Artur Queiroz*, Luanda
José Eduardo dos Santos liderou o MPLA e governou Angola entre Setembro de 1979 e as eleições de 2017. Conduziu os angolanos à vitória na Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Libertou a Humanidade desse crime hediondo que foi o regime de apartheid. Libertou Nelson Mandela. Esteve ao lado do Povo da Namíbia até à independência. Apoiou o Povo da África do Sul até ao esmagamento dos racistas de Pretória. Líder mais vitorioso é impossível.
Também registou fracassos. Fez a passagem da democracia popular para a democracia representativa. Trocou o socialismo pelo capitalismo que mata. Tratou a UNITA como uma instituição nacional e patriótica mesmo sabendo que era um bando armado a soldo de quem paga mais. De boa-fé assinou o Acordo de Bicesse mesmo sabendo que ia ser rasgado pelos traidores de sempre.
Para minimizar perdas adoptou políticas de Estado que permitissem criar uma burguesia nacional com nervo financeiro e capacidade empreendedora. Foi mal sucedido. Os poucos que triunfaram acabaram na valeta, na prisão ou no exílio. Espoliados dos seus bens. Na passagem de pastas não explicou ao seu sucessor que a burguesia nacional bem-sucedida pagava políticas sociais e financiava projectos importantes para combater a pobreza. Essa política foi abandonada com os resultados bem conhecidos e que tiraram o sorriso e a confiança à senhora ministra de Estado para a Área Social.
Antes de ir directo ao assunto,
neste 28 de Agosto de 2023, data
O cidadão João Lourenço, durante os cinco anos de mandato, disponibiliza dois milhões de dólares por mês para financiar projectos no Mundo Rural, nas províncias onde tem interesses e fortuna. Isso permite manter operacionais as redes viárias locais e financiar pequenas fazendas tipo mato fino ou mato médio. A cidadã Ana Dias entra com a mesma quantia. Por junto e atacado o casal presidencial entra com 240 milhões de dólares em cinco anos. Não é nada. Bagos de jinguba. Grãos de arroz caídos no chão.
Os outros multimilionários pagam
em função da sua fortuna calculada ou declara voluntariamente. Até às eleições
de
Nos meus tempos de repórter com sorte, durante cinco anos publiquei reportagens no dia 28 de Agosto, para homenagear o Presidente José Eduardo dos Santos na data do seu aniversário. Uma prenda humilde. Eu que já fui prenda valiosa. O Ernesto Lara Filho tocava sanfona e era convidado para muitas farras organizadas pela média e alta burguesia luandense. Levava-me de pato. Se a festa era de aniversário apresentava-me como a sua prenda para os aniversariantes. Se era outra farra qualquer era o seu assistente musical. Enquanto ele tocava, eu ficava ao lado com o copo de uísque que ele bebericava no fim de cada modinha.
Para comemorar este dia 28 de Agosto fui aos meus arquivos e de lá retirei duas peças. Uma com base em declarações do Brigadeiro Nando Conho. Outra sobre Cabinda. Leiam com o pensamento no nosso líder vitorioso.
Setembro de 1979. Nando Conho chegou à Cahama, Região Militar do Cunene. A aviação sul-africana semeava morte e destruição. A via que liga o Lubango a Ondjiva era conhecida como a “Estrada da Morte”. Até de noite os helicópteros armados com foguetes atacavam as colunas militares angolanas.
A guerra mudou no dia em que chegaram ao teatro das operações defesas antiaéreas sofisticadas. Os “karkamanos” experimentaram então o sabor amargo da derrota. O Comandante em Chefe, José Eduardo dos Santos, foi à linha da frente visitar os vitoriosos. Saiu da capital da Huíla num Land Rover branco, civil. Chegou às trincheiras de camuflado como um soldado. E felicitou os seus homens.
“Nem nos passava pela cabeça que o Presidente da República se fizesse ao caminho pela Estrada da Morte. Quando vi o Comandante em Chefe, vestido de camuflado, nem queria acreditar”, recorda o Brigadeiro Nando Conho.
“Quando cheguei à Cahama, o comandante era o capitão Farrusco, eu comandava um pelotão. E no teatro das operações fui promovido a chefe de companhia, chefe do estado-maior de batalhão, comandante de Batalhão e depois chefe de estado-maior de brigada”. Nando Conho já era um dos oficiais do comando na Cahama quando o Comandante em Chefe saiu do Lubango no Land Rover branco, acompanhado pelo general José Maria, na época capitão.
“Não me lembro do dia e hora em que o Comandante em Chefe chegou à Cahama. Fui avisado pelo comandante da brigada, Matias Lima Coelho Nzumbi. Ele disse-me que o comandante da V Região Militar, General Salviano de Jesus Sequeira (Kianda), tinha informado que íamos receber a visita de uma alta entidade. Mas não sabíamos exactamente quem era”.
Nando Conho não pode lembrar-se da data exacta. Na Cahama não existia dia nem noite. Ninguém registava o dia da semana ou o mês. Os combatentes apenas sabiam que os aviões sul-africanos nunca saíam do ar e despejavam bombas e metralha que matavam. Mas a História regista a data em que o Arquitecto da Paz foi ao campo de batalha: Dia 13 de Junho de 1984.
O momento da chegada está na memória do brigadeiro Nando Conho: “Eram dez da manhã quando chegou o Presidente da República com a farda de campanha. Não vinha nenhuma viatura presidencial. O Comandante em Chefe decidiu ir ao campo de batalha e foi, mesmo sem qualquer escolta, percorrendo a Estrada da Morte. Aquele gesto deu-nos uma coragem muito grande”.