quarta-feira, 1 de maio de 2013

CETICISMO CRESCENTE IMPÕE DESAFIO À UE EM MEIO À CRISE




Deutsche Welle

Confiança no bloco europeu jamais foi tão baixa, tanto entre países mais estáveis, quanto entre os mais afetados pela turbulência econômica. Especialista fala em "vírus" do euroceticismo, que pode custar caro à UE.

José Ignácio Torreblanca compara o ceticismo sobre o euro com um vírus do qual aparentemente quase ninguém consegue escapar. E atualmente, diz o cientista político espanhol, todo o continente se infectou.

A confiança na União Europeia (UE) caiu de forma significativa entre 2009 e 2012. Segundo pesquisa recente realizada pelo próprio bloco europeu, os países do sul do continente, com seus programas de reestruturação e luta ostensiva contra a crise econômica, são especialmente afetados por esse receio.

Na Espanha, por exemplo, apenas 20% dizem confiar na UE – em 2009, o índice era de 56%. A Itália, terceira maior economia do bloco e severamente atingida pela crise, também se tornou cética sobre o euro. A confiança deles no bloco econômico caiu, no mesmo período, de 52% para 31%. 
   
A União Europeia também perdeu a boa imagem nos países tidos como mais estáveis, como Alemanha e França. Entre os alemães, apenas 30% ainda acreditam na UE, 14 pontos menos que em 2009. Entre os franceses, no mesmo período, a confiança caiu oito pontos percentuais, chegando a 34%.

Segundo Torreblanca, o surpreendente é que "quase todo o europeu se enxerga como vítima na crise". E isso, afirma, vale não somente para os países doadores, como a Alemanha, mas também para os países que recebem auxílio, como a Espanha.

"As pessoas têm medo do futuro, medo de perder seu emprego e seu padrão de vida. Elas culpam a Europa pela crise", diz a eurodeputada alemã Jutta Steinruck, membro do Partido Social-Democrata (SPD), de oposição.

Torreblanca diz que existe uma correlação entre a situação econômica e a confiança na UE. Para ele, porém, o problema é mais profundo. "As pessoas têm a sensação de terem perdido o controle. Elas serão obrigadas a aceitar coisas que vão deixá-las sem alternativa."

Espaço para radicais

No período de crise, os alemães são forçados a concordar com novos pacotes de crédito, e os países do sul da Europa, com contrapartidas austeras. “Esta é a erosão da democracia”, afirma o cientista político. Em um regime democrático, prossegue, é preciso eventualmente oferecer uma alternativa. E o grande perigo, segundo ele, seria resgatar o euro, porém perder o apoio dos cidadãos.

“Infelizmente, há algum tempo, nós temos falado que a situação está sem alternativa”, opina o alemão Rainer Wieland, vice-presidente do Parlamento Europeu e membro da União Democrata Cristã (CDU), partido de Angela Merkel.

Defensor do resgate do euro, Wieland se diz satisfeito com o fato de, segundo ele, a grande maioria dos políticos alemães também pensar assim. Apesar disso, considera que opções diferentes devem ser discutidas publicamente no futuro. “Sempre há alternativas”, diz o eurodeputado, que considera que os alemães poderiam, por exemplo, negar apoio aos países, mas teriam, ao mesmo tempo, que aguentar as consequências negativas da decisão. 

Até o momento, nem na Alemanha nem na Espanha há um grande número de pessoas que defendam a saída do euro ou da União Europeia. Mas muitos estão, de uma forma ou de outra, insatisfeitos com a pesada luta contra a crise. Muito se deve também ao fato de que, até o momento, as medidas de austeridade de combate a crise apresentaram poucos resultados concretos.

A Espanha, por exemplo, se afunda cada vez mais na recessão. O desemprego está atualmente em 27%, sendo que na camada jovem da população o índice supera 50%. Ao mesmo tempo, muitos alemães já não veem muito sentido em financiar, através de seus impostos, novos programas de crédito aos países endividados.

“O pensamento de uma Europa solidária está se perdendo. As pessoas estão começando a desconfiar uma das outras, e reconstruindo imagens de velhos inimigos. Não seria a primeira vez na história que extremistas políticos usam crises para seus propósitos”, opina Steinruck.

Rainer Wieland concorda com a colega eurodeputada: “O perigo está justamente aí, no fato de as pessoas procurarem a salvação em partidos populistas.” Neste momento, correntes populistas  em países como Grécia e Itália crescem cada vez mais. Na Alemanha, um novo partido tem, como principal plataforma, a defesa da saída da zona do euro.

Reforma estrutural

De acordo com Wieland, o risco de que a Europa afunde por falta de apoio das pessoas é real. “Nós precisamos voltar a falar das boas coisas. Se nós considerarmos de onde o nosso país saiu, a gente chega à conclusão de que estamos em uma situação extraordinária.” A visão da Europa como um continente pacífico, afirma, parece ainda bastante viva.

Steinruck exige acima de tudo cada vez mais sinceridade sobre o tema. “O que é bom e vem da Europa precisa ser reconhecido. Esquece-se muito frequentemente que nossos postos de trabalho e nosso bem-estar estão vinculados à Europa”, lembra.

É comum que políticos atribuam os sucessos da Europa a medidas tomadas por seu país e culpem Bruxelas pelo que de ruim acontece. É um padrão que, segundo especialistas, pode explicar a falta de popularidade da UE. Porém, afirmam, não é suficiente para explicar a onda de ceticismo em relação ao bloco.

Torreblanca vê sobretudo uma crise de legitimidade. “Por isso devemos fortalecer a democracia”, diz o analista espanhol, para quem parte do processo decisório europeu precisa ser melhorado, tanto nos níveis nacionais como europeus. 

Para o cientista político espanhol, não é possível que sejam tomadas decisões durante a madrugada em reuniões fechadas do Eurogrupo ou em reuniões de tecnocratas, e que, depois, os parlamentos tenham simplesmente que aprovar tais decisões. Sem uma mudança nessa estrutura, diz Torreblanca, não se pode evitar que o vírus do “euroceticismo” permaneça nas pessoas por mais tempo.  

PRIMEIRO DE MAIO É MARCADO POR PROTESTOS NA EUROPA





Dezenas de milhares vão às ruas de vários países em manifestações contra políticas adotadas na União Europeia diante da crise. No Vaticano, Papa cita desempregados do continente e critica falta de "justiça social".

O 1º de Maio foi marcado por protestos na Europa, grande parte por insatisfação em relação às medidas adotas para enfrentar a crise no continente. Houve manifestações em Portugal, Espanha, França, Alemanha e Grécia – neste último país combinada com uma greve geral.

A greve geral, programada para durar 24 horas, é a segunda deste ano na Grécia, onde o feriado do Dia do Trabalho foi transferido para a próxima semana por coincidir com a Páscoa ortodoxa. Nesta quarta-feira, hospitais operaram apenas com funcionários de emergência, o transporte público foi severamente afetado e órgãos oficiais permaneceram fechados. Os dois maiores sindicatos do país são contra as medidas de arrocho adotada pelo governo, em especial a que prevê o corte de mais de 15 mil empregos no setor público até o fim de 2014.

Na Espanha, sindicatos convocaram protestos em mais de 80 cidades. Na França, além das manifestações das uniões trabalhistas, o bloco de extrema direita Frente Nacional, de Marine Le Pen, realizou uma marcha no centro de Paris. "O país está afundando em uma política de austeridade sem fim", disse Le Pen durante o protesto.

Protesto também em Bangladesh

Na Alemanha, estima-se que centenas de milhares de pessoas tenham ido às ruas de várias cidades nesta quarta-feira em protestos convocados por sindicatos.

"O grande número de participantes envia um sinal claro neste ano eleitoral: este continente não pode ser destruído pela austeridade. Quem quer salvar a Europa deve começar do zero economicamente e estabilizar o Estado social", disse em Berlim Michael Sommer, presidente da Federação de Sindicatos Alemães (DGB).

A crise econômica foi assunto também da mensagem de 1º de Maio do Papa Francisco. "Eu penso nas dificuldades que, em vários países, afetam hoje o mundo do trabalho e dos negócios", disse o Pontífice aos fiéis na Praça de São Pedro. "Penso em quantas pessoas, e não apenas jovens, estão desempregadas, muitas vezes devido a uma concepção puramente econômica de sociedade, que busca o lucro individual à margem dos parâmetros de justiça social."

As manifestações de 1º de Maio aconteceram em geral de forma pacífica na Europa. A exceção foi em Istambul, onde um protesto terminou em confronto entre manifestantes e policiais. Dezenas de pessoas ficaram feridas e mais de 70 foram detidas.

Também houve manifestações na Ásia. Em Bangladesh, milhares de trabalhadores saíram às ruas para voltar a exigir pena de morte para os proprietários das fábricas de confecção do prédio que ruiu, há uma semana, causando mais de 400 mortes.

RPR/ afp/ ap/ rtr

Portugal – 1º de Maio: CGTP MARCA PROTESTO PARA 25 DE MAIO EM BELÉM




CLARA VIANA , MARIANA DIAS e HUGO DANIEL SOUSA - Público

Milhares de portugueses nas ruas, com muitas críticas ao Governo

Num momento difícil para o país e para os trabalhadores, milhares de pessoas celebram o 1.º de Maio nas ruas de Portugal, com Lisboa a concentrar as principais iniciativas das centrais sindicais.

A manifestação da CGTP seguiu do Martim Moniz para Alameda D. Afonso Henriques, juntando milhares de pessoas. Quando a cabeça da manifestação começava a subir a Avenida Almirante Reis, Arménio Carlos mostrava-se satisfeito: “Toda a gente me diz que está mais gente do que no ano passado”, comentou o secretário-geral da CGTP ao PÚBLICO.

Após um desfile em que os reformados estavam em maioria, Arménio Carlos anunciou um protesto para 25 de Maio (um sábado) em frente ao Palácio de Belém, para pedir a demissão do Governo. E anunciou também um protesto nacional para 30 de Maio (uma quinta-feira), em várias cidades do país, "contra o roubo dos feriados e o trabalho gratuito".

O líder da CGTP, por outro lado, garantiu que só está disponível para o consenso se for para a "responsabilização dos que estando à frente de empresas públicas celebraram contratos ruinosos e dos ministros que lhes deram cobertura".

A UGT, por sua vez, faz o habitual desfile do Marquês de Pombal até aos Restauradores.

Com muita música e a avenida cheia, uma das palavras de ordem mais ouvidas foi “melhor economia, mais emprego”. Carlos Silva pediu, aliás, uma política voltada para o crescimento económico e garantiu de novo que a central sindical estará “sempre do lado dos trabalhadores”.

O novo líder fez um apelo à unidade no movimento sindical, mas recusou estar de “mão estendida” à CGTP. “O namoro não pode ser só de um lado, tem de ter dois”, enfatizou em declarações ao PÚBLICO.

A festa da UGT ficou inicialmente marcada pelas críticas do ex-presidente João de Deus, que considerou “preocupantes as mensagens” da organização no seu último congresso e acusou a nova direcção de estar “de mão estendida” à CGTP, numa linha de “sindicalismo partidário e de bota-abaixo”.

João Proença, o ex-secretário-geral, afirmou não ter conhecimento das declarações de João de Deus. "Não concordo mas não me quero envolver nessas matérias". Evocando o lema cantado  "diálogo social sim, imposição não", Proença considera que esta "é uma linha que a central deve continuar a afirmar e na prática são as palavras de ordem escolhidas pela direcção".

"A UGT pode ter grande esperança na afirmação da nova direcção"  acrescentou Proença, garantindo que "a linha da central é a mesma mas adaptada à realidade que vai mudando".

Quanto ao número de pessoas que saíram à rua, o ex-secretário-geral da UGT considerou a adesão muito positiva "num momento de dificuldades" marcado por uma "atitude de profundo desânimo": "O 1.º de Maio é um dia de afirmação da capacidade de luta dos trabalhadores."

Protestos também no Porto

No Porto, também saíram à rua milhares de pessoas, na Avenida dos Aliados, no Porto, a reivindicar mudanças de política e de Governo, reporta a Lusa.

“Está na hora deste Governo ir embora” e “no Governo e em Belém não presta ninguém” são algumas das palavras de ordem mais gritadas pelos manifestantes e aos microfones da organização, a cargo da União dos Sindicatos do Porto.

Em Coimbra, informa a Lusa, cerca de meio milhar de pessoas manifestaram-se contra as políticas governamentais, numa iniciativa promovida pela União de Sindicatos de Coimbra (USC), afecta à CGTP.

A manifestação, que ligou a Praça da República à Praça 8 de Maio, na baixa da cidade, estendeu-se pela avenida Sá da Bandeira, encabeçada por dois ranchos folclóricos e mostrando manifestantes silenciosos em várias partes do percurso, que iam sendo incentivados com palavras de ordem debitadas por três carros de som incluídos no desfile.

"Porventura em função dos problemas, dos cortes dos salários e subsídios, de uma política de austeridade que tem levado as pessoas ao empobrecimento, que tem causado miséria no país, certamente era para termos aqui milhares de pessoas a encherem as ruas da cidade. Não temos porque também as pessoas andam cansadas", disse à agência Lusa António Moreira, coordenador da USC.

Frisou, no entanto, que pelos contactos que os sindicatos possuem nas empresas verificam o desânimo dos trabalhadores, "muitos resignados de que não há outra alternativa".

"Mas há. Há alternativas para combater o défice das contas públicas sem ter de cortar nos salários e na protecção social", afirmou António Moreira. com Lusa

Angola: CENTRAIS SINDICAIS MARCHAM EM ALUSÃO AO 1º DE MAIO




Angola Press

Luanda  – Trabalhadores angolanos de várias empresas públicas  e privadas participaram hoje, em Luanda, numa marcha realizada pelas centrais sindicais Unta-Confederação Sindical (Unta-CS), Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA) e Força Sindical (FS), em alusão ao Dia Internacional do Trabalhador, que hoje se comemora. 

Decorrida sob lema “Trabalhadores Unidos, direitos conquistados”,  a marcha percorreu a Avenida Manuel Van-Duném até ao Largo 1º  de  Maio.

Durante a marcha o representante da CGSILA, David Miquila, referiu que a data é respeitada não só como o Dia Mundial do Trabalhador,  mas também como dia em que, simultaneamente, os trabalhadores se mobilizam em torno dos sindicatos para festejarem e lançarem novas reivindicações ou novas lutas por melhores condições de vida e de trabalho.

“A globalização é o resultado lógico do capitalismo em expansão, que emergiu com promessas de igualdade,  de justiça e de prosperidade para todos”, referiu.

Na  marcha,  em que estiveram presentes o secretário-geral da Unta-CS, Manuel Viagem, o presidente da CGSILA, Avelino Miguel e o presidente da Força Sindical, Joaquim de Freitas, participaram também representantes dos Sindicatos Provincial dos Trabalhadores da Administração Pública e Serviços; Nacional Independente dos Trabalhadores da Saúde e Função Pública, Trabalhadores das Pescas; Mercados e Feiras; Transportes, Telecomunicações, Ferroviários e Marítimos;  Construção e Habitação; Comércio, Hotelaria e a Afins;  assim como das Indústrias de Bebidas,  Tabacos e Similares.

Angola: DOIS JOVENS ESTUDANTES DESAPARECEM EM LUANDA




Famílias suspeitam que os dois jovens estudantes foram presos

Coque Mukuta – Voz da América

O mistério rodeia o desaparecimento de dois jovens que desapareceram no passado dia 10 em Luanda.

O desaparecimento levanta de imediato especulação sobre se trata de um caso semelhante ao dos activistas  Alves Kamolingue e Isaías Cassule mas tudo indica que não é esse o caso.

Os dois desaarecidos  são apenas estudantes e familiares afirmam suspeitar que  a policia os prendeu para investigar uma suposta pistola encontrado com um dos estudantes um dia depois da visita do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que visitava a zona da "Lagoa de São Pedro", situada na comuna do Hoji-Ya-Henda, município do Cazenga. 

Segundo os parentes Josemar Miguel da Costa de 17 anos e Guedes Jovane Fortunato de 21 anos de idade foram vistos pela última no dia 10 de Abril deste ano.

A Voz da América contactou 2º comandante provincial de Luanda, Francisco Ribas e o Comandante Geral da polícia Nacional Francisco Ribas que garantiram estarem a esclarecer o assunto a qualquer altura.

Francisco Fortunato irmão de um dos jovens suspeita ter sido a polícia angolana que os deteve para investigar uma suposta pistola encontrada com um dos estudantes.

“Nós já procuramos em tudo, é nos hospitais é nas morgues e na polícia,” disse Francisco Fortunato acrescetando que “possivelmente terão agarrados porque um dos amigos disse que um deles está a andar com uma pistola”.

Questionado se já recorreram a polícia para apurar o alegado desaparecimento, Francisco Fortunato, afirmou haver já na Direcção Provincial de Investigação Criminal o processo nº 4123113/OP, e que desde o dia 10 até aos dias de hoje nem a polícia nem qualquer outro órgão do estado angolano se pronuncia sobre o mistério do desaparecimento dos dois jovens.



TRABALHADORES ANGOLANOS QUEIXAM-SE DE PROBLEMAS SOCIAIS




Coque Mukuta – Voz da América

Angola os sindicalistas dizem que os empregados debatem-se acom problemas da habitação e saúde

LUANDA — No dia consagrado aos trabalhadores, em Angola os sindicalistas dizem que os empregados debatem-se ainda com problemas da habitação e saúde.

Uma altura em que o Bureau Político do MPLA encoraja todos os trabalhadores numa nota tornada pública.

Já a Unita, maior partido da oposição em Angola pede ao Estado, “patronato” e à sociedade civil que façam da data um dia de reflexão para a procura de melhores soluções para os problemas dos trabalhadores angolanos.

Segundo o secretário do Sindicato Nacional de Professores e Trabalhadores do Ensino não Universitário, Avelino Kalunga, os maus salários em Angola é uma questão de todos os trabalhadores.

“Em Angola, para os trabalhadores salários é um problema nacional. Recorda-se que até ao momento as centrais sindicais continuam a se bater sobre o problema do salario mínimo nacional” frisou.

O sindicalista afirmou que a classe dos professores por exemplo, passa ainda por dificuldades de habitação e saúde.

“A vida do professor, acredita que o próprio salario como tal ainda não é suficiente para acudir o problema da saúde e da habitação” mencionou.

Outro sindicalista, no caso, o secretário-geral da Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), Francisco Jacinto Gaspar disse que os trabalhadores angolanos não podem consentir as vicissitudes sociais a que são submetidos.

“Nunca os trabalhadores poderiam se alegrar com míseros salários que são pagos” disse acrescentando ainda que “os trabalhadores são colocados numa situação preocupante de recepçao de serviços de eletricidades, de fornecimento de água de saneamento básico e de assistência medica e medicamentosa” frisou.

Angola: Independentistas cabindas anunciam fim da luta armada em troca de autonomia




EL - ROC - Lusa

Luanda, 01 mai (Lusa) - A principal organização independentista do enclave angolano de Cabinda, a FLEC, formaliza na sexta-feira a desistência da luta armada, apelando a negociações para alcançar um estatuto autonómico para o território, disse à Lusa fonte da organização.

Segundo Oswaldo Franque Buela, porta-voz da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), contactado telefonicamente pela Lusa a partir da capital angolana, a organização vai enviar às autoridades de Luanda um documento de nove páginas denominado "Esboço de uma Solução Concertada e Negociada".

A FLEC é liderada pelo histórico Henriques Nzita Tiago, exilado em Paris.

No documento, a que a Lusa teve acesso e que está assinado por Antoine Kitembo, vice-presidente da FLEC, os independentistas consideram ser chegada a hora de "fazer concessões" aos "inimigos de ontem, adversários de hoje".

"Com esta nova visão, queremos privilegiar um diálogo dinâmico e racional, garantia de um clima de paz durável", lê-se no documento, em que se apela a Luanda para iniciar negociações para uma resolução pacífica do conflito.

Nesse sentido, a FLEC considera necessário "abrir uma nova etapa marcada pelo reconhecimento da identidade de Cabinda e a partilha de soberania com Angola, no sentido da soberania plena de gestão local".

Excluindo a "independência total", a partir do momento em que Luanda aceita o compromisso político constante do documento, a FLEC propõe que as negociações impliquem o debate de um estatuto administrativo que contempla três denominações: Estado Soberano Associado, Território Autonómico e Estado Federal Autónomo.

Na negociação que propõe, a FLEC defende que, além de representantes da organização e do Estado angolano, deverão estar envolvidos representantes de Portugal, na qualidade de antiga potência colonial, da Igreja Católica, as autoridades tradicionais de Cabinda, da União Africana, da sociedade civil, do Parlamento Europeu e dos países que partilham fronteira com o enclave, como as repúblicas do Congo e Democrática do Congo.

Com esta proposta, a FLEC retoma os apelos a negociações com as autoridades de Luanda.

A diferença relativamente às iniciativas anteriores é que as autoridades de Angola parecem estar agora mais perto de aceitar o desafio proposto, pelo facto de o único diário angolano, o estatal Jornal de Angola, lhe conferir grande relevo, a toda a largura da primeira página da edição de hoje.

O enclave de Cabinda é palco desde a independência de Angola, em novembro de 1975, de uma luta pela independência, desencadeada ao longo dos anos por diferentes fações cabindas, restando atualmente somente a FLEC de Nzita Tiago como a única que ainda mantinha uma resistência armada residual à administração por parte de Luanda.

Separada de Angola pelo rio Congo, Cabinda possui significativos recursos naturais, em que as reservas petrolíferas representam cerca de metade da produção diária de 1,8 milhões de barris de petróleo angolanas.

Milhares de pessoas saíram à rua em Macau em defesa de melhores condições de vida




PNE – GC - Lusa

Macau, China, 01 mai (Lusa) - Milhares de pessoas saíram hoje à rua em Macau, aproveitando o Dia do Trabalhador para defender melhores condições de vida, uma imprensa livre, o sufrágio universal e combate à especulação imobiliária.

Seis associações organizaram protestos na Região Administrativa Especial chinesa que levaram milhares de pessoas e percorrerem as principais artérias da cidade, sob um forte aparato policial com agentes fardados e à paisana que circulavam a pé, em motos e carros.

Segundo dados facultados pela Polícia de Segurança Pública (PSP) de Macau à agência Lusa, 1.900 pessoas participaram nas manifestações e 180 agentes estiveram a patrulhar as ruas.

António Katchi, jurista, foi dos raros portugueses, senão o único, a participar no protesto, à semelhança dos anos anteriores e, em declarações à Lusa, disse que faz questão de sair à rua no 1.º de Maio porque é "trabalhador e a política do Governo desfavorece os trabalhadores, sendo ditada pela defesa dos interesses dos capitalistas".

Este português considera que a manifestação de hoje em Macau "foi mais participada do que no ano anterior" e constatou a existência de "manobras de intimidação por parte da polícia, que obrigou, por exemplo, os manifestantes a circularem pelo passeio".

Esta situação gerou um incidente na avenida do Palácio do Governo, onde as associações entregaram petições, que envolveu a organização Juventude Dinâmica, que mobilizou algumas dezenas de jovens.

Este protesto, o último a chegar à zona do Palácio do Governo, foi impedido de percorrer a avenida até à sede do executivo pela polícia, que queria que os manifestantes seguissem caminho pelo passeio, apesar de a rua estar cortada ao trânsito, situação que já se tinha verificado no ano passado com o mesmo grupo.

Gino Lei, de 21 anos, membro da Juventude Dinâmica, disse aos jornalistas que a polícia autorizou inicialmente o percurso, mas que hoje decidiu bloquear o caminho aos jovens.

"Recentemente outro grupo manifestou-se mesmo em frente à sede do Governo, porque não podemos também fazer o mesmo? É injusta esta situação, a polícia mentiu-nos quando deveria servir-nos e não bloquear-nos a passagem", declarou.

Esta foi a quarta vez que a Juventude Dinâmica saiu à rua em Macau no 1.º de Maio contra a injustiça social, a especulação imobiliária e a favor de uma melhor educação e do sufrágio universal.

"Queremos que o Governo resolva estes problemas para que o nosso futuro seja melhor", disse Gino Lei, salientando que "é um direito da população eleger os seus representantes".

Este membro da Juventude Dinâmica sublinhou ainda que a "maior parte da imprensa chinesa em Macau tem autocensura, porque recebe apoios financeiros do Governo e sente a responsabilidade de defender as suas ideias, o que não devia acontecer".

Jason Chao, que irá candidatar-se este ano, pela primeira vez, a um assento no hemiciclo local nas legislativas de setembro, disse, em declarações à Lusa, que participou no protesto de hoje a favor de uma imprensa livre no território e o atual deputado do campo pró-democrático Paul Chan Wai Chi para "apoiar a juventude".

Dezenas de pessoas manifestaram-se também hoje em Macau contra o impedimento à reunião familiar de pais e filhos originários da China continental, muitos dos quais maiores e já com família constituída, mas que continuam do outro lado da fronteira sem autorização para se fixarem em Macau.

Numa receção do Dia do Trabalhador da Federação das Associações dos Operários de Macau, na terça-feira, o chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, salientou, num discurso, que o seu Governo "está sempre disposto a ouvir a população e mantém-se firme na defesa dos direitos legítimos dos trabalhadores", garantindo que irá "reforçar a gestão da importação de mão-de-obra para garantir o direito ao emprego pelos locais".

A Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau preferiu assinalar o 1.º de Maio com atividades desportivas e um jantar de confraternização.


TELEVISÃO DA GUINÉ-BISSAU COM NOVA PÁGINA NA INTERNET PARA CHEGAR À DIÁSPORA




FP – APN - Lusa

Bissau, 30 abr (Lusa) - O principal objetivo da nova página na internet da Televisão da Guiné-Bissau (TGB), hoje apresentada em Bissau, é manter informada a comunidade guineense na diáspora.

Além de notícias em texto, a nova página, explicaram os responsáveis da televisão do Estado, suporta a visualização dos principais noticiários transmitidos pela TGB "e outros programas de caráter informativo".

"A página é uma forma de contornar a falta de condições técnicas que não nos permitem difundir as emissões via satélite, desta forma procuramos manter informadas as comunidades guineenses na diáspora, contrariando falsas e maldosas informações que são veiculadas através da internet, visando denegrir a imagem do país", disse o diretor geral da TGB, Francelino Cunha .

A televisão da Guiné-Bissau tem pouca capacidade de difusão e equipamentos obsoletos. As receitas publicitárias, segundo os responsáveis, não chegam sequer para cobrir os gastos em combustível para as viaturas e geradores. Ainda assim, com apoios de países amigos, pretende adquirir um novo emissor e três retransmissores.

O diretor geral da comunicação social, Roberto Monteiro, disse que já foi assinado um acordo com um grupo de comunicação que vai levar a televisão e a rádio do Estado a terem em breve equipamentos digitais.

"E também para que a televisão possa ser vista via satélite. Achamos que até ao final deste ano ou primeiro trimestre de 2014 haverá surpresas agradáveis para os guineenses de cá e de lá de fora", disse.

A TGB pode ser acompanhada na página www.tgb-gw.com .


CABO VERDE DEVE EVITAR POLÉMICAS COM A GUINÉ-BISSAU - académico




JSD – VM - Lusa

Cidade da Praia, 30 abr (Lusa) - O académico cabo-verdiano Corsino Tolentino defendeu hoje que Cabo Verde "não deve envolver-se em polémicas evitáveis", ao comentar as críticas da Guiné-Bissau ao comportamento das autoridades da Cidade da Praia no conflito político-militar guineense.

Entrevistado pela agência Inforpress, o também antigo diretor geral da Fundação Calouste Gulbenkian defendeu que Cabo Verde deve acompanhar "com cautela" a crise guineense, desencadeada com o golpe de Estado de 12 de abril de 2012.

"Creio que devemos acompanhar este assunto com muita cautela e qualquer posição pública deve ser devidamente ponderada, porque, neste momento, pode ter desenvolvimentos imprevisíveis", opinou Corsino Tolentino, "histórico" do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder desde 2001).

Em causa está a operação levada a cabo a 04 deste mês pelo Departamento Anti-Droga (DEA) dos Estados Unidos para a detenção do antigo chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) da Guiné-Bissau Bubo Na Tchuto, acusado pelos norte-americanos de ligações ao narcotráfico e tráfico de armas.

Para as autoridades da transição guineense, a detenção de Bubo Na Tchuto ocorreu, não em águas internacionais, mas nas guineenses, tendo contado com o apoio de elementos cabo-verdianos, que permitiram, depois, que o antigo CEMA fosse transportado para os Estados Unidos a partir da ilha cabo-verdiana do Sal.

O Governo de transição guineense acusou ainda as autoridades cabo-verdianas de envolvimento no tráfico de armas para os rebeldes da guerrilha senegalesa - Movimento das Forças Democráticas de Casamansa (MFDC) que luta pela secessão da província do sul do Senegal e fronteira à Guiné-Bissau.

Na resposta, a 23 deste mês, um dia depois das críticas, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, afirmou que as acusações "não são credíveis".

"Não estamos a brincar aos Governos e não comento declarações desta natureza. Desvalorizo-as completamente. Não têm nenhum significado ou credibilidade para o Governo de Cabo Verde. Não comento as declarações de governantes da Guiné-Bissau em relação a essas matérias", afirmou José Maria Neves.

Hoje, Corsino Tolentino indicou que as acusações do Governo de transição guineense revelam "falta de sabedoria política", salientando que se está à procura de um "bode expiatório" para um caso "muito delicado e muito concreto": o da afirmação de um Estado de direito na Guiné-Bissau.

Comentando a detenção de Bubo Na Tchuto, Corsino Tolentino disse que a situação "está longe de ser líquida", uma vez que o caso não esteve a coberto de um "mandado de um tribunal internacional devidamente legitimado".

Pessoalmente, disse que gostaria que os cabo-verdianos não entrassem no que considera ser "um jogo", que pode prejudicar tanto Cabo Verde como a Guiné-Bissau e a região em que os dois países estão integrados.

Segundo o analista, Cabo Verde "foi envolvido ou deixou-se envolver" no caso da detenção de Bubo Na Tchuto.

Instado sobre que papel pode o arquipélago desempenhar numa solução para a crise guineense, Corsino Tolentino sublinhou que, apesar do passado histórico que liga os dois países, não vale a pena basear-se nesses pressupostos para se justificar qualquer tomada de posição por parte de Cabo Verde sobre os assuntos da Guiné-Bissau.

"O passado histórico entre os dois países é diverso", alegou, acrescentando que houve "muito de positivo", mas também "muito de negativo".

Sentença de caso de tráfico de droga com maior apreensão em Cabo Verde lida a 3 junho




JSD – ROC - Lusa

Cidade da Praia, 01 mai (Lusa) - A sentença do julgamento do processo ligado à maior apreensão de droga em Cabo Verde, conhecido por "Caso Lancha Voadora" e que envolve 15 arguidos, vai ser lida a 03 de junho, indica hoje a imprensa cabo-verdiana.

Iniciado a 18 de março, sob fortes medidas de segurança, o julgamento chegou na segunda-feira à fase de alegações finais do Ministério Público, que voltou a pedir a condenação de todos os arguidos nos crimes indiciados nos autos, incluindo tráfico de droga e lavagem de capitais.

Tornada pública a 08 de outubro de 2011, a operação "Lancha Voadora" foi a maior apreensão de sempre de drogas no país: uma tonelada e meia de cocaína em estado de elevada pureza, entretanto incinerada, além de milhares de euros e outras moedas, cinco viaturas topo de gama e várias armas e munições.

No processo, são arguidos o antigo presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde, Veríssimo Pinto, e seis arguidos que também estão em prisão preventiva na Cadeia de São Martinho, na capital.

Outros oito arguidos aguardaram julgamento em liberdade.

São também arguidas várias empresas cabo-verdianas ligadas direta ou indiretamente aos acusados, todas com sede na Cidade da Praia.

Renamo substitui chefe da delegação nas negociações com o Governo moçambicano




PMA – ROC - Lusa

Maputo, 01 mai (Lusa) - A Renamo, principal partido da oposição moçambicana, anunciou hoje que substituiu o chefe da sua delegação que está em negociações com o Governo visando resolver a tensão que se vive no país, Manuel Bissopo, por "razões estratégicas".

A Renamo (Resistência Nacional de Moçambique) e o Governo moçambicano retomam na quinta-feira em Maputo as negociações que vêm mantendo para resolver os litígios que os opõem.

A ronda negocial de quinta-feira acontece depois de a crispação entre os dois lados ter levado a confrontos em abril entre antigos guerrilheiros da Renamo e a polícia moçambicana, o que provocou oito mortos e vários feridos.

Em declarações à Lusa, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, afirmou hoje que a delegação do partido será chefiada pelo deputado e jurista Saimone Macuiane, em substituição do secretário-geral do movimento, Manuel Bissopo, que chefiou a delegação do partido nas anteriores rondas negociais.

"Quando se tem um plantel de luxo é indiferente quem joga. O secretário-geral foi libertado para outras tarefas estratégicas do partido. Tem andado pelo país a explicar o fundamento das exigências da Renamo", disse Fernando Mazanga.

O porta-voz do principal partido da oposição moçambicana adiantou que a Renamo vai reiterar a exigência de que a legislação eleitoral seja revogada na cláusula relativa à composição da Comissão Nacional de Eleições (CNE), para se poder incorporar o princípio da paridade no órgão.

A Renamo exige uma participação por igual com a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, e para o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido moçambicano, na CNE.

A reivindicação da Renamo colide com o atual figurino da CNE, que assenta numa representação proporcional dos partidos com assento parlamentar e na presença de membros escolhidos por organizações da sociedade civil.

Na reunião de quinta-feira, o principal partido da oposição vai também exigir a despartidarização do Estado, em particular do exército, através da reintegração de oficiais provenientes da antiga guerrilha da Renamo, acrescentou Fernando Mazanga.

Por seu turno, a delegação do Governo será chefiada pelo ministro da Agricultura e membro da comissão política da Frelimo, José Pacheco, tal como aconteceu nas anteriores rondas.

1º de Maio: Milhares de moçambicanos marcharam pela justiça salarial e pela paz




PMA – JPF Lusa

Maputo, 01 mai (Lusa) - Milhares de trabalhadores moçambicanos marcharam hoje, em Maputo, para assinalar o Dia Internacional do Trabalhador, empunhando dísticos em que pontificava a exigência de "justiça salarial" e apelos à paz, face à tensão política no país.

Desfilando ao longo de um percurso de cerca de dois quilómetros na baixa da capital moçambicana, trabalhadores dos cinco sindicatos e confederações sindicais moçambicanas, bem como membros do setor informal e de ramos ainda não sindicalizados usaram a data para denunciar os baixos salários, ou a falta deles e ainda os despedimentos sem justa causa.

"Exigimos justiça salarial", "trabalho duro, para salário de miséria" e "estamos cansados de promessas que nunca cumprem: tenham vergonha", foram alguns dos dizeres apresentados nos dísticos empunhados pelos manifestantes.

O desfile, para o qual alguns trabalhadores levaram produtos das suas empresas, foi também usado para exigir a garantia de paz aos principais partidos políticos moçambicanos, face à ameaça de retorno à guerra.

"Repudiamos a guerra e somos pela paz", lia-se numa tarja empunhada por um grupo de trabalhadores que foram ao desfile alusivo ao Dia 1.º de Maio.

A exigência de paz foi um dos momentos mais importantes do discurso do secretário-geral da Organização dos Trabalhadores de Moçambique (OTM), Alexandre Munguambe, no final do desfile.

"Queremos viver em harmonia e que nunca mais a guerra seja usada para resolver questões políticas", enfatizou Alexandre Munguambe.

A palavra paz voltou a ser muito ouvida em Moçambique, depois de confrontos, no início de abril, entre antigos guerrilheiros da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) e da polícia terem provocado oito mortos e vários feridos, reavivando a memória dos 16 anos de guerra civil que o país registou até 1992.

Portugal: UM DISCURSO


Baptista-Bastos – Diário de Notícias, opinião

Um alarido inusitado, por injustificável, envolveu o discurso do dr. Cavaco nas cerimónias oficiais do 25 de Abril. No Parlamento a coisa foi pífia, nas ruas a festa assumiu o carácter do protesto contra o que estamos a viver. Ouvi e li o que disse o dr. Cavaco e não fiquei nem surpreendido nem chocado. É a criatura que há, o Presidente que se arranja, irremissível e sombrio. Medíocre, ressentido, mau-carácter, incapaz de compreender a natureza e a magnitude histórica da revolução. E sempre agiu e se comportou consoante a estreita concepção de mundo com que foi educado. A defesa da direita mais estratificada está-lhe no sangue e na alma, além de manter, redondo e inamovível, um verdete avassalador pela cultura. O possidonismo da sua estrutura comportamental pode ser aferido naquela cena irremediável, em que, de mão dada com a família, sobe a rampa que conduz ao Pátio dos Bichos, no Palácio de Belém, quando venceu as presidenciais.

O homem confunde Thomas Mann com Thomas More; ignora que Os Lusíadas são compostos por dez cantos; omite o nome de José Saramago, por torpe vingança, na recente viagem à Colômbia, enquanto o Presidente deste país nomeou o Nobel português com satisfação e realce; não se lhe conhece o mais módico interesse pela leitura; e, quando primeiro-ministro, recusou à viúva de Salgueiro Maia uma pensão, que, jubiloso e feliz, atribuiu a antigos torcionários da PIDE. Conhece-se a arteirice com a qual acabrunhou Fernando Nogueira, seu afeiçoado; a inventona das escutas em Belém, montada por um assessor insalubre e por um jornalista leviano; a confusa alcavala com o BPN, com a qual auferiu uns milhares de euros; contrariou uma tradição, por ódio e rancor (sempre o ódio e o rancor), e não condecorou José Sócrates, quando este saiu de primeiro-ministro. É uma criatura sem amigos; dispõe, apenas, de instantes de amizade interesseira. Nada mais.

O discurso que tem suscitado tanta brotoeja é o seu normal. Tão mal escrito quanto os outros; desprovido de conteúdo racional, emocional e ético; e um atropelo às mais elementares normas de sensatez e equilíbrio exigíveis a quem desempenha aquelas nobres funções. Espanto e indignação porquê e para quê?, se ele não tem emenda nem berço que o recomende.

Mas as coisas, ultimamente, têm atingido proporções inquietantes. A ida a Belém do primeiro-ministro e do ministro das Finanças perturbou o senhor. Parece julgar-se a rainha de Inglaterra, considerando o papel superior a que a si mesmo se atribui. A soberba dele sobe de tom, admitindo alguns de nós e muitos de entre eles que pode haver indícios de oligofrenia, doença incurável. "Eu bem avisei! Eu bem avisei!", costuma agora dizer, como uma tenebrosa ameaça. No núcleo estrutural deste homem emerge a complexidade indecisa de uma alma juvenil irresolvida - e, por isso mesmo, extremamente perigosa.

Portugal: 1º DE MAIO. DIA DO DESEMPREGADO




Catarina Falcão – Jornal i

Avenida da Liberdade abaixo, Avenida Almirante Reis acima, a UGT e a CGTPsaem hoje às ruas de Lisboa para assinalar o 1.o de Maio – mais uma vez separadas, mas não de costas voltadas. Os respectivos secretários-gerais, Carlos Silva e Arménio Carlos, deixam aberta a porta ao diálogo e a um possível entendimento. Ao i, a CGTP afirma que está disposta a assumir “compromissos para encontrar alternativas às políticas de austeridade”. A UGT diz estar pronta para mudar as dinâmicas existentes, “procurando a unidade na acção dos trabalhadores”.

Assumindo os “objectivos comuns” entre as duas centrais, Carlos Silva – que tomou posse como secretário-geral da UGT há menos de uma semana e se estreará hoje à frente de uma manifestação do 1.o de Maio – reconhece as diferenças de acção entre as duas centrais, especialmente porque ambas têm “conceitos distintos do que é a luta dos trabalhadores”.

Ao i, o recém-eleito secretário-geral, distinguiu também as formas de actuação das UGT e da CGTP, explicando que “uns dão privilégio às acções de rua e outros à negociação colectiva”. No entanto, reconhecidas estas diferenças, o sucessor de João Proença é peremptório ao proclamar a mudança na acção da UGT: “Vamos manter a nossa génese sindical que é a negociação colectiva, o diálogo e a Concertação Social, misturando isto com outra dinâmica, de maior proximidade aos trabalhadores e mais algumas acções de rua, procurando a unidade da acção com outros sindicatos.”

Mais o que os une Arménio Carlos terá este ano o seu segundo 1.o de Maio à frente da CGTP e diz que a altura não é para “querelas” entre sindicatos. “O que interessa aos trabalhadores é a resposta aos seus problemas concretos e é isso que nos move e que nos leva a dizer que estamos disponíveis para conversar com todos, independentemente dos seus posicionamentos político-sindicais”, afirmou Arménio Carlos ao i, incluindo a UGT no leque de possíveis parceiros com que a CGTP quer dialogar, de forma a “travar as políticas de austeridade impostas pelo governo”.

Após a sua eleição, Carlos Silva enviou um pedido de reunião à CGTP, esperando que esse seja o primeiro passo de reaproximação à central liderada por Arménio Carlos. Uma aproximação que, tal como o próprio líder da UGT admitiu ao i (ver respostas ao lado), encontra resistências mesmo no interior da sua central sindical. A oposição histórica explica-se em boa parte pelo passado político das duas centrais sindicais (CGTP conotada com o PCP e UGT com o PS e o PSD) e alguns conflitos que daí advieram no passado.

No entanto, o primeiro passo para um possível entendimento deu-se logo no desfile das comemorações do 39.o aniversário do 25 de Abril, quando Arménio Carlos e Carlos Silva se encontraram na Avenida da Liberdade, se cumprimentaram, caminharam lado a lado e apontaram o dedo ao Presidente da República em quase perfeito uníssono.

Hoje, como está há muito propositadamente planeado, as duas manifestações não se cruzam nas ruas de Lisboa, com a UGT a sair do Marquês de Pombal e a concentrar-se nos Restauradores e a CGTP a partir do Martim Moniz, subindo a Almirante Reis em direcção à Alameda.

Portugal: "Sentimento de medo" obriga trabalhadores a aceitarem tudo - Cáritas



Lusa

A Cáritas Portuguesa afirmou hoje que o “mundo laboral” vive atualmente “debaixo de um sentimento de medo” que condiciona e obriga os trabalhadores a aceitarem “todas as regras e todas as imposições”.

“Não podemos permitir que isto aconteça. Não podemos permitir que ter um emprego, seja ele qual for e em que condições, se torne uma atitude de resignação”, sublinhou a Cáritas numa mensagem publicada no seu site para assinalar o Dia do Trabalhador.

Na mensagem, a organização manifestou a sua solidariedade com “todos os que estão sem trabalho ou o têm, mas não recebem salários”, assegurando que “não cruzará os braços na procura de caminhos que levem Portugal a ser um país de maior justiça social, alicerçada no sentido do bem comum”.

A Cáritas lembrou que a taxa de desemprego em Portugal nunca foi tão elevada como é hoje, acima dos 17%, o que, para a instituição, significa que “o acesso ao trabalho está a ser negado a muitos cidadãos que veem assim as suas vidas atiradas para o beco da exclusão social”.

Portugal: 1º DE MAIO SERÁ DE ESTREIA NA UGT E DE LUTA E FESTA NA CGTP




Mariana Dias - Público

Centrais sindicais falam de um dia para celebrar mas também de protesto e mobilização pelos direitos dos trabalhadores. Lisboa será o epicentro das principais manifestações.

O Dia do Trabalhador será assinalado esta quarta-feira por acções de protesto das duas maiores centrais sindicais do país. Ambas têm planeadas mobilizações independentes: a da CGTP será a nível nacional, enquanto as comemorações da UGT terão apenas lugar em Lisboa, com uma manifestação sob o mote “Crescimento e Emprego, Recuperar a Esperança” e com o discurso de estreia no 1.º de Maio do seu novo secretário-geral, Carlos Silva.

O protesto da União Geral de Trabalhadores (UGT) tem concentração marcada no Marquês de Pombal, pelas 14h, seguindo depois em desfile pela Av. da Liberdade rumo aos Restauradores. Carlos Silva resume assim aquelas que serão as palavras de ordem da central sindical: “Não à resignação, capacidade de resistência ao momento que estamos a atravessar, que é muito difícil para os portugueses, e não aos cortes que nos querem impor”.

O novo secretário-geral, eleito há apenas dez dias no XII Congresso da UGT, prefere não antecipar expectativas de adesão ao protesto. No entanto, reforça o “esforço redobrado” que o sindicato tem feito para uma mobilização forte que, “tendo em conta a situação do país”, deve ser uma “jornada simultaneamente de luta e mobilização”.

“Espero que amanhã [quarta-feira] a mobilização dos sindicatos seja algo que tenha visibilidade e indique uma forte participação dos trabalhadores, reformados e pensionistas”, diz Carlos Silva, para quem é prioritária a “defesa de trabalhadores da administração pública e do Estado”, que podem estar na iminência de “sofrer atentados aos direitos laborais”. “Temos de estar mobilizados e atentos”, conclui.

Esquerda em força nos protestos

Também a CGTP vai marcar o Dia do Trabalhador com acções de protesto, aqui sob o lema “Uma vida melhor, mudar de vida e de Governo”. As comemorações planeadas pela maior central sindical do país terão lugar em mais de 39 locais, com manifestações de Norte a Sul do país.

Joaquim Dionísio, da Comissão Executiva da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), espera uma grande adesão ao protesto do 1.º de Maio, um dia que “é o ponto alto da luta dos trabalhadores mas que não será o último, porque a luta não pode parar”.

"Vamos ter uma grande mobilização dos trabalhadores e as razões para essa mobilização são mais que muitas. Vamos comemorar e, simultaneamente, manifestar o sentimento de revolta contra as medidas do Governo", diz. “Os motivos são mais que muitos para reagir e mobilizar os trabalhadores até que haja políticas adequadas à criação de emprego que permitam aos portugueses viver dignamente”, acrescenta ainda sobre as motivações por trás do protesto.

Enquanto no Porto a acção da CGTP irá decorrer na Avenida dos Aliados — onde, a partir das 15h30, haverá um comício seguido de desfile e concerto —, em Lisboa está marcada uma marcha que partirá do Martim Moniz, por volta das 14h30, em direcção à Alameda D. Afonso Henriques, onde a comemoração atinge o seu ponto alto com o comício e o discurso do secretário-geral, Arménio Carlos, mas também da parte da ala jovem da central sindical.

Sobre o discurso de Arménio Carlos, Joaquim Dionísio garante que “não deixará de fazer um alerta para a situação actual e com certeza, tendo em consideração a realidade presente, não deixará de apontar o caminho e novas acções de luta se não forem alteradas as medidas do Governo”.

O PCP, Bloco de Esquerda (BE) e Verdes (PEV) vão estar representados nas comemorações da CGTP, com o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, e uma delegação do PEV encabeçada pela dirigente nacional Manuela Cunha a marcarem presença no desfile de Lisboa. Já os líderes do BE vão dividir-se pelos festejos: João Semedo estará no de Lisboa e Catarina Martins no do Porto.

Já o PS terá representação primeiro no desfile da CGTP e depois no da UGT, numa delegação encabeçada pelo secretário nacional Miguel Laranjeiro e que integra ainda Jamila Madeira, Álvaro Beleza e Nuno Sá.

Mais lidas da semana