionados no terreno e que a campanha vai ganhar nova dinâmica”, acrescenta Muchanga.

A RENAMO corre agora contra o tempo. No entanto, o porta-voz de Afonso Dhlakama acredita que tanto o partido como o líder saem beneficiados do longo processo do acordo de paz (assinado a 5 de setembro).

Para a campanha, “as expectativas são muito altas porque desde que o presidente Dhlakama saiu da Gorongosa, do famoso “lugar incerto”, toda a estrada que ele percorreu estava abarrotada de moçambicanos que queriam saudar e agradecer por tudo quanto ele tem feito. No aeroporto de Maputo, também havia uma enchente muito grande”, lembra Muchanga.

“Portanto, acreditamos que haverá também uma enchente jamais vista na cidade de Chimoio”, diz otimista o político da RENAMO. É na capital da província de Manica onde Dhlakama faz o seu primeiro discurso da campanha para as eleições gerais de 15 de outubro.

Popularidade não significa votos

Mas o analista político moçambicano Silvestre Baessa duvida que a crescente popularidade de Afonso Dhlakama se venha a refletir em votos nas urnas.

“O retorno dele foi sem dúvida grandioso, promoveu muito a sua imagem. Este regresso de Dhlakama dá alguma esperança à RENAMO de manter alguma influência no Parlamento, porque poderá conservar milhares de votos de pessoas que já não acreditavam na RENAMO e que agora voltam a votar”, avalia o analista político.

No entanto, adverte: “não estou muito certo se será suficiente para colocar a RENAMO muito próxima dos resultados de 1999 que foram históricos”. Na altura, Afonso Dhalkama obteve 47,7% dos votos e Joaquim Chissano, da FRELIMO, foi eleito Presidente de Moçambique com 52,3%.

No discurso eleitoral de Afonso Dhlakama deverá estar em destaque, segundo o seu porta-voz, a reforma da administração pública, sobretudo na política salarial nos sectores de saúde, educação e segurança pública. E são previsíveis naturalmente duras críticas ao partido no poder, FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique).

Para o analista Silvestre Baessa, “há uma tentativa clara de menosprezar a força do MDM e dar a entender que o verdadeiro adversário da RENAMO é a FRELIMO”, um “elemento dominante também na campanha da FRELIMO”. No entanto, no entender de Baessa, “o maior adversário da FRELIMO e da RENAMO é o MDM”, Movimento Democrático de Moçambique, a terceira força política do país. Depois de ter conseguido uma grande projeção nas cidades, o MDM avança na campanha nas zonas rurais, o que representa uma ameaça principalmente para a RENAMO.

Um líder "mais galvanizado"

Questionado sobre se Afonso Dhlakama está preparado para percorrer o país de lés a lés, o porta-voz António Muchanga garante que, depois do acordo de paz, o líder está “mais galvanizado”.

Dhlakama "terá de fazer um esforço de poder pisar todas as províncias". "Dependendo da condição estratégica de cada província, há províncias onde ele vai demorar mais tempo do que noutras. Por exemplo, as províncias de Zambézia e Nampula têm um eleitorado muito superior, na sua maioria, duas vezes mais do que as outras províncias. Portanto, é lícito que ele tente dobrar o tempo que vai permanecer em Nampula e na Zambézia, mas tendo em conta que terá de palmilhar todas as províncias do norte ao sul”, sublinha Muchanga.

Depois de Chimoio, Afonso Dhlakama segue para Nampula, no norte de Moçambique.

Glória Sousa – Deutsche Welle - ontem

Moçambique – Acordo de Paz: OBSERVADORES CHEGAM A MAPUTO




O grupo dos observadores militares internacionais, cuja responsabilidade é monitorar o processo de implementação do acordo de cessação das hostilidades militares, chega esta semana ao país. Entretanto, o chefe da equipa, um brigadeiro do Botswana, que deverá dirigir o comando central, já se encontra desde domingo em Maputo.

O facto foi ontem anunciado à Imprensa no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, na capital do país, pelos chefes das delegações do Governo e da Renamo, respectivamente José Pacheco e Saimone Macuiana, no final da septuagésima sétima ronda do diálogo político.

Para além do chefe da equipa, também chegaram domingo a Maputo os observadores militares do Zimbabwe. No total, são 23 os observadores militares internacionais de nove países que estarão envolvidos na monitoria do processo de implementação prática do acordo de cessação das hostilidades, homologado dia 5 de Setembro corrente pelo Presidente da República, Armando Guebuza, e pelo dirigente da Renamo, Afonso Dhlakama.

Trata-se da África do Sul, Botswana, Cabo Verde, Estados Unidos da América, Grã-Bretanha, Itália, Portugal, Quénia e Zimbabwe, cujos peritos militares deverão se juntar a 70 oficiais moçambicanos para se encarregarem do processo de integração dos elementos da Renamo nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e na Polícia da República de Moçambique (PRM), bem como de inserção social e económica daqueles que não reunirem aptidões físicas ou psíquicas para o efeito e assegurar que no final nenhum partido político estará armado em Moçambique, ao abrigo da lei.

Três sub-comandos deverão ser instalados, nomeadamente, nas regiões sul, centro e norte.

O chefe da delegação governamental afirmou que o desafio é acelerar os mecanismos de implementação e de várias outras acções nesse âmbito. Segundo José Pacheco, é no âmbito desse desafio que se ficará a saber, efectivamente, o número dos homens da Renamo e a sua localização, visando a criação das necessárias condições logísticas nos locais onde se encontram e sua posterior movimentação para efeitos de integração e inserção social e económica.

Pacheco disse que na ronda de ontem, as duas partes ouviram o relatório de trabalho realizado pelos respectivos peritos militares à volta da instalação da base de actuação para os observadores militares internacionais. A delegação do Governo também colocou na mesa do diálogo o interesse que há de, paralelamente à monitoria da implementação da lei que homologou a cessação das hostilidades, as partes começarem a discutir o terceiro ponto da agenda, atinente à despartidarização da Função Pública.

Segundo José Pacheco, a delegação do Governo solicitou a da Renamo para que colocasse na mesa do diálogo o que, efectivamente, pretende que seja tratado no terceiro ponto da agenda, a fim de que, de forma célere, seja “atacado” o ponto sobre questões económicas. Tudo está a ser feito para que até ao final do ano a agenda, de quatro pontos, seja esgotada.

Sobre o receio que algumas comunidades da Gorongosa têm de retornar às suas zonas de origem, José Pacheco tranquilizou, dizendo que nada há a temer, porque o Governo e a Renamo assinaram o acordo de cessação das hostilidades. O chefe da delegação governamental disse que em Moçambique há liberdade de expressão e de movimento, no âmbito da qual as pessoas podem circular à vontade.

Por seu turno, Saimone Macuiana, chefe da delegação da Renamo, disse, entre outras coisas, que é propósito do seu partido que a missão dos observadores militares internacionais entre em acção o mais rapidamente possível, tendo em conta que o acordo já foi homologado e publicado em Boletim da República.

“Nestes termos, estão criadas as condições de podermos avançar no sentido de implementação dos entendimentos e também nos interessa que as nossas equipas possam trabalhar em outros aspectos que vão permitir a efectivação de um conjunto de acções que devem ser harmonizadas”, disse.

Saimone Macuiana afirmou que a Renamo vai honrar a sua palavra e tudo fará para que o cumprimento do acordo seja célere. Convidou a todos os moçambicanos, incluindo os profissionais da comunicação social, para que se envolvam no cumprimento do espírito e da letra do acordo.

Felisberto Arnaça – Notícias (mz)

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Moçambique - Campanha Eleitoral: DHLAKAMA SAI HOJE À RUA, SIMANGO E NYUSI MUITO ATIVOS



Dhlakama sai hoje à rua

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, sai hoje à rua em campanha eleitoral, 17 dias depois do início do processo a 31 de Agosto último. O seu primeiro contacto com o eleitorado terá lugar no Chimoio, capital da província de Manica.

No domingo, Afonso Dhlakama esteve na sua terra natal a fim de venerar os espíritos dos seus antepassados para que desta vez não falhe a corrida à Ponta Vermelha. 

O delegado político provincial da Renamo em Manica, Sofrimento Matequenha, disse que o seu líder achou por bem, antes de iniciar a campanha, chegar ao seu berço, depois de mais de dois anos na Gorongosa, de onde saiu para homologar o acordo de cessação das hostilidades a 5 de Setembro corrente. O candidato presidencial da Renamo orienta hoje comício popular no bairro da Soalpo, onde vai transmitir a sua mensagem eleitoral.


Simango hoje em Manica

O candidato do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, escala hoje a província de Manica, ido de Tete onde trabalhou durante os últimos quatro dias.

Em comícios populares que realizou em Angónia, Tsangamo, Chiúta, Moatize e cidade de Tete, o concorrente do MDM prometeu reformas nos sectores de Saúde, Educação e, sobretudo Agricultura.

Aliás, nos seus encontros com a população, Simango prometeu, insistentemente, fomentar a agricultura mecanizada, caso vença as eleições de 15 de Outubro.

Segundo disse, não faz sentido que as pessoas continuem a sofrer de fome, quando Moçambique possui vastas terras férteis que podem muito bem ser aproveitadas pelos agricultores para a produção de alimentos. 

“Então, mecanizando a agricultura, o défice alimentar que se verifica um pouco por todo o país reduzirá significativamente e, consequentemente, comida à fartura para todos os moçambicanos”, sublinhou.


Nyusi com novo projecto agrícola

O candidato presidencial da Frelimo, Filipe Nyusi, comprometeu-se ontem, em Tete, a trabalhar para a melhoria da dieta alimentar dos moçambicanos, bem como criar emprego para jovens.

Para tal, apresentou um novo projecto de produção e produtividade para o sector que, entre outros aspectos, compreende o uso de sementes melhoradas, alargamento de campos agrícolas através da prática da agricultura mecanizada, assim como insumos da nova geração. 

Filipe Nyusi, que falava na vila de Furacungo, distrito de Macanga, sublinhou que com aquele projecto estão criadas condições para a melhoria da dieta alimentar das pessoas, bem como abertura de novos postos de emprego para a camada juvenil. Para Nyusi, aquele distrito possui enormes potencialidades agrícolas para a produção de qualquer tipo de culturas, entre, tabaco, feijão, milho e outras que bem aproveitadas podem melhorar as condições de vida da população daquela região e do país. 

“Vamos investir no novo ciclo produtivo, criar emprego e produzir riqueza. Isso significa fazer grandes machambas acompanhadas de uma mecanização intensiva para resolver os problemas dos jovens”, disse o candidato da Frelimo.

Notícias (mz)

Timor-Leste: Mari Alkatiri não confirma casinos em Oecússi, uma "importante fonte de receita"




Díli, 14 set (Lusa) - O presidente da Autoridade da Região Administrativa Especial de Oecússi, Mari Alkatiri, escusou-se a confirmar a abertura de casinos no enclave timorense, mas admitiu que são uma "fonte de receita importante", cujo destino tem de ser bem gerido.

"Acho que as pessoas não estão a entender. Se vier a haver, é uma fonte de receita que é importante, mas que é preciso depois saber gerir e definir o destino dessa receita", afirmou Mari Alkatiri, em entrevista à agência Lusa.

Para o antigo primeiro-ministro timorense, o dinheiro do petróleo quase afundou o país e, por isso, recusa levar o dinheiro dos casinos para afundar Timor-Leste.

"Isso, eu não quero. Vou fazer com cuidado para que qualquer nova receita que venha de uma forma muito fácil seja gerida como um crédito que está a ser dado à sociedade, à comunidade, para usar para desenvolver a sua capacidade criativa e melhorar a sua qualidade de vida", explicou.

Além de presidente da Autoridade da Região Administrativa Especial de Oecússi, Mari Alkatiri lidera também o projeto-piloto da Zona Especial de Economia Social de Mercado, que pretende incentivar o desenvolvimento regional integrado, através da criação de zonas estratégicas nacionais atrativas para investidores nacionais e estrangeiros.

Questionado pela Lusa sobre se há muitos investidores interessados no projeto, Mari Alkatiri admitiu haver "muito interesse".

"Costumo dizer que tenho medo quando as coisas começam a aparecer ao mesmo tempo e com um volume tão grande. Este é o meu estilo, primeiro crio as instituições para gerir os interesses como eu quero e enquanto não tenho as instituições eu tenho medo", confessou à Lusa.

Para já, Mari Alkatiri quer "acelerar os passos", porque é preciso criar as instituições para fazer a gestão do investimento privado.

"Quando me dizem que vêm investir 200 milhões eu tenho de saber que estão mesmo a investir 200 milhões, porque na base desses 200 milhões é que eles vão comprar os retornos. Eu tenho de ter capacidade para perceber se estão mesmo a investir 200 milhões e agora não tenho capacidade institucional para isso", explicou.

Sobre a reação das comunidades locais ao projeto de desenvolvimento, o antigo primeiro-ministro disse que é preciso explicar às pessoas o que é e em que é que podem beneficiar.

"Naturalmente, umas pessoas tão simples, que vivem do dia-a-dia, daquilo que conseguem produzir sentem-se inseguras, mas também são elas que mais facilmente entendem quando se começa a explicar as nossas políticas e isso traz benefícios, porque eles também querem sair deste tipo de vida", disse.

No que respeita ao despejo de pessoas de alguns locais devido à construção e alargamento de estradas e do futuro aeroporto, o presidente da Autoridade da Região Administrativa Especial de Oecússi garantiu que ninguém vai ficar sem casa.

"Terra não falta aqui para construir casas. Agora ou se quer mudar realmente a qualidade de vida ou não se quer mudar. Isso depende da liderança política, de quem governa, é preciso saber explicar às pessoas que isto vai elevar a qualidade de vida deles", insistiu.

Segundo Mari Alkatiri, já estão a ser identificados novos locais para serem construídos bairros mistos (urbanos e rurais) para que as "pessoas possam continuar ligadas àquilo que estão habituadas a fazer", a agricultura de subsistência.

"Esta é a política que vai ser. Aumentar a qualidade de vida, mas manter as pessoas dentro do seu equilíbrio com a natureza", esclareceu.

Na entrevista, Mari Alkatiri explicou também que estão previstas obras de ampliação do hospital local para se tornar num estabelecimento médio de "referência nacional" e uma nova central elétrica com capacidade de 20 megawatts.

"As pessoas que vêm investir também querem ter uma certa garantia que têm um sistema de saúde capaz de dar assistência nos primeiros momentos e um sistema de transporte que os possa retirar se for necessário", referiu.

MSE // VM - Lusa

Projeto de Oecússi será "uma surpresa" dos timorenses para a Indonésia




Díli, 14 set (Lusa) - Zacarias Buçan é professor em Oecússi, enclave de Timor-Leste, e está otimista com o projeto piloto de economia social de mercado que vai ser desenvolvido naquele distrito, um "orgulho" para os timorenses darem de "surpresa à Indonésia".

"Vai ser o melhor, é um orgulho para o povo de Oecússi. Para os timorenses darem de surpresa à Indonésia", afirmou à agência Lusa aquele professor timorense de 57 anos.

Zacarias Buçan não esquece a ocupação indonésia de Oecússi, que ocorreu a 29 de novembro de 1975, e apesar de não ter sido guerrilheiro, fez parte da Frente Clandestina e no seu patriotismo garantiu que a vida naquele distrito melhorou depois da independência.

O Governo de Timor-Leste aprovou um projeto-piloto para a criação da Zona Especial de Economia Social de Mercado, liderado pelo antigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri, que foi nomeado administrador da nova região administrativa.

"A população de Oecússi está contente com o projeto porque vai mudar a vida das pessoas, porque vai haver mais emprego, mais escolas, mais saúde", afirmou o professor Zacarias Buçan.

Otimista e forte defensor do projeto-piloto, o professor insiste que o desenvolvimento vai mostrar à Indonésia que Oecússi é independente, mas que as pessoas precisam de trabalhar.

"É muito importante trabalhar. As pessoas têm de trabalhar para serem independentes, não podem ser oportunistas. Um povo quando é independente tem de trabalhar muito e não pedir esmolas", salientou.

Mas, para o professor, que dá aulas no suco Costa numa escola com 200 alunos, também é preciso que os ordenados sejam maiores.

"Para a minha vida, o dinheiro que ganho não é o suficiente", disse.

São 323 dólares (249 euros) para suportar a casa com cinco filhos. A mulher não trabalha.

"A minha filha mais velha ainda não foi para a universidade porque não tenho dinheiro", disse.

Zacarias Buçan tem terrenos, mas a escola rouba-lhe muito tempo e por isso não os consegue cultivar.

"Os agricultores vivem melhor, comparando com os funcionários do Estado", lamentou, para rapidamente recuperar o seu otimismo num projeto que vai trazer melhores estradas, pontes e um barco novo para fazer a ligação com Díli.

Ao novo administrador de Oecússi, o professor pede também que seja ensinado ao povo a cultivar, a pescar e a criar animais.

Aos timorenses, relembra que as "pessoas trabalhadoras mudam a vida e as dependentes do Estado não conseguem melhorar".

MSE // VM - Lusa

MILITARES DA INDONÉSIA REALIZAM MISSÃO EM TIMOR-LESTE



Cooperação bilateral

Díli – Um grupo de militares veteranos da Indonésia visita Timor-Leste esta semana, na sequência da decisão do Governo indonésio de criar uma equipa para procurar o local da morte do líder da Resistência Timorense, Nicolau Lobato.

Um antigo General da Indonésia, Agum Gumelar, disse recentemente que o seu Governo lhe pediu para criar uma equipa composta por ex-militares, para encontrar o local da morte de Nicolau Lobato.

Acredita-se que o líder da Resistência Timorense foi morto num combate contra a força militar indonésias, a 31 de Dezembro de 1978, entre os distritos de Aileu e Ainaro. No entanto, o local não foi ainda identificado.

Agum Gumelar disse que foi convidado pelo seu Governo para compor a equipa.

«Temos o compromisso de encontrar as fronteiras onde foi morto», disse o veterano militar da Indonésia, em Jacarta, na semana passada.

O Governo de Díli informou esta terça-feira, que uma equipa composta por veteranos militares da Indonésia vai chegar a Díli a 26 de Setembro.

A visita visa fortalecer a relação bilateral entre Timor-Leste e a Indonésia, segundo disse um oficial do Governo de Timor-Leste à PNN.

Durante a estadia em Díli o grupo irá realizar uma visita ao cemitério do herói nacional de Timor-Leste, em Metinaro, e também fazer uma visita especial ao cemitério do herói indonésio, em Díli.

A equipa também terá algumas reuniões com os representantes do Governo, do Parlamento e das forças de Defesa timorenses (F-FDTL).

(c) PNN Portuguese News Network – Timor Digital - imagem em Fretilin Media

PRESIDENTE DA REPÚBLICA DA INDONÉSIA VISITA PORTUGAL DIAS 19 E 20




Lisboa, 15 set (Lusa) - O presidente da República da Indonésia realiza dias 19 e 20 uma visita de Estado a Portugal, prevendo-se encontros oficiais e um fórum empresarial, divulgou hoje a Presidência da República.

A convite do Chefe do Estado português, Aníbal Cavaco Silva, a visita inicia-se na próxima sexta-feira com a deposição de uma coroa de flores junto ao túmulo de Luiz Vaz de Camões, no Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa.

De acordo com o programa da visita, divulgado na página da Presidência da República na Internet, o presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono e a sua mulher, Ani Bambang Yudhoyono, serão recebidos no Palácio de Belém, prevendo-se uma reunião de trabalho entre os dois chefes de Estado.

Ainda na sexta-feira, haverá encontros com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, com a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, e uma cerimónia de entrega da chave da cidade de Lisboa, na Câmara Municipal, pelo presidente da autarquia, António Costa.

Para além da comitiva oficial, o Presidente da República da Indonésia chegará a Portugal acompanhado por empresários indonésios, prevendo-se a realização de um Fórum empresarial, acrescenta a nota divulgada no `site´ da Presidência.

SF // PGF - Lusa

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