domingo, 9 de dezembro de 2012

GENOCÍDIO EM TIMOR-LESTE, 7 DE DEZEMBRO DE 1975 – OS ROUBOS E A MISÉRIA ATUAL

 

António Veríssimo, com Ana Loro Metan – com vídeos
 
Timor-Leste, 7 de dezembro de 1975, a invasão pelas tropas indonésias. Até à presente data passaram 37 anos. Aconteceram há poucos dias as comemorações correspondentes para memória futura. Que se saiba, em Portugal, a data passou sem referências relevantes, diríamos mesmo que passou sem que nada fosse referido, que saibamos. Propositadamente optámos por também não o referir e assim preparar para o dia de hoje a divulgação da efeméride do silêncio. Admitimos que estivéssemos enganados, procurámos… Nada.
 
Ao longo da existência da Fábrica dos Blogues, do Timor Lorosae Nação, e depois do Página Global, não deixámos passar um ano sem que não recordássemos a invasão de Timor-Leste pela Indonésia de Shuarto com a cumplicidade dos Estados Unidos da América, da Inglaterra e da Austrália – os países mais relevantes no massacre de timorenses. A preponderância de um verdadeiro criminoso de guerra norte-americano, Henry Kissinger, então secretário de estado dos EUA, com o aval do seu presidente Gerald Ford, foram os cúmplices, quase mentores, da invasão e consequente genocidio que vitimou cerca de 300 mil timorenses ao longo de quase um quarto de século. Portugal, pequeno país, pouco mais podia que contestar o ocorrido nas instâncias internacionais, na ONU. Coube aos timorenses a libertação do seu território, do seu país. Foi preponderante o valor guerreiro e patriótico da resistência, as Falintil, um exército irregular composto pelo povo. Milhares tombaram para sempre, uns referenciados pelas suas ações, outros incognitamente. Todos eles foram os heróis que deverão ser sempre homenageados e recordados com vemência por todos os séculos ou milénios futuros da nação timorense.
 
Quase na atualidade, em 2010, uma timorense que viveu a invasão, que deu à Pátria muitos dos seus entes queridos, que sofreu agruras e torturas infligidas pelos invasores – e que faleceu há alguns meses com o regozijo de ter visto a sua Pátria independente - que fez parte da equipa da Fábrica dos Blogues escrevia acerca da efeméride:
 
Invasão de Timor: NÃO ESQUEÇAMOS AS VÍTIMAS NEM OS TRAIDORES!
 
Ana Loro Metan – Timor Lorosae Nação, em 07.12.10 - reposição

PASSADO DOLOROSO DE UM POVO, PRESENTE VERGONHOSO DOS LÍDERES

Em Timor Leste o dia está prestes a terminar. Há 35 anos, a 7 de dezembro de 1975, por esta hora já havia milhares de cadáveres pelo país. Cadáveres de timorenses. Filhos da Pátria que procuraram resistir à ocupação indonésia. Outros, filhos da Pátria, que sem esboçarem a mínima resistência foram igualmente assassinados.

As ruas de Dili estavam pejadas de cadáveres remetidos ao silêncio pelo ocupante assassino indonésio. Timor inteiro ficou em silêncio, nem as dores de sofrimento dos imensos feridos – muitos deles que viriam a sucumbir nos dias imediatamente a seguir a terem sido vítimas dos indonésios. Nada se ouvia, nem as dores, nem o medo, nem a fome, nem os choros. O silêncio só era interrompido pelas viaturas dos ocupantes, pelos estrondos das suas armas, dos seus passos, das suas vozes em perseguição do extermínio de todos nós. Logo nas quatro primeiras semanas mais de 10 mil timorenses pereceram às mãos das sanguinárias forças armadas indonésias. E hoje o que se recorda?

Na comemoração da efeméride nada se recorda sobre a verdadeira realidade dos acontecimentos. Os assassinos, militares ou civis indonésios ao serviço da secreta, continuam a gozar da impunidade que o mundo e os dirigentes timorenses consideram merecer. Actualmente todos comem à mesma mesa, riem das mesmas graças, trocam cheques dos mesmos bancos, cumprimentam-se e abraçam-se sobre terrenos onde estão os ossos das vítimas misturadas nas valas comuns. Muitas dessas vítimas donos de corpos jovens, também velhos ou crianças, alguns enterrados vivos. Talvez por isso Ramos Horta, Xanana Gusmão e muitos outros, tenham vergonha de comemorar como devem a efeméride. Conscientes dos seus conluios e das suas traições.

Timorense que se respeite e se preze jamais esquecerá as quase 300 mil vítimas dos cerca de 25 anos de ocupação e de assassinatos impunes. Impunes por vontade de Ramos Horta e de muitos outros traidores que se alaparam nos poderes da Nação timorense distribuindo fome e miséria ao povo que acreditou neles sem que o devesse fazer. Beneficiando imerecidamente de boa vida sobre os cadáveres dos nossos familiares, dos seus próprios familiares.

Resta-nos jamais esquecer as vítimas… Nem os traidores. (fim ALM)
 
EM TIMOR-LESTE NÃO ESQUECEM A EFEMÉRIDE DO TERROR
 
Contrariamente ao silêncio que aconteceu em Portugal (pelo que conhecemos), em Timor-Leste não esquecem a efeméride. Também era o faltava. Se assim fosse seria a cereja sobre o bolo intragável da traição. O grupo cultural Arte Moris abriu as portas do seu auditório para a exposição sobre o dia da invasão indonésia a Timor-Leste. Outras iniciativas e homenagens marcaram a data pelo país do sol nascente. Em Portugal, em português, que saibamos, quase nada ou nada foi referenciado. Para a maioria dos situacionistas Timor-Leste é livre, independente e os timorenses vivem em democracia. Infelizmente não é esta a verdade que podemos constatar no terreno, no país. Abundam as carências alimentares, há enormes carências de cuidados de saúde, escolares, de emprego, de habitação, de redes viárias, etc., etc. A sobrevivência e a dignidade de centenas de milhares de timorenses está a ser aviltada.
 
Poder-se-ia dizer que o facto de Timor-Leste estar votado a país do terceiro mundo se deve ao facto de ter só 10 anos de existência enquanto nação independente e que os indonésios e as matilhas de celerados assassinos das milícias timorenses ao seu serviço destruíram literalmente o país e suas infraestruturas em 1999 após o referendo ter sido fortemente favoravel à independência. Em parte é verdade. Só em parte. A responsabilidade do restante sobre a miséria e as injustiças sociais que impendem sobre quase 90 por cento dos cidadãos timorenses cabe a uma boa percentagem de lideres ditos históricos e lideres da atualidade que mais não são que traidores dos propósitos daqueles que deram as vidas pela libertação do povo e do país. Assim como a certos vícios de seitas prevalecentes na ONU e que para muitos se comparam a máfias mundiais que servem interesses adversos aos povos a quem as missões deviam servir a cem por cento.
 
A realidade timorense está anexa a obscuros enriquecimentos, corrupção e roubos, que se têm multiplicado durante o primado ministerial de Xanana Gusmão. Não se podendo afirmar que Ramos Horta cumpriu contra isso a sua missão enquanto presidente da República. E tudo ocorre de modo impune, à moda de Timor-Leste, com a conivência e o silêncio de muitos outros estrangeiros e da ONU. Os milhões provindos do petróleo e do gás correm céleres para as contas encapotadas de uma elite sorridente e putrefacta que está a condenar a vasta maioria dos timorenses à miséria, à fome, à subserviência e à sobrevivência por qualquer preço menos digno. Condena mulheres, jovens e crianças à prostituição. Existe um rácio elevado de pedofilia de que nem se fala, nem se aborda. Há anos que impendem acusações disso mesmo contra o bispo Ximenes Belo, por exemplo – de que a atual Procuradora Geral da República tem conhecimento – mas tudo é relegado ao ostracismo, à ineficácia, ao silêncio puro, duro, indigno e intolerável.
 
Este é o Timor-Leste do presente, dominado por uns quantos que traem a memória dos heróis do passado que pereceram, dos heróis do passado que ainda existem, das crianças e dos jovens de agora, dos velhos, das mulheres e homens que na impossibilidade de se alimentarem da independência passam fome, muitas carências e fazem escolhas no lixo em busca de alimentos que outros tenham desprezado. De restos alimentares que ingerem aplacando a fome. Eis o Timor-Leste de hoje, em pleno reinado de uma estirpe de traidores encimados por Xanana Gusmão com a impossibilidade e silêncio de um presidente da República há pouco tempo eleito, Taur Matan Ruak - herói da libertação - mas que tem curta margem de manobra constitucional para fazer frente ao todo poderoso status da mafia instalada. O que não significa que também ele esteja a constituir uma grande desilusão. O costume, nos que se instalam nos poderes.
 
Foi o povo timorense, os eleitores, que ainda há pouco tempo reelegeram Xanana Gusmão e o seu partido (CNRT) para continuar com a devassa. A exemplo de muitos povos a certeza que fica é de que neles é genético as tendências para o masoquismo, para o sofrimento que promete o céu no além – segundo o dito pelas religiões a operar no terreno, com destaque para a igreja católica que se arroga de ter mais de 90 por cento de crentes entre a população timorense. Que tem o histórico domínio daquele povo, isso é verdade. Com uns e outros a dominar concluiu-se que existe um caldo de cultura para dominar a maioria dos timorenses tornando-os mansos apesar da fome e das injustiças quotidianas. Algo muito mais eficaz do que o obtido pelos invasores indonésios de que se libertaram, teórica e aparentemente… Seguro existir são os roubos e a miséria atual.
 
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Sejamos optimistas. Um dia…
 
DEPOIS DE ESCRITO
 
Como poderão constatar no comentário ao texto, considerando a informação correta, também em Timor-Leste não se registaram eventos oficiais de iniciativa governamental sobre a efeméride em questão. De certo modo compreende-se que Xanana Gusmão e seu séquito manifestem os cuidados constantes no comentário, de não querer ofender os indonésios. A ser verdade, somando factos, Xanana só foi capturado pelo invasor indonésio porque traiu os companheiros, porque negociaram nesse sentido a sua entrega, a sua rendição, o seu arrependimento. Para além do mais foi permanente a constatação de bons tratos, mordomias e prisão dourada em Cipinang… O que realmente aconteceu? Quem sabe? Alguma vez nos dados históricos constará a verdade sobre o ocorrido?
 
Sabemos, no entanto, que particularmente, por iniciativas avulsas da população, a efeméride foi assinalada.
 
O relevo ao comentário:
 
“A informação que este blog deu está errada. Em TL o dia 7 não foi comemorado pelo gov. nem pela PR. O dia foi completamente ignorado pelas autoridades timorenses. Houve uma missa na igreja de motael mas nenhum membro do governo esteve presente.O dia 7 em TL foi completamente ignorado porque os governantes têm medo de ofender os amigos indonésios e protegerem ascontas bancárias que lá têm.”
 
Referências de interesse:
 

Portugal: Se Cavaco não for "o garante da Constituição" então "não pode ser PR"

 

Económico – Lusa, com foto
 
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) Catarina Martins afirmou hoje que se Cavaco Silva não for "o garante da Constituição", enviando para fiscalização preventiva o Orçamento do Estado para 2013, "então não pode ser Presidente da República".
 
"Não esperamos nada de Cavaco Silva, mas exigimos-lhe que seja Presidente da República. Porque se ele não pode ser o garante da Constituição então não pode ser Presidente da República. Exigimos que peça a fiscalização preventiva do Orçamento do Estado (OE) porque um Orçamento inconstitucional é um golpe constitucional", defendeu Catarina Martins numa sessão pública organizada pelo partido na Maia.
 
Para o BE, este será o 2.º Orçamento do Estado consecutivo que vai "contra a Constituição" e, se "uma vez é erro, outra vez é feitio". Por isso, garante, se não for Cavaco Silva a enviar o documento para o Tribunal Constitucional, já está assegurado - entre o BE, o PCP, Os Verdes e, eventualmente, a bancada parlamentar do PS ou, pelo menos, alguns socialistas - o número de deputados necessário para requerer a fiscalização preventiva do orçamento.
 
Entre as alegadas inconstitucionalidades do OE para 2013, que garantem ser "impraticável", os bloquistas apontam a falta de "equidade e progressividade fiscal" e o "ataque ao país e a quem trabalha".
 
"Vai provocar mais recessão e o Estado vai recolher menos impostos e ter mais encargos com as pessoas no desemprego", alertou Catarina Martins, salientando que "um país que não produz não vai pagar dívida nenhuma", pelo que "a dívida vai aumentar e o défice das contas públicas não fica controlado".
 
Alertando que "o que o Governo impõe é a política da bancarrota", o BE garante que o próprio executivo "já sabe que este Orçamento vai correr mal" e que, "quando vierem os dados da execução orçamental do 1.º trimestre de 2013, o défice e a dívida estarão piores e o descalabro será total".
 
"Este orçamento, na verdade, é uma brincadeira para durar uns dois meses. Depois, quando vier a próxima avaliação da 'troika', em Fevereiro, o Governo apresentará o próximo plano, que é cortar 4.000 milhões de euros nas funções do Estado", antecipou.
 
Para o BE, este será "um corte brutal no sustento de uma democracia - na saúde e na educação - que são o sustento da igualdade".
 
Garantindo que "o que está em causa é passar o dinheiro de um povo para as mãos de uns poucos", Catarina Martins criticou ainda a política de privatizações e acusou o Governo de estar "a defender os interesses das multinacionais", que terão "a renda de um país obrigado a pagar-lhes para ter tudo o que é essencial".
 
Reiterando a necessidade de "derrotar e demitir este Governo", Catarina Martins voltou a defender a criação de um "Governo de esquerda" para "romper com o memorando da 'troika'" e "renegociar a dívida directamente com os credores, um a um".
 
Outro "ponto essencial" deste "Governo de esquerda" é o assegurar do "controlo público do crédito", da "dignidade dos salários e pensões" e de um "novo sistema fiscal justo, realmente equitativo e progressivo".
 
Para os bloquistas, "este Governo não tem nenhum projecto para o país e não vê, sequer, a luz ao fundo do túnel", fazendo apenas de Portugal "um rato de laboratório nas mãos de académicos".
 

Portugal: QUE SERÁ QUE NOS QUEREM ESCONDER?

 


Pedro Marques Lopes – Diário de Notícias, opinião
 
Pela segunda vez em seis meses, os grupos parlamentares do PSD e do CDS votaram contra uma proposta de lei do PS e antes do BE que pretendia tornar claro quem de facto são os proprietários dos órgãos de comunicação social a operar em Portugal.
 
Sexta-feira passada foi-nos relembrado que para a maioria parlamentar basta saber que uma televisão, uma rádio ou um jornal é propriedade da "Javoslixo" sociedade anónima com sede no Panamá ou nas Ilhas Virgem para que não existam mais perguntas a fazer.
 
O principal capital dos media é a sua credibilidade, a confiança que os consumidores têm na informação que lhes é dada. Sempre assim foi, mas com a Internet e a infinita capacidade de acesso a informação os media tradicionais reforçaram a sua posição de garantes da qualidade. Não é em vão que a Wikileaks passou os dados que detinha para títulos como o Guardian ou o New York Times. Estes títulos fizeram o mais importante: deram o aval às informações. Sem esse selo de garantia nunca teriam o impacto que tiveram - paradoxalmente, ou talvez não, é exactamente na altura em que mais recorremos aos media tradicionais como garantia de qualidade que estes vivem a crise mais profunda. Confiança e credibilidade são as palavras- -chave na relação entre produtores e consumidores de informação. Ho- je mais que nunca. Não será preciso discorrer sobre a nossa dependência dos media para construirmos as nossas opiniões e convicções.
 
Para que confiemos nos órgãos de comunicação social é absolutamente essencial sabermos diversos aspectos da sua vida começando, como deve ser, pelo principio: quem são os accionistas. Já sabemos que para os deputados do PSD e do CDS (poucos estarão sensibilizados para o assunto, mas, para o bem ou para o mal, são todos responsáveis) isso não é relevante. Para esses senhores não importa saber se o sr. Silva, fabricante e comercializador de atoalhados, sendo esse o seu principal negócio, é também grande accionista dum jornal. Eu acho que é. Só assim vou poder interpretar melhor notícias sobre os concorrentes do sr. Silva ou sobre o sector dos atoalhados.
 
Para os grupos parlamentares da maioria não é importante saber se um accionista da "Javoslixo", proprietário duma televisão, é um ditador, um dono dum casino, uma igreja ou uma outra coisa qualquer. Mais, também não lhes parece importar se o accionista dessa sociedade anónima sediada no Panamá dona dessa televisão é também accionista duma outra sociedade anónima com sede em Jérsia proprietária duma televisão concorrente. E não acham sequer necessário saber o nome do homem ou da mulher que domine uma empresa que fique a explorar uma televisão que seja, por louco exemplo, contratualmente obrigada a fazer serviço público. Até podem pensar que uma qualquer Fox News o pode fazer, apesar de não quererem saber quem é o dono dessa cadeia de televisão...
 
Não são só os consumidores de informação que precisam de saber quem são os verdadeiros donos dos media, as suas possíveis outras actividades e interesses. Os próprios colaboradores, jornalistas e outros, são parte interessada e deve-lhes ser assegurado o direito de saber para quem realmente trabalham.
 
As senhoras e os senhores deputados acham, portanto, que tudo isto não interessa nada. Bom, das três uma: ou estão interessados em matar duma vez por todas os media tradicionais contribuindo para que os cidadãos percam a confiança nas televisões, rádios ou jornais, ou não percebem rigorosamente nada do sector, ou existe uma agenda escondida inconfessável.
 
Dizem-nos que a transparência já está assegurada pela actual lei. Sejam francos, sabem que é uma redonda mentira e basta olhar para jornais cujos donos são apenas siglas. Mas, a quem não interessa a completa transparência da propriedade dos órgãos de comunicação social? Quem são as pessoas que querem mandar em órgãos de comunicação social mas não querem dar a cara, sobretudo numa altura em que é previsível uma mudança de cenário e de actores no sector? Quem não quer que se saiba quem manda nos media? Quem foi a pessoa que deu a ordem aos grupos parlamentares para votarem neste sentido? Qual o seu interesse? O da defesa da liberdade de imprensa e da transparência não é de certeza absoluta.
 
A democracia precisa de órgãos de comunicação social livres, independentes e transparentes. Consciente ou inconscientemente, os deputados da maioria contribuíram para que o sector dos media seja menos livre, menos plural e menos transparente.
 

Quem se opõe a Miguel Relvas na privatização da RTP acaba por se tramar, diz Semedo

 

Jornal i - Lusa
 
O líder do Bloco de Esquerda afirmou que "aqueles que se opõem" a Miguel Relvas na privatização da RTP "acabam por se tramar" e que a RTP é um exemplo do "fanatismo ideológico" do Governo quanto às privatizações.
 
À margem de um encontro, sábado à noite, com militantes em Braga, João Semedo afirmou que o processo disciplinar que o antigo diretor de informação da RTP, Nuno Santos, está a ser alvo é prova que na estação pública de televisão "não há respeito" pela liberdade de opinião.
 
O coordenador nacional do Bloco assegurou ainda que o partido que lidera "irá sempre defender um serviço público de televisão".
Para João Semedo "a RTP é uma privatização em que o fanatismo ideológico [do Governo] está bem claro".
 
Segundo o líder bloquista "um Estado democrático e moderno, a formação, a educação, a cultura de uma sociedade exigem um serviço publico de televisão".
 
Por isso, assegurou que o BE continuará a "defender um serviço público de televisão que é incompatível com a privatização" desse serviço.
 
Isto porque, esclareceu, o Bloco "não considera que a "concessão a privados ou a privatização de capital da RTP seja uma forma de melhorar e garantir o serviço público de televisão".
 
Ainda sobre a possível privatização da RTP, Semedo afirmou já ter percebido que "todos aqueles que se atravessam ou opõem ao plano de Miguel Relvas de privatizar a RTP se acabam por tramar, usando a palavra que politicamente é tão bem conhecida".
 
Como exemplo, o líder do bloco apontou o caso do processo disciplinar instaurado contra o antigo diretor de informação da estação pública, Nuno Santos, na sequência das declarações deste no Parlamento sobre o visionamento pela PSP de imagens em bruto da manifestação de 14 de novembro.
 
"O caso da direção de informação que está suspensa com vista ao despedimento demonstra bem que não há qualquer respeito na RTP pela liberdade de opinião", disse, defendendo ainda que é "inaceitável que quem é ouvido no Parlamento seja depois punido apenas porque cometeu um crime de opinião".
 
Leia também em Jornal i:
 

Portugal: O PARTIDO DA CASSETE

 


Tiago Mota Saraiva – Jornal i, opinião
 
No fim-de-semana que passou, o mais antigo partido político português realizou o seu 19.º congresso, mas a notícia que abriu a maioria dos blocos noticiosos foi a campanha do Banco Alimentar. Se posso compreender que, na ausência de disputa da liderança e/ou tensão e insultos entre pares, o acontecimento possa não parecer tão sumarento como outros nesta maravilhosa sociedade do espectáculo, já é difícil de entender o interesse de directos à porta de grandes superfícies.
 
Pelo contrário, em artigos de opinião, não se poupou em ataques àquele partido. No Expresso” online consegue-se registar todas as tipologias. Há quem “revele” o fascismo de Álvaro Cunhal e um pretenso pacto com Salazar (Henrique Raposo) ou a presença de Estaline no congresso (Paulo Gaião), há quem perpetue o anúncio do fim (João Esteves) e há quem critique o facto de os seus dirigentes serem funcionários do partido (Henrique Monteiro e Daniel Oliveira).
 
Contudo, foi nas redes sociais, e sobretudo entre os inabaláveis fiéis de Sócrates, que o congresso fez furor, propagando-se uma imagem de Jerónimo de Sousa a discursar com uma tela de fundo na qual se podia ler “Insert a cassette”.
Repare-se que, até aqui, consegui evitar qualquer referência ao que se passou no referido congresso. Ainda não escrevi que as cassetes que alertavam para os perigos da moeda única, da desindustrialização, do abate da frota pesqueira, da desertificação dos campos ou da especulação imobiliária e financeira se revelaram certeiras. Ainda não escrevi que do congresso saem sinais importantes para a convergência das esquerdas, para a intensificação da luta contra a troika e para o futuro deste país – seja no quadro do euro ou não. Mas, para o escrever, já não me restam caracteres.
 
Escreve ao sábado
 

ORANGO, NA GUINÉ-BISSAU, A ILHA DOS HIPOPÓTAMOS ESPECIAIS

 

Fernando Peixeiro, da agência Lusa
 
Bissau, 09 dez (Lusa) - A ilha de Orango, na Guiné-Bissau, tem hipopótamos únicos no mundo e que "salvam" vidas. Por causa deles, a ilha tem uma lancha rápida para levar doentes e escolas e centros de saúde arranjados e a funcionar.
 
Os hipopótamos de Orango vivem em água doce e água salgada. Especialistas dizem que há outros locais no mundo onde estes animais vivem nos dois habitats mas que é só em Orango, no arquipélago dos Bijagós, que há hipopótamos exclusivamente de água salgada.
 
Os hipopótamos vivem e circulam por várias ilhas, mas é em Orango que se junta a maior comunidade, ainda que não se saiba ao certo quantos. Mas sabe-se que Orango tem um hotel onde os lucros revertem para melhorias na ilha, com o envolvimento e aplauso da comunidade.
 
Belmiro Lopes é guia em Orango e diz que no ano passado contaram-se cerca de 200 hipopótamos.
 
Os hipopótamos "todo o dia ficam aqui na água doce e à noite vão para a água salgada porque aqui na água doce há um bicho que se mete na pele. Na água salgada ficam lá uma ou duas horas, o bicho morre e eles vão comer, depois voltam para a água doce", conta à Lusa, a escassos metros de algumas dezenas de hipopótamos, meio escondidos numa lagoa de água doce.
 
Pierre Campredon, conselheiro técnico da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), explica à Lusa que os hipopótamos da Guiné-Bissau (hippopotamus amphibius, nome científico) não são diferentes em termos de espécie (hipopótamo comum) mas sim em termos ecológicos. A espécie (comum) está na lista vermelha do IUCN.
 
"Não fizemos a análise do património genético mas pensamos que é uma evolução. Porque os Bijagós, há milhares de anos, era uma zona de delta de dois rios, o arquipélago era uma zona de água doce e pouco a pouco foi-se tornando marítima, dando tempo aos hipopótamos para se adaptarem", explica à Lusa.
 
Hoje, os hipopótamos dos Bijagós precisam de água doce para beber, mas muitos deles vivem permanentemente na água salgada, o que os faz únicos no mundo.
"Há dias estávamos na ilha de Unhocomozinho e vimos chegar um (vindo do mar). As pessoas fizeram-no fugir e ele foi visto depois na ilha de Unhocomo", conta Pierre Campredon.
 
O especialista confirma que a maior parte dos hipopótamos dos Bijagós está em Orango, classificada como Parque Nacional, e diz que já existiram noutras ilhas, como em Formosa, Caravela ou Bubaque, admitindo que em Orango não cheguem aos 200 referidos por Belmiro Lopes.
 
Segundo Aissa Regala, coordenadora do Seguimento das Espécies e dos Habitats, do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP) da Guiné-Bissau, em janeiro será iniciada em Orango uma nova contagem de hipopótamos. A espécie vive também em rios e lagoas do continente, lembra, acrescentando que na zona de Cacheu (norte) vão ser vedados campos de arroz por causa dos animais.
 
Em Orango a proteção das bolanhas (campos de arroz) com cercas elétricas para evitar a intrusão dos hipopótamos foi um sucesso e a produção "quase duplicou", de acordo com Pierre Campredon.
 
Se é certo, como lembra Belmiro Lopes, que o hipopótamo é um "animal emblemático", que surge nas pinturas e nas danças dos Bijagós, se é certo que no ano passado quase mil pessoas visitaram a ilha para ver os animais, é certo também que esses mesmos animais destruíam os campos de arroz, provocando a ira das populações.
 
Mas agora tudo mudou. Um empresário italiano construiu na ilha o Orango Parque Hotel, que mais tarde vendeu ao milionário suíço Luc Hoffmann (principal doador do IUCN e sócio maioritário da farmacêutica Hoffmann-La Roche), que doou à população a estrutura, gerida desde 2008 pela Fundação CBD-Habitat (espanhola).
 
"Temos uma parteira, temos um bote rápido para levar doentes para Bissau, temos escola, temos jardim-de-infância. Graças a este bicho, a ilha está a desenvolver-se", diz Belmiro Lopes apontando os hipopótamos.
 
Só o hotel dá emprego a 21 pessoas. E com o dinheiro do hotel fizeram-se também cercas (um fio elétrico de baixa tensão alimentado por energia solar) para proteger os campos de arroz.
 
A ilha de Orango é a maior do arquipélago dos Bijagós (Classificado pela UNESCO como reserva ecológica da Biosfera) mas tem apenas 2.500 habitantes, com a responsabilidade de preservar o Parque.
 
Tomé Mereck, coordenador da CBD-Habitat em Bissau, explica que através do hotel se fez a ligação a todas as tabancas (aldeias) e que os lucros são para benefício de toda a ilha.
 
"Todo o ingresso no hotel vai para o bem-estar da população, para manutenção das escolas, para as unidades de saúde base, para abrir poços de água, para apoiar e seguir espécies, para vedação de bolanhas, para pagar a enfermeiros", diz à Lusa, acrescentando que a CBD-Habitat está também a vedar campos de arroz no continente.
 
Por tudo isto, a relação homem-animal em Orango está pacificada. Na ilha protegem-se os crocodilos, as gazelas, os macacos, as lontras e as aves. E os hipopótamos, esses quase sagrados.
 
Belmiro Lopes admite-o quando conta a história, para ele real, de um homem que feriu um hipopótamo na boca e que o filho desse homem, quando nasceu, tinha nos lábios uma ferida igual à que o pai fizera no hipopótamo.
 
FP // VM.
 

Polícia angolana admite prorrogar campanha de desarmamento...

 

... devido a aumento da criminalidade
 
EL – SO - Lusa
 
Luanda, 09 dez (Lusa) - A campanha de desarmamento da população civil em curso em Angola, que deveria terminar no final do ano, poderá ser prorrogada devido ao aumento dos crimes à mão armada, anunciou o segundo comandante da Polícia Nacional.
 
A campanha de recolha de armas de fogo arrancou em maio de 2008 e foi prorrogada por mais dois anos em finais de 2010.
 
Citado na edição de hoje do Jornal de Angola, Paulo de Almeida, que é também coordenador da Comissão Nacional para o Desarmamento da População Civil em Posse Ilegal de Armas, disse que a decisão sobre um eventual segundo prolongamento da campanha será tomada nos próximos dias.
 
Paulo de Almeida fez um balanço positivo da campanha, mas reconheceu que nos dois últimos anos o processo não atingiu a meta que se esperava.
 
Aquele oficial apontou "razões subjetivas" para a falta de dinamismo na campanha de recolha até agora de quase 85 mil armas, admitindo que os departamentos interministeriais que integram a Comissão de Desarmamento da População Civil "não levaram muito em conta o espírito da campanha".
 
"Temos registado que muitos cidadãos ainda entregam voluntariamente as suas armas. Outras armas são recolhidas nas nossas operações policiais, principalmente nas mãos da população civil, sobretudo nas mãos dos delinquentes", destacou.
 
Quanto à eventual prorrogação da campanha, Paulo de Almeida reconhece que o atual nível de criminalidade a justifica.
 
"Hoje, a proliferação de armas veio aumentar a criminalidade no país e isto está a preocupar a Polícia Nacional. Houve um momento em que a campanha estava dinâmica e os índices de posse de armas nas mãos dos cidadãos diminuiu", frisou.
 
"Era difícil ouvir falar de ações realizadas com recurso à mão armada. Hoje, está a voltar a situação, o que nos leva a concluir que há ainda muitas armas em posse de cidadãos ou em circuitos que a Polícia precisa determinar", vincou.
 
Aquele oficial acrescentou ser "impossível ter a ideia de quantas armas estão ainda em posse ilegal dos cidadãos", o que faz com que a Polícia Nacional "atue em função de estimativas".
 
O processo de desarmamento dos cidadãos em posse ilegal de armas de fogo começou em maio de 2008 e compreendeu quatro fases: organização e sensibilização, entrega voluntária, recolha coerciva e de controlo.
 

ADI recusa avançar com nova proposta para primeiro-ministro em São Tomé e Príncipe

 

SIC Notícias - Lusa
 
São Tomé, 08 dez (Lusa) - O partido Ação Democrática Independente (ADI) garantiu hoje que não vai submeter uma nova figura para a chefia do Governo são-tomense, depois de ver rejeitado na sexta-feira o nome do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada pelo Presidente.
 
Em conferência de imprensa hoje, na sede do seu partido, Patrice Trovoada, presidente do ADI, garantiu ainda que a comissão política do seu partido orientou os deputados para não retomarem a sua participação nas atividades parlamentares enquanto a crise persistir.
 
"A ADI fez uma proposta que é aquela que é mais justa e que permitirá o retorno a normalidade. Enquanto não houver sinais de que as pessoas querem de facto dialogar e encontrar em conjunto vias de sair da crise, em vez de impor, a ADI manterá suspensos os seus trabalhos a nível do parlamento", disse Patrice Trovoada.
 

Mandela "confortável e em boas mãos", garante PR sul-africano depois de visitar "Madiba"

 

SIC Notícias – Lusa, com foto
 
Num dia em que milhões de sul-africanos se interrogam sobre o real estado de saúde do ex-Presidente Nelson Mandela, hospitalizado no sábado em Pretória, o chefe do Estado, Jacob Zuma, garantiu que "Madiba" está confortável e em boas mãos".
 
Zuma, que emitiu através do seu porta-voz esta curta mensagem, foi a única pessoa, fora do círculo familiar do ex-Presidente e resistente anti-"apartheid", a visitar Mandela na unidade hospitalar da capital, onde foi admitido no sábado para, segundo um comunicado presidencial, "ser submetido a exames de rotina".
 
Em inúmeras igrejas do país, sul-africanos de várias religiões rezaram hoje pela saúde do homem que, ao cabo de 27 anos de encarceramento, lançou as fundações da "nova África do Sul", multirracial, democrática e livre de discriminação de qualquer ordem.
 
Regina Mundi, no coração do Soweto, a igreja que se tornou um marco na luta contra o "apartheid" e que foi frequentada por inúmeros resistentes nos tempos da luta contra o regime, foi hoje palco de um serviço especial dedicado a "Madiba" e que contou com centenas de fiéis.
 
Entre as milhares de mensagens alusivas ao internamento de Nelson Mandela hoje tornadas públicas, é destacada a da Fundação Ahmed Kathrada, que ostenta o nome de um prisioneiro político que privou de perto durante muitos anos com Mandela em Roben Island. "Até mesmo em ocasiões tão mundanas como visitas de rotina ao hospital tu fazes com que sul-africanos de todos os cantos deste país se unam na preocupação e carinho que nutrem por ti", refere a mensagem da Fundação Ahmed Kathrada, que exorta todas as crianças sul-africanas a prosseguirem o sonho de Mandela de construir uma nação democrática e multirracial.
 
Patrick Craven, o porta-voz da central sindical COSATU, enviou também votos de rápidas melhoras ao ex-Presidente em nome da sua organização e dos quatro milhões de trabalhadores nela filiados. "Recupere rapidamente e continue a inspirar-nos", refere Craven, recordando que Mandela tem inspirado os seus compatriotas durante grande parte dos seus 94 anos de vida, desde os tempos da luta, aos de prisão, de negociações, de presidência e aos anos de reforma da política ativa dedicados ao bem comum.
 

MILHARES DE ESPANHÓIS PROTESTAM CONTRA CORTES NO SETOR DA SAÚDE

 


SIC Notícias – Lusa, com foto
 
Milhares de espanhóis, entre os quais médicos, manifestaram-se hoje pelas principais ruas de Madrid contra os cortes no serviço nacional de saúde e medidas que incluem a privatização de áreas do setor.
 
Mais de cinco mil pessoas concentraram-se na Puerta del Sol, de acordo com as estimativas da polícia, enquanto a organização da manifestação apontou cerca de 25 mil manifestantes, na sua maioria vestidos de branco e azul.
 
O movimento de protestos de hoje, denominado de "maré branca" pelos organizadores, é a terceira maior manifestação deste ano, de acordo com a Associated Press (AP).
 
Fatima Branas, porta-voz dos organizadores dos protestos, considerou que o plano de privatização tem uma "visão curta" e não tem em conta a poupança que pode ser feita sem a venda de serviços."Os planos significam uma completa mudança do nosso modelo de cuidados de saúde e um desmantelamento do sistema utilizado".
 
O governo de Madrid mantém que os cortes são necessários para assegurar os serviços de saúde durante uma recessão profunda. A saúde e a educação são administradas pelas 17 regiões semi-autonómas de Espanha e cada uma tem os seus próprios orçamentos e planos de custos. As regiões são responsáveis por cerca de 40% da despesa pública. A região de Madrid é governada pelo Partido Popular, o centro de direita que está no poder sob a liderança do primeiro-ministro, Mariano Rajoy.
 
A maioria das regiões atravessa dificuldades, uma fez que a economia espanhola está em recessão, e algumas delas têm dívidas elevadas e estão agora a aplicar cortes nos seus orçamentos. "Temos uma situação difícil porque o serviço de saúde espanhol está sob a ameaça de ser vendido", afirmou o médico Gerardo Anton, 58, que disse que as mudanças propostas irão atrair investidores mais interessados no lucro do que no serviço público.
 
As regiões de Espanha têm uma dívida combinada de 145 mil milhões de euros e cerca de 36 mil milhões têm de ser refinanciados este ano. O país está a tentar evitar recorrer à ajuda externa, como aconteceu com a Grécia, Irlanda, Portugal e Chipre.
 

Brasil: PAÍS SEM SEGURANÇA PÚBLICA

 

Julio Cesar CardosoDebates Culturais
 
Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardoso (PT), e dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT), parecem que não pertencem a este governo. Ou são demagogos. Por que o governo petista, do qual eles são expoentes, há tanto tempo no comando da nação, tendo ampla liderança política no Congresso, até agora não arrostou o problema da segurança nacional aos brasileiros, que não é somente de responsabilidade estadual e municipal, mas também do governo federal? Está na Constituição Federal, Art. 144, que a segurança pública é dever do Estado. Se é dever da União, não justifica a falta de investimento para que as cadeias públicas brasileiras não tenham padrão humano de receber com dignidade qualquer apenado.
 
Assim, soam estranhas as tergiversações explícitas dos ministros da Justiça e dos Direitos Humanos ao reprochar as péssimas condições de nossos presídios, chegando a afirmar Eduardo Cardoso que prefere morrer a cumprir pena em prisões brasileiras, bem como Maria do Rosário ao fazer conexão entre os maus tratos dentro dos presídios e as violências nas ruas. Esses ministros deviam morrer de vergonha de participar de um governo que abandonou a segurança pública dos brasileiros para só cuidar de atos e fatos políticos de seu interesse. E não deixam de ser sintomáticas as manifestações dos ministros sobre as condições de nossos presídios, mormente agora com a condenação em regime fechado de expoentes do PT.
 
Eduardo Cardozo e Maria do Rosário são do time benevolente dos direitistas humanos que tanto tem protegido bandidos de todos os calibres. Falam que são contra a pena de morte, prisão perpétua, castração química de estupradores e pedófilos. Mas será que teriam o mesmo discurso, caso os seus familiares mais próximos: pais, mães, filhos, filhas etc. fossem vítimas da violência descomunal desses criminosos? Esses mesmos representantes petistas falam também de medievalidade de nossas casas prisionais. E o que fizeram até agora para contornar essa situação? O outro petista do STF, ministro Dias Toffoli, bradou também contra o estado medieval da prisão brasileira, talvez preocupado com a condenação em regime fechado de seu amigo José Dirceu.
 
Ora, um país que chegou ao ponto crítico do descontrole e não consegue combater de forma eficiente essa onda de barbaridades a que assistimos, tem que passar por um bom período de endurecimento de exceção e adotar medidas extremas contra esses delinquentes, que desafiam a sociedade e as nossas autoridades. Com esse discurso vazio e “humanista” dos ministros da Justiça e dos Direitos Humanos, o Brasil está caminhando para uma convulsão social incendiada pela coordenação da bandidagem que agora dá ordens de dentro de nossos presídios, porque conta com a simpatia dos hipócritas defensores dos direitos humanos.
 
Por que temos de continuar a aceitar a opinião de meia dúzia de políticos e juristas, hipócritas e demagogos, que se posicionam contrário à implantação de medidas punitivas definitivas, quando a sociedade continua sendo violentada cruelmente pela bandidagem instalada no país? Um criminoso sádico, frio e cruel se arroga no direito de exterminar vidas, mas a sociedade não tem o direito de se defender e exigir que o Estado crie as condições constitucionais para a segregação definitiva desse facínora, aplicando-lhe a pena de morte ou prisão perpétua?
 
Estamos numa democracia de fachada, em que a sociedade é impedida de exigir a forma como deseja ser disciplinada. A norma continua vindo de cima para baixo e não ao encontro do que pensa a nossa população. Por que não é realizada consulta popular acerca da implantação da pena capital ou prisão perpétua no Brasil, por quê? Qual a razão plausível? Então, continuaremos sendo comandado pela cabeça de meia dúzia de políticos e juristas, que se declaram contrários ao endurecimento da penalidade no Brasil? Que país é este? Mas a coisa está muito confusa em nossa República: até um partido político faz desagravo a favor de políticos corruptos condenados pelo STF. Aonde vamos chegar?
 
*Júlio César Cardoso é bacharel em Direito e servidor federal aposentado e mora em Balneário Camboriú – SC – juliocmcardoso@hotmail.com
 

O BOM DIREITO

 


João Batista Herkenhoff* – Direto da Redação
 
Este artigo não se refere a pessoas, mas sim a princípios jurídicos. Suponho que a leitura será proveitosa, não apenas para quem integra o mundo do Direito, mas para os cidadãos em geral.
 
Os princípios são aplicáveis hoje, como foram aplicáveis ontem e serão aplicáveis amanhã.
 
Tentarei elencar alguns princípios que constituem a essência do Direito numa sociedade democrática.
 
1. O princípio de que, no processo criminal, a dúvida beneficia o réu permanece de pé. Resume-se nesta frase latina: “In dubio pro reo”. É melhor absolver mil culpados do que condenar um inocente.
 
2. No estado democrático de direito todos têm direito a um julgamento justo pelos tribunais. Observe-se a abrangência do pronome “todos”: ninguém fica de fora. Este princípio persevera em qualquer situação, não cabendo excepcioná-lo à face de determinadas contingências de um momento histórico.
 
3. Ainda que líderes proeminentes de um partido politico ou de um credo religioso estejam sendo julgados, a sentença não pode colocar no banco dos réus o partido político ou o credo religioso. Deve limitar-se aos agentes abarcados pelo processo.
 
4. Todo magistrado carrega, na sua mente, uma ideologia. Não há magistrados ideologicamente neutros. A suposta neutralidade ideológica das cortes é uma hipocrisia. Espera-se, porém, como exigência ética, que a ideologia não afaste os magistrados do dever de julgar segundo critérios de Justiça.
 
5. Os tribunais coletivos existem para que se manifestem as divergências. Dos julgamentos da primeira instância, proferidos em regra por um juiz singular, cabe recurso ao juízo coletivo, justamente para favorecer a expressão de entendimentos divergentes. O voto vencido deve ser respeitado.
 
6. Jamais o alarido da imprensa deve afastar o magistrado da obrigação de julgar segundo sua consciência. Ainda que a multidão grite Barrabás, o magistrado incorruptível caminhará sereno através da corrente ruidosa e, se não estiver plenamente convencido da culpa do acusado, proferirá sentença de absolvição.
 
7. A condenação criminal exige provas. Não se pode basear em ilações, inferências, encadeamento de hipóteses, presunções, suposições. Esta é uma conquista milenar do Direito. Mesmo que o juiz esteja subjetivamente convencido da culpa, não lhe é lícito condenar, se não houver nos autos prova evidente da culpabilidade.
 
8. Quando o advogado coloca seu zelo profissional na sustentação da defesa, não está subscrevendo o delito ou colaborando para sua prática, mas cumprindo um papel essencial à prática da Justiça. O processo criminal é dialético, sustenta-se na ideia de ser indispensável o confronto acusação – defesa.
 
* João Baptista Herkenhoff, magistrado aposentado, é professor da Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha (ES), palestrante e escritor. Autor do livro: Filosofia do Direito (GZ Editora, Rio de Janeiro).
 

OS RUMOS DO MUNDO NAS MÃOS DA DIREITA FALIDA E DA ESQUERDA PERPLEXA

 


A crise fez com que tudo mudasse. A direita está tão perdida quanto as esquerdas. O melhor que oferece é uma volta ao status quo ante do neoliberalismo, sintetizada na doutrina do estado mínimo e da autorregulação dos mercados. Contudo a sociedade não acredita mais nisso. Já as esquerdas partem de uma crise avassaladora e justificada do capitalismo liberal mas não conseguem apontar uma alternativa unitária. O artigo é de J. Carlos de Assis.
 
J. Carlos de Assis (*) - Carta Maior
 
A crise financeira nos países economicamente mais avançados deu visibilidade a um tremendo descompasso entre o violento processo de inovações tecnológica - o que Marx reconheceria como novas relações de produção -, e a ideologia que lhe corresponde. Sem a crise, a direita continuaria navegando em mar calmo, a despeito de rupturas no sistema produtivo, confiante em que a ideologia da sociedade é a ideologia da classe dominante. A esquerda, por sua vez, ou as esquerdas, continuariam apegadas a chavões do marxismo vulgar descolado de uma proposta contemporânea para o futuro da humanidade.

A crise fez com que tudo mudasse. A direita está tão perdida quanto as esquerdas. O melhor que oferece é uma volta ao status quo ante do neoliberalismo, sintetizada na doutrina do estado mínimo e da autorregulação dos mercados. Contudo a sociedade, ou quem na sociedade pensa e fala por ela, não acredita mais nisso. Simplesmente, não seria viável. A liberação do mercado financeiro está entre as principais causas consensualmente identificadas da geração da crise. O Estado, por conta da crise, tornou-se máximo pelo menos no espaço que lhe foi imposto de salvador do sistema financeiro falido.

Mas a esquerda não está melhor. Boa parte dela ainda rumina o estrago ideológico representado pela queda do muro de Berlim, a implosão da União Soviética e a capitalização da China. Entre esses dois esteios ideológicos em colapso, um refletindo os interesses reais da classe dominante, outro representando a utopia da igualdade, a sociedade navega em pleno mar de perplexidade. Claro, há proposições políticas de parte a parte. Contudo, são manifestações tópicas, sem o sentido de uma estratégia. Vivemos simplesmente uma situação caótica, no caos típico das grandes mudanças histórias de paradigmas.

Para que me compreendam, evitando ambiguidades, entendo por esquerdas aqueles que lutam por justiça social e igualdade de oportunidades. Há os que ainda propõem para isso uma via revolucionária que leve à expropriação dos expropiadores. Trata-se da segunda derivada de uma utopia, cuja primeira derivada colapsou em 91. Destes pode-se dizer que têm proposta, embora não uma estratégia. Como minha preocupação é a definição de uma estratégia que sinalize o futuro, vou me referir sobretudo às esquerdas que têm o objetivo de lutar pela justiça social pela via pacífica, ou seja, pela via da democracia política.

Essas esquerdas estão singularmente perdidas. Elas partem de uma crise avassaladora e justificada do capitalismo liberal mas não conseguem apontar uma alternativa unitária. Dois minutos de conversa consistente bastam para se concluir que, nessa altura da civilização, não dá para jogar o capitalismo inteiro pela janela. A sociedade mundial, não a classe dominante apenas, é capitalista. Liquidar o capitalismo equivale a operar um câncer em plena metástase. Mata o doente. A organização social contemporânea está ancorada na propriedade privada (inclusive dos meios de produção), na liberdade de investir (base da geração de empregos), no prêmio material à inovação. Não dá para acabar com isso de um golpe. Portanto, teoricamente, a questão é regular firmemente o capitalismo, como na China, só que, do lado de cá, através do Estado democrático.

Do meu ponto de vista, o futuro está assinalado desde que parte da Europa construiu, no capitalismo, uma sociedade de bem estar social com alto grau de igualdade de oportunidades. Isso não foi reconhecido por grande parte das esquerdas na época, sobretudo comunistas e socialistas revolucionários, porque, em plena Guerra Fria, o que se propunha era a destruição, não a domesticação do capitalismo. Hoje, sociais democratas, socialistas, trabalhistas e comunistas europeus estão encurralados pela direita, que se aproveita da crise para forçar o recuo do estado de bem estar social. Paradoxalmente, as esquerdas não conseguiram formular sequer um plano defensivo daquilo que seus antepassados construíram. Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda e mesmo a Itália já entregaram os pontos.

Anos atrás, quando começou a crescer na Europa esse movimento direitista, escrevi que o paradoxo da política contemporânea era que a direita se tornou reformista (pelo cancelamento de direitos sociais em nome da produtividade e da competividade) e a esquerda estava sendo forçada a ser conservadora (dos direitos sociais conquistados). Hoje, nem isso ela é. E não estou falando abstratamente: o que Hollande, um socialista no poder na França, historicamente o país que era o farol da liberdade e da igualdade no mundo, está propondo para a superação da crise nacional e mundial? Nada. Está simplesmente alinhado com a política estúpida de contração fiscal comandada pela Alemanha.

E quanto a nós, no Brasil? Como intelectual de esquerda, definida da forma acima, quero fazer um apelo dramático aos dirigentes dos partidos progressistas, aos intelectuais, aos militantes das bases partidárias, para iniciarmos urgentemente uma discussão coletiva a respeito dos rumos do país e do mundo. Precisamos de um diagnóstico, de uma definição clara de objetivos e de uma estratégia. Sobretudo de estratégia. A propósito, se formos tão incompetentes para essa formulação no mundo civil, peçamos uma pequena ajuda intelectual à Escola Superior de Guerra: os militares estão acostumados com isso e, como são jovens, nenhum deles sujou a mão com a tortura na ditadura.

(*) Economista e professor de Economia Internacional da UEPB, autor, entre outros livros, do recém-lançado “A Razão de Deus”, onde algumas das questões abordadas neste artigo são discutidas.
 

“SHARING ECONOMY”: DIVIDIR EM VEZ DE CONSUMIR

 

 
A prática já é adotada por agricultores, turistas e motoristas: compartilhar máquinas, casas ou carros é uma boa opção quando eles não são utilizados toda hora. Uma tendência que traz economia e ajuda o meio ambiente.
 
"A gente tinha até vista para o mar", lembra Thomas Kohlmann com prazer. O jornalista que trabalha para a Deutsche Welle já trocou diversas vezes seu apartamento em Colônia por um no exterior. Por exemplo: quatro semanas no sul da Itália numa casa particular autêntica, em vez de um impessoal quarto de hotel.
 
E tudo isso por parcos 140 euros de anuidade pelo site Homelink.de, uma bolsa comercial de intercâmbio de casas. A família Kohlmann já esteve também na Califórnia e na França, através do mesmo site. "E nossos hóspedes também sempre se sentiram bem na nossa casa."
 
Já Britta Majer e seu marido compartilham um carro com uma amiga. "É simplesmente fantástico", comenta. Ela ainda está inscrita na rede comercial de car-sharing Cambio, mas "isso só vale a pena para viagens breves, dentro da cidade, senão fica caro demais".
 
De resto, a amiga usa o carro durante a semana, e Britta nos fins de semana. "Especialmente numa cidade como Colônia, onde é muito difícil achar estacionamento, esse compartilhamento é bom para os dois lados", conta a consultora de marketing online.
 
Mais utilidade para a furadeira
 
Thomas Kohlmann e Britta Majer não são casos isolados. A tendência de compartilhar bens está em alta. "Entre empresas isso fica ainda mais interessante", diz Michael Kuhndt, diretor do Instituto de Pesquisa sobre Consumo (CSCP, na sigla original), sediado em Wuppertal. "Os empresários dizem: temos um equipamento parado na fábrica ou até mesmo toda uma unidade que não usamos permanentemente. Por que não dividir com outros e reduzir desta forma os custos?", relata Kuhndt.
 
Comprar uma ceifeira-debulhadora, também conhecida como colheitadeira, pode estar acima das posses de um agricultor, mas quando diversas fazendas se unem, fica possível financiar a máquina de grande porte. Até porque, como no caso de outros equipamentos, a máquina fica a maior parte do tempo sem uso.
 
Segundo uma reportagem recente do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, em termos estatísticos, uma furadeira é usada apenas 13 minutos em toda sua vida útil. Então, quem precisa ter a sua própria guardada no porão? E também a maioria dos carros permanece parada na rua 23 horas por dia.
 
Internet facilita compartilhamento
 
Como tantas outras, a moda de compartilhamento veio dos EUA e da Austrália para a Europa. No momento, a Grécia é um dos países que mais adotam a prática, por causa das dificuldades econômicas.
 
Os jovens das grandes cidades, com pouco dinheiro e com necessidade de espaço para morar, são os que mais adotam os modelos de sharing. Segundo uma estimativa de Michael Kuhndt, há somente na Alemanha em torno de 200 empresas especializadas em serviços de trocas. O fenômeno só alcançou tais proporções graças à internet.
 
"Os custos para cada um diminuem", contabiliza o pesquisador Kuhndt. "Um aplicativo no smartphone ou na internet pode ajudar a descobrir se algum vizinho, com que você nunca conversou a respeito, não está oferecendo o carro para ser partilhado." As chances aumentam a cada ano: no início de 2011, havia 190 mil adeptos de car sharing registrados na Alemanha.
 
Nova concorrência para antigos setores da economia
 
A Old Economy, a economia clássica, não tem por que se abalar com a tendência. "Fica justamente interessante para eles, para conquistar grupos de renda mais baixa, que nunca alcançariam. Por exemplo: car sharing de um BMW entre a vizinhança. E as grandes empresas já estão mesmo fazendo isso", conta Kuhndt. E algum desses usuários podem melhorar de situação financeira e aí, quem sabe, comprar exatamente o modelo de carro compartilhado.
 
A Federação dos Hotéis da Alemanha (IHA, na sigla original), pelo contrário, registra que o setor de turismo está alarmado com a tendência de aluguel de apartamentos particulares. Embora alojamentos particulares com menos de nove camas não sejam incluídos nas estatísticas oficiais do país, com "87 milhões de pernoites por ano, eles representam um segmento do mercado do turismo na Alemanha que não deve ser subestimado".
 
O diretor do IHA, Markus Luthe, lembra que a troca de casas implica riscos para os inquilinos e locadores, ou para as duas partes envolvidas no negócio. "Na maioria das ofertas de pernoite não são respeitados os padrões vigentes de segurança e higiene. Muitas vezes faltam extintores de incêndio e saídas de emergência nos prédios." Além disso, não se sabe se os impostos cabíveis são corretamente pagos.
 
Tema na CeBIT 2013
 
Seja como for, a share economy será o principal tema da próxima feira de computadores CeBIT, a ser realizada em Hannover no próximo ano. A ideia é: o que já funciona com bens reais irá encontrar ainda menor resistência no mundo virtual. "Para a economia e também para a sociedade em geral, a share economy é 'o' tema do momento. Blogs, wikis, colaboração, votações online e outras soluções de software irão transformar o universo do trabalho nos próximos anos de forma bem dinâmica", consta do site da organização da CeBIT.
 
Tobias Arns, da Bitkom, a associação alemã de empresas de TI, chama isso de crowd sourcing, ou seja, a retomada do saber coletivo. "A ideia subjacente é o que se chama de open innovation: processos de inovação que até agora se davam a portas fechadas tornam-se públicos logo no início do processo de criação do produto. O saber do público é consultado desde cedo, e ele pode participar do planejamento."
 
Em entrevista à Deutsche Welle, Arns cita a montadora Ford, que, em cooperação com um portal de crowd sourcing, convocou os usuários em potencial a participar do desenvolvimento de um interior mais apropriado aos idosos. "Aí cabe aos fabricantes decidir o que fazer com as informações."
 
O universo do compartilhamento e troca é imensamente rico, e ainda está em seus primórdios. Embora a prática não seja tão inédita assim: na Alemanha, as estantes para trocas de livros – em edifícios públicos como os hospitais – já existiam muito antes da invenção da internet.
 
Autor: Tobias Oelmaier (sv) - Revisão: Augusto Valente
 

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