domingo, 29 de julho de 2018

A China e o seu campesinato

Rémy Herrera [*]

A questão da terra é absolutamente fundamental para compreender a China, assim como para apreender o que diferencia a China da grande maioria dos países do Sul (com excepção daqueles que fizeram uma revolução socialista, como o Vietname ou Cuba). De facto, a China conseguiu alimentar 19% da população do planeta a partir de apenas 8% das terras aráveis do globo. Apesar da amplidão da sua produção agrícola, não mais de 13% da superfície total do país pode ser cultivada. Como o povo chinês e seus dirigentes conseguir ultrapassar um desafio tão extraordinário? A explicação essencial encontra-se no facto de que na China (como no Vietname ou em Cuba), a terra é pública, propriedade colectiva das comunistas aldeãs e distribuída entre famílias camponesas, que utilizam-na principalmente para a produção de bens agrícolas destinados à manutenção da auto-suficiência alimentar.

A China representa assim um dos exemplos do êxito de um sistema fundiário que repousa nos direitos de todos os camponeses no seio da aldeia. Isso corresponde a uma igualdade no acesso à terra e na utilização desta, com um Estado presente in fine enquanto proprietário único e uma distribuição igualitária das terras entre as famílias beneficiárias do usufruto. Estudar a evolução histórica e a situação presente do campesinato chinês exige portanto examinar primeiramente a trajectória deste sistema fundiário fundamentado na supressão da propriedade privada e a sua capacidade de resistir aos ataques que sofre na época actual.

É verdade que nos dias de hoje numerosos camponeses chineses sofrem exploração e injustiça. Mas certas práticas socialistas residuais continuam a subsistir, inclusive a herança das grandes reformas agrárias. Em meados dos anos 1980, a adopção de um crescimento orientado para as exportações provocou fluxos de trabalhadores migrantes das regiões rurais para as cidades – fluxos constituídos sobretudo pelo excedente de força de trabalho das famílias rurais possuidoras de uma pequena parcela, sem expropriação de terras. O sector rural suportou o custo da reprodução social do trabalho e serviu de tampão para absorver nas cidades os riscos sociais provocados pelas reformas pró acumulação de capital. Ele mostrou igualmente sua capacidade de estabilização regulando o mercado de trabalho e reabsorvendo os trabalhadores migrantes desempregados nas cidades durante os períodos de crises.

Alguns entretanto apoiam a linha neoliberal – no exterior do Partido Comunista Chinês, mas também por vezes no interior, nomeadamente na rica região de Shangai – e preconizam uma mercantilização das terras. Sob a pressão de projectos de construção conduzidos por governos locais e orçamentos constrangidos e especuladores imobiliários, a expropriação das terras acelerou-se no decorrer da década de 1990. Cerca de 40 a 50 milhões de camponeses perderam assim suas terras; camponeses sem terra surgiram nos anos 2000, especialmente após a lei de 2003 que modifica a legislação sobre as terras aráveis colectivas e exclui uma nova geração da alocação de terras por redistribuição. Os perigos de tais evoluções são reais e enfraquecem os mecanismos de gestão dos riscos por internalização na comunidade rural, num momento em que 200 milhões de trabalhadores migrantes camponeses vivem na cidade e estão activos no interior da classe operária. Eis porque a propriedade fundiária colectiva em zona rural deve ser vista como a herança mais preciosa da revolução começada em 1949.

O arranque da China apoiou-se amplamente nas transferências de recursos extraídos do sector rural. No momento presente, a opção de ser orientar para a exportação tornou-se um modelo tão dependente e portador de desequilíbrios internos que a China tem de fazer enormes esforços para modificar sua trajectória de desenvolvimento investindo na sociedade rural, a fim de garantir o progresso social e preservar o ambiente. Soluções para promover uma via alternativa poderiam consistir em reactivar e revalorizar o estatuto do campesinato, redescobrir as ideias pioneiras dos movimentos de reconstrução rural e sustentar as experiências de revitalização das regiões rurais actualmente praticada no país, enquanto tentativas renovadas e poderosas, simultaneamente populares e ecológicas, de ultrapassar os aspectos mais destruidores do capitalismo mundial contemporâneo.

Depois de 1949, o novo regime aplicou uma industrialização de tipo soviético, que instala um sistema dual assimétrico em desfavor do campesinato. Entretanto, apesar desta estratégia de industrialização, o campesinato pôde beneficiar-se de reformas agrárias radicais. Se bem que os modos actuais de organização, produção e distribuição agrícolas estejam totalmente penetrados pelos mecanismos de mercado e já não tenham mais grande coisa a ver com aqueles da época maoista, a propriedade fundiária permanece estatal ou colectiva na China – ainda que formas degradadas sejam frequentemente encontradas, por vezes com um controle privado efectivo sobre terras. Mas a persistência da propriedade pública é uma chave que permite distinguir a situação – e o êxito – da China em relação aos outros países que têm uma dimensão continental comparável e pretensamente são "emergentes", tais como a Índia ou o Brasil, ou países regionalmente dominantes (África do Sul), para os quais a questão agrária está longe de ter encontrado condições, mesmo parciais, de solução.

Compreender as especificidades e progressos do campesinato chinês – que constitui a maioria da população – é importante a fim de medir, por oposição, o fracasso geral do capitalismo à escala mundial para resolver os problemas agrários e agrícolas. A deterioração da situação das agriculturas camponesas do mundo na sequência da exacerbação da dimensão alimentar da presente crise sistémica do capitalismo confirmou a incapacidade estrutural deste sistema para ultrapassar as contradições internas que ele gera. Estes problemas – os das famílias camponesas produtoras, os dos consumidores e mesmo os de todos os cidadãos – atingem os limites do suportável, nomeadamente em matéria de protecção do ambiente. No Sul, onde mais da metade dos países perdeu a capacidade de abastecer o seu povo em bens alimentares, onde três mil milhões de pessoas permanecem sub-alimentadas e onde as condições de vida dos camponeses – como nas favelas urbanas super-povoadas pelo êxodo rural – são dramáticas, os problemas ultrapassaram mesmo estes limites e são desumanos, inaceitáveis.

As disfunções que afectam os sectores agrícolas no sistema mundial capitalista são identificáveis através de paradoxos gritantes. Cerca de três mil milhões de pessoas sobre a terra continuam a sofrer fome (em um terço) ou desnutrição (em dois terços), enquanto as produções agrícolas ultrapassam as necessidades alimentares; daí uma super-produção de pelo menos 150%. Uma grande maioria destas pessoas vive em zona rural: os três quartos dos indivíduos que sofrem de sub-alimentação são camponeses. A extensão das áreas de cultivo agrícola no mundo é acompanhada por um declínio das populações camponesas em relação às populações urbanas. Uma parte crescente das terras é cultivada por transnacionais que não direccionam suas produções para o consumo alimentar e sim para destinos industriais ou energéticos mais rentáveis. Na África, um dinamismo das exportações agrícolas decorrentes de culturas comerciais de renda coexiste com o aumento das importações de produtos de base destinados a responder às necessidades alimentares. Obviamente, e com urgência, as coisas devem mudar.

O inimigo comum dos povos do Sul e do Norte é o capital financeiro, cada vez mais bárbaro e destruidor. E em crise. Para os povos em luta, o princípio director é o controle pelas comunidades da gestão das terras e da água enquanto bens comuns, que não devem ser privatizados nem mercantilizados. O que precisa ser buscado prioritariamente é a soberania alimentar – e uma condição para isso é o acesso à terra para todos os camponeses – a qual deve ser considerada como um objectivo para orientar a maior parte das lutas rurais. A reforma agrária visando redistribuir as terras aos camponeses está na ordem do dia na Ásia, África e América Latina.

A soberania alimentar está no cerne das lutas. Para atingi-la, um modo de produção diferente do capitalismo deverá ser praticado. É a própria modernidade que conviria repensar. O acesso à terra e aos recursos necessários à reprodução da vida, enquanto bens comuns, é um direito legítimo para todos os camponeses, para os trabalhadores e as pessoas do povo. Para que a soberania alimentar salvaguarde modos de gestão colectiva será preciso aceitar a presença dos agricultores familiares em qualquer futuro previsível do século XXI. Para resolver estas questões será preciso uma libertação da lógica destruidora do capitalismo. Para modificar as regras de dominação imperialista do comércio internacional, os camponeses, os trabalhadores e os povos do Norte assim como os do Sul deverão unir-se a fim de enfrentar em conjunto o capital financeiro e reconstruir estratégias alternativas para a longa e difícil transição ao comunismo. 

Referências
   Andreani T. et R. Herrera (2013), "Un Modèle social-démocrate pour la Chine ?", in P. Theuret ( dir. ), La Chine et le monde : développement et socialisme , p. 208-241, Le Temps des Cerises, Paris.
   GRAIN (2009), 'Grabbing Land for Food', Grain Seedling , janvier, Barcelone.
   Herrera R. et K.C. Lau (2018), "The Convergence of Peasant Struggles Worldwide," Economic and Political Weekly , vol. LIII, n° 11, p. 42-49, Mumbai.
   — (2015), The Struggle for Food Sovereignty , Pluto Press, Londres.
   Herrera R. et Z. Long (2018), "Some Considerations on China's Long-Run Economic Growth: From the Analysis of Factor Contributions to that of the Profit Rate," Structural Change and Economic Development , vol. 44, n° 3, p. 14-22, New York.
   Mazoyer M. et L. Roudart (1997), Histoire des agricultures du monde , Seuil, Paris.
   Nicholson P., X. Montagut et J. Rulli (2012), Terre et liberté ! , CETIM, Genève.
   Wen T. (2006), " Repenser le développement des campagnes ", L'Humanité du vendredi 8 septembre. 

26/Julho/2018

Imagem: Cartaz chinês de 1960

Do mesmo autor: 
  Acerca da natureza do sistema económico chinês 

[*] Investigador do CNRS (Centre d'Économie de la Sorbonne)

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

Portugal | Não, Senhor Ministro


Manuel Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

É longa a lista de contextos históricos em que, por razões objetivas e subjetivas, os povos foram conduzidos a terem de encarar a questão da sustentabilidade das contas públicas como algo imperativo, que tudo submete. Não poucas vezes tal "restrição" serviu para a imposição de agendas políticas não sufragadas, daí resultando injustiças e violências sobre os povos. A financeirização da economia aprofundou o argumentário que justifica a preocupação com tal sustentabilidade e vem subjugando a vida das pessoas ao "controlo do défice". Contudo é evidente que os cenários apresentados para nos condicionarem têm por detrás, amiúde, movimentos financeiros especulativos, manipulações de diverso tipo e múltiplos atentados à democracia.

O ministro das Finanças não mostrou até hoje apetência para ditador, não parece ser um homem deslumbrado com ambientes de salões e tem dado sinais de não pactuar com casos de compadrio e corrupção. Então, por que razão Mário Centeno contribui, através das suas análises e pronunciamentos públicos, para condicionar a margem de manobra das políticas em várias áreas, nomeadamente, nas que são estruturantes do desenvolvimento da sociedade, como por exemplo: a saúde, a educação, aspetos centrais da legislação do trabalho, as infraestruturas? Por que razão se preocupa tanto em credenciar a lógica da política orçamental da União Europeia, quando muitos - talvez incluindo ele próprio - sabem perfeitamente que essa lógica está errada? É possível que considere essa sua posição fator importante para a melhoria da notação da dívida pública pelas agências de rating, mas pode estar a subestimar os impactos negativos no crescimento económico vindos de uma consolidação orçamental exagerada que, paradoxalmente, essas mesmas agências poderão invocar para não melhorarem a notação da dívida. E, entretanto, vai introduzindo limitações às políticas que sustentam o desenvolvimento da sociedade portuguesa e comprometendo os objetivos de governação à Esquerda.

Senhor ministro, falar como a Direita - atitude que por vezes parece ser a sua - pode, como sabe, levar-nos, consciente ou inconscientemente, a pensar como a Direita. Uma coisa é certa, tal opção não conduzirá a qualquer alternativa sustentada à Esquerda. Precisamos que o Senhor ministro seja criativo e não um mero executor de regras e regulamentos. Criativo e rigoroso na gestão dos nossos recursos e das contas públicas; criativo na construção de medidas que controlem e moralizem o setor financeiro, desarmem os negócios de favor das PPP, os sistemas de rendas excessivas e outras patifarias organizadas onde "o mesmo euro" ficou comprometido várias vezes; criativo e discreto na identificação de sugestões para a governação resolver os problemas do povo português; criativo nas propostas que, em nome de Portugal, é preciso apresentar no Eurogrupo, na Comissão e noutras instâncias.

Precisamos que o ministro das Finanças faça análises e combate político com objetivos imediatos e com dimensão estratégica. É uma evidência que vários dos grandes desafios que se colocam em áreas estratégicas que já mencionei, na economia em geral, na estrutura e capacitação da Administração Pública decorrem de erros acumulados durante longos períodos e de novas exigências do desenvolvimento que queremos. E, acima de tudo, eles espelham o lastro negativo deixado pelas políticas austeritárias que o Governo PSD/CDS e a troika nos impuseram.

O caminho a seguir não pode ser o do amedrontamento e cedência à Direita. Foi encetado um rumo que deve ser prosseguido sem hesitações. Necessitamos de um sistema público de saúde de qualidade disponível para todos, de melhorar a nossa escola para colocar mais jovens no Ensino Superior e formar os muitos adultos que têm qualificações insuficientes, de melhorar o acesso e eficácia da justiça. Isso far-se-á capacitando os profissionais destas áreas, contratando mais e assegurando-lhes carreiras e remunerações decentes. Precisamos de mais e melhor emprego o que implica continuar a melhorar o salário mínimo nacional, a assegurar diálogo e negociação, desde as empresas ao nível nacional, e a revitalizar a negociação coletiva.

* Investigador e professor universitário

Gravuras do Côa podem ser visitadas através do rio a bordo de uma canoa


O ministro do da Cultura abriu de forma simbólica uma nova modalidade de conhecer as gravuras rupestres do Côa, em que os visitantes podem apreciar esta arte milenar através de passeios de canoa pelo rio abaixo.

Estas visitas, nesta primeira fase, vão abranger sítios emblemáticos das Arte do Côa como a Canada do Inferno e a Ribeira de Piscos.

"A novidade desta oferta turística é a de se poder observar as gravuras rupestres, a partir do rio Côa. Há algumas gravuras que só mesmo de canoa se podem ver, sendo a primavera e o verão, o melhor período para o efeito", disse Luís Filipe de Castro Mendes.

O governante equipou-se a preceito, o foi mesmo um dos primeiros a dar ao remo, rio Côa abaixo, também de forma a "apadrinhar" esta nova iniciativa lançada pela Fundação Côa Parque (FCP), para atrair visitantes a este território que é Património Mundial da Humanidade.
"Gosto muito da realidade do Côa, esta nova equipa do FCP tem conseguido mobilizar as novas sinergias colocadas ao dispor por este Governo", frisou o ministro.

A Fundação Côa Parque assinala os oito anos do Museu do Côa e os 22 anos do Parque Arqueológico do Vale do Côa, de 28 de julho a 19 de agosto, tendo sido estas uma iniciativa que pretende assinalar esta data.

A 10 de agosto de 1996 foi criado o Parque Arqueológico do Vale do Côa, consequência do reconhecimento do extraordinário e maior complexo de arte rupestre paleolítica ao ar livre conhecido até hoje.

A FCP renovou a frota de viaturas de todo o terreno com a recuperação de duas já antigas e aquisição de dois novos veículos.

"Este lugar é de investigação científica. Mas dado o seu valor patrimonial, tem de ser dado a conhecer aos visitantes e tudo se conjuga para se criar neste vale um polo de conhecimento", defendeu o ministro da Cultura.

Cada viagem pode ter uma duração de meio hora, ao longo de percurso definido, onde a Arte do Côa é ponto de partida para a descoberta de uma região que também rica do ponto de vista ambiental.

Para o presidente da FCP, Bruno Navarro, esta é uma forma sustentável de visitar a Arte do Côa.

"Estas visitas têm ainda, um apelativo suplementar em que os visitantes podem fazer a degustação de produtos regionais durante estes novos percursos turísticos de descobertas gravuras rupestres do Vale do Côa", frisou o responsável.

A Arte do Côa faz também parte de um Itinerário Cultural do Conselho da Europa, onde estão igualmente representados sítios como Altamira (Espanha), Lascaux, Chauvet, Niaux (França) ou Valcamónica (Itália).

Os sítios de arte rupestre do Vale do Côa situam-se ao longo das margens do rio Côa, sobretudo no município de Vila Nova de Foz Côa, estendendo-se por uma área de 20 mil hectares que abrange os municípios vizinhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Meda e Pinhel, no distrito da Guarda.

A arte rupestre do Côa, inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO desde 1998, foi uma das mais importantes descobertas arqueológicas do Paleolítico Superior, em finais do século XX, em toda a Europa.

Aquando da descoberta "Arte do Côa", em 1994, os arqueólogos portugueses asseguraram tratar-se de manifestações do Paleolítico Superior (20 a 25 mil anos atrás) e estar-se perante "um dos mais fabulosos achados arqueológicos do mundo".

Desde agosto de 1996, o Parque Arqueológico do Vale do Côa organiza visitas a vários núcleos de gravuras tais como Penascosa, Canada do Inferno e Ribeira de Piscos.

Lusa | em Notícias ao Minuto

Portugal | O ministro específico


O assunto específico a que se refere o ministro das Finanças não tem nada a ver com os 9 mil milhões de dinheiro público que foram enterrados na banca durante esta legislatura.

Joana Mortágua* | opinião

No início da semana, o ministro Mário Centeno disse em entrevista ao “Público” que “não é possível pôr em causa a sustentabilidade de algo que afeta todos, só por causa de um assunto específico”. Descontextualizada, a frase poderia ter sido dita por qualquer deputado do Bloco de Esquerda para explicar o absurdo de se gastar 2 mil milhões no Banif (assunto específico) enquanto se mantém precária a sustentabilidade do SNS (algo que afeta todos).

Mas o assunto específico a que se refere o ministro das Finanças não tem nada a ver com os 9 mil milhões de dinheiro público que foram enterrados na banca durante esta legislatura. Aparentemente, o maior perigo para a sustentabilidade do Orçamento do Estado para 2019 são os 22 milhões1 necessários para começar a recuperação do tempo de serviço dos professores.
Ou seja, traduzido em linguagem do passado, o ministro Centeno está a tentar dizer-nos que os professores exigem um direito que está acima das nossas possibilidades. O problema desta afirmação, e daí a indignação que provocou junto dos docentes, é que mais uma vez se utiliza o impacto orçamental para divulgar a ideia de que os professores exigem privilégio no quadro geral de descongelamento das carreiras da função pública.

Aqui há duas questões que têm de ser tratadas em separado. A primeira é saber se a recuperação de tempo de serviço dos professores é ou não uma reivindicação legítima e justa. Se a resposta for sim, é preciso calcular com seriedade como pode ser mitigado o impacto orçamental através de um faseamento, como aconteceu com o descongelamento das carreiras. A ordem dos fatores não pode ser invertida. A existência de direitos consagrados, seja o dos professores à carreira ou o das crianças à educação, não está sujeita a revisão orçamental anual.

Em relação à primeira questão, o governo reconheceu que o apagão do tempo congelado resulta numa penalização brutal da carreira dos professores. Foi por isso que propôs a recuperação de parte desse tempo de serviço. Logo aí cai por terra o argumento de que “seria muito complexo, até em termos de comparabilidade com os outros trabalhadores, o governo reequacionar decisões legais anteriores”. Todos tiveram o tempo congelado por decisões legais anteriores, só que, nas carreiras gerais, esse tempo foi todo contado para reposicionamento, e nos professores pretende-se que seja apenas uma pequena parte… o que deixa muito a dever à comparabilidade entre trabalhadores.

Sem entrar na polémica sobre a norma prevista no Orçamento de 2018 que obrigava o governo à negociação, a verdade é que, depois disso, também a Assembleia da República reconheceu o direito dos professores à recuperação do tempo de serviço numa resolução votada sem oposição e com o voto favorável do PS.

Sobra a questão do impacto orçamental. Mesmo sem números fidedignos, não é difícil prever que o impacto orçamental será considerável quando comparado com o custo geral do descongelamento de carreiras. Uma das razões para isso justifica a afirmação de que “o descongelamento da carreira dos professores é responsável por mais de metade do aumento do custo total com o descongelamento”. Os professores são o maior corpo profissional da administração pública e é evidente que os salários de 120 mil docentes terão sempre impacto orçamental. Ainda assim, é um custo incomparavelmente menor que o de não ter escola pública.

A segunda razão tem a ver com a especificidade da profissão docente. Muitas vezes, essa especificidade traduz- -se em dar aulas a centenas de quilómetros da família, com despesas de transporte e duas casas para sustentar com um salário pouco superior a mil euros. Não são condições de trabalho para quem leva nas mãos a educação de um país inteiro, e é por isso que o Estatuto da Carreira Docente reconhece regras próprias de progressão.

É preciso recordar que é neste debate sobre a carreira docente que se joga muito do futuro da escola pública. A questão coloca-se nos mesmos termos com que Centeno falou do SNS: existe um “desafio para o sistema ao nível da formação e substituição” de profissionais na educação pública. Ensinar é uma profissão socialmente desvalorizada e pouco recompensadora para as exigências que tem. Por isso, face uma classe envelhecida, há cada vez menos jovens que querem ser professores. Não é ajuizado ignorar o problema. O que agora não passa de uma pequena dor de cabeça orçamental, a prazo. será a doença crónica da educação pública.

Há uma década que os professores estão à espera que se cumpra o seu direito à carreira. Na preparação do último Orçamento de uma legislatura que se comprometeu com a recuperação de direitos para todos, e olhando para a determinação com que os professores têm lutado, há uma questão que o Ministro das Finanças devia compreender. A recusa em negociar a recuperação do tempo de serviço não tem nada a ver com a “impaciência dos políticos”, mas pode legitimamente significar o fim da paciência dos professores.

Artigo publicado no jornal “I” a 25 de julho de 2018

* Esquerda.net | Joana Mortágua - Deputada e dirigente do Bloco de Esquerda, licenciada em relações internacionais.

CPLP


Ana Paula Laborinho | Jornal de Notícias | opinião

Muitos não conseguirão identificar CPLP como Comunidade de Países de Língua Portuguesa e, mesmo que o façam, outros muitos perguntarão o que faz e para que serve. Outros ainda dirão que faz pouco e não atinge os seus objetivos. De uma forma ou outra, a CPLP ainda está afastada dos cidadãos que a ela pertencem e isso mesmo reconheceu o presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, na cimeira de chefes de Estado e de Governo que se reuniu na ilha do Sal durante a semana que passou. Mas as críticas expressam também as expectativas de que a comunidade possa trazer reais benefícios aos seus povos e avance para resultados práticos.

A CPLP foi criada há 22 anos e, apesar de tudo, muito caminho foi feito no sentido da concertação político-diplomática e da cooperação, dois dos seus pilares constitutivos, a par da língua portuguesa como terceiro pilar essencial. Mas há novos desafios, sendo o primeiro de todos a circulação de pessoas e bens o que facilitará os negócios, a mobilidade académica, científica e cultural. Estando cada um dos países integrado em contextos regionais distintos, não se trata de um exercício fácil, mas há avanços significativos e foi o tema mais recorrente das intervenções ao mais alto nível.

Cabo Verde assume a presidência da Comunidade nos próximos dois anos e elegeu como lema "Pessoas, cultura, oceanos". Não podia ser mais certeiro. Os mares e os oceanos são uma riqueza com muito para explorar. Como foi dito, conhecemos melhor a Lua que os oceanos e estes são hoje um vasto domínio de intervenção que vai da economia e da ciência à segurança marítima. Também a cultura desenha novos desafios, não apenas pelos traços comuns ou pela sua diversidade, mas porque é um recurso estratégico que importa desenvolver desde logo através de um mercado da cultura comum que permita (mais uma vez) a mobilidade de artistas, bens e serviços culturais. Também a língua portuguesa participa deste eixo como foi destacado em todas as intervenções que fizeram o pleno na valorização do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) que nasceu ainda antes da CPLP.

Mas as pessoas continuam a ser o centro do projeto o que retoma a urgência de resultados virados para as suas necessidades e ambições. A CPLP representa um imenso potencial como testemunha o número de estados-membros associados que este ano aumentou de forma exponencial. Mas as pessoas, sempre as pessoas.

*Professora universitária

Brasil quer alargar BRICS à CPLP com destaque para Angola e Moçambique nas relações com África


O Brasil está aberto a discutir com a CPLP possibilidades de cooperação estruturada em várias frentes de actuação, com destaque para Angola e Moçambique, no exercício da presidência do BRICS em 2019, segundo Nedilson Jorge, embaixador do Brasil na África do Sul.

"O diálogo entre o BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] e a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem o potencial de propiciar programas de cooperação estruturada em várias frentes de actuação. Como se sabe, ao longo dos anos, o BRICS desenvolveu o pilar de cooperação sectorial em mais de 30 áreas", disse em entrevista à Lusa.

De acordo com o diplomata brasileiro, Angola e Moçambique "são países de grande relevância" para as relações do Brasil com o continente africano. "Ambos se têm empenhado no diálogo com os países do BRICS, especialmente por meio do mecanismo de 'outreach'. Esta iniciativa foi lançada pela África do Sul e, este ano, pela segunda vez, dará grande ênfase à participação dos países africanos", referiu.

Na opinião do embaixador Nedilson Jorge, a participação de Angola e Moçambique no diálogo alargado deste ano do BRICS a África, em particular aos Estados-membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), bloco regional sob a presidência da África do Sul, contribuirá para o aprofundamento das relações com o grupo.

O diplomata recorda que, na sua primeira década de existência, o BRICS construiu novas pontes de diálogo com países em desenvolvimento, frisando que os países africanos estão no centro dessas iniciativas.

"O diálogo de 'outreach' foi lançado na 5ª Cimeira de Durban, em 2013, com a participação de chefes de Estado de diversos países africanos. Nesta Cimeira (Joanesburgo), os países da SADC deverão participar no exercício de diálogo alargado, que engloba temas da agenda internacional e inúmeras possibilidades de cooperação", precisou.

Por manter fortes laços históricos com Angola e Moçambique, o embaixador Nedilson Jorge acrescenta que o Brasil sempre tem entre as suas prioridades a aproximação e a colaboração com os países africanos lusófonos.

Neste sentido, afirma, a 10.ª Cimeira BRICS, em Joanesburgo, "constituirá uma oportunidade na qual poderemos dialogar com ambos os países sobre questões centrais dessa colaboração". "Desde a sua criação, o BRICS apresenta uma vocação para o diálogo com o mundo em desenvolvimento, no qual sempre está presente a busca pelo desenvolvimento sustentável e inclusivo", sublinhou.

O embaixador do Brasil na África do Sul, desde 2016, acredita que o BRICS "tem o objectivo inato" de fazer avançar a reforma das instituições de governança global, de modo a torná-las mais representativas e legítimas. "Esse é um objectivo que beneficia o mundo em desenvolvimento, ao abrir-lhes os espaços de participação que lhe são devidos", disse à Lusa o embaixador Nedilson Jorge.

O Brasil assumirá a presidência anual do grupo BRICS no próximo ano.

Lusa | em Jornal de Negócios

Brasil | Os destruidores – Paulo Kliass


A aproximação crescente da data das eleições parece provocar um aumento na taxa de desespero dos setores ligados ao financismo e às elites mais reacionárias e conservadoras de nosso País. Afinal, quando se aventuraram pela estratégia desestabilizadora do “golpeachment”, não poderiam jamais imaginar que o cenário às vésperas do pleito de 2018 fosse o que vivemos atualmente.

Paulo Kliass* | opinião

Desde o momento em que se viram frustradas com o anúncio oficial da derrota de Aécio Neves em outubro de 2014, as forças políticas capitaneadas pelo PSDB atraíram o PMDB de Temer e demais partidos da sopa de letrinhas do fisiologismo para a deposição a qualquer custo da presidenta recém-eleita. Em seu sonho idealizado do processo, bastaria primeiro tirar a Dilma que depois todas as portas do paraíso se abririam para um tranquilo e folgado retorno ao poder, do qual o povo os havia retirado pelo voto em 2002. E, vale a pena recordar, essa opção havia sido reconfirmada também de forma sucessiva em 2006, 2010 e 2014.

Para tanto, os integrantes da elite foram convencidos pelos formadores de opinião do mundo das finanças de que um “esforço duro e responsável” seria mais do que suficiente para recolocar a economia nos eixos e abrir o caminho para a vitória eleitoral na sequência. Assim, a indicação tão sonhada da duplinha dinâmica do sistema da banca no comando da economia foi comemorada com fogos de artifício. Representantes do Bank of Boston e Itáu/Unibanco passaram a compartilhar as cadeiras do Ministério da Fazenda e do Banco Central. Afinal, não tinha como dar errado a opção pela “competência técnica e profissional” de Meirelles & Goldfajn. Ambos se puseram em campo a serviço do aprofundamento de um ajuste que já havia sido iniciado em 2015 por Joaquim Levy.

No entanto, a questão mais relevante é que não se tratava tão somente de um plano de estabilização de natureza ortodoxa. A implementação do “austericídio” foi muito mais além do que simplesmente a trágica combinação de juros elevados na política monetária e rigor assassino no controle de gastos na política fiscal. As propostas urdidas pela fina flor do financismo tucano no interior da Casa das Garças e as ideias contidas no documento sintetizado pelo PMDB como a “Ponte para o Futuro” protagonizaram também uma estratégia de desmonte das políticas sociais construídas desde o processo constituinte de 1988.

Austericídio e destruição

Não contentes em promover o ajuste radical nas contas do Orçamento, os estrategistas do liberalismo financista construíram a narrativa da necessidade de redução do setor público brasileiro. O argumento surrado, levado mais uma vez à exaustão pelos comentaristas dos grandes meios de comunicação, insistiam com a tese de que o arremedo de Estado de Bem Estar Social, ainda que chinfrim em nossas terras, era incompatível com a nossa capacidade arrecadatória. Bingo! Não haveria outra alternativa senão privatizar e liberalizar ainda mais a economia.

Assim, não se tratava apenas de promover a já criminosa política de redução dos programas de natureza social do governo e também da drástica queda no patamar dos investimentos a serem realizados pelo setor público. A nova estratégia implicava aprofundar a transferência de ativos do Estado para o capital privado e a opção prioritária por esse tipo de empreendimento para os novos investimentos em infra estrutura e serviços públicos de forma geral.

Colocaram-se em marcha os destruidores. Sua intenção primeira se caracteriza pela demolição do arcabouço público, institucional e produtivo construído desde a época de Getúlio, Juscelino e Jango. Esse processo, na verdade, vem desde antes, com a surpreendente obsessão política e ideológica de Fernando Henrique Cardoso em colocar um fim à chamada era Vargas. Na fase atual a destruição vem com a privatização de empresas públicas ainda existentes, com a concessão desenfreada de oportunidades de acumulação de capital ao setor privado, a abertura dos empreendimentos ao capital estrangeiro e com o reforço do setor financeiro no processo de consolidação do bloco hegemônico em nossa economia capitalista.

Os efeitos desastrosos de tal opção de política econômica estão mais do que presentes no desemprego avassalador, nas falências, das empresas, no processo de desindustrialização e na destruição da capacidade de o Estado brasileiro dar conta minimamente de suas atribuições constitucionais e de lançar as bases para superar a crise que se aprofunda e se alonga por uma eternidade. A flexibilização da legislação trabalhista vem comoa cereja do bolo para o deleite do empresariado que clama sempre contra a presença do Estado, mas que não hesita em buscar refúgio em suas benesses e facilidades quando se trata de ampliar seus lucros e preservar seus interesses.

Revogar as medidas da destruição

Para além de passagem avassaladora de terra arrasada, a estratégia da destruição revelou-se um verdadeiro tiro no pé dos liberalóides de plantão e dos dirigentes políticos da direita fisiológica e conservadora. A perversidade provocada no quadro social está apresentando sua fatura em termos políticos e eleitorais. Não foi suficiente forjar o processo contra Lula e sua prisão. O ex presidente continua líder absoluto nas pesquisas de opinião, o que coloca um problema no que se refere à sua candidatura. A se manter a conduta ilegal e abusiva do Judiciário, é possível que ele não consiga estar com seu nome nas urnas daqui a pouco menos de 3 meses. O risco de aumento da instabilidade não pode ser descartado.

A maioria da população reconhece os efeitos perversos da estratégia da destruição e, ao que tudo indica, postula pelo retorno à estratégia de desenvolvimento inclusivo, com distribuição de renda e ampliação do mercado interno. Mas, para tanto, faz-se necessário retomar o protagonismo do setor público na condução da economia, com a revogação das medidas do governo Temer e a mudança radical na orientação da política econômica. Os candidatos das forças progressistas já estão anunciando tal caminho em seus programas de governo.

Os líderes políticas da direita já se deram conta disso e quase não são encontrados candidatos dispostos a reivindicar a paternidade dos malfeitos do governo da destruição. Até mesmo o pleiteante Henrique Meirelles ensaia um malabarismo retórico, onde vai buscar sua passagem por 8 anos à frente do comando do Banco Central, durante os dois mandatos de Lula, para justificar sua suposta preocupação com o bem estar da população. Realmente a vida não está nada fácil para quem adentrou a seara do golpismo e foi co-partícipe de um governo que rasteja em seus índices de popularidade.

Eleição e retorno ao desenvolvimento

Ao contrário do lema de Juscelino Kubitschek (50 anos em 5), Temer promoveu um impressionante retrocesso de mais de 20 anos em apenas 2. O último dado oficial apontado pelo Ministério da Saúde refere-se ao quadro trágico da mortalidade infantil, que retornou a um patamar não visto há 26 anos atrás. Isso para não mencionar os já conhecidos quadros de verdadeira calamidade pública em áreas como saúde, educação, assistência social, segurança pública e previdência social, dentre tantas outras.

A obstinação dos destruidores tem revelado a falência de sua política. O desespero do financismo ao ver o poder escapar-lhe das mãos pelo voto de outubro aponta para a pressão sobre os candidatos nanicos quase sem expressão eleitoral, de forma a que as forças da direita se apresentem de forma unificada em torno de Alckmin. O único detalhe vai ser a necessidade de combinar com a população a respeito do impedimento arbitrário da candidatura de Lula e do convencimento a respeito das vantagens da política de destruição levada a cabo por seus apoiadores ao longo dos últimos 3 anos.

* Em Vermelho | Paulo Kliass é doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal.

Na foto:  Temer entre os condutores do desmonte nacional de seu governo: Goldfajn e Meirles

Brasil | Preso há mais de 100 dias, Lula lidera VoxPopuli com 41% dos votos


A pesquisa foi realizada entre 18 e 20 de julho

Se enganou quem apostou que o embate entre o desembargador Rogério Favreto e a turma do juiz Sergio Moro, por causa do habeas corpus pela liberdade de Lula, causaria impacto negativo na imagem do pré-candidato do PT à Presidência. Pelo menos é o que mostra a pesquisa VoxPopuli divulgada nesta quinta (26). Nela, Lula aparece com 41% das intenções de voto e vence todos os adversários no segundo turno com pelo menos 50% do eleitorado.

Lula está preso há mais de 100 dias em Curitiba, em decorrência do caso triplex. A pesquisa foi realizada entre 18 e 20 de julho, e aferiu que o ex-presidente oscilou para cima, mas dentro da margem de erro (que é de 2,2 pontos), em relação à pesquisa de maio. Veja a íntegra aqui.

Abaixo os principais resultados da pesquisa.

VOTO ESTIMULADO (1º turno)
Lula 41
Bolsonaro 12
Ciro 5
Marina 4
Alckmin 4
Álvaro Dias 1
Manuela D'Ávila 1
Outros 2
Ninguém/Branco/Nulo 18
NS/NR 12

ESTIMULADO COM 5 CANDIDATOS (1º turno)
Lula 44
Bolsonaro 14
Marina 5
Alckmin 4
Ciro 4
N/B/N 18
NS/NR 10

SEGUNDO TURNO
Lula 52 x 10 Alckmin
Lula 50 x 11 Ciro
Lula 50 x 12 Marina
Lula 50 x Bolsonaro 16

VOTO ESPONTÂNEO
Lula 37
Bolsonaro 10
Ciro 3
Alckmin 2
Marina 2
Fernando Henrique 2
Joaquim Barbosa 1
Sergio Moro 1
Aécio Neves 1
Eduardo jorge 1
Álvaro Dias 1
Outros 3
Ninguém/Branco/Nulo 18
Não sabe/não respondeu 18

No dia 8 de julho, deputados do PT entraram no TRF-4 com um pedido de habeas corpus alegando "fato novo": a juíza Carolina Lebbos vinha segurando pedidos para Lula participar de agendas de campanha, entrevistas e sabatinas. Além disso, os parlamentares alegaram que o decreto de Sergio Moro tratou a prisão em segunda instância como automática ao descartar fundamentação, contrariando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral no dia 17/07/2018 e protocolada sob o número BR-02205/2018.

*Carta Maior | Publicado originalmente no Jornal GGN

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