domingo, 8 de setembro de 2013

A FRONTEIRA INVISÍVEL DO APARTHEID SOCIAL

 

Rui Peralta, Luanda
 
I - Observar a fronteira entre os USA e o México é arrepiante. O aparato da vigilância militar, com as câmaras de infravermelhos, as redes electrificadas, as estruturas policiais, são aterradores para qualquer cidadão honesto e trabalhador, que queira construir a sua vida, de forma digna. Mas a fronteira não é apenas esta barreira de paranoia e de tecnologia da servidão que, por exemplo, separa San Diego e Tijuana. A fronteira também é psicológica, acompanha o migrante quando este cruza as fronteiras dos Estados-nação, é uma barreira interiorizada, invisível, produtora de corpos dóceis e de mentes servis.
 
Na fronteira entre os USA e o México esta violência é levada ao extremo, inculcada pelas forças militares, estatais e paramilitares. Esta é uma fronteira darwinista (por muito que este termo custe aos fundamentalistas cristãos criacionistas), por onde passam os mais aptos. Os que forem menos aptos (os mais fracos, os mais velhos, os mais doentes, os mais enfraquecidos pela pobreza), não passam. Morrem, são aprisionados e deportados ou são vencidos pelo medo. Os que passam são usados como mão-de-obra barata em trabalhos precários e sem direitos.    É uma política fronteiriça que gera servos indocumentados.
 
São onze milhões, os indocumentados que sobrevivem nos USA. Gente que vê os seus movimentos restringidos, submetidos ao medo da deportação. Muitos destes homens e mulheres vieram para os USA com os seus pais. Eram crianças assustadas que cresceram como adolescentes assustados e vivem como adultos assustados. Não conhecem os seus países de origem e cresceram dentro da realidade norte-americana. Sabem contornar o ICE (Immigration Custom Enforcement) evitando os agentes destes serviços á saída dos bares, restaurantes e discotecas.    
 
A fronteira tragou-lhes os sonhos e a juventude. Vivem num espaço concentracionário, sub-humano. São não-cidadãos, infra-Homens. Os que enveredaram pela universidade e concluíram os seus estudos, guardam os diplomas em casa, pois não lhes serve para nada uma vez que os seus números falsos da segurança social só podem ser usados nos trabalhos mal remunerados e como não têm documentos não podem exercer a sua preparação académica no mercado de trabalho. É toda uma estrutura de poder que os exclui e que os condena á servidão. É a vingança dos “gringos” por eles, os “xicanos”, terem tido um sonho.        O ritmo das deportações aumentou na administração Obama e chegou ao meio milhão, proeza que mais nenhum presidente norte-americano conseguiu. Trágico e irónico que seja o primeiro presidente negro dos USA, Obama, a conseguir tamanha proeza.
 
As estruturas organizativas dos indocumentados começam a surgir. A Nor One More (NOM) é uma delas, formada por jovens universitários indocumentados. Esta organização para além do seu papel reivindicativo presta apoio judicial aos indocumentados e é responsável por diversas acções de protesto e de denúncia contra os centros de internamento para imigrantes e contra a violência e abuso de autoridade por parte dos serviços de migração e fronteiras.  
 
A reforma migratória aprovada pelo Senado em finais de Junho deste ano foi um passo tímido que permite aos indocumentados resolver o seu problema a conta-gotas. A recente legislação não concede a cidadania imediata (conforme os preceitos constitucionais exigem) e é um emaranhado labiríntico de procedimentos e papelada. Obriga os indocumentados a pagarem quantias que não possuem e a perder dias de trabalho. Mesmo assim foi celebrada e aplaudida pelos indocumentados como constituindo um passo em frente na resolução do problema.
 
Mas a troco de legalizar os 11 milhões de indocumentados a nova legislação insiste ma militarização da fonteira, perdendo a administração Obama uma oportunidade de alterar este processo e iniciar uma politica de humanização do espaço fronteiriço. A nova legislação amplia a vigilância electrónica, criando um espaço vigiado de mais 700 milhas, autoriza o uso de aparelhos de voo não tripulados (drones) nos sistemas de vigilância e eleva o número de agentes de imigração colocados na fronteira com o México para 40 mil elementos, um número superior ao da concentração de forças militares entre as duas Coreias. 
 
A retorica da doutrina de segurança, adoptada pós 11 de Setembro de 2001, não passa de discurso de vendas, que justifica e implementa o lucrativo negócio da segurança e vigilância electrónica. Após o 11 de Setembro a fronteira tornou-se fonte de negócios, um nicho de mercado. É um imenso “target” comercial que cilindra a humanização da fronteira. Pouco interessa que o número de mortes aumente em cada ano que passa, seja pelas duras condições do deserto do Arizona, seja por acção directa ou indirectas das autoridades migratórias ou das milícias paramilitares, como a dos “Minutemen”.
 
Do lado de lá da fronteira, na “terra das oportunidades”, aguardam por eles o trabalho precário e os centros de detenção. Estes centros multiplicam-se e como as fronteiras, são espaços concentracionários, regulados pelo Estado de excepção, onde as garantias legais estão suspensas. São imensos armazéns de corpos a aguardar a decisão do carcereiro: o Estado.
 
É uma cruz pesada, a da fronteira invisível. O que a carrega suportará uma cruel e dolorosa crucificação. E sem Pai para perdoar, pois o crucificado é Filho do Homem indocumentado….
 
II - Quando da sua libertação em 1990, Mandela afirmou, á saída da prisão, que o ANC assumiria a transformação económica e social da África do Sul e que o combate á pobreza era a máxima prioridade. Este princípio, segundo Mandela, seria inalterável: “É impensável uma alteração ou modificação das nossas perspectivas quanto a essa questão". Uma vez no poder, o ANC abandonou a política oficial do partido para terminar com a pobreza. O Programa de Reconstrução e Desenvolvimento foi substituído por coisa nenhuma e um dos ministros do ANC chegou a gabar-se de que a politica do seu partido era “thatcherista”. Quando confrontado com esta questão o ANC utiliza uma evasiva indisposta e os seus dirigentes põem cara de poucos amigos, murmurando entre dentes que “cada processo é um processo” e recheiam o seu discurso de incongruências.
 
Este “processo” foi iniciado poucos anos antes da libertação de Mandela, quando o ANC fez um acordo com a elite africânder, em reuniões na Mells Park House, uma residência imponente perto de Bath. Os promotores do acordo foram os grupos empresariais e financeiros multinacionais, que colocaram os seus recursos á disposição de ambas as partes. Mandela, em 1982, foi transferido da Ilha Robben para a prisão Pollsmoor e passou a receber visitas. O regime do apartheid pretendia dividir o ANC entre os “moderados”, aqueles com que podia negociar (Mandela, Thabo Mbeki e Oliver Tambo) e os “radicais” dos subúrbios, que lideravam a Frente Democrática Unida. A 5 de Julho de 1989 Mandela encontrou-se com P.W. Botha, o presidente da Africa do Sul do apartheid, o “Groot Krokodil” (Grande Crocodilo). O encontro foi realizado nos aposentos de Botha e Mandela ficou deliciado porque o Grande Crocodilo é que serviu o chá.
 
Durante a década de 80 o apartheid ofereceu generosos empréstimos aos empresários negros e permitiu que estes expandissem as suas empresas para fora dos bantustões. Foi a incubação de uma nova burguesia negra, crescida no compadrio. Em 1994 as primeiras eleições democráticas terminaram com o apartheid racial e iniciaram um novo “processo” do apartheid social e económico. Enquanto as disparidades entre negros e brancos diminuíam, aumentaram as disparidades entre negros e “pretos”.
 
A lengalenga de que a “nova riqueza chegaria a toda a família sul-africana e criaria empregos” deixou de fazer qualquer sentido no meio dos duvidosos acordos de “fusão e restruturação” que tiveram como finalidade reduzir postos de trabalho. Para as empresas estrangeiras, um rosto negro na direcção era a garantia de um investimento exitoso. Nos subúrbios o povo sentiu poucas alterações. Os despejos continuaram, tal como na era do apartheid, apenas mudaram os rostos e a cor dos executantes da acção de despejo. Os sonhos foram travados pela corrupção e o “African National Congress” foi transformado em “African New Capitalism”.
 
Dai até ao massacre dos 34 mineiros, em Marikana, no ano passado, foi um passo. É a logica dos massacres do apartheid e as razões que conduziram ao massacre de Marikana em nada diferem das que conduziram ao massacre de Sharpeville, cinquenta anos antes. Excepto num ponto: Deixou de ser um “problema com os pretos” sendo agora um problema com os pobres.   
 
III - Em Junho deste ano o ex-presidente norte-americano, Bill Clinton, discursou em honra de Shimon Peres. Em determinado momento do discurso Clinton afirmou: “Não importa quanto colonos plantas na Cisjordânia. Os palestinianos têm mais bebés que os israelitas. Tens uma questão existencial por resolver…” Estes comentários de Clinton, portadores de um indisfarçável racismo, não só recordam Golda Meir e o seu temor a uma explosão demográfica palestiniana, como complementam o pensamento de Obama sobre o assunto, expresso em Maio de 2011 num discurso efectuado no Comité dos Assuntos Públicos USA/Israel (AIPAC), em Washington: “Estes são os factos que devemos enfrentar. (…) O número de palestinianos que vivem a Oeste do rio Jordão cresce rapidamente”.  
 
Para os palestinianos as declarações de Clinton e de Obama não constituíram qualquer surpresa. Estão habituados á descriminação e vivem num Estado de apartheid desde 1948. Termos como a “bomba demográfica” e outros referentes ao seu crescimento populacional, são palavras doces, quando compararmos á brutalidade do discurso interno sionista. Em 2009, por exemplo, o ministro da habitação de Israel, na época, Ariel Atias, pronunciou a seguinte afirmação, num discurso efectuado na Associação dos Advogados: “É um dever nacional prevenir a propagação de uma população que não ama o Estado de Israel. Se seguirmos como até agora, perderemos a Galileia. Populações que não deveriam misturar-se estão em franca expansão. Não é apropriado que árabes e judeus vivam juntos. A expansão da população árabe deve ser detida.”
 
Michel Oran, o actual embaixador israelita nos USA, escreveu em 2009, para a revista “Commentary”, um artigo intitulado “Sete ameaças existenciais” que tinha um sugestivo subtítulo: “A ameaça demográfica árabe”. Com uma escrita apocalíptica (pouco cuidada e grunhida), escreve o embaixador sionista: “A população palestiniana expande-se mais rapidamente do que a população judaica. Seremos superados em menos de uma década! O Estado judaico baseia-se numa maioria judaica estável e decisiva de pelo menos 70% da população. Uma percentagem menor fará com que Israel tenha que decidir entre ser um Estado Judeu ou ser um Estado Democrático. Se optar pela democracia, Israel deixará de existir, como Estado Judeu. ”
 
Quem sabe, sabe e quem sabe, efectivamente, não teme, mas a intelectualidade sionista e os meios académicos do apartheid sionista temem, não porque não saibam, mas porque sabem que os seus crimes conduziram a uma situação incontrolável. Académicos e intelectuais sionistas juntam-se ao coro da incitação racial e justificam os crimes étnicos cometidos. “Há circunstancias que justificam a limpeza étnica. (…) O estado Judaico nunca teria chegado a existir sem a deslocação forçada de 700 mil palestinianos. Era necessário suprimir essas populações. Não houve outro remedio que não fosse a expulsão (…) Os árabes israelitas são uma bomba de tempo (…) Transformaram-se em emissários do inimigo e são uma Quinta Coluna. Em termos demográficos debilitam o Estado.” São comentários típicos que se podem ouvir da boca dos académicos sionistas e da intelectualidade orgânica de Israel.  
 
Esta terminologia não é apenas usada contra os palestinianos, mas também contra as comunidades berberes, contra os judeus africanos e os exilados africanos que pedem asilo em Israel. Em 2010, numa entrevista ao Haaretz, Netanyahu afirmou que os africanos eram uma ameaça para o carácter judeu do Estado.
 
A limpeza étnica, o robô de terras, a destruição da memória histórica, os massacres e a ocupação militar são inerentes ao apartheid sionista, que vigora á mais de seis décadas e meia. Talvez seja por isso que a sombra de um judeu crucificado á dois mil anos perdura no Monte das Oliveiras. Sem Pai para os perdoar…
        
IV - Nove milhões somos nós, os angolanos documentados. Os outros parecem estar em trânsito pelo país (provavelmente para verem o mundial de Hóquei em Patins). Serão quantos milhões os indocumentados ou os parcialmente documentados? (Parcialmente porque muitos têm o cartão eleitoral). O angolano está habituado a ser cidadão apenas quando precisam dele, seja para a guerra ou para votar. Depois acabou. Perdem a cidadania. Ficam só sem BI, sem documento, á mercê do Pai Grande. 
 
Serão quantos milhões? Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove? Talvez os bandos que pululam pela burocracia de Luanda saibam. Cobram em média entre 30 e 60 mil Kwanzas (30 a 60 USD) para resolver o documento. È só pagar e tornas-te cidadão com BI. O passaporte é outro mambo, Mas para que precisas tu de passaporte? Arranja só o kumbu para pagar o mambo do documento!
 
Será mesmo que o Pai Grande os olha? Se calhar é antes o processo de uma descolonização incompleta…Faltou a descolonização cultural. Ou então é mesmo o Pai Grande…Se esqueceu. Dos pobres, claro.   
 
Fontes
 

Portugal: FUMAR CHARROS E SNIFAR VAPORES ETÍLICOS

 

Balneário Público
 
O verão trouxe a modorra a Portugal. O que aconteceu e acontece de maior impacto em Portugal são os bombeiros a morrer que nem tordos. Já lá vão oito (8). A maioria jovens. Muitos jovens. Rapazes e raparigas. Daqueles que andavam a pensar se o melhor não seria emigrar porque este país está sem futuro quando se olha para o horizonte. As brumas da memória Pátria só mostram resquícios de um sorriso despedaçado que pertenceu a um longínquo Abril de esperança, de liberdade, de justiça, de democracia… Oh, mas isso foi felicidade que aniquilaram a partir do momento em que por obra do diabo um maloio Cavaco se sentou na cadeira de primeiro-ministro (e nem sequer caiu dela como Salazar). Foi aí que tudo começou a desbotar das cores garridas, alegres, felizes, para o cinzento a que sempre teimaram a chamar laranja (do PSD). Depois o vermelho (do PS) desbotou tanto que ficou rosa. E agora também já é cinzento, desde há alguns tempos inseguros, que datam do momento em que perderam os socialistas. Houve até os que falaram de “terceira via”, como Blair, Guterres… Terceira via para o quê? Para o neoliberalismo? Ora, já cá estamos. Para um novo calendário de regimes fascistas? Ora, estamos quase lá. Perguntam os portugueses “para que fizemos o 25 de Abril” (1974)? “Para isto?” Querem saber. Vão ficar a saber o mesmo porque são muitos os portugueses votantes que entregaram de bandeja o país à governança de Cavaco por quase três mandatos. Foi um fartar vilanagem. E, a modos que como as bestas, lá vieram votando sempre nos mesmos. Uma festança. Um arraial, com arco e tudo. Os do “arco da governação”. CDS-PSD-PS. Até se esqueceram do horribilis Cavaco em PM por mais de dez anos – e da fome e miséria semeada – para depois o levar a cavalgar a Presidência da República, o governo e a maioria. Cumprindo-se assim o anseio do domínio absoluto. Do poder absoluto. Do dar aos ricos e roubar aos outros, à maioria. Maioria de cabeças estouvadas que ingeriram maléficas loas de um conjunto de aldrabões que somente tinham e têm por objectivo fornecer carne fresca ao esclavagismo em progressão. E quem se render passa fome, perde habitação, perde tudo. Até a dignidade. Os estouvados votaram por via das loas. E agora vê-se suas ossaturas na elegância semelhante à de reputados(as) modelos subalimentados mas que classificam de beleza. Anda tudo, ou quase tudo, a fumar charros e nos snifes de vapores etílicos? Parece que sim. Estouvados. Mal é que os que não se deixaram ir nas loas também estão a pagar muito caro o que os estouvados decidiram. Só ainda não perderam a dignidade e quase lhes apetece dizer que o que está a acontecer aos estouvados é muito bem feito. Mas não é. Melhor será que deixem de ser estouvados e de nem sequer se queixarem de terem votado como votaram. Há sempre modo de recuperar o país, o povo, a liberdade, a democracia, a justiça, o 25 de Abril, etc. É só querermos.
 
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Portugal: AVANTE, CAMARADAS, AVANTE! - resistência na Quinta da Atalaia

 


Avante!: Jerónimo de Sousa contra “política de rapina” do Governo
 
O secretário-geral do PCP criticou hoje a "política de rapina" do Governo da maioria PSD/CDS-PP, que faz da Constituição da República Portuguesa "bode expiatório", sem deixar de fora o PS porque abriu caminho ao "pacto de agressão".
 
"É evidente que lançam o barro à parede. Exigem tudo para conseguir sempre muito. Este fatiar sistemático e implacável, quer dos rendimentos do trabalho, que dos seus direitos, é a institucionalização de uma descarada política de rapina e de exploração do trabalho, que tem de ser travada e revertida", afirmou Jerónimo de Sousa, no encerramento da 37.ª Festa do "Avante!", no Seixal, relativamente aos cortes anunciados na despesa do Estado.
 
O líder comunista, num discurso de cerca de uma hora, perante uma plateia de várias dezenas de milhares de pessoas, no palco 25 de Abril da Quinta da Atalaia, condenou o anúncio do executivo de Passos Coelho e Portas de "um novo ciclo, uma viragem na ação do Governo" por se passarem a "apresentar-se como os mais paladinos defensores do crescimento económico e do emprego".
 
"É preciso dizer com total clareza que não aceitamos que, em nome da crise, se possa invocar o direito de não cumprir a Constituição. Tal como não se pode aceitar que, em nome da obediência à 'troika', se possa instalar uma espécie de 'estado de sítio' não declarado ao país", continuou, referindo-se aos dois mais recentes 'chumbos' do Tribunal Constitucional.
 
O deputado do PCP classificou outro ano de funções do executivo, o segundo, como "uma governação de destruição e desastre nacional", na "aplicação do pacto de agressão de ruína do país e da vida dos portugueses que o PS e os partidos do atual Governo concertaram com o Fundo Monetário Internacional, União Europeia e Banco Central Europeu ['troika'], à revelia do povo".
 
"Têm muitas contas a prestar aos portugueses por esta sua errada e ilegítima decisão", afirmou, destacando que "21% da população portuguesa está a viver abaixo do limiar da pobreza", e que o Governo conta "com a conivência e apoio do PS em aspetos centrais".
 
Para o líder comunista, "é preciso dizer 'basta' à política da mentira e do cinismo".
 
"Pela mão dos governos do PS e de Sócrates já se desbravava o que o pacto de agressão veio consolidar (ataque às autarquias, escola pública, Serviço Nacional de Saúde, despedimentos e congelamento de salários na Função Pública) e que Passos (Coelho) e (Paulo) Portas se encarregaram de intensificar", considerou.
 
Jerónimo de Sousa não admite que "o PS, agora que se avizinham eleições, venha encher o ar de palavras contra o atual Governo quando, de facto, desenhou e caucionou a ofensiva em curso".
 
HPG // MSF - Lusa
 
Avante!: Jerónimo pede a Passos para deixar “lamúrias” e “falar verdade”
 
O secretário-geral do PCP insistiu hoje para o primeiro-ministro do Governo maioritário PSD/CDS-PP colocar de parte as "lamúrias" e "falar verdade" aos portugueses sobre futuros cortes na despesa do Estado.
 
"Tendo em conta as eleições de dia 29 (autárquicas), (o Governo) não concretiza qual é o mal que vai fazer aos reformados e pensionistas, se é corte, se é taxa. Vai fazer um novo assalto às reformas e pensões. O que entende desse guião do FMI que pretende uma nova ofensiva no plano laboral", lamentou Jerónimo de Sousa.
 
O líder comunista acusou mesmo Passos Coelho de não estar a "falar verdade", ficando-se por "meia-verdade".
 
"Não tem de se queixar. Deixe-se de lamúrias e diga a verdade ao povo português", exortou o líder comunista, na Festa do "Avante!", no Seixal.
 
Para Jerónimo de Sousa, trata-se de "um Governo que ultimamente vem anunciando que se inverteu a crise, a recessão, o número de desempregados, sabendo que são meros sinais que resultam de uma conjuntura", exemplificando com o caso de números dados como positivos em termos de evolução económica, no caso das exportações, uma vez que "junho teve 19 dias úteis e julho teve 23... e o país continua em recessão".
 
O líder do PSD acusou hoje a oposição de "esperteza saloia" numa tentativa de ganhar votos e criticou mesmo o PS por marcar a reabertura parlamentar com a exigência de baixa de impostos, afirmando haver boas razões para que alguns analistas de mercado pensem que "volta o desatino e a insustentabilidade" no dia em que a ‘troika' sair de Portugal.
 
Relativamente a nova decisão do Tribunal Constitucional favorável à elegibilidade de candidatos autárquicos com mais de três mandatos, no caso de freguesias agregadas, o secretário-geral comunista rejeitou qualquer necessidade de legislação sobre o assunto.
 
"Não consideramos necessária qualquer clarificação. Desde sempre rejeitámos e há as decisões do TC que correspondem a esse sentido de fazer prevalecer o direito fundamental em vez da restrição. A melhor forma de julgar a obra não é por decreto, mas pelo voto das populações", afirmou, criticando, sobretudo o BE pelas iniciativas de impugnação, com intuitos "reacionários, protofascistas".
 
Para o PCP, o objetivo para as eleições autárquicas, "sem traçar metas concretas, é obter mais mandatos e mais votos", com a "honestidade", "trabalho" e "competência" da CDU, que congrega ainda "Verdes" e Intervenção Democrática
 
Ao todo, a CDU concorre em 301 dos 308 municípios, no Continente, Madeira e 12 dos 19 açorianos, estando presente em 2.459 freguesias, mais 186 do que em 2009.
 
Jerónimo de Sousa reforçou ainda que "mais de 35 por cento de candidatos são independentes" das forças políticas que constituem a CDU.
 
HPG // VM - Lusa
 
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa
 
Título PG
 

OE 2014: Seguro diz que PS votará contra se Governo prosseguir política de cortes

 


O líder do PS, António José Seguro, garantiu hoje em Setúbal que o PS votará contra o Orçamento do Estado para 2014, caso o Governo prossiga com a política de cortes nas funções sociais do Estado.
 
"Não é nenhuma surpresa, eu sou coerente, através da minha ação política", respondeu António José Seguro, ao ser questionado sobre a possibilidade de o PS votar contra o Orçamento do Estado para 2014.
 
Confrontado com a ideia lançada hoje pelo ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, de que o controlo da RTP deveria ser entregue a uma entidade "genuinamente independente", António José Seguro respondeu de forma lacónica, escusando-se a fazer mais comentários sobre o assunto.
 
"Ele lá sabe porque é que disse isso", disse o líder socialista.
 
GR // VM - Lusa
 

OBAMA DESPREZA A ONU E O MUNDO TODO

 


Revista Fórum, em Crônicas do Motta
 
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez hoje (6) uma afirmação que mostra o total desprezo do país com o restante das nações e a segurança do planeta. Segundo ele, os Estados Unidos não dependem da autorização da Organização das Nações Unidas (ONU) para atacar a Síria.

A lógica do Prêmio Nobel da Paz é um primor de canalhice: segundo Obama, os Estados Unidos têm provas de que o governo do presidente Bashar Al Assad usou armas químicas em ataques na Síria.

A desfaçatez de Obama é tanta que ele ainda acusa a ONU de omissão: “Diante da paralisia do conselho das Nações Unidas na questão, uma resposta internacional é demandada, e não deve vir de decisão do Conselho de Segurança. Preferiria trabalhar por meio de canais multilaterais e da ONU, mas acredito que a segurança mundial e dos EUA demandam decisões por outros meios”, disse Obama na coletiva de imprensa em São Petersburgo, na Rússia, onde se realiza a cúpula do G-20, grupo que reúne as economias mais desenvolvidas do planeta.

Obama informou que fará na terça-feira (10) um pronunciamento aos cidadãos norte-americanos, a fim de buscar respaldo do Congresso a um ataque à Síria. Perguntado sobre se o ataque pode ser feito sem a autorização do Congresso, ele disse que, entre os motivos da consulta, está o de fazer com que o Legislativo explique ao povo americano “que esta é a coisa certa” a fazer.

“Há várias decisões que tomo que são impopulares, mas é o que se há para fazer”, disse, ao reconhecer que ações desse tipo, envolvendo operações militares, são sempre impopulares.

Numa outra resposta, mostrou toda a sua incoerência: “Fui eleito para acabar com uma guerra, e não para começar outras. Mas tenho o dever da proteção (sic), e há tempos difíceis se quisermos defender aquilo que acreditamos.”

Segundo ele, o uso de armas químicas é uma ameaça à segurança global, principalmente para países vizinhos como Turquia e Israel - algo do qual nenhum país discorda. "Há riscos de essas armas caírem nas mãos de terroristas", alertou - outra afirmação perfeitamente lógica.

O problema é que nenhuma fonte imparcial, nem a própria comissão da ONU que foi à Síria investigar o ataque, confirmou que as armas químicas foram usadas pelo exército sírio. Apenas americanos e franceses, que têm seguido estritamente as ordens de Washington, afirmam ter "provas" da autoria do ataque - provas até agora não reveladas.

Ao contrário das afirmações dos americanos, há várias evidências que o ataque não teve a participação do exército sírio e foi, sim, perpetrado pelos "rebeldes" - a coincidência com a visita dos inspetores da ONU dá o que pensar...

Outra afirmação de Obama na entrevista revelou que ele não tem nenhum escrúpulo para confundir a opinião pública. Segundo disse aos jornalistas, “a conferência foi unânime à ideia de que armas químicas foram usadas, e a maioria dos presentes está aceitando e concordando que o governo de Assad é o responsável pelo uso delas. Isso, claro, foi questionado por Putin.”

Como vários integrantes do G-20 ainda não se manifestaram a respeito, a informação de Obama pode ser uma grande mentira.

Aliás, mais uma.

Mas o que fazer?

Os Estados Unidos são mesmo os donos do mundo...

(Com informações da Agência Brasil)

ESPIONAGEM: ESTÁ TUDO ARMAZENADO. NOS EUA

 


‘Quando nos inscrevemos no portal de uma empresa norte-americana, Yahoo, Microsoft, Google ou outras, não lemos até o final as condições de utilização. No entanto, se prestarmos atenção veremos que ali é dito textualmente: "autorizo o armazenamento destas informações no território norte-americano". Agora, se os dados que confiamos a Yahoo, Microsoft, Amazon, Facebook ou Google estão armazenados no território norte-americano, eles estão regidos pelo direito norte-americano. A lei votada depois dos atentados de 11 de setembro, o Patriot Act, permite a qualquer governo norte-americano requisitar os arquivos e dados que julgar necessários. Os dados que entregamos a essas empresas vão parar na Agência Nacional de Segurança. Fomos incapazes de criar o equivalente do Google, Facebook ou Apple para conservar essas informações na Europa. O império norte-americano controla 80% de tudo o que passa através da internet no mundo. Imagine! O Google conta com mais de um bilhão de usuários no mundo. E toda a informação produzida por esse bilhão de usuários passa pelos EUA. No plano militar ocorre o mesmo. Os exércitos da Europa dependem hoje das informações fornecidas pelos EUA. Os únicos que conseguiram desenvolver algumas tecnologias próprias são os chineses' (Jacques Henno, especialista em novas tecnologias, a Eduardo Febbro; de Paris, nesta pág)
 
Carta Maior; domingo, 08/09/2013
 

Brasil: MANIFESTAÇÕES FRACASSAM E BRASÍLIA TEM 7 DE SETEMBRO ESVAZIADO

 


As manifestações convocadas pela oposição e por grupos de extrema direita para o 7 de Setembro na capital federal, com amplo apoio da imprensa, fracassaram ao não conseguir reunir um público nem dez vezes menor do que o esperado. E o forte aparato policial reprimiu os cerca de dois mil manifestantes que foram à Esplanada dos Ministérios. Fora dali, duas ações isoladas conseguiram passar seu recado: o protesto dos jovens socialistas contra a guerra à Síria, e a manifestação de grupos ‘black blocs’ contra a TV Globo. Por Najla Passos, de Brasília
 
Najla Passos - Carta Maior
 
Brasília – As manifestações convocadas pela oposição e por grupos de extrema direita para o 7 de Setembro na capital federal, com amplo apoio da imprensa, fracassaram ao não conseguir reunir um público nem dez vezes menor do que o esperado pelos organizadores e alardeado pela mídia. O desfile cívico, que historicamente reúne cerca de 30 mil expectadores, não contou com mais de 5 mil, conforme cálculos da Polícia Militar. Os manifestantes foram cerca de 2 mil, contra os 50 mil anunciados.

Até mesmo o tradicional Grito dos Excluídos, que convive há quase duas décadas com os desfiles cívicos, ficou prejudicado pela pulverização dos novos atores na Esplanada dos Ministérios. Parte se concentrou pela manhã, na Catedral, com o objetivo de acessar a área do desfile. Outra parte se reuniu na rodoviária, à tarde, com o propósito de chegar ao estádio Mané Garrincha, onde as seleções de Brasil e Austrália realizavam um amistoso. Mas a forte repressão policial impediu a ambos de se deslocarem para essas áreas.

Mesmo em número muito superior, os 6 mil policiais destacados para conter as manifestações não economizaram em bombas de efeito moral, gás de pimenta, gás lacrimogênio e balas de borracha para impedir o acesso dos manifestantes ao estádio e, depois, ao congresso, os dois principal alvos dos protestos, que pediam, principalmente, o fim da corrupção e auditoria nos gastos da copa. No final da tarde, a Polícia registrou um saldo de 39 presos, principalmente por desacato à autoridade, todos eles liberados em seguida.

Segundo a Polícia, apenas um uma pessoa ficou ferida, o fotógrafo da agência Reuters que tropeçou durante a cobertura e torceu o tornozelo. Jornalistas de diversos veículos de comunicação, porém, denunciaram o abuso policial na utilização das chamadas “armas não letais”: foram vários episódios de profissionais intoxicados com gás. As imagens de confronto também deixam claro que o número deve ser bem maior.

As duas ações pontuais que conseguiram acessar os alvos a que se propunham foram realizadas fora da Esplanada dos Ministérios. Em frente à embaixada dos Estados Unidos, a União da Juventude Socialista promoveu um protesto contra a guerra à Síria e contra a espionagem norte-americana. Na Asa Norte, grupos black blocs protestaram contra a TV Globo, arremessando pedras e tinta preta contra a sede da emissora. As pedras também foram direcionadas a três concessionárias de automóveis e dois shoppings da região.

Ausências ilustres

Além do público tradicional e dos manifestantes esperados, também não apareceram aos desfiles os presidentes da Câmara, Henrique Alves, e do Congresso, Renan Calheiros. A presidenta Dilma Rousseff circulou em carro aberto, sem o registro de nenhuma intercorrência, nem mesmo vaias. Assistiu a parada ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, na arquibancada que impressionava pela ausência de público.

Fotos: EBC

Leia mais em Carta Maior
 

Brasil - Ricardo Musse: A POTÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES DE RUA

 

Ricardo Musse – Revista Fórum
 
As recentes manifestações de rua que, de São Paulo e Porto Alegre, disseminaram-se pelas principais cidades do País, apesar da pluralidade de sua pauta de reivindicações, emitiram um recado claro e convergente: a insatisfação popular com o atual sistema político.
 
O descrédito em relação aos políticos e ao desempenho dos três poderes deriva de uma construção ideológica, mas também se assenta em uma situação efetiva. A mídia tradicional (jornais, rádio e televisão) criou uma imagem fantasiosa do agente político, associando-o invariavelmente à corrupção e à ausência de empenho e trabalho. Esse esforço coordenado atende a dois interesses principais: cacifar-se como instância primordial da cena pública e deslegitimar a vida política, abrindo caminho para soluções autoritárias.
 
Essa visão ganhou adeptos e repercussão, constituindo-se em um falso senso comum, em parte porque fornece uma explicação (ainda que simplória) a um sentimento objetivo. Há uma percepção generalizada de que as demandas dos diferentes grupos sociais não estão sendo atendidas pelas instâncias e organizações políticas, que os políticos tendem a agir como membros de um estamento fechado e estão mais sintonizados com os interesses dos financiadores de suas campanhas do que com as prioridades vocalizadas pela população.
 
O recurso às demonstrações massivas, à ação direta, emergiu como uma reação ao engessamento do sistema político, à integração dos quadros do PT (constituído conscientemente em uma alternativa à política tradicional) ao estamento, à paralisia decorrente das negociações típicas dos “governos de coalização”. A potência e a legitimidade das manifestações, o apoio e o entusiasmo popular que suscitaram, derivam diretamente dessa situação objetiva.
 
As pesquisas, feitas regularmente, sobre a credibilidade das instituições políticas mostram uma reviravolta impressionante. A avaliação positiva durante o último ano do governo Lula cedeu lugar a uma progressiva rejeição dessas instituições, modificação medida muito antes das manifestações das últimas semanas. Atribuo essa inversão à conjugação de dois fatores: à persistência da crise econômica iniciada em 2007 e à inflexão econômica ensaiada pelo governo de Dilma Rousseff.
 
A crise atingiu proporções mundiais, adquirindo feições mais agudas na Europa e no Oriente Médio, como comprovam os números do desemprego e a intensificação dos protestos. No Brasil, apesar das expectativas criadas pelo desempenho da economia no último ano do mandato de Lula, a crise afetou poderosamente a indústria. A principal medida encaminhada pelo governo para incentivar a produção industrial, a desvalorização cambial, gerou um incremento nos preços dos alimentos (no mundo globalizado, tornados commodities). Ampliou-se sobremaneira o caos urbano. A barbárie, inerente ao capitalismo, tornou-se cada dia mais presente no cotidiano das pessoas, rotinizando uma violência inaudita e estarrecedora. Intensificou-se o sofrimento individual e coletivo, sintomas visíveis na epidemia de depressão e no incremento do número de usuários e dependentes de drogas.
 
Diante da crise, o atual governo orientou a política econômica numa direção que se revelou inadequada e contraproducente. Alardeou metas superestimadas de crescimento (no momento em que até a China coloca o pé no freio). Para tentar cumpri-las, adotou uma série de medidas que apontam para uma tentativa de ressurreição do finado nacional-desenvolvimentismo, com seus subsídios diretos e indiretos para o grande capital. Resgatou até mesmo suas prioridades equivocadas, privilegiando a indústria automobilística, as grandes empreiteiras e adicionando aos monopólios oriundos da privatização dos serviços públicos novos monopólios privados impulsionados por créditos subsidiados do BNDES. Essa orientação, a disposição em atender prioritariamente à agenda da Fiesp, acirrou a disputa pelos fundos públicos.
 
Convém ressaltar que se trata de uma alteração profunda em relação à política incrementada pelo governo anterior. O motor do crescimento no período Lula foi a redução das desigualdades, uma dinâmica de ampliação contínua da renda e do crédito que alterou a escala do mercado interno. O atual governo seguiu o mantra entoado pelos jornalistas e economistas porta-vozes do “partido da indústria”. Segundo eles, o crédito atingiu seu limite e, por conseguinte, um novo ciclo de crescimento exigiria um aumento exponencial dos investimentos. Propõem assim tão somente que o dinheiro recolhido nos impostos retorne diretamente para o capital.
 
Nesse contexto, as passeatas que reivindicavam uma questão localizada, a revogação do aumento das tarifas de transporte público em São Paulo e Porto Alegre, passaram a simbolizar uma demanda mais geral. A truculência da PM, uma herança persistente da ditadura, redirecionou a luta para a defesa do direito constitucional de reunião. Conquistado o direito à livre manifestação, os protestos tornaram-se o palco por excelência do conflito distributivo, trazendo ao primeiro plano o enfrentamento entre as classes, embotado na década anterior.
 
A exigência de saúde, educação e transportes públicos gratuitos e de qualidade, a luta por direitos sociais, atestam a emergência de novos movimentos, resultante da desconfiança ante a capacidade do sistema político em fornecer – para além da retórica eleitoral – respostas a essas questões. Mas também confrontam dois modos bem distintos de utilização dos fundos públicos: o do atual modelo inspirado nas políticas do nacional-desenvolvimentismo e o do embrião do Estado de Bem-Estar Social, ensaiado nos dois governos de Luiz Inácio Lula da Silva.
 
O esforço para impedir que as manifestações sejam dominadas por grupos organizados de direita e pelas pautas da mídia tradicional está forjando a sempre almejada frente das esquerdas. Tudo indica que a ação dessa frente irá se guiar pela compreensão de que as palavras de ordem e o sentimento das ruas estão em sintonia com suas demandas históricas. Se não titubearmos, a potência das manifestações tende a politizar cada vez mais a população, empurrando o País para a esquerda.
 
Esta matéria está na edição 124 da revista Fórum. Compre aqui
 

Moçambique: O GOVERNO DAS BOAS INTENÇÕES

 

Verdade (mz) - Editorial
 
Todos já ouvimos, em algumas ocasiões, o adágio segundo o qual “de boas intenções o inferno está cheio”, elucidando-nos que não basta ficar no uso da palavra, é preciso que se coloque em prática as intenções ou o plano de acções. Pela sua essência, o ditado popular supracitado encaixa que nem uma luva para o Governo moçambicano, pois já é sabido, por experiência, que o executivo de Armando Guebuza é um dos governos mais bem intencionados que já vimos neste país. Só nos espanta o facto de nenhuma universidade moçambicana não ter ainda concedido o título de “Doutor Honoris Causa” em matéria de boas intenções.
 
A verdade seja dita: o nosso Governo é muito bem intencionado. Pelo menos é isso que deixa transparecer no dia-a-dia, porém, nunca o vimos a agir. O executivo moçambicano passa o tempo a celebrar intenções, ao invés de comemorar realizações. A título de exemplo, o leitor lembra-se da famigerada Revolução Verde e da Jatropha? E do subsídio à cesta básica? Na verdade, não passaram de meras intenções. A população continua a viver a pão e água, sem cuidados básicos de saúde, sem transporte e, pior, a ser tratada como besta de carga. A lista das “boas” intenções é actualizada diariamente, a cada decreto aprovado nos habituais encontros da terça-feira para melhorar isto e aquilo, e também nos discursos de combate à pobreza absoluta proferidos nas Presidências Abertas.
 
Celebrar intenções é, sem dúvida, uma estratégia desesperada de um regime incompetente que medra à custa do suor e ignorância da população. É estratégia de um Governo sem programa de governação que vive à mercê de um golpe de sorte e teme que os moçambicanos descubram os seus pés de barro. É, na verdade, uma atitude mesquinha de um Governo sem políticas sociais e económicas concretas e eficazes para tirar o povo da pobreza extrema a que é forçado a viver. Durante sensivelmente 10 anos, assistimos a um Governo que as vezes que agiu acabou por chover no molhado, além disso, não fez nada que não fosse sua obrigação como servidor do povo.
 
O Governo limitou-se à difundir informações segundo as quais a história recente de Moçambique é um exemplo raro de crescimento, quando, na verdade, alguns dos principais alicerces do crescimento económico têm vindo a abrandar com o tempo. O crescimento do país nos últimos anos concentrou-se nos megaprojectos detidos por estrangeiros, com forte concentração de capital e orientados para a exportação, ou seja, a maioria da população continua pobre.
 
Portanto, um Governo que passa a vida a celebrar intenções não deve merecer, de forma alguma, o apoio do seu povo, sobretudo quando esse mesmo Governo ignora os esforços da população na luta pelo sustento diário. Como moçambicanos e contribuintes, não devemos aceitar que uma minoria, por sinal corrupta, continue a dirigir os nossos destinos, delapidando os nossos recursos. Não devemos permitir que o nosso país continue a ser visto como uma das mais infame das rameiras sobre o planeta terra por causa de meia dúzia de pessoas que estão na origem de toda a injustiça estrutural em Moçambique.
 

Moçambique: GUEBUZA E O ETERNO DILEMA DA SUA SUCESSÃO

 


Luís Nhanchote – Verdade (mz)
 
Em Junho de 2002, durante a realização do oitavo congresso do partido Frelimo, naquilo que foi considerado de “transição em parto induzido”, Armando Emílio Guebuza era eleito, pela primeira vez na história do partido que dirige os destinos dos moçambicanos desde a independência, secretário-geral e automaticamente candidato à sucessão de Joaquim Chissano.
 
Na vésperas desse evento, decorrido na Escola do Comité Central da Frelimo, na Matola, ecoava o nome de Heldér Muteia, tido como “Delfim” de Chissano, como seu provável sucessor. O efeito Guebuza, que com 95,2 porcento dos votos era confirmado o próximo candidato da Frelimo e substituía, deste modo, Manuel Tomé nas funções de secretário-geral. Faltavam cerca de dois anos para o pleito de 2004.
 
Neste momento, a 13 meses para as eleições gerais marcadas para 15 de Outubro de 2014, mantém-se a incógnita sobre o sucessor de Guebuza, facto que está a levantar as mais diversas especulações, como a de a Frelimo, com maioria qualificada, e sob comando total de Armando Guebuza, poder alterar a Constituição da República (cujo debate sobre a revisão do mesmo está em curso) e manter o actual Presidente da República por mais um mandato.
 
Nesta análise, procuramos, nas entrelinhas dessa incógnita, desfiar esse mistério que está a deixar vários sectores de cabelos arrepiados.
 
Que mistério é este?
 
Desde a implantação da democracia multipartidária em Moçambique, que veio pela via da Constituição de 1990, e as suas primeiras eleições quatro anos depois – dois anos antes o governo da Frelimo e a Renamo, chancelavam em Roma, Itália, o Acordo Geral de Paz, Joaquim Chissano sempre esteve ao leme da Frelimo, que tinha tido antes outros secretários-gerais não “presidenciáveis”.
 
A característica dos governos de Chissano nos anos últimos da sua chancelaria foi a tecnocracia. Chissano capitalizou bastante os jovens com formação técnica para operacionalizarem os planos quinquenais. Como a Constituição da República estabelece um limite de dois mandatos não renovavéis, Chissano chegou naturalmente ao fim, sem que contudo conseguisse que a Frelimo tivesse uma maioria qualificada.
 
Nos dois anos em que Guebuza esteve como secretário-geral, conseguiu no périplo que fez pelo país adentro reogarnizar as bases, que as hostes na Frelimo consideravam que Chissano se tinha esquecido delas. Nessa época, dizia-se que Chissano se tinha desligado do país e estabelecido um “gabinete áereo”.
 
E assim Guebuza foi “entronizado” em 2005, como o novo Presidente do País e, naturalmente, chegou à presidência daquela formação partidária, que em 2009, no seu Nono Congresso realizado em Quelimane, atribui a Chissano o título de presidente “honorário”.
 
Do “boom dos recursos naturais”
 
A chancelaria de Armando Guebuza foi claramente marcada pela “descoberta” de recursos minerais que podem colocar o país na rota do desenvolvimento.
 
Mas muitas vezes foi referido que o presidente Guebuza detém um vasto leques de interesses empresariais. Os dossieres sobre a exploração mineira em Moçambique, como algumas organizações da sociedade civil têm denunciado, continuam no segredo dos deuses. Isto é, quem está a governar é quem tem acesso privilegiado a estes dossiers.
 
A título ilustrativo, desde que chegou ao poder, o que alicerça a tese de que ele pode manter no poder, por via de uma emenda constitucional a ser eventualmente efectuada pela bancada do partido que dirige, o cidadão Armando Emílio Guebuza, através da Intelec Holdings, a que está ligado, associou-se a Shree Cement Limitada, e ambos criaram a ECM - Elephant Cement Moçambique, Limitada, que se dedica à “exploração mineira de pedra calcária e outros minerais”.
 
Tobias Dai – ex-ministro da Defesa irmão da Primeira-Dama, isto é? seu cunhado? é sócio da Tantalite Holdings, sociedade que se dedica “à exploração mineira de tantalite e minerais associados”. A sociedade foi criada em 2008, ou seja, Guebuza já estava no poder.
 
Valentina da Luz Guebuza, uma das filhas do Presidente Armando Guebuza, e o seu tio, José Dai (primo de Tobias Dai), constituíram a Servicon, Limitada, em 2008, que tem como objecto social a actividade mineira.
 
Outro filho de Guebuza, Ndambi Armando Guebuza, criou a Intelec B.A.C. - Business Advisory & Consulting, Limitada, que é ligada à Intelec Holdigs, que também tem interesses no sector.
 
Esta referência pode ser uma amostra de que se Guebuza não indicar o seu sucessor (a via tem sido o Comité Central) vai adensar a tese de que os ganhos dos recursos, como o carvão, o gás e, quiçá, o petróleo só deverão começar a "jorrar" quando ele já não estiver no poleiro e as empresas dele estiverem na dianteira.
 
Refira-se que no dia 26 de Junho do ano passado, durante a cimeira do Rio de Janeiro, o Presidente Guebuza foi jantar em casa de Murilo Ferreira, o presidente da multinacional Vale do Rio Doce, que está a operar no país. Este facto aconteceu numa viagem de Estado e foi denunciado na imprensa nacional e internacional.
 
A procissão de “Hossanas” ao Presidente Guebuza, por via de uma media bem identificada, é outro sinal de que os mistérios se adensam sobre a sua sucessão. Apesar de Guebuza ter dito publicamente que não se vai recanditar, ao ritmo como está a ser endeusado, não espantaria a ninguém a sua recondução por via da eventual emenda ao texto constitucional. Assim como nos filmes: foi a vontade popular que pediu que continuasse....
 
É Feliciano Gundana seu sucessor?
 
No primeiro semestre deste ano, e durante uma visita presidencial à República Popular da China, segundo foi reportado na epóca, o Presidente Guebuza terá apresentado o general Feliciano Gundana como seu “sucessor” à presidência de Moçambique. Gundana actualmente serve o Governo como ministro na presidência para Assuntos da Casa Civil.
 
Se tal facto acontecer, isto significa que Armando Guebuza, que detém a presidência do partido e a manterá mesmo fora da palácio da Ponta Vermelha, continuará a dirigir os destinos do país. Nessa altura, por alturas das eleições gerais e multipartidárias, Gundana estará a completar 74 anos, visto que nasceu em 1940 e faz parte da geração de 25 de Setembro que ainda dirige o país. A ver vamos, estamos aqui para isso.
 

DE PORTUGAL PARA TIMOR-LESTE PARA AJUDAR A DESENVOLVER O TURISMO

 


Díli, 08 set (Lusa) - Gally Soares de Araújo tem 27 anos, estudou turismo na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, Portugal, e regressou a Timor-Leste para ajudar a desenvolver um setor que, defendeu, precisa de ter mais condições.
 
A desenvolver no país projetos ligados ao turismo na área das acomodações sobre os quais não quis revelar grandes pormenores, porque o "segredo é a alma do negócio" em qualquer parte do mundo, Gally Soares de Araújo trabalha também na Câmara de Comércio e Indústria de Timor-Leste.
 
É lá que está a ajudar a mudar o paradigma do turismo em Timor-Leste.
 
"Estamos a pegar no que já existe e a transformar as coisas. Se queremos pedir um preço por um bom prato ou cama é preciso ter qualidade. Temos de criar condições", afirmou à agência Lusa.
 
Para Gally Soares de Araújo, é preciso reestruturar e transformar a oferta que existe no país.
 
Na Câmara de Comércio e Indústria está a ajudar a desenvolver alguns projetos ligados ao turismo e a melhorar a qualidade de serviços em unidades de alojamento, nomeadamente através de formação.
 
"Certamente que há algumas dificuldades neste ramo. Como país emergente nós atravessamos várias fases. Viemos de uma fase complicada da ocupação indonésia, mas sendo um país jovem temos esta grande missão e ambição de vencer na vida", afirmou.
 
Com Bali e Tailândia a rivalizar com o destino Timor-Leste, Gally Soares de Araújo considerou que são no entanto bons exemplos para o país.
 
"Têm características semelhantes às de Timor-Leste e creio que podemos aprender com os erros e com as qualidades que apresentam para melhorar as condições de Timor-Leste no futuro", afirmou.
 
Para o futuro, o jovem defende a promoção do destino Timor-Leste, porque é desconhecido em muitas partes dos Estados Unidos e da Europa, para um nicho de mercado, o de cinco estrelas.
 
"Não temos as condições mínimas para receber um turista de cinco estrelas, mas o futuro vai passar por aí, por um mercado de nicho, um mercado em que o turista que vem para Timor procura ficar entre cinco e nove noites em Timor e creio que se planearmos o turismo nesse sentido vai criar não só maior impacto em termos económicos, como em termos ambientais vai minimizar os impactos negativos", adiantou.
 
Como destino, Gally Soares Araújo considera Timor-Leste um país muito interessante porque tem características únicas relacionadas com a passagem de vários povos pelo país.
 
"Devido à presença de outros povos em contacto com o povo indígena timorense criou-se aqui uma grande variedade em termos culturais a todos os níveis gastronómicos, costumes e a nível de sentimentos", disse.
 
Para Gally Soares de Araújo, a "hospitalidade dos timorenses está lá. Agora, precisa de ser melhorada ao nível dos serviços".
 
"Mas há um potencial, é um diamante em bruto que precisa de ser trabalhado", disse.
 
Aos jovens timorenses pede ainda para "sonhar muito alto".
 
"Timor é um país de oportunidades e não há limites para sonhar. Os nossos avôs e os nossos pais fizeram o mais difícil em termos físicos, nós temos agora a responsabilidade em termos intelectuais de desenvolver da melhor forma este país", disse.
 
MSE // MLL - Lusa
 
Na foto: Gally Soares de Araújo
 
Leia mais sobre Timor-Leste, Macau-China, Médio Oriente, Ásia, Austrália e Pacífico em TIMOR LOROSAE NAÇÃO
 

EM ANGOLA - ROBINS HOOD NEGROS ESTÃO A PLANTAR SEMENTES BÉLICAS

 


William Tonet – Folha 8 - edição 1158 – sábado, 7 setembro 2013
 
Segundo um aforismo muito con­hecido, a história da humanidade pode ser resumida como sendo uma sequência de situações que se vão repetindo sob diversas formas e numa adaptação conjuntural à época em que elas ocorrem.
 
Ora acontece que a história contemporânea de Angola apresenta-se de algum modo como uma, não direi repetição, mas sim uma reprodução de­feituosa de um período da história de Inglaterra dos primórdios do século XIV, celebrada pelas nar­rativas das aventuras de um herói que se tornou fa­moso por roubar os ricos e dar aos pobres, refiro-me a Robin dos Bosques (Robin Hood).
 
Existem inúmeras versões da saga anglo-saxónica ref­erente a esse personagem: são tantas que se chega ao ponto de ser impossível saber onde está a verdade, tanto assim que Robin Hood, hoje é mais um mito do que personagem histórico.
 
Contudo, segundo fontes de diversas origens, Robin continua a existir para quem vive hoje em Not­tingham, cidade no centro de Inglaterra que serve de cenário à maioria das baladas iniciais que lhe são dedicadas. Além das está­tuas, há as ruas baptizadas com o seu nome e um fes­tival anual que lhe é dedi­cado. E há também o que resta da Floresta de Sher­wood, onde é possível en­contrar a árvore em redor da qual o bando de Robin se reunia em conselho.
 
Por outra, “Robin Hood” é, desde sempre, por mo­tivos que as versões às vezes alteram, um fora-da-lei. As referências históricas que sustêm as diferentes teorias da sua existência, prendem-se, aliás, na maior parte dos casos, com registos da sua comparência em tribunais. Existem muitos candida­tos a ter em conta, mas, em todo o caso, a páginas tantas o herói escolheu a vida clandestina da flo­resta depois de ter sido injustiçado e a sua opção é partilhada por uma grande parte do povo, acabando Robin por formar um exé­rcito com o qual se opõe à maldade que o rodeava.
 
Na História, Robin Hood, que ganha o apelido por usar um hood (tipo de chapéu com pena) vence o príncipe John e casa-se com Maid Marian, sobrin­ha de Ricardo. No fim da história, Ricardo Coração de Leão reaparece após sua derrota em terras es­trangeiras e nomeia Robin Hood cavaleiro, tornando o nobre novamente. Hap­py End.
 
OS ROBIN HOOD ANGOLANOS
 
Não sei se estou a ser se­guido nas entrelinhas, mas aqui deixo ficar a minha interpretação, esta narra­tiva tem muito a ver com o que se passou em Angola a partir do momento em que os angolanos deram início à luta pela libertação na­cional.
 
Havia em Angola um “Principe de má memória, o Colono. Agostinho Neto chegou, viu e venceu, foi ele o Robin Hood angolano que ficou na história, em­bora tivesse havido alguns mais, antes e depois dele. Tal como o herói inglês, o nosso Robin Neto con­seguiu escorraçar o “prínc­ipe” do poder, (“o problema é resolver os problemas do povo”, dizia ele), venceu o Colono e tomou o poder. E neste ponto há divergência com a lenda original.
 
Neto, por assim dizer, auto-proclamou-se “príncipe” o que teve como conse­quência ter aparecido outro Robin Hood, o qual, rapi­damente também mostrou que queria ser “príncipe” e se tornou legenda. Refu­giou-se na floresta do sul de Angola e combateu o auto-proclamado “príncipe” Neto e o seu sucessor, JES. Combateu até à morte. Eis a diferença.
 
Infelizmente!
 
Para nossa desgraça colectiva, o nosso “prínc­ipe” actual, ou seja, os de­tentores do poder, estão cada vez mais insensíveis e adulteram os mais elemen­tares conceitos universal­mente reconhecidos. Em Angola o actual Robin dos Bosques rouba os pobres para dar aos ricos.
 
Os exemplos estão à mão de semear. Os dirigentes negros retiram as terras ao povo para as distribuir pelos ricos, visando erguer condomínios selectivos e consumarem a política de discriminação. Não será para afastar das cidades a maioria dos pretos? Não vemos outra razão. Eles têm vergonha da maioria dos angolanos, que ap­enas são reconhecidos em vésperas da fraude eleito­ral.
 
Quanto aos serviços que lhes são devidos e consa­grados por tradições ances­trais e pela Constituição, basta ver o estado calami­toso dos hospitais públicos e as condições deploráveis em que trabalham os médi­cos angolanos.
 
Basta olhar para o outro lado e constatar que as escolas erguidas para pre­tos são uma imagem tão degradante que o minis­tério da Educação de Ed­uardo dos Santos adoptou, igualmente, um programa curricular tão básico que a maioria dos angolanos não precisa de saber o que lhes é muito defeituosamente ensinado para transitar de classe. E tudo isso visando a perpetuação no poder da claque, pois os seus filhos, a começar pelos do Presi­dente, estudam em esco­las estrangeiras ou no es­trangeiro….
 
E por aí fora, numa pro­cissão de engalanados eventos, sumptuosos in­vestimentos e edificações grandiosas das novas Catedrais das sociedades modernas, estádios, arenas e torres monumentais, um Parlamento a fazer inveja a Obama…
 
Noutro extremo ou no mesmo, alguns dirigentes do regime adoram exibir relógios de mais de 50 mil euros, carros de 200 a 500 mil dólares e/ou contas milionárias, conseguidas através da locupletação de dinheiro do erário público.
 
A liberdade de imprensa e de expressão, está con­fiscada, feita em compota, marmelada cozinhada para o povo sem instrução, o voto em Angola não tem o mesmo valor de outras paragens democráticas, o “voto regime” tem uma cumplicidade institucional com a fraude.
 
E nesse pavonear saloio de manutenção do poder a qualquer custo, o “prínc­ipe”, seus familiares e a sua corte, consideram-se herdeiros das riquezas de todo um povo, atirado para a mais reles miséria e in­digência.
 
É triste, quase dá para desi­stir de gritar por liberdade, mas, quando vejo na Áfri­ca do Sul, um país inteiro vergar-se à evolução do estado de saúde de Nelson Mandela, tenho o sonho de um dia poder assistir à en­trada serena e confiante do Presidente de Angola num hospital público do nosso amado país sem receio de ser contaminado por uma seringa utilizada por três ou mais pacientes. No entanto, se este sonho não se con­cretizar antes, deixarei uma procuração irrevogável para o meu bisneto poder assistir a isso e reportar, pois partirei antes de essa nova aurora pacífica ser uma realidade em Angola.
 

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