domingo, 2 de fevereiro de 2014

Portugal: TENHAM MEDO, MUITO MEDO

 


Nuno Saraiva – Diário de Notícias, opinião
 
Incrédulo com a afirmação de que "todos os direitos das pessoas podem ser referendados", vista de fugida na televisão, não resisti ao desabafo instantâneo, através do Facebook. Instintivamente, escrevi: "O direito à justiça, o direito à saúde, o direito à educação, o direito ao trabalho e a um salário digno, o direito à não discriminação sexual, racial, política, religiosa ou qualquer outra. Isto para não falar no direito à vida. Tudo é, portanto, referendável e, por consequência, alienável." E acrescentei, a concluir: "Definitivamente, a imbecilidade não tem limites."
 
Minutos depois de exteriorizado o desconforto, Hugo Soares, homem de leis porque advogado, legislador porque deputado, líder da JSD e autor material da golpada que trava, para já, a aprovação da coadoção por casais de pessoas do mesmo sexo, "lamentava", na mesma rede social, a minha conclusão. Que a interpretação era errada, que a frase por ele proferida estava fora do "contexto" e que "se vir o debate, percebe que me estava a referir à questão de o direito de minorias ser ou não objeto de referendo", desafiando-me por isso a "perder cinco minutos" a ouvir a discussão na íntegra. Foi o que fiz, ainda mais assustado com a defesa da honra, quase eugénica, que acabara de ler.
 
Na ânsia de repor a verdade, Hugo Soares acabou ainda mais atolado na sua argumentação e no seu ideário. Portanto, na linha de raciocínio do chefe da Jota laranja, do que se trata é, afinal, de poder referendar todos os direitos, mas... das minorias. Por exemplo, levado à letra aquilo que Hugo Soares parece sugerir, Portugal, Estado laico de maioria católica, poderia referendar o direito à existência de uma minoria islâmica, judaica ou de outro qualquer credo. Por ventura, poderíamos ser convocados a decidir se uma minoria imigrante tem o direito a procurar emprego em Portugal quando há tantos portugueses sem trabalho. Ou, até, barbárie das barbáries, que fosse plebiscitado o direito da minoria homossexual a recorrer aos mesmos hospitais que a maioria heterossexual. Não se trata de demagogia. É apenas a interpretação literal do argumentário discriminatório de Hugo Soares.
 
Seguindo o conselho, lá fui ouvir o debate. E fiquei aterrado. Já não falo da persistente falta de respeito manifestada pelo Parlamento e pela democracia representativa, porque essa ficou absolutamente clara no dia em que o jovem deputado passou um atestado de menoridade a si próprio, enquanto eleito pelo povo, e tirou da cartola o referendo sobre a coadoção, aprovada há vários meses em votação na generalidade. O que me horrorizou foi a ignorância manifestada pelo líder da JSD no que à Constituição da República diz respeito e o desconhecimento face à história dos direitos das minorias, desprezando que as maiores conquistas civilizacionais da história da humanidade foram alcançadas, precisamente, porque não houve referendos. Isto é, se o povo tivesse sido chamado a pronunciar-se sobre o fim da segregação racial nos Estados Unidos, muito provavelmente ela não teria acabado. Se o direito das mulheres a votar tivesse sido submetido a consulta popular, talvez não tivesse sido consagrado. Se a abolição da pena de morte em Portugal, em que fomos, aliás, pioneiros, tivesse sido sujeita a referendo, é provável que, no limite do absurdo, ainda hoje vigorasse. E por aí fora.
 
Os direitos humanos, porque é disso que se trata, não se referendam. Estabelecem-se, respeitam-se e desenvolvem-se e não podem estar à mercê das ditaduras da maioria. E os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos não são, constitucionalmente, revisíveis.
 
Dito isto, considero que devo um pedido de desculpas ao dr. Hugo Soares. Na verdade, a afirmação sobre referendar direitos e posterior explicação não é uma imbecilidade, como abusivamente a classifiquei. É, isso sim, uma monstruosidade, uma enormidade, uma barbaridade, uma aberração, uma aleivosia, comparável ao ato de sabotar a proteção de direitos a famílias já constituídas.
 
Talvez se questionem sobre a razão que me leva a "perder cinco minutos" a escrever sobre esta figura aparentemente menor. Hugo Soares, desenganem-se, não é personagem de somenos. Tem já, desde logo, o poder de legislar. Num tempo em que cada vez mais o acesso à política parece reservado e circunscrito a quem faz carreira a partir das juventudes partidárias - vejam-se os casos do atual primeiro-ministro e do líder do maior partido da oposição - determinará a ordem natural das coisas que, um dia destes, o dr. Hugo Soares possa ascender a um lugar de maior peso e relevância. E, à luz do pensamento que até agora lhe conhecemos, será esse o momento para termos medo. Muito medo.
 

Portugal: O PS É CONTINUIDADE, NÃO É ALTERNATIVA

 

Balneário Público
 
João Galamba, deputado do Partido Socialista, foi entrevistado pela TSF/Dinheiro Vivo. Um entrevistador destacou-se, creio que jornalista do Dinheiro Vivo. O sujeito parecia um fanático do CDS ou do PSD. Um entrevistador acintoso e, pela relevância deixada, tendencioso. Mas mesmo assim ajudou a esclarecer o atual e futuro conteúdo do PS – sem novidade para os mais atentos. Disse Galamba que o PS ainda não está preparado para ser alternativa“. Pois não. Não está nem estará – a continuar por este caminho. O PS, ao contrário do dito por Galamba, há muito que não é alternativa ao PSD ou ao CDS mas sim continuidade das suas políticas. São um em três. Possui o PS máscaras de socialista tão falsas quanto a falsidade de Passos expressa durante a sua campanha eleitoral e comprovada após ser empossado primeiro-ministro. O Partido Socialista não é melhor nem pior para os portugueses que o PSD ou o CDS. Fazem parte do mesmo esquema. Os PS antigos não eram tanto assim (havia até os que nem eram assim de todo) mas desde que no PS passou a prevalecer a amálgama de neoliberais pseudo considerados de socialistas – rendidos às políticas do mercado e dos mercadores – passou a ser. Galamba ou é ingénuo ou anda distraído. Se foi para o PS esperançado em dar a volta ao partido será melhor tirar os cavalinhos da chuva. Esqueça e parta para outra. É que o PS está enxameado de falsos sociais-democratas, de falsos socialistas. Como se tem visto. O PS não é nem virá a ser alternativa ao CDS, nem ao PSD, nem a este terrível governo. É simplesmente a continuidade daqueles clamando com enorme falsidade que é diferente. O que vimos é que nuns e noutro não existem diferenças que possam vir a contribuir para melhor Portugal, melhores políticas com vista a mais democracia, mais justiça, mais igualdade na distribuição da riqueza que pertence cada vez mais a uma dúzia de sortudos – para não dizer de mafiosos que se apossaram e continuam a apossar das máquinas político partidárias, fazendo dos componentes dessas máquinas mafiosos serviçais que gravitam à babuja de vantagens e mordomias. O Partido Socialista já foi, atualmente não existe. Acreditando na honestidade de Galamba resta deixar um recado: Malhar em ferro frio não molda a forma daquilo que se pretende. E o que se pretende é uma sociedade mais justa, como consta na declaração de princípios do Partido Socialista. Item por cumprir e que jamais o PS atual cumprirá.
 
Ana Castelar
 
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VÉSPERAS DE DITADURAS DO CAPITAL?

 

Miguel Urbano Rodrigues
 
O discurso pronunciado em Montreux , na Suíça, na abertura da Conferência Internacional sobre a Síria, pelo vice primeiro deste país (odiario.info, 28/1/2014), é simultaneamente uma resposta à campanha de mentiras dos media ocidentais sobre a situação existente na Região e uma denúncia da aliança das potências imperialistas com as organizações terroristas por elas financiadas e armadas e os estados fundamentalistas do Golfo.

Precisamente porque os acontecimentos da Síria transcendem os problemas locais, os jornais ditos de referência e as cadeias de televisão dos EUA e da União Europeia dedicaram atenção mínima à serena e oportuna intervenção do vice-primeiro-ministro.

A campanha de calúnias diária e massacrante cujo alvo é o governo legítimo de Bassar al Assad reflete bem a hipocrisia, o amoralismo e o desespero crescente do grande capital internacional para encontrar soluções para a crise global do sistema que teve o seu início nos EUA, polo e motor da engrenagem de poder que oprime a humanidade.

As guerras genocidas desencadeadas contra os povos do Afeganistão, do Iraque e da Líbia, que arruinaram esses países e saquearam os seus recursos naturais, não produziram os resultados esperados. Os EUA, que conceberam essas agressões e implantaram ali o caos, a fome e a violência endêmica, simulam agora retirar as tropas de ocupação das regiões por eles empobrecidas e devastadas. No Iraque foram substituídas por exércitos de mercenários a serviço de transnacionais.

O veto da Rússia à intervenção militar direta norte-americana na Síria forçou Obama a dar o dito por no dito, depois de anunciar que iria bombardear o país. A primeira consequência desse recuo foi a abertura do diálogo com o Irão e o levantamento parcial das sanções impostas àquele pais.

A renúncia ao uso imediato da força não significa porém uma viragem na estratégia imperial para a Região. Cabe recordar que Barack Obama engavetou ou violou a maioria dos compromissos que assumiu durante a campanha presidencial que o levou à Casa Branca. Eleito, as promessas progressistas foram substituídas por uma política belicista.

O discurso do secretário de Estado John Kerry na abertura da Conferência sobre a Síria será aliás recordado como um modelo de farisaísmo. Teve o descaramento e impudor de repetir todas as calúnias forjadas pela propaganda imperialista, mas as suas ameaças a Bassar Al Assad esconderam mal a incapacidade de Washington as concretizar no atual contexto.

O ALERTA DE CHOMSKY

Noam Chomsky, num Festival de Ciências em Roma – ignorado pelos grandes media – procedeu a um inquietante e implacável diagnóstico da crise mundial.

Na sua opinião, as chamadas democracias representativas aproximam-se de um colapso porque as instituições não funcionam. Quem hoje na Comunidade Europeia toma as decisões importantes são dois ou três governantes e os burocratas de Bruxelas. O objetivo prioritário é a destruição das conquistas sociais – saúde, educação, segurança social, pensões de aposentadoria, etc. – conquistadas pelos trabalhadores após a I Guerra Mundial. O abismo entre o capital e o trabalho aprofunda-se. O sistema mediático, hegemonizado pelo capital, tudo faz para promover a alienação das populações, com a colaboração das falsas esquerdas.

Nos Estados Unidos o panorama esboçado por Chomsky não é menos sombrio. A situação assume tal gravidade que até o Wall Street Journal reconhece que o país se encontra à beira de um desastre irreparável. Qualquer que seja o governo – escreve o influente diário – democrata ou republicano, as políticas são as mesmas, porque são sempre «os banqueiros e os burocratas» que impõem as decisões.

Chomsky conclui que o perigo de governos da plutocracia na Europa e nos EUA é hoje uma ameaça real.

O CENÁRIO PORTUGUÊS

Em Portugal, o governo de Passos & Portas atua como discípulo dócil e entusiasta dessa estratégia criminosa.

A política do atual governo, a austeridade e a linguagem patrioteira que a enaltecem trazem cada dia à memória comportamentos dos governantes da época da ditadura.

Salazar combateu o défice orçamental e até produziu excedentes. A sua austeridade também foi levada adiante à custa dos trabalhadores e em benefício da classe dominante. As analogias são transparentes.

O quadro político e social mudou. O povo português foi sujeito de uma revolução democrática e nacional há 40 anos. A linguagem e os métodos dos ministros de Passos & Coelho não poderiam portanto repetir mecanicamente os dos homens de confiança do fascismo. Mas alguns dos membros do atual governo poderiam ter sido ministros de Salazar e por ele apreciados. A senhora das Finanças, sempre suave ao anunciar medidas perversas, teria nele certamente lugar. O ministro-adjunto Marques Guedes, com o seu estilo seráfico de João Semana também, assim como o responsável pela Defesa, que cultiva a mentira e a truculência, bem como uma chusma de secretários de Estado, capitaneados pelo inefável Marco António. É duvidoso que Portas fosse apreciado por Salazar pela sua imprevisibilidade e ambição ostensiva, e admito que Passos, pela pose e escassa inteligência, não o impressionaria.

Mas o conjunto leva-me diariamente, pela opção ideológica, obra e oratória a recordar a pior fauna política das décadas do fascismo.

Dói estar consciente de que o governo Passos & Portas exemplifica bem o modelo de ditadura plutocrática esboçado por Chomsky. No país do 25 de Abril eles conseguiram implantar um regime autocrático. A fachada democrática esconde mal a ditadura do capital. Mas não sou pessimista. Anima-me a convicção de que o povo português, ao reencontrar-se com a História, volte em breve a assumir-se como sujeito. O aumento torrencial das lutas sociais e da combatividade das massas reforça a esperança de que os trabalhadores, liderados pela CGTP, se mobilizem para enfrentar e afastar do poder os que hoje os oprimem, roubam e humilham.
 
Serpa, 29 de Janeiro de 2014
 
O original encontra-se em pcb.org.br/...

Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/ .
 

A VITÓRIA DE SNOWDEN E O FRACASSO DE OBAMA

 


Ex-agente que denunciou NSA indicado para Nobel da Paz. Em Washington, presidente debate-se para preservar espionagem e salvar aparências
 
Cauê Seignemartin Ameni – Outras Palavras, em Blog da Redação
 
Aos poucos vão surgindo as evidências de que a história trabalha mais a favor do ex-agente Edward Snowden, do que do presidente americano Barack Obama. Na quarta-feira (29/01), o ex-agente que revelou a maior plataforma de vigilância da história, foi indicado para concorrer o Prêmio Nobel da Paz. Oscar Wilde, escritor inglês do século XIX, sintetizou uma vez a importância histórica de fatos como este: “a desobediência, é aos olhos de qualquer estudioso da História, a virtude original do homem. É através da desobediência que se faz o progresso, através da desobediência e da rebelião”.
 
No outro lado da corda, Obama admitiu pela primeira vez em público (17/01), a necessidade de mudanças no trabalho da Agência de Segurança Nacional americana (NSA). Depois de sete meses de revelações cada vez mais desconfortáveis e crescente clamor público, ponderou: “nossa liberdade não pode depender das boas intenções de quem está no poder, e sim da lei que restringe esse poder”. Num longo discurso, apoiou alguns pontos do grupo de especialistas criado pela Casa Branca para reformular o sistema de vigilância do governo. Mas ignorou as sugestões mais importantes, mantendo-se em apenas dois pontos superficiais: 1) restringir progressivamente o programa de armazenamento maciço de dados telefónicos nos EUA, tal como existe hoje e; 2) limitar a espionagem sobre líderes aliados – inimigos continuam sendo alvo – , que provocou uma tempestade diplomática com países amigos.
 
Para vastos setores da opinião pública que pedem o fim da perseguição a Snowden, o governo americano passou longe do esperado. Em seu editorial, o próprio New York Times classificou o discurso de Obama como “eloquente sobre a necessidade de equilibrar a segurança da nação com privacidade pessoal e liberdades civis”, mas “frustrante em detalhas e vago na implementação”. O jornalista Lorenzo Franceschi-Bicchierai, especialista nos assuntos sobre ciber-política na revista digital Mashable Nova York, listou algumas mudanças importantes que foram completamente ignoradas.
 
1. Todos os outros programas de coleta em massa de dados contiuam
 
Obama apoia a proposta do grupo de especialistas que criou, para retirar da NSA o banco de dados sobre as chamadas telefônicas. No entanto, o governo não pronunciou uma palavra sobre como restringirá a coleta em massa de metadados da Internet. “Esse tipo de programa pode ser utilizado para obter mais informações sobre nossas vidas privadas e abre as portas a outros programas mais intrusivos”, diz o NYT.
 
2. O Defensor Público, no Tribunal FISA
 
O grupo interno recomendou a criação de um “Advogado Defensor do Interesse Público”, para lutar pela privacidade e liberdades civis perante os juízes do “Tribunal FISA” – que podem impedir a coleta de dados privados sobre cidadãos… Advogados e juristas apoiaram a ideia, uma vez o “Tribunal FISA” não respeita direitos civis básicos. Apenas os defensores do governo podem prestar depoimento; as sessões e os vereditos são secretos. Obama porém, não confirmou a aceitação da proposta. Apenas disse, vagamente, que um grupo de especialistas participará das sessões secretas do tribunal. E que serão ouvidos só em “casos significativos…”
 
3. Revisão Judicial das Cartas da Segurança Nacional
 
O FBI vem usando as chamadas Cartas de Segurança Nacional há anos, para exigir que bancos, empresas de internet e de telefonia entreguem dados de seus clientes e usuários. Funcionam como uma espécie de “salvoconduto” administrativo, liberando o FBI para requerer dados dos usuários diretamente às empresas, sem necessidade de pedir uma autorização judicial. O grupo interno de Obama, sugeriu que mudasse esse procedimento, reformando a lei, para tornar indispensável a aprovação de um juiz em todos os casos. Porém, a Casa Branca apoiou apenas mais “transparência” e não disse uma palavra sobre a necessidade de supervisão judicial.
 
4. Espionagem nas bases de dados de empresas comerciais norte-americanas em todo o mundo
 
Documentos vazados em outubro por Snowden, revelaram que a NSA recolhia vasta quantidade de dados de usuários na internet, sem que as empresas como Google e Yahoo soubessem. A agência obtve acesso aos servidores onde os dados eram armazenados. Obama não disse nada a respeito e o porta-voz da Casa Branca, contatado pelo site Mashable, não quis comentar o assunto.
 
5. O trabalho da NSA para derrubar os padrões de segurança e encriptação
 
Em setembro, o New York Times revelou o enorme esforço da NSA para derrubar os padrões de segurança e encriptação, de modo que os agentes tivessem acesso a comunicação que usuários acreditavam estar protegidas.
 
A NSA e até o FBI foram acusados de invadir sistemas criptografados, depois de terem solicitado que empresas de software incluíssem “portas do fundos” nos programas vendidos a consumidores, uma espécie de entrada secretas, por meio das quais espionavam os usuários da nova versão do Windows, por exemplo.
O grupo para reformular a NSA, apoiou a criação de tecnologia mais forte de encriptação, argumentando que o governo não pode “de modo algum subverter, minar, enfraquecer ou trabalhar para tornar vulneráveis, softwares oferecidos à venda a consumidores como se fossem seguros.” Obama nada disse sobre o caso.
 
Graves denunciais, nenhuma reposta
 
Obama também calou-se em relação às denuncias feitas ao longo dos últimos meses por grandes publicações internacionais, que se assustaram com a capacidade cada vez mais invasora da NSA. Numa das mais recentes, o New York Times revelou, em janeiro de 2014, o programa de implantação de vírus em cerca de 100.000 computadores mundo afora, para devassar dados e lançar ataques até mesmo a computadores sem acesso a internet. .
 
Usada desde 2008 para invadir computadores, a tecnologia via rádio permite contorna uma das principais dificuldades enfrentada pela agências durante anos: penetrar em maquinas cuja os adversários tornaram impermeável à espionagem ou ciberataque. O dispositivo é inserido fisicamente pelo fabricante do equipamento ou por um espião, transmitindo dados do computador visado comunicar através de radiofrequência.
 
O principal programa que usa este método radical de espionagem tem codinome Quantum. E entre seus alvos, estão o exército chinês; o sistema militar russo; a rede utilizada pelos cartéis mexicanos; instituições comerciais dentro da União Europeia, e terroristas inimigos da Arábia Saudita, Índia e Paquistão.
 
Ao expor tudo isso, Snowden girou a roda história. Revelou, lembra o New York Times, a ignorância e falta de controle do presidente americano, que não tinha conhecimento das operações obscuras perpetradas pela agência de segurança de seu próprio governo. Infelizmente, ao invés de parabeniza-lo, Obama preferiu desaprovar seus métodos. “A defesa da nossa nação”, disse, “depende em parte da fidelidade daqueles a quem os segredos são confiados”. A diferença é que, ao contrário do presidente, o ex-agente é mais fiel aos cidadãos do que as agências militares.
 

PR timorense considera "prioridade nacional" aumento da capacidade da força naval

 


Díli, 02 fev (Lusa) - O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, defendeu hoje como uma "prioridade nacional" o aumento da capacidade operacional da força naval para evitar a pesca ilegal e a perda de "milhões de dólares" no mar do país.
 
Taur Matan Ruak discursava na cerimónia de comemoração do 13.º aniversário da criação das Forças de Defesa de Timor-Leste.
 
"O nosso país continua a perder, todos os anos, muitos milhões de dólares, através da pesca ilegal por barcos estrangeiros no Mar de Timor. O aprofundamento da capacidade operacional e dos meios de serviço da componente naval continua, por isso, a ser uma prioridade nacional", afirmou o chefe de Estado timorense.
 
Para Taur Matan Ruak, cada dólar investido no desenvolvimento da componente naval vai ser recuperado com a "realização de receitas na atribuição de licenças de pesca legal e a capacidade para assegurar uma gestão mais sustentável da riqueza piscícola" do mar do país.
 
No discurso, o Presidente timorense defendeu também que o desenvolvimento de outras unidades, nomeadamente engenharia e sanitária, para aumentar o apoio dos militares à população civil.
 
"Os militares podem aprofundar a sua participação na implementação de projetos de desenvolvimento social, como renovação de escolas, reparação de pontes e aumentar a capacidade de assistência às populações civis em casos de desastres naturais, ou quando o Governo considerar útil a participação dos militares", disse.
 
O Presidente timorense, que ocupou o cargo de chefe de Estado-Maior General das Forças de Defesa de Timor-Leste até 2011, pediu também aos militares "disciplina" para desempenharem com "êxito as suas missões".
 
"O exemplo do espírito de serviço dos heróis da libertação nacional e o cumprimento rigoroso da disciplina são indispensáveis para os militares aperfeiçoarem o seu trabalho e continuarmos a erguer as forças profissionais e componentes que desejamos e que o país precisa", disse.
 
As Forças da Defesa de Timor-Leste foram criadas a 02 de fevereiro de 2001, em Aileu, com base nas unidades da guerrilha timorense, que lutou pela restauração da independência do país.
 
Na cerimónia participaram vários membros do Governo, representante do corpo diplomático acreditado no país e o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas da Malásia, Zulki-feli bin Mohamad Zin.
 
MSE // MSF - Lusa
 

Equipas de resgate na Indonésia procuram sobreviventes junto ao vulcão Sinabung

 


Jacarta, 02 fev (Lusa) -- As equipas de resgate indonésias procuram hoje sobreviventes da erupção do vulcão do Monte Sinabung, depois de estarem contabilizadas já 14 vítimas, de acordo com os últimos dados oficiais.
 
O vulcão, da ilha de Samatra, é um dos vários vulcões ativos na Indonésia, entrou em atividade em setembro e no sábado lançou várias rochas incandescentes e cinzas.
 
A zona em volta do vulcão está coberta por cinzas, nomeadamente na aldeia de Sukameriach, próxima do vulcão, onde as equipas de socorro vão enfrentar um tapete de cinzas de cerca de 30 centímetros de altura.
 
As equipas de socorro, com cerca de uma centena de elementos, estão equipadas com capacetes e máscaras de oxigénio para poderem trabalhar na zona afetada.
 
JCS // JCS - Lusa
 

Tailândia: Manifestantes antigovernamentais bloqueiam colégios eleitorais na capital

 


Banguecoque, 02 fev (Lusa) -- Os manifestantes antigovernamentais bloquearam hoje vários colégios eleitorais em Banguecoque, em dia de eleições gerais antecipadas boicotadas pela oposição e no meio de protestos.
 
Apesar de alguns boicotes, a chefe do Governo, Yingluck Shinawatra, votou na primeira hora depois da abertura dos colégios eleitorais e, além da capital, no resto da Tailândia a votação decorre com normalidade, com exceção de algumas províncias do sul.
 
No distrito de Din Deng, em Banguecoque, os manifestantes antigovernamentais cercaram um colégio eleitoral e lançaram pedras contra quem pretendia exercer o seu direito de voto, como observou um jornalista da agência Efe no local.
 
Pouco depois, as autoridades suspenderam a votação neste e noutros três distritos de Banguecoque devido à ação dos manifestantes que já tinham dito irem bloquear a votação.
 
Mais de 40 milhões de tailandeses estão convocados para as eleições que visam acabar com os protestos da oposição em Banguecoque, depois de várias semanas de manifestações.
 
A oposição, liderada pelos dirigentes do Partido Democrata, que apesar de nunca ter ganho umas eleições em duas décadas, não se apresentou ao sufrágio, e quer a demissão do Governo e a instauração de um conselho popular que introduza mudanças políticas antes da realização de eleições em 12 a 14 meses.
 
JCS // JCS - Lusa
 

Mais de 1.100 artistas animaram noite em Macau para celebrar Ano Novo

 


Mais de 1.100 artistas desfilaram hoje nas ruas de Macau para celebrar a chegada do Ano Lunar do Cavalo, o signo entre os 12 animais que ‘reina' este ano na mitologia chinesa.
 
Entre o Centro de Ciência e a Torre de Macau, num percurso de cerca de um quilómetro, os artistas dos grupos locais e do exterior, entre os quais 45 elementos da Marcha de Alfama, abrilhantaram a noite da cidade, inundada de turistas que celebram localmente o Novo Ano.
 
A parada, que se vai repetir a 08 de fevereiro, no nono dia do Ano Novo, terminou na Torre de Macau com um espetáculo de fogo-de-artifício e com um concerto de artistas locais, numa mistura de colorido e som lado a lado com os panchões, os cartuchos de pólvora semelhantes às bombas de carnaval, mas mais potentes e maiores, que eram queimados numa zona anexa pela população que cumpre rituais de ano novo.
 
A atração da parada de 2014, intitulada ‘Celebrar a Alegria e Abundância do Ano do Cavalo', prende-se também com cinco viagens a Portugal a sortear entre o público que votar no grupo vencedor e outras três a atribuir a fotógrafos profissionais e amadores que sejam escolhidos pela melhor fotografia.
 
Lusa – em Notícias ao Minuto – foto António Duarte Mil-Homens
 

Portugal: JOGO SUJO NA RTP

 

Balneário Público
 
Poiares Maduro, um crítico do governo de Passos Coelho, deixou de o ser depois de ingressar no governo. O professor deu uma lição repetida e que todos os portugueses já conhecem: dêem-me umas migalhas, um “tacho”, que eu calo-me. Poiares Maduro é ministro da propaganda governamental. Faz lembrar a senhora da limpeza no cargo que ocupa no governo. Esforça-se imenso para arrumar, ocultar e limpar a trampa. Desta vez vem uma vez mais tentar limpar a entrevista do desbragado e carroceiro que é manda-tudo na RTP, o senhor Da Ponte. O Maduro pode fazer o que quiser, tem esse privilégio, diga assim ou diga assado, cozido ou frito. Pode pretender usar os mais sofisticados processos de limpeza… Poder pode. Facto é que a trampa está feita e muito bem escarrapachada no jornal de Notícias (como é referido aqui no Balneário Público por Robles Neto), pelo que a nódoa que caiu no pior pano – o governo – jamais poderá fazer desaparecer. Nem sequer disfarçar. Maduro está assim vocacionado para falar, falar, sem conseguir limpar ou encobrir o chiqueiro que é habitat natural deste governo. Existe a vontade de dar a machadada final na RTP. Nos bastidores tudo para esse fim se compõe. Só falta saber quando terão a coragem de mostrar o jogo sujo que pretendem esconder. Para além de mentirosos, são batoteiros. A foto foi extraída de Notícias ao Minuto e o contexto a que me refiro está lá também.
 
Graça Pádua
 
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Portugal: REFERENDAR DIREITOS

 

Triunfo da Razão
 
Parece mentira, mas não é. O deputado do PSD e líder da JSD, Hugo Soares, afirmou num programa de televisão que "todos os direitos das pessoas podem ser referendados". Não se sabe se Hugo Soares, o autor da brilhante proposta de se referendar a co-adopção queria mesmo proferir aquelas palavras, ou se o seu discernimento decidiu tirar férias sem avisar.

O facto é que a frase foi proferida, o que demonstra qual a linha de pensamento deste ilustre deputado que, como já foi referido, nos brilhou com a proposta de referendo da lei da co-adopção.

Hugo Soares talvez não tenha percebido que ao dizer que "todos os direitos podem ser referendados" está a abrir um perigoso precedente. Ou talvez até perceba, o que torna tudo ainda mais inquietante.

Pena não termos visto esta ânsia por formas mais directas de democracia em matérias como os tratados europeus que comprometeram de forma indelével o país. Pena não vermos a mesma atitude em matérias como uma auditoria à dívida que pagamos e que, simultaneamente, desconhecemos.

Ana Alexandra Gonçalves 
 
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Portugal: A LIBERDADE CONDICIONAL DO DESEMPREGADO

 

Tiago Mota Saraiva – jornal i, opinião
 
Trabalhadores e empresas descontam para a Segurança Social 34,75% do salário-base, destinando-se quase 15% desse valor a cobrir a eventual situação de desemprego do trabalhador. O subsídio a que o trabalhador terá direito depende do valor e da duração da contribuição, ou seja, não é mais do que a devolução de uma parte do salário.
 
Vem isto a propósito de todos os procedimentos humilhantes a que um cidadão que requeira o subsídio de desemprego está sujeito. Como se já não bastasse a situação pessoal e profissional, sucessivos governos têm vindo a aumentar as formas de fiscalização de quem o requer.
 
O desempregado, durante o período em que está ao abrigo do subsídio, vive em liberdade condicional, com um sistema de regras e prisões próximas das de um condenado. Além da apresentação quinzenal, está sujeito a ter de frequentar acções de formação forçadas ou a receber em casa uma convocatória-relâmpago para se apresentar no centro de emprego. Não tenho dúvidas de que o balanço entre os custos deste sistema e a detecção de subsídios pagos indevidamente está longe de ser positivo para as contas públicas. Estamos, pois, perante um sistema de liberdade condicional no qual o mínimo incumprimento resulta num rápido procedimento de punição.
 
A forma como a sociedade tolera quem parlapateia a cantiga do "eles não querem trabalhar" vai deixando construir um sistema monstruosamente desumano. Repete-se com leveza a historieta do indivíduo que recebia indevidamente um subsídio de miséria e não nos interrogamos porque devemos pagar um sistema de fiscalização de desempregados que os impeça de passar uns dias longe de casa, que os force a fazer formações que não lhes servem e que obrigue quem recebe de volta uma parte do salário que não auferiu a procurar emprego.
 
Escreve ao sábado
 

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