quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O BUROCRATA DA TROIKA E A SUA BOLA DE CRISTAL

 


Daniel Oliveira – Expresso, opinião, em Blogues
 
O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Portugal, Abebe Selassie, defendeu, numa entrevista ao "Diário de Notícias" e "Jornal de Notícias", que, no segundo trimestre de 2013, o PIB deverá inverter a sua tendência de queda e regressar a terreno positivo em 2014. O representante da troika disse também que Portugal poderá voltar a ter taxas de desemprego mais baixas no longo prazo. No que diz respeito à necessidade de se refundar o Estado social, no âmbito do pacote de poupanças de pelo menos quatro mil milhões de euros, Abebe Selassie diz que o Governo português deve debater o que "realmente quer fazer" nos sectores da saúde, na educação pública e nos apoios sociais.
 
Três coisas rápidas:
 
Primeira: porque raio um funcionário do FMI, que ninguém elegeu, se acha no direito de dar entrevistas em que manda postas de pescada sobre as grandes escolhas políticas de um Estado soberano? O senhor Selassie está em Portugal, diz-se, para acompanhar a aplicação de um memorando assinado pelo Estado português. Que se sente na sua secretária, no seu horário de trabalho, e o faça. A participação, através da comunicação social, no debate nacional sobre as grandes opções política de Portugal, país do qual não é cidadão e onde não vive, não está contemplada nas sua funções de mero burocrata.
 
Segunda: não sei se o senhor Abebe Selassie leu as conclusões da instituição para a qual trabalha e se sabe que o FMI conclui, recentemente, que em vez de se perder cinquenta cêntimos por cada euro de austeridade (onde se incluem o aumento de impostos e os cortes na despesa do Estado), como previa, se perdiam entre 90 cêntimos 1,70. Ou seja, que a economia perde mais do que ganha com a austeridade. Bem sei que no mastodonte de incompetência que é o Fundo Monetário Internacional - que tem deixado um rasto de destruição em tudo o que toca -, aprende-se lentamente e se trabalha em piloto automático, mas seria bom que as conclusões a que chegam servissem para alguma coisa.
 
Terceira: as precisões da troika para a evolução do PIB não valem um cêntimo. Recupero aqui um excelente quadro, feito pelo jornal "Público", sobre o que foi sendo previsto nas sucessivas revisões do memorando de entendimento. Na sua primeira versão, dizia-se que o aumento do PIB seria, em 2014, de 2,5%. A previsão manteve-se em Setembro de 2011, na primeira revisão. Na segunda, em dezembro, já era de 2,4%., Na terceira, em abril de 2012, era de 2,1%. Na quarta, em Junho, era ainda de 2,1%, mas na quinta, em outubro, quando finalmente os efeitos das receitas recessivas da troika se começaram a sentir a sério, tinha passado para 1,2%. Um mês depois, em novembro, a sexta revisão já fala de 0,8%. Acho que estamos conversados sobre as capacidades técnicas destes senhores em preverem os efeitos económicos do que defendem. Por isso, se é para destruírem um país, que ao menos o façam calados.
 

Portugal -14 Novembro: POLÍCIA NÃO ATUOU EM TEMPO ÚTIL “PROPOSITADAMENTE”

 

Jornal de Notícias
 
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, defendeu, esta quinta-feira, que "propositadamente a polícia não atuou para pôr termo, em tempo útil, aquilo que se passou", referindo-se à manifestação junto ao Parlamento, no dia da greve geral convocada pela central sindical.
 
Questionado pela Lusa sobre o alegado envio de imagens da RTP na manifestação de 14 de novembro, Arménio Carlos disse que "mal vai o País quando as manifestações já são sujeitas a gravação para dar a possibilidade à polícia de identificar pessoas".
 
"A polícia está a recolher imagens para identificar aqueles que identificou no local e que propositadamente não atuou para pôr termo, em tempo útil, aquilo que se passou", defendeu o dirigente sindical, em conferência de imprensa, no final do conselho nacional da CGTP-IN.
 
Arménio Carlos afirmou que "a polícia não tem que identificar pessoas por um controle de estado policial. Tem que intervir quando tem que intervir para pôr termo ao que se passou em tempo oportuno. Foi isso que a polícia não fez em tempo oportuno".
 
Considerando que "nada acontece por acaso", o secretário-geral da CGTP afirmou que, após as 18 horas, "não se falou de outra coisa a não ser da violência", em frente à Assembleia da República.
 
"A quem interessou aqueles acontecimentos", questionou, considerando que "a polícia tem que assumir as suas responsabilidade e, quando se diz polícia, fala-se do Governo".
 
Na conferência de imprensa, Arménio Carlos disse ainda recear que as "cenas lamentáveis" junto ao Parlamento, que terminaram com uma carga policial sobre os manifestantes, possam "levar a que pessoas que habitualmente participavam em manifestações pensem duas vezes antes de voltar a participar".
 
Depois de terminado o desfile promovido pela CGTP, no passado dia 14, os ânimos em frente à Assembleia da República começaram a resvalar para a violência, com alguns manifestantes a derrubarem as grades colocadas pelas forças de segurança e a lançarem pedras da calçada durante mais de uma hora contra o cordão de segurança policial que protegia o Parlamento.
 
A polícia iniciou cerca das 18.20 horas uma carga contra os manifestantes que se encontravam junto à Assembleia da República, utilizando bastões e cães para afastar as pessoas da escadaria.
 
O largo em frente às escadarias do Parlamento foi controlado pela polícia, com os manifestantes a fugirem para as ruas mais próximas para tentar escapar à carga policial.
 
Relacionado em Jornal de Notícias
 

MINISTRO QUER SABER MAIS SOBRE PSP NA RTP, TVI RECEBEU HOJE PEDIDO DE IMAGENS

 


Miguel Macedo pede "averiguação exaustiva" e com "urgência" sobre pedido de imagens à RTP
 
Ana Tomás – Jornal i
 
Miguel Macedo pediu à Direcção Nacional da PSP para investigar a eventual solicitação de imagens à RTP, com "urgência" e de forma "exaustiva".
 
"O ministro da Administração Interna já determinou que a Direcção Nacional da PSP proceda à averiguação exaustiva, com carácter de urgência, dos factos e procedimentos adoptados na solicitação de imagens à RTP", revela um comunicado do Minsitério.
 
Esta tarde, a comissão de trabalhadores da estação exigiu que fossem apuradas responsabilidades políticas no caso da eventual cedência de imagens da cobertura da manifestação de 14 de Novembro, dia de greve geral.
 
Em comunicado, a estrutura que representa os trabalhadores da RTP acusava o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, e o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, de utilizarem a estação como um meio de “propaganda do governo” e de fazerem dos seus empregados “figurantes da sua encenação”.
 
“Um inquérito interno irá correr para apurar outras responsabilidades: o ministro Miguel Macedo deverá saber que nem nós somos figurantes da sua encenação, nem a RTP é uma manifestação onde possa colocar impunemente os seus peões infiltrados. E são estas as responsabilidades políticas que deverão ser apuradas por quem de direito”, referia o comunicado da comissão.
 
Os representantes dos trabalhadores da RTP defenderam ser intolerável “que Miguel Macedo, para efeitos da propaganda do governo, induza ao crime – seja com as pedradas dos seus infiltrados, seja com pedidos de imagens que pressupõem uma violação da legalidade pela RTP". A comissão acusou o ministro de ingerência e acrescentou que não se pode permitir "que homens de mão do ministro entrem na televisão pública como numa quinta sua, sem mandado judicial, para visionar e requerer cópias de imagens destinadas exclusivamente ao trabalho jornalístico”.
 
As críticas estenderam-se também a Miguel Relvas, acusado, pelos trabalhadores, de acobertar a situação. “Não pode tolerar-se um Ministério da tutela que tolera toda esta intromissão e dela se faz cúmplice, por acção ou omissão”, sublinharam.
 
Relvas negou, porém, qualquer intervenção sua ou do ministro da Administração Interna na alegada cedência de imagens e considerou que esta "é uma questão de gestão interna da RTP" que deve ser dirigida à administração da empresa pública de televisão.
 
A administração da estação emitiu na quarta-feira um comunicado no qual afirma que os "responsáveis da direcção de informação facultaram a elementos estranhos à empresa" imagens dos incidentes ocorridos a 14 de Novembro, dia da greve geral, em frente ao parlamento e adianta que foi um aberto um inquérito.
 
Na sequência desta polémica, o director de informação da RTP, Nuno Santos, anunciou a sua demissão do cargo, rejeitando essa acusação.
 
Leia também no Jornal i
 
TVI recebeu esta quinta-feira pedido de imagens da manifestação de 14 de Novembro
 
Ana Tomás – Jornal i
 
A TVI recebeu esta quinta-feira um pedido formal da PSP para ceder sobre as manifestações de 14 de Novembro, avança o Diário Económico.
 
Em declarações ao DN, o gabinete de relações públicas da estação afirmou ter recebido um pedido hoje, mas não confirmou que tenha sido a PSP a fazê-lo.
 
"Recebemos um pedido de imagens sobre as manifestações de 14 de Novembro hoje", explicou fonte daquele gabinete.
 
A mesma fonte adiantou ainda que este é "um assunto da direcção de Informação" sobre o qual "José Alberto Carvalho [director de Informação da TVI] deverá dar esclarecimentos no 'Jornal das 8'".
 
A cedência de imagens da manifestação também envolve a RTP, tendo o assunto levado à demissão de Nuno Santos e Vítor Gonçalves, e gerado a abertura de um inquérito interno na estação pública.
 

Trabalhadores querem apurar responsabilidades políticas após demissão de Nuno Santos

 

RTP
 
A Comissão de Trabalhadores (CT) da RTP quer que sejam apuradas eventuais responsabilidades políticas no caso do visionamento das gravações da manifestação junto à Assembleia da República nas instalações da empresa, uma vez que elas consubstanciam, no seu entender, uma violação da lei. "Não pode tolerar-se que homens de mão do ministro [Miguel Macedo] entrem na televisão pública como numa quinta sua, sem mandado judicial, para visionar e requerer cópias de imagens destinadas exclusivamente ao trabalho jornalístico", diz um comunicado da CT distribuído ao princípio da tarde.
 
No comunicado, a CT da RTP diz que "não pode tolerar-se que Miguel Macedo, para efeitos da propaganda do Governo, induza ao crime com pedidos de imagens que pressupõem uma violação da legalidade pela RTP" e acusa também Miguel Relvas, ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, pelo seu silêncio neste caso: "Não pode tolerar-se um Ministério da tutela que tolera toda esta intromissão e dela se faz cúmplice, por ação ou omissão."

Segundo relata o comunicado, a Comissão de Trabalhadores terá insistido "do primeiro ao último instante para que fosse esclarecida toda esta história nebulosa". E diz ainda que "a cada passo que dava dentro da RTP, o pedido governamental tropeçava na resistência dos trabalhadores". Por este motivo, a CT diz que "o ministro Miguel Macedo deverá saber que nem nós somos figurantes da sua encenação, nem a RTP é uma manifestação onde possa colocar impunemente os seus peões infiltrados".

Já esta manhã, no final do Conselho de Ministros, o ministro Miguel Relvas foi categórico: "Nem eu nem o senhor ministro da Administração Interna tivemos qualquer intervenção nesse processo". Sendo assim, fica por esclarecer quem terá autorizado a deslocação de elementos das autoridades às instalações da RTP para fazer o visionamento dessas imagens. O Conselho de Administração (CA) da empresa, que prometeu um inquérito interno, não tem dúvidas de que esse visionamento aconteceu: "Responsáveis da Direção de Informação facultaram a elementos estranhos à empresa, nas instalações da RTP, a visualização de imagens dos incidentes verificados após a manifestação em frente à Assembleia da República, no dia da greve geral", diz o comunicado do CA ontem distribuído.

Diretor demissionário garante que imagens não saíram das instalações da RTP

Nuno Santos apresentou ontem o pedido de demissão do cargo de diretor de Informação da RTP. Em causa está o visionamento e a alegada cedência de imagens da manifestação do passado dia 14 de novembro, frente ao Parlamento, a elementos estranhos à empresa. O diretor demissionário afirmou já que "nenhuma imagem saiu das instalações da RTP" e que não teve "qualquer intervenção direta" ou autorizou "de forma expressa ou velada a cópia de quaisquer imagens".

Manifestando-se "surpreendido" com a demissão, o Conselho de Redação já condenou "qualquer cópia de brutos de imagens jornalísticas não editadas". Em declarações à agência Lusa, o diretor-adjunto Vítor Gonçalves alegou que o pedido para a cópia de imagens "foi feito de forma transparente, através dos meios normais, seguindo o protocolo das normas internas": "Os DVD foram feitos, mas não foram para lado nenhum. Houve alguém que achou que eram para a polícia, mas não é verdade. Estou a dar a minha palavra que aquilo não saiu e não vai sair. Era muito grave se saísse".

Camilo de Azevedo afirmaria, por seu turno, à Lusa que a explicação dada pela Direção de Informação, "no limite, justificava a gravação das imagens de uma cassete". "E as outras? Para que é que a DI quis duas horas e 45 minutos de gravações, de cinco equipas de reportagem ao longo da tarde, se o que lhe interessava era fazer prova de um momento que demorou apenas alguns minutos?", questionou o porta-voz da Comissão de Trabalhadores. "Quem pediu este trabalho? Quem visualizou e apontou nas cassetes o momento a partir do qual queria a gravação? Para quem foram os DVD?"

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MILHARES DE DETIDOS EM MOÇAMBIQUE SEM TEREM SIDO CONSIDERADOS CULPADOS

 

RTP - Lusa
 
Milhares de pessoas estão detidas nas prisões de Moçambique, "apesar de não terem sido considerados culpados de qualquer crime", refere a Amnistia Internacional (AI), num relatório hoje divulgado.
 
De acordo com o documento da AI, a que a agência Lusa teve acesso, intitulado "Aprisionando os meus direitos: Prisão e detenção arbitrária e tratamento dos reclusos em Moçambique", "na maioria dos casos", as pessoas ficam detidas "durante anos, por razões falsas e sem acesso a um advogado".
 
Em causa estão, sobretudo, "grupos sociais pobres [que] se encontram particularmente em risco de serem detidos durante meses, por vezes anos, em celas sujas e sobrelotadas, sem terem cometido qualquer crime".
 
O relatório, realizado em parceria com a Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, revela que a maioria destas detenções são de pessoas "em desvantagem económica, [que] não são informadas dos seus direitos ou [os] não conseguem compreender" ou que "não podem pagar a um advogado".
 
A Amnistia Internacional aponta ainda que estes presos são "invariavelmente representados por indivíduos não qualificados ou por advogados com poucas qualificações" e que "raramente ficam em liberdade enquanto aguardam o julgamento".
 
"A abordagem aleatória de Moçambique resultou em centenas de detidos simplesmente `perdidos` no sistema e a definhar na prisão sem direitos e sem recurso justiça", afirmou Muluka-Anne Miti, investigadora da Amnistia Internacional para Moçambique.
 
Segundo a investigadora, em alguns casos, "os registos dos prisioneiros foram perdidos ou contêm sérias discrepâncias".
 
A Amnistia Internacional diz ter encontrado "várias crianças que alegavam e pareciam ter menos de 16 anos", mas as autoridades prisionais, quando questionadas, "disseram que a responsabilidade de provar a sua idade cabia aos detidos".
 
O problema é que - informa a AI - "apenas uma minoria das pessoas de Moçambique tem certidões de nascimento", sendo que "os que pertencem a famílias mais pobres raramente as têm".
 
O relatório hoje divulgado aponta que, em geral, os estabelecimentos prisionais moçambicanos estão "sobrelotados, têm fracas condições sanitárias e [fracos] cuidados médicos e poucas oportunidades de aprendizagem e formação", acrescentando que "não há nenhuma para aqueles que ainda não foram julgados".
 
"Na Prisão Provincial de Nampula, a Amnistia Internacional encontrou 196 pessoas amontoadas numa cela de 14x6 metros. Os detidos estavam sentados com os ombros a tocarem-se e as pernas dobradas, de maneira a conseguirem caber todos na divisão", reporta a organização.
 
A organização sem fins lucrativos explica que, a lei moçambicana determina que todos os detidos devem ser presentes a um juiz em 48 horas, que deve verificar a legalidade da detenção. Além disso, a legislação prevê que os presos tenham acesso a um advogado sem custos, o que, "na esmagadora maioria dos casos, não acontece".
 

FORÇA INTERNACIONAL DE ESTABILIZAÇÃO TERMINOU HOJE MISSÃO EM TIMOR-LESTE

 

MSE – HB - Lusa
 
Díli, 22 nov (Lusa) - As forças australianas destacadas em Timor-Leste no âmbito da Força Internacional de Estabilização (ISF, na sigla em inglês) terminaram hoje a sua missão em Timor-Leste, segundo a agência noticiosa AAP.
 
A missão terminou oficialmente hoje, mas os militares vão permanecer no país até abril do próximo ano para fazer regressar equipamento à Austrália e encerrar bases e devolver edifícios e propriedades ao Governo timorense.
 
"Durante seis anos a Força de Estabilização Internacional deu segurança aos nossos vizinhos e bons amigos. Testemunhámos eleições bem-sucedidas, a formação de um novo Governo e a celebrações do 10.º ano da restauração da independência", afirmou o chefe das forças de defesa australiana, general David Hurley, citado pela AAP.
 
Segundo o general australiano, que falava numa cerimónia realizada quarta-feira, com a participação do primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, todos aqueles acontecimentos demonstraram um "progresso assinalável".
 
"Estes soldados constituíram um modelo para o desenvolvimento profissional das F-FDTL (Forças Armadas de Timor-Leste) e é com muito gosto que posso dizer que o Programa de Cooperação na Área da Defesa irá continuar de modo a apoiar o desenvolvimento das nossas forças armadas", afirmou Xanana Gusmão.
 
"A partida da Força de Estabilização Internacional representa também uma nova etapa para a nossa nação, na qual precisamos assumir a responsabilidade pela nossa própria segurança e pelo futuro do nosso país", disse Xanana Gusmão, agradecendo o apoio militar.
 
A Austrália tem destacado em Timor-Leste 380 militares no âmbito da ISF.
 
A ISF era também composta por 80 elementos das forças de defesa da Nova Zelândia.
 
A Nova Zelândia retirou este mês os seus últimos militares destacados em Timor-Leste, que foram substituídos por outra equipa de militares para retirar equipamentos e veículos.
 
A ISF estava em Timor-Leste a convite do Governo timorense e em apoio da ONU com o objetivo de manter a estabilidade e ajudar ao desenvolvimento do país, na sequência da crise política e militar de 2006.
 
Além da ISF, as forças militares australianas contribuíram também com elementos para a Missão Integrada da ONU em Timor-Leste (UNMIT).
 
A UNMIT é a quinta missão da ONU em Timor-Leste desde 1999 e termina operações em dezembro.
 

Cabo Verde: GOVERNO EXPORTA AUSTERIDADE, SETOR ELÉTRICO OPACO

 


Oposição de Cabo Verde acusa Governo de exportar austeridade para famílias e empresas
 
22 de Novembro de 2012, 13:22
 
Cidade da Praia, 22 nov (Lusa) - A oposição cabo-verdiana acusou hoje o Governo de, na proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2013, "exportar a austeridade" para as famílias e empresas, considerando "comprovado o falhanço" das políticas seguidas nos 11 anos de poder.
 
Numa conferência de imprensa, Orlanda Ferreira, deputada do Movimento para a Democracia (MpD, na oposição desde 2011), citou o recente relatório do Banco de Cabo Verde (BCV) para reiterar o crescimento económico "pequeno" (4/5%) e o "aumento" do desemprego (12,2%).
 
A também presidente da Comissão Especializada do Parlamento para as Finanças e Orçamento, que ouviu quarta-feira as explicações do Governador do BCV, Carlos Burgo, sobre a política económica e os resultados da gestão da política macroeconómica do Governo, disse que o relatório confirma as preocupações do MpD.
 
"Diminuiu o rendimento disponível das famílias e empresas, tornou-se mais difícil o acesso ao crédito das empresas, a economia cresce pouco, está altamente endividada, a situação orçamental deteriora-se, há uma degradação generalizada das condições económicas e um Orçamento de Estado para 2013 com efeitos recessivos", resumiu.
 
Orlanda Ferreira lembrou também que o relatório do BCV "confirma a queda livre" do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) no país, menos 46% comparativamente ao documento anterior, e dos donativos externos, que inclui as remessas dos emigrantes, menos 22%.
 
A deputada do MpD denunciou ainda a subida de 30,4% nos juros da dívida pública, que atingirá já este ano os 90,5% do PIB projetados para 2013, lembrando que o BCV projeta um crescimento das receitas que corresponde a "metade das previsões" do Governo.
 
Ainda sobre o OE para 2013, Orlanda Ferreira considerou-o "um exemplo acabado da negação da realidade", pois o aumento de 06 para 15% da taxa de IVA em todos os bens, produtos e serviços, a par do aumento do desemprego, vai diminuir a competitividade e penalizar as famílias e empresas.
 
Para inverter este quadro, propôs Orlanda Ferreira, é necessário "mudar o modelo de crescimento económico", até agora baseado no aumento crescente das despesas do Estado com recurso ao endividamento, na subutilização dos recursos e no estrangulamento do setor provado.
 
"Para o MpD, a aposta deve ser no reforço do setor privado, nas empresas, nas famílias, na melhoria do ambiente de negócios e na internacionalização da economia", concluiu.
 
Face a estes pressupostos, Orlanda Ferreira indicou que o MpD, se não vir alterado o OE para 2013, votará contra quando se discutir o documento no Parlamento, a partir de 26 deste mês.
 
JSD.// ATR.
 
Associação de defesa do consumidor cabo-verdiana diz que há "falta de transparência" na gestão do setor elétrico
 
22 de Novembro de 2012, 14:14
 
Cidade da Praia, 22 nov (Lusa) - A Associação de Defesa do Consumidor (ADECO) de Cabo Verde considerou hoje que há "situações de falta de transparência" no setor elétrico, exigindo investigações oficiais à gestão das empresas produtoras e abastecedoras.
 
Numa conferência de imprensa, o presidente da ADECO, António Pedro Silva, defendeu que se "impõe" a intervenção das autoridades para investigar "eventuais práticas lesivas dos interesses" da população e a revisão "imediata" do contrato com a Cabeólica, a empresa que gere os vários parques eólicos no arquipélago.
 
A ADECO exige também uma "investigação" à gestão da empresa produtora de energia e água cabo-verdiana, a Electra, e ao setor elétrico, em geral, insistindo na questão da Cabeólica, que "canibalizou" o parque eólico doado nos anos 1990 pela Dinamarca.
 
"O objetivo é denunciar situações de falta de transparência na gestão do setor elétrico e o respetivo impacto nas tarifas de eletricidade e água, por conseguinte, no custo de vida das populações", salientou.
 
Especificando, a ADECO quer saber em que ponto estão as declarações feitas pelo ministro do Desenvolvimento britânico, Gareth Thomas, publicadas em março de 2010 pelo Daily Telegraph e reproduzidas na comunicação social cabo-verdiana, dando conta do investimento de 26 milhões de euros num parque eólico em Cabo Verde.
 
As declarações do ministro britânico não foram confirmadas pelo Governo cabo-verdiano, que disse desconhecer a intenção.
 
Em relação à Electra, a ADECO questiona as razões do não funcionamento das turbinas eólicas doadas pela Dinamarca nos anos 1990, lamentando o "abandono e canibalização" a que foram votadas, provocando, segundo cálculos da associação, prejuízos diretos na empresa de 100 mil contos/ano (907 mil euros/ano).
 
O tarifário da Electra e a sua relação com a Cabeólica são também questionados pela ADECO, acusando a primeira de comprar à segunda energia proveniente dos parques eólicos a uma "média muito superior à eletricidade fornecida".
 
"Com base no contrato entre as duas empresas, a Cabeólica, ao longo da sua vida útil, vai ter uma receita superior a 500 por cento no investimento", afirmou António Pedro Silva, exigindo "transparência e investigação" ao setor e lamentando a inexistência de uma entidade reguladora.
 
JSD // VM.
 

Brasil: A inédita mobilização da grande mídia para blindar chefões da Veja

 
Roberto Cívita (dono da Abril) e Policarpo Jr. (diretor de Veja)
Pragmatismo Político
 
Indiciamentos do jornalista Policarpo Júnior e de Roberto Cívita (diretor e proprietário de Veja, respectivamente) por formação de quadrilha provoca reação inédita na imprensa brasileira
 
Em menos de 24 horas, relatório de Odair Cunha (PT-MG) conseguiu provocar uma reação inédita dos grandes meios comunicação brasileiros: editoriais do Estado, de Francisco Mesquita Neto, e da Folha, de Otávio Frias, uma capa do Globo, de João Roberto Marinho, além de artigos de Merval Pereira e Ricardo Noblat. Tudo por conta da proposta de indiciamento do jornalista Policarpo Júnior, de Veja, de Roberto Civita, por formação de quadrilha, em razão de seu estreito vínculo com o bicheiro Carlos Cachoeira
 
O relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG) conseguiu demonstrar o poder de fogo dos grandes meios de comunicação brasileiros. Os principais jornais do País enfileiraram suas tropas e apontaram os canhões na direção do relator da CPI. O deputado Odair, como se sabe, ultrapassou uma linha perigosa, ao propor o indiciamento de cinco jornalistas e investigações a respeito da conduta de outros seis profissionais de imprensa.
 
O caso emblemático é o do jornalista Policarpo Júnior. Odair demonstra que o diretor de Veja tinha ciência de estar servindo a interesses privados de Cachoeira (que apenas eventualmente coincidiam com interesses públicos), valendo-se muitas vezes de munição para suas denúncias obtida por meio de gravações clandestinas ou compradas ilegalmente (como no caso do Hotel Naoum, em Brasília).
 
O relator também cita exemplos de profissionais que receberam dinheiro, champanhes e outros presentes de Cachoeira para produzir reportagens. Mas, na visão dos grandes grupos privados de comunicação, investigá-los representa uma ameaça à liberdade de expressão. Tanto a Folha como o Estado produziram editoriais a respeito, como colunistas de renome, vide Ricardo Noblat, também condenaram o relatório de Odair Cunha. Foi como se proclamassem, em uníssono: “Somos todos Policarpos”. Ou, de outra maneira, “mexeu com ele, mexeu comigo”.
 
Leia abaixo parte da introdução do relatório de Odair Cunha
 
Conforme vimos afirmando ao longo do presente Relatório, a Organização Criminosa (ORGCRIM) chefiada por Carlos Cachoeira e estruturada para assacar o Estado Brasileiro havia fincado raízes em diversos pontos da estrutura democrática estatal (Administração Pública em geral, principalmente no Estado de Goiás) e contava, como órgão de apoio de suas empreitadas criminosas, com um forte e atuante braço midiático, a ser utilizado para atender aos desígnios diversos da quadrilha.
 
Assim, as linhas seguintes longe de significarem quaisquer afrontas ou ataques à imprensa, aos meios de comunicação ou a seus profissionais, e mesmo ao seus imprescindíveis direitos de expressar e informar, significam, na verdade, em sintonia com a Constituição da República, a própria defesa da liberdade de imprensa e da comunicação.
 
(…)
O que estamos a afirmar é que a imprensa e os profissionais que a dignificam, independentemente de posições ideológicas ou visões de mundo que conduzem sua linha editorial, devem estar a serviço da verdade e em sintonia com os postulados éticos e legais.
 
Quando tais profissionais se divorciam desses princípios éticos e das altas responsabilidades que balizam o exercício dos próprios direitos e garantias constitucionais, perdem a sociedade, suas instituições e seus cidadãos.
 
Foi o que se viu durante as investigações realizadas pela Polícia Federal e por esta Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. Com efeito, profissionais da imprensa exorbitaram e vilipendiaram de forma gravosa os mais basilares princípios éticos que orientam o exercício da profissão e, de modo indigno, deixaram de servir a sociedade e ao Estado Democrático de Direito e passaram a contribuir de alguma maneira com os interesses da Organização Criminosa.
 
(…)
Verificar-se-á ao longo do presente capítulo, que alguns profissionais da imprensa aderiram de modo criminoso aos desígnios da ORGCRIM chefiada por Carlos Cachoeira. Menoscabaram e assacaram ferozmente contra a ética no jornalismo em todas as suas dimensões, induziram decisões e juízos de valores, enganaram a sociedade, desvirtuaram verdades, criaram factoides, tudo sob o pressuposto de que estavam protegidos pela liberdade de imprensa.
 
Ocorre que, como já afirmamos alhures, a liberdade de imprensa não alberga crimes e criminosos, não compactua com a falta de ética, não abarca a manipulação da verdade, não socorre aqueles que maculam a boa-fé dos cidadãos e cidadãs, enfim, não protege os estultos que empulham a sociedade.
 
(…)
Mas, ao jornalista caberá, sempre, saber quem é a fonte, quais os caminhos que ela trilha, quais os interesses que ela defende, rechaçando as possibilidades de conivência com fontes que eventualmente estejam mergulhadas no crime, porque, afinal, a principal missão do jornalista é a defesa do interesse da sociedade, e nunca a notícia a qualquer preço, especialmente se a notícia visa atender a interesses criminosos. Isso é da deontologia da profissão, constitui uma obviedade. Aprende-se isso nas escolas de jornalismo, nos muitos manuais de redação, no exercício cotidiano da profissão. A ética do jornalismo não admite conivência com o crime, até porque essa conivência, especialmente quando continuada, prejudica profundamente a sociedade.
 
Brasil 247
 
Leia também
 

Brasil: Estatal derruba casas e deixa famílias sem auxílio em Minas Gerais

 


Moradores de Nova Porteirinha, no norte de Minas Gerais, denunciam violação de direitos na reintegração de posse da Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf)
 
Maíra Gomes, de Belo Horizonte (MG)- Brasil de Fato – foto Thiago Alves
 
“Eu não recebi papel nenhum para derrubarem minha casa. Amigos me ligaram e disseram: ‘Vem pra cá que tão derrubando tudo’. Quando cheguei já tinham arrebentado o cadeado, tirado minhas coisas pra fora e metade da casa já estava no chão”. O relato é de Jeferson Souza Cruz sobre o que aconteceu com sua casa, construída há mais de nove anos. Assim como sua família, outras três foram expulsas e tiveram suas casas derrubadas em uma ação de reintegração de posse da Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Outras quinze famílias já receberam ordem de despejo.
 
O caso se passa no município de Nova Porteirinha, no Norte de Minas Gerais. Em 1978, o rio Gorutuba foi cercado e criada a barragem Bico de Pedra, que abastece a cidade de Janaúba, polo da região, e serve ao Projeto de Irrigação Gorutuba. Grandes canais saem da barragem e seguem para os lotes irrigados, na época sorteados entre os produtores locais. Após a implantação do projeto, diversas famílias se instalaram próximos aos canais à procura de emprego e água. E assim vem sendo desde então.
 
Intimidações
 
Em 2005, alguns moradores da Vila dos Goianos – nome que foi dado à comunidade que ali se instalou – começaram a ser intimados a sair de suas casas. Os casos são diversos, mas o que é praticamente unânime foi a forma descuidada e desrespeitosa com que as intimações foram feitas. Grande parte dos moradores é analfabeta ou semianalfabeta. Assim, os documentos foram entregues sem explicações suficientes e os oficiais de justiça fizeram com que os moradores assinassem os termos. Alguns não deram atenção à intimação, outros entraram em contato com advogados particulares ou foram até a prefeitura.
 
Atualmente, sete anos depois, a expulsão começou. No fim de julho deste ano, duas casas foram derrubadas, e entre os dias 15 e 19 de outubro, outras duas. A moradora Elza Pereira dos Santos foi a primeira a sofrer com a ação. Ela conta que recebeu a intimação para desocupar sua casa em uma quinta-feira, com prazo até a segunda seguinte. Não tendo para onde ir, ficou no local. Na segunda, um oficial de justiça e dois policiais militares vieram até a sua casa e, diante da negação de dona Elza sobre sua saída, invadiram a residência e retiraram seus pertences, finalizando expulsão com a derrubada de sua casa. “Fiquei uma semana debaixo do pé de manga, não tinha pra onde ir”, desabafa. Hoje, Dona Elza está em uma casa alugada com sua família, mas não sabe até quando poderá pagar a moradia.
 
Maria Edite também era moradora da região. Em fevereiro deste ano, recebeu a primeira intimação. Não tendo para onde ir, pois não recebe nenhum benefício do governo ou aposentadoria, foi mandada para uma casa de aluguel sob a promessa de que a prefeitura pagaria os encargos. Após dois meses sem o pagamento, teve que deixar o local e voltar para sua residência.
 
Quando fui pra lá, há vinte anos, era só mato, de fora a fora. Tava muito ruim de serviço e meu marido foi para o mundo trabalhar, dizendo que voltava em quinze dias. Eu fiquei ali com meus meninos e montei uma barraca de lona”, relata Maria Edite. Um membro da Codevasf, vendo seu acampamento, indicou à Maria que poderia ser construída uma casa de adobe (casa feita de tijolos de barro a baixo custo) a trinta metros do canal. Quando seu marido voltou, a família levantou a casa, que hoje corre o risco de ser derrubada.
 
Após ter voltado para a vila, onde vivem também sete de seus onze filhos, já com suas famílias, Maria recebeu novamente a visita de um oficial de justiça, que a pressionou dizendo que se continuasse ali deveria pagar uma multa de trinta reais por dia. Sabendo que não teria como pagar e com medo inclusive de receber ordem de prisão, ela foi para uma casa de aluguel no dia 22 de outubro, ainda sem saber como pagará.
 
A família de Jeferson Souza Cruz, cujo relato abre a reportagem, teve sua residência derrubada sem aviso prévio. No mesmo dia em que a casa de Dona Elza foi demolida, há três meses, ele recebeu um telefonema de vizinhos informando que a Codevasf estava em sua casa. “O oficial de justiça alega que foi lá em casa e eu não estava. Aí foi embora e já voltou outro dia com trator, viatura da polícia e tudo”. Quando chegou ao local, Jeferson conta que teve medo de reagir devido à presença da polícia. Já há dez anos na região, ele afirma que comprou o terreno de um antigo morador e tem todos os documentos. Sua família está agora em uma casa alugada, paga pela prefeitura da cidade. O prefeito Wilmar Soares de Oliveira se comprometeu a pagar até o fim do seu mandato, em janeiro.
 
A Vila dos Goianos, que tem dezenove famílias moradoras, recebe os serviços da Copasa e Cemig, além de ter banheiros externos construídos pela prefeitura de Nova Porteirinha. Desde o início das ações, os banheiros foram derrubados, e a água foi cortada, pressionando os moradores a deixarem suas casas. A maior parte das famílias já o fez, estando agora na casa de parentes, em moradias alugadas ou de favor, espalhados por diversas cidades do país. Documentos recebidos pelos moradores informam que até o dia dez de novembro, o restante das moradias devem ser derrubadas.
 

EDITORIAL EM DESACATO

 

 
A comunicação jornalística e social enfrenta novamente um desafio extraordinário. Os sucessos trágicos que dominaram a agenda, tanto na Palestina quanto em Santa Catarina, colocaram na vitrine, não só interesses manifestos de ocultar a realidade, como uma condição pobre, ordinária e elementar de tratar os fatos.
 
De forma alguma a morte pode ser tratada como espetáculo, e do mesmo jeito a violência em todas suas manifestações. As manchetes e os parcos informes da grande mídia seguiram, como de costume, a mecânica da venda de notícias, usando-se dos “produtos” mais fáceis de serem comercializados: a vingança, a destruição, o moralismo e a necessidade de punir. Os punidos são sempre os pobres, os excluídos, os discriminados, os negros, os índios, os não ocidentais.
 
As trevas às que submete a falta de crítica sustentada, diferente, diversa e alheia aos poderes constituídos, exige dos veículos independentes um esforço muito grande para garantir a versão dos invisíveis, equilíbrio, análises demoradas, partes e contrapartes e uma linguagem diferente da transitada pelos monopólios.
 
A demanda é gigantesca, a sociedade precisa exercer o controle do que se demonstra falido, e para isso precisa saber, refletir e decidir por si de forma coletiva.
 
Florianópolis, 18 de novembro de 2012.
 

A POLÉMICA PROPOSTA DE ORÇAMENTO DA UNIÃO EUROPEIA

 

André Cabrita Mendes – Dinheiro Vivo
 
Líderes europeus estão divididos sobre aumento das despesas e vão negociar proposta da Comissão Europeia a partir de amanhã
 
O futuro orçamento comunitário para o período 2014-2020 vai começar a ser discutido amanhã e na sexta-feira pelos líderes europeus em Bruxelas.
 
A Comissão Europeia propõe um orçamento conforme a estratégia Europa 2020, que promove o emprego, a produtividade e a coesão social no bloco comunitário.
 
Partindo desta premissa, a Comissão Europeia criou uma proposta com o objectivo de: Financiar as políticas comuns, como a Política Agrícola Comum (PAC); ajudar as regiões mais fracas através da solidariedade; promover o mercado interno; promover a cooperação na pesquisa, inovação e justiça; responder aos conflitos existentes e emergentes como as alterações climáticas e demográficas e os desastres humanitários.
 
Conheça o orçamento europeu para os próximos sete anos:

1. Pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico

A União Europeia quer ser “competitiva em termos de inovação se deseja desempenhar um papel principal no palco mundial”. Desta forma, pretende aumentar o nível de investigação em investigação e desenvolvimento e aumentá-lo para 3% do PIB comunitário. Assim, Bruxelas pretende alocar 80 mil milhões de euros para o período 2014-2020.

A proposta da Comissão Europeia, no valor de um trilião de euros para o período entre 2014-2020, foi prontamente rejeitada pelo Reino Unido que considera que não faz sentido os estados-membros estarem a impor austeridade a nível interno para depois irem aumentar o orçamento em 5%, conforme pretendido por Bruxelas.
 
“Aqui no Reino Unido, congelei os benefícios de algumas pessoas, congelei os salários de algumas pessoas, cortei o orçamento em 30%. Tive que cortar no orçamento da polícia em 20%”, afirmou o primeiro-ministro britânico esta semana. “Não é credível ir à Europa e dizer, bem, tomámos todas estas difíceis decisões em casa, mas quanto chega ao orçamento europeu vemo-lo a aumentar e aumentar”, disse.
 
David Cameron já avisou os líderes europeus que pode vir a vetar o orçamento, o que obrigaria a que este seja submetido a votações anuais para ser aprovado, visto ser necessário alcançar a unanimidade.
 
A Alemanha também revelou que pretende um orçamento comunitário mais pequeno, uma pretensão a que Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, acedeu, reduzindo o orçamento em 80 mil milhões de euros.
 
2. Solidariedade para o crescimento sustentável e emprego

A política de coesão da União Europeia “é uma expressão de solidariedade com as regiões mais deprivadas”, conforme-se pode ler no orçamento, e desempenha um “papel importante para alcançar as ambições e objectivos da estratégia Europa 2020 na União Europeia. A Comissão pretende assim criar uma categoria de região, as “regiões de transição”, que iria incluir todas as regiões com um PIB per capita entre os 75% e os 95% da média comunitária.
 
A Comissão pretende alocar 376 milhões de euros para os instrumentos de política de coesão e distribui-los pelas diferentes áreas:

- 162,6 mil milhões de euros para as regiões em convergência
- 38,9 mil milhões para as regiões em transição
- 53,1 mil milhões para as regiões competitivas
- 11,7 mil milhões para a cooperação territorial
- 68,7 mil milhões para o Fundo de Coesão
 
O primeiro-ministro português vai ser recebido amanhã pelos presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, Herman Van Rompuy e Durão Barroso respectivamente, para dar conta da posição nacional sobre o orçamento.
 
Hoje, no parlamento, Passos Coelho revelou que a actual proposta "não é equilibrada e tem elementos inaceitáveis" para Portugal. No entanto, o primeiro-ministro disse que está "disponível para facilitar um entendimento em Bruxelas", acrescentando que "quando se parte para uma negociação, a nossa rigidez deve ser a mínima".
 
3. Infraestruturas modernas

A Comissão pretende investir em infraestruturas modernas para promover o acesso ao mercado interno para todos, criando assim o “Connecting Europe Facility”. Desta forma vão ser alocados: 9,1 mil milhões de euros em energia; 31,6 mil milhões para transportes; 9,1 mil milhões para tecnologias de informação.
 
O presidente da Comissão Europeia disse que orçamento comunitário "não é um orçamento para Bruxelas e Estrasburgo", afirmando que "mais de 94%" dos fundos são "inteiramente dedicados" aos cidadãos europeus.
 
4. Política agrícola comum (PAC)

Este ponto tem sido o que tem levantado mais discórdia entre os parceiros europeus. Bruxelas propôs uma redução nos valores do PAC mas França, Espanha e Portugal já mostraram a sua oposição a esta situação. A Comissão pretende com este orçamento assegurar que o PAC seja “competitivo”, assegure um fornecimento “adequado e seguro” de alimentos, e “preserve o ambiente e o meio rural enquanto providencia uma qualidade de vida para a comunidade agrícola”.
 
A proposta de Bruxelas passa por alocar 281,8 mil milhões para a agricultura e 89,9 mil milhões para o desenvolvimento rural. Além disso vão ser acrescentados 15,2 mil milhões distribuindo-os da seguinte forma:

- 4,5 mil milhões em pesquisa e inovação
- 2,2 mil milhões para segurança alimentar;
- 2,5 mil milhões para apoio alimentar
- 3,5 mil milhões em novas reservas para possíveis crises no sector agrícola
- Até 2,5 mil milhões para o Fundo Europeu de Globalização
 
Vários eurodeputados portugueses rejeitaram hoje no Parlamento Europeu eventuais cortes no orçamento. Paulo Rangel (PSD), Capoulas Santos (PS) e Alda Sousa (Bloco de Esquerda) alertaram que sem investimento, como na agricultura, não é possível ultrapassar a crise. "Sem haver investimento não poderá haver crescimento", afirmou Paulo Rangel no hemiciclo comunitário em Estrasburgo, segundo a Lusa.
 
Também Paulo Portas, ministro dos Negócios Estrangeiros, rejeita a actual proposta e disse esta semana que o orçamento "inaceitável para Portugal", e garantiu que o Governo vai negociar com espírito de compromisso mas "com firmeza" na Europa.
 
5. Recursos humanos

A estratégia 2020 considera que é necessário aumentar a educação superior na Europa e combater o abandono escolar. Bruxelas reconhece que as actuais propostas da Comissão são ineficazes e propõe estabelecer um único programa em educação, formação e juventude. O objectivo passa por alocar 15, mil milhões em educação e formação, assim como 1,6 mil milhões para a cultura. O financiamento deverá ser complementado pelos fundos estruturais.
 
Durão Barroso defendeu hoje a importância do orçamento comunitário no Parlamento Europeu e sublinhou que este é o "principal instrumento em termos de crescimento".
 
O presidente da Comissão Europeia afirmou que a actual proposta "não é um orçamento para Bruxelas e Estrasburgo", garantindo que "mais de 94%" dos fundos são "inteiramente dedicados" aos cidadãos europeus.

6. Imigração

A Comissão deseja simplificar a estrutura dos instrumentos de despesa reduzindo o número de programas para dois fundos: o Fundo para a Migração e Refugio; e o Fundo para a Segurança Interna. Bruxelas pretende gastar 8,2 mil milhões no assuntos internos e 455 mil milhões na protecção civil e na Capacidade de Resposta de Emergência Europeia.

A França rejeita às aspirações britânicas de congelar o valor do actual orçamento para o próximo, com Paris a dizer que este deve promover o crescimento. "A Europa também precisa de um orçamento que lhe permita alcançar o crescimento", afirmou o ministro dos Assuntos Europeus, Bernard Cazeneuve.
 
7. Tornar a Europa num dos principais actores globais

“É importante que a União Europeia desempenha um papel principal no palco mundial, de forma a assegurar estabilidade, prosperidade e democracia nos países à sua volta”, pode-se ler na proposta da Comissão, que pretende estreitar os laços com África através do Instrumento para o Desenvolvimento e Cooperação, e pretende também estar envolvida na democratização do mundo Árabe.
 
Bruxelas pretende assim alocar 70 mil milhões de euros para o instrumento de assistência externa dentro da União.

Fora do espaço comunitário, 30 mil milhões de euros vão ser destinados para os países de África, Caraíbas e do Pacífico; 321 mil milhões para territórios e países ultramarinos pertencentes à União Europeia; 2,5 mil milhões para a Reserva de Ajuda de Emergência.
 
No entanto, Bruxelas tem um plano B em caso de veto britânico, aprovar o orçamento anualmente, visto só ser necessária uma maioria qualificada e não alcançar a unanimidade, como no orçamento plurianual.
 
"Os britânicos são os únicos que consideram potencialmente aceitável deitar tudo por terra na cimeira", disse um diplomata europeu à Reuters. "As instituições europeus estão a pensar em formas de contornar legalmente um veto britânico", revelou.
 

Cimeira Europeia: Merkel duvida que líderes europeus cheguem a acordo esta semana

 


União Europeia está dividida: Reino Unido quer um orçamento mais pequeno mas França considera que cortes vão prejudicar o crescimento
 
Acompanhe minuto a minuto o desenvolvimento da Cimeira Europeia em Dinheiro Vivo, por André Cabrita Mendes
 
Os líderes europeus estão hoje reunidos em Bruxelas para debater o orçamento comunitário plurianual 2014-2020. A cimeira vai começar com os estados-membros da União Europeia divididos, com o Reino Unido a rejeitar a actual proposta da Comissão Europeia. David Cameron já acenou com um possível veto aos restantes países, visto o orçamento precisar de ser aprovado por unanimidade.
 
A Comissão Europeia já acedeu ao Reino Unido e à Alemanha, que também pretendia uma redução, e reduziu em 80 mil milhões de euros o valor inicial, de 1 trilião de euros. No entanto, Londres considera que o valor não é suficiente e pede mais cortes, entre 150 mil milhões e 200 mil milhões.
 
Uma sondagem recente demonstrou que 56% dos britânicos, de todos os quadrantes políticos, estão dispostos a deixar a União Europeia. Apenas 30% afirmou querer que o Reino Unido permaneça como membro.
 
18:01 - Hollande pretende um diálogo construtivo durante a cimeira. Venho para alcançar um compromisso e não para lançar um ultimato”, afirmou o presidente francês à chegada a Bruxelas. “Estou certo de que com a Alemanha vamos ser, como sempre, um motor para alcançar este compromisso”, acrescentou.
 
17:44 - Suécia pretende um orçamento mais pequeno. O primeiro-ministro sueco rejeitou hoje a proposta do Conselho Europeu de um orçamento no valor de 973 mil milhões de euros. "Continua a ter um nível de despesas muito elevadas", afirmou Fredrik Reinfled, acrescentando que as negociações "poderão demorar muito tempo".
 
17:26 - Dinamarca quer um orçamento moderno. A primeira-ministra dinamarquesa, Helle Thorning-Schimdt, reclama uma compensação financeira de 134 milhões de euros. “Lutamos durante muitos anos para que se reduza o orçamento agrícola. Se tivermos êxito e conseguirmos gastar o dinheiro num orçamento mais moderno, que promova o emprego e crescimento, isto será bom para a Dinamarca”, afirmou
 
17:09 - Líder polaco considera que vai ser difícil alcançar um acordo. Donald Tusk, primeiro-ministro polaco, disse hoje, à chegada a Bruxelas, que o Reino Unido "irá certamente" bloquear um acordo sobre o orçamento na cimeira da União Europeia.
 
16:57 - Merkel diz que líderes europeus não vão chegar a acordo esta semana. A chanceler alemã reconheceu hoje que o acordo entre os líderes europeus para o orçamento comunitário poderá não ser alcançado esta semana. “É importante que cheguemos a um acordo. A Alemanha quer chegar a um acordo, mas é possível que precisemos de continuar a negociar”, afirmou Angela Merkel ao chegar a Bruxelas.
 
16:44 - Parlamento Europeu rejeita qualquer corte ao orçamento Barroso proposto pela Comissão Europeia. "Estou bastante céptico de que haja um compromisso. Inclusivamente se vai haver um compromisso sobre os valores de Herman Van Rompuy por exemplo ou inclusivamente abaixo desse valor, vai haver com certeza um "não" no Parlamento Europeu", afirmou o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.
 
16:32 - Áustria pede manutenção das compensações para aprovar orçamento. Werner Faymann, chanceler austríaco, deixou hoje claro que o Governo não vai aceitar um acordo para o orçamento, se não se mantiver a compensação para a Áustria pode ser um dos maiores contribuintes: "Todos tem que fazer concessões. Não existe um compromisso se o resto mantêm as suas compensações e nós somos os únicos que as perdemos", afirmou.
 
16:21 - Pode o Reino Unido deixar a União Europeia? O político conservador britânico David Cash afirma que David Cameron vai ceder à pressão dos eurocépticos e vai convocar um referendo em 2014 para saber se os cidadãos do Reino Unido pretendem ficar ou sair da União Europeia, segundo a Bloomberg.
 
16:07 - Lituânia pede um orçamento que não afecte os países mais pobres. “A Lituânia apoia o objectivo de gastar menos. Mas de qualquer forma, os cortes orçamentais não podem fazer-se às custas dos estados-membros mais débeis economicamente”, afirmou a presidente lituana, Dalia Grybauskaité, em comunicado.
 
15:45 - Mario Monti posiciona-se para as negociações na cimeira. O primeiro-ministro italiano disse hoje que vai recusar-se a assinar qualquer tipo de orçamento. Monti considera que Italia é muito penalizada no orçamento e quer mais dinheiro para as ajudas agrícolas e regionais. "Para nós não é tão importante como para outros um limite ao total do orçamento", afirmou, à chegada à Bruxelas. "Mas é absolutamente essencial que Itália obternha melhores resultados" dos propostas na actual proposta de orçamento, disse Monti.
 
15:20 - Olli Rehn prevê um acordo sobre a Grécia na próxima semana. O comissário para os Assuntos Económicos espera que na próxima reunião do Eurogrupo na segunda-feira, os parceiros europeus cheguem a acordo para libertar a próxima tranche para a Grécia, no valor de 31,500 mil milhões de euros. "Francamente, não vejo nenhuma razão para que não consigamos chegar a um acordo".
 
15:00 - Jean-Claude Juncker pede a David Cameron que ceda nas pretensões britânicas. O primeiro-ministro do Luxemburgo e líder do Eurogrupo disse que se deve evitar fortes cortes no próximo orçamento e afirmou que o Reino Unido "terá que deixar-se convencer". "Não precisamos de muito mais dinheiro, mas também não precisamos de menos", disse Juncker.
 

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