terça-feira, 21 de abril de 2015

TRISTES E SOLIDÁRIOS MAS VÃO MORRER LONGE, OK?



Pedro Tadeu – Diário de Notícias, opinião

1. Ouvi durante todo o dia uma série de banalidades condoídas sobre a tragédia no Mediterrâneo, às portas de Itália, a somar pelo menos 700 mortos à lista quase diária de imigrantes africanos que se afogaram a tentar entrar na Europa. Palavras tristes, do fundo do coração. Despertaram em mim, porém, a necessidade de retribuir com outras banalidades, temperadas pela autenticidade de um sentimento também humano e genuíno: raiva.

Esta emoção foi-me dada pelas palavras, à TSF, do, até há meses, presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Depois de expressar tristeza e solidariedade, belos sentimentos, o português que liderou durante dez anos a Europa atirou toda a responsabilidade pela incapacidade em salvar estas hordas de desesperados aos países onde elas desembarcam à procura de ganhar uma vida, depois de desafiarem a morte no mar.

"Quando a agência europeia Frontex começou a trabalhar só tinha 60 pessoas. É menos do que uma esquadra de polícia em Paris", queixou-se Durão para, a seguir, concluir: "Como é que se pode responder aos problemas da imigração ilegal e clandestina com esse número de pessoas?"

Isto para mim diz o seguinte: "Não vamos falar das responsabilidades europeias pelo que se passa na Síria ou na Líbia, ignoremos décadas de achas mandadas para a fogueira no Médio Oriente ou inúmeros massacres em África acionados por mão escondida do Ocidente. Ignoremos toda a história do pós-guerra e a que se escreveu nos últimos anos. Não falemos do que fazemos cá dentro aos imigrantes. O que é preciso é fortalecer o Frontex. É preciso é controlar as águas do mar e devolvê-los à procedência, limpos, secos e com uma injeção contra a malária. Temos muita pena, sinceramente, mas, se fizerem favor, como é costume, vão mas é morrer longe."... Que raiva!

2. São muito justas todas as homenagens ao malogrado jornalista Tolentino da Nóbrega pelo trabalho corajoso que fez para o Público na Madeira jardinista. Há até um abaixo-assinado a propô-lo para a Ordem da Liberdade... Certo. Espanta-me é toda esta gente andar a disputar há semanas o Prémio Pulitzer da elegia fúnebre sem dizer uma simples palavra de agradecimento aos vivos que fizeram e fazem com que haja jornalismo decente na Madeira.

Ainda houve, vá lá, quem lembrasse Lília Bernardes, durante 23 anos repórter, com mérito, para o Diário de Notícias. Penso, sobretudo, nos jornalistas do Diário de Notícias da Madeira, vencedores de dificuldades ainda maiores que as dos correspondentes do continente, liderados por Ricardo Oliveira na missão quotidiana de dignificarem a sua profissão... Também eles estão longe de nós, não é?

Militares portugueses vão para o Iraque ajudar a combater o Estado Islâmico



Manuel Carlos Freire – Diário de Notícias

Revelação foi feita pelo embaixador dos EUA que é representante adjunto do presidente Barack Obama para a coligação internacional. Portugal decidiu em dezembro, mas mantinha a operação em segredo.

Os portugueses sabiam desde dezembro que o país iria apoiar a coligação internacional que vai combater o chamado Estado Islâmico. Mas não como, quando, onde, com quem e por quanto tempo. Descobriram agora, numa entrevista dada em Lisboa pelo representante adjunto do presidente Barack Obama para a coligação internacional contra o chamado Estado Islâmico.

Segundo o embaixador Brett McGurk, numa entrevista que a RTP1 divulgou parcialmente na passada quinta-feira, "a iniciativa de treino em que Portugal vai participar é muito importante porque as forças de segurança iraquianas entraram em colapso no verão passado".

Ora o Conselho Superiro de Defesa Nacional (CSDN), de acordo com o comunicado da reunião de dezembro passado, apenas "analisou e deu parecer favorável [...] à possibilidade de participação na coligação multilateral no Iraque, no quadro da formação e treino militar".

Na reunião seguinte, a 12 de março, o CSDN comunicou que "deu parecer favorável às seguintes propostas do Governo: participação de oito militares, durante um ano, na operação da UE na República Centro Africana, para apoio às autoridades deste país nos setores da segurança e da gestão das suas forças armadas; participação adicional de um navio Patrulha Oceânico, no âmbito da missão no Golfo da Guiné, aprovada na anterior sessão do Conselho."

Nada sobre a missão em concreto para o Iraque e com quantos militares. Acresce que também não consta da agenda da reunião de quarta-feira do CSDN, segundo diferentes fontes ouvidas pelo DN.

Segundo os dados obtidos pelo DN, há "30 militares do Exército" prontos a ir para o Iraque, por um período inicial de seis meses e para ficarem aquartelados na área de Bagdade.A sua segurança e dos militares dos outros países está a cargo dos EUA e da Espanha, as nações que lideram o grupo onde Portugal se integra.

Os militares aguardam apenas as autorizações de sobrevoo dos países em rota para partir, em princípio numa aeronave militar C-295 da Força Aérea - o que significa que as Forças Armadas receberam instruções para avançar do Governo e que este teve luz verde do CSDN e do Comandante Supremo das Forças Armadas, Cavaco Silva.

Recorde-se que o CSDN reúne esta quarta-feira para autorizar o envio de caças F-16 para uma missão da NATO na Roménia, anunciada pelas autoridades de Bucareste uma semana antes da reunião de março do Conselho - quando o Presidente da República ainda desconhecia a sua realização e qual a composição dessa nova força nacional destacada, o que originou um enorme mal-estar entre Belém e São Bento.

O DN não obteve até agora respostas da Presidência da República nem do Ministério da Defesa sobre a posição do CSDN em relação a esta missão do Iraque.

"Acho muito estranho que essa missão não seja divulgada. É inédito, porque o CSDN divulga sempre" o envio das missões militares para o estrangeiro, comentou ao DN o tenente-coronel paraquedista Miguel Machado, autor do site Operacional, especializado em matérias de Defesa.

"Deve haver uma atitude de transparência e a população tem de ser informada sobre o que as Forças Armadas fazem. Aqui não parece haver questões de segurança, pois é uma missão igual a tantas outras e onde todos os países que participam têm divulgado", observou Miguel Machado.

O apoio de Portugal à coligação internacional, que o embaixador norte-americano Brett McGurk disse já envolver mais de 60 países, foi assumido pelo governo no verão passado. Estando por analisar e decidir os termos dessa participação, foi afastada a possibilidade de envolvimento dos militares portugueses em operações de combate.

Portugal – Amamentação. Ordem dos Médicos garante que há casos noutros hospitais



O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos já está a investigar os casos recentemente revelados e garante que a situação está a acontecer noutros hospitais do Porto.

Miguel Guimarães não tem dúvidas: estão a acontecer noutros hospitais casos semelhantes aos do São João e do Santo António, relatados pelo jornal Público, em que mulheres com licença de amamentação foram obrigadas a espremer leite das mamas à frente de médicos de saúde ocupacional.

"A queixa que temos em janeiro não é do hospital São João nem do Santo António, é doutro hospital do norte", sublinha, concluindo por isso "que isto está a acontecer noutros hospitais".

O presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos não quis adiantar qual o hospital a que se refere a queixa de janeiro, porque o caso ainda está a ser investigado, mas assegura que se trata de um hospital muito próximo do Porto.

Miguel Guimarães suspeita por isso que estejamos perante uma decisão concertada das administrações dos vários hospitais: "Não penso que tenha sido uma ideia isolada de um conselho de administração. Não tenho provas de nada, mas é provável que os conselhos de administração conversem entre si e eventualmente tenham decidido começar a fazer uma coisa deste género para limitar as licenças de amamentação das mães trabalhadoras".

A sanção disciplinar para estes médicos que exigiram prova de evidência de leite nas licenças de amamentação pode ir da advertência à suspensão.

A TSF está a tentar contactar a Associação de Administradores Hospitalares para obter uma reação.

Barbara Baldaia - TSF

Cabo Verde. DA RUA NÃO SE GOVERNA



Expresso das Ilhas, editorial

Os últimos dias não foram bons para a democracia cabo-verdiana. Passou-se a ideia de que se pode governar a partir da rua. Uma lei do Parlamento aprovado por unanimidade dos deputados não mereceu do presidente da república nem 24 de horas de avaliação, ponderação e maturação. Na fundamentação do veto político o PR usou argumentos apresentados nas manifestações populares e nas redes sociais e concluiu que era necessária uma reavaliação do diploma pelos deputados. A pronta reacção das forças políticas representadas no Parlamento foi de abandonar o diploma aprovado e de se declararem indisponíveis para o reapreciar.

Em vários sectores da sociedade, muitos se regozijaram com esse inédito capitular dos órgãos representativos da república perante protestos de alguns milhares de pessoas e perante expressões de desacordo no Facebook, em comentários online e em opiniões nos órgãos de comunicação social. Realmente a rapidez e a facilidade com que todos se libertaram do diploma até podia fazer esquecer que para o aprovar foram precisos anos de negociações com participação activa da direcção dos grupos parlamentares e da chefia do governo. O próprio PR, dias antes da discussão e aprovação da lei, aceitou receber os líderes parlamentares para lhe serem apresentados os consensos conseguidos.

A crise que aflige o sistema político aparentemente tem origem na oposição da nova líder do PAICV a algumas normas do estatuto dos titulares de cargos políticos (ETCP). Uma oposição  que estaria a colocá-la em rota de colisão com o grupo parlamentar do seu partido e com o próprio governo de que faz parte. Há, porém, um problema com essa ideia. Se há crise no Paicv não se vêem as consequências onde elas deviam se manifestar.

 O líder parlamentar, apesar de discordar das orientações da líder do partido em matérias essenciais, não deixa o lugar como é prática generalizada nos regimes parlamentares. Nem a líder que também é ministra não deixa o governo mesmo quando o PM esteve claramente envolvido nas negociações do ETCP que merece publicamente a sua discordância. Durante toda a discussão e aprovação do diploma, o governo manteve-se em silêncio numa atitude de “quem cala, consente” e ela não compareceu aos trabalhos na AN para mostrar o seu desacordo e motivar eventuais apoiantes entre os deputados do Paicv. Apesar das diferenças serem públicas, nem há demissão da ministra nem o PM se disponibiliza a deixar o governo por falta de sintonia com a líder do partido que suporta o governo.

Por outro lado, com a maioria parlamentar e o governo aparentemente inamovíveis perante as demandas da líder do partido, estranha que não ocorra a ninguém ultrapassar o impasse na liderança e na bicefalia no exercício do poder com um congresso extraordinário que fizesse o partido outra vez uno à volta de um líder efectivo. Desconcertante também que ninguém se preocupe com isso mesmo quando forças populistas já se fazem sentir e se mostram passíveis de manipulação. Não são normais conflitos no centro de organizações sem que haja consequências ou um desfecho final. Quando apesar de tudo persistem é porque resultam de encenação ou de actos de ilusionismo com vista a atingir objectivos políticos muito concretos.

Um deles de há muito procurado por certos sectores políticos é o do descrédito do Parlamento e por arrastamento do sistema de partidos e do pluralismo. É relativamente fácil despertar sentimentos anti partidos e anti pluralismo numa sociedade que viveu mais de quarenta anos do Estado Novo de Salazar e depois quinze anos de partido único. Neste momento esse sentimento está ao rubro e certamente que acaba por afectar todas as instituições democráticas, ou pela via de hostilidade directa, ou pela forma como é aproveitado por quem se julga capaz de colher as paixões mobilizadas e torná-las em ganho político permanente.

O presidente da república é um alvo preferido. A natureza suprapartidária do cargo aparentemente fá-lo ideal para ser lançado contra os partidos. Esquece-se que ele não só não pertence aos partidos como também não deve ligar-se a qualquer outra organização. O grupo de cidadãos que o propôs não tem existência para além da eleição. O seu exercício de árbitro e moderador do sistema políticos é um exercício atento mas solitário e não pode dar a ideia de que se submete a pressões exteriores, muito menos a pressões vindas da rua.

Noutras democracias, o governo é o primeiro chamado à liça perante qualquer coisa, seja ela positiva ou negativa. Se em Cabo Verde acontecesse o mesmo, as anomalias no sistema de poder actual, entre o Paicv e as suas e expressões institucionais o governo e a maioria parlamentar seriam facilmente notadas. Mas aqui a tendência geral é não responsabilizar o governo mas sim os “políticos” e canalizar as exigências aos deputados como se tivessem poder executivo. Com tais interlocutores é relativamente fácil protestar mas os problemas do país que em geral dependem de políticas compreensivas do governo correm o risco de ficar por resolver. É a frustração que daí resulta é que depois dá lugar a populismos facilmente aproveitáveis por certos políticos.

Resistir à onda populista é fundamental. Também é essencial exigir que titulares de órgãos de soberania cumpram a sua função assim como projectado na Constituição e não caiam na tentação de elogiar a “rua” para ter ganhos políticos, sacrificando a função e as instituições existentes.  Afinal, não há democracia fora da Constituição e muito menos contra ela”.

Guiné-Bissau quer que profissionais de saúde na diáspora reforcem especialidades




O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, pretende que os profissionais de saúde guineenses que trabalham em Portugal ou noutros países possam acudir à falta de especialistas no seu país de origem.

A ideia foi apresentada na última semana ao primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, referiu hoje o chefe de Governo guineense na chegada ao aeroporto internacional de Bissau, após encontros com diferentes autoridades em Portugal e Espanha.

Domingos Simões Pereira referiu que a medida pode traduzir-se "num mecanismo de cooperação setorial" de maneira a permitir que os profissionais guineenses "residentes e trabalhadores em Portugal e noutros países possam ir em residência temporária" para a Guiné-Bissau.

O objetivo é apoiar os serviços de saúde nas especialidades em que há défice.

Por outro lado, poderão ser esses médicos "a fazer os rastreios necessários e a decidir quem deve ser transferido" de Bissau para Lisboa, ao abrigo dos acordos de cooperação médica entre os dois países.

"O Governo vai dedicar uma atenção especial à segurança social", nomeadamente "à assistência médica e medicamentosa", acrescentou.

De acordo com o primeiro-ministro guineense, a cooperação com a classe médica na diáspora é um exemplo das colaborações que pretende ver estendidas a outros setores de atividade com profissionais guineenses no estrangeiro.

Segundo Domingos Simões Pereira, as visitas a Portugal e Espanha permitiram ainda apresentar a diferentes parceiros estratégicos o documento estratégico do Governo para desenvolver a Guiné-Bissau na próxima década.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Angola. Crianças abandonadas lotam instituições e vêm diretamente da maternidade




Uma única instituição no centro de Luanda está a receber mais de trinta crianças abandonadas por mês, algumas ainda com o cordão umbilical, outras acusadas de feitiçaria, situação que pode agravar-se com a crise financeira no país.

No Lar de Infância Kuzola, a diretora da instituição disse hoje à Lusa que deram entrada 35 crianças abandonadas no mês de março, fenómeno que é recorrente e que a desestruturação das famílias ajuda a explicar.

"Em média recebemos uma criança abandonada por dia. Algumas saem diretamente da maternidade, ainda chegam com o cordão umbilical, outras são encontradas abandonadas na rua. Este é um cenário diário", contou à Lusa Engrácia do Céu.

Muitas dezenas de outros, de todas as idades e não institucionalizados - com outras instituições sem capacidade -, são vistos habitualmente a vaguear pelas ruas de Luanda, devido aos mesmos problemas, até mesmo fora do sistema de ensino.

O tema foi abordado hoje, em Luanda, durante o sétimo Fórum da Criança, organizado pelo Governo Provincial de Luanda para analisar a aplicação dos 11 Compromissos do Estado angolano com os Direitos da Criança.

As dificuldades financeiras explicam igualmente a situação, tal como a desagregação relacionada com segundos casamentos dos pais, que acabam por abandonar, na rua, filhos de relacionamentos anteriores, enquanto outras crianças fogem da violência em casa.

"As famílias têm que ser chamadas à responsabilidade, até mesmo judicialmente", afirmou à Lusa a diretora do Instituto Nacional da Criança (INAC) de Angola, Ruth Mixingi.

Reconhecendo a "gravidade" do problema, e o compromisso do Estado com os direitos das crianças, a responsável acrescentou que o país já tem legislação que tipifica estes abandonos como crime e que obriga à convivência familiar, sendo agora necessário "passar à prática".

Pelas dificuldades financeiras das famílias, que se agravaram nos últimos meses face à crise provocada pela forte quebra na cotação internacional do petróleo - aumentando o desemprego e os preços dos alimentos -, ou pela desestruturação dos agregados, o resultado final é que só o Lar Kuzola, que após obras para reforço da capacidade podia hoje receber até 250 crianças, conta já com 400.

"Dentro do possível, estamos a fazer tudo o que podemos para minimizar a situação dessas crianças. Muitas chegam acusadas de feitiçaria, alvo de extrema violência, vítimas da desestruturação de famílias ou são encontrados nos hospitais. Este é o nosso contexto", reconhece a diretora da instituição, que atua por mandato do governo provincial de Luanda.

Em paralelo, os técnicos do lar têm em curso um programa para fomentar a reinserção das crianças, desde o nascimento até aos 14 anos, nas respetivas famílias, o que permite manter os níveis de acolhimento em permanência.

"Mas este espaço já não nos chega porque todos os dias entram crianças", concluiu a diretora do Lar Kuzola.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Angola. Menos de 7% das crianças de Luanda têm acesso à merenda escolar




Cerca de 1,1 milhões de crianças frequentam atualmente o primeiro ciclo em Luanda, entre o pré-escolar e o sexto ano, mas menos de 7% têm acesso às refeições nas escolas, segundo números divulgados hoje na capital angolana.

A situação é justificada pelas autoridades do setor da Educação no Governo Provincial de Luanda (GPL) com as dificuldades financeiras, agravadas pela crise provocada da quebra nas receitas do Estado com a exportação do petróleo.

Na prática, apenas 6,7% das crianças que em Luanda deveriam ter acesso à merenda escolar - instituída pelo Governo - estão a usufruir dessa alimentação, equivalente a cerca de 76 mil alunos, em mais de 400 escolas.

"Temos fé que quando o petróleo subir [cotação internacional], alguma coisa vá acontecer", afirmou o diretor do Gabinete de Educação do GPL, André Soma, durante o sétimo Fórum da Criança, organizado por aquela entidade para analisar a execução dos 11 Compromissos do Estado angolano com os Direitos da Criança.

Ainda de acordo com o responsável provincial do setor, a falta deste apoio alimentar nas escolas contribuirá para o insucesso escolar e a desmotivação das crianças.

"Estamos a trabalhar no sentido de tornar mais abrangente esse direito, com os recursos que temos. É um processo gradual, mas vamos chegar lá", afirmou à Lusa, por seu turno, a diretora do Instituto Nacional da Criança (INAC) de Angola, Ruth Mixingi, igualmente presente neste fórum dedicado aos direitos das crianças.

Os longos percursos a pé que algumas crianças ainda têm de percorrer até às escolas na província capital, cerca de 10 quilómetros diários em algumas zonas, ou o desinteresse e falta de acompanhamento da vida escolar por parte das famílias são outros constrangimentos detetados pelas autoridades do setor da Educação em Luanda.

Só a província de Luanda concentra cerca de 6,5 milhões de habitantes, de acordo com o recenseamento da população realizado em 2014.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Cabinda. FLEC exige libertação imediata de defensores dos direitos humanos




A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) exigiu hoje a imediata libertação dos defensores dos direitos humanos detidos naquele enclave angolano há mais de um mês.

Num comunicado, datado de Paris e assinado pelo porta-voz da FLEC, Jean Claude Nzita, enviado hoje à agência Lusa, a organização condena "vigorosamente as graves violações dos direitos humanos cometidas pelas forças de segurança e pelas FAA [Forças Armadas Angolanas] com instruções diretas das suas chefias".

O comunicado surge na sequência da detenção dos ativistas Marcos Mavungo e Arão Tempo, organizadores de uma frustrada manifestação, que deveria ter lugar a 14 de março para protestar contra a alegada má governação e violação dos direitos humanos em Cabinda.

No passado dia 11 deste mês, outros três ativistas foram igualmente detidos antes de uma anunciada manifestação naquele enclave para exigir a libertação dos outros dois elementos.

O documento da FLEC, movimento independentista de Cabinda, considera "imperioso" que a comunidade internacional, e particularmente Portugal, França e Estados Unidos da América investiguem "os crimes cometidos em Cabinda e que Angola paga para serem silenciados".

O apelo é dirigido igualmente à organizações não governamentais como a Amnistia Internacional, Human Right Watch, Freedom House, Robert F. Kennedy Human Rights, bem como à imprensa.

"A FLEC exige que Angola liberte imediatamente, e sem condições, os defensores dos direitos humanos detidos em Cabinda. A FLEC denuncia também a manipulação política do poder judicial em Angola cúmplice ativo das violações dos Direitos Humanos", lê-se no comunicado.

O movimento independentista considera ainda que a situação dos ativistas civis detidos em Cabinda "é resultado da incapacidade e desespero dos generais angolanos de silenciar as reivindicações das associações de defesa dos direitos humanos em Cabinda".

"Angola como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU está a ridicularizar e descredibilizar o Conselho de Segurança, praticando impunemente e incessantemente violações dos direitos humanos em Cabinda, contrariando gravemente a missão da ONU", alude o comunicado.

José Marcos Mavungo está indiciado do crime de rebelião e o advogado Arão Tempo é suspeito de colaboração com um estrangeiro (também detido) contra o Estado angolano.

Lusa, em Noticias ao Minuto

Angola. Unita denuncia mais de 700 mortes no "caso Kalupeteca" no Huambo




Raúl Danda diz que as vítimas estão a ser enterradas em valas comuns

Voz da América

O líder da bancada parlamentar da Unita revelou hoje, 21, à VOA que mais de 700 pessos terão morrido em conflitos na passada quinta-feira, 16, entre a polícia e seguidos da seita Igreja do Sétimo Dia a Luz do Mundo no Huambo.

Danda fez estas declarações depois de o seu partido ter pedido a criação de uma comissão de inquérito para investigar o caso.

Entretanto, já hoje a Unita vai enviar uma delegação para o Huambo.

A polícia, no entanto, fala em apenas 13 civis mortos, além dos oito agentes da polícia.

Na emissão da VOA de hoje teremos mais informações

Comandante Geral da Polícia Nacional fala em não mais de 20 mortos no Huambo

Unita disse que houve mais de 700 mortes

Voz da América

Em conversa não gravada com a VOA há momentos, o Comandante Geral da Polícia Nacional Comissário Chefe Ambrósio de Lemos confirma que houve troca de tiros entre os agentes da polícia e seguidores da seita Igreja do Sétimo Dia a Luz do Mundo no Huambo, mas disse não poder precisar o número de mortos da outra parte.

No entanto, acredita que não chega a duas dezenas

Ambrósio de Lemos diz desconhecer se as vítimas civis já foram enterradas por não ter recebido nenhum relatório de uma comissão que se encontra a trabalhar no terreno.

Questionado sobre a afirmação do líder parlamentar da Unita Raúl Danda que indidcou haver mais de 700 mortos, Comandante Geral da Polícia Nacional diz que o partido do Galo Negro deve provar as suas  afirmações.

Recorde-se que os confrontos entre a polícia e seguidores da seita liderada por Julino Kalupeteca registaram-se no Huambo na quinta-feira, 16, quando os agentes da autoridade tentavam cumprir o mandado de captura contra o líder da seita emitido pela Procuradoria da República no Bié.

Na ocasião oito agentes foram mortos e, até agora, a polícia referia-se a 13 mortos entre os civis.

Julino Kalupeteca foi detido na sexta-feira.

Governadora de Cabinda acusada de destruir empreendimento legal de secretário do MPLA




Aldina da Lomba Katembo terá agido a mando do marido, segundo Sebastião Lengue

Coque Mukuta – Voz da América

A governadora de Cabinda Aldina da Lomba Katembo é acusada por um militante do MPLA de, a mando do seu marido, o general António Katembo ter demolido um empreendimento seu.

Paulo Sebastião Lengue, actual secretário do Departamento de Informação e Propaganda(DIP), do MPLA, no Comité de Acção do partido  do Palácio do Governo da Província de Cabinda, disse que foi a própria governadora provincial Aldina da Lomba Katembo a dizer que iria demolir o estabelecimento comercial a mando do seu esposo por estar a descaracterizar o centro da cidade.

“No encontro com o administrador de Cabinda e o chefe da fiscalização, foi a própria administradora que disse que quem mandou demolir foi o seu marido, general Antonio Catembo”, acusa Sebastião Lengue.

Lengue, de 42 anos de idade, pai de sete filhos e antigo oficial de intervenção rápida, veio a Luanda encontrar-se com o marido da governadora.

Após uma conversa, quando de saiu, seis horas depois, Lengue diz ter recebido um telefonema de Cabinda a informar-lhe que a governadora estava a localizar uma máquina para demolir o estabelecimento. O que aconteceu no dia seguinte.

Agora, Paulo Lengue pede a intervenção ao Roberto de Almeida e Dino Matross, vice-presidente e secretário-geral do MPLA respectivamente.

A VOA tentou o contacto com o esposo da governadora Antonio Katembo, mas não obteve qualquer resposta.

Já Aldina da Lomba Katembo, que se escusou a dar qualquer entrevista, disse não ter nenhuma explicação sobre o assunto e prometeu levar ao tribunal o proprietário da referida obra por falsas acusações.

Angola. O “CLUB K” E A PROVA DO TEMPO



José Ribeiro – Jornal de Angola, opinião, em A Palavra ao Diretor

A Máquina do Tempo é uma poderosa ferramenta de trabalho. É uma solução informática que permite traçar o perfil pessoal de alguém e aceder à sua rede de relacionamentos.

Nas bases de dados e na Internet essa aplicação é um instrumento eficaz e na análise dos “media” tem um valor enormíssimo. Do estudo sociológico de grandes volumes de notícias extraem-se  conclusões de grande significado. É possível detectar nomes de pessoas, cargos que ocuparam, o que disseram e o que fizeram em determinado momento. 

Essa plataforma pode, por exemplo, mostrar quem aparece mencionado nas notícias sobre determinada personalidade nos arquivos de quase 100 anos existentes no Jornal de Angola. 

A Portugal Telecom propôs em 2013 à Edições Novembro a exploração dos conteúdos do Jornal de Angola com essa ferramenta. A ideia era trabalhar as notícias sobre personalidades e, a partir daí, criar o seu perfil e rede de relações, diversificando a qualidade de conteúdos para os nossos internautas. Uma solução dessas, desenvolvida pela Universidade de Aveiro, já é usada no portal SAPO. 

Se vier a lançar esse novo produto, o Jornal de Angola vai reafirmar o seu pioneirismo na esfera do “on line”, depois de ter sido o primeiro órgão a lançar a tecnologia da “realidade aumentada”.

O grande problema da Máquina do Tempo é que ela só mostra o relacionamento entre o que está inserido na base de dados utilizada. O que está de fora não conta, é excluído à partida. Aí se coloca o problema da responsabilidade do operador da ferramenta.

O “Club-K” abriu uma guerra contra o Jornal de Angola desde que sou director deste jornal. Sem saber porquê, há oito anos que esse portal ilegal e caluniador lança informações falsas e ofensivas contra mim, contra camaradas meus que trabalham no jornal e contra a empresa que dirijo. Algumas dessas informações partem de gente que ficou zangada com a recuperação feita no jornal, com um sucesso editorial, publicitário e de vendas que seria maior se não se levantassem logo aqueles sempre prontos a criar dificuldades. Ainda não tinha eu aquecido o lugar e já o “Club-K” e seus rebentos me chamavam bajulador, se calhar por acharem que quem trabalha bem não deve ser elogiado e a solidariedade e a gratidão devem dar lugar ao ódio. 

Depois passaram a designar-me cidadão português e mercenário que beneficiava de privilégios à entrada em Portugal, talvez por considerarem que um angolano é incapaz de fazer um bom jornal e dirigir bem uma empresa. Vieram em seguida os ataques por causa do reforço da equipa editorial com bons profissionais, antigos e novos jornalistas, de dentro e de fora, que acrescentaram valor ao “projecto”. No ano passado, intensificaram os ataques e agressões e noticiaram que eu tinha abandonado “o posto” na empresa – eu que sou um viciado no jornalismo e nada mais faço do que dedicar-me ao trabalho. O chefe da bancada parlamentar da UNITA, Raul Danda, ostentou contratos assinados por mim. E, finalmente, na última semana, os franco-atiradores e sociopatas que disparam do “Club-K” contra a honra e o bom nome dos cidadãos procuraram pôr-me contra o Presidente da República, contra a Primeira-Dama, contra ministros e ex-ministros, administradores e outros mais, afirmando que faço “cabritismo” no jornal e sou um corrupto. 

Ficou assim fechado o cerco contra mim. De bajulador passei a inimigo do “regime”. A Máquina do Tempo do “Club-K” reduziu o meu perfil e história de vida a um estrangeiro malfeitor que veio para Angola, minha terra e meu país, perturbar a harmonia social. Nada que não faça com outros servidores públicos. Mas se analisarmos tudo o que esse matadouro já escreveu sobre Angola, órgãos de soberania, detentores de cargos públicos, empresários e até simples cidadãos, o retrato que sai do portal é assustador. O país é um inferno, onde os bons são os maus e os maus os bons. Aqueles que fizeram a paz, reconstruíram o país e abrem as portas ao desenvolvimento, aparecem como assassinos, intolerantes e corruptos. Aqueles que fizeram a guerra, destruíram e fogem da governação, surgem como vítimas de um regime repressor e são os defensores da democracia. 

O “Club-K” e seus rebentos transformam o Estado num monstro. A isso, o “Club-K” chama, pomposamente, o “contraditório”. Ora, a noção de contraditório vem do Direito e nada tem a ver com o Jornalismo. A prática profissional do Jornalismo tem regras próprias que asseguram os princípios da objectividade e a exaustão da informação. A infiltração em moda de conceitos do Direito no Jornalismo, como se o repórter conduzisse um processo legal e a sua função fosse julgar e condenar, explica o oportunismo crescente entre jornalistas, advogados, opositores e activistas. Essa confusão não é desinteressada, mas no balanço final quem sai a perder é o Jornalismo.

É evidente que a propaganda agressiva é apenas alimentada por pessoas frustradas. Mas um país que precisa de manter a estabilidade e atrair investimento não pode negligenciar centrais de desinformação que minam os pilares da democracia e do Estado de Direito. Noutros quadrantes isso é exemplarmente punido.

O “Club-K” encaixa, de facto, no modelo de terrorismo mediático. Antes de tudo, é um portal ilegal, anónimo, e o terrorismo age dessa maneira. Ninguém conhece os representantes legais, não há ficha técnica nem endereços. Se querem copiar o “Tugaleaks”, tudo bem, mas pelo menos indiquem de quem é a propriedade da casa. Gente civilizada procede assim. De outra maneira, o combate é desigual e injusto e a concorrência desleal. No Jornal de Angola apenas sabemos que nos roubam os conteúdos editoriais e os publicam sem autorização no “Club-K”. O nome do ladrão é desconhecido.
 

Durante a semana, o “Club-K” lavou o rosto da página e endureceu os ataques contra mim. Os anúncios de publicidade desapareceram, à excepção de um. Se os anunciantes abandonam o circo, fazem bem. Não vá o diabo tecê-las, um dia destes, podem, também eles, ser atingidos pela lama da difamação e transformar-se, na máquina torturadora do “Club-K”, em seres abomináveis.

Angola. SEITA LUZ DO MUNDO É UMA AMEAÇA À PAZ




O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, transmitiu ontem a seguinte mensagem ao Povo Angolano, a propósito dos actos praticados pela seita “A luz do Mundo” que conduziram ao assassinato, na semana passada, de agentes da Polícia Nacional:

POVO ANGOLANO,

Um triste acontecimento teve lugar no país na semana passada. Um grupo de fiéis da Igreja Adventista do Sétimo Dia abandonou a sua congregação e decidiu criar uma seita religiosa denominada “A luz do Mundo”.

O grupo abandonou também a doutrina social da sua antiga igreja, que é baseada nos Mandamentos da Lei de Deus e noutros princípios da Bíblia Sagrada, e formulou a sua própria doutrina com base no fanatismo religioso, no ódio em vez do amor ao próximo, na divisão e na mentira, com o propósito de não respeitar a autoridade do Estado e de promover a anarquia.

Essa doutrina fomenta a desintegração da sociedade e a separação das famílias, estimula o pecado e é contra os valores, os princípios morais e cívicos e os usos e costumes do povo angolano. A seita “A luz do Mundo” é, de facto, uma ameaça à paz e à unidade nacional. 

Os seus mentores dizem que o mundo vai acabar em 2015 para assustar as pessoas, porque a Bíblia Sagrada não fixou nenhuma data para o mundo acabar. Dizem também que as famílias devem vender os seus bens, em particular as suas casas, abandonar as aldeias e vilas e viver nas montanhas e florestas. 

Isto é, na realidade, um atentado à vida e ao bem-estar das pessoas, que ficam privadas de abrigo face às intempéries, de cuidados médicos e de condições para a educação dos seus filhos. É um regresso inaceitável à vida primitiva, é uma violação grave dos direitos dos cidadãos estabelecidos na Constituição e uma perturbação da ordem social aí definida.

A Procuradoria Geral da República, o Ministério do Interior e a Polícia Nacional tomaram, em tempo oportuno e em conformidade com a Lei, as medidas pertinentes para pôr termo às actividades ilegais e aos desacatos dos responsáveis da seita “A luz do Mundo” nas províncias da Huíla, Bié, Huambo, Benguela e Cuanza Sul.

A reacção violenta do chefe da seita e dos seus colaboradores mais próximos, que assassinaram os agentes da autoridade do Estado, demonstra que estamos diante de indivíduos perigosos que devem ser todos rapidamente capturados e entregues à justiça.

A acção dos órgãos de Defesa, Segurança e Ordem Interna vai continuar com o mesmo vigor para desmantelar completamente essa seita e, nesse sentido, apela-se ao apoio e colaboração de toda a população.

Devemos render uma profunda homenagem a todos os oficiais e agentes da Polícia Nacional que com coragem e determinação sacrificaram as suas vidas no cumprimento do dever, quando foram cobardemente assassinados pelos responsáveis da seita “A luz do Mundo”.

Por essa razão, deve-se promover ao grau imediatamente superior e a título póstumo estes bravos oficiais, organizando funerais com dignidade e dando todo o apoio necessário às famílias enlutadas.

Por outro lado, é necessário que o Governo promova, com o apoio da Sociedade Civil e das Igrejas, uma ampla campanha de educação para a ressocialização e integração de todos os cidadãos que foram enganados em outras vilas e aldeias ou nas suas terras de origem. O Governo deverá mobilizar os meios necessários para apoiar as províncias atingidas por este fenómeno. 

Importa, pois, que a Polícia Nacional e os outros Órgãos de Defesa e Segurança reforcem a vigilância e a acção para garantir a paz e a tranquilidade das pessoas. 

VIVA A UNIDADE NACIONAL!

VIVA A PAZ!

VIVA ANGOLA!

Luanda, 20 de Abril de 2015

JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS - PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE ANGOLA

Jornal de Angola, com foto JA

Angola - Huambo: DENUNCIADO ENVOLVIMENTO DA UNITA NO CASO KALUPETECA




Huambo - O Governo Provincial do Huambo acusou hoje, terça-feira, o partido Unita de ter orquestrado um plano político para ser executado pela seita adventista do 7º Dia a “Luz do Mundo”.

O plano consistia em levar as populações a abandonarem as suas residências, para se fixarem nas matas, sobretudo nas ex-bases militares da Unita.

Num comunicado distribuído à Angop, o governo provincial explica que a referida seita, aproveitando-se da fé dos seus seguidores, meteu em marcha um plano político bem orquestrado e orientado, com muitos traços que identificam a actuação política da Unita.

Lembra que no âmbito da execução do mandato de captura, emitido pela Procuradoria-Geral da República, as autoridades policiais encontraram no morro do Sumé muito material de propaganda da Unita, incluindo cartões de membros dessa organização, recentemente emitidos e assinados pelo seu secretário provincial, Liberty Chiayaka.

“Paradoxalmente, a Unita leva a cabo uma propaganda hipócrita, enganosa e mentirosa de que foi o Governo quem deixou e plantou o material de propaganda, através de um helicóptero, quando, de facto, este aparelho só se deslocou ao Sumé dois dias depois do sucedido”, lê-se no documento.

A Unita, prossegue, é que protagoniza, de facto, acções de intolerância política, muitas delas de carácter subversivo, acusando o Governo das responsabilidades dos seus próprios actos.

O Governo da Província do Huambo afirma que, no âmbito das suas responsabilidades e diante dos acontecimentos, priorizou as exéquias dos agentes da autoridade, devidamente identificados, deixando para posterior a identificação e o enterro dos elementos que se envolveram nas acções contra a polícia, de que resultou na morte de treze deles.

Assim, comunica a todas as pessoas que eventualmente tenham algum membro da sua família envolvido na troca de tiros, que vitimou mortalmente efectivos da polícia, no sentido de dirigirem-se à casa mortuária do Hospital Geral do Huambo, para possível identificação dos cadáveres recolhidos no local até as 12 horas do dia 23 deste mês, para a realização dos funerais.

Conclui alertando, mais uma vez, a população e os religiosos, em particular, para a vigilância e obediência aos órgãos de Defesa e Segurança, devendo denunciar oportunamente quaisquer intentos contra a ordem pública, a paz e unidade nacional.

Angop

Angola. KALUPETECA ATEMORIZA REGIME




O Presidente de Angola considerou hoje a seita “A Luz do Mundo”, que na quinta-feira matou nove polícias na província do Huambo, como “uma ameaça à Paz e à unidade nacional”, numa mensagem ao povo angolano.

Orlando Castro

Como é que uma seita como a “Kalupeteca”, que terá no máximo quatro mil seguidores numa população superior a 21 milhões, é uma “ameaça à Paz e à unidade nacional”? Vejamos a tese do presidente da República, nunca nominalmente eleito e no cargo desde 1979.

José Eduardo dos Santos referiu que a reacção violenta do líder da seita e dos seus colaboradores mais próximos demonstra que são indivíduos perigosos e que “devem ser todos rapidamente capturados e entregues à Justiça”. Até aqui tudo bem. São perigosos e devem ser julgados.

Segundo o chefe de Estado, a acção dos órgãos de Defesa, Segurança e Ordem Interna vai continuar a trabalhar para desmantelar completamente a seita, havendo necessidade do apoio e colaboração de toda a população. Sendo de uma forma geral e quase total uma população pacífica, essa colaboração não faltará.

Considerando a morte dos policiais, que tentavam dar cumprimento a um mandado de captura do líder da seita, como “um triste acontecimento”, José Eduardo dos Santos afirmou que a doutrina adoptada pela mesma “fomenta a desintegração da sociedade e a separação das famílias, estimula o pecado e é contra os valores, os princípios morais e cívicos e os usos e costumes do povo angolano”.

É verdade mas, repita-se, são quatro mil seguidores numa população superior a 21 milhões. Potenciar a relevância religiosa e social desta seita pode ser, é quase sempre, contraproducente. A não ser que vise, como advoga o partido do Presidente (o MPLA) encetar uma caça às bruxas, muito para lá da seita em questão.

“Os seus mentores dizem que o mundo vai acabar em 2015 para assustar as pessoas, porque a Bíblia sagrada não fixou nenhuma data para o mundo acabar. Dizem que as famílias devem vender os seus bens, em particular as suas casas, abandonar as aldeias e vilas e viver as montanhas e florestas”, descreve a mensagem.

Um regresso inaceitável à vida primitiva, uma violação dos direitos dos cidadãos estabelecidos na Constituição e uma perturbação da ordem social é o que considera o Presidente angolano sobre as práticas da seita também conhecida por “Kalupeteca”, o nome do seu líder.

Novamente José Eduardo dos Santos, a coberto de uma sã preocupação, confunde a obra-prima do mestre com a prima do mestre de obras. Chamar a Constituição para este cenário é grave pois, como se sabe, o Presidente é o primeiro a violar e a deixar violar essa mesma Constituição.

O chefe de Estado apelou a uma “profunda homenagem” aos agentes mortos e a sua promoção ao grau imediatamente superior e a título póstumo, bem como todo o apoio necessários às suas famílias. Todos estamos de acordo.

Por outro lado, Eduardo dos Santos aponta também a necessidade de o Governo promover, com o apoio da sociedade civil e das igrejas, uma ampla campanha de educação para a ressocialização e integração de todos os cidadãos “que foram enganados em outras vilas e aldeias ou nas suas terras de origem”.

Desde que não seja do tipo da (re)educação patriótica, da lavagem de cérebro a favor do MPLA, da doutrina de culto canino a favor de quem manda, todos estaremos de acordo.

O incidente aconteceu na tarde de quinta-feira, em Serra Sumé, a 25 quilómetros da Caála, tendo os agentes, segundo a versão policial, sido surpreendidos por elementos da igreja “Sétimo Dia a Luz do Mundo”, conhecida por queimar livros, travar a escolarização e vacinação dos fiéis, concentrando-os em acampamentos sem condições e reunindo centenas de pessoas.

Os agentes foram mortos quando tentavam na altura capturar o líder daquela seita religiosa, entretanto já detido, também após confrontos na província de Benguela, que terminaram na morte de outro agente da Polícia Nacional.

No local da concentração desta seita, em são Pedro Sumé, estariam mais de mais de 2.000 fiéis, segundo relatos locais, que apontam igualmente para mortos entre os seguidores, na sequência da intervenção da troca de tiros, mas a informação não é confirmada pela polícia.

Além do Huambo e do Bié, a seita tem actividades conhecidas – ilegais por não estar reconhecida – nas províncias do Cuanza Sul, Cuando Cubango e Benguela, multiplicando-se nos últimos dias os confrontos com as autoridades e com a população.

Folha 8 (ao)

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Trocas comerciais entre Angola e Indonésia crescem num ritmo de 27 por cento por ano




Jakarta (Dos enviados especiais) - As trocas comerciais entre Angola e Indonésia têm evoluído, nos últimos anos, a um ritmo de 27 porcento ano, informou o ministro angolano das Relações Exteriores, Georges Chikoti.

O ministro Georges Chikoti teceu estas considerações à imprensa, após um encontro com a sua homóloga da Indonésia, Retno Marsudi, à margem das festividades dos 60 anos da Conferência de Bandung, que este país acolhe.

Apesar de não precisar o valor destas trocas, o ministro salientou que estas referências da cooperação são bastante importantes.

Deu ainda a conhecer que as autoridades indonésias têm igualmente manifestado a sua disposição de incrementar as relações de cooperação, sobretudo com o aumento e diversificação da importação de produtos nacionais.

Neste contexto, realçou o facto de as empresas petrolíferas dos dois países, Sonangol e Petromina, terem já rubricado um acordo para o incremento da cooperação empresarial, o que deve ser encorajado pelas autoridades políticas.

Precisou que as autoridades angolanas submeteram um projecto de Acordo de Cooperação Bilateral, dai existir a possibilidade da assinatura deste acordo dentro dos próximos tempos.

“Quando a parte indonésia concluir a apreciação deste acordo, poderemos eventualmente nos encontrar num ambiente que vai permitir visitas regulares, entre os sectores dos dois governos”, disse.

Reforçou que isto vai abrir o caminho para uma cooperação mais reforçada.

O ministro revelou ainda que as autoridades deste país pretendem abrir uma embaixada em Angola, uma vez que este é o terceiro parceiro económico da  Indonésia na região da África Austral.

“Portanto, há um volume considerável de cooperação entre os dois países”, disse.
Por outro, referiu que este país está a formar alguns técnicos na área de gás (LNG), existindo a possibilidade de poderem receber mais técnicos.

“Nós também notamos uma grande capacidade industrial aqui e eles estão dispostos a entrarem em parcerias com as empresas angolanas”, referiu.

Estas parcerias, acrescentou, podem ser em áreas como a de materiais de construção, na construção, agricultura tropical, entre outras, que eventualmente os empresários dos dois países podem identificar.

No domínio diplomático, fez menção a intenção do país abrir, nesta zona, uma representação diplomática, quando as condições financeiras assim o permitirem.

“Ainda nesta região da Ásia, assim que as condições permitirem, está prevista a abertura de representações em Timor Leste e Austrália”, explicou ministro Georges Chikoti.

Nestas festividades, que decorrem sob o signo do Fortalecimento de Cooperação Sul-Sul para promover a prosperidade e a paz no mundo, as lideranças dos dois blocos pretendem, através desta, dar um maior impulso às relações de cooperação.

Assinala-se também os 10 anos do estabelecimento da Aliança Estratégica África/Ásia.

Angop

Governante angolano exorta China a "reforçar o investimento" em Angola




Pequim, 21 abr (Lusa) - O chefe da Casa Civil de Angola exortou a China a "reforçar o investimento" em Angola nomeadamente nas áreas da energia, águas, agricultura, pescas e transportes, para "consolidar a parceria estratégica" bilateral, revelou hoje a embaixada de Angola em Pequim.

"A nossa parceria estratégica ganha ainda maior significado no atual contexto económico e financeiro internacional, caracterizado pela incerteza", disse o também ministro de Estado angolano Edeltrudes Costa num encontro com o vice-primeiro-ministro chinês Wang Yang.

Edeltrudes Costa referiu em particular "a queda do preço do petróleo", que "tem vindo a afetar a economia angolana".

Angola é um dos maiores fornecedores de petróleo à China, logo a seguir à Arabia Saudita.
O encontro de Edeltrudes Costa com Wang Yang decorreu na segunda-feira em Pequim, após a primeira sessão da Comissão Orientadora da Cooperaçao Económica e Comercial entre Angola e a República Popular da China, informou a embaixada angolana.

O ministro angolano apelou também à "experiencia chinesa na agricultura, produção de alimentos e no desenvolvimento de projetos no domínio sociocultural e da formação de quadros".

Segundo a mesma fonte, a parte chinesa "comprometeu-se a participar ativamente na industrialização e diversificação da sua economia angolana" e mostrou-se "disponível" para "mobilizar empresas locais para investir e transferir a produtividade para Angola, nomeadamente nas áreas de aço, materiais de construção, cimento e vidro".

A China prometeu igualmente "aumentar a cooperação" nas áreas da energia, água e mineração, para "ajudar Angola a estabelecer um sistema completo e independente das industrias de petróleo e de minas", disse ainda a Embaixada angolana.

A delegação angolana, que deixou Pequim na segunda-feira à noite, integrava o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, a secretária de Estado da Cooperação, Ângela Bragança, o secretário de Estado do Tesouro, Leonel da Silva, o secretário diplomático do Presidente da República, Carlos Alberto de Carvalho, e o presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Francisco de Lemos José Maria.

A viagem à China serviu também para preparar a próxima reunião da comissão mista bilateral, marcada para maio, em Pequim

AC // PJA

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