terça-feira, 11 de março de 2014

Angola: EUA ARRASAM O REGIME ANTES DE DOS SANTOS DESEMBARCAR EM WASHINTON



A VERGONHOSA CORRUPÇÃO INSTITUCIONAL

Folha 8 – 8 março 2014

JUSTIÇA ANGOLANA ESTÁ AO SERVIÇO DO MPLA E DA CORRUPÇÃO

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Quanto aos direitos huma­nos, o relatório identifica três tipos de abusos prin­cipais: punição excessiva, degradante e cruel; limites à liberdade de reunião, as­sociação, expressão e im­prensa e corrupção e im­punidade das autoridades.

Outros atropelos aos direi­tos humanos registados no relatório incluem “priva­ção de vida ilegal ou arbi­trária, condições prisionais duras, detenção arbitrária, ineficácia judicial, desres­peito pelos direitos dos ci­dadãos à privacidade e de­salojamentos forçados sem compensação, restrições às ONG, discriminação e vio­lência contra mulheres, abu­so de menores, tráfico de pessoas e trabalho forçado”.

CONCENTRAÇÃO DO PODER NUM SÓ HOMEM

A nível político, o depar­tamento de Estados norte­-americano afirma que o MPLA – partido no poder desde 1975 – “domina todas as instituições políticas” e que o poder político “está concentrado na Presidên­cia e no Conselho de Mi­nistros, através do qual o Presidente José Eduardo dos Santos exerce o po­der executivo”, enquanto os partidos da oposição se dizem sujeitos a “persegui­ção, intimidação e ataques” por apoiantes do partido maioritário.

No ano passado, pelo me­nos 12 pessoas foram mor­tas por motivos políticos, menciona o relatório, que fala também de prisões arbitrárias de pessoas que participavam em protes­tos anti-governo, apesar de este direito estar consagra­do na Constituição, perma­necendo pelo menos três activistas políticos presos.

Quanto às forças de segu­rança, há relatos de tortu­ras e espancamentos por parte de elementos poli­ciais, que compensam os baixos salários com extor­sões e corrupção, diz o do­cumento.

Sobre a imprensa, o rela­tório afirma que a esmaga­dora maioria dos meios de comunicação são detidos por “grupos ou indivíduos ligados ao Governo”, en­quanto os media privados “criticam o Executivo aber­tamente, mas por vezes so­frem repercussões”.

No capítulo sobre Angola, o relatório menciona por duas vezes o caso do jorna­lista e activista dos direitos humanos Rafael Marques, que foi detido por algumas horas em Setembro do ano passado, juntamente com outros colegas, quando entrevistava um grupo de jovens manifestantes.

Quanto aos direitos indi­viduais, “violência e discri­minação contra mulheres, abuso de crianças, pros­tituição infantil, tráfico humano, e discriminação contra pessoas com de­ficiência” são problemas identificados pelo depar­tamento de Estado norte­-americano.

SOBRE ELEFANTES E RINOCERONTES: NEOLIBERALISMO NA FAZENDA




O lobby pró-comércio insiste que apenas as suas fazendas produtivas poderão salvar tigres, elefantes, ursos, rinocerontes e outras espécies ameaçadas.

Alejandro Nadal - Carta Maior

Há duas semanas, aconteceu em Londres uma reunião internacional sobre o tráfico de espécies ameaçadas de extinção. A conferência teve por objetivo confirmar o compromisso de países consumidores e exportadores da flora e da fauna silvestre para controlar e erradicar esse grave problema.

Nos últimos anos, a extração ilegal de todo tipo de vida silvestre se agravou de maneira alarmante. Os exemplos mais conhecidos são os elefantes e os rinocerontes. Um cálculo conservador sobre o número de elefantes mortos na África no ano passado chega aos 22 mil exemplares (há quem calcule que as mortes ultrapassem os 50 mil elefantes por ano). Nesse ritmo, a espécie poderá ser extinta em uns 15 anos.
 
A disparidade nos números se deve ao fato de que a população total de elefantes não é conhecida, sobretudo nas regiões de florestas da África ocidental. Os elefantes são assassinados por conta de seu marfim, cujo valor de mercado (legal e ilegal) alcança os 4 mil dólares por aquilo: um dente de um elefante macho adulto pode chegar a pesar 18 quilos. O mercado mais importante de marfim é na China, e em alguns outros países da Ásia, mas também há espaços para transações legais nos Estados Unidos e na Europa.

O caso dos rinocerontes é alarmante. Aqui os números são mais precisos. Existem 18 mil rinocerontes brancos e em torno de 2 mil negros. A grande maioria desses animais (96%) se encontra na África do Sul. Em torno de 5 mil rinocerontes estão em terras de propriedade privada. No ano passado, mais de mil foram caçados ilegalmente com a finalidade de cortar-lhes os chifres e vendê-los na China e no Vietnã a preços astronômicos (em Hanói e em Ho Chi Minh, um quilo de chifre pode valer 90 mil dólares). Mesmo que a taxa de natalidade dos rinocerontes ainda supere a mortandade provocada por essa caçada, as coisas podem mudar neste ano, e esses animais também podem ser extintos em 10 ou 15 anos. Em situações tão dramáticas ou até mais delicadas que a dos elefantes e rinocerontes, estão os tigres, diversas espécies de ursos, e muitos répteis e aves.

Participaram da conferência de Londres representantes de 46 países, que lá assinaram um importante acordo por meio do qual claramente fecham portas aos esforços de alguns países no sentido de legalizar os mercados dessas e de outras espécies.

A reação não demorou a chegar. Diante do objetivo de acabar com o tráfico ilegal de espécies ameaçadas, surgiu um movimento que pretende controlar o massacre por meio da criação de mercados legais dessas espécies e seus “produtos” (peles, dentes, chifres, ossos, suco biliar etc.). Trata-se de um lobby internacional de proprietários de fazendas de todo tipo de animais, desde chifres e lagartos (peles), até fazendas com rinocerontes (chifre), tigres (ossos e pele), e ursos em cativeiro para lhes extrair o suco biliar. Se você tem o coração frágil, não aconselho a ver no YouTube os vídeos sobre a vida dos animais nessas “fazendas”.
 
Esse lobby se esconde atrás das palavras mágicas “uso sustentável” e argumenta que, com fazendas e produtores legais, é possível ter controle sobre esse mercado.
 
Insistem que suas fazendas baixariam os preços desses produtos, e isso acabaria por minar os cartéis que hoje dominam o tráfico de espécies. Mas sua análise econômica tem inúmeros problemas, entre os quais está o fato de que não há dados sobre a elasticidade-preço da demanda. Isso quer dizer que os modelos adotados por esse lobby não podem dizer nada sobre a expansão da demanda final quando os preços forem reduzidos. Além disso, os mercados legais abrem as portas ao marfim, chifres, peles e outros “produtos” desses animais.

Os defensores das fazendas insistem que a vida selvagem é um “recurso” que deve ser explorado para o bem-estar da humanidade. Bem, não toda a humanidade, mas apenas quem é proprietário e tem capital para converter a vida silvestre em espaço de rentabilidade. Em poucas palavras, é o neoliberalismo aplicado a tudo o que se arrasta, caminha, voa ou nada na biosfera. O projeto desse lobby é legalizar mercados e abrir fazendas de espécies ameaçadas para convertê-las em mercadorias e, desse modo, assegurar sua “conservação”.

Não importa que o gado e a avicultura tenham muito pouco a ver com a conservação da vida silvestre. O lobby pró-comércio insiste que apenas as suas fazendas produtivas poderão salvar tigres, ursos, rinocerontes e outras espécies (incluindo os elefantes).

Se George Orwell voltasse, sem dúvidas escreveria um adendo ao seu célebre Revolução dos Bichos. Mas, desta vez, o porco Napoleão não representaria o comitê central de um partido totalitário, mas o conselho de administração de uma fazenda na qual os animais devem se reproduzir para entregar suas peles, dentes, chifres e ossos aos acionistas. E tudo isso aos gritos de “Viva o usos sustentável e o capital natural!

(*) Alejandro Nadal é membro do Conselho Editorial do SinPermiso
 
(*) Tradução: Daniela Cambaúva

PARLAMENTO DA CRIMEIA ADOTA DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA




O Conselho Supremo da Crimeia adotou uma declaração de independência da república autônoma e de Sevastopol, afirma o site do parlamento.

O documento, aprovado pelos deputados, permite legalizar a anexação da península à Rússia, bem como a realização, em 16 de março, de um referendo nacional, onde será abordada a questão do estatuto da Crimeia.

Se a decisão de se juntar ao território da Rússia for apoiada pelos moradores da Crimeia no referendo, a península será declarada um estado independente e soberano. Em seguida, a República da Crimeia irá pedir à Rússia para anexá-la ao país como um membro da Federação.

Voz da Rússia - Foto: RIA Novosti

UCRÂNIA PEDE APOIO MILITAR AOS ESTADOS UNIDOS E AO REINO UNIDO




Kiev aprovou uma resolução "sobre a solicitação de ajuda da Suprema Rada aos países-garantes da segurança da Ucrânia".

O pedido conclama o Reino Unido e os EUA a cumprirem suas obrigações no âmbito do Memorando de Budapeste, que garante a segurança da Ucrânia, e a tomar todas as possíveis medidas diplomáticas, políticas, econômicas e militares para preservar a independência e as fronteiras existentes da Ucrânia.

Além disso, os deputados, que acusam a Rússia da ocupação da Crimeia, exigiram a retirada imediata das tropas russas do território da Ucrânia.

Voz da Rússia – foto EPA

EX-JURISTA DO BANCO MUNDIAL REVELA COMO A ELITE DOMINA O MUNDO



Diário Liberdade

Instituto Humanitas Unisinos - Karen Hudes, ex-informante do Banco Mundial, despedida por ter revelado informação sobre a corrupção no banco, explicou com detalhes os mecanismos bancários para dominar nosso planeta.

A reportagem é publicada pelo sítio RT, 03-03-2014. A tradução é do Cepat.

Karen Hudes (foto), graduada pela escola de Direito de Yale, trabalhou no departamento jurídico do Banco Mundial durante 20 anos. Na qualidade de 'assessora jurídica superior', teve suficiente informação para obter uma visão global de como a elite domina o mundo. Desse modo, o que conta não é uma 'teoria da conspiração' a mais.

De acordo com a especialista, citada pelo portal Exposing The Realities, a elite usa um núcleo hermético de instituições financeiras e de gigantes corporações para dominar o planeta.

Citando um explosivo estudo suíço de 2011, publicado na revista 'Plos One' a respeito da "rede global de controle corporativo", Hudes enfatizou que um pequeno grupo de entidades, em sua maioria instituições financeiras e bancos centrais, exerce uma enorme influência sobre a economia internacional nos bastidores. "O que realmente está acontecendo é que os recursos do mundo estão sendo dominados por esse grupo", explicou a especialista com 20 anos de trabalho no Banco Mundial, e acrescentou que os "capturadores corruptos do poder" também conseguiram dominar os meios de comunicação. "Isso é permitido a eles", assegurou.

O estudo suíço que mencionou Hudes foi realizado por uma equipe do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique. Os pesquisadores estudaram as relações entre 37 milhões de empresas e investidores de todo o mundo e descobriram que existe uma "super-entidade" de 147 megacorporações muito unidas e que controlam 40% de toda a economia mundial.

Contudo, as elites globais não controlam apenas essas megacorporações. Segundo Hudes, também dominam as organizações não eleitas e que não prestam contas, mas, sim, controlam as finanças de quase todas as nações do planeta. São o Banco Mundial, o FMI e os bancos centrais, como a Reserva Federal Estadunidense, que controla toda a emissão de dinheiro e sua circulação internacional.

O banco central dos bancos centrais

A cúpula desse sistema é o Banco de Compensações Internacionais: o banco central dos bancos centrais.

"Um organização internacional imensamente poderosa da qual a maioria nem sequer ouviu falar controla secretamente a emissão de dinheiro do mundo inteiro. É o chamado Banco de Compensações Internacionais [Bank for International Settlements]. Trata-se do banco central dos bancos centrais, localizado na Basileia, Suíça, mas que possui sucursais em Hong Kong e na Cidade do México. É essencialmente um banco central do mundo não eleito, que tem completa imunidade em matéria de impostos e leis internacionais (...). Hoje, 58 bancos centrais em nível mundial pertencem ao Banco de Compensações Internacionais, e tem, em muito, mais poder na economia dos Estados Unidos (ou na economia de qualquer outro país) que qualquer político. A cada dois meses, os banqueiros centrais se reúnem na Basileia para outra 'Cúpula de Economia Mundial'. Durante essas reuniões, são tomadas decisões que atingem a todo homem, mulher e criança do planeta, e nenhum de nós tem voz naquilo que se decide. O Banco de Compensações Internacionais é uma organização que foi fundada pela elite mundial, que opera em benefício da mesma, e cujo fim é ser uma das pedras angulares do vindouro sistema financeiro global unificado".

Segundo Hudes, a ferramenta principal de escravizar as nações e Governos inteiros é a dívida.

"Querem que sejamos todos escravos da dívida, querem ver todos os nossos Governos escravos da dívida, e querem que todos os nossos políticos sejam adictos das gigantes contribuições financeiras que eles canalizam em suas campanhas. Como a elite também é dona de todos os principais meios de informação, esses meios nunca revelarão o segredo de que há algo fundamentalmente errado na maneira como funciona nosso sistema", afirmou.

É TEMPO DE TERMINAR COM A INTROMISSÃO OCIDENTAL NA BÓSNIA



Diário Liberdade

Bósnia e Herzegovina - The Guardian - [Tradução Carlos Serrano Ferreira] Estamos extremamente preocupados com a resposta da comunidade internacional aos protestos populares que eclodiram contra quase duas décadas de desgoverno na Bósnia-Herzegovina (Editorial , 17 de fevereiro).

Meios de comunicação e políticos ocidentais têm argumentado que agora não é o momento para as potências ocidentais desligarem-se da Bósnia.

Na verdade, é hora de reconhecer que o domínio externo na Bósnia falhou. O acordo de Dayton, em 1995, criou um "protetorado" não democrático, dando ao Alto Representante das potências ocidentais uma autoridade neocolonial sobre um sistema político que institucionalizou as divisões étnicas, enquanto as políticas econômicas neoliberais empobreceram os bósnios comuns independentemente da etnia.

Será que as potências ocidentais têm quaisquer respostas a esta crise? O Alto Representante, Valentin Inzko, pode pensar apenas em ameaças de intervenção militar. Ameaças periódicas pelos EUA e a UE de rever o Acordo de Dayton de recentralizar a Bósnia só fizeram piorar as coisas, levantando o espectro da secessão com os sérvios e croatas olhando para a Sérvia e a Croácia como apoios. E nem Bruxelas nem Washington contemplarão reverter as políticas econômicas neoliberais que empobreceram tantos.

Portanto, é hora de encerrar o escritório do Alto Representante de altura e terminar a intromissão externa nos assuntos da Bósnia.

Os protestos populares deixaram claro que há uma rejeição generalizada de divisões étnicas e políticas neoliberais impostas de cima. Livre da pressão econômica, política e militar externa, estamos confiantes de que os povos da Bósnia irão juntos estabelecer uma sociedade baseada na justiça social e na igualdade nacional.

Samir Amin - Economista, Senegal;
Cédric Durand - Economista, Universidade Paris 13, França;
Emin Eminagić - Ativista, Bósnia e Herzegovina;
Lindsey German - Stop the War Coalition (p / c), Reino Unido;
Grigoris Gerotziafas - Professor adjunto de hematologia-hemostasia, Universidade Pierre e Marie Curie (Paris VI), militante do ANTARSYA em França/Grécia;
Anna Grodzka - Membro do parlamento da República da Polônia;
Costas Isihos - Membro do secretariado político e chefe do departamento de política externa do Syriza;
Mariya Ivancheva - Estudioso independente e membro do conselho editorial de LeftEast, Bulgária;
Stathis Kouvelakis - Reader em teoria política do King´s College, Londres e do Comitê Central do Syriza, Reino Unido e Grécia;
Zbigniew Marcin Kowalewski - Pesquisador e editor, Polônia;
Aleksandra Lakić - Pesquisadora, Bósnia e Herzegovina;
Ken Loach - Diretor de cinema, Reino Unido;
James Meadway - Economista, Reino Unido;
Matija Medenica - Editor Solidarnost, Sérvia;
China Miéville - Autor, Reino Unido;
Tijana Morača - Pesquisador independente , Sérvia;
Goran Musić - Historiador, Áustria;
Jelena Petrović - Red Min(e)d, Eslovênia;
Dragan Plavsic - Advogado e autor, Reino Unido;
Florin Poenaru - Antropólogo, Romênia;
Srećko Pulig - Editor Aktiv, Croácia;
Marija Ratković - A Cultura da Memória, Sérvia;
James Robertson - Estudante de Pós-Graduação, história , da Universidade de Nova York, Estados Unidos;
Catherine Samary - Economista, França;
Richard Seymour - Autor e colunista, Reino Unido;
GM Tamás - Filosófo, CEU, Budapeste, Hungria;
Mary Taylor - CUNY Graduate Center, EUA;
Vladimir Unkovski-Korica - Historiador, Reino Unido;
Ana Vilenica – Editor de Uz)bu) )na))), Sérvia;

Andreja Živković - Autor, Reino Unido - The Guardian, segunda-feira, 3 de março de 2014

Na foto: “Renunciem, bandidos”: cartaz opositor contra a corrupção

Austeridade e "receita económica" do FMI: Começou o saqueio da Ucrânia



Cinquenta por cento de cortes nas pensões, e o mais que está para vir

Paul Craig Roberts

Segundo uma notícia no Kommersant-Ukraine, o ministro das Finanças dos lacaios de Washington em Kiev com a pretensão de serem governo preparou um plano de austeridade que cortará pensões ucranianas de US$160 para US$80, de modo a que os banqueiros ocidentais que emprestaram dinheiro à Ucrânia possam ser reembolsados a expensas dos pobres da Ucrânia. http://www.kommersant.ua/doc/2424454 Tal como na Grécia, está tudo a repetir-se outra vez. 

Antes que qualquer coisa próxima da estabilidade e legitimidade tivesse sido alcançada pelo governo fantoche posto no poder através do golpe orquestrado por Washington contra o governo legítimo e eleito da Ucrânia, os saqueadores ocidentais já estão a actuar. Os ingénuos que protestavam acreditaram na propaganda de que a condição de membro da UE proporcionava uma vida melhor. Mas a partir de Abril eles perderão a metade da sua pensão. E isto é só o começo. 

Os media corruptos do ocidente descrevem os empréstimos como "ajuda". Contudo, os 11 mil milhões de euros que a UE está a oferecer a Kiev não são ajuda. Trata-se de um empréstimo. Além disso, ele vem com muitas restrições, incluindo a aceitação por Kiev de um plano de austeridade do FMI. 

Recordem agora: ucranianos crédulos participaram nos protestos que foram utilizados para derrubar o seu governo eleito, porque acreditaram nas mentiras que lhes foram ditas por ONGs financiadas por Washington de que se aderissem à UE teriam as ruas pavimentadas com ouro. Ao invés disso estão a ter cortes nas suas pensões e um plano de austeridade do FMI. 

O plano de austeridade cortará serviços sociais, fundos para a educação, despedirá trabalhadores do governo, desvalorizará a divisa, portanto elevará os preços de importações, as quais incluem gás russo, consequentemente os preços da electricidade, e abrirá activos ucranianos à tomada por corporações ocidentais. 

Terras agrícolas da Ucrânia passarão para as mãos do agronegócio americano. 

Uma parte do plano Washington/UE para a Ucrânia, ou aquela parte da Ucrânia que não se bandear para a Rússia, teve êxito. O que resta do país será inteiramente saqueado pelo ocidente. 

A outra parte não actuou tão bem. Os lacaios ucranianos de Washington perderam o controle dos protestos em favor de ultra-nacionalistas organizados e armados. Estes grupos, cujas raízes remontam os que combateram a favor de Hitler durante a II Guerra Mundial, emitem palavras e acções que põem em causa o clamor no Sul e Leste da Ucrânia para retornar à Rússia onde moravam antes da década de 1950, quando o partido comunista soviético os fixou na Ucrânia. 

No momento em que escrevo parece que a Criméia se separou da Ucrânia. Washington e seus fantoches da NATO nada pode fazer excepto fanfarronices e ameaças de sanções. A Casa Branca Louca demonstrou a impotência da "super-potência única estado-unidense" ao decretar sanções contra pessoas desconhecidas, sejam quais forem, responsáveis pela devolução da Criméia à Rússia, onde antes permanecera durante 200 anos. Segundo Solzhenitsy, um Kruchev bêbado de etnia ucraniana transferiu províncias russas do Sul e do Leste para a Ucrânia. Ao observarem os acontecimentos no Oeste da Ucrânia, aquelas províncias russas querem voltar à casa a que pertencem, assim como a Ossécia do Sul nada queria ter a ver com a Geórgia. 

Os lacaios de Washington em Kiev nada podem fazer acerca da Criméia, excepto roncar. Sob o acordo Russo-Ucraniano, é permitido à Rússia manter 25 mil soldados na Criméia. Os lamentos dos media dos EUA/UE quanto a uma "invasão russa de 16 mil soldados" são ignorância total ou cumplicidade com as mentiras de Washington. Obviamente, os media dos EUA/UE são corruptos. Só um louco confiaria nas suas reportagens. Qualquer media que acredite em alguma coisa do que diz Washington depois de George W. Bush e Dick Cheney terem enviado o secretário de Estado Colin Powell às Nações Unidas para apregoar as mentiras do regime acerca de "armas iraquianas de destruição em massa" – as quais os inspectores de armas haviam dito à Casa Branca não existirem – faz parte obviamente de um conjunto de prostitutas já compradas e pagas. 

Nas antigas províncias russas do Leste, a abordagem contida de Putin quanto à ameaça estratégica que Washington trouxe à Rússia deu aos EUA uma oportunidade para apoderar-se de um importante complexo industrial que serve a economia e os militares russos. O próprio povo na Ucrânia oriental está nas ruas a exigir separação do governo não eleito que o golpe de Washington impôs em Kiev. Washington, ao perceber que a sua incompetência levou à perda da Criméia, fez com que seus apaniguados de Kiev nomeassem oligarcas ucranianos (contra os quais os protestos da Maiden eram parcialmente dirigidos) para posições governamentais no Leste da Ucrânia. Estes oligarcas têm as suas próprias milícias privadas que se somam à polícia ucraniana e a quaisquer unidades militares ucranianas que ainda estejam a funcionar. Os líderes russos dos protestos estão a ser presos e desaparecidos. Washington e seus fantoches, que proclamam seu apoio à auto-determinação, são pela auto-determinação só quando esta pode ser orquestrada a seu favor. Portanto, Washington está ocupada no trabalho de suprimir a auto-determinação no Leste da Ucrânia. 

Isto é um dilema para Putin. Sua abordagem contida permitiu a Washington tomar a iniciativa no Leste da Ucrânia. Os oligarcas Tauta e Kolomoyskiy foram colocados no poder em Donetsk e Dnipropetrovsk e estão a executar prisões de russos e a cometer crimes indescritíveis, mas nunca se ouvirá falar disto nos media presstitutos dos EUA. A estratégia de Washington é prender e sanear os líderes dos secessionistas de modo a que não haja autoridades que possam requerer a intervenção de Putin. 

Se Putin tiver drones, ele tem a opção de retirar-se de Taruta e Kolomoyhskiy. Se Putin deixar Washington reter as províncias russas do Leste da Ucrânia, terá demonstrado uma fraqueza que será explorada. Washington explorará as fraquezas até ao ponto de forçar Putin à guerra. 

A guerra será nuclear.

Ver também: 

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

SOCIAL-CHAUVINISMO E EURO-ESQUERDA OU TÃO AMIGOS QUE ELES SÃO


João Vilela – O Diário

A resposta à agudização da crise ucraniana e à ofensiva imperialista que desencadeou a grave situação actual será certamente muito complexa do ponto de vista político. Para as forças políticas que se reclamam da representação dos interesses dos trabalhadores só pode existir um critério seguro: o critério de classe, o critério do interesse do povo contra a exploração interna e a dependência e a dominação exterior.

O Partido da Esquerda Europeia publicou um comunicado em que se pronuncia sobre a questão da Ucrânia. Desse documento consta um elogio rasgado ao Partido Comunista Ucraniano. Considerando que o Partido da Esquerda Europeia constitui a agremiação política das forças euro-esquerdistas do nosso tempo, ver um partido comunista ser elogiado por eles, até prova em contrário, depõe contra o partido elogiado. Tanto mais quando, na espinha dorsal do PEE, estão partidos que de comunistas só têm o nome (alguns já nem mesmo a foice e o martelo…). Examinemos qual é a postura do Partido Comunista Ucraniano e quais os motivos que podem, nela, torná-lo objecto de admiração do Partido da Esquerda Europeia, ao ponto de este sair a terreiro apoiando publicamente as suas posições.

No comunicado citado acima, o PEE afirma que o PCU terá proposto como saída para a crise política que a Ucrânia vive «um referendo que especifique o caminho a seguir pelas relações exteriores» daquele país. Vim a verificar que tal proposta está noticiada, com data de Setembro passado, aqui, num jornal ucraniano. Um documento com uma proposta de igual teor, aparentemente produzido pela estrutura do PCU, surge traduzido neste blogue progressista, a 25 de Janeiro deste ano. Mas, salvo possível erro crasso na tradução, que não foi possível cotejar com os documentos do PCU em língua ucraniana ou russa, o que é dito neste documento é, pura e simplesmente, mau demais para ser verdade.

O conjunto de «propostas concretas» que o PCU aventa como possível solução para algum problema são, em meu entender, inquinadas à partida pela insólita proposta de uma consulta popular para decidir qual das duas potências imperialistas, a Rússia ou a Alemanha, é do agrado da população. O PCU aparenta considerar que não é uma questão de princípio impedir por todos os meios que uma qualquer potência imperialista se imiscua na vida política, económica, e social do seu país. Pondo a coisa em termos metafóricos e sem querer brincar com coisas sérias, a defesa de um referendo para decidir desta questão equivale a, numa tétrica situação em que houvesse que discutir as opções de os trabalhadores ucranianos serem guilhotinados ou serem enforcados, suscitar a discussão sobre se serão eles, com a sua caneta, numa urna fechada, a depositar um voto dobrado em quatro do qual conste a sua opção livre e sem constrangimentos ora pela forca, ora pela guilhotina. Por este caminho abre-se a porta a uma lógica que concebe que os procedimentos são tudo, o conteúdo não é nada. A discussão sobre qual a potência imperialista a cujos pés se arremessa as massas trabalhadoras passa uma discussão como outra qualquer, e não uma discussão inadmissível por princípio, como surge como evidência aos olhos de qualquer revolucionário. O anti-imperialismo vê-se conduzido à condição de um bonito slogan que fica bem nos documentos, mas que, na hora da verdade, não é defendido com a firmeza exigível. O PCU como que se conforma a ir defendendo o que há, o que der, o que for possível, o que já está ganho, fechando-se numa posição defensiva que em última instância pode ser a sua própria cela, se não mesmo a sua sepultura. Mais tarde, lá mais para diante, um dia destes, um dia que há-de vir não se sabe em que dia nem em que hora como o dia do Juízo Final dos crentes, faremos a revolução e derrotaremos a burguesia. Por ora, cumpre negociar com alguém e escolher quem bater com menos força, ou quem já estamos habituados que bata.


Lenine defrontou situações desta mesma ordem no seu tempo, precisamente no âmbito do combate ao social-chauvinismo dos Kautsky & Cª. As suas palavras no O Oportunismo e a Falência da II Internacional devem fazer-nos pensar, detidamente, no que tem vindo a ser a postura do PCU: «Tal como em 1912, «Axelrod [nome de um defensor russo das teses de Kautsky] está disposto, em nome de um futuro muito, muito distante, a proferir as frases mais revolucionárias, se a futura Internacional «actuar (contra os governos, em caso de guerra) e levantar uma tempestade revolucionária». Vejam lá como nós somos corajosos! Mas quando se trata de apoiar e desenvolver agora a efervescência revolucionária que começa entre as massas, então Axelrod responde que essa táctica das acções revolucionárias de massas «ainda teria alguma justificação se estivéssemos imediatamente em vésperas de uma revolução social, como aconteceu, por exemplo, na Rússia, onde as manifestações estudantis de 1901 anunciavam a aproximação de batalhas decisivas contra o absolutismo». Mas no presente momento tudo isso é uma «utopia», «bakuninismo», etc.». Lenine não era um aventureirista: tinha a consciência plena de que não é porque se decreta o assalto final contra a burguesia que as massas se tornam necessariamente conscientes da necessidade desse assalto final. Mas, do mesmo modo, entendia que as situações em que as contradições entre os interesses de classe da burguesia e do proletariado se tornam mais agudas são precisamente aquelas em que a possibilidade de expor com total clareza os objectivos que se colocam ao proletariado e a necessidade imperiosa de derrubar a burguesia para os obter é maior e mais fértil. Ora, no quadro de uma disputa inter-imperialista violenta, feita à custa da desestabilização, do golpismo, do fomento da xenofobia, do anti-semitismo, e do anticomunismo por um lado; e da invasão e exploração das divisões étnicas e linguísticas dentro de um mesmo Estado por outro, tudo com vista a obter os recursos, a mão-de-obra, o acesso aos gasodutos e ao mercado de escoamento da Ucrânia – oferece-se o quadro mais esclarecedor possível para as massas trabalhadoras compreenderem os intentos das potências imperialistas e o posicionamento perante eles das diversas fracções da burguesia nacional que a dominam. As condições objectivas são plenamente criadas pela disputa inter-imperialista só por si: as condições subjectivas dependem, única e exclusivamente, do apego da vanguarda do proletariado à linha justa e da sua vontade de desenvolver a estratégia revolucionária adequada para dotar as massas da organização e da elevação da consciência política que lhe possibilite levar de vencida os imperialismos em disputa e a burguesia do seu próprio país. Isto, é certo, não determina só por si a vitória da revolução: mas é isto que, numa situação desta natureza, cumpre fazer a um partido comunista.

Descrever isto é descrever, sumariamente, nada menos que o processo da revolução russa, que o próprio Lenine dirigiu superiormente. Descrever isto é dizer todo o oposto do que tem sido o trabalho do PCU, que enquanto os nazi-fascistas do Svoboda invadem as suas sedes, queimam a sua bandeira, achincalham, espancam, matam os seus militantes (e de caminho judeus, russos, e imigrantes), sobe a um caixote, enche os pulmões de ar, e grita «façamos um referendo para saber se o povo quer a continuação da violência fascista ou prefere o retorno a um Governo burguês pró-russo!».

O que leva um partido comunista a desenvolver uma linha política deste cariz? Alguns poderão opinar pelo impreparo, as dificuldades da própria direcção do partido. Outros, pela inexistência de condições para fazer mais do que se fez até aqui. Admitindo as duas situações, não deixam de me matraquear na cabeça as palavras que, no mesmo documento, Lenine apresenta para caracterizar o social-chauvinismo: «um pequeno círculo da burocracia operária, da aristocracia operária e de companheiros de jornada pequeno – burgueses podem receber algumas migalhas dos grandes lucros da burguesia. A causa de classe profunda do social-chauvinismo e do oportunismo é a mesma: a aliança de uma pequena camada de operários privilegiados com a «sua» burguesia nacional contra as massas da classe operária, a aliança dos lacaios da burguesia com esta última contra a classe por ela explorada. O conteúdo político do oportunismo e do social- chauvinismo é o mesmo: a colaboração das classes, a renúncia à ditadura do proletariado, a renúncia às acções revolucionárias, o reconhecimento sem reservas da legalidade burguesa, a falta de confiança no proletariado, a confiança na burguesia.».

Posso correr o risco de, por imprudência, atirar sobre o PCU uma acusação que não lhe assenta, o que não quero de todo fazer: mas a verdade é que há na sua postura um número tão grande de erros tão graves que o desvio na direcção do social-chauvinismo - enquanto ideologia da aliança aristocracia operária/fracções da pequena burguesia, com vista à obtenção de migalhas do poder burguês à custa da continuação da exploração do proletariado - pode, mesmo inconscientemente, estar neste momento a ser descrito por aqueles que o dirigem – e a sê-lo, vemo-lo bem, perante a atenção e a solicitude daqueles que praticam aberta, despudorada, e desavergonhadamente a política social-chauvinista do séc. XXI – a dita euro-esquerda, arregimentada no PEE, que veio aplaudir sem demora a atitude do PCU.

Perante tal situação, que posição importa adoptar? Tive ocasião de traduzir recentemente uma Declaração do Gabinete de Imprensa do CC do PC Grego em que é dito que o proletariado ucraniano «deve organizar a sua luta de forma independente, com os seus interesses e critérios, e não com os critérios do imperialista escolhido por uma ou por outra secção da plutocracia ucraniana». Estou sinceramente convencido de que é nesta direcção que devem ser expressas, sem pretensões à ingerência nos assuntos internos do PCU mas com base naquilo que a história do movimento operário ensina aos comunistas, as demonstrações de solidariedade internacionalista que se apresentem aos camaradas ucranianos em luta. Fundo esta opinião, quanto mais não seja, num critério que tem a sua razoabilidade: o de não ser o critério dos inimigos, o critério dos eurocomunistas, o critério dos que querem um capitalismo menos abusivo, mas não o fim do capitalismo. E ainda no critério de ser esta, a meu ver, a única solução que assegurará ao povo ucraniano uma saída desta grave situação que não signifique nem o retorno à esfera de influência da Rússia dos oligarcas, que nunca lhe assegurou qualquer forma de prosperidade, nem na da Alemanha imperialista, cujos efeitos devastadores da sua política de subjugação e dominação o povo português, desgraçadamente, tão bem conhece.

Leia mais em Diário
Está em curso uma gigantesca operação de propaganda do governo, com o apoio dos grandes media, e com a participação de muitos comentadores com acesso fácil ou instalados nos media, visando convencer a opinião pública, de que “o pior já passou”, e que a economia portuguesa está numa fase de recuperação e crescimento. Um embuste de tal dimensão só pode ser argumentado manipulando previsões, empolando dados e escondendo os que não interessam. – Na íntegra em PDF

Mais lidas da semana