domingo, 18 de março de 2012

ESSAS LÉSBICAS SÃO TERRIVEIS! (Uma breve crônica sobre o Apocalipse)




Marco Aurélio Weissheimer – Carta Maior

Fica difícil saber o que está incomodando mais o conservadorismo católico e seus porta-vozes: se a decisão pela retirada dos crucifixos das salas do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul ou o fato dela ter resultado de uma iniciativa da Liga Brasileira das Lésbicas e de outras entidades de defesa dos direitos de homossexuais.

É notável a quantidade de falácias e preconceitos que vêm sendo esgrimidos em público contra a decisão de retirar os crucifixos das salas do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Olhando para alguns dos artigos publicados recentemente, especialmente no jornal Zero Hora, fica difícil saber o que está incomodando mais o conservadorismo católico gaúcho e seus porta-vozes mais ou menos envergonhados: se a decisão pela retirada dos crucifixos ou o fato dela ter resultado de uma iniciativa da Liga Brasileira das Lésbicas e de outras entidades de defesa dos direitos de homossexuais.

O ex-senador Paulo Brossard não escondeu seu, digamos, desconforto. Em artigo intitulado Tempos Apocalípticos (ZH – 12/03/2012), Brossard critica a decisão “atendendo postulação de ONG representante de opção sexual minoritária”. No artigo, isso é dito logo após o ex-senador revelar que a filha, Magda, advertiu-o de que “estamos a viver tempos do Apocalipse sem nos darmos conta”. A única associação feita no artigo ao Apocalipse é com a iniciativa desta “opção sexual minoritária”. No final, Brossard “confessa” surpresa com “a circunstância de ter sido uma ONG de lésbicas que tenha obtido a escarninha medida em causa” e pergunta se a mesma entidade vai propor “a demolição do Cristo que domina os céus do Rio de Janeiro”.

Como jurista, Brossard deveria saber que o princípio da separação entre Estado e Igreja não implica, absolutamente, “a demolição do Cristo que domina os céus do Rio de Janeiro”. Aqui, o preconceito e a falácia andam de mãos dadas (como aliás, costuma acontecer). O que mais essas lésbicas vão querer agora? Demolir o Cristo Redentor? Acabar com o Natal?

A mesma dobradinha entre falácia e preconceito é exibida no artigo O crucificado, do jornalista Flávio Tavares (ZH – 18/03/2012), que também questiona a motivação das lésbicas e mesmo a legitimidade de sua organização, advertindo para perigos futuros. Tavares sugere que pode ser tudo ressentimento: “Desejarão as lésbicas repetir a intolerância de que foram vítimas?” – escreve, questionando se a liga que as representa não “é mero papel timbrado, como tantas no Brasil?” E adverte para os riscos de acabarem com o Natal e os feriados religiosos.

“Dizer que somos um Estado laico que não admite símbolos religiosos é falso e inadmissível. A ser assim, teríamos de terminar com o Natal e os feriados religiosos que pululam pelo calendário”.

Ao contrário de Brossard, o jornalista ainda poderia merecer o desconto de seu evidente desconhecimento a respeito do teor do princípio de separação entre Estado e Igreja, que não proíbe o uso de símbolos religiosos ou a prática de manifestações religiosas pelas pessoas. Ao contrário do que o jornalista e o jurista dizem, a proibição de símbolos religiosos em repartições públicas não é uma medida intolerante que desrespeita a liberdade de culto. É exatamente o contrário. No caso brasileiro, como a Igreja católica não é a religião oficial do Estado (como nenhuma outra o é, aliás), como existem outras religiões no país, e como vale aqui o princípio da liberdade de culto, o Estado e suas instituições, como o Judiciário, deve se manter equidistante das preferências religiosas particulares de seus cidadãos e cidadãs.

O Estado laico ou secular foi inventado, entre outras coisas, para garantir e proteger a liberdade religiosa de cada cidadão, inclusive a liberdade de não ter religião. A ideia é evitar que alguma religião em particular exerça controle ou interfira em questões políticas.

Todos os doutos juristas que vêm se manifestando a respeito do tema sabem disso, obviamente, ou deveriam saber, ao menos. A invenção do Estado laico foi regada com muito sangue e injustiça. Muito sangue, aliás, derramado pela própria Igreja Católica, que torturou e queimou milhares de pessoas na fogueira. Se há juristas interessados em ostentar em suas salas um símbolo de injustiça, poderiam, por exemplo, colocar na parede um retrato de Giordano Bruno, submetido a um “julgamento ultrajante”, brutalmente torturado e mutilado antes de ser queimado na fogueira.

A religião do Estado republicano é a Constituição. É para isso, entre outras coisas, que foi criada essa coisa chamada República. Nem sempre foi assim. Chegou-se a isso após muito sangue, injustiça e intolerância. A República é tolerante e generosa com a diferença. Ela não exige, por exemplo, que os templos religiosos coloquem uma Constituição na parede.

Mas tem gente com medo do iminente apocalipse que se aproxima. Esses dias terríveis onde as lésbicas – essa “opção sexual minoritária”, como diz Brossard – têm o poder de influir no que ocorre no interior dos tribunais. Como bom católico que é, Brossard foi pedir ajuda ao guardião da fé Dom Dadeus Grings, um ferrenho crítico dos direitos dos homossexuais e um revisionista do Holocausto. O diálogo pode ter sido mais ou menos assim: “Antigamente não se falava em homossexual”, reclamou, saudoso, Dom Dadeus a Brossard. “Minha filha Magda disse que é o Apocalipse”, respondeu o ex-ministro do STF…Pausa para um sinal da cruz.

Essas lésbicas são terríveis. Só falta elas pedirem agora o fim da isenção de impostos para as igrejas. É o fim dos tempos…

*Marco Aurélio Weissheimer é editor-chefe da Carta Maior (correio eletrônico: gamarra@hotmail.com)

Guiné-Bissau: ENTARDECER CALMO NA CONTAGEM DOS VOTOS



Fernando Peixeiro - Agência Lusa

Bissau, 18 mar (Lusa) - Bissau era ao fim da tarde de hoje uma cidade calma, com aglomerados apenas junto das assembleias de voto para assistir aos resultados locais das eleições presidenciais de hoje na Guiné-Bissau.

As urnas encerraram às 17:00 locais (mesma hora em Lisboa) mas algumas mantiveram-se mais algum tempo abertas, não por haver eleitores para votar, mas para compensar alguns atrasos na abertura.

Foi o caso, por exemplo, da assembleia de voto da rua de Angola, no centro da capital da Guiné-Bissau, onde o presidente da mesa, Aliu Camará, disse à Lusa que de manhã abriu também mais tarde, até porque "às 07:00 praticamente era de noite".

Enquanto elementos da mesa comiam placidamente arroz e não havia nem uma pessoa para votar, Aliu Camará dizia que a afluência não foi significativa, mas ainda assim maior no período da manhã.

Ali, dos 238 inscritos, votaram 163 eleitores, um número não muito diferente do verificado na mesa colocada junto da embaixada da Líbia, também na capital: 165 votantes de um universo de 238 inscritos, disse à Lusa Felix Malu, presidente da mesa.

De acordo com o que a Lusa verificou ao longo do dia em Bissau e segundo também relatos da imprensa, a abstenção foi elevada.

Depois de duas semanas de intensa participação na campanha, os guineenses parecem ter-se alheado hoje do processo e o dia decorreu com grande normalidade e sem grandes aglomerações junto das assembleias de voto.

Mais gente sim após as 17:00 para saber quem ganhou em cada mesa, mas mesmo assim apenas algumas dezenas, com a população a preferir ficar sentada à porta de casa, a passear ou, os mais jovens, a organizar jogos de futebol.

Foi assim no bairro de Antula, com muitas crianças a brincar e homens sentados a conversar, típico de um domingo qualquer, mas também no bairro QG ou nas imediações das assembleias de voto dos bairros de Plubá ou Santa Luzia.

Meninas a carregar baldes de água indiferentes à contagem de votos mesmo ali ao lado, homens a jogar às damas debaixo de uma árvore, mulheres a vender fruta, outras sentadas nas raízes expostas de uma árvore, a conversar, todos indiferentes sobre quem ganhava na "sua" assembleia de voto.

No centro de Bissau, a Lusa assistiu a duas contagens de votos em outras tantas assembleias (não representativas), nas quais o candidato Carlos Gomes Júnior ganhou. O candidato Henrique Rosa ficou em segundo lugar numa delas e o candidato Serifo Nahmadjo em segundo lugar na outra. Kumba Ialá ficou em terceiro.

Ainda hoje a Comissão Nacional de Eleições dará uma conferência de imprensa para balanço do ato.

Os resultados deverão ser conhecidos na próxima semana.

Leia mais sobre Guiné-Bissau - use os símbolos da barra lateral para se ligar aos países lusófonos pretendidos

Guiné-Bissau: CNE destaca normalidade, mas admite "alguns incidentes"



FP – MB, com foto

Bissau, 18 mar (Lusa) - A Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau considera que, de acordo com os relatórios chegados das diferentes regiões do país, as eleições de hoje decorreram "dentro da normalidade e sem incidentes de maior".

O balanço foi feito ao início da noite de hoje em Bissau pelo porta-voz da CNE, Orlando Viegas, que disse que o encerramento das urnas de voto das eleições presidenciais decorreu "de forma pacífica e ordeira" e que já se deu início à recolha dessas urnas.

O responsável disse que até à data a CNE registou "alguns incidentes relacionados com a duplicação de números de cartão de eleitor, com maior relevância na região de Oio".

"Contudo, os relatórios até agora enviados indicam claramente que os incidentes se situam na ordem de 01 por cento", disse Orlando Viegas, negando que essas "pequenas irregularidades" possam por em causa todo o processo.

Outras irregularidades ainda, disse, "foram identificadas e ultrapassadas pelo bom funcionamento do sistema".

Questionado pelos jornalistas, Orlando Viegas também disse que a CNE não dispõe ainda de dados concretos sobre a abstenção e que também não recebeu, até agora, qualquer reclamação formal sobre incidentes ocorridos ao longo do dia de escrutínio.

Citando a lei, Orlando Viegas disse que também que a CNE deve apresentar dados provisórios sobre a votação num período entre 07 e 10 dias.

Os guineenses foram hoje às urnas para escolher o próximo Presidente da República, na sequência da morte de Malam Bacai Sanhá, o Presidente eleito em 2009. Concorreram nove candidatos.


AO LEME… NA BANHEIRA DE BELÉM!



Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O Presidente da República portuguesa defendeu hoje, em Mirandela, que a “confiança é palavra chave” no momento actual do país para “mobilizar os cidadãos e vencer as dificuldades”.

Como verdadeiro homem do leme, que nunca se engana e raramente tem dúvidas, é gratificante ver como Cavaco Silva comanda a nau catrineta que navega nas tumultuosas águas da banheira do Palácio de Belém.

“A confiança é a palavra verdadeiramente chave neste momento. Sem confiança os empresários não investem, os empresários não contratam mais pessoas, sem confiança é difícil atrair o investimento estrangeiro, sem confiança os capitais procuram outras paragens, sem confiança é difícil mobilizar os cidadãos para vencer as dificuldades”, afirmou.

Bem dito, embora tenha esquecido (como é habitual) a outra parte. Ou seja, sem confiança os portugueses não aprendem a viver sem comer, sem confiança não aprendem a morrer sem ir ao hospital, sem confiança não aprendem a não ter vergonha de andar com uma mão à frente e outra atrás, sem confiança não olham com orgulho paras os bolsos vazios, sem confiança não se sentem felizes por António Mexia ter tido uma remuneração 1,04 milhões de euros no ano passado.

Nos tempos difíceis que o país atravessa, o “desafio mais sério” para o presidente da República, “é o combate ao desemprego” e “a confiança é uma chave que pode abrir a janela de esperança no futuro para os nosso jovens”.

Cavaco não disse mas, confiantes, os portugueses sabem que ele em termos vitalícios tem direito a 4.152 euros do Banco de Portugal, a 2.328 euros da Universidade Nova de Lisboa e a 2.876 euros de primeiro-ministro, ou, ainda, que no seu curriculum consta que foi primeiro-ministro de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995, que venceu as eleições presidenciais de 22 de Janeiro de 2006 e foi reeleito a 23 de Janeiro de 2011.

Cavaco Silva, que certamente tem a máquina de calcular avariada, lembrou os cerca de 800 mil portugueses desempregados (são bem mais do que um milhão) e os cerca de 150 mil jovens que não têm emprego. Não falou, mas esteve quase, das suas parcas reformas que não vão chegar para pagar as despesas.

“É preciso mobilizar toda a comunidade portuguesa para conseguir inverter a tendência para a queda da produção económica e a queda do emprego”, referiu Cavaco Silva, defendendo que “o futuro do nosso país vai depender muito da capacidade, como comunidade, para criar um ambiente favorável ao investimento empresarial, à produção de bens que concorrem com a produção estrangeira, que podem ser exportados ou substituir produtos que neste momento são importados”.

Ou seja, o presidente da República limitou-se a dizer o óbvio e continuar a caminhar como se nada tivesse a ver com o assunto. O que vai dizendo assemelha-se à verdade que um dia destes vai dizer sobre os portugueses: antes de morrerem estavam vivos.

Cavaco ressalvou, no entanto, que “ao mesmo tempo” é preciso manter “a coesão social” e, para isso, considera necessário “mobilizar todas as forças, todas as iniciativas, todas as regiões do país”, com destaque para o papel das autarquias.

Coesão social? Sim, com certeza. Tirando aquela parte da sociedade – também coesa – onde mamam os mexias do reino, a outra parte está igualmente coesa, cimentada na fome, na miséria, no ultraje, na escravidão.

“As autarquias são hoje verdadeiros agentes do desenvolvimento económico e social do nosso país, elas mobilizam as sinergias locais, impulsionam o empreendedorismo local, difundem uma cultura de inovação, apoiam as pequenas empresas, dão visibilidade aos produtos locais, apostam na sua valorização”, considerou.

Bom. Então é isso. O Ovo de Colombo está nas autarquias mesmo que três em cada quatro estejam sem dinheiro para pagar dívidas, mesmo que um quinto dos municípios estejam em falência técnica.

“E temos que ser capazes de reconhecer publicamente os talentos e os méritos daqueles que são os melhores”, acrescentou Cavaco, para sublinhar que “não há país que atinja um elevado nível de rendimento, de bem estar dos seus cidadãos, se não for capaz de reconhecer o talento e o mérito daqueles que são os melhores sociedade”.

Se calhar será por isso que o número de licenciados desempregados que anulou a inscrição nos centros de emprego para emigrar subiu 49,5% entre 2009 e 2011.

Cavaco Silva insistiu que o país não pode permitir que os seus jovens “vão para fora, só porque pensam que na sua terra a sua vontade de subir na vida, a sua vontade de ganhar mais, a sua vontade de servir melhor o país, não é reconhecida”.

Conheço pessoas de alto nível cultural e de um enorme talento que são motoristas de táxi, repositores de produtos em supermercado, fazedores de embrulhos em lojas e, é claro, desempregados. Também conheço políticos e similares (ministros, deputados, autarcas, assessores, administradores de empresas públicas, institutos etc.) que deveriam ser motoristas de táxi, repositores de produtos em supermercado, fazedores de embrulhos em lojas e, é claro, desempregados.

A diferença entre eles não está na origem do “dr.” (quem diz doutor, diz engenheiro) mas nas ligações partidárias que, a par ou não da competência, são muito mais do que meio caminho andado para se ter um bom tacho.

“Ninguém pode ser deixado para trás, ninguém pode ser deixado de lado”, principalmente os mais fracos, os mais frágeis, apontando “os idosos, os doentes, os deficientes”, disse Cavaco Silva.

Embora saiba que o Governo é cada vez mais forte… com os que são cada vez mais fracos, Cavaco Silva continua a fazer dos portugueses uns matumbos a quem basta peixe podre e fuba podre.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: Se quem mata é criminoso, porque carga de chuva quem fornece as armas é um herói?

Portugal: PROMISCUIDADES E MALDADES




Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião – Imagem We Have Kaos in the Garden

A demissão do secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, substituído por Artur Trindade, até agora diretor de Custos e Proveitos da Entidade Reguladora do Setor Energético, foi um processo simples, mas dele exalam cheiros complicados.

Para além de se registar que o novo secretário de Estado roda entre a função fiscalizadora e a função executiva, devemos observar com atenção: as notícias vindas a público sobre o discurso que o ex-secretário de Estado estaria para fazer no ISEG, onde mencionaria que o "lucro excessivo na energia tira 3500 milhões de euros à economia e às famílias até 2020"; o aumento de 10% na fatura da luz em 2013 que está a ser preparado; as provas de que o senhor Mexia se encheu de mexer no processo que levou à demissão do anterior secretário de Estado (leiam-se as suas intervenções públicas); a confirmação da intervenção protecionista do poder político (Governo) na defesa dos interesses dos acionistas privados da EDP, confirmando-se claramente por que razão os figurões da área do Governo - Eduardo Catroga e C.ª - foram "colocados pelos acionistas" em órgãos da EDP.

Mas, nesta semana tivemos outras notícias de interesse e, acima de tudo, que colocam aos trabalhadores e ao povo uma forte exigência de protesto, de denúncia, de luta pela mudança de rumo que o país segue.

Olli Rehn, comissário europeu, veio a Portugal dizer-nos, depois de múltiplas reuniões e auscultação do Governo, que "as reformas estão a correr bem", exatamente no dia em que Portugal foi referenciado como o país onde se está a destruir mais emprego, logo a seguir à Grécia, e onde a queda dos salários nos últimos meses é mais acentuada.

Foi notícia a burla tributária de 1,4 milhões de euros que terá sido praticada na compra da Compal pela Inbepor. Segundo o JN de 14.03 "os arguidos deverão alegar que o Fisco não pode considerar-se enganado, pois dispunha de meios para saber que a Inbepor não teria atividade no ramo das bebidas". É preciso ter lata! Parecem anjinhos que agiram sem consciência do que estavam a fazer.

Torne-se conhecido quem são as "personalidades" com responsabilidades nas empresas envolvidas, quem são os advogados ou as entidades de auditoria a fazer negócio no processo. Isso ajudará a clarificar águas e mostrará verdades necessárias aos portugueses.

Com a portaria n.º 320/2011 de 30 de dezembro está assegurado às grandes empresas um "gestor de contribuinte" personalizado, que lhes tem de "prestar assistência pré-declarativa", esclarecer dúvidas, dar "informação constante de bases de dados" e outra disponível e "acompanhar os processos de benefícios fiscais". Será que essa determinação é para evitar as fraudes e fuga ao Fisco que proliferam, ou para colocar os melhores quadros da Administração Fiscal como consultores gratuitos e depois serem responsabilizados pelos possíveis erros (ou burlas) que venham a ser cometidos?

No contexto da visita de Olli Rehn, o ministro Vítor Gaspar, reconhecendo implicitamente que a carga fiscal sobre os portugueses e sobre a generalidade das empresas é grande, promete para o futuro um sistema fiscal "capaz de ser amigo da competitividade e do emprego". Tal afirmação, vinda de um ministro para quem os problemas concretos das pessoas, da sociedade, das funções sociais do Estado não contam, o que significa?

Significa que: os interesses dos ricos e poderosos são salvaguardados e reforçados; os rendimentos do trabalho baixam; o desemprego alastra violentamente; a pobreza acentua-se; as classes médias são destruídas fruto de uma política económica e social desastrosa; significa uma política fiscal cada vez mais ardilosa, opaca e injusta, infestada de promiscuidades entre poder político e grandes interesses financeiros e económicos.

A austeridade do "custe o que custar" destrói a economia, reduz as receitas do Estado e empobrece os portugueses. E estamos perante uma política carregada de maldades múltiplas, em nome de falsas promessas de futuro.

Para travar este estado de coisas é preciso, e já, forte ação social e política e mobilização dos portugueses e portuguesas.


PROTESTOS EM NOVA IORQUE NOS SEIS MESES DO “OCCUPY WALL STREET”




Jornal de Notícias, com foto de Eduardo Muñoz, Reuters

Centenas de manifestantes assinalaram os seis meses do aniversário do "Occupy Wall Street" [Ocupa Wall Street] ao concentrarem-se no parque onde nasceu o movimento em Nova Iorque, e desafiando a polícia com a improvisação de uma tenda.

O cineasta Michael Moore juntou-se a cerca de 600 pessoas que entoavam "Todo o dia, toda a semana, ocupar Wall Street!" ["All day, all week, occupy Wall Street!"], na Praça da Liberdade (Parque Zuccotti), sob o olhar atento de dezenas de polícias.

A manifestação que teve início durante a noite, foi sendo reforçada com a chegada de mais protestantes que se afirmavam dispostos a passar a noite no local.

Pouco depois da meia-noite, os protestantes improvisaram uma tenda de papelão e lona, violando as regras que proíbem abrigos no parque.

Durante o dia de sábado, manifestantes marcharam junto a Wall Street, numa ação que resultou num número não especificado de detenções, informou a polícia.

O Parque Zuccotti foi o ponto de difusão do movimento para outros locais dos Estados Unidos e do mundo, numa iniciativa lançada em setembro de 2011 por anti-capitalistas, anarquistas e pessoas desiludidas com o seu futuro económico. O acampamento acabaria por ser desmantelado ao fim de dois meses.

Com a chegada da Primavera, estima-se que os líderes do movimento tentem recuperar a sua dinâmica.

Moore, que dirigiu filmes como "Capitalism: a Love Story" e "Fahrenheit: 9/11, disse que estava "excitado por ver o que iria acontecer". "Nós nunca tivemos nada assim neste país, ao abordarmos a situação económica", comentou.

França: SONDAGEM DÁ DERROTA A SARKOZY À SEGUNDA VOLTA



Jornal de Notícias

O presidente e candidato à reeleição nas presidenciais francesas, Nicolas Sarkozy, vence a primeira volta com meio ponto de vantagem, mas perde na segunda para o socialista François Holande, revela uma sondagem que confirma previsões anteriores.

A sondagem, publicada, este domingo, pelo "Le Journal du Dimanche (JDD)", é a primeira desde a apresentação oficial das candidaturas e revela que, na primeira volta, Sarkozy conquista 27,5% dos votos contra os 27% de Hollande.

Na segunda volta, o presidente conservador perde com 46% das intenções de voto, contra os 54% do socialista.

Esta sondagem confirma a tendência identificada numa sondagem revelada na terça-feira e na qual o presidente aparecia pela primeira vez a liderar os resultados da primeira volta, embora não conseguisse confirmar a vantagem na segunda.

François Hollande, por seu lado, está a perder terreno à medida que avança a campanha eleitoral e afasta-se das sondagens que, há algumas semanas, o davam com mais de 30% das intenções de voto na primeira volta e mais de 10 pontos de vantagem na segunda.

Segundo a sondagem de hoje, realizada pelo Ifop através de entrevistas telefónicas a 1005 pessoas entre quinta e sexta-feira, a abstenção será de 29%, acima dos 16% registados em 2007 e dos 10% de 2002.

A candidata do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen, mantém-se como a terceira mais votada, conseguindo a simpatia de 17,5% dos inquiridos, segundo a sondagem.

Atrás surge o centrista do MoDem, François Bayrou, com 13%, seguido do candidato da Frente de Esquerda, Jean-Luc Melénchon, com 11%, e da ecologista Eva Joly, com 2,5%.

SARKOZY À BEIRA DO ABISMO - II



Martinho Júnior, Luanda

3 – Qual o papel da inteligência francesa nos acontecimentos na Síria?

Por que razões profundas ela lá se encontra?

Até que ponto há propaganda mentirosa sobre os acontecimentos, em especial no que diz respeito às questões que se prendem com as acções militares e o sangue inocente derramado?

Um dos “sites” que têm divulgado mais dados que são deliberadamente escondidos dos mídia controlados pelo Pentágono está o Voltairenet, um “site” aliás que contribuiu para desmascarar o carácter político do próprio Sarkozy, que por Thierry Meyssan é considerado uma figura com perfil de agente dos norte americanos.

Agente ou não, o “animal político” que dá pelo nome de Sarkozy sempre teve a tendência para se colocar, por vezes de forma subserviente, sob a alçada daqueles que foram personificando a ditadura do grande capital à escala global e continental: George Bush e Ângela Merkel!

É com esse percurso que a sua trilha em relação aos países do sul se tem feito sentir, principalmente em África e no Médio Oriente!

4 – No caso corrente da Síria, as coisas estão a correr mal, em contraste com os (imensos) êxitos conseguidos na Líbia (“Os erros de apreciação pagam-se caro – III” – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/kadafi-os-erros-de-apreciacao_28.html).

Correram mal no Conselho de Segurança da ONU, pois o veto da Rússia e da China impediram que a evolução do cenário na Síria seguisse a trilha da ementa da Líbia à mercê de alguns dos componentes da OTAN!

Os falcões de Israel sentiram isso, conforme o que alguns analistas que lhes são favoráveis lançaram para fazer ondas na opinião pública (“Seciruty Council will not condemn Syria” – http://www.israelnationalnews.com/News/News.aspx/146295).

Correram mal na sequência do veto da Rússia e da China no CS da ONU, pois a ofensiva militar da Síria correndo o risco de provocar muito sangue (“danos colaterais” quando é “fogo amigo”), colocou a nu o papel das ingerências militares integradas nos rebeldes em Homs.

A 22 de Fevereiro o Voltairenet em “A guerra secreta da França contra o povo sírio” (http://www.voltairenet.org/La-guerre-secrete-de-la-France) referiu:

“Durante a tomada do bastião rebelde no bairro de Bab Amr, em Homs, o exército sírio fez mais de 1.500 prisioneiros, a maior parte estrangeiros.

Entre eles, uma dúzia de franceses requereram estatuto de prisioneiros de guerra, declinando a sua identidade, a sua patente e a sua unidade de afectação.

Um de entre deles é um coronel do Serviço de Reconhecimento do DGSE”.

(…)
“A França solicitou a ajuda da Federação da Rússia para negociar com a Síria a libertação de prisioneiros de guerra”.

(…)
“Na ausência de tratados pertinentes, a guerra secreta conduzida pelo presidente Sarkozy e pelo seu governo, é um acto sem precedentes sob a Vª República.

Ela viola o artigo 35º da Constituição e constitui um crime passível da Corte suprema (artigo 68º)”.

A 26 de Fevereiro o Voltairenet voltava ao tema (“La France ouvre dês négotiations avec la Syrie pour récupérer ses 18 agents” – http://www.voltairenet.org/La-France-ouvre-des-negociations):

… «Se Paris admite que eles agiram em missão, eles beneficiarão do estatuto de prisioneiros de guerra e serão protegidos pela Convenção de Genebra, mas se Paris nega os ter enviado, eles serão considerados como civis estrangeiros, serão julgados na Síria pelos seus crimes e incorrem em pena de morte ».

(…)
“Se as negociações decorrerem de forma secreta, a França deverá pagar indemnizações de guerra particularmente pesadas, seja em numerário, seja sob a forma de privilégios económicos.

Se elas se tornarem públicas, a França pode esperar indemnizações menos onerosas, mas Nicolas Sarkozy e Alain Juppé dever-se-ão explicar perante seus concidadãos.

O seu campo hipotecará então as suas chances de ganhar a eleição presidencial, pelo que o presidente arrisca mesmo de ser conduzido perante a Alta Corte de Justiça (artigos 35 e 68 da Constituição)”.

A 28 de Fevereiro o Voltairenet dava conta da detenção do 19º prisioneiro francês (“Un 19ème agent français arrêté en Syrie” – http://www.voltairenet.org/Un-19eme-agent-francais-arrete-en):

« A rede Voltaire soube de fonte segura que um agente francês foi feito prisioneiro pelo Exército Nacional Sírio, a 27 de Fevereiro de 2012, em Azouz (distrito de Idlib, próximo da fronteira turca).

Com essa detenção, eleva-se a 19 o número de franceses presos por Damasco.

Negociações pela restituição estão em curso por via da federação russa, dos Emiratos Árabes Unidos e Sultanato de Oman »…

A 10 de Março por seu turno, a Voice of America em português publicava « Moscovo acusa Tripoli de treinar rebeldes sírios » (http://www.voanews.com/portuguese/news/03_08_2012_un_libya_syria-141935783.html):

“A Rússia acusou a Líbia de treinar combatentes oposicionistas sírios em campos líbios e dos enviar para a Síria para atacar as forças do presidente Bashar al-Assad.

O embaixador da Rússia nas Nações Unidas fez esta acusação durante o encontro de quarta-feira do Conselho de Segurança da ONU durante o qual participou o primeiro-ministro líbio.

O embaixador russo Vitaly Churkin referiu que o seu governo tinha manifestado preocupação sobre a proliferação de armas líbias, para lá das fronteiras, após a queda em Outubro passado de regime Gadhafi.

Segundo Churkin não são já apenas as armas que estão a sair para o estrangeiro.

Recebemos informação de que a Líbia, com o apoio das autoridades, tem um centro de treino especial para revolucionários sírios e que indivíduos estão a ser enviados para a Síria para atacar o governo legal”…

O que Thierry Meyssan detalha na sua análise “Fin de partir au Proche-Orient” (http://www.voltairenet.org/Fin-de-partie-au-Proche-Orient), é esclarecedor sobre para onde Sarkozy tem conduzido a França na Líbia e na Síria:

… “O mais estranho nesta situação, é observar os medias ocidentais a auto persuadirem-se que os salafistas, os wahhabitas e os combatentes do movimento Al Qaeda estão inspirados na democracia, agora que eles não cessam de apelar através das redes de satélite Sauditas e do Qatar, a degolar os heréticos alaouitas e os observadores da Liga Árabe.

Pouco importa que Abdelhakim Belhaj (número 2 da Al Qaeda e actual governador militar de Tripoli, Líbia) tenha vindo pessoalmente a instalar os seus homens no norte da Síria e que Ayman Al-Zawahiri (número 1 da Al Qaeda depois da morte oficial de Oussama ben Laden) tenha apelado à jihad na Síria, a imprensa ocidental prossegue o seu papel romântico de revolução liberal”…

Os acontecimentos na Síria estão a desencadear por toda a região e até ao Cáucaso, uma guerra pouco visível de inteligências e suas influências: em jogo está também o oleaduto Baku – Tbilissi – Ceyhan!

Será que as coisas correrão bem para Sarkozy nas próximas eleições presidenciais francesas ?

Mesmo que ganhe as próximas eleições não há dúvida duma coisa : sob os pontos de vista ético e moral, pelo menos sob a óptica do africano consciente, de tão se colocar à direita Sarkozy está à beira do abismo e começa a ser um caso de foro psiquiátrico, um pouco como Mussolini e Hitler !

Pode parecer aos « ocidentais » um exagero, mas para os africanos que se apercebem do corpo unerte (ainda) do continent, há apenas com uma diferença : sem aparente « programa », mas com um nefasto peso específico em relação à própria vida dos povos de vastas regiões de África, pelo menos toda a África francófone incluindo as regiões geo estratégicas e muito sensíveis do Golfo da Guiné e dos Grandes Lagos (bacia do grande Congo) estão em grande parte à mercê das suas « políticas »!

Foto: Dois da mesma “trincheira”, Bush e Sarkozy!



Se quem mata é criminoso, porque carga de chuva quem fornece as armas é um herói?




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O coronel Theoneste Bagosora, acusado de ser o "cérebro" do genocídio ruandês de 1994, que causou mais de 800.000 mortos, foi condenado no dia 18 de Dezembro de 2008 a prisão perpétua pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) para o Ruanda.

Acho muito bem, apesar de a justiça teimar (quando teima, e teima poucas vezes) em actuar à posteriori e não como meio profiláctico. É que, digo eu, para os 800 mil mortos já nada adianta a prisão de Theoneste Bagosora.

E se ladrão tanto é o que entra em casa como o que fica à porta, no banco dos réus do TPI deveriam também estar todos aqueles que, por esse suposto mundo evoluído, lhe forneceu armas.

Nenhum desses criminosos fabrica armas. Elas vão lá parar, a troco de petróleo ou de diamantes, enviadas pelo Ocidente que é onde elas se fabricam. Aliás, se Omar al-Bashir ou Thomas Lubanga, por exemplo, não existissem teriam de ser fabricados para que a indústria de armamento, que não é africana, pudesse continuar a ter lucros fabulosos.

O TPI considerou que Theoneste Bagosora foi o principal instigador do genocídio ruandês que, em 100 dias, vitimou mais de 800.000 pessoas. E, enquanto o TPI se entretém a fazer esta justiça (sem dúvida importante), outros genocídios continuam a acontecer, sem que se tomem medidas profilácticas.

Por cada genocídio que acabe, outro tem necessariamente de nascer. É disso, ou também disso, que vivem os países mais ricos do mundo. Com a diferença que os criminosos dão a cara, enquanto os instigadores e municiadores se acobardam nos areópagos da alta política ocidental.

Outros dois oficiais do exército ruandês foram condenados à mesma pena, igualmente por genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade. "O tribunal condena Bagosora, Aloys Ntabakuze, Anatole Nsengiyumva a prisão perpétua", afirmou na altura o presidente norueguês do tribunal, Erik Mose.

E então os outros? Os europeus, os norte-americanos e os russos não deveriam também ser condenados?

Foi feita justiça? Foi, com certeza. E, portanto, todos podem dormir descansados até aos próximos julgamentos. É que, com tanta hipocrisia internacional, não vão faltar casos para julgar e – é claro – milhões de vítimas para somar ao rol dos que não contam para nada.

De acordo com a acusação, Bogosora anunciou em 1993, ao fechar a porta a negociações com os rebeldes tutsis da Frente Patriótica ruandesa, que ia regressar ao país para "preparar o apocalipse", ou seja, o genocídio.

Hoje todos sabem que há outros generais a "preparar o apocalipse" mas, apesar disso, estão caladinhos. Lá vão vendendo as armas, trazendo petróleo e diamantes e depois reclamam justiça e decretam umas prisões perpétuas.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

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Horta quase de fora da segunda volta quando estão contados mais de 70% dos votos



MSE – Lusa, com foto

Díli, 18 mar (Lusa) - Lu Olo e Matan Ruak lideram a contagem dos resultados provisórios das presidenciais de sábado em Timor-Leste, colocando José Ramos-Horta quase fora da segunda volta quando só faltam apurar três distritos, onde o atual Presidente está em desvantagem.

Ao fim do dia de domingo em Timor-Leste estavam contados 73,45 por cento dos votos (460.216 votos), colocando Francisco Guterres Lu Olo em primeiro lugar com 124.081 votos (28,26 por cento), seguido de Taur Matan Ruak com 109.968 votos (25,04 por cento).

O atual Presidente do país, José Ramos-Horta, ocupava o terceiro lugar com 79.044 votos (18 por cento).

O apuramento dos votos está encerrado em 10 distritos, segundo dados do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), restando por contar Baucau, Lautém e Oecussi, onde José Ramos-Horta está em desvantagem.

Em Baucau, Francisco Guterres Lu Olo tinha 49,26 por cento dos votos (20.995 votos), seguido de Taur Matan Ruak, com 41,69 por cento (17.768). José Ramos-Horta tinha 1,71 por cento dos votos (729).

No distrito de Lautém, Lu Olo também liderava com 40,99 por cento (3.896 votos), seguido de Matan Ruak, com 31,63 por cento (3.006). O atual chefe de Estado tinha 5,94 por cento dos votos (565).

Em Oecussi, Matan Ruak ocupava a segunda posição com 22,70 por cento (3.327), seguido de Lu Olo, com 19,97 por cento (2.927), e de Ramos-Horta, com 16,54 por cento (2.424).

A primeira posição em Oecussi pertencia a Fernando La Sama de Araújo, com 22,86 por cento (3.351 votos).

No distrito de Díli, Matan Ruak venceu com 31,68 por cento dos votos, seguido de Lu Olo, com 25,84 por cento. Ramos-Horta obteve 21,08 por cento.

O distrito de Ermera foi ganho pelo Presidente cessante, com 36,15 por cento dos votos, seguido de Lu Olo, com 19,61 por cento, e de Matan Ruak, com 13,75 por cento.

O distrito de Covalima foi para La Sama de Araújo com 28,32 por cento dos votos, seguido de Lu Olo, com 25,62 por cento, e de Matan Ruak, com 20,78 por cento. Ramos-Horta obteve 14,59 por cento.

No distrito de Liquiçá, a vitória foi também para La Sama de Araújo, com 26,89 por cento dos votos, seguido de Lu Olo, com 22,33 por cento, e de Matan Ruak, com 19,60 por cento. O atual Presidente conseguiu 19,17 por cento.

Manatuto foi conquistado por Matan Ruak, com 34,83 por cento dos votos, seguido de Lu Olo, com 20,28 por cento, e de Ramos-Horta, com 19,23 por cento.

Em Manufahi, ganhou Lu Olo, com 27,50 por cento dos votos, seguido de La Sama de Araújo, com 24,12 por cento, e de Matan Ruak, com 18,46 por cento. Ramos-Horta ocupava a quarta posição, com 13,04 por cento.

No distrito de Viqueque, Lu Olo obteve 58,98 por cento, seguido de Matan Ruak, com 27,58 por cento, e de La Sama de Araújo, com 5,40 por cento. Ramos-Horta conseguiu 1,72 por cento.

Em Aileu, o Presidente cessante venceu com 35,96 dos votos, seguido de La Sama de Araújo, com 17,24 por cento, de Matan Ruak, com 14,74 por cento, e de Lu Olo, com 13,70 por cento.

No distrito de Ainaro, La Sama de Araújo obteve 39,18 por cento dos votos, seguido de Ramos-Horta, com 20,76 por cento, de Lu Olo, com 13,65 por cento, e de Matan Ruak, com 11,48 por cento.

Em Bobonaro, venceu La Sama de Araújo, com 24,75 por cento dos votos, seguido de Ramos-Horta, com 22,29 por cento, de Matan Ruak, com 20,86 por cento, e de Lu Olo, com 20,68 por cento.

Dos 460.126 votos contados, 17.486 foram considerados nulos e 6.324 estavam em branco.

Segundo os dados do STAE, existem ainda 291 votos reclamados.

O STAE envia na segunda-feira os resultados provisórios para a Comissão Nacional de Eleições, que terá 72 horas para resolver reclamações e confirmar os resultados provisórios.

Os resultados oficiais serão anunciados pelo Supremo Tribunal de Recurso o mais tardar até ao início da próxima semana.

Timor-Leste: Lu Olo "contente" e "confiante" para segunda volta - porta-voz candidatura



MSE – Lusa

Francisco Guterres Lu Olo, candidato que lidera a contagem de votos das presidenciais de sábado em Timor-Leste, "está contente" e "confiante" para a segunda volta, disse hoje o porta-voz da candidatura, José Teixeira.

"Apesar de tudo, especialmente da alta abstenção, Francisco Guterres Lu Olo está contente com o resultado, que naturalmente seria melhor se a participação fosse maior", afirmou.

O porta-voz da candidatura disse também que o candidato está "confiante para a segunda volta" e que a "equipa de sucesso já está a preparar a estratégia para assegurar a vitória".

Segundo os últimos dados disponibilizados pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) timorense, Francisco Lu Olo Guterres lidera a contagem com 117.259 votos, seguido de Taur Matan Ruak com 103.098 votos.

Na terceira posição encontra-se o atual chefe de Estado do país e que se recandidatou ao cargo, José Ramos-Horta, com 75.058 votos e Fernando La Sama de Araújo, presidente do parlamento nacional, com 71.962.

Os dados do STAE indicam também que já foram contados 411.632 votos. Os números da abstenção ainda não foram oficialmente divulgados.

Mais de 625 mil eleitores timorenses foram chamados sábado às urnas para eleger o terceiro Presidente do país, desde a restauração da independência a 20 de maio de 2002.

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Timor-Leste: "VAMOS SER UM PAÍS MUITO DEMOCRÁTICO"



AL – Ponto Final (Macau)

O ambiente está “surpreendentemente” pacífico, diz o português e residente de Macau André Madeira. André vive na segunda maior cidade de Timor-Leste, Baucau, onde está a desenvolver um projecto de permacultura financiado pelo Governo da RAEM.

Habituado a cenários de violência e problemas de segurança movidos por forças políticas, André está presentemente viver um “ambiente normalíssimo”, embora sinta que as forças policiais estão em alerta máximo, “devido aos desacatos das eleições anteriores”.

“Estou relativamente calmo, embora tenha algum receio que algo possa acontecer”, admite. Porque mais vale prevenir do que remediar, foi criada uma rede de apoio aos portugueses em Baucau, “que veio actualizar contactos e pontos estratégicos caso haja uma emergência, e inclusive, haverá escolta policial caso seja preciso”.

Pelo contrário, o representante da Fretilin em Baucau, Talik Reis, assegura que o povo timorense não está preocupado com a segurança. “O que realmente preocupa os timorenses é o final da Missão Integrada das Nações Unidas (UNMIT) e a retirada das forças australianas e neozelandesas do país”, diz.

Está tudo a postos para a primeira volta das eleições presidenciais de um dos países democráticos mais jovens e, ao mesmo tempo, instáveis do mundo. Poderá haver uma segunda volta em Abril, caso seja necessário.

Ouvidos pelo PONTO FINAL, cidadãos timorenses olham para o futuro do país com esperança e optimismo. Pela primeira vez, desde que o país conquistou a independência em 2002, tudo aponta para que as eleições decorram “normalmente”, e líderes e cidadãos mostram mais consciência do significado da palavra democracia.

Tempo de paz

“Paz, Estabilidade e Desenvolvimento” são as palavras de ordem destas eleições presidenciais que decorrem sob o olhar atento e receoso da comunidade internacional.

“A maioria das pessoas, principalmente os nossos dirigentes, está agora a dar mais ênfase à paz, unidade e estabilidade”, diz Leopoldino, membro da representação da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO na sigla inglesa) em Timor.

As eleições de sábado são um dos eventos mais importantes para determinar o futuro de Timor-Leste, diz Leopoldino, e os cidadãos estão mais cientes do significado da palavra democracia. “As pessoas são agora livres para escolher quem vai liderar esta nação ou o partido que pode governar o país. Todos têm o direito de participar activamente num partido ou de apoiar qualquer um dos candidatos, mas têm de evitar a violência e instabilidade”, avisa.

Já o activista e músico Eugénio Lemos reconhece que houve “alguns casos domésticos” de violência durante a campanha. Todavia, “a crise política de 2006 foi uma grande lição para a maioria dos timorenses e não vamos repetir isso outra vez”, afirma.

Hoje, Timor é um país mudado, continua Leopoldino. “Toda a gente está concentrada na estabilidade nacional depois da missão da ONU partir”, salienta.

Bons augúrios

André acredita que o facto de a campanha se ter desenvolvido sem grandes tumultos, é sinal de que as eleições vão decorrer sem problemas. “Estou confiante que estas eleições vão ser o ponto de transição entre a fase de instabilidade e o começo do desenvolvimento destemido da população”, salienta o português.

Para Talik Reis, estas eleições vão servir de referência para as próximas legislativas. Contudo, o militante da Fretilin condena o sistema de registo de eleitores, que pode deixar muita gente de fora do acto eleitoral.

“O problema é que a Aliança de Maioria Parlamentar aprovou uma lei em que cada eleitor deve votar no suco [circunscrição composta por uma ou mais aldeias] em que foi registado sem analisar o contexto social actual em que muitos estudantes e trabalhadores se encontram em distritos longe do seu suco”, critica.

De acordo com Talik, em Díli existem cerca de seis mil estudantes de cada um dos 13 distritos que estão longe dos seus sucos, “sem contar com os funcionários e trabalhadores do sector privado”. O representante da Fretilin estima que o número de eleitores que vai cumprir o dever cívico de votar sofrerá drasticamente.

Há 12 candidatos a concorrer ao lugar de Presidente da República Democrática de Timor-Leste. Os timorenses garantem que o elevado número é reflexo de maior consciência democrática.

“Isto [o número de candidatos] significa que o nosso sistema democrático está a crescer em Timor-Leste”, diz Leopoldino. “Significa que Timor-Leste está a caminhar para ser um país muito democrático”, acrescenta Eugénio Lemos.

Já André Madeira tem uma opinião diferente. O português acredita que a abundância de candidatos significa incerteza e instabilidade legislativa.

“Vive-se ainda um estilo de vida muito tribal em Timor e os candidatos políticos são criados sem bases para gerir um país. Alguns candidatos ainda vestem fardas militares, o que demonstra um pouco a energia em volta destas eleições”, explica.

“As pessoas em Timor, na sua grande maioria, procuram algo a que se possam agarrar e identificar, sem que saibam exactamente o que realmente é melhor para Timor-Leste. Isto facilita a procura de votos pelos candidatos, permitindo então que haja tantos”, conclui.

Timor-Leste realiza as terceiras eleições presidenciais no mesmo ano em que se preparar para celebrar o décimo aniversário da restauração da independência. A missão da ONU foi prolongada até ao final de Dezembro. As tropas vão começar a retirar gradualmente a partir das eleições legislativas marcadas para Junho.

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