sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O CALIFADO (3)



Rui Peralta, Luanda (continuação - ler anteriores)

VI - A cimeira internacional realizada em Paris com objectivo de coordenar o combate ao ISIS, reuniu cerca de 30 países e formou uma coligação liderada pelos U.S.A., enquanto os fascistas islâmicos executavam reféns ocidentais, decapitando-os. O encontro realizou-se uma semana depois de Obama ter revelado o plano de ataques aéreos contra o ISIS na Síria e no Iraque. Este plano foi apoiado pela França, apoio que o presidente François Hollande expressou ao apelar para a unidade internacional no combate contra o ISIS. É nas palavras do presidente francês que se revela o conteúdo ideológico do discurso desta coligação. Hollande utilizou - e bem - os termos "terrorismo", "movimento terrorista",  "ameaça global" e "resposta global". O problema, no entanto, é que esta coligação foi formada em função dos interesses de Washington e em função desses interesses, o fascismo islâmico é uma arma de arremesso contra a Síria, o Irão e a Rússia.

A coligação de Washington, coadjuvada pelo intrépido François Hollande (logo com os interesses da França por arrasto, o que deixa os franceses com os restos, a fazerem figura de peixinho limpa-fundos, o que deve obrigar De Gaulle a dar umas voltas no tumulo), irá ser um misto de policia de intervenção e casa de correcção, para que os "rapazes" do califado virem as suas hormonas para outro lado e apliquem utilmente (para os interesses ocidentais, claro) os seus ardorosos ímpetos juvenis. Para tanto basta umas bofetadas á distancia (através das "bombocas" atiradas pelos aviões) e depois alguns correctivos mais cara-a-cara, procurando "inseri-los" e "enquadrá-los".

Como bom serviçal, o novo primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, ordenou (traduziu a ordem) á Força Aérea Iraquiana, para não bombardear os abrigos nas áreas civis, mesmo nas localidades ocupadas pelo ISIS. O Estado iraquiano pretende, desta forma (aparentemente) fazer face á vaga de criticas, devido ao bombardeamento indiscriminado. A questão é hipócrita a vários níveis. A preocupação não é com os civis. Todos os que têm experiencia em situação de guerra (ou os que sofreram uma boa recruta e uma sólida formação militar básica), sabem que este é um problema que deve ser analisado de diversos ângulos. Os danos colaterais são, em condições determinadas, inevitáveis e nunca devem ser escamoteados. Mas o problema do governo iraquiano prende-se não com a salutar opção de salvar vidas inocentes mas com o facto do exército sírio ter essa pratica - de bombardear objectivos no seu próprio território - e essa desgraça ser aproveitada pela máquina de propaganda anti-governamental síria e pelos panfletos propagandísticos  (vulgo jornais e  meios audiovisuais) ocidentais (e não só, até mesmo o bajulador Jornal de Angola e a incipiente TPA, fazem, a troco de nada, o favor aos "amos secretamente desejados"), ou nos relatórios internacionais como um da Human Rights Watch (HRW), que denunciou a morte de 31 civis (entre os quais 24 crianças) num ataque da Força Aérea Iraquiana que atingiu uma escola na região de Tikrit.

Outra questão que coloca duvidas quanto aos objectivos desta coligação prende-se com a Síria. Como é sabido o califado localiza-se numa região que estende-se por este país e pelo seu vizinho Iraque. A Casa Branca andou num corrupio para estabelecer um acordo entre as diversas forças politicas (curdos, xiitas, sunitas moderados). Seria de esperar que fizesse o mesmo em relação á Síria... Mas não! Com dois pesos e duas medidas, a administração Obama considera que o combate ao ISIS na Síria não deve envolver o exército sírio, mas o Exército Livre da Síria, recuperado do Livro dos mortos. Ficamos, assim, esclarecidos acerca das reais intenções da coligação.

O New York Times divulgou, em finais de Agosto, uma reportagem, onde o "Free Syrian Army", os "moderados", é acusado de executar 6 prisioneiros por degolação. Mesmo assim o Secretário de Estado John Kerry enfatizou o papel da oposição síria no combate ao ISIL. Disse Kerry: "The Syrian opposition is on the ground. And one of the regrettable things is it has been fighting ISIL by itself over the course of the last couple of years, and it’s one of the reasons that they’ve had a difficult battle. Now, with the air support and other effort from other countries, they will be augmented in their capacity. One of the things the president put in the plan is the effort to increase the training, increase the equipping and advising to that—to the Syrian opposition. And I can’t tell you whether some other country in the neighborhood will or won’t decide to put some people in there". As palavras de Kerry, no entanto, camuflam a realidade no terreno.

A componente maioritária da oposição síria assinou um acordo com o ISIS, que se manterá em vigor até a queda de Assad. Portanto esta noção de que o ELS vai combater o ISIS é conversa para boi dormir. O que se irá passar na Síria é que as armas, munições e treino, fornecidos pelos USA e NATO, mais o dinheiro financiado pelos petro-protectorados do Golfo representarão uma mais-valia para os fascistas do Califado, que aumentarão a sua capacidade militar. Esta história já se passou antes, com os curdos, quando estes controlavam as áreas fronteiriças entre a Síria e a Turquia, aproveitando as armas que iam para o ELS, que nunca as recebiam. Curdos, Hezbollah e milícias sírias pro-governamentais usufruíram deste abastecimento. Quando a CIA e os turcos se aperceberam alterarem os pontos de passagem. Mas estes novos pontos eram controlados não pelo ELS, nem pelo Conselho Nacional Sírio, mas pelos fascistas da Al-Nusra, o braço da Al-Qaeda no pais, que mais tarde fundiu-se com a sua congénere iraquiana, fundando o ISIS.

A solução passa, pois, por Damasco e Teerão, duas das sete cidades-pilares do Islão. Também á dois anos atrás, quando a ONU iniciou o processo de diálogo na Síria, entre o governo e a oposição, os USA não consentiam a participação do Irão. Acabaram por ceder e as negociações iniciaram-se. Afinal o Irão faz, indubitavelmente, parte da solução! 

VII - Existe um outro problema por resolver e causador de dores de cabeça: o problema saudita. O governo saudita recebeu cerca de 60 mil milhões de USD em armas, munições, formação e equipamento militar, dos USA, nos últimos 2 anos. Muitas destas armas, munições e equipamento foram parar ao ISIS, através de interesses dos clãs sauditas e dos serviços de segurança, inteligência e contra inteligência, que desta forma afastam o ISIS do território, recorrendo a uma tradicional prática tributária, vigente em toda a região (por exemplo, os sírios no Líbano, durante a vigência da Pax Siria nesse país, pagavam tributo aos drusos para atravessarem o vale de Bhekah e o mesmo fizeram os israelitas e fazem os curdos e o Hezbollah. O não pagamento deste tributo saiu caro á OLP).

Egipto, Iraque, Jordânia, Líbano,  Arábia Saudita, Qatar, Bahrein, Emiratos Árabes Unidos, Omã e Kuwait, concordaram ajudar os USA a combater o ISIS, durante um encontro com o Secretario de Estado John Kerry, ocorrido em Riade, no 13º aniversário do 11 de Setembro. Neste encontro Kerry afirmou: "Arab nations play a critical role in that coalition, the leading role, really, across all lines of effort: military support, humanitarian aid, our work to stop the flow of illegal funds and foreign fighters, which ISIL requires in order to thrive, and certainly the effort to repudiate once and for all the dangerous, the offensive, the insulting distortion of Islam that ISIL propaganda attempts to spread throughout the region and the world". Treze anos após o 11 de Setembro, ocorre um encontro para discutir a "ameaça terrorista global", no pais que forneceu 15 dos 19 terroristas que participaram no ataque de 11 de Setembro.

Pode, este facto, indicar duas pistas: 1) os USA não aprenderam nada, em 13 anos; 2) as ligações entre Washington e Riade ultrapassavam as meras sociedades de interesses no sector petrolífero e derivados, sendo a Arábia Saudita um colonato norte-americano com funções geoestratégicas, geopolíticas e geoeconómicas de longo prazo. A primeira hipótese é uma carapuça que só serve os incautos e ingénuos. A segunda é um cenário determinado pelas dinâmicas externas, que necessita ser confirmado pelas dinâmicas internas da região. E estas desenvolvem-se em diversos sentidos e níveis de intensidade.

Nos Estados do Golfo existe um movimento das classes médias, no sentido da democratização e da liberalização da vida politica, social e económica. Não choca frontalmente com os interesses ocidentais a longo prazo e até os favorecem, mas as exigências destas camadas são imediatas e urgentes, não se encaixando nos moldes das eventuais reformas prometidas pela realeza e acordadas (por descargo de consciência) com os USA e NATO. Os movimentos internos na Arábia Saudita vão desenrolar-se em torno de questões como os direitos das mulheres, a homossexualidade, liberdade de expressão e de informação. Paralelamente a estes movimentos e nele inseridos, manifestar-se-ão as minorias xiitas, os movimentos sindicais e de trabalhadores imigrantes e movimentos estudantis.

Todos estes movimentos repudiam o ISIS, coisa que não acontece nas elites dominantes sauditas, onde as relações de famílias e de clãs colocam o assunto fora do alcance das palavras de Kerry.

VIII - Obama (como de costume), foi cilindrado pelos falcões - republicanos e democratas - no Congresso e assumiu a insanidade de prosseguir na agressão a Damasco. A administração Obama utiliza um ardil bem encenado e actua num palco bem montado, embora o argumento seja pobre e mal escrito, baseado no velho conto do policia bom (ele, Obama) e o policia mau (os republicanos). Este argumento serve para a politica interna (caso da politica de saúde e das reformas sociais) e para a politica externa.

Quando, recentemente, acerca do combate ao ISIL, Obama referiu: "I want the American people to understand how this effort will be different from the wars in Iraq and Afghanistan. It will not involve American combat troops fighting on foreign soil. This counterterrorism campaign will be waged through a steady, relentless effort to take out ISIL wherever they exist, using our air power and our support for partners’ forces on the ground. This strategy of taking out terrorists who threaten us, while supporting partners on the front lines, is one that we have successfully pursued in Yemen and Somalia for years. And it is consistent with the approach I outlined earlier this year: to use force against anyone who threatens America’s core interests, but to mobilize partners wherever possible to address broader challenges to international order" , assume uma posição que transforma o drama em comédia barata. Iémen e Somália são exemplos, de facto, mas não do que deve ser feito, da mesma forma que o Afeganistão e o Iraque, ou o desastre líbio.

A intervenção norte-americana no mundo islâmico é um dos factores geradores do fascismo nesta parte do mundo. Os Talibãs no Afeganistão, os tribunais islâmicos na Somália, os bandos líbios, o califado no Iraque e Siria, a Al-Qaeda, são consequência do Great American Disaster da intervenção, para alem de serem causadas pelos fenómenos inerentes ás dinâmicas internas.  Os norte-americanos acumulam erros de analise no que respeita ao mundo islâmico. Por exemplo: Obama autorizou ataques aéreos na Siria e o incremento dos bombardeamentos contra o Califado.  Os ataques aéreos são eficazes quando existem forças no terreno. E aqui reside a grande questão operacional desta opção. No interior do Iraque ou da Siria existem três forças principais, que podem constituir um suporte ás acções aéreas: os combatentes curdos ( Peshmerga); as forças armadas dos respectivos Estados; as milícias locais (xiitas, sunitas anti-fascistas e outras). Estas são as forças no terreno que poderão ser o suporte das acções aéreas e simultaneamente as que consideram as acções aéreas um suporte para a sua movimentação. O problema é que a coligação exclui a maioria destas forças. Ao excluir o governo sírio exclui as forças armadas sírias e todas as milícias pró-governamentais sírias (BAAS, curdos, xiitas). Ao excluir o Irão cria desconfianças no campo xiita, que no caso iraquiano reflectem-se nas alianças politicas. Ao apoiar, na Siria, as milícias anti-governamentais esta a reduzir a base de suporte operacional da coligação neste país (não esquecer, também, que os curdos,  têm um acordo com Bashar). Por outro lado nada está a ser feito em termos de captação e de mobilização das maiorias sunitas, que constituem o suporte do ISIS.

Os USA não conseguem entender a estrutura de alianças no mundo islâmico, em geral e no mundo árabe em particular, embora falem muito sobre isso e publiquem toneladas de papel referenciando o assunto. Ao partirem para o campo de analise com pressupostos baseados nos mitos da "liberdade e democracia do Ocidente", do "despotismo oriental", do "choque de civilizações" e outras barbaridades do género, os USA não podem esperar fazer uma analise correcta de uma situação que ocorre a milhares de quilómetros das suas fronteiras, no mundo cultural diferente do seu e que apenas USA interferiram e interferem em função dos seus interesses imperiais, com uma atitude colonialista, desprezando povos, culturas e História.

As intervenções norte-americanas no mundo islâmico geraram expectativas, primeiro, duvidas, depois e revolta logo de seguida. Os povos do mundo islâmico aspiram a regimes democráticos, onde as liberdades, direitos e garantias sejam uma realidade. Aspiram á justiça social, a uma vida melhor, a condições de saúde e de educação e a construir um mundo onde os seus filhos vivam com dignidade. Nesse sentido as suas aspirações são as mesmas de qualquer cidadão dos USA e da U.E., do mundo ocidental, da cultura "cristã". Os parâmetros são os mesmos e os anseios e esperanças têm o mesmo teor, assim como a dignidade e o direito a uma vida condigna. O problema não é o Islão, não são os sunitas, nem o fundamentalismo teológico. O problema é o fascismo que se faz sentir a Oriente e a Ocidente, como reacção aos novos paradigmas colocados pela economia-mundo e que não encontram resposta nos dois principais arsenais ideológicos do capitalismo (liberalismo e socialismo).

continua

UE - Londres: Modelo negra sofre racismo e é chutada por homem branco em metrô



Modelo considerada uma das mulheres mais bonitas da Inglaterra foi chutada, empurrada e chamada de “negra filha da p*” por um homem branco. “O que mais me choca é que muitas pessoas testemunharam a agressão e nada fizeram”, diz

A modelo londrina Mahaneela Choudhury-Reid, de 21 anos, sempre aparece nas páginas de revistas da Inglaterra como uma das mulheres mais bonitas e estilosas do país. Mas na última quarta-feira, as agressões sofridas por ela na estação Regents Park, da capital, estamparam os jornais. Mahaneela afirma ter sido chutada, empurrada e chamada de “negra filha da p*” por um homem branco, careca, de óculos e bem vestido. Após denunciar o caso no Twitter, o nome da modelo ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter do país.

“Esta manhã, na estação de Regents Park I foi vítima de um ataque por motivos raciais. Entrei no elevador com pelo menos quinze outras pessoas. As portas estavam se fechando e eu estava de frente para ela. De repente, um homem branco com cerca de 45 anos me empurrou com força total com as duas mãos sobre os meus ombros para dentro do elevador. Ninguém reagiu. À medida que o elevador subia, eu me virei para encarar o homem que estava de costas para mim. Ele continuou a me empurrar e ninguém reagiu”, contou a moça na rede social.

Logo após o desabafo, Mahaneela ganhou apoio dos seguidores. O homem ainda não foi identificado, mas diretor de operações do metrô de Londres, Phil Hufton, afirmou que a empresa vai investigar o incidente. As informações são do site London 24.

“Todos os nossos clientes têm o direito de utilizar os nossos serviços sem medo de ser maltratado. Nós não vamos tolerar um comportamento ofensivo em relação aos nossos clientes ou funcionários e nós incentivamos essa cliente a relatar o incidente à Polícia de Transporte Britânica. Vamos trabalhar com eles para investigar a fundo este incidente”.

Hufton completou, afirmando que todos os 700 funcionários da polícia de transporte têm trabalhado para evitar casos como este nas estações de metrô. Mahaneela afirmou que vai denunciar o caso à PTB (Polícia de Transporte Britânica) e também mandou uma mensagem através do Twitter para as testemunhas da agressão.

“Para todos os adultos que presenciaram o que aconteceu esta manhã na estação Regent Park, que vergonha. Este é um exemplo clássico do “efeito de proximidade”, em que as pessoas não sentem a necessidade de agir, porque eles acreditam que os outros vão intervir. Nós não podemos permitir que as pessoas se comportam dessa maneira, porque perpetua a idéia de que este tipo de ataque é aceitável. As pessoas precisam resistir a qualquer tipo de violência / racista atos que eles ver- e acabar com este tipo de discriminação. Não basta pensar que alguém vai lidar com a situação. Se você ver algo que você não concorda, reaja”, finalizou.

Na foto: A modelo Mahaneela Choudhury-Reid foi agredida fisicamente e sofreu insultos raciais (divulgação)


Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook

Brasil: 7,4 MILHÕES DE VOTOS A FAVOR DA REFORMA POLÍTICA




‘Plebiscito’ popular foi realizado na semana da pátria. 97% dos participantes querem uma constituinte exclusiva para o tema

Piero Locatelli – Carta Capital

Mais de 7 milhões de brasileiros querem uma constituinte exclusiva para uma reforma política no país. Esta é a constatação do “Plebiscito Constituinte” feito durante a semana da pátria por 477 organizações em todo o país. Mais de 6 milhões foram às urnas instaladas pelas entidades e outros 1,74 milhões votaram pela internet.

O plebiscito contava com uma única pergunta: “Você é a favor de uma constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político?” Entre os que votaram, 97% foram favoráveis à proposta - cerca de 7,4 milhões de pessoas. Outros 2,75% participaram da consulta e se mostraram contrários à reforma política.

Como não tinha um caráter legal, o objetivo da mobilização era demonstrar o desejo popular por mudanças no sistema político e pressionar o poder público a convocar um plebiscito oficial sobre a reforma política. Entre os apoiadores, estavam o PT, o PCdoB, correntes do PSOL, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o Movimento do Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), pastorais e ONGs.

Candidatos à presidência da República votaram no plebiscito. Entre eles, Marina Silva (PSB), Luciana Genro (PSOL) e o Pastor Everaldo (PSC).

A presidenta Dilma Rousseff declarou apoio às reivindicações, mas não participou da votação alegando que não poderia fazê-lo como chefe de Estado. Dilma lançou a possibilidade de uma Constituinte exclusiva para a reforma política em meio à crise provocada pelas manifestações de junho de 2013. Diante de críticas, inclusive de seus aliados, as ideias foram abandonadas.

Representantes destas organizações disseram que foram bem sucedidas, em balanço feito nesta quarta-feira 24 em São Paulo. “Tenho certeza que foi um grande sucesso, pois dá mais fôlego e vontade para termos uma constituinte oficial. E também não tenho dúvida nenhuma que o nosso plebiscito terá influência na disputa eleitoral,” disse Wagner Freitas, presidente da CUT.

O Brasil já teve outros plebiscitos semelhantes que serviram para pressionar o poder público. O maior deles foi em 2002 contra a Alca, a Área de Livre Comércio das Américas, quando 10,2 milhões de pessoas votaram contra a proposta. O plebiscito contribuiu para que o projeto fosse abandonado.

Próximos passos

A adesão de milhões de pessoas, segundo as entidades, mostra o respaldo necessário para que a constituinte aconteça. Para que ela seja convocado, é necessário um decreto legislativo, que só pode partir do próprio Congresso Nacional e por ele ser aprovado. Legalmente, a presidenta não tem poder para chamar um plebiscito.

A próxima ação das entidades será levar o resultado do plebiscito nos dias 14 e 15 de outubro aos chefes dos três poderes em Brasília.  No mesmo dai, deve acontecer um ato de apoio à proposta nas ruas da capital.

As entidades que organizaram o plebiscito concordam em algumas propostas mais específicas, como o fim das doações privadas a candidatos. As organizações dizem que devem continuar uma campanha  de mobilização, pois ela também evitaria que a reforma tome uma direção contrária a seus propósitos.

“A nossa expectativa é fazer grandes debates elaborando qual é a natureza de uma reforma política. A reforma, e o resultado dela, será fruto das mobilizações que nós vamos fazer. Se tivemos uma reforma em que não haja participação popular, o resultado vai ser outro,” diz João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST.

Brasil – Eleições: Boff explica por que deixou de apoiar Marina para defender Dilma




O teólogo e escritor esteve ontem em Fortaleza e visitou O POVO. Apoiador de Marina em 2010, ele explica o porquê de não estar mais ao lado da candidata e defender a reeleição de Dilma, em quem não votou há quatro anos

Para o teólogo Leonardo Boff, a política de Marina Silva não traz nada de nova. “Ela reproduz as grandes teses do neoliberalismo”, critica o teólogo, que ontem visitou O POVO.

Em 2010, Boff tinha opiniões diferentes sobre Marina: no primeiro turno, ela contou com seu apoio e com o discurso de Boff no lançamento da sua candidatura para presidente pelo Partido Verde. Mesmo sabendo, segundo ele, que ela não ganharia, o apoio se deu por ela ser, então, a única que defendia a causa ambiental.

Mas em 2014, Boff apoia Dilma Rousseff (PT) e critica Marina. A diferença que surgiu em quatro anos foi que, segundo o religioso, Marina “radicalizou a visão de futuro dela” e se associou a interesses econômicos para compensar, segundo o teólogo da Libertação, sua ausência de “base popular”. Entre os interesses econômicos, ela cita o banco Itaú e a empresa de cosméticos Natura.

O teólogo, porém, afirma que as divergências não surgiram agora. Elas já vêm desde a eleição passada, conforme afirma. Boff é crítico da leitura que sua igreja, a Assembleia de Deus, faz da Bíblia. Segundo ele, Marina é adepta de uma leitura fundamentalista da fé cristã. E isso influenciou, em 2010, nas suas opiniões sobre aborto e casamento gay.

Firmeza nas posições

Na opinião do teólogo, as posições religiosas de Marina apontam também falta de firmeza. Ele cita a questão do casamento gay como exemplo. “Eu não a vejo como tendo energia pessoal, energia política, para conduzir, durante uma crise, o Brasil para um desfecho feliz”.

Propostas da candidata também são criticadas. A independência do Banco Central é uma delas, a qual ele classifica com inconstitucional. “Só existem três poderes independentes: Executivo, Legislativo e Judiciário”, declara. O BC, na opinião de Boff, pode ter relativa autonomia, mas não independência. Em síntese, as propostas de Marina alinhariam o Brasil a um projeto de globalização como sócio menor.

Fé e política

Boff também comentou a relação entre fé e política, que tem sido uma polêmica constante nas duas campanhas presidenciais de Marina. Para ele, “fé é algo estritamente pessoal”, entretanto, o Estado laico permite que as pessoas expressem suas opiniões e “se aceita o consenso dominante, porque assim se fundamenta a democracia”.

Saiba mais

1. CONFUSÃO
Em entrevista à radio O POVO/CBN, Boff brincou com as frequentes confusões que fazem, trocando seu nome pelo de frei Betto. “Quando me chamam de Betto, eu respondo. Quando chamam ele de Boff, ele responde”.

2. CRIAÇÃO
Ao fim da entrevista ao O POVO, Boff disse à equipe de reportagem que “o bom jornalista escuta tudo isso e acrescenta um pouco mais. Ele cria”.


Brasil – Eleições: CANDIDATOS, TODOS IGUAIS?



Frei Betto, Rio de Janeiro – Correio do Brasil, opinião

Em época de eleição respira-se emoção. A razão entra em férias, a sensibilidade fica à flor da pele. Em família e no trabalho, todos manifestam opiniões sobre eleições ecandidatos.

O tom das opiniões varia do palavrão (a desqualificar toda a árvore genealógica do candidato) à veneração acrítica de quem o julga perfeito. Marido briga com a mulher, pai com o filho, amigo com amigo, cada um convencido de que possui a melhor análise sobre as eleições…

Há quem insista em se manter indiferente ao período eleitoral, embora não o consiga em relação acandidatos, todos eles considerados corruptos, mentirosos, aproveitadores e/ou demagogos.

Não há saída: estamos todos sujeitos ao Estado. E este é governado pelo partido vitorioso nas eleições. Portanto, ficar indiferente é passar cheque em branco, assinado e de valor ilimitado, a quem governa. Governo e Estado são indiferentes à nossa indiferença e aos nossos protestos individuais.

É compreensível uma pessoa não gostar de ópera, jiló ou cor marrom. E mesmo de política. Impossível é ignorar que todos os aspectos de nossa existência, do primeiro respiro ao último suspiro, têm a ver com política.

A classe social em que cada um de nós nasceu decorre da política vigente no país. Houvesse menos injustiça e mais distribuição da riqueza, ninguém nasceria entre a miséria e a pobreza. Como nenhum de nós escolheu a família e a classe social em que veio a este mundo, somos todos filhos da loteria biológica. O que não deveria ser considerado privilégio por quem pertence às classes média e rica, e sim dívida social para com aqueles que não tiveram a mesma sorte.

Somos ministeriados do nascimento à morte. Ao nascer, o registro segue para o Ministério da Justiça; vacinados, Saúde; ao ingressar na escola, Educação; ao arranjar emprego, Trabalho; ao tirar habilitação, Cidades; ao aposentar-se, Previdência Social; ao morrer, retorna-se ao Ministério da Justiça. E nossas condições de vida, como renda e alimentação, dependem dos ministérios da Fazenda e do Planejamento.

Em tudo há política. Para o bem ou para o mal. Há política até no calendário. Dezembro, deriva de dez; novembro, de nove; outubro, de oito; setembro, de sete.

Outrora, o ano tinha dez meses. O imperador Júlio César decidiu acrescentar mais um em sua homenagem. Criou julho. O sucessor, Augusto, não quis ficar atrás. Criou agosto.

Como os meses se sucedem na alternância 31/30, Augusto não admitiu seu mês ter menos dias que o do antecessor. Obrigou os astrônomos da corte a equipararem agosto e julho em 31 dias. Não titubearam: arrancaram um dia de fevereiro e resolveram a questão.

O Brasil é o resultado das eleições de outubro. Para melhor ou pior. E os que o governam são escolhidos pelo voto de cada eleitor.

Faça como o Estado: deixe de lado a emoção, pense e vote com a razão. As instituições públicas são movidas por políticos escolhidos por nós e pessoas indicadas por eles. Todos os funcionários são nossos empregados.

*Frei Betto,  é escritor e assessor de movimentos sociais.

Portugal: PERDOA-ME



José Manuel Pureza – Diário de Notícias, opinião

O cinismo é estratégia da direita governamental para apoucar a democracia constitucional em Portugal. A direita nunca contesta de frente o modelo constitucional de democracia. O que faz é dizer-se sua cumpridora com a mesma sinceridade com que Mourinho elogia Jorge Jesus. Nessa entronização do cinismo, Passos Coelho cometeu um só deslize quando proferiu o célebre "que se lixem as eleições". Fora isso, a direita governamental tem sido exímia na construção de uma relação de cinismo para com as regras da democracia política e social. Juras solenes de respeito pelas decisões do Tribunal Constitucional vão a par de pressões indisfarçadas e de pretensões de eliminação dessa "força de bloqueio". Proclamações de respeito casto pelo direito de manifestação são a contraface benigna de sucessivas iniciativas políticas e legislativas de agressão gratuita contra a vida das pessoas. E por aí fora. O cinismo é isso: arrasar convictamente enquanto se cumpre, sem um pingo de sinceridade, a formalidade de "expressar respeito" pelo arrasado.

Agora o cinismo da direita governamental ganhou outra ferramenta: o pedido de desculpas. O ministro da Educação chefia, com fé e convicção profundas, uma empreitada de expulsão de professores do sistema de ensino. Faz uso de todos os meios para que sejam eles a desistir por desmoralização e exaustão. A informática encarrega-se de ajudar na cruzada. E Nuno Crato, solícito, pio, com arrependimento emocionado, pede desculpa "aos senhores professores, ao país, aos senhores deputados", enfim ao mundo. A ministra da Justiça comanda politicamente uma operação que resulta no colapso dos tribunais. Contra tudo e contra todos, Paula Teixeira da Cruz decidiu pôr em marcha uma revolução radical do mapa judiciário assumindo o risco de que a redistribuição informática de milhares e milhares de processos pudesse não funcionar. Não funcionou. E a ministra veio solícita, pia, com arrependimento emocionado, pedir desculpa aos senhores juízes, aos senhores advogados, ao país, aos senhores deputados, enfim ao mundo.

Nuno Crato e Paula Teixeira da Cruz lesaram gravemente os direitos fundamentais de milhares de cidadãos. Lesaram gravemente o interesse público. Em democracia, Nuno Crato e Paula Teixeira da Cruz são politicamente responsáveis por toda a atuação dos ministérios que chefiam. O colapso dos tribunais não é uma questão informática pela qual pague um programador informático. O colapso da colocação de professores não é uma questão técnica pela qual pague um diretor-geral. Ambas são questões políticas de primeira importância pelas quais, numa democracia a sério, pagam politicamente os responsáveis governamentais.

Os dois ministros pediram desculpa. E depois? Houve para ambos alguma consequência institucional das suas clamorosas falhas políticas? Não. O pedido de desculpa é um gesto cínico de escape à responsabilidade política por quem a deve assumir.

Pelo andar da carruagem, Passos Coelho virá a público um destes dias pedir desculpa por ter tido um utilíssimo ataque de amnésia a respeito do dinheiro que recebeu há uns anos e que não podia ter recebido por ele próprio ter reclamado para si tratamento próprio de deputado em exclusividade. Vai ser difícil desculpar. Afinal de contas, não foi Passos Coelho que ensinou o país que quem viveu acima das suas possibilidades (legais, neste caso) deve pagar por isso? E não foi a direita governamental que sempre exigiu aos beneficiários dos apoios do Estado que expliquem muito bem explicadinho o dinheiro que têm na conta?

Portugal: MIGUEL RELVAS RECUSA COMENTAR CASO TECNOFORMA




Miguel Relvas, antigo braço direito de Passos Coelho, não quer falar sobre o caso Tecnoforma. Contactado pela Antena 1, o ex-ministro deste Governo afirma apenas que está fora da política e por isso não faz qualquer declaração.

A Tecnoforma, uma empresa de que Passos Coelho foi consultor e administrador, dominou por completo na região Centro um programa de formação profissional destinado a funcionários das autarquias, o qual era tutelado por Miguel Relvas. Na altura o social-democrata era secretário de Estado da Administração Local.

Mário Cruz – Lusa, (ontem) em Aqui Tailândia, publicada por José Martins 

Portugal: PASSOS COELHO É UM ANJO E OS PORTUGUESES SÃO MASOQUISTAS




Excelente imagem do anjinho Passos. Digna das nossas imagens escolhidas. Muitas, como esta, do autor do We Have Kaos in the Garden, aqui reproduzidas. Mais uma Imagem Escolhida de um PM e de um governo que não escolhemos.

Passos Coelho acaba por ser ilibado das acusações de salafrário no que chamaram Caso Tecnoforma e que também no Página Global abordámos. Já sabíamos. Os portugueses já sabiam que esta "novela" ia acabar assim. Algures em artigos de abordagem ao assunto previmos que toda esta chinfrineira ia acabar em nada. Até foi insinuado que não era preciso irmos à bruxa... Mas por acaso fomos. E a bruxa tem opinião e fez afirmações avessas à limpeza que estão a fazer a Passos. 

A bruxa afirmou que este caso "não acaba aqui e Passos Coelho vai ter de prestar contas superiormente, a Deus". Pois. Passos é um anjo em Portugal mas depois é que vão ser elas! Pois. O que for soará. Diz a bruxa que Passos vai voltar a ser eleito para primeiro-ministro no próximo ano. Portugueses masoquistas... (MM/PG)

Estudantes do ensino secundário juntam-se a protestos pela democracia em Hong Kong




Hong Kong, China, 26 set (Lusa) -- Cerca de mil estudantes de escolas secundárias de Hong Kong, muitos envergando os uniformes e desafiando os pais, juntaram-se ao protesto pró-democracia hoje contra a recusa de Pequim em garantir pleno sufrágio universal.

Os jovens rumaram ao complexo de Tamar -- que alberga o gabinete do chefe do Executivo, o Conselho Legislativo (parlamento) e as principais secretarias da Região Administrativa Especial chinesa de Hong Kong --, engrossando o protesto dos estudantes universitários, que partiu de um boicote de uma semana às aulas, iniciado na passada segunda-feira.

Grupos de estudantes lideram uma campanha de desobediência civil ao lado de ativistas pró-democracia em protesto contra a decisão de Pequim, anunciada a 31 de agosto, a qual prevê que o futuro chefe do Executivo seja eleito por sufrágio universal em 2017, mas somente depois da seleção prévia por uma comité de nomeação de dois ou três candidatos.

No lançamento da ação de boicote, na segunda-feira, os organizadores dizem ter atraído 13 mil estudantes ao 'campus' da Universidade Chinesa de Hong Kong, numa ação que veio imprimir um novo fôlego à campanha pela democracia na antiga colónia britânica.

Na noite de quinta-feira, ao quarto dia do boicote, cerca de 2.000 pessoas levaram o protesto para a residência do chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, a qual 'cercaram' na esperança de poder dialogar diretamente com ele. Segundo os dirigentes estudantis, foram 4.000. Até ao momento, Leung Chun-ying recusou falar com os estudantes ou encontrar-se com os seus representantes que tinham lançado dois dias antes uma espécie de ultimato, ameaçando com uma escalada das ações de protesto, caso o diálogo não tivesse lugar num prazo de 48 horas.

Os protestos prosseguiam esta manhã, com cerca de 900 alunos de escolas secundárias a reunirem-se no exterior do complexo, gritando: "Nós queremos eleições reais, não falsas".

O início da agitação estudantil surgiu uma semana depois de mais de 1.500 ativistas terem marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes faixas e cartazes por um sufrágio universal genuíno.

Esse figurou com o primeiro protesto considerável desde que a Assembleia Nacional Popular decidiu, no final de agosto, que os aspirantes ao cargo vão precisar de reunir o apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão então selecionados.

Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de 'triagem'.A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.

Uma coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento "Occupy Central" -- rotulou o plano de Pequim de "falsa democracia" e prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao distrito financeiro de Hong Kong.

A reforma proposta por Pequim carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, sendo que 27, do campo pró-democrata, anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.

DM - Lusa

Descida das receitas do jogo é grande desafio do chefe do Governo de Macau -- académico




Macau, China, 26 set (Lusa) -- O académico Bill Chou considerou hoje que a descida das receitas de jogo em Macau não é um fenómeno temporário e constitui um dos maiores desafios para o recém-eleito chefe do Governo, defende o académico, que hoje participou num debate sobre o tema em Hong Kong.

"Acho que vão continuar a descer, não há qualquer indicação que as autoridades da China Continental vão abrandar na sua campanha anticorrupção", explicou Bill Chou, professor de Ciência Política, que hoje participou no debate "O desenvolvimento de Macau após a reeleição do chefe do executivo Fernando Chui [Sai On]" no Instituto de Educação de Hong Kong.

Para Bill Chou, foi nesse sentido que surgiram as palavras do Presidente chinês, que recebeu Chui Sai On a 22 de setembro e o congratulou pela reeleição. "O ambiente interno e externo de Macau tem testemunhado grandes mudanças e isso vai exigir um melhor trabalho por parte da nova administração", disse Xi Jinping.

Na interpretação do académico, o "Presidente Xi já avisou Chui Sai On para que se prepare porque as receitas dos casinos vão continuar a descer".

Outro grande desafio prende-se com o próximo chefe do Governo. "Vai ter de identificar o seu sucessor. Claro que não vai tomar uma decisão final, mas vai ser um papel [na escolha], Pequim vai pedir a opinião dele", disse.

O académico explicou que, ao contrário do que aconteceu no passado, os poderes locais "estão divididos" neste assunto. Seria expectável, lembrou, que o próximo chefe do Governo pertencesse à família de Ma Man Kei (empresário e um dos líderes da comunidade chinesa local recentemente falecido), já que é a única das três grandes famílias poderosas em Macau - Ho, Chui e Ma - que ainda não teve um chefe do executivo (antes de Chui Sai On, o cargo foi ocupado por Edmund Ho).

No entanto, o empresário e membro do Conselho Executivo Lionel Leong também tem surgido como um candidato potencial. "Não é da família Ma, por isso os poderes locais estão divididos", defendeu.

O académico disse acreditar que a ascensão de Lionel Leong é também explicada pelo facto de a família Ma estar hoje pouco representada na política. "Os Ma estão em desvantagem", comentou.

Entre os desafios de Chui Sai On para os próximos cinco anos está também uma revisão do sistema eleitoral da Assembleia Legislativa.

Hoje, num hemiciclo de 33 deputados, 14 são eleitos pela via direta, 12 pela via indireta e os restantes são nomeados.

"Há pressão do campo pró-Pequim, que está mais dividido, para se aumentarem os assentos por via direta, ou até indireta", explica.

Por fim, Chui Sai On enfrentará um maior descontentamento social, defende Chou. Depois de um primeiro mandato em que assistiu à maior manifestação desde 1989, esperam-se mais: "Contra os preços da habitação, os transportes, os salários. O Governo terá de enfrentar estas questões".

Bill Chou, que é também vice-presidente da maior associação pró-democracia de Macau, acredita que o Governo está "menos tolerante e menos disposto a lidar com o descontentamento social".

O especialista em Ciência Política foi, até agosto, professor na Universidade de Macau, altura em que o seu contrato não foi renovado. O académico disse acreditar que foi afastado devido ao seu envolvimento com o movimento pró-democracia. A universidade nega esta justificação, dizendo que o professor violou normas internas da instituição.

ISG // VM - Lusa

Xanana Gusmão critica ONU e pede agenda de desenvolvimento transformadora




Nova Iorque, Estados Unidos, 26 set (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, criticou hoje em Nova Iorque, num discurso proferido na 69ª Assembleia-Geral da ONU, a "prática incorreta" das organizações internacionais de medir o mundo e pediu uma agenda de desenvolvimento "verdadeiramente transformadora".

"Vamos entrar no ano de 2015, sabendo que 2,2 mil milhões de pessoas do mundo estão já ou vão entrar na faixa da extrema pobreza sem sequer conhecer o que são os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio", afirmou Xanana Gusmão.

"É, portanto, para nós aqui presentes uma oportunidade histórica para partilharmos as nossas reflexões sobre os imensos desafios que temos pela frente de forma a delinearmos uma agenda verdadeiramente transformadora onde nenhum país fique para trás", disse Xanana Gusmão.

No discurso, o primeiro-ministro timorense chamou também a atenção para o que considerou a "prática incorreta das organizações internacionais de medir o mundo", colocando no "mesmo saco" os 193 países membros da ONU.

"Esses índices da economia de desenvolvimento estabelecem escalas de valores não só injustas, como desmotivadoras para a maioria dos países subdesenvolvidos", alertou o primeiro-ministro timorense.

Xanana Gusmão deixou também críticas às Nações Unidas, afirmando que para responder aos desafios mundiais é preciso uma organização mais "operante, mais ativa e menos estereotipada".

Para o chefe do Governo timorense, a ONU tem de trabalhar em cooperação estreita com as outras organizações, sobretudo, regionais e atuar com "profundo respeito pela soberania de cada Estado e pelas suas idiossincrasias".

"Todas as ações levadas a cabo têm sido apenas uma continuidade de medidas exercidas que na maioria dos casos não produziram resultados muito positivos", afirmou.

MSE // JCS - Lusa

Timor-Leste apela na ONU para apoio internacional à Guiné-Bissau




Nova Iorque, Estados Unidos, 26 set (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, apelou hoje, no discurso proferido na 69ª Assembleia-Geral da ONU, a decorrer em Nova Iorque, Estados Unidos, para a comunidade internacional apoiar a Guiné-Bissau.

"Aproveito para fazer um apelo a todos os países aqui presentes para se juntarem a Timor-Leste e aos parceiros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) para em cumprimento com os mais altos valores da solidariedade internacional apoiarem a consolidação dos ganhos alcançados pelos guineenses", afirmou Xanana Gusmão.

Segundo o chefe do governo de Timor-Leste, que assumiu a presidência da organização lusófona em julho, é "urgente" criar as condições para a Guiné-Bissau possa passar da "fragilidade à resiliência através do apoio à capacitação das instituições do Estado".

"A Guiné-Bissau necessita da reabilitação da sua administração pública e das instituições do Estado, da reforma do setor de defesa e segurança pela modernização das suas forças e de um impulso financeiro para relançar a sua economia", salientou Xanana Gusmão.

O primeiro-ministro timorense informou também que no âmbito da CPLP, Timor-Leste quer colaborar com as autoridades guineenses e com os parceiros internacionais para a "urgente realização" de uma conferência internacional de ajuda, para abordar assuntos como os salários em atraso na função pública guineense, segurança alimentar, fornecimento de combustível e saúde.

MSE // JCS - Lusa

Moçambique – Eleições - Dhlakama não tem dúvidas: “Estou a ver que em Niassa já ganhei”




Afonso Dhlakama aterrou no aeroporto de Lichinga, província de Niassa, por volta das 16h20 de ontem e foi recebido por um “banho de multidão” que mal o viu começou a gritar em coro contínuo: “já ganhou!”. Perante a emoção persistente da população, o candidato da Renamo rendeu-se e declarou de viva voz que “estou a ver que em Niassa já ganhei”.

O cenário surpreendeu, sobremaneira, o próprio candidato da Renamo, porque sabe que não goza de uma simpatia folgada naquela província, como acontece noutros pontos do país. No Niassa, o voto é disputado até à última contagem pelos dois grandes partidos, se olharmos para as eleições anteriores, mas desta vez só depois do dia 15 de Outubro é que se pode saber se a tradição se mantém ou se se abre uma nova página de hegemonia de um dos dois.

Dois aspectos chamaram atenção na recepção a Dhlakama no Niassa. Primeiro, atendendo que era aguardado pela população local desde as primeiras horas do dia e só apareceu oito horas depois, e mesmo assim poucos desistiram, pode ter um significado para os analistas. Segundo, porque Niassa é a província mais extensa e com menor densidade populacional a nível nacional (com 9,5 habitantes por km2), o que pode levar-nos ao entendimento de que para se formar aquela moldura humana que recebeu Dhlakama as pessoas saíram de zonas longínquas para ver de perto e ouvir o líder da Renamo.

O País (mz)

Leia mais na edição impressa do «Jornal O País»

Moçambique - Eleições: Candidatos prosseguem campanha com promessas e esperanças



Nyusi saúda FADM

O candidato da Frelimo às eleições presidenciais de 15 de Outubro, Filipe Nyusi, saudou as Forças Armadas de Defesa e Moçambique (FADM) pela sua valentia na manutenção da paz, defesa da pátria e da integridade territorial.

A saudação foi feita quarta-feira no distrito de Marínguè, em Sofala, no início da sua campanha de ‘caça’ ao voto nesta província que, entretanto, foi interrompida ontem para permitir que o candidato da Frelimo às presidenciais participasse, em Maputo, nas cerimónias centrais do Dia das Forças Armadas e do 50.º aniversário do desencadeamento da luta armada de libertação nacional. No comício em Marínguè, Nyusi disse que o desenvolvimento que ocorre no país e o próprio exercício de campanha eleitoral só se tornam possíveis graças aos “homens do 25 de Setembro”, aqueles que sacrificaram a sua juventude pela libertação da pátria e conquista da independência nacional. Por outro lado, o candidato presidencial do partido no poder expôs as principais linhas da sua governação para o quinquénio que se segue, referindo-se, de forma particular, à necessidade de aumentar a construção de escolas e de hospitais, sobretudo nos lugares onde estas infra-estruturas básicas não existem e também da extensão das redes de energia eléctrica e de abastecimento de água para os postos administrativos, localidades e bairros.


Dhlakama pede votos em Montepuez

O candidato da Renamo às presidenciais, Afonso Dhlakama, pediu ontem à população de Montepuez para votar nele e no seu partido nas eleições do próximo mês de modo a dar-lhes uma oportunidade para governarem num ambiente de verdadeira democracia.

Falando num comício popular realizado na sede deste distrito, Dhlakama disse que desde os primórdios da independência nacional ele e a Renamo têm lutado pela democracia no país, um sistema que foi implementado a partir de 1994 após a assinatura do Acordo Geral de Paz em Roma, a 4 de Outubro de 1992. Segundo a deputada Ivone Soares, o candidato da Renamo disse ainda que ao votarem no seu partido os moçambicanos estão a garantir que a Assembleia da República produza leis democráticas que vão reforçar o Estado de Direito que o país está a construir.  

Ainda ontem Afonso Dhlakama deixou a província de Cabo Delgado com destino ao Niassa, onde hoje começa a sua “caça” ao voto.

Oportunidade para todos

O candidato do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, disse que caso vença as eleições de 15 de Outubro irá trabalhar para que todos os moçambicanos tenham oportunidades iguais para o emprego, habitação, saúde, educação, entre outras actividades que permitam a melhoria constante da sua qualidade de vida.

Falando em comícios separados nos distritos de Zavala e Inharrime, em Inhambane, Simango prometeu, ainda, mecanizar a agricultura, alargar o sistema de abastecimento de água e energia eléctrica de Quissico e Zavala, para além de implementar uma boa governação virada para resultados. Daviz Simango está em Inhambane desde a noite da passada quarta-feira e faz-se acompanhar de um forte dispositivo de segurança, depois de se ter visto envolvido em escaramuças eleitorais que tiveram lugar na vizinha província de Gaza envolvendo membros e simpatizantes do MDM e da Frelimo.

Notícias (mz) - Título PG

Moçambique: QUE PAÍS PRETENDEMOS CONSTRUIR?



Verdade (mz) - Editorial

Moçambique é, de acordo com a Constituição da República, um Estado de Direito, baseado no pluralismo de expressão, na organização política democrática, no respeito e na garantia dos direitos e liberdades fundamentais do homem. Nesse sentido, sem a preocupação rigorosa com a definição do termo, entende-se que a Democracia não pressupõe apenas a liberdade de os indivíduos escolherem os seus representantes, mas também ela assenta na cultura cívica, uma vez que se trata de um aspecto importante na consolidação democrática.

A cultura cívica deve ser demonstrada por via da tolerância, da liberdade política e, também, através da união, não obstante as nossas diferenças ou cores partidárias. Porém, nos últimos dias, sobretudo desde o arranque da campanha eleitoral, a realidade tem provado o contrário, levantando, assim, algumas questões relativamente ao modelo de país que pretendemos construir para as gerações vindouras.

Especificamente, nesta semana, assistimos, inquietos e perplexos, à reiteração de uma atitude que, impetuosamente, mancha a nossa jovem Democracia, protagonizada por um grupo de membros e simpatizantes do partido Frelimo na província de Gaza, frustrando as melhores expectativas criadas pelas declarações de cessar-fogo assinadas recentemente, e não só.

No seu generalizado subdesenvolvimento político e na sua cegueira partidária, aquele grupo de indivíduos usou a violência para impedir que o candidato a Presidente da República pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e os seus seguidores fizessem o seu trabalho de caça ao voto naquela circunscrição geográfica.

A província é tida como bastião da Frelimo, mas isso não constitui motivo para justificar actos de má conduta eleitoral. Esse facto vergonhoso vem provar que, ao contrário do que se pensava, algumas pessoas ainda não atingiram a maturidade política ao ponto de entenderem que todo o moçambicano tem o direito a filiar-se em qualquer partido e a demonstrar, livremente, as suas simpatias políticas no território nacional.

Face àquela situação brutal cuja finalidade era impedir o MDM de levar a cabo a sua campanha naquela região, o que a Polícia, a Procuradoria da República e a Comissão Nacional de Eleições fazem? Nada, infelizmente. Na verdade, eles fazem o pior: continuam a fingir que o problema não lhes diz respeito. Se tivesse sido um partido da oposição a promover aqueles actos de vandalismo, certamente que o tratamento seria outro.

É só olharmos para os casos que a nossa Polícia apresenta todas as semanas relacionados com a campanha eleitoral para se perceber a intenção deliberada por parte daqueles organismos que têm a obrigação de salvaguardar a integridade de todos os moçambicanos, independentemente das suas cores partidárias. É, portanto, deveras deprimente essa atitude vil e devia corar-nos de vergonha a todos nós como um país que pretende construir uma nação baseada nos princípios de justiça, integridade, liberdade de expressão, unidade nacional e humanismo.

Cabo Verde: O FALHANÇO DO GOVERNO É EVIDENTE E ASSUSTADOR




Este Governo já vem prometendo mundos e fundos a este sacrificado povo, desde as eleições de 2001 e, apesar do falhanço, continua com a sua demagogia de promessas e investimentos obscuros.

Carlos Fortes Lopes, M.A. – A Semana (cv), opinião

De crescimento médio de dois dígitos a desemprego a um digito, (este ultimo baseado numa estratégia de promoção do turismo nacional que ainda está por acontecer), a fazer de Cabo Verde um hub aeroportuário e portuário, uma praça financeira internacional, com ética e num ambiente fiscal sustentável, o crescimento tem ficado pelos meros 0,2%, o desemprego tem aumentado, o turismo está uma bagunça autentica, os hubs encontram-se ainda mergulhados no Banho Maria, sem ética e num ambiente fiscal de perseguição empresarial privado.

Uma autentica afronta aos investimentos privados, neste país.

Todas essas promessas absurdas e corriqueiras ficaram nas pastas corruptas de governação, o que indica que existe uma crise governamental insuportável e alarmante, capaz de gerar uma crise nacional insuportável e demolidora.

Este Governo que continua desesperadamente a insistir em culpar a crise internacional, não pretende, de forma alguma, ser sincero para com este povo sofredor, optando pela veracidade dos factos actuais que apontam para uma governação danosa e corrupta, em todos os níveis.

A especulação imobiliária, criada para satisfazer os interesses pessoais dos responsáveis máximos do Cabo Verde Investimentos acabou por afugentar os investidores, deixando o país à mercê das tiranias governamentais de controlo total dos créditos bancários nacionais.

Milhões têm sido desperdiçados em obras de infra-estruturação do país, (objectos de campanha política), o que poderia ter sido gerido de outra forma e dado melhores resultado, com o desenvolvimento de todas as ilhas do Arquipélago e não apenas uma ilha, com é um facto actual.

Com uma gerência imparcial, sem interesses pessoais, dos bens nacionais, a ocupação das ZDTI estaria, actualmente, a oferecer uma outra qualidade turística de oferta de serviços com unidades de pequena a média dimensão, oferecendo uma grande diversidade de produtos e equipamentos de animação, para complementar as actividades turísticas da abandonada ilha do Maio e outras localidades nacionais abrangidas pelas leis do ZDTI.

Contudo, como a insensibilidade humana dos políticos é a luz e guia das políticas desse grupo que já apoderou do psíquico da maioria da população deste arquipélago, fazendo valer as suas práticas ditatoriais bem estudadas durante os quinze anos de partido único e mais estes últimos 15 de demagogias políticas de governação semi-democrática.

A Voz do Povo Sofredor

Na foto: José Maria Neves, primeiro-ministro de Cabo Verde

Mais lidas da semana