segunda-feira, 21 de outubro de 2013

UNIVERSIDADE DE AVEIRO APOIA NOVA FACULDADE E POLITÉCNICO EM TIMOR-LESTE

 


Aveiro, 21 out (Lusa) - A Universidade de Aveiro (UA) vai liderar a criação de uma faculdade de ciências exatas na Universidade Nacional de Timor Lorosa'e (UNTL) e de um politécnico na costa sul, anunciou hoje a reitoria.
 
A nova faculdade vai arrancar com um curso de "banda larga de matemática, física e química", nos termos da decisão tomada durante uma visita que o reitor da UNTL, Aurélio Guterres, fez dia 18 à Universidade de Aveiro, que vai ainda colaborar na criação de uma escola politécnica descentralizada, e cursos pós secundários de curta duração.
 
O papel da Universidade de Aveiro vai ser o de identificar as infraestruturas e os equipamentos necessários, no âmbito do processo de criação da nova faculdade na UNTL, criar o currículo do curso e dar formação aos futuros professores, que vão tirar os seus cursos de mestrado e doutoramento em Aveiro, regressando no final dos estudos à UNTL.
 
A seleção dos professores que vão receber formação em Aveiro vai decorrer em fevereiro de 2014, de modo a que estes possam iniciar os estudos em setembro do mesmo ano, segundo Aurélio Guterres, que disse esperar que Faculdade de Ciências Exatas comece a funcionar no início de 2015.
 
O outro projeto em que a UA vai colaborar é a criação de uma escola politécnica na costa sul, que iniciará atividade com oferta de cursos pós secundários de formação especializada. Nesse âmbito, a UA vai criar os currículos, dar formação aos professores desses cursos e ajudar na identificação das infraestruturas e dos equipamentos necessários à criação desse polo politécnico.
 
Várias indústrias estão a ser instaladas na costa sul, onde o governo timorense quer desenvolver um parque industrial ligado ao setor petrolífero e a criação desse polo politécnico visa dar "uma resposta rápida à necessidade urgente de técnicos especializados", segundo o reitor da UNTL.
 
MSO // MSP - Lusa
 

Timor-Leste: NASCE PARA OS POBRES O JESUIT SOCIAL SERVICES

 


Díli (RV) - Os jesuítas de Timor-Leste fundaram a nova organização Jesuit Social Services a fim de coordenar suas atividades sociais num país que ainda luta por sua consolidação, depois de décadas de ocupação indonésia e séculos de colonização portuguesa.

A organização é herdeira do Serviço Jesuíta para Refugiados (JRS) criado no Timor-Leste, em 2006, após um período de forte conflito interno e transferências de massa, que respondeu com sucesso a sua tarefa.

"Quando iniciamos com o JRS o nosso objetivo era ajudar os deslocados, acompanhando-os aos campos e ficando com eles. Começamos em setembro de 2007 e em 2009, todas as pessoas tinham sido realocadas", disse Isidoro Costa, ex-diretor do JRS e diretor do Jesuit Social Services Timor-Leste.

O novo organismo prosseguirá o trabalho através da organização da comunidade e a criação de projetos de geração de renda em vários povoados da região de Díli. Foi iniciado o programa de ecologia em Kasai, perto de Díli, onde recentemente a Companhia de Jesus abriu o Colégio de Santo Inácio de Loyola.

Rádio Vaticano

Conheça o trabalho dos jesuítas em Timor-Leste visitando a página www.jesuitmission.org.au. (MJ)


Nobel da Paz pedem a Putin para abandonar acusação de pirataria contra Greenpeace

 

Jornal i - Lusa
 
O ex-presidente timorense José Ramos Horta, o bispo sul-africano Desmond Tutu e a advogada iraniana Shirin Ebadi estão entre os Nobel subscritores do apelo
 
Onze prémios Nobel da Paz pediram hoje ao Presidente russo, Vladimir Putin, para desistir das “acusações excessivas de pirataria” contra 30 ativistas da Greenpeace, anunciou hoje a organização ecologista.
 
O ex-presidente timorense José Ramos Horta, o bispo sul-africano Desmond Tutu e a advogada iraniana Shirin Ebadi estão entre os Nobel subscritores do apelo.
 
“Escrevemos-lhe para pedir que faça tudo ao seu alcance para garantir que as acusações excessivas de pirataria contra 28 ativistas da Greenpeace, o fotógrafo e o vídeo operador sejam abandonadas e que quaisquer acusações que sejam apresentadas sejam consistentes com a lei russa e internacional”, afirmam numa carta a Putin.
 
“Estamos confiantes de que partilha o nosso desejo de respeito pelo direito ao protesto não violento”, acrescentam.
 
As autoridades russas acusaram 30 tripulantes do navio Arctic Sunrise de pirataria, punível com pena de prisão até 15 anos, depois de um protesto contra a exploração petrolífera no Ártico.
 
Os ativistas, de 18 países, estão detidos até ao julgamento, previsto para o final de novembro. Segundo o advogado que os representa, os 30 estão detidos em “condições desumanas”.
 
Os Nobel referem que um derrame de petróleo no Ártico teria um “impacto catastrófico” nas comunidades locais e apelam para a proteção do Ártico, em nome de “milhões de pessoas em todo o mundo”.
 

OS FILTROS CANADIANOS – III

 

Martinho Júnior, Luanda (ler partes I e II)

1 – O Canadá está a demonstrar ser um país de risco: os serviços de inteligência “filtram” as capacidades e potencialidades de terceiros, como o Brasil e Angola e, enquanto o estado canadiano anda empenhado nisso, em estreita conexão com os interesses do seu poderoso vizinho do sul, permite que o seu próprio território, fruto das medidas liberais em relação à migração, se torne numa base para os radicais islâmicos que espalham o seu “perfume” nos Estados Unidos, na Ásia e em África!

Essa permissibilidade já chegou ao ponto de criar condições de vulnerabilidade que exploram nexos entre as comunidades migrantes potenciais fermentadoras de risco e outras comunidades tradicionalmente imunes a esse tipo de radicalismos de carácter neo fascista!

2 – Desse modo África passou a ser vulnerável a canadianos recrutados pelos agrupamentos radicais filiados na Al Qaeda, em especial os países africanos com riquezas naturais, num processo que redunda dos rescaldos últimos da Argélia, da Somália, da Líbia e do Mali como da Síria, este país próximo de África, no Médio Oriente.

Na Líbia como na Síria, os serviços de inteligência dos ocidentais e de Israel estabeleceram ligações com redes filiadas na Al Qaeda e facilitaram, ao ponto da sofreram em Benghazi o precalço do assassinato do embaixador norte americano na Líbia, J. Christopher Stevens, o fornecimento de armas e de munições aos radicais islâmicos na Síria, como veio acontecendo no Sahel (Mali) a partir dos arsenais líbios.

A nacionalidade canadiana tem sido encarada em África como “amiga”, porém os radicais islâmicos estão a aproveitar-se disso para desenvolverem os seus próprios planos, tirando partido dessa aparentemente inócua cobertura inscrita nas suas identidades e passaportes.

3 – Um dos acontecimentos mais mediáticos da actuação de redes da Al Qaeda que mereceu uma planificação com a utilização de canadianos ocorreu em In Amenas, no leste da Argélia e próximo da fronteira com a Líbia, sob pretexto da evolução desfavorável da situação em Azawad, no norte do Mali, um território que foi retomado por forças coligadas em suporte das Forças Armadas do Mali.

O ataque foi perpetrado pela AQMI (“Groupe Salafiste pour la Prédication et le Combat”) a 16 de Janeiro de 2013, tendo os operacionais sido chefiados pelo terrorista argelino Mokhtar Belmokhtar, um traficante do Sahel que é autor de muitas proezas nessa vasta região e teve seu baptismo de fogo no Afeganistão com a idade de 19 anos, ao serviço das guerrilhas de Ben Laden que se opunham então ao governo afegão apoiado pelos soviéticos.

Para a operação em In Amenas o grupo terrorista contou com os “bons ofícios” de pelo menos dois canadianos que participarem nos reconhecimentos e nas acções, acabando por ser mortos pelo exército argelino numa emboscada no decorrer da retomada das instalações.

Os 32 terroristas eram uma mescla de indivíduos provenientes da Argélia (1/3 do efectivo), 11 tunisinos, 2 canadianos , egípcios, malianos mauritanianos e nigerinos.

Os dois canadianos teriam participado no antecipado reconhecimento das instalações de exploração de gás e eram Xristos Katsiroubas, de origem grega, de 22 anos de idade e Ali Medlej, de origem árabe, de 24 anos.

4 – A disseminação de canadianos por todo o continente africano, em especial em regiões onde existem riquezas minerais em fase de exploração, é um facto corrente e isso é feito sob beneplácito das autoridades governamentais do Canadá, com indícios de haver explorações de inteligência nesses vínculos, conforme constatei com Tako Koning em Angola.

Em Angola, por exemplo, eles encontram-se espalhados como geólogos, ambientalistas e técnicos nas ricas áreas diamantíferas que envolvem as bacias do Cuango, do Cassai e do Cuanza.

Se o governo do Canadá e de seus aliados (em especial os Estados Unidos e Israel) exploram para efeitos de inteligência esses vínculos, estão no entanto demonstrando que em relação a potenciais terroristas que usem a nacionalidade canadense estão a ser ou displicentes ou complacentes, não passando informações algumas aos africanos, menosprezando a sua soberania e segurança!

A propaganda da luta contra o terrorismo, que tanto é usada para efeitos AFRICOM, parece não abranger esse tipo de gente, por que não é conveniente a passagem de informações sobre seus próprios cidadãos que se portam mal!

Essa displicência ou complacência em relação a África, não é usada em relação aos Estados Unidos, conforme o demonstra a prisão dum terrorista na fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá: é o caso de Ahmed Ressam (“Millenium Bomb”), de origem argelina, que pretendia, infiltrando-se a partir do Canadá no dia 14 de Dezembro de 1999, fazer explodir o aeroporto internacional de Los Ângeles.

É de supor também que, como na Líbia e na Síria, os serviços de inteligência dos Estados Unidos e de Israel joguem com as suas ligações, podendo denunciar umas, para esconder outras (conforme suas conveniências), uma vez que fazem coincidir os seus interesses geo estratégicos e de domínio sobre a exploração do petróleo barato, com as poderosas monarquias feudais arábicas, que financiam os grupos radicais islâmicos sunitas e salafistas, inclusive “Canadá adentro”!

5 – Se para os africanos é tão difícil poder detectar os terroristas da Al Qaeda de nacionalidade canadiana, ou britânica, ou mesmo norte americana (há uns poucos deles que usam passaportes com essas origens, entre outras), imaginem com os fluxos financeiros que se articulam a partir do Canadá, alguns deles a favor desse tipo de indivíduos e seus círculos!

Há pelo menos um banco em Angola, por exemplo, que integrou nos seus quadros antigos estudantes angolanos que beneficiaram de bolsas de estudos no Canadá e, depois de formados, estão a “prestar serviço” neles.

Esses estudantes que estiveram radicados durante alguns anos no Canadá, tiveram múltiplos contactos com várias comunidades de migrantes, não se tendo furtado a contactos com gente com interesses, ou mesmo com origem, em África.

Havendo tanto descuido nas articulações financeiras e bancárias, que tipo de “serviços” esses profissionais estarão a prestar e a que causas?

Será por acaso que esses bancos dão guarida a interesses em áreas de exploração de petróleo, de gás e na indústria mineira?

A que “filtros canadianos” estão sujeitos?

Foto: A Mesquita Sunnah Al Nabawiah em Montreal é um viveiro dos conceitos islâmicos mais radicais, inclusive aqueles que servem para Al Qaeda recrutar seus militantes –« Montreal mosque is a top Al Qaeda recruiting zone » –
http://www.blog.sami-aldeeb.com/2013/04/26/wikileaks-montreal-mosque-is-a-top-al-qaeda-recruiting-zone/

A consultar (Martinho Júnior):
- Salvar os Reis –
http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/salvar-os-reis.html
- Castas das Arábias – http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/castas-das-arabias.html
- Iraque, Iraque, 75 anos depois – http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/iraque-iraque-75-anos-depois.html
- Opção pelo inferno – http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/opcao-pelo-inferno.html
- Os erros de apreciação estratégica pagam-se caro – 01 – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/kadafi-os-erros-de-apreciacao.html; 02 – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/kadafi-os-erros-de-apreciacao_25.html; 03 – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/kadafi-os-erros-de-apreciacao_28.html
- Coisas que a globalização tece – 06 – Uma contínua falsificação de democracia – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/02/coisas-que-globalizacao-tece-06-uma.html
- Coisas que a globalização tece – 07 – O império promove a morte da democracia – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/03/coisas-que-globalizacao-tece-07-o.html
- Azawad, a areia e a fúria – I – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/04/azawad-areia-e-furia-i.html; II – http://paginaglobal.blogspot.pt/2012/04/azawad-areia-e-furia-ii.html; III – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/04/azawad-areia-e-furia-iii.html
- O último 11 de Setembro – I – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/o-ultimo-11-de-setembro-i.html; II – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/o-ultimo-11-de-setembro-ii.html; III – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/o-ultimo-11-de-setembro-iii.html
- A Ascenção do ECHELON – http://paginaglobal.blogspot.pt/2013/09/a-ascensao-do-echelon.html
- Os filtros canadianos – I – http://paginaglobal.blogspot.com/2013/10/os-filtros-canadianos-i.html; II – http://paginaglobal.blogspot.com/2013/10/os-filtros-canadianos-ii.html
- - Ainda o cale do Cuango – I – http://paginaglobal.blogspot.com/2013/03/ainda-o vale-do-cuango-i.html
- Ainda o cale do Cuango – II –
http://paginaglobal.blogspot.com/2013/03/ainda-o-vale-do-cuango-ii.html
- Ainda o vale do Cuango – III – http://paginaglobal.blogspot.pt/2013/03/ainda-o-vale-do-cuango-iii.html
- Ainda o vale do Cuango – IV – http://paginaglobal.blogspot.com/2013/03/ainda-o-vale-do-cuango-iv.html
- Oportunidade perdida? – http://paginaglobal.blogspot.pt/2013/09/oportunidade-perdida.html
- Colapso na estratégia do petróleo em Angola – http://paginaglobal.blogspot.com/2013/09/colapso-na-estrategia-do-petroleo-em.html

A consultar (outras fontes) :
- Canada, a base for Islamists militants, never a target –
http://dawn.com/news/780707/canada-a-base-for-islamist-militants-never-a-target
- Canada no stranger to Al Qaeda – http://www.bbc.co.uk/news/world-us-canada-21179327
- Terrorismo in Canada – http://en.wikipedia.org/wiki/Terrorism_in_Canada
- Two prominent membrs of the Montreal Assuna Mosque had links with Al Qaeda – http://pointdebasculecanada.ca/archives/10003003-two-prominent-members-of-the-montreal-assuna-mosque-had-links-with-al-qaeda.html
- Canadiano entre os mais procurados – http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=794334
- Africa’s Arc f instability – http://www.thestar.com/news/world/2013/05/18/africas_arc_of_instability.html
- Al Qaeda reivindica rapto de diplomatas canadianos – http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=374035
- Probe focuses on canadian as Shabab leader of Somalia courthouse attack – http://www.thestar.com/news/world/2013/04/15/somalia_courthouse_attack_toll_rises_to_35.html#
- Ahmed Ressam – http://en.wikipedia.org/wiki/Ahmed_Ressam
- Ahmed Khadr – http://en.wikipedia.org/wiki/Ahmed_Khadr
- Mokhtar Belmokhtar – http://www.bbc.co.uk/news/world-africa-21061480
- Algeria hostage taking rooted in Western policy – http://www.presstv.ir/detail/2013/01/17/284112/west-liable-for-algeria-hostage-taking/
- Canadian terrorist coordinated Algerian hostage attack – http://www.israelnationalnews.com/News/News.aspx/164420#.UmQkwBVda1s
- 2 canadians who joined Algeria attack are identified – http://www.nytimes.com/2013/04/03/world/americas/2-canadians-who-joined-algeria-attack-are-identified.html?_r=0
- Algeria says 2 canadians among militants in hostage – http://www.cbc.ca/news/world/algeria-says-2-canadians-among-militants-in-hostage-taking-1.1365930
- Clear leader – http://www.thestar.com/news/canada/2013/09/19/clear_leader_of_raid_on_algerian_plant_was_ali_medlej_canadian_officials_believe.html
- Slaughter at Algeria gas plant 'was led by a Canadian as it emerges white Briton is part of Al Qaeda Blood Battalion behind hostage crisis' – http://www.dailymail.co.uk/news/article-2265518/Algeria-crisis-Algerian-forces-Canadians-Frenchman-bodies-gas-plant-gunmen.html
- Canadá suspendeu ajuda médica à oposição síria por alegadas ligações à Al Qaeda – http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=2722252&page=-1
 
Leia as partes anteriores do texto em MARTINHO JÚNIOR – Página Global
 

AS LUTAS DO MUNDO

 


 
Em Moçambique, Chile ou Brasil, a solidariedade internacional é importantes para fortalecer a resistência contra megaprojetos feitos sem consulta às populações.
 
O meu trabalho profissional leva-me a viajar por vários países. As experiências que colho, não podendo confirmar ou infirmar as hipóteses de trabalho que orientam o meu trabalho científico, dão-me informações preciosas sobre o pulsar do mundo, sujeito a pressões globais, mas de modo nenhum unívoco nas repostas que lhes dá. A pretensa ausência de alternativas para problemas ou conflitos concretos num dado país não passa de um argumento útil a quem está no poder e nele se quer perpetuar.

No passado mês de Julho, pude conviver de perto com os camponeses moçambicanos em luta contra a atividade mineira e os projetos agroindustriais que os expulsam das suas terras e os realojam em condições sub-humanas, destroem a agricultura familiar que em grande medida alimenta a população, contaminam as águas dos rios, destroem os seus cemitérios, e frequentemente os submetem a repressão policial violenta. Tudo em nome do progresso e do crescimento econômico, mas de facto apenas para permitir lucros escandalosos às empresas multinacionais envolvidas (muitas delas brasileiras) e rendas parasitas às elites político-econômicas locais.

Os contatos entre camponeses moçambicanos e brasileiros foram cruciais para fortalecer a sua luta através da solidariedade internacional e alimentar a esperança de que a resistência possa ter êxito.

Há duas semanas, no Chile, vivi momentos de emoção frente ao Palácio de La Moneda onde há quarenta anos o Presidente eleito Salvador Allende foi deposto pelo golpe de Pinochet, preparado por uma forte campanha de desestabilização orquestrada por Washington, muito semelhante à que está a ser orquestrada agora contra Venezuela, facilitada por alguns erros de um chavismo que não sabe existir sem Chávez.

Em vésperas de eleições, as marcas da ditadura continuam a assombrar as elites políticas e vida social dos chilenos. A privatização da educação, da saúde e da segurança social (as mesmas políticas que hoje se implantam no nosso país) tiveram consequências devastadoras para o bem-estar da grande maioria da população, e a provável vitória de Michelle Bachelet poderá representar o esforço, ainda que limitado, para reverter a situação de desproteção social que avassala o país.

Estará Portugal condenado a repetir a história do Chile, no nosso caso, esvaziando a democracia para depois lhe tentar devolver algum significado? Para simbolizar que as continuidades sempre convivem com rupturas, no dia anterior à minha partida, mais de 50.000 chilenos e chilenas, na maioria jovens, desfilaram numa arrojada marcha de orgulho gay, como que dizendo que, tal como os estudantes revoltados de 2012 e os povos mapuches em luta contra o saque dos seus recursos naturais, são parte de um novo Chile pós-conservador e pós-neoliberal.

Escrevo esta crônica a partir da Cidade de México. Dias antes, em Guadalajara, tive um encontro com representantes do povo Wixarika em luta contra uma empresa mineira canadense autorizada pelo governo mexicano a extrair minério a céu aberto nos seus territórios sagrados de Wiricuta, São Luís de Potosi. Basta este nome para mostrar a continuidade do saque dos recursos naturais destes povos desde o início da colonização espanhola até hoje.

Tal como em Moçambique, no Chile ou no Brasil, a solidariedade internacional e o envolvimento de órgãos da ONU serão importantes para fortalecer a resistência contra estes megaprojetos feitos sem consulta às populações, com as mais graves violações dos direitos humanos e do meio-ambiente. Entretanto, o governo priista propõe uma reforma educativa com um perfil semelhante à que está a ser feita em Portugal. E, tal como cá, também os sindicatos dos professores do México protestam massivamente contra as reformas. Os sindicatos mexicanos são muito fortes e, apesar de o governo os tentar enfraquecer, adotam formas de luta que incluem ocupação de edifícios públicos e praças, bloqueamento de estradas, ou anulação das portagens nas autoestradas. Estes exemplos mostram que merece a pena continuar a lutar por um mundo mais justo e ecologicamente mais equilibrado. Os que lutam podem ter a certeza de que não estão sozinhos.
 

Eleições europeias 2014: A EUROPA PODE VIR TAMBÉM A ENFRENTAR UM SHUTDOWN

 

The Guardian, Londres – Presseurop
 
Os europeus ficaram estupefactos e consternados com o impasse que quase levou o Governo dos EUA ao incumprimento da dívida. Mas se os partidos anti-UE tiverem bons resultados nas próximas eleições europeias, a União poderá deparar-se com uma situação semelhante, alerta um politólogo alemão.
 
 
Os europeus ficaram estupefactos e consternados perante o shutdown [paralisação parcial do Governo federal] e pela possibilidade de incumprimento dos Estados Unidos. Talvez tenham até sentido algum schadenfreude [prazer com o mal dos outros]. Afinal, nos últimos anos, os dirigentes europeus têm sido ridicularizados e menosprezados pelos seus malabarismos políticos globais relacionados com a disfuncional zona euro – nalguns casos empurrando as suas economias para o abismo, para depois recuarem no último minuto antes de os mercados abrirem.
 
No entanto, a Europa poderá vir a viver a sua própria versão de um shutdown – menos dramático do que o do Governo dos EUA, sem dúvida, mas com causas semelhantes. Tal como o Tea Party fez do Congresso uma instituição paralisada e a odiar-se a si própria, uma aliança de partidos que se opõem à União Europeia poderia conduzir a Europa para a sua própria versão de "bloqueio", se esses partidos obtivessem o apoio popular suficiente nas eleições europeias do próximo ano. É melhor que as elites europeias – e todos os cidadãos que se preocupam com o destino da UE – comecem a pensar nesse cenário.
 
Os Estados Unidos e a UE têm uma característica comum: são, na gíria da ciência política, "regimes mistos", nos quais existe uma forte separação de poderes e inúmeros equilíbrios e controlos. Esse facto tem efeitos positivos, para aqueles que querem que as leis se baseiem num consenso amplo e que, de um modo geral, pretendem evitar aquilo a que James Madison chamou "instabilidade pública". Ao contrário do modelo de Westminster [Parlamento britânico], os regimes mistos tornam mais fácil que um número relativamente pequeno de atores políticos vete a mudança. São também menos transparentes; uma vez que é mais complicado responsabilizar claramente alguém, as culpas pelas politiquices podem sempre ser transferidas de uns para outros.
 
Parlamento legisla mais do que se julga
 
Embora nunca tenha sido exatamente uma instituição benquista, o Parlamento Europeu era, até há pouco tempo, mais capaz de estar à altura do ideal partilhado, pela simples razão de que a maioria dos seus membros tinham pelo menos duas coisas em comum: eram de um modo geral pró-UE e estavam desejosos de preservar os poderes duramente conquistados do Parlamento e, se possível, de alargar esses poderes.
 
Na verdade, o Parlamento tornou-se mais influente do que a maioria dos europeus se deu conta, e não apenas no que se refere a questões importantes como a proteção de dados. Conforme sublinhou Simon Hix, professor da LSE London School of Economics, cerca de 25% das alterações à legislação propostas pelo Parlamento Europeu acabam por vir a ter força de lei – mais do que em qualquer parlamento nacional.
 
Os planos destinados a tornar a UE mais democrática têm-se centrado quase sempre em conceder mais poderes aos deputados europeus – partindo do pressuposto ingénuo de que o Parlamento seria sempre automaticamente pró-europeu. Mas o que aconteceria se este fosse tomado de assalto por uma versão europeia do Tea Party, um grupo que faz campanha em nome do princípio de que o problema é o próprio Governo? Numa entrevista concedida esta semana a The New York Times, o primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, advertiu que, para não se chegar a uma "legislatura de pesadelo", os grandes partidos pró-europeus teriam de conquistar pelo menos 70% dos assentos.
 
O aviso de Letta parece uma confirmação, pelo establishment da UE, das razões pelas quais os populistas a condenam: os eleitores podem contar com mais democracia, desde que continue a tratar-se de uma democracia sem possibilidades de escolha reais – ou, pelo menos, é isso que os populistas dizem. Portanto, é importante ser-se claro quanto a onde residem exatamente os perigos. Nem todos os partidos que criticam o euro são anti-UE (pense-se no partido Alternativa para a Alemanha). Contudo, é significativo o número dos partidos verdadeiramente anti-UE, que são simplesmente destrutivos e que enfermam de contradições fundamentais. Esses partidos reivindicam a legitimidade democrática, baseando-se nos votos que obtiveram nas eleições para o Parlamento Europeu e, ao mesmo tempo, negam que este último seja democrático. Desejam apenas acabar de vez com tudo (mas, idealmente, ficar com o dinheiro e com o prestígio associados ao cargo).
 
Antieuropeus pouco fazem
 
Uma análise esclarecedora de Marley Morris [do grupo de consultoria e investigação Counterpoint] mostrou que os antieuropeus pouco fazem realmente na legislatura, preferindo o protagonismo nas sessões plenárias; o UKIP [Partido da Independência do Reino Unido] é um dos adeptos desta abordagem. Muitos desses partidos – concentrados no grupo Europa da Liberdade e da Democracia (EDF), uma espécie de Internacional dos nacionalistas – não propõem uma plataforma política coerente.
 
A Frente Nacional de Marine Le Pen (à frente nas sondagens, em França, sobre as eleições europeias de maio de 2014) e o partido anti-imigração e anti-Islão de Geert Wilders, da Holanda, estão a tentar forjar uma aliança pan-europeia contra a UE. Fazer campanha em conjunto poderá ser mais eficaz para as duas formações, mas também é provável que essa junção torne as coisas ainda mais caóticas: alguns partidos populistas não querem ver-se associados ao racismo. A um nível, esta incoerência poderá será positiva, tal como o facto de mesmo entre a extrema-direita, as alianças serem frequentemente quebradas.
 
Assim, a menos que desejem uma UE de facto disfuncional, os cidadãos europeus devem pensar duas vezes antes de votarem nesses partidos. Não irão conseguir políticas diferentes e, sim, paralisia. Há alternativas reais –inclusive à austeridade –e, no Parlamento, existem opções genuínas dentro do espectro esquerda-direita: mais do que em muitos parlamentos nacionais. Querer protestar é legítimo, em termos democráticos – mas também é importante que nos encaremos a sério a nós mesmos e ao nosso voto. Paralisar as instituições é coisa para adolescentes políticos, não para adultos.
 
Leia mais em Presseurop
 

GOVERNO MOÇAMBICANO CONFIRMA ATAQUE E CONTROLO DA BASE DO LÍDER DA RENAMO

 


O Ministério da Defesa de Moçambique confirmou hoje o ataque e controlo de Sandjudjira, base do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que se encontra em parte incerta, mas recusa que Moçambique esteja em guerra.
 
A Resistência Nacional Moçambicana, principal partido da oposição do país, disse hoje que o exército moçambicano "fustigou e tomou" a residência do seu líder, Afonso Dhlakama, obrigando-o a abandonar a casa para um local não revelado, onde "está de boa saúde".
 
Em declarações aos jornalistas, o diretor nacional de Política de Defesa no Ministério da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume, disse que as forças governamentais posicionadas na zona de Sandjudjira "foram atacadas pelos guerrilheiros da Renamo", pelo que houve uma resposta.
 
"Hoje ocorreu que, no final da manhã, muito próximo das 12:00, os guerrilheiros da Renamo atacaram as nossas forças posicionadas na zona de Sandjudjira e, na sequência deste ato, as Forças de Defesa e Segurança contra-atacaram e os guerrilheiros da Renamo refugiaram-se no local onde se localizava o senhor Afonso Dhlakama", disse Cristóvão Chume.
 
Segundo o responsável, "porque era preciso parar as pessoas que atacaram, as Forças de Defesa e Segurança (de Moçambique) perseguiram os homens da Renamo até ao local de onde tinham saído, neste caso, onde se localizava o senhor Afonso Dhlakama".
 
"As nossas forças encontram-se no terreno, no local onde se encontrava o senhor Afonso Dhlakama", disse o diretor nacional de Política de Defesa no Ministério da Defesa de Moçambique
 
No entanto, "não há baixas verificadas nas Forças de Defesa e Segurança, não houve baixas das populações que vivem naquela zona", afirmou Cristóvão Chume, que não confirmou "nenhuma baixa por parte deles", da Renamo.
 
"Não conhecemos a localização do senhor Afonso Dhlakama porque quando as nossas forças iam em perseguição dos seus homens ele e os seus homens puseram-se em fuga", acrescentou Cristóvão Chume, que apelou "à calma, tranquilidade e serenidade em relação aos diversos pronunciamentos que podem seguir-se na sequência desta situação".
 
"A nossa preocupação agora é de retornar a vida normal das populações que vivem naquele local", até porque "as populações, pelo sinal que temos tirado do local, têm respondido positivamente ao apelo das Forças de Defesa e Segurança para voltarem as suas atividades normais", afirmou.
 
RTP – Lusa
 

GOVERNO DE ANGOLA CONTINUA A NEGAR INCURSÃO MILITAR NO CONGO

 

Deutsche Welle
 
Apesar dos desmentidos do executivo angolano, autoridades do Congo e várias fontes em Angola confirmam a incursão de militares angolanos na República do Congo.
 
Contrariando a versão do Governo de Luanda, várias fontes confirmaram à DW África que militares angolanos entraram na semana passada na vizinha República do Congo. Também as autoridades de Brazzaville, citadas pela agência France Presse, confirmaram o ocorrido, enquanto Luanda exige que sejam apresentadas provas desta incursão.

Mário Augusto, porta-voz do ministério angolano das Relações Exteriores, em declarações à agência de notícias Lusa, desmentiu categoricamente que militares do seu país tenham efetuado qualquer tipo de incursão na República do Congo, corroborando desta forma o desmentido feito antes pelo embaixador de Angola em Brazaville, Pedro Mavunza, quando foi noticiado que no passado dia 14 de outubro um contingente de 500 militares angolanos teria entrado em território congolês na região de Kimongo, onde teria feito 55 reféns das forças armadas congolesas.

Nesta segunda-feira (21.10), a DW África tentou contatar os porta-vozes dos ministérios angolanos das Relações Exteriores e da Defesa, mas ninguém se mostrou disponível para falar sobre o assunto.
 
Vozes em Cabinda confirmam incidente
 
Entretanto, para Raul Danda, natural de Cabinda e presidente do grupo parlamentar da UNITA, as autoridades angolanas nunca iriam confirmar uma incursão no vizinho Congo. "Eu não estava à espera e creio que ninguém estaria à espera de que o Governo de José Eduardo dos Santos dissesse 'nós fomos lá e invadimos o território congolês'. Eu venho de Cabinda e lá também se comenta, à boca cheia, que as Forças Armadas angolanas fizeram, de facto, uma incursão em território congolês, mas parece-me que foram sem convite das autoridades congolesas", diz Raul Danda.

A DW África questionou o presidente do grupo parlamentar da UNITA sobre se esses militares estariam a perseguir elementos da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda-FLEC e o político reafirmou que "o Governo angolano não o dirá". "O Governo angolano tem estado a dizer que a FLEC já acabou, que o território está pacificado e que não há confronto nenhum", explica, acrescentando que "não existem militares da FLEC na ótica do Governo". Por isso, "irem para lá molestar refugiados que se encontram no Congo Brazzaville também devia ter um motivo. Os refugiados têm proteção internacional e não podia ser tratados assim", considera Raul Danda.
 
"Tudo indica que entraram lá, que terão mesmo capturado um coronel das Forças Armadas congolesas, bem como cerca de 46 elementos sob seu comando e a informação que eu tive a partir de Cabinda é que essas pessoas terão sido postas em liberdade e regressado às suas unidades no Congo", revela ainda o político angolano. "Mas é mau que as nossas Forças Armadas se envolvam em situações desta natureza. É mau para o país e afeta-nos a todos", conclui.
 
"Não perseguiam FLECs", diz comandante da Frente de Libertação

Contatámos também o Comandante António Xavier, chefe das operações militares da FLEC, que contraria a ideia de que tropas angolanas estariam a perseguir elementos do seu movimento que eventualmente estariam na República do Congo. "Entraram lá para procurar tropas da FLEC? Não", começa por dizer.
 
"Não encontraram lá ninguém da FLEC. Significa que eles fizeram aquilo de propósito. Temos de procurar saber porque é que os angolanos devem ir até ao Congo, se Cabinda não é Angola. Nós não temos bases do lado do Congo, só no interior de Cabinda, onde estamos em confronto com os angolanos. Onde eles entraram há militares do Congo e entraram só para capturar aqueles elementos, para poderem escamotear a verdade", explica.

O certo é que as Repúblicas do Congo, do Congo Democrático e Angola, assinaram um pacto de não-agressão e, em 1997, as tropas angolanas apoiaram o presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, a regressar ao poder na sequência de uma guerra civil. Mas, hoje, o cenário parece ser outro.
 
Uma repetição do passado?
 
Raul Danda recorda que "o regime de Angola já tinha enviado forças armadas para qualquer um dos dois Congos, para aquelas ações militares que todos conhecem. No início, dizia-se que não havia forças armadas angolanas nos Congos, era a informação oficial que circulava. Mas viu-se que não era verdade".
 
"Portanto", considera o político, "se, naquela altura, com tanta presença militar, se dizia que as Forças Armadas não estavam lá, agora o Governo angolano não vai dizer que 'sim, senhor, nós enviámos as nossas Forças Armadas'". "Nós não podemos estar a violar as fronteiras dos outros países e as leis internacionais, quaisquer que sejam os motivos", afirma Raul Danda.

O enclave angolano de Cabinda, que faz fronteira com o Congo a norte, é separado de Angola a sul por um pedaço do território pertencente à República Democrática do Congo, produz grande parte do petróleo do país, o segundo maior produtor da África subsaariana, depois da Nigéria.

Depois desta incursão dos militares angolanos no Congo, a tensão que sempre prevaleceu no enclave aumentou e a população está muito preocupada, de acordo com Raul Danda. "Mais uma vez é altura para reiterarmos o nosso apelo ao senhor Presidente da República para que a paz, a concertação, o diálogo que ele aconselha aos outros países, no quadro da resolução dos conflitos, seja também algo praticado por ele próprio", diz. E conclui: "Se o diálogo falasse mais alto, na tentativa de resolver o conflito de Cabinda, para se procurar uma solução pacífica, digna e dignificante, não havia necessidade de ir a Congo nenhum. Porque é que José Eduardo dos Santos não opta pelo diálogo com os cabindas? Resolveria a situação e seria um verdadeiro herói".
 
Autoria: António Rocha – Edição: Maria João Pinto / Guilherme Correia da Silva
 
Leia mais em Deutsche Welle
 
 
 
 

Angola: Secretário executivo da CPLP efectua primeira visita de trabalho ao país

 

Angola Press
 
O secretário executivo da CPLP, Murade Issac Miguigy Murargy, chegou na manhã de hoje (domingo) a capital angolana, Luanda, a fim de efectuar a sua primeira visita oficial e de trabalho ao país, desde que foi eleito para o cargo, na Cimeira de Maputo (Moçambique), em 2012.
 
O actual responsável executivo da organização, em declarações à Angop, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, informou que a sua deslocação a Luanda visa conhecer a realidade do momento, assim como agradecer Angola e ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, em particular, pelo apoio prestado para a sua eleição ao referido posto.
 
Segundo o entrevistado, a missão, faz ainda parte de uma série de visitas que está a realizar aos Estados da CPLP, que o levou já a Timor-Leste, Cabo Verde, agora Angola, seguindo-se a República de São Tomé e Príncipe, onde se vai deslocar depois de deixar a cidade de Luanda, na quinta-feira, pondo assim fim a sua primeira visita oficial de cinco dias em terras angolanas.
 
Em Luanda, o diplomata moçambicano vai reunir-se com alguns membros do executivo nacional, entre os quais, os ministros das Relações Exteriores, Georges Chikoti, da Agricultura, Afonso Pedro Canga, do Comércio, Rosa Pacavira, e com o presidente da Assembleia Nacional (Parlamento), deputado Fernando da Piedade Dias dos Santos.
 
Na audiência com o ministro das Relações Exteriores, disse, as partes vão abordar assuntos e temas que suportam a agenda da Comunidade, entre os quais as questões políticas, de cooperação, a II Conferência de Língua Portuguesa, os casos da Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, assim como aspectos ligados as reformas que estão a ser levadas a cabo na CPLP.
 
Durante a missão, Murade Murargy vai orientar uma palestra dirigida aos alunos da Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto, visitará algumas infra-estruturas e locais turísticos e históricos da capital angolana, assim como presidirá uma reunião com os embaixadores dos Estados da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), acreditados em Angola.
 
O secretário executivo, o moçambicano Murade Murargy, que chegou ao país para visita de trabalho de cinco dias, desembarcou no aeroporto de Luanda na companhia do chefe da Missão de Angola junto da CPLP, embaixador Júlio Hélder Moura Lucas.
 
Integram a Comunidade lusófona, com sede em Lisboa (Portugal), Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, Brasil, Portugal e Timor Leste, e Guiné-equatorial, como membro observador.
 

ADEUS LUSOFONIA – Jornal de Angola

 


Jornal de Angola, editorial - 21 de Outubro, 2013
 
O termo lusofonia nunca foi do agrado dos angolanos porque faz lembrar a “francofonia”, um instrumento fundamental para perpetuar os interesses de França nas suas antigas colónias. Mas não havendo melhor, foi aceite como plataforma de suporte à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, um bloco muito importante que permitiu congregar afectos, boas vontades e políticas capazes de cimentar os laços entre todos os que falam a língua de Agostinho Neto, José Craveirinha, Eugénio Tavares, Alda do Espírito Santo ou Camões.
 
A CPLP foi fundada há 17 anos, altura em que Angola estava em guerra, mas foi fruto da vontade dos Governos dos povos que falam a Língua Portuguesa. Os avanços têm sido muitos e Angola está na primeira linha dos esforços para consolidar a organização.

O secretário executivo da CPLP, Murade Murargy, está em Luanda e a primeira coisa que disse no aeroporto foi que conta com Angola “como suporte fundamental” na consolidação da organização. Brasil, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor-Leste compreendem esta realidade e agem em conformidade. Só Portugal diverge perigosamente. E não venham desculpar-se com a situação de protectorado, porque já antes a sua cúpula tinha um comportamento que em muitos casos se assemelhava a relações pouco ou nada amistosas.

A crise social e económica em Portugal retirou a políticos e comentadores algum discernimento e perspicácia. O Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, anunciou que a parceria estratégica com Portugal, que estava a ser construída laboriosamente pelos dois Estados, não pode avançar nas actuais condições. Porque a cúpula portuguesas está a ser desleal em relação aos entendimentos que tem com Angola.

A postura actual do Estado português representa uma verdadeira agressão a Angola. A agressão mediática de Portugal vem de alto a baixo, de representantes de órgãos de soberania, de políticos, deputados, magistrados, partidos políticos portugueses. É evidente que damos um desconto quando alguns se comportam como crianças tratando de assuntos sérios e dizem que a democracia deles é melhor do que a nossa. Ou que os portugueses respeitam a separação de poderes e os angolanos não. Afirmar que os angolanos querem acabar com a liberdade de imprensa em Portugal, é mais do que criancice. Entra no domínio da enfabulação infantil.

Em Angola, o Ministério Público informou que está a investigar vários casos de corrupção e lavagem de dinheiro que envolvem cidadãos portugueses. Nunca os Procuradores responsáveis por esses processos deram aos jornalistas angolanos informações que lhes permitissem fazer manchetes, assassinando na praça pública cidadãos que gozam da presunção de inocência e só podem ser julgados nos Tribunais. Não somos melhores que ninguém. Mas também não somos os piores do mundo, como dizem dirariamnete elites portuguesas ignorantes e corruptas.

Na democracia portuguesa, o antigo Primeiro-Ministro José Sócrates viu o seu nome referido na comunicação social como corrupto, a propósito do licenciamento da Freeport em Alcochete. O Ministério Público, durante sete anos, andou a julgá-lo na praça pública, com manchetes e notícias falsas. Depois o processo foi arquivado sem que alguma vez tivesse sido acusado nem constituído arguido. O mesmo Ministério Público quer fazer o mesmo a cidadãos angolanos e todos os titulares dos órgãos de soberania de Portugal consentem isso. Usando os impérios mediáticos que sobreviveram aos diamantes de sangue de Jonas Savimbi, os Procuradores vão julgando honrados cidadãos angolanos na praça pública e os comentadores dizem que querem vingança com um “Angolagate à Portuguesa”. A democracia deles não respeita o direito à inviolabilidade pessoal. E assim, de nada serve a separação de poderes. O “Angolagate” em França foi um autêntico fiasco, como se viu.

Esta situação configura uma agressão intolerável. A cúpula em Portugal, Presidência da República, Assembleia da República, Governo, Tribunais, tem pesadas responsabilidades no actual clima de agressão a Angola, que recrudesceu nas últimas semanas e atingiu níveis inaceitáveis.

Enquanto persistir a onda de deslealdade e agressão que vem de Lisboa não são aconselháveis cimeiras. E é um rotundo erro desvalorizar a posição tomada pelo nosso Chefe de Estado. Com isso, estão a enganar as pessoas. Dizem cinicamente que já está tudo bem, enquanto ao mesmo tempo o Ministério Público faz mais manchetes nos jornais e são violados os entendimentos feitos com Angola. Portugal já não está nas grandes obras públicas no nosso país. Não está no petróleo. Não está na transferência de tecnologias. Aí estão a China e o Brasil. Portugal parece estar apenas reduzido à chantagem e à falta de respeito. Está tudo mal e a CPLP é altamente prejudicada com isso. Assim, estão a dizer adeus à lusofonia.

Xanana Gusmão diz que ONU não está a gastar fundos suficientes na Guiné-Bissau

 


Díli, 21 out (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, afirmou, num discurso a que a Lusa teve hoje acesso, que as Nações Unidas não estão a gastar fundos suficientes na Guiné-Bissau ao contrário do que aconteceu em Timor-Leste, onde se gastaram "demasiados".
 
A afirmação de Xanana Gusmão foi feita em Nova Iorque no âmbito de um encontro para falar sobre "Transições de manutenção de paz: Lições aprendidas com a missão da ONU em Timor-Leste", num discurso hoje enviado à agência Lusa.
 
"Saí de lá (da Guiné-Bissau) com a impressão que as Nações Unidas estão a cometer o erro contrário ao que cometeram em Timor-Leste. Ao passo que em Timor-Leste se gastaram demasiados fundos, na Guiné-Bissau não estão a ser gastos fundos suficientes", afirmou Xanana Gusmão.
 
O primeiro-ministro timorense realizou no início do mês uma visita de trabalho à Guiné-Bissau como presidente do G7+, organização criada em abril de 2011 que reúne 18 Estados-membros, entre os quais Timor-Leste e Guiné-Bissau, e que defende reformas no modo como a comunidade internacional apoia os países frágeis ou em situação de pós-conflito.
 
"Isso torna a missão do representante do secretário-geral da ONU, o meu querido irmão Dr. José Ramos-Horta, deveras difícil", disse.
 
Durante a visita de Xanana Gusmão à Guiné-Bissau foi assinada uma declaração de princípios onde todos os setores do país manifestaram total empenho na restauração da ordem constitucional e apelam à comunidade internacional para reconsiderar as sanções com o objetivo de se iniciar o registo eleitoral credível o mais rapidamente possível.
 
"A intenção é ter este registo concluído até final do presente ano, de modo a permitir a realização de eleições em finais de fevereiro de 2014", disse Xanana Gusmão, salientando que são precisos cinco milhões de dólares para preparar o registo eleitoral.
 
O primeiro-ministro timorense informou também os presentes que Timor-Leste já contribuiu com um milhão de dólares.
 
"Acredito que com um fundo gerido pelo PNUD (Programa da ONU para o Desenvolvimento) e apoiado por Timor-Leste podemos pelo menos dar início a este processo vital para garantir eleições justas e credíveis", sublinhou.
 
MSE // MLL - Lusa
 

PRESIDENTE TIMORENSE INICIA VISITAS A COMUNIDADES RURAIS DO PAÍS

 


Díli, 21 out (Lusa) - O Presidente timorense, Taur Matan Ruak, iniciou hoje mais uma visita a várias áreas rurais de Timor-Leste para conhecer as condições de vida da população e para receber informação sobre as dificuldades existentes naquelas comunidades.
 
Em comunicado divulgado à imprensa, a Presidência timorense refere que o objetivo da "visita de rotina às áreas rurais" é "conhecer de perto as condições reais das comunidades ao nível da base e promover o diálogo para recolher informações sobre as preocupações, aspirações e dificuldades daquelas comunidades".
 
Durante a visita, que termina sexta-feira, Taur Matan Ruak vai deslocar-se a comunidades dos distritos de Ainaro e Ermera, algumas das quais só se conseguem alcançar a pé.
 
Além do diálogo com as comunidades, o Presidente timorense vai também "observar as condições das estradas e pontes", acrescenta no comunicado a Presidência.
 
O Presidente timorense realiza com regularidades visitas aos distritos do país, nomeadamente às comunidades mais remotas.
 
MSE // PMC - Lusa
 

EXÉRCITO MOÇAMBICANO CERCOU AFONSO DHLAKAMA NA SUA BASE - TV

 


O líder da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), principal partido da oposição moçambicana, Afonso Dhlakama, está cercado na sua base em Sadjundjira, centro do país, pelo exército moçambicano, refere o canal privado STV.
 
A emissora mostrou carros de combate equipados com canhões e blindados transportando soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), estacionados nos principais acessos à base, onde Afonso Dhlakama se reinstalou em outubro do ano passado, em protesto contra a alegada ditadura da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.
 
Segundo o canal, os homens armados da Renamo, que até quinta-feira guarneciam um perímetro de até 30 quilómetros ao redor da base, fugiram e juntaram-se ao líder do movimento.
 
As FADM montaram três postos de controlo em Sadjundjira, revistando todas as pessoas que entram e saem da base e ordenaram a retirada da população, adianta a STV.
 
O canal aponta que os militares que cercam a base de Afonso Dhlakama têm ordens para atacar o local, caso os homens da Renamo ataquem as FADM.
 
O cerco da base onde vive o líder do principal partido da oposição sinaliza uma escalada na tensão político-militar em Moçambique, a mais grave desde a assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP), em 1992, que pôs termo a 16 anos de guerra civil, opondo a antiga guerrilha da Renamo e o Governo da Frelimo.
 
A atual crise foi originada pela recusa da Renamo em participar nas eleições autárquicas de 20 de novembro, em boicote à não inclusão do princípio da paridade na composição dos órgãos eleitorais, aos quais acusa de favorecerem a Frelimo.
 
PMA // MLL - Lusa
 

Portugal: NÃO HÁ ALTERNATIVAS

 

Triunfo da Razão
 
A ideia de que não há alternativas às políticas do Governo é essencial para a viabilidade dessas mesmas políticas. A comunicação social até pode abordar o tema da contestação, mas até nesse particular impera a tese de que não há alternativas. Ou seja, há contestação sem alternativas que é o mesmo do que viabilizar as políticas do Governo. Veja-se o vasto rol de comentadores, arautos do sistema, que por vezes até tecem críticas ao Governo, críticas que acabam invariavelmente por esbarrar na tese que postula a inexistência de alternativas.

De resto, existem várias formas de se conseguir implementar uma cartilha radical: uma prende-se precisamente com a tese da inevitabilidade e da e do carácter inexorável das alternativas; outra prende-se com o enfraquecimento dos pilares da democracia, no caso, o Tribunal Constitucional; outro ainda, está relacionada com a instrumentalização do medo - medo de falir, medo de não haver dinheiro para pagar salários e pensões, medo de sair do euro... Ora, estes constrangimentos toldam o pensamento e inviabilizam a acção. Entre a morte lenta e uma hipotética morte súbita, nós estamos claramente a escolher a morte lenta.
 
Ana Alexandra Gonçalves
 
Leia mais em Triunfo da Razão
 

Portugal: A CAMINHO DO “ESTADO NOVO”

 


Tomás Vasques – jornal i, opinião
 
A culpa desta situação é do PCP e do Bloco de Esquerda que não apoiaram os programas de austeridade de Sócrates e votaram com o PSD o derrube do governo
 
O Orçamento do Estado para 2014, com todas as medidas que, para além do aumento de impostos, reduzem, sem decoro, nem vergonha, salários de funcionários públicos a partir dos 600 euros por mês, expropriam reformas e pensões de sobrevivência e cortam a eito nas prestações sociais, tratando os mais pobres como "gente rica", está aí, para ser aprovado na Assembleia da República pelos deputados eleitos pelo PSD e pelo CDS-PP. Está agora claro que era esta a "reforma do Estado" proposta naquela apalhaçada apresentação, no Palácio Foz, montada pelo governo para envolver a "sociedade civil e os partidos da oposição na discussão", na qual os jornalistas não podiam colher declarações dos participantes.
 
O controlo do défice e da dívida pública não são objectivos deste governo, como está demonstrado por todos os indicadores que resultam da execução orçamental dos dois anos anteriores, 2012 e 2013. É apenas um argumento trapaceiro para alcançar a fundação de outro "Estado Novo", nas condições deste nosso tempo. A pobreza da maioria dos portugueses, o desemprego, a mão-de-obra barata, a imigração, o salve-se quem puder porque o Estado só existe para tratar dos interesses dos grandes e poderosos, está quase alcançado. Mais dois ou três anos, em que cada Orçamento do Estado será o prosseguimento do anterior, e este "trabalho" fica completo por várias décadas, independentemente de quem vier a governar depois. Falta apenas, para que este "Estado Novo" se complete, suspender a Constituição da República ou partir a coluna aos juízes do Tribunal Constitucional, e reduzir a democracia a uma paródia. Para isso, trabalham diariamente em conjugação de esforços, o governo, a troika, sob a direcção da Alemanha, a senhora Lagarde, do FMI, Durão Barroso e a Comissão Europeia, banqueiros, donos de hipermercados e outra gente que se esforça para que este outro "Estado Novo" triunfe.
 
Um dia, com a distância temporal necessária e os resultados da catástrofe económica e social em que o país e os portugueses se afundam, se fará a história destes anos de chumbo, desde que o grupo que tomou conta do PSD, com o apoio expresso do PCP e do Bloco, numa votação na Assembleia da República, em meados de 2011, rejeitaram um Programa de Estabilidade e Crescimento PEC (e o caminho que por aí se faria). Em substituição, desejaram (e alguns exigiram) um pedido de resgate e a entrada da troika de credores em Portugal. Com as consequências que estão já à vista e as que estão por chegar nos próximos anos.
 
Para o grupo do PSD, incompetente e sem a menor preparação para governar o país, apoiado e estimulado pelo pacóvio neoliberalismo de uns quantos "videntes" modernaços, uns, e revanchistas, outros, agrupados à volta de uma dúzia de blogues (muitos dos quais foram convidados para "aconselhar" os mais diversos ministros), era uma questão de sobrevivência política: ou naquela altura derrubavam o governo ou perdiam a oportunidade de "ir ao pote". As consequências do derrube do governo, então, sobre a vida dos portugueses, não era um assunto que lhes dissesse respeito porque o "negócio" deles não se confina a coisas tão mesquinhas. A democracia para esta gente é a forma mais fácil e menos exigente de serem "alguém", de acordo com os seus padrões. E, para tal, as únicas técnicas que precisam dominar são a simulação, o embuste, o engano e a mentira.
 
Para o PCP e para o Bloco, o ódio que vem de trás e a ambição política de fazerem desaparecer o PS do seu caminho, motivou a sua cumplicidade nesta "aventura" do PSD na fundação de um "Estado Novo". Mais do que o "quanto pior, melhor", foi terem congeminado a hipótese do PS voltar a ganhar as eleições e ficar a braços com o resgate e a troika, situação que lhes pareceu "muito boa" para riscarem o PS do mapa.
 
Os portugueses são sempre os que menos contam e, enquanto isso acontecer, a "democracia" é gerida pelos "mercados", mesmo que o PCP ganhe mais uma dúzia de câmaras ou que o PS ganhe as próximas eleições.
 
Jurista, escreve à segunda-feira
 

Mais lidas da semana