quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Rede de prostituição infantil nas ilhas da Guiné-Bissau, diz Liga dos Direitos Humanos




FP – VM - Lusa

Bissau, 07 fev (Lusa) - A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) diz haver no arquipélago dos Bijagós uma rede de prostituição infantil, e acrescenta que há nos últimos anos "um aumento exponencial de abusos sexuais" no país.

O alerta é deixado num relatório sobre direitos humanos hoje divulgado em Bissau, referente aos últimos dois anos, no qual a Liga afirma que especialmente nas ilhas de Rubane, Caravela e Maio (sem autoridades judiciais) há prostituição de crianças entre os 13 e os 16 anos nas unidades hoteleiras, "a favor dos responsáveis afetos ao poder público e económico".

Num extenso documento, a LGDH diz que as mulheres são especialmente afetadas em termos de direitos humanos, com casamentos precoces e forçados, violência doméstica, mutilação genital feminina, abusos e violência sexual e assédio sexual nos locais de trabalho.

Num estudo sobre violência contra as mulheres, 41 por cento das mulheres inquiridas afirmou não ter escolhido o marido. Entre 2006 e 2010, foram apresentados 764 casos de denúncia de casamento forçado, diz o documento.

A Liga diz que 56 por cento da população adulta da Guiné-Bissau é analfabeta e desta percentagem 64 por cento são mulheres. No Governo deposto no golpe de Estado do ano passado, dos 16 ministérios apenas três eram ocupados por mulheres, exemplifica a Liga.

Atentado contra os direitos humanos é também a elevada taxa de mortalidade infantil. De acordo com a LGDH, 63 em cada mil crianças morrem antes dos cinco anos. Em 2010, diz, 57 por cento das crianças entre os cinco e os 14 anos estavam envolvidas em trabalho infantil, apesar de a lei o proibir.

Na liberdade de imprensa, a LGDH diz que houve regressão a partir de 2010 e que piorou mais a partir do golpe de Estado do ano passado. A deficiência física é vista como uma maldição e no ensino básico de cada 100 crianças que entram no primeiro ano apenas 40 atingem o sexto ano de escolaridade.

Depois, diz também o relatório, a Guiné-Bissau não ratificou instrumentos fundamentais na área da Saúde, onde faltam condições nos estabelecimentos hospitalares e onde falta deontologia profissional de alguns técnicos, que exigem pagamentos ilícitos pelos tratamentos.

Na Guiné-Bissau, cerca de 20 por cento da população rural sofre de insegurança alimentar, apenas 66 por cento tem acesso a água potável e a "falta de respeito pelos direitos humanos dos prisioneiros constitui um problema há décadas", diz a Liga.

E na área das forças de defesa e segurança, o relatório condena a "repressão" exercida pela polícia militar e a "utilização desproporcional da força", "tortura e detenções arbitrárias" por parte dos agentes policiais.

Presidente da Guiné-Bissau ausculta sindicatos sobre andamento do período transição




MB – MLL – Lusa com foto

Bissau, 07 fev (Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, reuniu-se hoje durante mais de cinco horas com representantes de vários sindicatos do país para análise do processo de transição decorrente do golpe de Estado de abril passado.

Em declarações aos jornalistas, à saída do encontro, Estêvão Có e Filomeno Cabral, responsáveis das duas maiores centrais sindicais do país, afirmaram que o Presidente Serifo Nhamadjo quer saber qual a sensibilidade dos sindicatos sobre o processo de transição e desta forma ter uma ideia global do país.

A ideia do chefe de Estado guineense, disse Filomeno Cabral, secretário-geral da Confederação Geral dos Sindicatos Independentes (CGSI), "é ter uma apreciação geral de todas as franjas" do país sobre o andamento da transição antes de partir para a cimeira da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) a 27 deste mês.

Nos últimos dias o Presidente de transição guineense tem estado em presidência aberta pelo interior do país.

De regresso a Bissau presidiu, no sábado e no domingo, a duas reuniões com o Governo e chefias militares. Em todas as ocasiões se tem falado do período de transição e, sobretudo, da necessidade de ser alargado, já que tecnicamente será impossível realizar eleições gerais na data prevista, em abril próximo.

O secretário-geral da UNTG (União Nacional dos Trabalhadores da Guiné), Estêvão Có, disse ter dito ao Presidente de transição que concorda que as eleições sejam realizadas "só depois de o Estado estar organizado".

"Realizar eleições na data marcada (abril deste ano) é enganarmo-nos uns aos outros", afirmou.

"Primeiro é preciso organizar o Estado e só depois realizar eleições que serão aceites por toda gente", observou o secretário-geral da UNTG, maior central sindical do país.

Mas, antes, Estêvão Có quer ver o Estado guineense a promover "uma verdadeira reforma" da administração pública, a introduzir uma nova grelha salarial no país e a fixar um novo salário mínimo nacional.

Além dos dois sindicatos dos trabalhadores da função pública estiveram presente no encontro a ordem dos advogados e os sindicatos dos professores, dos motoristas e dos jornalistas, entre outras organizações representativas.

O encontro deve ser retomado nos próximos dias.

"É um encontro de busca de soluções internas. Dissemos ao Presidente ser pertinente este tipo de debate. Devemos voltar a conversar, pois há toda a necessidade de haver um pacto social, um pacto de regime. Dissemos ao Presidente que vamos refletir e voltar com uma proposta concreta", afirmou Filomeno Cabral.

Ex-ministro das Finanças da Guiné-Bissau apenas é ouvido pelo juiz na sexta-feira




FP - MB - MLL - Lusa

Bissau, 07 fev (Lusa) - O ministro das Finanças do Governo deposto em abril passado, José Mário Vaz, detido em Bissau na passada segunda-feira, apenas será ouvido na sexta-feira pelo juiz, o que os advogados dizem ser uma violação da lei.

"Todo este caso é uma verdadeira heresia processual", há "uma violação de todas as condições e prazos de detenção", disse à Lusa um dos advogados do antigo ministro, Octávio Lopes.

De acordo com o advogado, foi ilegal a detenção de José Mário Vaz e é ilegal a sua manutenção na cadeia, já que, segundo a lei, a prisão preventiva não pode exceder as 48 horas.

"Já se ultrapassaram as 48 horas estipuladas por lei para o período de detenção", frisou Octávio Lopes, explicando que só hoje os advogados foram notificados pelo juiz de instrução criminal para a audiência na sexta-feira.

José Mário Vaz está detido desde segunda-feira à noite por alegado ilícito fiscal no tempo em que era ministro das Finanças. O Ministério Público quer, nomeadamente, saber o paradeiro de uma ajuda orçamental angolana de 9,1 milhões de euros, que supostamente nunca entrou nos cofres do Estado.

Na quarta-feira, José Mário Vaz esteve mais de seis horas nas instalações da Procuradoria-Geral da República da Guiné-Bissau mas foi ouvido durante menos de uma hora.

Cerca das 18:00 foi levado de novo para as instalações da Polícia Judiciária, tendo a viatura que o transportou passado antes pelo Tribunal Regional de Bissau.

Golpe de Estado de 2012 na Guiné-Bissau é das maiores crises de direitos humanos




Jornal i - Lusa

O presidente da Liga dos Direitos Humanos da Guiné-Bissau (LDH), Luís Vaz Martins, defendeu hoje que o golpe de Estado de 12 de abril do ano passado constituiu "uma das maiores crises" nos direitos humanos no país.

A LDH, disse, "considera importante a determinação, o mais breve possível" de um período para uma transição inclusiva e que o mesmo não seja superior a um ano a contar de hoje, e que é "desajustado e inaceitável fazer eleições num contexto de insegurança e medo generalizado".

O responsável falava em Bissau na apresentação de um relatório da Liga sobre a situação dos direitos humanos no país nos últimos dois anos, altura em que defendeu como "imperativo" a profissionalização das Forças Armadas e a adoção de leis que previnam a mendicidade forçada de menores.

Luís Vaz Martins apelou ainda a toda a comunidade internacional para que se entenda sobre o processo de transição e sobre a reforma do setor de defesa e segurança da Guiné-Bissau.

Guadalupe de Sousa, em nome da ONU, disse que houve alguns avanços no país em termos de direitos humanos, sobretudo a nível de legislação, mas acrescentou haver muito para fazer, garantindo para tal o apoio das Nações Unidas.

De acordo com as conclusões do relatório, "é mais do que evidente que o estado em que se encontra o país em termos de direitos humanos é extremamente grave" e se não forem tomadas medidas, prevê a LDH, "haverá mais conflitos, assassínios e violações de direitos humanos e liberdades fundamentais".

Diz o documento que "as autoridades políticas guineenses não dispõem de nenhum poder efetivo, o que impede que se conheçam realmente as suas verdadeiras opções no que concerne às reformas nas Forças Armadas ou estabilização do país".

A LDH diz que o golpe de Estado ocorrido no país no ano passado deteriorou "de forma preocupante" a situação dos direitos humanos e que "a situação é cada vez mais deplorável", já que se vive "um clima de tensão, de medo generalizado, de terrorismo de Estado contra os seus próprios cidadãos".

Fazendo um balanço dos últimos dois anos, o documento fala de casos como o de agressões de militares a polícias, diz que a "impunidade foi institucionalizada" depois do conflito militar de 1998, dando como prova o facto de "os autores morais e materiais das sucessivas convulsões políticas e militares, que na maior parte dos casos culminaram com a perda de vidas humanas, continuarem impunes".

"Hoje, mais do que nunca, um dos desafios maiores que a Guiné-Bissau enfrenta é encontrar fórmulas claras e eficientes para estancar as ondas de impunidade, e consequentemente consolidar o Estado de direito e promover a paz", diz o relatório.

UNITA considera denúncia de apoios de Portugal uma "bajulação" ao Governo angolano




NME – PJA – Lusa – foto Miguel A. Lopes

O porta-voz da UNITA, maior partido da oposição em Angola, minimizou hoje as declarações do ex-ministro português Castro Caldas sobre o apoio de Portugal a Savimbi, considerando-as uma forma de “bajulação” ao MPLA.

Portugal está a "lisonjear determinadas figuras do Executivo angolano que, ironicamente, têm processos indiciados em tribunais portugueses, acusados de branqueamento de capitais", disse à Lusa Alcides Sakala.

"Consideramos que foi extemporânea esta posição do ex-ministro da Defesa, porque a UNITA nunca recebeu ajuda nenhuma dos vários Governos portugueses, nem na época colonial, muito menos agora", sublinhou.

Na terça-feira, durante uma comissão de inquérito em Portugal sobre Camarate (referente às circunstâncias da morte em 1980 do primeiro-ministro Sá-Carneiro e do ministro da Defesa Amaro da Costa), o ex-ministro da Defesa Castro Caldas afirmou que o líder histórico da UNITA, Jonas Savimbi, foi "durante muito tempo financiado pelas Forças Armadas portuguesas", através do Fundo de Defesa Militar do Ultramar, que funcionava como um "saco azul”.

Para Alcides Sakala, “é surpreendente que Portugal venha agora novamente com esta intensidade por parte de um ex-ministro português da Defesa, numa altura em que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, estava de visita" a Angola, avançou Alcides Sakala.

Paulo Portas: QUERIDO LÍDER JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS




Paulo Gaião – Expresso, opinião

"O Presidente angolano é um dos grandes líderes africanos". Quem disse? Paulo Portas, na visita que fez esta semana a Angola, a terceira desde que é ministro.  

Portas não se ficou por aqui. A eleição de José Eduardo dos Santos para Presidente da República, em Agosto passado, foi "um passo importante na estabilização, no desenvolvimento e no progresso de Angola", disse o ministro.  

Eduardo dos Santos já leva 33 anos no poder, tem mais cinco anos de mandato presidencial à frente, até 2017, e pode fazer um novo mandato de cinco anos, até 2023, perfazendo... 43 anos no poder. Que importa?  

Os grandes negócios angolanos passam há muitos anos pela família Eduardo dos Santos. O último foi a nomeação pelo Presidente angolano do seu filho José Filomeno dos Santos para administrador do Fundo Soberano de Angola, que gere as receitas do petróleo. Que importa?  

A Constituição da República, aprovada em 2010, está desenhada à imagem e semelhança de José Eduardo dos Santos, com um poder presidencial totalitário. Que importa?    

A UNITA está descontente com Paulo Portas porque este, quando vai a Angola foge do movimento do Galo Negro com medo de desagradar a Eduardo dos Santos.  Ainda esta semana a UNITA manifestou o seu desagrado. 
      
Há meia dúzia de anos, num artigo no jornal Sol, numa altura em que José Sócrates começava a dar-se com Hugo Chávez, Portas escreveu que o presidente da Venezuela queria "ser um presidente vitalício" (e ainda só levava oito anos de poder, menos 25 anos que Eduardo dos Santos).  

"Só não vê  quem não quer", adiantava Portas.    

Quantas vezes já este homem falou, ao longo da sua carreira política, em princípios, ética  e coerência de atitudes políticas que não pratica?

Angola: ELITES BENEFICIAM DA SUPRESSÃO DE VISTOS ENTRE ANGOLA E SUÍÇA




Deutsche Welle

Angola e a Suíça assinaram esta terça-feira (05.02.2013) dois acordos para supressão de vistos diplomáticos e de serviço e sobre matéria migratória. Analista considera que a medida só vai afectar “meia dúzia de pessoas”.

A assinatura dos documentos, que teve lugar no Ministério das Relações Exteriores, na capital angolana, Luanda, marca a visita oficial de três dias ao país da ministra da Justiça e Polícia da Suíça, Simonetta Sommaruga. Segundo o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, a medida é particularmente importante para os diplomatas que viajam regularmente para a Suíça.

“As elites angolanas que têm dinheiro na Suíça provavelmente estão mais interessadas nos acordos do que o resto da população, que não vai usufruir grandemente da medida”, critica o analista angolano Nelson Pestana:

O especialista afirma que este acordo estabelecido entre as autoridades angolanas e helvéticas “só vai beneficiar meia dúzia de pessoas”, ou seja, uma camada muito reduzida de angolanos, uma vez que a Suíça não é um destino preferencial dos angolanos. “E acredito que Angola também não é um destino preferencial dos suíços. Por isso, acho que para condimentar um pouco mais a visita da governante suíça, se calhar não havia mais nada para pôr em cima da mesa, e colocou-se essa assinatura”, argumenta.

“Suíça não é prioridade”

Nelson Pestana considera que é positivo que “Angola se abra ao mundo” e estabeleça acordos recíprocos de eliminação de barreiras alfandegárias e de imigração, mas, neste caso, os critérios de prioridade “não são os melhores”:

“Nós temos um fluxo de pessoas muito maior com países africanos circunvizinhos, próximos, ou mesmo outros países, como por exemplo na Europa, Portugal, e não há à vontade do governo no sentido da assinatura desses acordos”, sublinha o especialista, que confessa “estranhar” este protocolo agora assinado com a Suíça.

Suíça desbloqueou dinheiro angolano

A assinatura dos acordos ocorre cerca de mês e meio depois dos dois países terem chegado a acordo para a devolução a Luanda de 32,6 milhões de euros que estavam bloqueados em vários bancos suíços desde 2005.

Nelson Pestana diz não ter conhecimento de como essa devolução vai ser feita, porque num primeiro momento havia condições que haviam sido postas” e a aplicação desse dinheiro estava a ser monitorizado pelas autoridades suíças, particularmente pela sociedade civil suíça (algumas associações suíças estavam envolvidas nesse processo).

“Neste momento, temos uma zona nebulosa, não sabemos muito bem como é que esse dinheiro vai ser devolvido. Provavelmente, deveria ser devolvido e incluído no Orçamento Geral do Estado”, defende o analista, acrescentando que o dinheiro libertado entre os dois governos deveria servir para incrementar a saúde e a educação em Angola.

Autora: Madalena Sampaio - Edição: António Rocha

AS MULHERES QUENIANAS NA OFENSIVA





As próximas eleições quenianas podem ser verdadeiramente revolucionárias. Pela primeira vez foram introduzidos mandatos reservados exclusivamente às mulheres. Uma forma de encorajar a participação política feminina.

A nova Constituição, que entra em vigor com as eleições gerais de 4 de março, é ambiciosa, para um país no qual as mulheres, até agora, praticamente não tinham um papel na política. O que não significa que as perspetivas eleitorais da única mulher que se candidata à presidência sejam muito boas. Sondagens recentes indicam que nem sequer um por cento dos eleitores tenciona votar em Martha Karua. A grande cena política continua a ser um território exclusivamente masculino.

E o caminho para o Parlamento é longo e penoso. Rachel Yegon é candidata ao parlamento. A empresária de Kericho, no oeste do país, é financeiramente independente, o que a distingue da maioria das quenianas: “A falta de poder económico das mulheres é o maior problema”, diz Yegon: “Até para se tornarem ativas na política devem primeiro pedir a autorização dos homens. Depois têm que pedir por um carro, dinheiro, e muitas coisas mais. E pedir todos os dias. É claro que o homem se farta depressa e deixa de apoiar a mulher”.

A importância do dinheiro

Sem dinheiro não há como levar avante uma campanha eleitoral, que no Quênia é dispendiosa. Para além dos custos de transporte e dos cartazes, há que pagar uma taxa para nomeação, custear a publicidade nos meios de comunicação e dar prendas em dinheiro a potenciais eleitores.

Outro obstáculo para as mulheres é o facto de muitas vezes terem menos educação dos que os homens. Quanto mais importante é o cargo público, maiores são as exigências em termos de formação. Sobretudo nas partes mais remotas do país, mas também nas regiões costeiras e entre a etnia massai, no sul, não será, por isso, fácil, haverá poucas mulheres candidatas à assembleia nacional, receiam os observadores.

Condições especiais

Originalmente a Constituição de 2010 queria ir mais longe, estipulando que nem homens, nem mulheres, deveriam ocupar mais de dois terços dos cargos na administração pública, incluindo o Parlamento. Em dezembro de 2012, poucos meses antes do sufrágio, o Tribunal Supremo do Quénia decidiu que a regra só se aplicaria progressivamente após as eleições de março. Não obstante, o o número de deputadas vai aumentar. Nas próximas eleições haverá, 47 mandatos reservados às mulheres – um por círculos eleitoral -, a acrescentar aos 222 já existentes. Hassan Omar, candidato pelo cidade costeira de Mombasa, acha que esta não pode ser a solução: “Estou muito desiludido com o movimento feminista queniano. Agora temos mandatos especiais para as mulheres, e é só por estes que a maioria delas se interessa, Deixam de parte todas as outras possibilidades ao seu alcance”.

Joan Birika, colaboradora queniana da Fundação alemã Heinrich Böll, em Nairobi, contrapõe que uma vez no Parlamento, as mulheres podem influenciar muito a política: “Basta ver o que já conseguiram as sete ou nove por cento de deputadas atuais no Parlamento. Veja as muitas leis por elas propostas. São iniciativas úteis para as pessoas”. Birika dá como exemplo a política de consumo de álcool: “O álcool clandestino é a causa de um problema enorme de desemprego sobretudo entre os mais jovens. A nova lei é boa para os homens e as mulheres”.

A promoção da reconciliação

A politóloga espera que as mulheres ajudem a superar os conflitos étnicos do país. Ao contrário dos homens, as mulheres mudam de pertença étnica ao longo da sua vida através do casamento, explica Birika. Por isso estão bem colocadas para superar as barreiras étnicas e culturais e defender um verdadeiro programa político.
Autora: Maja Braun/António Rocha - Edição: Cristina Krippahl

MALI, O REINO DA TRANQUILA INSTABILIDADE




Rui Peralta, Luanda

I - A intervenção francesa no Mali é reveladora da forma como o neocolonialismo considera os assuntos internos do continente africano. Para os franceses, África é o zoo afro-francófono, para os ingleses os anexos da Rainha e para os portugueses são área mitomaníacas do V Império  Para o resto da Europa, África é sempre uma coisa (para os reis de Espanha serve para caçar e para outros europeus serve para mostrar as sua boas intenções solidárias e caridosas, a sua formação ecológica como amigos dos animais selvagens e para outros, ainda, é a terra dos pretos).

África está para a Europa, assim como o Sul do Continente americano está para os USA: o quintal a sul das fronteiras. É nesse sentido que os franceses estabelecem a sua força de intervenção no Mali (curioso como os socialistas franceses sempre foram simpatizantes do general De Gaulle no que respeita a África), bombardeiam, tomam partido, ordenam á CEDAO o que fazer e mandam calar os que na União Africana (organismo virtual e casa de chá das elites africanas) esboçam algumas palavras murmuradas de um protesto sussurrado.

II - Os tuaregues vêm o seu projecto de independência de Azawad ser fatalmente esmagado pelo terrorismo e pelos acordos coloniais. E assistem, estupefactos, ao papel da Argélia, que habilmente manipulou os seus inimigos internos (os terroristas islâmicos), facilitando a intervenção francesa. Serão eles os tuaregues, os perdedores e não o braço da Al-Qaeda na região, que já cumpriu o seu papel de sempre: agentes irrequietos dos interesses ocidentais.

Mas não só o projecto tuaregue que é aniquilado. São as populações tuaregues, árabes e berberes que veem-se ameaçadas de extermínio, perante o desejo de vingança dos sipaios ao serviço dos franceses (o exercito maliano), que procedem de forma sanguinária a execuções sumárias nos territórios reconquistados pela França. Basta atentar aos exemplos de Tombuctu e de Gao.

O tácito acordo argelino-francês, com o objectivo de preservar a unidade maliana, fundamental para o prosseguimento dos acordos energéticos comuns, ao ser consumado, revela a realidade de um genocídio.

III - A forma como este conflito foi vendido através das notícias das agências, criou a errónea ideia de uma conflito entre o Estado do Mali e os terroristas islâmicos. Azawad, na boca dos órgãos informativos, não era mais do que um antro de terroristas da Al-Qaeda. Ignorados ficaram factos como o caráter colonial do Estado Maliano, a luta dos tuaregues, árabes e beduínos da região, contra o colonialismo francês e a luta interna contra o fascismo islâmico da Al-Qaeda. A intervenção militar francesa não é mais do que um reajustamento de conjuntura de uma intervenção ininterrupta, que marcou a História do Mali desde a sua independência, contaminando, inclusive, o seu nascimento como Estado independente. Desde 1963 que numerosas revoltas revelam um elemento fracturante, geocultural, de um país saído das máquinas de costura do colonialismo. As recentes armas líbias e o golpe de estado em Bamaco, apenas serviram para radicalizar esse longo processo de libertação. Os interesses neocoloniais (Ocidente / agentes internos / Estados da região) e o fascismo islâmico fizeram o trabalho de reconstrução da elaborada obra de alfaiate, que é o Mali, única forma de impossibilitar os objectivos do longo processo de libertação tuaregue.

Mas näo é apenas a questão tuaregue que está em jogo. Ao atribuir toda a instabilidade da região, aos actos do braço local da Al-Qaeda, ou á queda de Kadhafi, conforme pretendem os fazedores de opinião (sentados á direita, no primeiro caso e á esquerda, no segundo) que inundam os meios de comunicação, escamoteiam a realidade, uma realidade que näo pode ser interpretada por parâmetros pré-concebidos, ou pelas dicotomias politicas e ideológicas do Ocidente.

IV - A permanente pobreza, marginalização social e económica, o fascismo islâmico, o crime organizado, são consequências directas do colonialismo e do neocolonialismo. Mas também do FMI, do Banco Mundial, do neoliberalismo sob a capa do afro capitalismo imposto aos países da região através dos mecanismos da Conferencia de Washington e assinados de cruz em Lomé, acrescentando os acordos bilaterais com o papá francês. E é bom não esquecer os investimentos realizados nos últimos dez anos por Kadhafi, que permitiram às corruptas elites malianas pagar os salários da enorme máquina administrativa central e local maliana, ou que alimentaram projectos megalómanos como a compra dos cem mil hectares de terras junto ao Níger, para construção de uma enorme zona franca, a remodelação em moldes faraónicos de Bamaco, a construção de hotéis de luxo às dezenas, num período em que os baixos números de turistas baixaram ainda mais, deixando os hotéis completamente às moscas, da construção das grandes mesquitas, e dos elevadíssimos salários dos quinhentos professores das escolas corânicas (um projecto “único” do ministério da educação maliano), mas que em nada beneficiaram as populações malianas.

Os níveis de pobreza no Norte do país atingiram dimensões dignas de comparação às descrições dantescas do inferno. A revolta tuaregue näo foi mais do que um momento nesta tranquila instabilidade gerador de miséria, que reina no mosaico maliano. A movimentação islâmica que a ela sucedeu, quase em simultâneo, é um acto revelador dessa instabilidade induzida, espelhando a reacção das elites comerciais e dos bandos depredadores que sempre estiveram estabelecidos na região e das quais as burguesias neocoloniais (á imagem das coloniais, noutros tempos) se servem e utilizam a seu belo prazer e em função do arco de interesses.

V - A única solução para este mosaico é a continuação dos valores que estiveram na base do anticolonialismo: A reapropriação da soberania popular sobre os recursos, a apropriação da produção, a democratização da distribuição e o reconhecimento dos sujeitos individuais e colectivos como fonte primordial da política.

Tudo o que estiver fora deste âmbito é obra da costureira que com agulha e dedal costurou tal manta de retalhos…

CONFRONTOS ENTRE MANIFESTANTES E POLÍCIA NO CENTRO DA TUNÍSIA




EJ - VM – Lusa - foto STR/EPA

Centenas de manifestantes anti-islamitas confrontaram-se hoje com a polícia em frente à sede do governador de Gafsa, no centro do país, de acordo com a agência noticiosa francesa AFP.

Os manifestantes, que procediam ao funeral simbólica de Chokri Belaid, opositor tunisino morto a tiro na quarta-feira, em Tunes, lançaram bombas incendiárias contra os agentes policiais, que responderam com disparos de granadas de gás lacrimogéneo.

Na capital tunisina, centenas de pessoas deslocaram-se esta manhã à casa de Chokri Belaid, na zona sul de Tunes, para prestar homenagem ao opositor assassinado, disse a AFP.

A viúva renovou as acusações contra o Governo dirigido pelos islamitas. "Acuso o Governo de assassinar o meu marido", disse Besma Khalfaoui.

As autoridades não anunciaram, até ao momento, qualquer progresso no inquérito à morte de Chokri Belaid.

O homicídio desencadeou confrontos, que causaram um morto entre as fileiras da polícia na quarta-feira.

Em resposta à violência, o primeiro-ministro tunisino, Hamadi Jebali, anunciou a formação de um Governo de tecnocratas e apolítico.

Grécia arrisca novas medidas de austeridade devido à queda de 7% nas receitas em Janeiro




MC - MBA – Lusa -  foto ALKIS KONSTANTINIDIS/ANA-MPA

Atenas está alarmada porque a quebra de 7% das receitas com impostos verificada em janeiro face ao previsto provocará, caso o desvio não seja corrigido até março, a aprovação automática de novas medidas de austeridade.

A aprovação automática de medidas de austeridade para compensar o desvio da quebra de impostos arrecadados face ao montante previsto pelo governo está incluída no memorando que Atenas assinou com os credores internacionais.

Fontes do ministério das Finanças citadas hoje por vários jornais gregos informaram que as receitas com impostos foram de 4.050 milhões de euros e que a estimativa do governo era de 4.360 milhões.

A quebra das receitas foi fundamentalmente provocada pela contração do consumo, que fez recuar em 15% as receitas do IVA.

O acordo do governo grego com a 'troika' formada pelo Banco Central Europeu (BCE), a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que se no final de um trimestre não se cumprirem os objetivos previstos para o défice, se cortem automaticamente os gastos primários, excluindo salários e pensões.

Em comparação com janeiro de 2012, as receitas com impostos na Grécia diminuíram 16%.
Segundo informações do jornal Kathimerini, nos próximos dias o secretário geral encarregado pela arrecadação de impostos do ministério das Finanças grego, Haris Theoharis, vai analisar com os responsáveis das delegações fiscais de todo o país fórmulas para conter a evasão fiscal.

Um dos principais problemas da Grécia é a fuga de capital registada desde que começou a crise, principalmente de contribuintes com elevados rendimentos.

Portugal: AS COISAS QUE NÃO ENTRAM NA CABEÇA DO SENHOR ULRICH




Daniel Oliveira – Expresso, opinião

Quando um deputado apelou a Fernando Ulrich para que pedisse desculpas pelas suas frases sobre a austeridade e os sem-abrigo, o banqueiro respondeu: "Não sei porque alguém se choca, quando falei dos sem-abrigo. Não é uma falta de respeito, pelo contrário, na minha cabeça era um sinal de respeito pelas pessoas que já viveram nessa situação tão dramática." E acrescentou: "Aquela situação eu também posso vir a passar ou a minha família." E não pediu desculpas, porque não recebe "lições de sensibilidade social de ninguém".

Não vou desenvolver sobre as várias pérolas com que este senhor nos tem oferecido. Acho que toda a gente com o mínimo de equipamento cerebral percebe a bestialidade das coisas que o senhor vai dizendo - ainda me lembro quando propôs que os desempregados trabalhassem à borla para o seu banco. E, pela reincidência, fica claro que é isso mesmo que falta a este senhor: capacidades cognitivas medianas.

Também não faço questão nenhuma que peça desculpa a ninguém. Fernando Ulrich não foi eleito por ninguém, não representa ninguém, não deve desculpas a ninguém. É apenas um banqueiro. O que ele diz e pensa é para mim absolutamente irrelevante. Nunca me sentaria à mesa com este senhor para saber as suas opiniões. Nunca leria uma entrevista sua para saber o que acha da situação do País. Nunca me deslocaria a uma conferência para saber das suas reflexões sobre política e economia. Infelizmente, a comunicação social e o País transformaram estes analfabetos políticos em oráculos da Nação. E dá nisto.

O que me interessa, nesta matéria, é apenas uma certa curiosidade antropológica. É mais ou menos como analisar o comportamento dos concorrentes da Casa dos Segredos. Porque será que, quando vê um sem-abrigo, a cabeça pouco sofisticada do senhor Ulrich pensa que um dia ele também pode vir a estar assim? Pensará o banqueiro que todos, sem exceção, estão expostos da mesma forma à austeridade e a todos ela pode atingir com a mesma violência? Não é provável que, no fundo do que reste da sua alma, acredite que, daqui a dois ou três anos, ele pode mesmo estar a dormir debaixo das arcadas do Terreiro do Paço. Não é provável que não saiba, até por experiência própria, que quem nasce no privilégio e vive do privilégio está defendido das desventuras da vida. Mas, teoricamente, Ulrich acredita que todos somos mesmo iguais. O que quer dizer que acredita que os sem-abrigo ou tiveram menos talento ou tiveram apenas mais azar do que ele. Porque acredita que o que teve e tem na vida não resulta de um privilégio mas de um direito por ele conquistado.

Nada vou explicar ao senhor Ulrich, até porque duvido que o compreenda. A insensibilidade social crónica não é uma questão de classe. Há gente rica e com consciência do seu privilégio, há gente pobre que se enriquecesse seria igual ao senhor Ulrich. É uma questão cultural. Quem não tem mundo não sabe dos outros. E é muito mais ignorante do que um analfabeto. E se alfabetização nunca vem tarde, tentar explicar o óbvio a quem numa vida inteira não o percebeu é uma perda de tempo.

Mas, pelo menos para nós, vale a pena recordar que enquanto o Rendimento Social de Inserção e o subsídio de desemprego eram cortados, o Estado pediu 12 mil milhões emprestados à Europa para o injetar em vários bancos. E, entre eles, o banco do senhor Ulrich. Que, com esse dinheiro que os contribuintes lhe arranjaram, o senhor Ulrich compra dívida pública portuguesa. E que isso lhe permite apresentar excelentes resultados num banco que estava em estado comatoso. Ou seja, os lucros do senhor Ulrich são o que falta aos sem-abrigo. Não resultam do seu talento mas da sua capacidade (e dos restantes banqueiros portugueses e europeus) chantagearem os Estados e manobrarem os decisores políticos. Isto, depois de terem levado a Europa e o mundo Ocidental, pela sua ganância irresponsável, ao colapso.

A diferença entre o senhor Ulrich e um sem-abrigo, entre o senhor Ulrich e qualquer pessoa que viva realmente do seu trabalho, entre o senhor Ulrich e o cidadão comum, é que ele tem esta capacidade de pôr o Estado a trabalhar para si enquanto os restantes são abandonados à sua sorte.

Mas há uma diferença mais profunda. E dessa o senhor Ulrich não tem culpa. Vivemos numa sociedade desigual. E a desigualdade começa no berço. Conheço ricos e pobres descerebrados. Conheço ricos e pobres irresponsáveis. Conheço ricos e pobres sem qualquer talento. Os ricos com todas estas características conseguem, regra geral, acabar um curso, arranjar um emprego por via duma boa rede social a apetrechar-se do mínimo de instrumentos para não serem indigentes. E mesmo que não consigam, uma mesada familiar ou um emprego conseguido por favor resolve o problema. Um rico próximo de atrasado mental sai-se, regra geral, melhor do que um pobre muitíssimo capaz.

Não me fico pela riqueza, para não me deixar de fora. Nasci numa família sem cheta mas culturalmente privilegiada. E isso deu-me instrumentos iniciais melhores do que outros tiveram. Logo, menos merecedor de qualquer coisa que tenha conseguido na vida. E isso dá-me, e tendo não o esquecer, obrigações éticas acrescidas perante os outros.

Porque, e agora sei que até o senhor Ulrich será capaz de me acompanhar, não nascemos todos iguais em deveres e direitos. Nem todos temos de provar, da mesma forma, o que valemos, nem todos temos de pagar o preço dos nossos erros. Não estou, note-se, a pessoalizar neste banqueiro. Não sei nem tenho interesse em saber grande coisa sobre ele. Sei que Ulrich provém de uma família abastada pelo menos desde o século XVIII que se juntou a outra família abastada, na pequena rede empresarial que orbitou em volta da ditadura. Sei que antes de se dedicar aos negócios fez umas perninhas no jornalismo e na política. Sei que foi um dos promotores do Compromisso Portugal, um grupo de gestores que defendia menos Estado para nós e que acabou a pedir mais Estado para eles. E sei que o seu antecessor no BPI se chamava Artur Santos Silva e que, sendo uma pessoa de quem geralmente discordo, reconheço haver entre os dois um abismo cultural e intelectual.

Estou a falar de uma coisa mais geral: o privilégio. O privilégio que vem do berço e que deveria dar a quem não o mereceu responsabilidades sociais acrescidas. Mesmo em alguns países com uma organização social e económica distante da que eu defendo existe esta ideia: a de que quem é privilegiado tem o dever de devolver parte do que tem à sociedade. Em Portugal, devolvem conselhos, arrogância e este género de parvoeiras.

E é esse privilégio que livrará sempre o senhor Ulrich de viver debaixo da ponte. Não apenas o privilégio de ser rico. Mas um mais insidioso do que esse: o privilégio de mandar no Estado que manda em nós. O privilégio que lhe permite pôr os contribuintes a pagar juros à troika para lhe emprestarem dinheiro a para ele nos emprestar a nós e nós lhe pagarmos juros a ele. O privilégio que permitiu a um dos seus ramos familiares, de quem herdou parte da sua fortuna, ter a proteção do Estado Novo e prosperar mais um pouco com o condicionalismo industrial. O privilégio de, em ditadura ou em democracia, ter a proteção que o Estado, nos momentos difíceis, nos nega a todos nós. Um privilégio que torna estas frases especialmente insuportáveis.

Não, não quero nenhum pedido de desculpas do senhor Ulrich. Quero apenas de volta, já e depressa, os 1500 milhões de euros que o Estado pediu emprestado à troika para pôr no seu banco. São nossos e chegavam e sobravam para tirar os sem-abrigo da rua. Devolva-os e pode continuar a dizer os disparates que entender.

PORTUGUESES ESTÃO ENTRE EUROPEUS QUE MENOS CONFIAM NA JUSTIÇA




Jornal i - Lusa

Os portugueses estão entre os europeus com menos confiança na Justiça e em instituições políticas, como a Assembleia da República ou a polícia, uma postura que tem vindo a acentuar-se nos últimos anos, concluiu um estudo.

Com base em dados do European Social Survey, realizado em 26 países e que é conduzido em Portugal pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e pelo Instituto Superior das Ciências do Trabalho e Empresa(ISCTE), os investigadores referem que Portugal está entre aqueles "cujos cidadãos revelam menor confiança nas instituições, nomeadamente no sistema jurídico".

Os resultados mostram ainda que, "nos últimos anos, se verifica a tendência para uma redução ainda maior na confiança institucional em Portugal", nomeadamente entre 2004/2005 e 2010/2011.

As conclusões do estudo a que a agência Lusa teve acesso referem ainda que "a percepção de eficácia é muito importante, mas a confiança tem também por base a percepção de que os tribunais respeitam princípios de justiça" nos seus procedimentos.

No conjunto de 27 países, Portugal está entre os cinco países com menos confiança na Justiça e somente 11 Estados apresentam confiança nos respetivos sistemas jurídicos. Destes, apenas cinco confiam nas restantes instituições (Suíça, Finlândia, Holanda, Noruega e Suécia).

O estudo realiza uma comparação entre as respostas obtidas em cinco países (Portugal, Polónia, Hungria, Reino Unido e Alemanha), um trabalho que "torna particularmente claro que Portugal se destaca como o país cujos cidadãos manifestam menor confiança no sistema jurídico".

Enquanto 49,7% dos portugueses refere ter confiança baixa no sistema jurídico, na Alemanha a percentagem é de 19,5%. A Polónia é o país que mais se aproxima de Portugal, com 38,7%.

Quanto à eficácia dos tribunais, "Portugal apresenta um valor mais baixo do que os restantes" quatro países, sendo, aliás, o único com valor negativo.

Portugal volta a registar os valores mais baixos no grupo de cinco países, quando o assunto é a legalidade da ação dos tribunais. "Em Portugal, Polónia e Hungria, essa perceção está mesmo abaixo do ponto médio da escala", aponta o estudo.

O trabalho também analisou o sentimento de obediência às decisões dos tribunais e todos os países registam valores "claramente" acima da média da escala.

"De um modo geral, as pessoas consideram que existe um dever de obediência às decisões dos tribunais, porém, estes valores tendem a ser mais baixos em países com uma tradição democrática mais longa", refere o documento.

Os dados sobre “confiança na justiça” foram recolhidos no European Social Survey 2010/2011, relativos a 26 países e envolvendo mais de 50.000 inquiridos. Os resultados deste trabalho serão divulgados na quinta-feira, durante um seminário a decorrer em Lisboa.

Os portugueses estão entre os europeus com menos confiança na Justiça e em instituições políticas, como a Assembleia da República ou a polícia, uma postura que tem vindo a acentuar-se nos últimos anos, concluiu um estudo.

Com base em dados do European Social Survey, realizado em 26 países e que é conduzido em Portugal pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e pelo Instituto Superior das Ciências do Trabalho e Empresa(ISCTE), os investigadores referem que Portugal está entre aqueles "cujos cidadãos revelam menor confiança nas instituições, nomeadamente no sistema jurídico".

Os resultados mostram ainda que, "nos últimos anos, se verifica a tendência para uma redução ainda maior na confiança institucional em Portugal", nomeadamente entre 2004/2005 e 2010/2011.

As conclusões do estudo a que a agência Lusa teve acesso referem ainda que "a percepção de eficácia é muito importante, mas a confiança tem também por base a percepção de que os tribunais respeitam princípios de justiça" nos seus procedimentos.

No conjunto de 27 países, Portugal está entre os cinco países com menos confiança na Justiça e somente 11 Estados apresentam confiança nos respetivos sistemas jurídicos. Destes, apenas cinco confiam nas restantes instituições (Suíça, Finlândia, Holanda, Noruega e Suécia).

O estudo realiza uma comparação entre as respostas obtidas em cinco países (Portugal, Polónia, Hungria, Reino Unido e Alemanha), um trabalho que "torna particularmente claro que Portugal se destaca como o país cujos cidadãos manifestam menor confiança no sistema jurídico".

Enquanto 49,7% dos portugueses refere ter confiança baixa no sistema jurídico, na Alemanha a percentagem é de 19,5%. A Polónia é o país que mais se aproxima de Portugal, com 38,7%.

Quanto à eficácia dos tribunais, "Portugal apresenta um valor mais baixo do que os restantes" quatro países, sendo, aliás, o único com valor negativo.

Portugal volta a registar os valores mais baixos no grupo de cinco países, quando o assunto é a legalidade da ação dos tribunais. "Em Portugal, Polónia e Hungria, essa perceção está mesmo abaixo do ponto médio da escala", aponta o estudo.

O trabalho também analisou o sentimento de obediência às decisões dos tribunais e todos os países registam valores "claramente" acima da média da escala.

"De um modo geral, as pessoas consideram que existe um dever de obediência às decisões dos tribunais, porém, estes valores tendem a ser mais baixos em países com uma tradição democrática mais longa", refere o documento.

Os dados sobre “confiança na justiça” foram recolhidos no European Social Survey 2010/2011, relativos a 26 países e envolvendo mais de 50.000 inquiridos. Os resultados deste trabalho serão divulgados na quinta-feira, durante um seminário a decorrer em Lisboa.

Os portugueses estão entre os europeus com menos confiança na Justiça e em instituições políticas, como a Assembleia da República ou a polícia, uma postura que tem vindo a acentuar-se nos últimos anos, concluiu um estudo.

Com base em dados do European Social Survey, realizado em 26 países e que é conduzido em Portugal pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e pelo Instituto Superior das Ciências do Trabalho e Empresa (ISCTE), os investigadores referem que Portugal está entre aqueles "cujos cidadãos revelam menor confiança nas instituições, nomeadamente no sistema jurídico".

Os resultados mostram ainda que, "nos últimos anos, se verifica a tendência para uma redução ainda maior na confiança institucional em Portugal", nomeadamente entre 2004/2005 e 2010/2011.

As conclusões do estudo a que a agência Lusa teve acesso referem ainda que "a percepção de eficácia é muito importante, mas a confiança tem também por base a percepção de que os tribunais respeitam princípios de justiça" nos seus procedimentos.

No conjunto de 27 países, Portugal está entre os cinco países com menos confiança na Justiça e somente 11 Estados apresentam confiança nos respetivos sistemas jurídicos. Destes, apenas cinco confiam nas restantes instituições (Suíça, Finlândia, Holanda, Noruega e Suécia).

O estudo realiza uma comparação entre as respostas obtidas em cinco países (Portugal, Polónia, Hungria, Reino Unido e Alemanha), um trabalho que "torna particularmente claro que Portugal se destaca como o país cujos cidadãos manifestam menor confiança no sistema jurídico".

Enquanto 49,7% dos portugueses refere ter confiança baixa no sistema jurídico, na Alemanha a percentagem é de 19,5%. A Polónia é o país que mais se aproxima de Portugal, com 38,7%.

Quanto à eficácia dos tribunais, "Portugal apresenta um valor mais baixo do que os restantes" quatro países, sendo, aliás, o único com valor negativo.

Portugal volta a registar os valores mais baixos no grupo de cinco países, quando o assunto é a legalidade da ação dos tribunais. "Em Portugal, Polónia e Hungria, essa perceção está mesmo abaixo do ponto médio da escala", aponta o estudo.

O trabalho também analisou o sentimento de obediência às decisões dos tribunais e todos os países registam valores "claramente" acima da média da escala.

"De um modo geral, as pessoas consideram que existe um dever de obediência às decisões dos tribunais, porém, estes valores tendem a ser mais baixos em países com uma tradição democrática mais longa", refere o documento.

Os dados sobre “confiança na justiça” foram recolhidos no European Social Survey 2010/2011, relativos a 26 países e envolvendo mais de 50.000 inquiridos. Os resultados deste trabalho serão divulgados na quinta-feira, durante um seminário a decorrer em Lisboa.

Cimeira UE. Substituída bandeira de Portugal com pagodes em vez de castelos




Jornal i - Lusa

A bandeira de Portugal na entrada da sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, foi substituída antes da cimeira de líderes de hoje, depois de ter sido constatado que continha pagodes em vez dos tradicionais castelos.

O “defeito” foi detetado por eurodeputados do PCP, que repararam numa fotografia tirada ao presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, na última reunião dos ministros das Finanças da zona Euro: a bandeira portuguesa exposta na entrada do Conselho em vez de ter o escudo português com sete castelos tinha o que pareciam ser sete pagodes.

Comentando que “a adulteração não deixa de ser irónica à luz da recente alienação ao capital estrangeiro de importantes (estratégicas e lucrativas) empresas públicas portuguesas do setor energético, na sequência dos processos de privatização promovidos e apoiados pela UE e pelo FMI”, os deputados João Ferreira e Inês Zuber enviaram uma pergunta ao Conselho, questionando que medidas seriam tomadas para corrigir a situação e a que é que se devia tal adulteração.

A bandeira em causa, na chamada “entrada VIP”, já foi substituída, tendo fonte diplomática confirmado que a representação de Portugal junto da UE solicitou aos serviços do Conselho que se procedesse à substituição das bandeiras defeituosas ainda antes da cimeira que decorre entre hoje e sexta-feira em Bruxelas.

A mesma fonte adiantou que, entre os vários “kits” de bandeiras no Conselho, aquele que apresentava o defeito na bandeira portuguesa havia sido oferecido pela presidência italiana da União Europeia em 2003, o que não significa que tenha sido sempre esse a ser utilizado desde então.

Currículo de Franquelim Alves coloca-o a trabalhar na Ernst&Young aos 16 anos




RCR – VC - Lusa

O currículo oficial do novo secretário de Estado do Empreendedorismo, Franquelim Alves, coloca o governante como tendo iniciado a sua vida profissional aos 16 anos na consultora internacional Ernst&Young, contrariando outras duas versões disponíveis na Internet.

O ‘curriculum vitae’ (CV) do secretário de Estado disponível no portal do Governo já tinha suscitado polémica porque não referia a sua passagem pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN), a sociedade que detinha o Banco Português de Negócios (BPN), mas também refere que o agora governante nasceu a 16 de novembro de 1954 e “iniciou a sua carreira, em 1970, como auditor e consultor da empresa internacional Ernst&Young”.

Já o currículo que entregou à Faculdade de Direito da Universidade Católica, onde ainda consta como docente do Mestrado de Direito e Gestão, aponta o ano de 1970 como o do primeiro emprego (nas Fábricas Mendes Godinho de Tomar), tendo começado a carreira na Ernst &Young Portugal no ano seguinte, aos 17 anos.

Numa outra versão, a do portal Infopedia, da Porto Editora, Franquelim Alves, licenciou-se primeiro em Economia, em 1979, pelo Instituto Superior de Economia da Universidade Técnica de Lisboa e só dois anos mais tarde se tornou no associado responsável pela área de Management Consulting Services da Ernst & Young Portugal.

Mas existem outras discrepâncias entre estes currículos.

A Infopédia, indica, por exemplo, que Franquelim Alves só se terá tornado diretor financeiro do grupo de distribuição Jerónimo Martins dois anos depois de concluir um MBA em Finanças na Católica (1995), mas nos outros dois CV, teve esta função entre 1996 e 2000.

Certo é que depois de sair da Jerónimo Martins, assumiu a presidência da ‘holding’ estatal responsável pela gestão dos mercados abastecedores do país (SIMAB), um cargo que terá desempenhado em 2003, segundo a biografia oficial e da Universidade Católica, ou entre 2002 e 2003, segundo a versão da Infopedia.

Em 2003, Franquelim Alves, estreou-se na vida polícia como secretário de Estado Adjunto do então ministro da Economia, Carlos Tavares, num governo liderado por Durão Barroso, mantendo-se até à demissão deste, na altura em que foi designado para a Comissão Europeia.

A partir dessa data, o percurso de Franquelim Alves passa por organismos públicos como o Instituto de Gestão da Dívida Pública, e empresas como a Cinveste, Portugal Telecom e a SLN onde foi “administrador” da área não financeira, segundo o CV oficial.

Quando foi novamente chamado para o governo, desempenhava funções de gestor no Compete, o programa de incentivos e apoios comunitários direcionado para empresas.

A Agência Lusa contactou o ministério da Economia para esclarecer as diferenças entre currículos, o que não foi possível até ao momento.

Contactada pela Lusa, a Ernst&Young não quis fazer comentários.

MALFEITORES DE COLARINHO BRANCO – opinião PG

Perante tanta incongruência, tanto “drama”, tanta mentira, o que se deve concluir é que Portugal está na posse de uma seita mafiosa que se apoderou da política e a manuseia descaradamente segundo seus interesses e em prejuízo do país e dos portugueses. Decerto por se sentir comprometido nos cambalachos do BPN - e sabe-se lá o que mais - o PR Cavaco Silva limita-se a fazer de conta que tudo vai bem, que a crise está prestes a passar e que vem por aí a recuperação e o futuro risonho. Será decerto risonho mas só para os que fizerem parte das máfias que se apoderaram dos vários poderes que têm conduzido Portugal ao descalabro. Sob o jugo destes malfeitores de colarinho branco sobrevive-se miseravelmente na quietude de um povo temeroso, cobarde, que optou pelo salve-se quem puder e enferma de fome à espera de um milagre de Fátima ou de cantar as suas desventuras num fado da desgraça… Assim não, para onde vamos Portugal? (Redação PG)

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