terça-feira, 29 de novembro de 2011

ENTRE A VIDA E A MORTE DO SISTEMA




Pablo Chacón, Revista Ñ  - Outras Palavras - Tradução: Daniela Frabasile

Vivemos a passagem para o capitalismo do comum, dos bens imateriais—diz Toni Negri. E avisa: a transição não será pacífica

Toni Negri esteve quatro vezes na Argentina. Em 2002, 2005, em março deste ano e na semana passada, quando participou de um fórum de intelectuais organizado pela Secretaria de Cultura na Nação. Embora tenha se mostrado avesso a entrevistas, o pensador italiano aceitou responder a algumas perguntas formuladas pela revista Ñ Digital.

Antes de Buenos Aires, Toni Negri esteve realizando palestras em Santiago do Chile, onde aproveitou para expressar publicamente seu apoio ao movimento estudantil que está colocando o governo de Sebastián Piñera em maus lençóis. O italiano comparou os chilenos com os indignados espanhóis e estadunidenses, e com os ativistas da chamada primavera árabe.

Na Argentina, deu uma palestra na Universidade Nacional San Martín (Unisam) e outra no lançamento da revista Debates e Combates. Negri recordou a Cúpula das Américas de 2005, em Mar da Prata, onde parte do bloco latino-americano, dirigido pelo então presidente argentino, Néstor Kichner, disse não à Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Também elogiou o movimento piquetero, e até se surpreendeu (ou fingiu supreender-se) quando lhe disseram que nem todos os movimentos sociais estão de acordo com a estratégia econômica do governo.

Você deu muita importância para o movimento dos indignados, mas também foi criticado por não propor uma forma de organização.

Sim, essa é uma das críticas que me fazem. Ontem me perguntaram como fazer para introduzir a noção comum num país como a Argentina, absolutamente atravessado por um conflito (latente ou não) entre o setor agropecuário e o governo, onde os desequilíbrios são notáveis. Bom, a verdade é que eu não sei como fazer isso. É um problema que os políticos argentinos deveriam resolver. Mas eu acredito que a questão dos indignados é produzida num contexto de relativa riqueza, como é na Europa e nos Estados Unidos, que, por uma série de manobras especulativo-financeiras que levam anos, explodiu. Explodiu deixando vários endividados, além de uma juventude que não tem recursos para atingir uma renda mínima. O homem de hoje é um homem explorado. É um homem endividado. Isso também é uma consequência da fossilização das estruturas sindicais clássicas.

Em que sentido isso se dá?

É uma questão velha, que discutíamos desde os anos 1970, quando nasce na Itália a Autonomia Operária, que é uma reação contra a burocracia do Partido Comunista Italiano (PCI), acomodado com a situação de mediador entre capital e trabalho, e corrompido por essa mesma mediação. A ponto—como se diz do outro lado—de que esse capitalismo não foi sequer capaz de distribuir a renda. Mas o problema atual é que a dissociação entre capital e trabalho não existe mais. A sociedade industrial está em transição para outra sociedade, onde o valor mais avaliado é—e será cada vez mais—a produção imaterial. A produção social da riqueza, estruturalmente, será um bem comum. O capitalismo cognitivo se organiza em torno de um bem comum, sem hierarquias, produz ideias, conceitos, é horizontal. Assim, o estudo desses procedimentos—com Michael Hardt—nos fez construir outra noção: o comum, que não é público nem privado, que se autogoverna.

É um compromisso? Diz respeito à crise de representação?

Não, de maneira alguma é uma solução de compromisso. É uma transição para outra forma de capitalismo, definida pelo valor imaterial das ideias. Nessa direção, pode-se falar de um capitalismo cognitivo, e voltar à necessidade de um novo pensamento sobre a emancipação. Precisamente porque a produção social do conhecimento é um bem comum, compartilhável, suscetível de solidariedade e reprodução por fora dos cortes impostos pelo sistema de acumulação baseado no fordismo que Michel Foucault tão bem definiu em seu momento. Estamos indo para um lugar novo, onde não se administra a coisa pública porque o deslocamento do valor é intangível.

Um bem comum—repito—não precisa de um centro de gravidade, a fábrica, o sindicato, o escritório. O próprio corpo, o pensamento operam no espaço público, geram seus atos, podem inventar saberes e formas de organização. Deixamos claro que a transição não será pacífica, e eu não acredito que será. Se não se pensa que os organismos internacionais de crédito são uma extensão dos bancos, não se entendem as medidas que está tomando a Europa para salvar a Grécia, endividando todos os seus habitantes.

Não se entende o disciplinamento a que a Islândia está submetida, ou a Irlanda, que até muito pouco tempo eram consideradas exemplos de capitalismo “responsável”. Sobre a crise de representação, acredito que tudo já foi dito: só vou dizer que ela não é causada apenas por um aumento da demanda dos direitos sociais, mas também por essa divisão entre capital e trabalho. Porque precisará trabalhar sobre esse terreno baldio. E volto pela última vez a falar sobre Barack Obama, sua reforma do sistema de saúde. Ele pensou a reforma junto a movimentos sociais que o apoiaram para que alcançasse o governo. Mas, uma vez no governo, os abandonou. Agora, os movimentos sociais estão instalados em Wall Street, Los Angeles etc. E me animaria dizer que a reforma do sistema de saúde, que era pouco, mas melhor que nada, será boicotado. Não deveríamos ter vergonha de dizer que os presidentes desses países são reféns ou empregados da especulação financeira, dos bancos.

E qual seu julgamento quanto à América Latina?

É o único lugar do mundo onde os movimentos sociais têm certa potência, apesar da crise da forma-partido. Se articularam, mas não sem condições. O problema é que, na medida em que a crise monetária se agrava, também entra em crise a forma-Estado. E ainda não acredito que esse dilema esteja próximo de uma solução imediata. Se existem movimentos sociais, não é apenas por uma crise de representação, mas porque o público e o privado não se distinguem. Dependem dos mesmos insumos. E existe muita corrupção. Brasil, Chile, Argentina, Bolívia, Venezuela são laboratórios políticos: não estão totalmente nas mãos do capital, ao contrário da Europa. Centro-esquerda e centro-direita estão completamente subordinadas ao capital. A crise europeia é a crise do capital financeiro. Para repetir um velho ditado: estamos na presença de algo que não acabou de morrer e algo que não acabou de nascer.

ATAQUE DA OTAN PÕE EM RISCO A RELAÇÃO DOS EUA COM O PAQUISTÃO





O Paquistão é um parceiro estratégico dos Estados Unidos no combate ao terrorismo e também uma potência nuclear. Uma ruptura nessa já complicada relação pode trazer sérios riscos para o Ocidente, avaliam especialistas.

A raiva ainda pode ser sentida no Paquistão, onde multidões protestam contra o ataque da Otan e exigem um fim da aliança entre Islamabad e os Estados Unidos.

Ressentimentos nitidamente antiamericanos são sentidos tanto em passeatas organizadas por advogados e estudantes nas principais cidades do Paquistão, quanto nas promovidas por líderes tribais em Mohmand, o distrito onde 24 soldados paquistaneses foram mortos no último sábado por um ataque de helicópteros e caças da Otan a um posto fronteiriço. Slogans e faixas pediam a suspensão das relações com os EUA e, em alguns casos, até mesmo retaliação ao ataque.

No centro de Multan, membros do grupo Jamat-ud-Dawa, classificado como organização terrorista pela ONU, queimaram bandeiras dos EUA e um cartaz com o rosto do presidente norte-americano, Barack Obama. Enquanto em Peshawar, no noroeste, região tida como um bastião dos insurgentes da rede Al Qaeda e do Talibã, várias centenas de estudantes islâmicos gritavam "morte aos EUA" e "pare com a guerra contra o terror".

Pressão sobre o governo cresce

Os protestos impõem pressão crescente para que o governo paquistanês do primeiro-ministro Yusuf Raza Gilani mude sua posição pró-EUA e ouça as demandas dos manifestantes, que querem o bloqueio permanente da passagem de suprimentos para os 140 mil soldados da Otan no Afeganistão, a expulsão de todos os militares dos EUA presentes em bases no Paquistão e que o Conselho de Segurança da ONU tome providências a respeito das incursões fronteiriças dos EUA.

Os militares paquistaneses, detentores de uma posição de poder no país, rejeitam a versão da Otan para os eventos no fim de semana, refutando relatos de que a aliança agiu em legítima defesa, depois que suas tropas foram alvejadas a partir do lado paquistanês da fronteira.

Exigência de provas

A liderança militar do Paquistão pediu provas de que as tropas da Otan tenham sido feridas para sustentar essa afirmação, acrescentando que seus postos foram atacados por forças da Otan sete ou oito vezes durante os últimos três anos, matando um total de 72 soldados e oficiais e ferindo 250.

A ministra do Exterior do Paquistão, Hina Rabbani Khar, telefonou para a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, para transmitir um "profundo sentimento de indignação" devido aos ataques e para alertar sobre as consequências que eles podem ter sobre as relações entre as duas nações.

Xenia Dormandy, uma especialista em política externa norte-americana no think tank Chatham House, em Londres, acredita que o ataque da Otan venha a comprometer ainda mais a parceria estratégica entre EUA e Paquistão. Ela acredita que é hora de se repensar essa relação bilateral.

"Neste ano, temos visto uma série de conflitos surgirem entre os EUA e o Paquistão, os quais mostram os interesses divergentes existentes entre as duas nações", disse à Deutsche Welle, acrescentando que o incidente atual já provocou repercussões. Uma delas é o boicote paquistanês a uma conferência internacional sobre o futuro do Afeganistão programada para começar na próxima segunda-feira em Bonn, na Alemanha.

Dormandy lembra que, como retaliação imediata, o Paquistão fechou a via principal da Otan para abastecimento de suas tropas no Afeganistão e pediu que os EUA deem fim à base de operação de aviões não tripulados em seu território. Além disso, provavelmente o governo paquistanês sofrerá ainda mais pressão da população e da oposição para tomar novas medidas.

Parceria difícil, mas necessária

O sentimento antiamericano já era forte em muitas áreas do país antes do ataque da Otan, devido principalmente ao uso continuado de ataques de aviões não tripulados, os chamados drones, pelos EUA e pela Otan nas conturbadas áreas tribais ao longo da fronteira com o Afeganistão, de onde supostamente a Al Qaeda e o Talibã lançam seus ataques contra as tropas aliadas.

A operação que matou Osama bin Laden na cidade de Abbottabad também inflamou as tensões. Muitos paquistaneses ficaram irritados pelo fato de os EUA terem tomado uma medida unilateral em seu território.

Dormandy acredita que existem duas medidas que o Paquistão pode levar adiante que seriam muito prejudiciais aos interesses dos EUA no Afeganistão.

"Em primeiro lugar, o país poderia fechar definitivamente a rota através da qual cerca de 40% dos mantimentos e equipamentos da Otan e dos EUA entram no Afeganistão", disse ela. "Em segundo lugar, poderia continuar a trabalhar contra o sucesso dos EUA no Afeganistão, mantendo ou aumentando o envolvimento com grupos militantes como o grupo Haqanni ou o Talibã. Ambos seriam extremamente prejudiciais para a segurança no Afeganistão", avalia.

No entanto, acresceu Dormandy, o Paquistão é muito mais estrategicamente importante para os EUA do que o Afeganistão, um ponto que muitas vezes é esquecido pelos líderes políticos e militares norte-americanos. "Assegurar a estabilidade, a segurança e o crescimento do Paquistão deve ser a prioridade número 1 dos Estados Unidos na região", disse.

Um congelamento das relações com o Paquistão poderia tornar cada vez mais difícil o ataque a cerca de cem membros da Al Qaeda que ainda existem na região. "Ainda mais perigosa seria a ameaça de um Paquistão instável detentor da tecnologia nuclear", observou. "Os EUA precisam implementar uma nova política em relação ao país, para trabalhar com aqueles que têm interesses na estabilização da nação."

"Enquanto a guerra continuar no Afeganistão, enquanto houver uma ênfase especial na luta contra o extremismo islâmico, Washington não terá realmente uma alternativa a não ser cooperar com o Paquistão", avalia Jochen Hippler, cientista político e pesquisador convidado do Instituto para o Desenvolvimento e Paz da Universidade de Duisburg-Essen, em entrevista à Deutsche Welle.

"O Afeganistão é cercado por ex-repúblicas soviéticas ao norte e pelo Irã a oeste, todos países que, definitivamente, não são aliados dos EUA", diz Hippler. "O que resta é o Paquistão. Os EUA têm de cooperar com o governo paquistanês na luta contra o Talibã e contra a Al Qaeda no Afeganistão e no Paquistão."

China e Índia em alerta

Enquanto o ataque da Otan pode ter repercussões para as relações entre EUA e Paquistão, há preocupações de que o incidente possa acrescentar mais tensões no relacionamento entre Washington e a China, um aliado-chave do Paquistão.

O governo chinês afirmou que os ataques aéreos da Otan o deixou "profundamente chocado" e "preocupado", chamando os ataques de “violação da soberania independente e do território do Paquistão”. Pequim pediu uma investigação sobre o incidente, uma medida que também foi proposta tanto pela Otan como pela Casa Branca.

A China, principal fornecedor de armas ao Paquistão e principal fornecedor de tecnologia nuclear na forma de duas usinas de energia atômica, é vista como a mais forte aliada de Islamabad, um contrapeso para a rival regional Índia, que tem desenvolvido laços bastante estreitos com os Estados Unidos.

O Paquistão e a China também realizaram exercícios militares conjuntos no fim de semana, no mais recente exemplo da estreita cooperação militar entre os dois países. Ambos também se opõem aos planos dos EUA de manter bases no Afeganistão após 2014, ano em que se encerram as operações militares da coalizão na região.

Poucos motivos para medo

Mas os especialistas regionais não veem razão alguma para esperar que a China tome qualquer medida contra os EUA em apoio ao Paquistão.

"A China não vai fazer qualquer movimento contra os EUA ou a Otan como resultado disso", ressalta Raffaello Pantucci, professor visitante da Academia de Ciências Sociais de Xangai, em entrevista à Deutsche Welle. "Pequim vai simplesmente dizer que apoia o Paquistão e que vai apoiá-lo seja qual for o rumo que o país quiser tomar. Publicamente este é o mais longe que Pequim irá, e é improvável que a China queira transformar esta situação em uma oportunidade para atacar os EUA."

Já o cientista político Jochen Hippler acredita que Islamabad quer mostrar a Washington que o Paquistão pode sobreviver economicamente e militarmente sem a ajuda dos EUA, embora isso não seja realmente verdade. "Neste caso particular, há duas razões pelas quais o Paquistão se aproxima dos chineses. Em primeiro lugar, para mostrar a Pequim que o Paquistão é um verdadeiro aliado da China e não uma ameaça. Em segundo lugar, para mostrar a Washington que Islamabad não é um fantoche dos EUA."

Autor: Nick Amies (md) - Revisão: Carlos Albuquerque

2012 SERÁ O PRINCÍPIO DO FIM… DE PORTUGAL




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*

O próximo ano será o mais difícil para Portugal e qualquer crescimento que a economia possa ter em 2013 irá depender muito da retoma que venha a acontecer no resto do mundo, em especial da zona euro, referem economistas da OCDE.

Estarão os portugueses preocupados? Os mesmos de sempre estarão, com certeza. Mas a esses juntam-se mais uns tantos. Serão sobretudo os 800 mil desempregados (montante que o Governo quer ajudar… a crescer), os 20 por cento de pobres (que o Governo acha que seria aconselhável chegar, pelo menos, aos 30 por cento) e os outros 20 por cento de miseráveis (que o Governo quer que sejam muito menos por baixa nos efectivos – ou seja, por terem morrido).

Em entrevista à Agência Lusa, por telefone a partir de Paris, o economista sénior David Haugh e o economista português Álvaro Pina, que são responsáveis pela análise da economia portuguesa na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), explicaram as projecções para a economia portuguesa incluídas no 'Economic Outlook' da organização, divulgado hoje.

"O ano mais difícil para Portugal será 2012, porque será um ano de um grande esforço em termos de consolidação orçamental, também porque será um ano em que os desequilíbrios no sector privado começarão a ser resolvidos, em termos de desalavancagem do sector privado por exemplo", explicou Álvaro Pina.

Também creio que, como disse o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, 2012 será o princípio do fim. Não da crise, mas do país. Tudo, é claro, a bem da nação esclavagista que este governo tem como meta suprema.

Nas previsões divulgadas, a OCDE prevê que a economia portuguesa recue 1,6% este ano e 3,2% em 2012 e aponta para que a taxa de desemprego alcance os 13,8% em 2012.

Não creio, contudo, que a taxa de desemprego seja assim tão preocupante. Desde logo porque há cada vez mais portugueses que, com engenho e arte, estão a montar os seus próprios negócios. São disso exemplos os assaltos às caixas multibanco ou às ourivesarias. Em breve serão também os hipermercados pois, reconheça-se, nenhuma tarefa pode ser bem desempenhada com a barriga vazia.

"Portugal está muito dependente do que acontece na zona euro. As exportações portuguesas dependem muito do mercado da zona euro e dado o actual contexto de debilidade da procura interna, tanto pública como privada, as exportações serão o motor do crescimento. Qualquer crescimento da economia portuguesa irá amplamente, muito amplamente vir das exportações em vez da procura interna", acrescenta Álvaro Pina.

Talvez como resultado da água do Bengo, compreendo que Portugal se tenha virado, no passado, para a Europa. Quanto ao presente, não sei se quando Portugal conseguir emergir da crise não estará mais perto do Norte de África. Mas quanto ao futuro, creio que ele estará na Lusofonia.

Mas isso é uma utopia. Em vez de investir bem nos países lusófonos, Portugal prefere andar de mão estendida, pedindo aos pobres dos países ricos que sustentem os ricos de um país pobre.

Razão tinha Passos Coelho – antes apanhar o cheque em branco que os portugueses lhe deram – quando dizia: “Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos. Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado”.

Razão tinha Passos Coelho – antes de se descobrir que é um aldrabão – quando dizia que “para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa”.

Razão tinha Passos Coelho – antes de assumir a liderança de um governo esclavagista – quando dizia: “Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas. Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português”.

Razão tinha Passos Coelho – antes de ter comprado o reino – quando dizia: “A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento. A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos”.

Tal como tinha razão quando perguntava: “Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?”

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: AFINAL ERAM APENAS ROBALOS

Mulheres dão força à revolução no Egito, mas temem fundamentalismo islâmico




OPERA MUNDI

Egito é o 125º no ranking da igualdade de gênero; 42% das egípcias são analfabetas

As primeiras eleições parlamentares no Egito, que ocorrem nos dias 28 e 29 de novembro, vêm confirmando a importância da mulher na estrutura social do país após a queda de Hosni Mubarak. A maciça presença feminina nas manifestações do inicio do ano vem se consolidando a cada protesto, mas a incerteza sobre o futuro do país provoca apreensão em parte das egípcias, que temem um retrocesso em seus direitos.

O Egito é pioneiro no mundo árabe no que se refere à participação feminina na política, tendo eleito a sua primeira parlamentar em 1956. Bem antes disso, em 1919, 300 mulheres organizaram um protesto pelas ruas do Cairo, sob o comando de Hoda Sha'arawi, levando consigo luas crescentes e cruzes como símbolo da unidade nacional e contra a ocupação britânica.

"As mulheres, com ou sem véu, estão nas ruas protestando como cidadãs, ao lado dos homens. Não há uma agenda especifica pelos direitos das mulheres. Estamos como qualquer outro egípcio, descontentes e querendo mudança", declara Hadil el-Khouly, uma manifestante de Tahrir. "As mulheres tiveram um papel crucial na revolução. No entanto, geralmente participamos das lutas revolucionarias, mas perdemos espaço quando chega o momento de criar leis", observa. Blogueiras e ativistas serviram de inspiração para milhares de mulheres e mães levam suas filhas à praça para que vejam com os próprios olhos a mudança política do pais.

A ideia de que homens e mulheres têm direitos e deveres diferentes perdeu forca durante o processo revolucionário. "Ninguém vê se você é um homem ou uma mulher. Estamos todos unidos pela democracia e pela liberdade", explica Mozn Hassan, diretora do Centro de Estudos Feministas Nasra. "Na praça (Tahrir), não somos nem muçulmanos nem cristãos, nem ricos nem pobres, nem homens nem mulheres. Somos todos uma parte do mesmo. Conquistamos o respeito dos homens porque eles nos viram trabalhando e lutando de maneira engajada. Não podemos perder este momento", conclui Hassan.

Medo da sharia

A provável vitória do braço político da Irmandade Muçulmana poderia significar um passo atrás nas políticas de igualdade de gênero e este é o temor das ativistas egípcias e grupos liberais. Recentemente, um candidato do PLJ (Partido da Liberdade e Justiça) afirmou que uma de suas lutas será pelo uso obrigatório do niqab (véu que cobre todo o rosto da mulher), alem de defender a aplicação de multas para mulheres que sejam vista nas praias de biquíni.

Um recente estudo do Fórum Econômico Mundial colocou o Egito na 125ª posição (de 134 paises) quando o assunto é a igualdade de gênero. 42% das mulheres do país são analfabetas e a representação política é mínima (8% do parlamento em 2010). A mutilação genital ainda é feita, principalmente na zona rural, e os abusos sexuais fazem parte da realidade da mulher egípcia (86% das mulheres se sentiram de alguma forma abusadas em 2008). "Há muitas mulheres, não somente da minoria cristã, que vão à praia, bebem, fumam. Estas ideias conservadoras têm muito apelo, principalmente entre a população mais pobre. Não sabemos em que dimensão os islamitas são apoiados politicamente, mas estamos apreensivas", declara Mona Amin, diretora de marketing.

O ECWR (Centro Egípcio para os Direitos das Mulheres, na sigla em inglês) está monitorando as eleições e acusa o Partido da Liberdade e Justiça de ter colocado na porta dos colégios eleitorais mulheres que apóiem as idéias conservadoras com o objetivo de convencer as que apóiem os partidos liberais a mudarem de idéia e "seguir a vontade de Ala', votando pelos candidatos islamitas".

A melhoria no nível educacional das mulheres egípcias se vê refletido nestas eleições e na participação das mesmas em todas as etapas do processo. "Eu me sinto orgulhosa de poder ter uma voz, uma opinião e de poder declarar esta opinião publicamente. Hoje, pela primeira vez, estou orgulhosa por ser uma mulher árabe", declarou uma ativista através de mídias digitais.


FUNCIONÁRIOS DE PORTO NO EGITO REJEITAM TONELADAS DE GÁS LACRIMOGÉNEO DOS EUA


Jovem egípcio mostra cápsula de bomba de gás lacrimogêneo; artefatos são, em sua maioria, "made in USA" - Ahmed A.S

OPERA MUNDI

Carga seria usada contra os manifestantes da praça Tahrir, alegaram os fiscais

Funcionários do porto de Suez se recusaram nesta segunda-feira (28/11) a assinar o recebimento de sete toneladas e meia de gás lacrimogêneo dos Estados Unidos, alegando que o gás seria utilizado contra os manifestantes da praça Tahrir.

Agencias de noticias locais publicaram o documento que identifica a carga de 479 barris programada para ser entregue ao Ministério do Interior. Os relatórios também informam que um segundo carregamento de 14 toneladas estaria previsto para ser entregue esta semana, totalizando mais de 20 toneladas do gás.

A mídia local já apelidou os funcionários do porto como "os cinco corajosos". Um comitê de avaliação investigará a razão que levou os funcionários a recusarem a execução de suas funções.

A noticia da chegada do gás agitou também as mídias sociais. “Bombas de gás lacrimogêneo são mais importantes que a importação de trigo para fazer pão”, disse um egípcio no twitter.

A reportagem do Opera Mundi foi abordada inúmeras vezes na praça Tahrir por manifestantes que queriam mostrar as bombas utilizadas pelas Forcas Armadas, sempre enfatizando a procedência das mesmas - "made in USA".

De acordo com o "Journal of Royal Medicine", o uso do gás pode ter sintomas que duram mais de um ano. Manifestantes relatam que os efeitos da exposição incluem tosse, dores no peito, visão turva e muitas vezes sentem os braços tremerem.

"Trabalho a 500m de Tahrir e estamos lacrimejando no escritório o dia inteiro. As Forcas Armadas usaram o gás lacrimogêneo há cinco dias, mas nos continuamos sentindo os efeitos.", relata Ayman Assem.

Milhares de bombas de gás lacrimogêneo foram disparadas contra manifestantes egípcios nas ultimas duas semanas nos confrontos que aconteceram no centro do Cairo.

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MENOS ELEITORES COMPARECEM AO SEGUNDO DIA DE ELEIÇÕES NO EGITO




OPERA MUNDI

De 40 milhões de eleitores cadastrados, apenas 17,5 milhões votam nesta primeira etapa

No segundo dia das eleições parlamentares no Egito, menos eleitores compareceram às zonas de votação nesta terça-feira (29/11), segundo as autoridades egípcias. As urnas foram abertas às 8h (4h em Brasília). Se for mantida a orientação de ontem (28), as urnas serão fechadas às 21h (17h em Brasília) – o horário foi prorrogado em duas horas por causa das pessoas que aguardavam a vez de votar em longas filas.

As autoridades egípcias informaram ainda que houve algumas irregularidades, mas que não afetam as votações. Do total de cerca de 40 milhões de eleitores cadastrados, apenas 17,5 milhões - no Cairo, em Alexandria e Luxor – deverão votar nesta primeira etapa. No Egito, as eleições são realizadas por etapas e regiões. O sistema eleitoral determina a divisão do país em três regiões.

A votação para a Assembleia Popular vai até 11 de janeiro de 2012 e os resultados serão revelados no dia 13 do mesmo mês. Depois, ocorrerá a eleição para o Conselho Consultivo no período de 29 de janeiro a 11 de março. O futuro Parlamento será o responsável pela elaboração da nova Constituição. A previsão é que até junho de 2012 ocorram as eleições presidenciais.

No Egito, os eleitores escolherão os 444 parlamentares que formam a Assembleia Popular. O Parlamento é unicameral, formado por 454 membros - dez escolhidos pelo presidente da República. Além da Assembleia Nacional, há o Conselho Consultivo (Shuria), formado por 264 integrantes – dos quais 176 são eleitos por meio do voto popular e 88 nomeados pelo presidente.

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EUA: American Airlines, após amargar prejuízo bilionário, a um passo da falência




CORREIO DO BRASIL, com colaboradores - de Nova York, EUA

As ações da AMR Corporation, controladora da companhia aérea American Airlines, recuavam 81,49% às 14h07 (horário de Brasília) na Bolsa de Nova York, após divulgado o pedido de concordata da Holding, que também controla a American Eagle. Em comunicado, a empresa diz que recorreu voluntariamente ao capítulo 11 da legislação dos Estados Unidos para reorganizar sua estrutura.

- A American tomou essa atitude a fim de alcançar uma estrutura de custo e dívida que seja competitiva na indústria aérea- , afirmou a empresa em comunicado. A empresa era a única entre as maiores companhias aéreas dos EUA que não havia pedido recuperação judicial na última década. A companhia aérea acrescenta que pretende manter os horários dos voos, assim como devoluções, reembolsos e programa de fidelidade, e que vai procurar manter as operações funcionando normalmente ao longo do processo judicial. Ainda segundo a companhia, a decisão não terá impacto direto nos negócios fora dos EUA.

– Estou confiante de que a American vai ressurgir ainda mais forte como uma líder global reconhecida pela excelência e inovação – afirmou o presidente da Holding e da companhia aérea, Thomas Horton.

A AMR atende a 260 aeroportos em mais de 50 países, com 3,3 mil voos diários. Nos primeiro nove meses deste ano, a companhia assinalou prejuízo líquido de US$ 884 milhões. No mesmo período de 2010, as perdas foram de US$ 373 milhões. O aumento dos custos trabalhistas e do preço do combustível elevou a dívida da companhia, que teve perdas de US$ 162 milhões no terceiro trimestre deste ano. Os ativos da companhia estão avaliados em US$ 24,7 bilhões, frente ao passivo de US$ 29,5 bilhões.

A reestruturação da empresa, que tem 78 mil empregados, inclui a nomeação de um novo executivo-chefe, Thomas Horton, presidente desde julho e antigo diretor financeiro.

Nos últimos anos, várias grandes empresas norte-americanas, como as companhias aéreas United Airlines, US Airways, Delta Airlines e Northwest, o banco de negócios Lehman Brothers, a corretora da energia Enron, a empresa de telecomunicações WorldCom e o grupo de distribuição KMart pediram para se beneficiar da proteção da concordata.

MANIFESTANTES INVADEM EMBAIXADA BRITÂNICA EM TEERÃ




CORREIO DO BRASIL, com Reuters- de Teerã

Manifestantes iranianos invadiram a embaixada da Grã-Bretanha no centro de Teerã nesta terça-feira, quebraram vidros e queimaram a bandeira britânica durante um protesto contra novas sanções impostas pelo país ao Irã, segundo imagens mostradas ao vivo pela TV iraniana.

Dezenas de manifestantes entre centenas que protestavam contra a Grã-Bretanha escalaram os muros da embaixada e entraram no local. Alguns lançaram bombas incendiárias e um deles agitava um quadro com a foto da rainha Elizabeth 2ª, aparentemente encontrado no local, segundo as imagens mostradas pela Press TV.

A agência semioficial de notícias Mehr disse que a bandeira britânica foi arrancada e queimada, sendo depois substituída pela iraniana.

O ministério britânico de Relações Exteriores informou estar “ultrajado” com os acontecimentos em Teerã. Não ficou claro se diplomatas do país estavam no local nem se foram machucados. Segundo a agência Mehr, o pessoal da embaixada deixou o prédio por uma porta traseira.

De acordo com uma outra agência iraniana, a Irna, um outro grupo de manifestantes invadiu uma segunda representação diplomática britânica, no norte da cidade, e se apropriou de “documentos sigilosos”.

A emissora iraniana Irib informou que a polícia estava tentando retirar cerca de 100 manifestantes de dentro da embaixada britânica em Teerã.

Os protestos e a invasão ocorrem uma semana depois de o governo britânico impor nova rodada de sanções ao Irã por causa do programa nuclear do país.

Como parte da nova onda de sanções do Ocidente, a Grã-Bretanha proibiu todas as instituições financeiras britânicas de fazer negócios com as iranianas, incluindo o Banco Central do Irã.

Em resposta, na segunda-feira o Conselho dos Guardiães – instância máxima de poder no país, que é uma República Islâmica – aprovou uma lei rebaixando os laços entre o Irã e a Grã-Bretanha, um dia depois de o Parlamento iraniano endossar uma resolução compelindo o governo a expulsar o embaixador britânico, em retaliação contra as sanções.

Na sessão parlamentar de domingo em Teerã, um deputado alertou que os iranianos irritados com as sanções poderiam atacar a embaixada britânica, como fizeram com a dos Estados Unidos em 1979.

Em Londres,o secretário britânico de Relações Exteriores, William Hague, afirmou durante um debate no Parlamento esperar que outros países sigam a Grã-Bretanha e imponham sanções financeiras ao Irã. Ele fez as declarações enquanto ainda surgiam as notícias do ataque à embaixada ao Irã, sobre o qual não fez comentários. Autoridades britânicas disseram que estavam averiguando os fatos.

Hague afirmou ainda que o governo adotará “ação robusta” se O Irã rebaixar suas relações diplomáticas.

Brasil: ÓLEO DO VAZAMENTO VAI PARA GALERIAS PLUVIAIS DE DUQUE DE CAXIAS



ÚLTIMO SEGUNDO

Chevron afirma que empresa contratada possui licença de operação pelo INEA

O óleo que vazou da plataforma na Bacia de Campos já chegou ao Rio de Janeiro. Ironicamente, não foi por causa de correntes marítimas, mas por causa do um transbordamento. A água com óleo retirada do mar e tratada na empresa Contecon, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, escoou para os bueiros da cidade e foi parar nas galerias pluviais.

“Isso mostra o total despreparo da empresa não só em perfuração, mas também em manejo dos resíduos”, disse ao iG o deputado federal Protógenes Queiroz, relator Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações para acabar com o vazamento de óleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos. “Isto virou um caso de saúde pública”, disse.

O deputado afirma que a empresa Contecom foi contratada pela Chevron para fazer processamento da água poluída pelo vazamento no Campo Frade, divulgado no dia 8 de novembro.

Brasil: MEC CORTA 4 MIL VAGAS EM CURSOS MAL AVALIADOS





Graduações de Odontologia, Enfermagem e Farmácia perderam até 65% das vagas e ficarão sob processo de supervisão

O Ministério da Educação (MEC) cortou 3.976 vagas em 148 cursos de graduação em Odontologia, Enfermagem e Farmácia oferecidos por centros universitários, universidades e faculdades de todo o País. As instituições de ensino superior foram mal avaliadas pelo MEC, tiveram Conceito Preliminar de Curso (CPC) – nota do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) somada a outros critérios – inferior a 3 em 2010.

Como medida cautelar, o ministério cortou até 65% das vagas ofertadas para novos estudantes e irá supervisionar os cursos. No caso dos cursos com reincidência de CPC inferior a 3 nas duas ultimas avaliações (2007 e 2010) houve corte adicional de 30% das vagas. Para garantir a continuidade, os cursos terão no mínimo 40 vagas. Enfermagem foi o curso que mais perdeu vagas, 2.562. Farmácia teve corte de 1.107 e Odontologia de 307 vagas.

Entre as punidas, há grandes instituições em número de alunos, como a Universidade Salgado de Oliveira (Universo), Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban) e a Universidade Estácio de Sá (Unesa). A lista das instituições e cursos punidos foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, nas páginas 18, 19, 20 e 21.

Os centros universitários e as universidades punidas perderam as prerrogativas de autonomia e não poderão abrir novos cursos, entre outras medidas. As instituições têm 30 dias para informar as providências que serão adotadas e prazo de um ano para cumprir um termo de saneamento de deficiências e melhorar a qualidade da oferta.

Após esse período, o MEC faz uma nova avaliação para verificar o cumprimento das exigências. Os cursos sob supervisão que estejam com pedidos de recredenciamento em tramitação no ministério terão os processos suspensos enquanto durar a medida cautelar.

O ministério pretende suspender até o fim do ano 50 mil vagas em graduações na área da saúde, ciências contábeis e administração que tiveram resultado insatisfatório nas avaliações de 2009 ou 2010. Já foram cortadas outras 514 vagas em Medicina. Na avaliação do ano passado, 594 dos 4.143 cursos avaliados tiveram CPC 1 ou 2. A nota 3 é considera satisfatória e os CPCs 4 e 5 indicam que o curso é de boa qualidade.

* Com informações da Agência Brasil

CHÁVEZ E SANTOS FORTALECEM VÍNCULOS ENTRE VENEZUELA E COLÔMBIA




CORREIO DO BRASIL, com Prensa Latina- de Caracas

As relações econômicas e políticas entre a Venezuela e a Colômbia amanheceram fortalecidas nesta terça-feira depois das conversas realizadas no dia anterior nesta capital pelos presidentes dos dois países sul-americanos, Hugo Chávez e Juan Manuel Santos.

Esse é o saldo que deriva dos acordos assinados por representantes governamentais e empresários de ambas as nações e os pronunciamentos dos dois presidentes, nos quais foi evidente a vontade comum de superar desavenças e de continuar recompondo os vínculos bilaterais.

Uma dúzia de acordos foram assinados nos setores energético, saúde, agropecuário, cultural e para associações mistas em áreas produtivas, mas de todos eles ressalta-se o relativo a temas comerciais, o único assinado pelos dois presidentes.

Trata-se de um acordo de alcance parcial de natureza comercial que elimina restrições alfandegárias entre os dois países e, de fato, substitui as preferências que Venezuela tinha dentro da Comunidade Andina de Nações (CAN), bloco do qual Caracas se separou oficialmente em abril do ano passado.

-Este acordo de alcance parcial, de natureza comercial, ampara cerca de 300 pontos alfandegários, onde tivemos mais comércio nos últimos anos. O que estamos fazendo é substituir o acordo marco normativo da CAN com este novo-, disse posteriormente o presidente Santos. “Agora convido a trabalhar-se duro para levantar esse comércio, que não fique apenas no papel. Devemos fazê-lo para levantá-lo o mais rápido possível e, também, trabalhar duro no encadeamento produtivo desde a agricultura até à petroquímica”, disse por sua vez o presidente Chávez depois de ressaltar sua importância.

Os dois governantes coincidiram ao afirmar que mediante esta e outras ações, as trocas comerciais entre Caracas e Bogotá voltarão a florescer como em anos anteriores e poderão atingir os oito bilhões de dólares anuais.

Para o chefe do Estado venezuelano, a relação atual entre Venezuela e Colômbia pode ser um modesto exemplo de como, apesar das diferenças ideológicas, se pode criar um modelo de integração baseado no respeito.

Chávez pediu a seu homólogo colombiano resolver os problemas comuns de maneira conjunta e sem interferência, e exortou os povos dos dois países a manterem-se imperturbáveis perante as ações desestabilizadoras de quem pretende impedir a integração.

-Devemos permanecer com a mão posta no timão do entendimento, da unidade, do entendimento, da discussão fraterna dos problemas que surjam, mas sempre com o mesmo rumo: a integridade, a complementação-, afirmou.

Advertiu, também, a não cair-se em emboscadas. “Não caiamos no jogo dos que pretendem impedir a unidade entre nós. Não caiamos no jogo, porque da união depende o futuro de nossos povos”, sublinhou o presidente venezuelano.

COMEÇA NO CHILE GREVE DE 48 HORAS DO FUNCIONALISMO PÚBLICO




CORREIO DO BRASIL, com Prensa Latina - de Santiago do Chile

Os trabalhadores da administração pública do Chile protagonizam a partir desta terça-feira uma jornada de 48 horas de greve pela estabilidade trabalhista e em rejeição ao reajuste salarial apresentado pelo governo.

Paralisam seus trabalhos os afiliados à Associação Nacional de Empregados Fiscais (ANEF), ao Colégio de Professores e à Federação Nacional de Profissionais Universitários dos Serviços de Saúde, três dos principais sindicatos do setor público pela sua representatividade.

-Para a greve, com força; não permitamos que nossa gente seja jogada à rua-, afirmou a vice-presidenta da ANEF, Nuly Benítez, em alusão às eventuais demissões em massa em diferentes organismos.

O máximo líder da ANEF, Raúl da Ponte, assinalou por sua parte que continua sendo insuficiente a proposta de reajuste salarial de 5%, anunciada pelo governo nas últimas horas e que foram aceitas por 11 dos 14 sindicatos do setor como a Confederação de Trabalhadores da Saúde Municipalizada.

-O que o governo está propondo mal representa 3% de aumento real e não se ajusta ao 6,5% de crescimento da economia previsto para este ano-, alegou Da Ponte.

A ANEF tinha solicitado um aumento de 9,8% do salário, enquanto o governo tinha contemplado um projeto original de 4% que depois subiu para 4,5% e por último a 5%.

Além de um maior reajuste e de renovação automática de contratos de trabalho orientados a garantir a estabilidade trabalhista, os grevistas exigem uma adequada política de incentivo à aposentadoria.

Em declaração pública nesta capital, a ANEF denunciou também a detenção no dia anterior de um grupo de dirigentes sindicais, entre eles Da Ponte, presidente da organização, que se encontrava apoiando um grupo de trabalhadores que alegavam estarem ameaçados de demissão quando foi preso.

COMO VAI A "LÍBIA LIVRE"




JOSÉ GOULÃO – JORNAL DE ANGOLA, opinião

De repente deixou de se falar da Líbia. Houve uns afloramentos recentes, quando foi anunciada a captura do filho mais velho de Khaddafi, mas o facto é que depois do assassínio deste e de a coligação entre a OTAN e o Conselho Nacional de Transição ter decretado “a Líbia livre” parece que tudo se resolveu por encanto e a democracia brilha sobre o país.

O jornal britânico Guardian quebrou esta campânula de silêncio e antecipou a divulgação de um relatório que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, vai tornar público.

Um relatório sobre os primeiros tempos da “Líbia livre”, que aliás a ONU contribuiu para “libertar” da maneira que se viu, e que revela situações bem distantes das alocuções idílicas pronunciadas pelos principais dirigentes mundiais a propósito da mudança de regime em Tripoli.

Diz o documento que na Líbia há cerca de sete mil pessoas presas ilegalmente, sem culpa formada, sem assistência jurídica, sem processos abertos.

Será então que o novo regime não libertou os presos políticos?

Sim, já libertou, foi uma das suas primeiras medidas.

Estes são os detidos do novo regime. São homens, mulheres, crianças, não faltam casos comprovados de sevícias e tortura, de jovens tratados como adultos, de mulheres colocadas sob a custódia de homens, de enjaulados em prisões privadas sujeitos a toda a sorte de arbitrariedades e em condições degradantes.

Muitos são estrangeiros, oriundos de países da África Subsaariana, privados da liberdade devido à cor da pele porque, dizem os carcereiros, Khaddafi recrutava mercenários destas origens e, por isso, todos os imigrantes se tornaram suspeitos de colaboracionismo com o regime deposto.

A ONU assume que o Conselho Nacional de Transição não controla o caos. O novo governo promete que vai tentar transferir os detidos em prisões privados para cadeias sob administração do Estado, mas não libertá-los ou aplicar justiça. Para isso era preciso que houvesse aparelho judicial ou qualquer outro aparelho público em funcionamento.

Não há exército, não há polícia, o poder fora dos gabinetes governamentais é exercido por gangs religiosos, tribais, milícias privadas cujos membros se recusam a entregar as armas ou porque lhes custaram bom dinheiro ou, simplesmente, porque são fundamentais na luta pelo poder.

Em Tripoli, o comando militar está entregue a um radical islâmico oriundo da al-Qaida. Os bandos fundamentalistas islâmicos continuam a cobrar o que lhes consideram devido por terem servido de base ao exército “rebelde” a quem os aviões da OTAN abriram o caminho para Tripoli.

O Conselho Nacional de Transição contava com o apoio dos amigos da OTAN por mais algum tempo, mas os criadores também têm os seus problemas com crises e dívidas, por isso zarparam e deixaram as criaturas a gerir o caos e os atropelos aos direitos humanos neste original caminho para a democracia.

Veremos agora se o Conselho de Segurança toma conhecimento do relatório da própria ONU e actua de acordo com a gravidade do que nele se relata. Porque a OTAN, como sabemos, já concluiu que esta foi a sua operação “com maior êxito”. O que dizer então das outras?...

GUINÉ EQUATORIAL APRENDE COM ANGOLA




ANTÓNIO LUVUALU DE CARVALHO* - JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

Desde que o país alcançou a paz definitiva no ano de 2002, temos assistido uma dinâmica “sui generis” em termos de política externa do Estado. Em tempos idos, Angola ficou conhecida como sendo a “trincheira firme da revolução” na África Austral liderando os países da linha da frente e travando uma luta feroz que foi heroicamente vencida para o fim do regime racista apartheid na África do Sul que levou também ao surgimento de mais uma nação no mundo neste caso a vizinha Namíbia.

Entretanto, depois de um processo de reconciliação nacional exemplar reconhecido a todos os títulos e níveis pelas instancias mundiais inclusive distinguido com mérito pela própria Organização das Nações Unidas ONU, Angola transformou-se num guia exemplar a seguir para o alcance da paz interna não só para líderes africanos como para líderes mundiais que todos os anos visitam o palácio da Cidade Alta para receberem as melhores linhas de orientação do chefe de Estado José Eduardo dos Santos para saírem de situações difíceis em que se encontrem não só de guerra como também económico-sociais.

Nesta senda, lembro-me de visitas de chefes de Estado da África do Sul, Namíbia, Zimbabwe, República Democrática do Congo, República do Congo Brazzaville, República Centro Africana, Costa do Marfim, Guiné Bissau, Guiné Conacri, Cabo Verde, São Tome e Príncipe, e outros países não menos importantes do nosso continente, sem mencionar os líderes das grandes potências mundiais e não só que passam por Luanda a procura de alianças estratégicas e de melhores oportunidades de negócios como a secretaria de Estado Norte-Americana Hillary Clinton, o ex. secretário de Estado Collin Powell, dos presidentes de Portugal, França, Venezuela, Brasil, Federação Russa, Timor Leste, sem falar de vários primeiros-ministros como o da China, Portugal da Chanceler Alemã, vários vice-presidentes, presidentes de Assembleias nacionais entre outras altas figuras.

Durante este mesmo tempo de paz, Angola ocupou vários cargos de destaque a nível regional como a presidência da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral SADC, da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa CPLP e a nível mundial destacando-se a presidência rotativa do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas ONU e a participação de vários fóruns tendo como a Cimeira do G8 Grupo dos 8 países mais ricos do mundo.

Assim sendo, a enorme experiencia do executivo nacional, faz com que todas as semanas líderes mundiais visitem o nosso país. Na semana passada, depois de ter recebido o primeiro-ministro português, o Chefe de Estado recebeu Teodoro Obiang Nguema Mbasongo presidente da República da Guiné Equatorial. Foi uma visita considerada de muito importante pelo próprio presidente equato-guineense que nesta altura é também o presidente da União Africana. Em Angola, Teodoro Obiang Nguema veio colher experiencias políticas e económicas passando pela vertente social já que mostrou um grande interesse em colher experiencias nacionais tendo sido convidado a visitar a cidade do Kilamba aonde foi recebido pelo ministro do Urbanismo e Construção e pelo presidente da administração da aludida cidade. Teodoro Obiang Nguema deslocou-se ao nosso país para consolidar cada vez mais os laços que unem os dois povos. Na última cimeira da CPLP realizada em Luanda, soube-se que o presidente Nguema tinha promulgado um decreto de lei que tornou a língua portuguesa na terceira língua oficial do seu país depois do espanhol e o francês o que não foi suficiente para que o país fosse aceite como membro de pleno direito na organização já que a “Declaração de Luanda” da VIII a Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa recomendou “reformas a concretizar pela Guiné Equatorial para dar pleno cumprimento às disposições estatutárias da CPLP, particularmente no que respeita à adopção e utilização efectiva da Língua Portuguesa”. De Luanda, Obiang Nguema espera levar a melhor experiencia já que como se sabe, Angola é líder na comunidade no que se refere a construção de escolas e expansão do ensino dos grandes centros urbanos para o interior do país.

Apesar de ser um dos menores países de África, a República da Guiné Equatorial tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo. A expectativa das grandes companhias petrolíferas mundiais para o país são tão grandes que denominam o país de “Kuwait de África”.

Actualmente, a Guiné Equatorial é um país próspero segundo o CIA World Fact Book com 616 mil habitantes com um Produto Interno Bruto PIB de 24,66 mil milhões de dólares norte-americanos. Ainda segundo a mesma fonte, o país tinha em Janeiro do presente ano reservas comprovadas de 1, 1 mil milhões barris de petróleo com uma produção diária de 362 mil barris sendo que exporta 360 mil barris, tendo um consumo de apenas mil barris por dia. O país tem reservas comprovadas de 36,81 mil milhões de metros cúbicos de gás natural. A Guiné Equatorial tem uma produção de 28 milhões de Kilowatts consumindo 26, 4 milhões do que produz. Em termos financeiros, o país teve em 2010 um saldo de conta corrente de 1.477 mil milhões de dólares possuindo reservas em moeda estrangeira e ouro em 2011 no valor de 4. 086 mil milhões de dólares.

*Docente universitário

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