sexta-feira, 9 de novembro de 2012

OBAMA E A DESILUSÃO

 


José Manuel Pureza – Diário de Notícias, opinião
 
Quatro anos chegaram para desvanecer a esperança com que tantos americanos - e tantos outros não americanos - encararam a primeira eleição de Obama. Na verdade, se algo marca a sua reeleição na semana que agora finda é a nítida sensação de que ela ocorreu em clima de profunda desilusão. Foi essa desilusão que, apesar das facilidades dadas por uma candidatura republicana refém do fundamentalismo estúpido do Tea Party - com pérolas como a das "violações legítimas" ou a da inspiração comunista da teoria da evolução -, determinou que a reeleição do grande vencedor de há quatro anos tenha sido conseguida em tremendo esforço e por uma unha negra.
 
Em 2008, Obama soube capitalizar a necessidade vital de esperança da sociedade americana. A agressão neoconservadora à grande maioria da sociedade americana - através da drenagem da economia para as guerras infinitas, do estímulo à especulação financeira crescentemente irresponsável ou da protecção dos mais ricos dos ricos no pressuposto fantasioso de que isso geraria estratégias de emulação pelo povo pobre - tinha deixado os Estados Unidos estilhaçados e tinha destruído boa parte dos laços de pertença de pessoas e de comunidades. Foi face a isso que Obama se assumiu como o american dream ele mesmo, redentor suave de todas as fraturas, de todas as culpas, de todos os traumas. Como em tantos melodramas de Hollywood, o personagem Obama alimentou a crença em que o capitalismo americano se poderia reconciliar consigo próprio e renascer.
 
Os últimos quatro anos foram a perda da inocência dessa crença. Obama não atacou as causas da crise financeira, antes transferiu os seus efeitos fazendo-a ser paga pelos cidadãos americanos e pelos não americanos apanhados pelas ondas de choque do sub-prime. Obama não afrontou o poder de Wall Street, antes designou altos quadros da Goldman Sachs e do Citibank para cargos estratégicos na condução da política económica americana. Obama não resolveu a chaga da falta de um sistema público de saúde, antes criou um mercado de serviços de saúde em que o Estado paga as faturas mas se coíbe de prestar ele próprio cuidados fundamentais. Obama não tratou os imigrantes de forma diferente, antes duplicou o número de 'ilegais' deportados por Bush para os seus países de origem. Obama ordenou a retirada do Iraque, mas manteve como Secretário da Defesa o homem que Bush nomeou para coordenar a máquina de guerra e redobrou a campanha no Afeganistão. A nova era não veio.
 
"O melhor ainda está para vir", proclamou na noite da reeleição. Obama anuncia, à sua maneira profética, o mesmo que os governantes europeus anunciam com menos elegância oratória: que, sangrado o doente, virá a saúde eterna. Mas, na verdade, o que ele promete é apenas a continuidade da sangria. Obama é um democrata clintoniano e não rooseveltiano. Nunca o ouvirão dizer - como disse esse seu antecessor - que compreende as razões dos que odeiam os ricos. Não, como Clinton, ele dará continuidade à orientação antissindical, à política de rebaixamento dos salários, à cumplicidade com Israel contra a Palestina, à manutenção do império dos combustíveis fósseis e ao dogma de que os bancos são demasiadamente grandes para falirem.
 
Um Obama assim é a prova da perversão de um sistema político em que os democratas dão por garantido o voto da esquerda e, por isso, apostam sempre na sedução à direita. De tal forma que ficam eles próprios seduzidos pelo objecto da sedução. Talvez esta seja a mais útil contribuição das eleições americanas para Portugal.
 

Petição para demissão de presidente do Banco Alimentar tem já mais de 2500 assinaturas

 

Jornal de Notícias - atualizado por PG
 
A petição pela demissão da presidente do Banco Alimentar contra a Fome já tem mais de 2500 assinaturas, iniciativa que reflete a polémica originada pelas suas declarações a defender que os portugueses terão de "empobrecer muito".
 
Os comentários de Isabel Jonet "são uma enorme falta de respeito para com os cidadãos pobres deste país que hoje sofrem o vendaval das medidas de austeridade e que estão a entrar numa situação de desespero", refere o texto da petição.
 
A situação em que estão os portugueses pobres "não se coaduna com as políticas de um Estado Caritativo que são defendidas pela atual presidente do Banco Alimentar Contra a Fome", acrescenta.
 
As declarações de Isabel Jonet num programa do canal televisivo SIC, na noite de terça-feira, deram origem a várias reações de repúdio, como do Movimento Sem Emprego que divulgou uma carta aberta com o título "Uma canja para a Jonet" a classificar de "aviltante" o nível dos comentários.
 
"Vamos ter que empobrecer muito, mas sobretudo vamos ter de reaprender a viver mais pobres", disse a presidente do Banco Alimentar durante o programa da SIC.
 
"Vivíamos muito acima daquilo que eram as nossas possibilidades", defendeu Isabel Jonet, acrescentando que "há uma necessidade permanente de consumo e de bens para uma satisfação das pessoas e que conduz à felicidade que não é real".
 
O texto da petição salienta que os cidadãos em situações de pobreza e de exclusão "necessitam hoje de uma verdadeira intervenção do Estado Social que proteja o mínimo de dignidade das suas vidas".
 
Por isso, pedem "a demissão imediata de Isabel Jonet do cargo da presidência do Banco Alimentar Contra a Fome".
 
Já o Movimento Sem Emprego salienta que "luta sobretudo para que ninguém se habitue ao empobrecimento" e tece duras críticas a cada um dos comentários e exemplos apontados por Isabel Jonet, que também preside à Federação Europeia dos Bancos Alimentares Contra a Fome.
 
"Fala-lhe um grupo de pessoas, jovens e menos jovens, desempregados, precários, sub-empregados, gente que se empenha quotidianamente para derrotar quem, como a senhora e a Merkel, insiste em mascarar de caridade o saque que estão a fazer às nossas vidas", pode ler-se na carta aberta.
 
Na internet, circula, ainda, outra petição pública de apoio a Isabel Jonet. "Se se criam petições para tudo e para nada! Criamos esta para contrariar a onda negativa que anda para aí! Ficamos escandalizados como a própria instituição do Banco Alimentar é criticada nos dias de hoje!", lê-se na petição Para que a Dra Isabel Jonet fique por muitos, e bons anos à frente do Banco Alimentar Contra a Fome, que tem já 454 signatários.
 
"Como é óbvio, esta Petição não tem efeitos práticos, nem procura tê-los, mas achamos uma boa resposta ao que se tem ouvido nos últimos dias", concluiu a petição.
 
Relacionado em Página Global
 
 

Portugal: "Cavaco teve a ideia peregrina de falar num hotel de luxo", diz Soares

 

Expresso - Lusa
 
O antigo Presidente da República considera que Cavaco Silva tem andado muito calado, lamentando que tenha quebrado esta semana o silêncio num "hotel de luxo."
 
Mário Soares escusou-se hoje a comentar a atuação do atual Chefe de Estado mas afirmou que Cavaco Silva "teve a ideia peregrina" de esta semana quebrar o silêncio "num hotel de luxo".
 
"Ele realmente teve a ideia de falar e teve a ideia peregrina de ir falar a um hotel de luxo, também não é o sítio onde deve falar, afirmou Mário Soares, em Lisboa, durante uma apresentação do seu livro "Crónica de um tempo difícil".
 
Mário Soares respondia a uma pessoa da audiência da apresentação, que o questionou sobre a atuação do Presidente da República.
 
"Eu não posso falar do Presidente da República, porque me fica mal falar de uma pessoa que me sucedeu. Portanto, é muito desagradável, quando uma pessoa começa a dizer mal do seu sucessor parece que tem ciúmes dele e não é o caso, nunca tive", começou por dizer Soares.
 
PR "perdeu a fala"
 
"O Presidente da República, enfim, tem estado muito calado. Tem havido jornais que dizem ´perdeu a fala o senhor Presidente da República'. Há jornais que dizem isso, eu vi um artigo de fundo num jornal que diz isso e achei graça", afirmou.
 
O Presidente da República, Cavaco Silva, disse na terça-feira que irá "guiar-se por pareceres jurídicos aprofundados" e pelo "interesse nacional" na avaliação do Orçamento para 2013 e que não vai "reger-se" por "palpites", nem aceitará "pressões".
 
"Ninguém me pressionará sobre essa matéria, é uma questão de grande relevância nacional e eu atuarei de acordo com o interesse nacional, não vou reger-me, não tenham dúvidas, por qualquer palpite, venha daqui ou de acolá", garantiu o chefe de Estado.
 
À margem da inauguração de um hotel em Lisboa, Cavaco Silva sublinhou que "em matéria de constitucionalidade" irá guiar-se "por pareceres jurídicos aprofundados e não por qualquer ideia que aqui ou ali se formula mas bastante superficial".
 
O Presidente da República falava aos jornalistas, depois de interrogado sobre os sucessivos apelos que lhe têm sido feitos para que peça a fiscalização preventiva da constitucionalidade do Orçamento do Estado para 2013.
 

PASSOS COELHO RECEBE MERKEL NO FORTE SÃO JULIÃO DA BARRA

 
Clicar para ampliar
Martim Silva - Expresso
 
Chanceler alemã estará cinco horas e meia em Portugal, na segunda-feira, e tem encontros previstos com Cavaco Silva e Passos Coelho.
 
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, vão encontrar-se segunda feira no Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, e não na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento.
 
Angela Merkel chega a Lisboa por volta do meio-dia e tem o voo de regresso à Alemanha previsto para cerca das cinco e meia da tarde.
 
O programa da chanceler alemã tem três pontos: um encontro com o Presidente da República, Cavaco Silva, um outro com o primeiro-ministro, Passos Coelho, e ainda uma conferência com empresários, prevista para decorrer no Centro Cultural de Belém.
 

A austeridade é "uma asfixia da economia", acusam líderes da esquerda europeia em Lisboa

 

Clara Barata – Lusa - Público
 
“Vencer a troika” é o mote do comício internacional que abre esta sexta-feira, às 21h30, a VIII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, em Lisboa. Líderes da Izquierda Unida espanhola, da Front de Gauche francesa e do Die Linke alemão trazem a Lisboa as suas ideias – e a defesa da necessidade de alternativas “à asfixia da economia pela austeridade”, como disse ao PÚBLICO o francês Jean-Luc Mélenchon.
 
Todos os líderes com quem o PÚBLICO falou por e-mail criticam a atitude dos partidos representantes da social-democracia nos seus respectivos países, que participam no jogo da austeridade. “A austeridade não vai ajudar país nenhum. Só conduz a mais depressão”, afirmou Gabriele Zimmer, do Die Linke (A Esquerda) alemão.

“Mas há cada vez mais pessoas a começar a compreender que a austeridade não está a funcionar. O problema é que Angela Merkel não fala de como a Alemanha beneficia de ser membro da União Europeia. Apresenta-se como a defensora dos contribuintes alemães, usa este assunto como tema na campanha eleitoral [tem eleições no próximo ano, e espera ser reeleita chanceler pela terceira vez].”

A chanceler Angela Merkel, diz a política alemã, quer ganhar tempo. Por isso o pedido de mais cinco anos de austeridade na Europa não surpreendeu Zimmer: “Ela quer ter mais tempo para impor o modelo alemão e a nossa desastrosa reforma do mercado de trabalho ao nível europeu”, afirma. “Se ela não alterar esta obsessão com a austeridade, a crise vai continuar – sob condições de austeridade, países como Portugal e a Grécia, bem como alguns países da Leste da Europa, não serão capazes de resolver os problemas de dívida.”

Povos uns contra os outros

As consequências de prosseguir esse caminho como se fora uma fé podem crescer como uma bola de neve, avisa Jean-Luc Mélenchon, o ex-candidato à presidência da República, quando o PÚBLICO lhe pediu para imaginar o que poderia acontecer na Europa se a austeridade se prolongasse por mais cinco anos, como Merkel pediu: “O abrandamento da actividade [económica] e a subida do desemprego vão fazer crescer as tensões sociais em cada país e entre as nações. A contracção geral dos rendimentos e o recuo da protecção social virarão os povos uns contra os outros”, previu.

“As medidas de ajustamento e os cortes demonstraram ser um rotundo fracasso”, diz Cayo Lara, dirigente da Izquierda Unida, de Espanha, um país que formalmente ainda não pediu um resgate financeiro, mas onde estão em vigor políticas idênticas às que seriam necessárias em caso de ajuda de emergência da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Na prática, a Espanha já está tutelada, já foi intervencionada. As políticas que aplicaram os governos do Partido Popular (PP) e o Partido Socialista (PSOE) eram ditadas a partir do estrangeiro. Mais do que um resgate, poderíamos falar de um sequestro, porque são políticas que estão a fazer estragos tremendos e cujas consequências podem ser desastrosas para o presente e futuro do nosso país”, disse, por e-mail.

E as alternativas que esta esquerda à esquerda social-democrata que consegue chegar ao poder na Europa, existem realmente? “Sim, existe uma política alternativa”, garante Jean-Luc Mélenchon, que fala na necessidade de um novo fôlego, um relançamento para dar novo fôlego à economia. “Esta política é defendida por vários prémios Nobel da Economia (Joseph Stiglitz, Paul Krugman) e por economistas keynesianos em toda a Europa”.

“As políticas neoliberais estão a ser inúteis e estão a destruir o Estado Socail. Precisamos de uma volta de 180 graus e regressar à Europa social, à Europa comprometida com os seus cidadãos e não com os mercados. O contrário conduzir-nos-á a um buraco cada vez maior”, considera o líder da Izquierda Unida espanhola.

Cayo Lara detecta uma falta de vitalidade no sistema político tradicional espanhol, que não destoa deste diagnóstico de Mélenchon. “O bipartidarismo em Espanha, do PP e do PSOE, é um dos principais responsáveis pelo cansaço e desafecto dos cidadãos em relação aos partidos políticos”, afirma.

A recusa social-democrata

O problema, sublinha o político francês, que já foi ministro pelo PS, é que os sociais-democratas e socialistas europeus não se convencem da viabilidade desta alternativa. “É a recusa da social-democracia europeia em discutir uma outra política que cria o impasse, em todo o lado”, acusa. “A Frente de Esquerda está pronta ao diálogo e a aplicar ela própria esta política de relançamento e planificação ecológica em termos de energia e indústria. Mas pôr em prática esta nova política não é algo que se possa fazer por acordos de alto nível entre os partidos”, diz. “A mudança necessária exige um envolvimento popular contra os privilégios do mundo da finança e em defesa do interesse geral, a que nós chamamos Revolução Cidadã”, explica.

Na Izquiera Unida, busca-se também a vitalidade que nasce de movimentos como os indignados, que nasceram fora de conotações políticas e normalmente buscam a distância das forças políticas. “Na Izquierda Unida recebemos o surgimento dos movimentos de Indignados como um sopro de ar fresco e como um impulso para a democracia. Serviram para que a sociedade voltasse a preocupar-se com a política”, declara Lara.

“Muitos dos nossos militantes participaram nestes movimentos desde o início, por isso sempre fomos bem acolhidos”, afirma. Muitas das coisas que exigem são reivindicações nossas de há muito tempo. Não queremos ser protagonistas, mas estamos conscientes do papel que temos e da capacidade que nos dão as instituições: é inquestionável o papel da Izquierda Unida no Parlamento, oferecendo propostas e alternativas para os problemas que esses movimentos denunciam”, afirma o líder político espanhol.

OBAMA-EUROPA, OS MESMOS COMBATES

 


Le Soir, Bruxelas – Presseurop – imagem Peter Schrank
 
O Presidente recentemente reeleito e os seus homólogos europeus enfrentam o mesmo desafio, considera o editorialista principal do jornal Le Soir: provar que uma sociedade tolerante e solidária continua a ser possível.
 
 
Os norte-americanos voltaram a escolher um Presidente que lhes propõe uma sociedade tolerante e solidária. Essa sociedade tem sido, desde há décadas, o modelo dos europeus, que reivindicam a sua paternidade. Hoje, por uma curiosa conjuntura histórica, os dois campos têm de travar o mesmo combate e enfrentar o mesmo desafio: provar que esse projeto de sociedade é realista e continua a ser realizável.
 
O Presidente norte-americano deverá bater-se por impor essa solidariedade a uma grande parte da sociedade norte-americana, que não quer um fio que seja de segurança institucionalizada para todos e que prefere os prémios por mérito. Por seu turno, os europeus devem lutar para conservar o seu sistema de segurança social para todos, com modalidades adaptadas país por país.
 
Obama e os líderes europeus têm todo o interesse em unir forças e reflexões para encontrar uma maneira de preservar o seu projeto político: essa sociedade solidária, na qual, como diz Obama, todos têm uma oportunidade, independentemente de serem ricos ou pobres, negros ou brancos, doentes ou saudáveis, homossexuais ou heterossexuais.
 
Os seus inimigos são idênticos: défices orçamentais enormes, uma crise económica profunda e estrutural, a "romneyzação" das nossas sociedades.
 
O individualismo, alimentado pela crise económica, sente-se agora da mesma maneira dos dois lados do Atlântico, conduzindo à triagem na atribuição das "vantagens" sociais entre aqueles que as merecem (os trabalhadores) e os outros (os "que recebem assistência").
 
Qual solidariedade? Dispomos de meios para essa generosidade? Como articulá-la de modo diferente, para a tornar pagável? Quem, dos Obama ou dos Romney europeus, vai ganhar a partida? E poderemos acreditar, como proclamava Obama, que ainda é possível estabelecer os compromissos necessários para que a sociedade siga em frente, sem nos deixarmos cegar pelo otimismo? É este o muito difícil dilema do momento. A boa notícia, desde terça-feira, é que os europeus já não são os únicos a acreditar nisso e a ter de encontrar uma solução.
 
Traduzido do francês por Fernanda Barão
 
Contraponto
 
Reeleição de Obama reveste-se de pessimismo
 
Em contraponto à maior parte dos seus homólogos europeus, o România liberă considera que “a reeleição de Obama é uma má notícia” para os EUA e para o mundo em geral. O diário de Bucareste faz um balanço negativo do primeiro mandato do Presidente norte-americano, em particular no que diz respeito à política externa:
 
A administração Obama descurou o papel de líder mundial sob o pretexto ideológico de que não existe uma exemplaridade americana […] e de está na altura de incumbirem os outros de porem ordem no mundo.
 
O România liberă sublinha ainda que a imagem de “grande campeão de homem da rua e das pequenas nações” está em flagrante contradição com a realpolitik praticada por Obama, que assenta numa aliança com os dirigentes das grandes potências em detrimento dos países mais pequenos:
 
Um desprezo mal dissimulado mas plenamente demonstrado nestes últimos quatro anos por Obama em relação aos tradicionais aliados dos EUA – Grã-Bretanha, Polónia, Japão – e a quase total falta de interesse pelos novos aliados como nós, os da Europa de Leste, […] desvendaram a abordagem cínica mas ingénua deste Presidente que pensa que pode fazer tudo e mais alguma coisa com [o Presidente russo Vladimir] Putin, como um político de Chicago faz quando lida com os chefes da máfia.
 

OBAMA OUTRA VEZ

 


Eliakim Araujo* – Direto da Redação - com fotos no original
 
Em uma histórica eleição, Barack Obama foi reeleito presidente dos EUA, derrotando o rival, Mitt Romney, por 303 votos eleitorais contra 206 do adversário. Essa margem aparentemente folgada, entretanto, não revela a apertada diferença nos votos populares em favor de Obama. O presidente recebeu 58.961.607 de votos contra 56.600.765 do republicano, em termos percentuais 50 por cento contra 48 por cento. Coisas do sistema eleitoral estadunidense, onde um candidato pode ter mais votos do que o outro e perder a eleição, como já aconteceu no passado.
 
Obama venceu em Estados chave, como Ohio, Florida, Colorado, Virginia e Iowa, que se mantiveram indefinidos até o fim e se transformaram em verdadeiros campos de batalha entre os candidatos nos últimos dias de campanha.
 
Destaque para a Flórida, que tem o terceiro maior colégio eleitoral do país e teve a disputa mais emocionante na contagem dos votos. Os dois candidatos se revezaram na liderança, numa alternância espetacular. A Flórida era considerada quase perdida pelo comando da campanha de Obama, mas ele acabou vencendo por 50 por cento a 49 por cento. Detalhe, agora de manhã, 8 horas nos EUA, ainda estavam contando votos no Estado mais complicado do país em matéria de administrar uma eleição.
 
O partido do presidente manteve a maioria no Senado e os republicanos ficaram com a maioria na Câmara dos Deputados, o que significa que Obama vai seguir encontrando as mesmas dificuldades para governar, sobretudo porque essa eleição levou o país a uma forte divisão ideológica, com acentuadas diferenças entre ricos e pobres e inegáveis traços de racismo.
 
No discurso da vitória, diante de milhares de eufóricos eleitores em Chicago, Obama prometeu: "O melhor ainda está por vir".
 
O mea culpa republicano
 
No dia seguinte à derrota nas urnas, os republicanos tentavam entender o que deu errado em uma eleição cuja vitória parecia certa. Mas não é muito difícil localizar a causa principal do fracasso do velho GOP (Grand Old Party). .
 
Enquanto os democratas de aliaram às minorias, formando uma corrente virtual entre jovens, negros, latinos, asiáticos, pobres, gays e mulheres, os republicanos continuam presos a um passado conservador e completamente fora de sintonia com as necessidades de um país que se renovou.
 
Os republicanos precisam se livrar do jugo de extremistas do próprio partido e da mídia conservadora, como o apresentador Bill O’Reilly, da Foxnews, que logo após o anúncio da derrota de Romney, declarou irresponsavelmente que “a ideologia branca da sociedade americana hoje é minoria”.
 
Trocando em miúdos, as urnas de 2012 revelaram o perfil fracassado dos que votaram no candidato do Partido Republicano: eleitores velhos, brancos e do sexo masculino. Uma mistura fatal para ganhar uma eleição, numa país em que as minorias unidas tornaram-se maioria.
 
Castigo nas urnas
 
O candidato republicano ao Senado pelo Estado de Indiana, Richard Mourdock, aquele que afirmou que o “estupro só acontece pela vontade de Deus”, colheu o que plantou. Foi derrotado pelo democrata Joe Donnelly.
 
Esse foi um dos muitos abacaxis que Romney teve que descascar durante a campanha. Ele tinha que estar corrigindo não só suas próprias gafes como a de seus colegas republicanos.
 
Mourdock (na foto ao lado de Romney), para justificar sua posição contrária ao aborto em qualquer situação, saiu-se com essa em pleno debate: “mesmo quando uma vida começa em uma situação horrível, como em um estupro, isso é algo que Deus planejou acontecer”.
 
E Romney, que tinha gravado um comercial apoiando a candidatura de Mourdock, teve que correr para dizer que não pensava da mesma forma.
 
O papelão do vice
 
Terminada a apuração com a vitória de Obama, os republicanos vão procurar uma explicação para a derrota. Com certeza, na hora da avaliação, alguém vai descobrir que um dos erros mais graves de Romney foi a escolha do vice, Paul Ryan.
 
Um sujeito antipático e extremamente conservador. É provável que sua indicação tenha sido uma imposição da ala mais radical do Partido Republicano, o Tea Party, em troca do apoio ao candidato. Com essa escolha, Romney optou por abandonar as minorias, os negros, os latinos, os gays e lésbicas e as mulheres, vistas como minoria por sua luta em favor do direito ao aborto, aos contraceptivos e à igualdade de salários.
 
Paul Ryan tem ideias retrógradas sobre essas questões polêmicas, além de ser um adepto de cortes de gastos no Medicare e Medicaid, os programas sociais de ajuda aos mais pobres e aposentados.
 
No domingo à noite, numa tentativa desesperada de garantir a vitória, Ryan foi capaz de afirmar numa reunião com eleitores evangélicos que Obama estava levando os Estados Unidos "por um caminho que compromete os valores judaico-cristãos e coloca em risco a própria civilização ocidental". Não é demais o cara?
 
Mais um que foi castigado pelas urnas.
 
O emprego de ex-presidente
 
Obama ganhou, mas sua conta bancária perdeu. Se tivesse sido derrotado, ele poderia faturar muitos milhões de dólares em negócios com livros e no circuito de palestras. Esse modelo lucrativo foi criado pelo ex-presidente Richard Nixon, que – mesmo tendo renunciado à presidência por causa do escândalo de Watergate - ganhou uma fortuna depois que deixou o Salão Oval.
 
Todos os presidentes desde então, incluindo até o renegado George W Bush, têm trabalhado seus contatos e experiência em benefício de seu saldo bancário. Larry Sabato, um respeitado cientista político da Universidade de Virgínia, disse: “Quando elegemos um presidente, estamos garantindo que ele será um milionário”.
 
Mas o ex-presidente que ganhou, e ganha ainda, mais dinheiro é Bill Clinton. Ele deixou o cargo em 2001, com enormes dívidas legais por causa do escândalo sexual com a estagiária Monica Lewinsky, mas só no ano passado arrecadou 13,4 milhões só em palestras. Clinton ganhou um adiantamento de 15 milhões de dólares em 2004 para escrever sua autobiografia. E, dependendo da cara do freguês, cobra até 750.000 mil dólares por uma única palestra, quase duas vezes o salário anual do presidente, de US $ 400.000.
 
Segundo a CNN, Clinton arrecadou só em palestras 89 milhões de dólares. A ponto de, certa vez, fazer piada dele mesmo: "Eu nunca tive dinheiro até o dia em que eu saí da Casa Branca”.
 
* Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora Fort Lauderdale, Flórida. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.
 

Guiné-Bissau: QUAL ETIÓPIA? GOLPISTAS EXPULSAM DELEGADO DA RTP EM BISSAU

 


Governo de transição da Guiné-Bissau afirma desconhecer qualquer encontro na Etiópia
 
09 de Novembro de 2012, 12:59
 
Bissau, 09 nov (Lusa) - O Governo de transição da Guiné-Bissau disse hoje desconhecer qualquer reunião com as autoridades depostas no golpe de Estado de 12 de abril, na capital da Etiópia.
 
Na quinta-feira, o primeiro-ministro deposto no golpe, Carlos Gomes Júnior, disse em conferência de imprensa em Lisboa que as autoridades de transição e o Governo deposto se iriam encontrar ainda este mês, na capital da Etiópia, para retomar o diálogo.
 
Hoje, em Bissau, o porta-voz do Governo de transição e ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Fernando Vaz, disse que o executivo em Bissau "não tem conhecimento de nenhum encontro" em Adis Abeba.
 
Governo de transição da Guiné-Bissau insiste na saída de delegado da RTP
 
09 de Novembro de 2012, 13:41
 
Bissau, 09 nov (Lusa) - O Governo de transição da Guiné-Bissau insistiu esta semana na substituição do delegado da RTP no país, acusando-o de um comportamento que "atenta claramente contra os mais básicos valores de convivência entre os guineenses".
 
A 15 de outubro passado, o Governo de transição já tinha enviado uma carta à administração da RTP, em Lisboa, a pedir a substituição de Fernando Gomes, afirmando que houve "um desvio claro do fim" para o qual a representação da RTP foi aceite no país.
 
Na ausência de resposta, segundo o Governo, uma nova carta seguiu esta semana para a delegação da RTP, com pedido de que fosse entregue ao administrador da empresa, Alberto da Ponte.
 
Na nova carta, a que a Lusa teve acesso hoje, o Governo de transição pede "diligências urgentes conducentes à substituição" de Fernando Gomes, por comportamento nos últimos tempos "incompatível com a sua missão".
 
Na carta, o Governo alerta "para as consequências" de uma "tomada de decisão tardia sobre a questão".
 
Sem ser perfeitamente clara, a carta sugere que se Fernando Gomes não for substituído o Governo de transição encerrará a delegação da RTP em Bissau.
 
O Governo de transição tem acusado o delegado da RTP de desenvolver um trabalho hostil ao executivo, criado na sequência de um golpe de Estado em abril passado e que não é reconhecido por grande parte da comunidade internacional.
 
O chefe das Forças Armadas, António Indjai, também já se pronunciou publicamente contra a presença de Fernando Gomes em Bissau.
 
FP // VM.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
Leia mais sobre Guiné-Bissau (símbolo na barra lateral)
 

“FMI É QUEM PAGA OS SALÁRIOS EM CABO VERDE”

 

Liberal (cv), com foto
 
Ex-apoiante de José Maria Neves põe o dedo na ferida
 
O espaço de manobra do Primeiro-ministro tende a reduzir-se e, quanto mais os reflexos da crise se abatem sobre o País, mais exposto fica o logro da tão propalada “Agenda de Transformação”. Para tentarem adiar o “naufrágio”, JMN e Cristina Duarte deitam mão de expedientes…
 
Praia, 9 de Novembro 2012 – A afirmação poderá parecer estranha e até entendida como mais uma “blague” dessas forças tenebrosas que procuram atazanar a vida do Primeiro-ministro, mas não só a asserção corresponde à mais rigorosa verdade, como a sua autoria é da lavra de alguém que, pouco mais de um ano atrás, era um fervoroso apoiante de José Maria Neves, não se inibindo, até, de lhe fazer os mais rasgados elogios, considerando-o “o melhor líder cabo-verdiano pós [Amílcar] Cabral”.
 
Em artigo de opinião publicado na última quarta-feira no Liberal (ver link), Samiro Moreira, sem papas na língua, diz que “José Maria Neves se equivocou”, que “Cabo Verde já chegou ao Cabo das Tormentas” e que “quem anda a pagar os salários e outras despesas do Estado é o FMI”, resultante do memorando firmado, que contempla elevadas verbas e que têm servido para o Governo tapar “buracos”…
 
Samilo Moreira sustenta que “a criação da taxa ecológica e brevemente a taxa sobre turistas, também ajuda a demonstrar que há uma urgência em conseguir receitas” e que “o desespero” leva o Governo, “na maioria das vezes, a tomar decisões erradas”, acusando a ministra das Finanças, Cristina Duarte e o Primeiro-ministro de andarem a fazer “lavagem cerebral” sobre a alegada “blindagem da economia” cabo-verdiana.
 
E dá um exemplo claro dessa “lavagem cerebral” que, inclusive, se traduz em logro para o Fundo Monetário Internacional (FMI), violando “legalmente” as cláusulas do acordo firmado com esta instituição financeira internacional.
 
EXPEDIENTE PARA VIOLAR MEMORANDO COM O FMI
 
Samilo Moreira refere que “uma das condições imposta no memorando assinado pelo Governo com o FMI, é que o mesmo - incluindo as empresas públicas ASA, ELECTRA, ENAPOR e a TACV - não acumulassem mais dividas nem atrasados”, caso contrário seria considerado uma violação dos princípios acordados e razão bastante para que o memorando ficasse sem efeito e suspensa a ajuda nele contemplada.
 
Para tornear a situação e obstar à inevitável falência da Electra, o Governo, por decisão da toda poderosa Cristina Duarte, ministra das Finanças e do Planeamento, resolver utilizar de um expediente: a compra de Obrigações Convertíveis.
 
Mas, segundo Samiro Moreira, “isso significa que o INPS (que ficou fora das exigências do memorando) pudesse ‘salvar ‘ o Governo de forma irresponsável, mas legal, de incumprimento do memorando”, e explica: “a partir do momento que as obrigações se tornaram ações e o INPS acionista (sócio), o Governo conseguiu manipular um incumprimento acordado no memorando com o FMI”.
 
Adiantando que “neste momento, o Governo não tem muito mais alternativas, salvo se entrar algum apoio financeiro que permita prolongar mais alguns meses”, Moreira adianta que uma das razões da situação que o País vive reside no facto de “grande parte das obras da ‘Agenda de Transformação’, [serem] puras irresponsabilidades e politiquices, e quiçá grandes fraudes”.
 
 

Sindicatos de Cabo Verde exigem salário mínimo, 13.º mês e plano de carreiras

 

CLI – VM - Lusa
 
Cidade da Praia, 09 nov (Lusa) - O salário mínimo, o 13.º mês e o plano de carreiras centram as reivindicações sindicais da próxima reunião do Conselho de Concertação Social (CCS) cabo-verdiano, para analisar a proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2013.
 
A proposta de OE, já entregue na Assembleia Nacional (AN), será discutida no Parlamento no final deste mês, mas será apresentada na segunda e na terça-feira próximas aos parceiros sociais, designadamente com o patronato e representantes dos trabalhadores.
 
O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Cabo-Verdianos/Central Sindical (UNTC/CS), Júlio Ascensão Silva, afirmou hoje que o Governo deveria ter discutido com os parceiros sociais as linhas gerais da proposta do Orçamento do Estado para o próximo ano, um compromisso assumido na última reunião do CCS.
 
"Infelizmente, e contrariamente ao que ficou decidido na concertação social, o Governo não discutiu com os parceiros sociais a proposta de OE. Há um conjunto de assuntos pendentes que têm impacto no orçamento e pensamos que o Governo deveria tê-la discutido antes, mesmo que fossem só as linhas gerais do documento", disse.
 
Júlio Ascensão Silva afirmou ter dúvidas sobre se as questões relacionadas com reivindicações dos sindicatos estão orçamentadas, prevendo uma reunião "difícil" na próxima semana, sobretudo no que diz respeito ao Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS).
 
"Temos as questões da implementação do acordo do PCCS, há ganhos salariais resultantes desta implementação que têm reflexos no orçamento, a do salário mínimo e a do 13.º mês, que ainda não foram discutidas. Têm impacto no orçamento e não sabemos se já foram orçamentados", explicou.
 
Por seu lado, a Confederação Cabo-Verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL) afirmou que não vai aceitar mais adiamentos da discussão de uma série de reivindicações dos trabalhadores.
 
O presidente da CCSL, José Manuel Vaz, recordou que, a 25 de julho último, foi criada uma comissão tripartida para discutir as três questões, bem como a participação dos parceiros sociais na gestão do Instituto Nacional da Previdência Social (INPS).
 
Os quatro pontos, disse o sindicalista, deveriam ser retomados na reunião do CCS que se avizinha, mas o Governo convocou o encontro apenas para analisar dois pontos: o OE para 2013 e o Acordo de Concertação Estratégica (ACE).
 
José Manuel Vaz indicou que a CCSL não vai aceitar a proposta do Governo e garantiu que a central sindical pretende ter decisões definitivas sobres as quatro reivindicações na próxima reunião.
 
"Não vamos permitir mais adiamentos. Na reunião vamos discutir e decidir estes pontos. Em relação ao salário mínimo, o argumento era a falta do estudo, já temos o estudo. O 13.º mês é um compromisso público assumido pelo Governo e o PCCS já foi discutido. Houve alguns pontos sem entendimento, mas vamos concluir essa negociação para poder decidir", garantiu.
 
José Manuel Vaz adiantou que as duas centrais sindicais já apresentaram uma proposta conjunta para que, além do OE/2013 e do ACE, sejam incluídos esses quatro pontos na agenda da reunião da CCS da próxima semana.
 

São Tomé e Príncipe: TRABALHADORES LICENCIADOS LANÇAM ULTIMATO AO PM

 

Abel Veiga – Téla Nón
 
Se dentro de 15 dias, o Primeiro-ministro Patrice Trovoada, não der instruções ao Ministério das Finanças para proceder ao pagamento das indemnizações devidas e prometidas aos ex-trabalhadores da Função Pública, os mesmos prometem tomar outras medidas.
 
Num documento distribuído a imprensa e aos órgãos de soberania, a Associação dos Trabalhadores Licenciados (antigos trabalhadores de empresas públicas que foram liquidadas no âmbito do programa de ajustamento estrutural), lançam ultimato ao Primeiro-ministro e Chefe do Governo. «Solicitar a indulgência de Vossa Excelência para que no prazo de 15 dias, a contar desta data, sejam dadas instruções ao sector competente para proceder ao pagamento da nossa justa indemnização», diz a Associação dos Licenciados.
 
Caso isso não aconteça, os trabalhadores licenciados, garantem que serão «forçados a tomar outras medidas de modo a que sejam pagas as nossas indemnizações».
 
A Associação dos ex-trabalhadores das empresas públicas, justificam o ultimato lançado ao Primeiro-ministro, como sendo resultado de diversas promessas de pagamento da indemnização que foram feitas nos últimos 18 meses. «Não foram satisfeitas as tais promessas, quando estamos a poucos dias para final do ano e aproximando-se como tal, a quadra festiva de natal e ano novo, ocasião ímpar do ano, para todos os cristãos que somos, conviver com as suas famílias em mínimas condições», acrescenta a Associação.
 
A carta da Associação dos Licenciados, descredibiliza o líder do sindicato da função pública Aurélio Silva, vulgo Caúique, que segundo a Associação, «em diversas ocasiões e durante o ano 2011 e primeiro semestre de 2012, quer nas reuniões com os trabalhadores licenciados, quer através da comunicação social, disse que já está tudo acertado e acordado com o actual governo o pagamento da indemnização dos trabalhadores licenciados no mês X e Y, mas até então nada foi feito», reclama a Associação dos Trabalhadores Licenciados.
 
Artigos Relacionados:
 

São Tomé e Príncipe tem política macroeconómica "estável" – diz português

 

MYB – JMR - Lusa
 
São Tomé, 08 nov (Lusa) - Uma missão de avaliação do acordo de cooperação económica entre São Tomé e Príncipe e Portugal, assinado em 2004, concluiu que o arquipélago tem uma política macroeconómica "estável", disse hoje o diretor geral das finanças português, Hélder Reis.
 
"A inflação está a reduzir-se e do ponto de vista macroeconómico o acordo deu maior estabilidade à economia de São Tomé e Príncipe, e por essa via, às perspetivas dos investidores na economia de São Tomé", disse Hélder Reis.
 
O diretor-geral de Finanças de Portugal, que é igualmente coordenador da parte portuguesa da comissão de acompanhamento do acordo de cooperação económica, adiantou que desde a assinatura do convénio, que fixou a taxa de câmbio entre a Dobra são-tomense e o Euro, o arquipélago nunca solicitou crédito para restabelecer reservas cambiais.
 
"Há uma alteração estrutural da economia e o valor (cambial) que tem que ser fixado tem que ser um valor que garanta, do ponto de vista macroeconómico, que a relação entre este país e os outros é uma relação de equilíbrio, caso contrário o que tem que haver é um realinhamento da moeda. O que aconteceu até aqui é que isso não foi necessário" explicou.
 
O ministro são-tomense das Finanças e Cooperação Internacional, Américo Ramos, advertiu para a necessidade de São Tomé e Príncipe investir mais no setor produtivo para diminuir a sua dependência externa, tendo em conta a crise financeira internacional e a sua dependência das ajudas externas para sobreviver.
 
"Temos grande dependência dos doadores, a diminuição do fluxo de financiamento dos doadores prejudica a nossa economia. Então a solução passa por darmos grande atenção ao setor real, ao setor produtivo e ao setor privado, de forma a conseguirmos produzir mais riqueza para financiar as nossas atividades, a nossa economia" disse Américo Ramos.
 

Timor-Leste: DISCUTIR MAIS COOPERAÇÃO EM BALI, O REGRESSO DA GNR A PORTUGAL

 


Timor-Leste, Austrália e Indonésia reúnem-se em Bali para discutir aumento da cooperação
 
09 de Novembro de 2012, 08:59
 
Díli, 09 nov (Lusa) - Os chefes dos governos timorense, australiano e indonésio reuniram-se hoje em Bali, Indonésia, para discutir o aumento da cooperação, quando a missão de manutenção de paz da ONU presente em território timorense se prepara para sair do país.
 
Segundo a agência noticiosa "Antara", no encontro participaram o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, a chefe do Governo australiano, Julia Gillard, e o Presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono.
 
Os três líderes encontram-se em Bali a participar no V Fórum para a Democracia.
 
"Este é um momento histórico. Se há 10 anos alguém tivesse profetizado este encontro seria considerado um sonhador", afirmou a primeira-ministra australiana, citada pela agência noticiosa da Austrália "AAP", que refere aquele encontro como o primeiro realizado entre líderes dos três países.
 
Em declarações à imprensa, Julia Gillard disse também que o encontro focou-se na cooperação entre os três países, nomeadamente nas áreas que os unem e nas oportunidades económicas.
 
Os três líderes, segundo a AAP, falaram também em aumentar a cooperação nos setores das infraestruturas, transportes, comunicação e capacitação de recursos humanos.
 
A primeira-ministra australiana disse também que os três países vão realizar um encontro em Díli, em março ou abril, para definir os aspetos hoje discutidos em Bali.
 
O encontro aconteceu também numa altura em que a missão de manutenção de paz da ONU em Timor-Leste se prepara para sair do país.
 
A Missão Integrada da ONU em Timor-Leste (UNMIT) termina o seu mandato a 31 de dezembro, e as autoridades timorenses fizeram já saber que querem sair da agenda do Conselho de Segurança das Nações Unidas e pretendem uma cooperação "inovadora" com aquela organização.
 
Juntamente com a UNMIT, a Força de Estabilização Internacional, liderada pela Austrália, também vai terminar.
 
A 30 de outubro, as autoridades timorenses realizaram uma cerimónia em Díli durante a qual a Polícia Nacional do país foi certificada pela ONU e os comandantes da Polícia das Nações Unidas e da Força de Estabilização Internacional condecorados para simbolizar o final das atividades daquelas missões no país.
 
MSE // VM.
 
Militares da GNR destacados em Timor-Leste regressam a 20 e 23 deste mês
 
09 de Novembro de 2012, 09:02
 
Díli, 09 nov (Lusa) - O último contingente da Guarda Nacional Republicana destacado em Timor-Leste vai regressar a Portugal a 20 e a 23 de novembro, disse hoje à agência Lusa o comandante do subagrupamento Bravo da GNR, capitão Jorge Barradas.
 
"Um grupo parte a 20 e chega a 21 e outro grupo parte a 23 e chega a 24", afirmou à Lusa o capitão Jorge Barradas.
 
A saída da GNR de Timor-Leste deveria acontecer na próxima segunda-feira, mas devido a questões logísticas relacionadas com a disponibilidade de aviões, a saída foi adiada para 20 e 23 deste mês.
 
A GNR está destacada em Timor-Leste com 140 militares e mais três elementos da equipa médica do Instituto Nacional de Emergência Médica no âmbito da Missão Integrada da ONU para aquele país, que termina o mandato a 31 de dezembro.
 
A presença da GNR em Timor-Leste teve início em março de 2000 com um contingente integrado na Administração Transitória das Nações Unidas (UNTAET).
 
MSE // VM.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
Leia mais sobre Timor-Leste (símbolo na barra lateral)
 

Guiné-Bissau: NÃO HÁ DINHEIRO PARA PROFESSORES, JOVENS EM “PÉ DE GUERRA”

 

 
Escolas públicas da Guiné-Bissau continuam encerradas, professores à espera de dinheiro
 
08 de Novembro de 2012, 14:13
 
Bissau, 08 nov (Lusa) - As escolas públicas da Guiné-Bissau continuam hoje encerradas, dois dias depois de sindicatos dos professores e Governo terem assinado um acordo para pôr fim à greve no setor que dura há quase dois meses.
 
"O início das aulas não depende de nós, depende do Governo ou do Ministério da Educação", disse hoje à Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos Professores (SINAPROF), Luís Nancassa.
 
Na terça-feira, o sindicalista já tinha avisado que apesar do acordo assinado com o Governo de transição as aulas só começariam quando os professores recebessem um mês de ordenado, nuns casos, ou diuturnidades em atraso, noutros casos. Nesse dia, o Governo, através do secretário de Estado do Tesouro, Gino Mendes, prometeu que os ordenados iam ser pagos na quarta-feira.
 
"O secretário de Estado disse-me na quarta-feira que o Ministério das Finanças já colocou o dinheiro à disposição do Ministério da Educação, mas até agora não estão a pagar", disse Luís Nancassa, frisando que a greve só é levantada quando os professores tiverem o dinheiro no bolso.
 
É que, justificou, os professores "já estão habituados a promessas não concretizadas" e se até ao início da tarde de hoje "não há dinheiro" a greve naturalmente mantém-se.
 
Os professores marcaram o início de uma greve de dois meses para 17 de setembro, coincidindo com o dia de abertura do ano letivo. Exigem, nomeadamente, pagamentos de salários em atraso, menor carga horária e turmas com menos alunos.
 
Após negociações com o Governo, os sindicatos (SINAPROF e Sindicato Democrático dos Professores, SINDEPROF) aceitaram desconvocar a greve mediante o pagamento de um mês de salários aos professores de novos ingressos, contratados e doentes, e de cinco diuturnidades aos restantes.
 
FP // VM.
 
Empresário sul-coreano compra "Maracanã" de Bissau e deixa jovens em "pé de guerra"
 
08 de Novembro de 2012, 16:23
 
Mussá Baldé, da Agência Lusa
 
Bissau, 08 nov (Lusa) - Os jovens do bairro de Pluba, arredores de Bissau, estão "em pé de guerra" depois de um empresário sul-coreano ter comprado o terreno onde se situa o "estádio Maracanã", receando a destruição do "campo de sonhos".
 
O futebol é o desporto-rei entre os jovens guineenses mas nos últimos dias no populoso bairro de Pluba o tema de conversa tem sido a compra do campo de jogos, o histórico "Maracanã".
 
"Como foi possível a Câmara Municipal deixar que alguém compre um campo de jogos tão antigo e muito importante para o nosso bairro e arredores?", questionava-se Quebá Jabi, rodeado de vários jovens.
 
Ao certo, os jovens não sabem explicar como foi possível vender o "Maracanã" ao empresário coreano. Sabem apenas que num dia, quando chegaram ao campo para o treino matinal, viram um contentor e um monte de areia no terreno de jogo. Dizem que ouviram dizer que o coreano quer construir uma casa ou uma escola no local.
 
Os jovens até não estão contra a construção da escola, mas não admitem que seja no seu local de culto.
 
"Foi uma confusão total no bairro. Os jovens queriam tirar o contentor do campo e ainda ameaçaram tomar outras medidas. Tivemos que os conter", contou à Lusa Arafam Cissé, tido como "pai" espiritual dos rapazes do bairro de Pluba.
 
Ainda ameaçaram organizar uma marcha até a Câmara Municipal de Bissau para aí exigir explicações sobre a venda do campo de jogos, contou Arafam Cissé que teve que falar "quase um por um com todos os jovens", até os demover da manifestação.
 
Quem não tem mãos a medir para convencer os jovens do bairro de Pluba a não fazerem "qualquer asneira" é o treinador Mamadi Cassamá, que apesar de compreender a angústia destes também quer acreditar que o governo ou a Câmara Municipal vão arranjar uma solução.
 
"Este 'Maracanã' existe aqui desde sempre. Nasci e vi este campo aqui, joguei aqui, agora treino os rapazes. Nestas redondezas os jovens de Pluba, Mpantcha, Caliquir, Takir, Antula Bono, todos jogam aqui e é o único campo de jogos num raio de mais de 20 quilómetros", explicou o 'mister' Cassamá.
 
"Ou a Câmara Municipal volta atrás com a decisão de admitir a venda deste espaço ou então arranja um outro local para passarmos a jogar. Se não, nem quero pensar o que os jovens irão fazer", disse o treinador que nestes dias quase não descansa.
 
Os efeitos da venda do "Maracanã" já se fazem sentir. No último campeonato de defeso (torneios entre bairros realizados no interregno do campeonato oficial) os jovens de Pluba tiveram de jogar no bairro de Luanda porque não tinham campo próprio.
 
O "Maracanã" de Bissau, ou de Pluba, não passa de um terreno baldio sem relvado (na Guiné-Bissau existem apenas dois campos relvados, um sintético e outro com relva natural), com duas balizas de ferro e uma bancada composta de um muro de cimento.
 
Mesmo sem ter as condições e a fama do mítico estádio brasileiro com o mesmo nome, os jovens de Pluba têm o recinto como sendo um local sagrado e de encontro permanente, no sonho de um dia aí se fazerem craques da bola.
 
MB // HB.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
Leia mais sobre Guiné-Bissau (símbolo na barra lateral)
 

Mais lidas da semana