# Publicado em português do Brasil
Um pensador cubano sustenta: não é possível naturalizar bloqueio dos EUA contra a ilha. Mas é irresponsável tachar os que protestam de “mercenários” – ou resolver divergências por meios policiais. Saídas estão na política e ampliação dos direitos
Julio Cesar Guanche* |
No exame da atual crise cubana, vale a pena atentar para o que diz Julio Cesar Guanche. Professor da Universidade de Havana, ele editou diversas publicações político-culturais em seu país (entre outras, Alma Mater e La Jiribilla) e foi diretor adjunto do Festival Internacional do Novo Cinema Lationoamericano. Em textos, publicados no blog La Cosa, sobressaem o compromisso com a revolução e a condenação ao bloqueio norte-americano que vai completar 60 anos.
Mas Guanche está convencido de que as dificuldades reais vividas por Cuba, e a insatisfação popular dela resultante, não serão resolvidas dividindo o país, nem acusando os que têm críticas de contrarrevolucionários. Por isso, mesmo do exterior (está se doutorando em Quito, na Flacso – Faculdade Latinoamericana de Ciências Sociais) participou dos protestos de 27 de novembro do ano passado. Após uma série de detenções, centenas de jovens artistas e intelectuais exigiram, diante do ministério da Cultura, liberdade de expressão e criação. Tiveram apoio de gente como o músico Silvio Rodriguez e dos cineastas Fernando Pérez e Ernesto Daranas. Guanche escreveu sobre o episódio no site espanhol Sin Permiso(com o qual colabora frequentemente) e falou sobre ele à revista chilena Palabra Publica.
Nos dois textos a seguir, o
professor e editor comenta os protestos populares do último domingo (11/7)
e os fatos que os desencadearam. Suas ideias centrais: 1. Só a política,
resolverá a crise – e não haverá espaço para ela enquanto o país estiver
polarizado entre quem chama de “contrarrevolucionários” os que pensam diferente
e quem naturaliza as tentativas de intervenção dos EUA.