sábado, 22 de setembro de 2012

CHINA PRETENDE LANÇAR NOVA MOEDA INTERNACIONAL

 

 
A notícia provém da Índia (na nossa parte ocidental tentarão esconder até ao limite) num artigo da India Vision News de 30 de Agosto de 2012 com o título sugestivo:
 
"China Lança Moeda Mundial Apoiada por Ouro - Agora os Americanos Terão de Encontrar uma Razão para lançar Uma Guerra Contra a China!!”

Trata-se da morte anunciada tanto do dólar como do Euro. O artigo indica que a China está a reestruturar toda a sua reserva de ouro em barras de 1kg para constituir a base de uma nova moeda para o comércio mundial. Se isso se concretizar, será a morte do dólar como moeda internacional privilegiada e do Euro. Afinal têm tanto valor como notas do Monopólio (só valem enquanto aceitarmos jogar com elas).

Já na sua última Cimeira na África do Sul, o grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) e os seus aliados haviam decidido utilizar uma moeda, que não o dólar, para trocas comerciais entre si.

Agora a China pretende dar mais um passo (decisivo) para retirar ao dólar o privilégio de ser a moeda para trocas comerciais internacionais. Todos irão preferir utilizar uma moeda valorizada por ouro, do que uma moeda (Dólar/Euro) sem valor real. O dólar e o Euro valerão/circularão apenas nos Estados Unidos e União Europeia. Ninguém mais os vai querer. Será o fim do sistema monetário actual baseado em crédito (dívida) para um novo sistema equitativo que já está pronto/preparado para o substituir.

Esta jogada (introdução de nova moeda escudada por ouro), já foi tentada antes, mas os americanos, percebendo que isso significaria o fim da sua "preciosa moeda" a curto prazo, arranjaram pretexto para atacar/destruir esse(s) país(es) e, para servir de exemplo a outros com a mesma ideia, assassinar o provocador - estou a referir-me a Saddam Hussein do Iraque e Muammar Gaddafi da Líbia.

Esta será a razão do título sarcástico do artigo. Os Estados Unidos provocarem a China? Atacarem a China?Bem, agora não se trata só da China mas de todo um novo grupo económico de que a China faz parte. Este grupo económico já abrange bem mais de 50% do Planeta. Os 'maus' estão cada vez mais isolados e são apenas um pequeno grupo de países (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Espanha).

A China não fez antes esta jogada por ser detentora de muitos biliões de dólares e não lhe interessava que os dólares perdessem valor. Não é novidade o intenso/maciço investimento que a China tem feito por todo o mundo nos últimos tempos.  Assim, o que a China tem feito é livrar-se dos dólares, trocá-los por coisas reais, palpáveis e com valor como empresas, infraestruturas, terrenos, minério, etc.

Entretanto, os Estados Unidos e a União Europeia, procurando obter maiores lucros, mesmo que isso implicasse um incremento do desemprego nos seus países, deslocaram as suas indústrias para a China, estando agora também descapitalizados do seu sistema industrial de outrora e dependentes industrialmente da China. Isto é, os Estados Unidos e a União Europeia estão em recessão, sem dinheiro, atolados em dívidas, sem indústria e, os políticos, cuja política nos trouxe até aqui, falam em recuperação... Só mesmo um político pode ter essa 'cara de pau'.

O actual sistema monetário está morto, a sua vitalidade é aparente e mantida artificialmente. É apenas uma questão de tempo até ser passada a certidão de óbito. Não sei quando, como ou quanto tempo demorará a substituição do velho para o novo sistema. Possivelmente um fim-de-semana não será o suficiente e poderá acontecer 'férias bancárias' (1 semana?) para o novo sistema ser iniciado/introduzido globalmente.

Com este passo a China irá acelerar a introdução do novo sistema.

Boa Vida!

Portugal: NÃO HÁ DINHEIRO?

 


Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião
 
O Governo impõe cortes nos salários, nas pensões de reforma, na proteção dos desempregados, na saúde, no ensino, na proteção social em geral, sempre com a invocação da falta de dinheiro. Aumentam os impostos, deixam morrer empregos, não há investimento, sempre sob a tese de que não há dinheiro.
 
Há dinheiro e muito! No plano europeu e mundial há tanto dinheiro disponível que até dá para comprarem dívida pública soberana de países a juros negativos, como fazem com a Alemanha. E existem aquisições de outros produtos financeiros privados feitos da mesma forma.
 
Nos offshores, nos capitais de grandes grupos económicos, em grandes clubes de futebol e noutras grandes agremiações de vária origem, e até em "prestigiadas" instituições filantrópicas, movimentam-se impunemente e fugindo ao fisco volumes impressionantes de dinheiro.
 
A criminalidade económica germinou com força na Europa, os governos dão-lhe cobertura e estão cada vez mais degradados os processos de controle e combate. A Europa, incluindo o espaço da União Europeia, tornou-se o maior centro de lavagem de dinheiro do mundo. A chamada democratização de vários países do Leste Europeu deu um triste contributo a este escabroso processo. Mas não há diferença de práticas entre os países do Leste, do Centro ou do Ocidente europeu.
 
Por outro lado, a economia paralela e seus sucedâneos movimentam, só em Portugal, 43 mil milhões de euros que fogem ao fisco.
 
Entretanto vem a troica, o governo externo a que estamos sujeitos e, em nome dos interesses dos nossos credores, alguns metidos até à medula naqueles processos, faz-nos um empréstimo a juros elevados que se destina apenas a dois objetivos: Portugal pagar aos seus credores internacionais; recapitalizar a banca. Não há qualquer disponibilização de verbas para o país promover investimento, criar emprego, desenvolver-se. Isto é inconcebível!
 
Porque não se discute uma utilização útil, racional, que permita investimento público e privado a partir dos milhares de milhões de euros destinados à banca, que até agora não têm utilização? O dinheiro está a ser guardado para ir tapar novos buracos provocados por apropriação exagerada de lucros ou por roubos tipo BPN?
 
E o que se passa com a utilização do dinheiro do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN)?
 
Quem analisa a gestão do QREN constata fundamentalmente quatro coisas: I) a reprogramação feita é orientada para substituir financiamento público nacional por financiamento comunitário, só com o objetivo de reduzir a despesa; II) o ajustamento estrutural anunciado nessa reprogramação não é mais do que um processo de destruição de atividades produtivas e emprego, de redução de despesa em áreas como a educação/formação e a ciência; III) imperam objetivos imediatos, em geral perniciosos, e não existe nenhum debate político estratégico sobre como rentabilizar os recursos, quando todas as aprovações de projetos têm de ser feitas em 2013; IV) estão por utilizar mais de 10 mil milhões de euros.
 
Os fundos disponíveis do QREN têm de ser aproveitados para investimento produtivo, para dinamizar as atividades económicas geradoras de emprego e colmatar défices estruturais da economia.
 
Todos sabemos que o principal problema da maior parte das empresas é a falta de liquidez e que os bancos hoje têm como objetivo cumprir os rácios de capital e não fornecer crédito à economia.
 
É preciso forçar os bancos privados a usar os recursos disponíveis, ou então negociar com a troica o acesso da CGD (banco público) a esses fundos existentes, para que a Caixa possa geri-los em favor da economia.
 
Sem investimento não há criação de emprego, sem emprego não há procura, sem procura não há retorno, sem retorno não há investimento. Há que romper com este ciclo vicioso de empobrecimento e miséria e contrapor o ciclo virtuoso de investir, criar emprego, melhorar os rendimentos das pessoas. Isso pode fazer-se com opções políticas de boa utilização do dinheiro existente e com um governo que mereça confiança e mobilize os portugueses.
 
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Portugal: CGTP quer aumentar impostos sobre o capital em 6 mil milhões de euros

 


Jornal de Notícias, com foto Natacha Cardoso/Global Imagens
 
A CGTP-IN vai apresentar, no seio da Concertação Social, propostas alternativas para aumentar a receita fiscal em 6 mil milhões de euros relativas a um aumento da tributação do capital em contraponto aos rendimentos dos trabalhadores.
 
Em conferência de imprensa realizada este sábado em Lisboa, o secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, afirmou que as propostas a serem apresentadas na reunião de segunda-feira são baseadas em "respeitar o preceito constitucional do princípio da equidade, obter receitas fiscais de modo a conciliar a redução do défice e da dívida pública" e a rejeitar "quaisquer cortes salariais".
 
A primeira proposta da CGTP-IN é a criação de uma taxa sobre as transações financeiras de 0,25% "independentemente do local onde são efetuadas", permitindo uma receita adicional de 2.038 milhões de euros.
 
Arménio Carlos fez questão de frisar que esta proposta é, aliás, uma medida que existe em França, "com a diferença de que é de 0,20%".
 
A segunda medida tem a ver com o IRC, em que a central sindical propõem a criação de mais um escalão de 33,33% para empresas com volume de negócios superior a 12,5 milhões de euros, com um encaixe previsto de 1.099 milhões de euros.
 
O secretário-geral da Intersindical adiantou que "a incidência deste aumento é inferior a 1% do total das empresas" em Portugal.
 
Uma terceira proposta está relacionada com uma sobretaxa sobre os dividendos distribuídos aos acionistas de empresas de 10% , com uma receita adicional, segundo a CGTP-IN, de 1.665 milhões de euros.
 
Por fim, a fixação de metas anuais para a redução da fraude e evasão fiscal com um encaixe adicional de 1.162 milhões de euros.
 
Segundo Arménio Carlos, estas quatro medidas, se forem concretizadas, "contribuiriam para um aumento da receita fiscal perto dos 6 mil milhões de euros", acrescentando que "é uma questão de opções políticas" e uma forma de quem esteve "praticamente isento de contribuir com a sua parte para a resolução dos problemas nacionais", possa agora fazê-lo.
 
"É a altura de taxar os rendimentos do capital porque os rendimentos do trabalho estão praticamente esgotados", disse.
 

Portugal: BE desafia todas as forças da oposição para moção de censura

 

ACL - Lusa
 
Lisboa, 22 set (Lusa) - O coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, convidou todas as forças políticas da oposição para uma convergência na apresentação de uma moção de censura ao governo.
 
"Queremos que haja uma posição de força das oposições" afirmou Louçã aos jornalistas após uma reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda realizada em lisboa.
 
Francisco Louçã admite que a censura ao governo seja materializada num único texto para a moção ou de várias moções de censura apresentadas em simultâneo.
 
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CGTP-IN acusa Cavaco, Passos Coelho e Silva Peneda de fazerem uma 'tríade"...

 

... para a concertação social
 
AJG – Lusa, com foto
 
Lisboa, 22 set (Lusa) - O secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, acusou hoje o Presidente da República, Governo e presidente do Conselho Económico e Social de comporem uma "tríade" em relação às propostas que irão apresentar no seio da Concertação Social.
 
Arménio Carlos referia-se à redução do número de escalões de IRS anunciado pelo Governo para 2013, que segundo alguma imprensa, terá como impacto um corte de meio salário a cada contribuinte.
 
O responsável sindical acusou o Executivo, em conferência de imprensa hoje em Lisboa, de estar em "conivência" com outras "entidades altamente responsáveis neste país a procurar iludir a opinião pública".
 
Arménio Carlos disse mesmo ser "claro" que "existe uma tríade constituida pelo Presidente da República, pelo Governo e pelo senhor presidente do Conselho Económico e Social [Silva Peneda]" que estão "a fazer a descredibilização total do Conselho Permanente de Concertação Social".
 
Para o secretário geral da CGTP-IN, as medidas divulgadas hoje, "é mais uma manobra de diversão", uma vez que o "Governo não abandonou a intenção de atingir os mesmos objetivos, ou seja, chegar aos bolsos dos trabalhadores, dos reformados e dos pensionistas por uma outra via seguindo outras medidas".
 

Portugal: A ECONOMIA, A POLÍTICA E O POVO

 


Diário de Notícias, editorial - com foto
 
A medida emblemática da baixa da TSU das empresas, compensada pelo contributo agravado dos seus trabalhadores, é um nado morto. Repouse em paz a sua alma. Mas tudo o mais à volta, que entrou em reboliço há duas semanas, ficará longe de se achar pacificado, tal o abalo político, económico e social. As réplicas estão aí à vista de todos.
 
Em termos económicos, multiplicaram-se depoimentos em sentido contrário ao afiançado pelo primeiro-ministro: em vez de ser a chave capaz de reabrir a porta ao emprego, acabaria por ser um instrumento de reforço da hemorragia laboral em curso. Mas a ideia da desvalorização fiscal como alavanca para a promoção da competitividade das empresas portuguesas, essa, não morreu. Foi o que o primeiro-ministro, "determinado, mas não intransigente", líder de um Governo que não é "cego, nem surdo, nem ficará mudo", admitiu ontem no Parlamento, depois à CGTP e mais tarde no Conselho de Estado maioritariamente anti-TSU. Mas se a TSU se evapora para já, nada garante que não volte a emergir transmutada numa qualquer benesse às gestões empresariais, sendo fácil adivinhar de onde virá a sua base financeira.
 
Para tapar o vazio, que a mudança de rumo orçamental abre - a três semanas da entrega do OE 2013 - ,a questão central passa a ser, agora, o equilíbrio global do documento. Mas também a equidade das medidas de austeridade à luz do exigente referencial constante do acórdão do Tribunal Constitucional e da reavivada atenção que a nova proposta orçamental vai suscitar na opinião pública, nos parceiros sociais e em todas as forças políticas. Aguarda-se, nesse contexto, o conjunto de propostas por parte das cinco confederações subscritoras do acordo social.
 
Em termos políticos, falta saber até que ponto esta monumental gafe deixa enfraquecida uma coligação cujos parceiros se apunhalavam pelas costas há uma semana, e hoje só trocam juras de fidelidade. Há traições difíceis de esquecer e que minam qualquer relação com o tempo. A união, mesmo com o criado órgão de "aconselhamento", pode durar apenas até que o Orçamento a separe. Ou pode prolongar-se até ao fim da legislatura, em nome da superior e nobre estabilidade do País, mas numa paz podre que terá de ultrapassar várias provas de fogo.
 
E há uma outra traição, a presidencial, que marcará também as relações institucionais S. Bento/Belém. Passos ouviu os recados de Cavaco através das figuras que lhe são próximas, viu o Presidente trocar uma conversa que podia ser a dois e em privado por horas de interrogatório frente à maioria crítica dos 19 conselheiros de Estado e só após as explicações técnicas de Vítor Gaspar. E tirará ilações.
 
Mas, acima de tudo, há a revolta social. O descontentamento generalizado com a classe política visível nas ruas e nas sondagens. Porque o povo, esse protagonista há tantos meses calado, passou a gritar em cada momento crítico deste processo que já não aguenta mais apertos. Como convencê--lo a aceitar agora seja lá o que for que vem aí vai ser o mais duro teste de fogo de Passos. É como a pasta de dentes: depois de saída da bisnaga, como voltar a metê-la donde nunca deveria ter saído?
 
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Portugal - Carvalho da Silva: RECUO DO GOVERNO É RESULTADO “DA LUTA DO POVO”

 

Jornal de Notícias
 
O ex-líder da CGTP-IN Carvalho da Silva afirmou, este sábado, que o "recuo" do Governo na TSU é o resultado "da luta do povo" e que a reunião do Conselho de Estado só tentou "lavar a face do Governo".
 
"Foi encanar a perna à rã, tentar lavar a face ao Governo, tentar provar que está vivo, que mexe e que governa. A reunião não foi para discutir saídas, foi para consolidar, dar credibilidade a uma coisa que já estava concertada em favor e em defesa da manutenção deste Governo", disse à Lusa Manuel Carvalho da Silva.
 
Carvalho da Silva argumentou que "o recuo" do Governo na Taxa Social Única (TSU) não existiria sem as manifestações de sábado passado, considerando que essa é uma "lição fundamental" a retirar. "O que determina o caminho da sociedade é a ação ou inação do povo", sublinhou.
 
O antigo líder sindical falava à Lusa à margem de um debate sobre "os desafios da denúncia ao memorando", no âmbito da preparação do Congresso Democrático das Alternativas, que se realizará a 5 de Outubro, em Lisboa.
 
"Se o país está à espera que venha da Presidência da República uma alternativa, estamos mal. O recuo que o Governo é obrigado a fazer é resultado da luta do povo, dos trabalhadores portugueses. É preciso é não parar. Foi muito importante que ontem se tivesse mantido aquela movimentação e que haja uma clarificação", argumentou.
 
Segundo Carvalho da Silva, "já há muitos artistas da política que têm grande responsabilidade nesta situação de descalabrado e que começam a querer repartir, a dizer que isto é um problema de todos e que as manifestações são contra a responsabilidade de todos".
 
"É muito importante que tenha havido um consenso crítico relativamente à Taxa Social Única e que haja consensos críticos em relação a outras matérias, mas a clarificação das posições para se encontrarem saídas de futuro é outro passo do processo", afirmou.
 
O Congresso Democrático das Alternativas insere-se neste estádio do processo, ao tentar "encontrar denominadores comuns" a partir das posições das diferentes forças políticas, de organizações diversas, académicos e "cidadãos empenhados".
 
Questionado sobre uma convergência entre PS, PCP e BE, Carvalho da Silva referiu que uma sondagem recente mostrou que o Governo tem apenas 34 por cento eleitorado e que, portanto, "os que estão de fora, se são a maioria, têm que procurar encontrar sintonias".
 
"Os compromissos podem ser datados, serem compromissos para alguns grandes objetivos e depois serem reformulados, mas é necessário encontrar isso. Tem que haver uma dinâmica na sociedade que force a exigência de respostas aos problemas das pessoas", argumentou.
 
Para Carvalho da Silva, as manifestações de sábado mostraram essa necessidade, sendo que a resposta das forças políticas tem que ser responder, sem "tacticismos" a esse desafio.
 
"Tem que se manter uma unidade de combate contra este desastre, contra este consenso podre que nos trouxe até aqui, mas, ao mesmo tempo darem-se passos de resposta. Nenhuma força política pode ficar a fazer cálculos de como lhe é mais ou menos vantajoso do ponto de vista tático. Há que agir visando estrategicamente resolver os problemas das pessoas", defendeu.
 

Portugal: Comunicado do Conselho de Estado "é muito claro sobre o rumo do País"

 


Lusa, publicado por Leonor Mateus Ferreira – Diário de Notícias
 
O porta-voz do PS, João Ribeiro, alertou que o comunicado lido hoje de madrugada no final da reunião do Conselho de Estado "é muito claro sobre o rumo que o País deve seguir".
 
João Ribeiro comentava as conclusões da reunião do Conselho de Estado, que durou cerca de oito horas e acabou com o anúncio de que o Governo admite recuar na alteração da Taxa Social Única (TSU).
 
"O PS entende que o conteúdo do comunicado é muito claro sobre o rumo que o País deve seguir e os portugueses são inteligentes e compreendem muito bem o conteúdo do comunicado. Tem é de ser lido com muita atenção", disse o porta-voz do Partido Socialista, que não quis adiantar mais.
 
A reunião de sexta-feira, a mais longa do mandato de Cavaco Silva, terminou cerca da 01:00 de hoje com o anúncio de que o Governo informou o Conselho de Estado de que está disponível para, no quadro da concertação social, "estudar alternativas" à alteração da Taxa Social Única (TSU), segundo um comunicado lido no final pelo secretário do Conselho, Abílio Morgado.
 
No mesmo texto, o Conselho de Estado pede que as soluções encontradas para assegurar o cumprimento dos compromissos com as instâncias internacionais garantam "equidade" e "justiça" na "distribuição dos sacrifícios" e "a proteção das famílias de mais baixos rendimentos".
 
O órgão consultivo do Presidente da República defendeu igualmente que sejam empreendidos esforços para que "o saneamento das finanças públicas e a transformação estrutural da economia melhorem as condições para a criação de emprego e preservem a coesão nacional".
 
 
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Portugal: PCP ALERTA PARA “MANOBRAS” DO GOVERNO

 

Público – Lusa
 
O PCP alertou neste sábado para as “manobras que o Governo tem em curso” e que “mantêm o objectivo de assalto aos salários e rendimentos dos trabalhadores e dos reformados”, numa reacção à reunião do Conselho de Estado.
 
Jaime Toga, membro da Comissão Política do PCP, afirmou que, “o que se exige, não são apelos ao prosseguimento de um programa de ingerência externa, que está a conduzir a vida dos portugueses e do país para o desastre, mas sim a rejeição do pacto de agressão em nome do qual o Governo encontra justificação para intensificar a exploração, as injustiças e o empobrecimento”.

O político alertou para “as manobras que o Governo tem em curso, e às quais o Conselho de Estado deu o seu aval, para com eventuais retoques ou `modulações´ na TSU [Taxa Social Única], manter o objectivo de assalto aos salários e rendimentos dos trabalhadores e dos reformados, e o escandaloso e consequente rumo de declínio e retrocesso”.

Para o PCP, o que “inquieta verdadeiramente” os portugueses, não é a “agitada crise política”, mas “a crise social em que as suas vidas mergulharam”.

Para o comunista, a situação exige “a derrota definitiva” do Governo e uma “ruptura com a política de direita, a rejeição inadiável do pacto de agressão, e a assunção de uma postura patriótica não subordinada aos interesses do grande capital nacional e transnacional, da União Europeia e de potências como a Alemanha”.

“A esta violenta ofensiva, deverá corresponder a intensificação e multiplicação da resistência e da luta, a transformação do protesto, da revolta e da indignação, em luta organizada”, defendeu.

O Governo informou o Conselho de Estado de que está disponível para, no quadro da concertação social, “estudar alternativas” à alteração da TSU. A reunião do órgão político de consulta do Presidente da República foi anunciada na passada sexta-feira, uma semana depois de o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, ter anunciado novas medidas de austeridade para 2013, na sequência da quinta avaliação da troika ao Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal.
 

Angola: UM SÓ POVO, UMA SÓ NAÇÃO – III

 

Martinho Júnior, Luanda
 
7 – Na década de 90 do século passado, ruiu por implosão o socialismo real da URSS e da Europa do Leste.
 
O capitalismo reforçou-se, passou a ter “mãos livres” e rapidamente a aristocracia financeira mundial, concentrada nos Estados Unidos e na Europa, trescasou dos lucros para a especulação, da especulação para o crédito mal parado e para as “offshores”, daí para os tráficos e para o crime.
 
Projectou também investimentos em outras paragens atractivas, provocando entre outros fenómenos a deslocalização de unidades industriais, a transferência de tecnologias, a expansão de mercados emergentes, a “deliquescência do mercado de trabalho”…
 
Ao invés de conduzir o mundo para uma atmosfera de paz, o capitalismo recorreu à desenfreada competição em desordem, determinou a indústria armamentista, manipulou no sentido de se fabricarem novas ameaças, tensões, conflitos e guerras, numa espiral de violência que nos pode conduzir na direcção duma catástrofe nuclear.
 
O movimento de libertação viu-se suprido de muitos dos seus aliados naturais e fragilizou-se em termos de sua própria energia, perdendo na ligação às massas populares com as quais originalmente tão intrinsecamente se identificava.
 
Angola viu-se obrigada a encetar sucessivas negociações, sempre num clima de pressão e sofrendo as mais diferenciadas estratégias de tensão e manipulação.
 
As sequelas do colonialismo e do “apartheid” ganharam força, expressão, apoios externos e intensidade ao ponto de se deflagrar a “guerra dos diamantes de sangue” interligada às disputas em sucessivos tabuleiros e cenários na RDC e em outros países africanos.
 
O império ganhou espaço impondo neo colonialismo, incentivando regionalismo e tribalismo, desenhando novas fronteiras, erguendo os estados de conveniência e injectando a lógica capitalista que impacta em todas as sociedades africanas, quando ainda se está muito longe de se vencer o subdesenvolvimento crónico e o atraso científico e tecnológico que coloca África na cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano.
 
O real está a ser subvertido pelo virtual e o que era uma tentativa permanente para se alcançar transparência e pureza, agora desfila como as misses, nas “passerelles” da cosmética e até da mentira!
 
8 – O MPLA fez derivar sua filosofia do socialismo, aplicando um pragmatismo que, se depois de 2002 com o calar das armas produziu resultados evidentes na recuperação de infra-estruturas e estruturas para além do que o colonialismo havia apressadamente erigido na sua década final sob pressão da luta do movimento de libertação, está longe de trazer para todo o povo angolano os benefícios que a visão de António Agostinho Neto havia prognosticado.
 
A abertura neo liberal no quadro da lógica capitalista está a impulsionar o pragmatismo do MPLA em direcção a um “capitalismo de rosto humano” onde se impõem elites, precisamente na altura em que outros que se deixaram antes motivar pela “ementa de terceira via” na construção dum “estado social”, estão a ser atingidos em cheio pela ditadura financeira imposta pela aristocracia financeira mundial aliada às respectivas burguesias nacionais!
 
Há apenas dois anos o MPLA indexava a sua ideologia a um “socialismo democrático” tão flexível que já era difícil distingui-lo do tal “capitalismo de rosto humano” e agora, no seu Manifesto Eleitoral e no seu Programa, que segundo consta para sua elaboração pouca ou nenhuma consulta teve nas bases, procuramos em vão pelos princípios e convicções socialistas e contentamo-nos com o facto do povo angolano ser “o centro da sua preocupação”!
 
Sê-lo-á?
 
9 – Em resultado de toda essa deriva que começou em 1985, a lógica capitalista está a semear assimetrias, desigualdades e injustiças sociais, palpáveis sobretudo nos contrastes que existem nas maiores urbanizações do país e abre oportunidades a disputas que tendem a romper com a energia do paradigma do movimento de libertação conforme à visão socialista e de identidade nacional de António Agostinho Neto.
 
Por outro lado provoca-se a desmotivação e a desmobilização em relação ao projecto de construção dessa identidade nacional, visível não só no sentido de oportunidade de algumas sensibilidades que por via dos interesses egoístas são capazes de sacrificar o todo pela parte e criar as condições para alguns mobilizar até a juventude para que ela seja a catapulta que beneficie a sua pouco esclarecida quão artificiosa ambição pelo poder...
 
Ao socialismo concedeu-se a oportunidade para fazer a luta contra o colonialismo, contra o “apartheid” e a algumas das suas sequelas, sempre com o ónus da guerra, mas não se deu oportunidade de, por via dele, melhor se avançar na paz, no aprofundamento da democracia, num imprescindível equilíbrio dentro do tecido social, de forma a não se abrirem brechas no projecto de identidade nacional e reduzirem-se os riscos em relação ao que é injectado a partir de fora, por via dos interesses e das múltiplas conexões de que se servem as potências que compõem o processo de globalização hegemónico e unipolar.
 
As eleições para as autarquias que estão no horizonte próximo, acarretam imensas responsabilidades, sendo necessário que a nível municipal, comunal e até local se possam definir Programas exequíveis e aferidos às necessidades humanas, Programas capazes de terem projecção e viabilidade a curto, médio e longo prazos, sem perderem interligação estratégica com o todo nacional.
 
Quantas sensibilidades estão prontas para tal e qual a responsabilidade que elas estão a demonstrar neste momento?
 
A pergunta é tanto mais premente, quanto o estado tem financiado os partidos e alguns deles, ao invés de se afirmarem pelos seus Programas de acordo com ideologias próprias que os caracterizem, preferem o modo fácil das emoções, das provocações e das vulgares “estratégias de tensão”, como se estivéssemos na primeira das fases de alguma “primavera árabe” (?)
 
10 – O próprio MPLA deve em relação a si próprio e em abono da construção da identidade nacional, determinar a abertura a um esforço de comunicação interna entre o topo e a base, a base e o topo, assim como para com as comunidades, correspondendo melhor ao seu próprio estatuto, o que não tem sido cultivado a um nível desejável.
 
Os Manifestos e os Programas não se podem limitar a bem apresentadas brochuras, mas o resultado dum esforço colectivo envolvendo uma intensa actividade interna.
 
Alguns dos resultados das últimas eleições parecem reflectir também essa falta de comunicação que tem existido dentro do sistema do MPLA o que entra em contradição com os requisitos característicos das próximas eleições para as autarquias, eleições que exigirão criatividade e poder de mobilização local, respondendo ao mesmo tempo às necessidades, anseios e expectativas de cada comunidade!
 
Os Manifestos e Programas são por si incentivos à interligação para com as comunidades e com eles assumem-se compromissos e responsabilidades, pelo que muito do seu conteúdo deve ser elaborado com a consulta às bases e com a reflexão participativa do maior número possível dos cidadãos aderentes, bem como de competências técnicas e científicas.
 
11 – Por via dos Manifestos e Programas não se deve ter medo de enunciar estatísticas, as estatísticas referentes aos níveis em que nos encontramos, enunciando-se também o que se pretende atingir, os objectivos e a que prazos.
 
O MPLA teve em 2008 a coragem de afirmar que se iria construir um milhão de habitações e, mesmo que esteja longe de se atingir essa cifra, há ainda mais razões que antes de a todo o transe se procurar atingi-la, corrigindo-se erros, insuficiências, avaliando sobretudo quando as carências estão a atingir ainda os substratos mais vulneráveis de todo o povo angolano, a enorme massa populacional das grandes periferias urbanas.
 
A identidade nacional sê-lo-á na medida do aprofundamento da democracia e dos êxitos da socialização dos processos que visem maior equilíbrio, solidariedade, bem-estar, coesão e justiça social.
 
A abertura para com a cidadania e a participação vai exigir muito de todos e de cada um dos angolanos, que nunca tiveram a oportunidade histórica de participar de forma mais directa, ou próxima, na gestão da “res publica” e na tomada das decisões ao nível dos Municípios, Comunas e até aldeias e outras comunidades.
 
O entusiasmo nesse sentido deve-o ser não pondo em causa a identidade nacional, muito pelo contrário e, por que será também um processo inovador de socialização do poder, as sensibilidades políticas devem pautar as suas intervenções pelos seus Programas, pelos seus Manifestos, com responsabilidade pedagógica e duma vez por todas abandonar a facilidade avulsa das emoções, das provocações e de mal paradas estratégias de tensão!
 
A responsabilidade do passo que se vai dar, por muita dose de pragmatismo que se use, se houver uma aplicação coerente e mobilizadora de energias construtivas, é uma plataforma para se aprofundar a paz e nos aproximarmos de novo do socialismo, mesmo que “envergonhadamente” se esconda tal conceito.
 
A construção da identidade nacional nutre-se da criatividade e da mobilização no sentido de que o todo seja o resultado do que fazemos nas partes com sentido de coesão, solidariedade e de resgate no quadro da luta contra o subdesenvolvimento.
 
O aprofundamento da democracia arrisca-se a perder o seu sentido, a corroer-se, se não for assim.
 
A juventude só deve estar pois em permanente diálogo com a história e a visão de António Agostinho Neto!
 
Haja coragem perante os desafios e não se dê espaços aos mercenários!
 
 
Criar criar
criar no espírito criar no músculo criar no nervo
criar no homem criar na massa
criar
criar com olhos secos
 
Criar criar
sobre a profanação da floresta
sobre a fortaleza impudica do chicote
criar sobre o perfume dos troncos serrados
criar
criar com olhos secos
 
Criar criar
gargalhas sobre os escárnio da palmatória
coragem nas pontas das botas do roceiros
força no esfrangalhado das portas violentas
firmeza no vermelho sangue da insegurança
criar
criar com olhos secos
Criar criar
Estrelas sobre o camartelo guerreiro
paz sobre o choro das crianças
paz sobre o suor sobre a lágrima do contrato
paz sobre o ódio
criar
criar com olhos secos
 
Criar criar
liberdades nas estradas escravas
algemas de amor nos caminhos paganizados do amor
sons festivos sobre o balanceio dos corpos em força simuladas
 
criar
criar amor com os olhos secos.
 
Foto de Martinho Júnior: “MPLA 55 anos por Angola e pelos angolanos” – Iº Colóquio Internacional sobre a História do MPLA – intervenção de Dibala, um dos Comandantes da guerrilha do MPLA – 8 de Dezembro de 2011.
 
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Cabo Verde: NEVES CADA VEZ MAIS CONTESTADO NO PAICV

 

Liberal (cv)
 
O fim de um ciclo
 
Pela primeira vez, desde que assumiu a liderança tambarina, o Primeiro-ministro é abertamente posto em causa e, internamente, já há militantes que conspiram na sombra para o afastar e impor um novo lider que faça o partido regressar à “pureza programática e ideológica”. JMN é um homem “desorientado” e “isolado”…
 
Praia, 20 de Setembro 2012 – Aos poucos, a oposição interna a José Maria Neves levanta a cabeça e começa a contestar abertamente o líder e o seu grupo mais restrito. E, para além do líder, um dos mais contestados dirigentes do PAICV é Armindo Maurício, o secretário-geral do partido e homem da confiança do Primeiro-ministro.
 
Na imprensa afecta ao partido, vão-se destacando as vozes críticas que, perdendo receios, sugerem ser a hora de JMN começar a preparar as malas e ir embora. É que, segundo parece, o Primeiro-ministro é o maior problema do PAICV e ninguém o quer à frente do partido para além de 2016.
 
João do Carmo e Amadeu Oliveira dão a cara na última edição de A Nação para, no caso do primeiro, defender uma renovação da liderança e, no segundo, para denunciar “abusos descarados” do secretário-geral do partido. Para Carmo é preciso travar o “naufrágio” do PAICV, contrariando “o clima de desconfiança e riola que se instalou no seio dos militantes e amigos” da estrela negra; já para Oliveira “é chegada a hora” de uma “Reorganização do partido”.
 
No entanto, quer um quer outro, evitam atacar a figura do líder e, no caso de João do Carmo, é realçado que “Esta geração de JMN já fez muitas coisas que todos no PAICV e em Cabo Verde devem orgulhar-se, pese embora considerar ainda que “o PAICV não vai bem”…
 
RECUPERAR “VALORES E PRINCÍPIOS”
 
Num caso e noutro, é visível o receio de afrontamento directo do líder, embora se perceba que, na substância, as razões do estado a que chegou o PAICV têm directamente a ver com a condução de José Maria Neves. E, por outro lado, também é visível que, ao contrário de outros, estes dois militantes estarão mais preocupados com a perda do poder do que, propriamente, com o regresso à “pureza programática e ideológica do partido”, como referiu ao Liberal um ex-dirigente do PAICV que (segundo ele) “por razões óbvias” pediu o anonimato.
 
Os problemas do partido começaram a emergir com as eleições presidenciais do passado ano e foram por aí fora, com José Maria Neves incapaz de conseguir a tão desejada “reconciliação da família PAICV”, pelo contrário, persistindo nas autárquicas “com os mesmos erros cometidos nas presidenciais”, refere a nossa fonte.
 
Para o ex-dirigente, “mais importante que o poder, é reorientar o partido no sentido da recuperação de alguns valores e princípios, que o grupo de José Maria Neves enlameou, e dar um combate firme aos sinais preocupantes de nepotismo, clientelismo e abuso do poder”, que, refere, “têm uma expressão imensamente maior do que no período do partido único”. Segundo o nosso interlocutor, “o PAICV tem que regressar à sua génese identitária e ética que [Amílcar] Cabral sempre defendeu, resgatando o partido das mãos dos oportunistas que apenas estão interessados no poder pelo poder e tratar das suas vidas pessoais”. E vai mais longe: “se tal implicar estarmos na oposição durante 5 anos ou uma década, que seja, porque é bem provável que essa ‘travessia do deserto’ permita ao PAICV voltar a ser um partido de combate e de militância”.
 
Ainda para a nossa fonte, “a manutenção de Zé Maria no poder, até 2016, não é saudável para o partido e apenas tem como consequência cavar ainda mais fundo o desânimo e o imobilismo”, pelo que, defende, “a transição para uma nova liderança deve ser preparada desde já, sob pena de a situação ficar incontrolável”. E adianta: “acredito ser possível ao partido ganhar as eleições em 2016 – claro está, sem José Maria Neves -, mas mesmo que não se consiga até pode ser benéfico para o PAICV, caldeando um novo líder no combate político da oposição e preparando o regresso à governação com práticas que rompam, particularmente, com estes últimos seis anos da liderança” de JMN.
 
MILITANTES CONSPIRAM NA SOMBRA…
 
Os sinais do isolamento de José Maria Neves são evidentes e, segundo uma outra fonte tambarina, “dentro da própria Comissão Política Nacional há muito que deixou de imperar a unanimidade” e, nas estruturas partidárias, “são cada vez mais as vozes que criticam esta liderança e muitos aspectos da acção governativa”.
 
O congresso do próximo ano pode trazer alguns “amargos de boca” a JMN, porquanto “há uma grande insatisfação interna pela condução que tem imprimido ao partido, isolado do colectivo, apenas ouvindo um núcleo restrito que não percebe nada do que se está a passar”, e adiantando: “há que perceber os sinais, no espaço de um ano o PAICV perdeu duas eleições, depois de ter renovado a maioria absoluta e, pela primeira vez, viu a contestação ao Governo sair à rua”.
 
“José Maria Neves não ouve ninguém e anda desorientado, arrastando com ele um partido sem rumo e provocando a renúncia de muitos camaradas”, refere ainda.
 

Moçambique: DEVÍAMOS TER MEDO DO NOSSO MEDO…

 

Verdade (mz)
 
Temos um medo irracional da Frelimo. Andamos todos preocupados com a candidatura de Armando Guebuza para a sua sucessão na direcção do seu partido. A apreensão até pode ser legítima, dado que historicamente nunca conhecemos, no país, Presidente da República que não fosse igualmente da Frelimo.
 
A questão da sucessão preocupa os “moçambicanos” por causa de uma possível, dizem, emergência de dois centros de poder. Alegam, os temerários de tal hipótese, que é um perigo o país mergulhar na fórmula de Putin.
 
É certo que, nos dias que correm, a relação entre partido e Estado ganhou contornos de uma promiscuidade absurda. Umas vezes pela pressa dos governantes em subalternizar o Estado, outras pela leitura que os próprios dirigentes fazem dessa relação para incutir, nos moçambicanos, que, passe a repetição, o Estado não subsiste sem o partido.
 
Desmorona e dilui-se na sua própria insignificância. O certo é que, dia após dia, vemos um partido cada vez mais forte e um Estado sem expressão. De forma estranha, os actuais líderes de opinião dão mais importância ao partido do que ao Estado.
 
As páginas dos grandes jornais andam repletas desse jogo de sucessão e legitimam, em coro, o medo irracional de todos nós. Todos temem as decisões do X congresso da Frelimo. Ainda mais quando sabem que Guebuza é candidato à própria sucessão. Há-de vir para aqui o exemplo de que há muito em jogo e que Guebuza luta para proteger o seu património financeiro. Até pode ser verdade. Porém, não é disso que devíamos ter medo.
 
Se dissermos que o nosso medo deriva da possibilidade de Guebuza mandar na Frelimo, no mínimo, estamos a mentir, porque nenhuma pessoa lúcida, por mais fraca que seja, deve temer o poder de um presidente de Partido. Portanto, fica bem visto que se trata de um outro medo. Ora, quem teme partidos confundiu o acessório. Aqui reside o nosso erro. No fundo, tememos Guebuza porque concebemos, no âmago do nosso subconsciente, que a Frelimo será Governo. É, portanto, por via disso que tememos Armando Guebuza.
 
Porém, aceitar que a Frelimo seja Governo depende da nossa vontade. Aceitar que a fórmula de Putin vingue em Moçambique está na mão de “22” milhões de moçambicanos.
 
Quem deve temer Guebuza são os membros do seu partido, se tiverem motivos para tal. Nós não. Não podemos temer alguém que só poderá mandar no país se nós o permitirmos. Temer dessa forma é pior do que estar indefeso. É que, no mínimo, estamos a assumir uma situação em que é melhor acabar com eleições e esperar pelos congressos da Frelimo para encontrar os governantes.
 
Assumimos, ainda que implicitamente, que o cidadão é desprezado em todos os sentidos do termo e da conduta do governante. Ou seja, reconhecemos a nossa impotência para mudar o curso das coisas. Não nos reconhecemos agentes de qualquer mudança. Somos objectos ou barro que, nas futuras eleições será transformado pelo oleiro que tomará as rédeas do partido Frelimo.
 
Somos uns autênticos incapazes. Porque, ao temer o que não devíamos, legitimamos as vitórias da Frelimo nos próximos pleitos. Devíamos, para bem do país, ser mais donos das nossas decisões do que a Frelimo. A não ser que não tenhamos essa capacidade de sermos sujeitos do nosso destino. Mas aí, se não a tivermos, somos obrigados a demitir-nos como povo. Não é a Frelimo que está errada; somos nós que habitamos – para usar a linguagem de Egídio Vaz – uma torre de equívocos colectivos. E, de todas as formas, a culpa é nossa.
 

NEM PT, NEM PSDB: CRESCE A “TERCEIRA VIA” NO BRASIL

 

Pragmatismo Político
 
O velho bruxo maranhense, José Sarney, dissera já há muitos anos: a verdadeira oposição a Lula e ao PT não virá de PSDB e DEM, mas vai brotar das entranhas da coalizão lulista
 
Rodrigo Vianna, Escrevinhador
 
Analistas da velha mídia apressam-se em apontar uma derrota acachapante do PT nas eleições municipais. Claro, associam o “resultado” (por enquanto são apenas pesquisas; e o PT – mostra a história – tem candidatos bons de chegada) ao julgamento do chamado “mensalão”. Trata-se de torcida, mais do que qualquer coisa…
 
Por outro lado, não é bom brigar com os fatos. Na eleição presidencial de 2010, já estava claro que o chamado “voto de opinião” nas principais capitais brasileiras tinha se afastado do PT. Dilma teve votações abaixo do esperado em cidades como BH, Recife e mesmo no Rio. Para quem foram esses votos? Para os tucanos? Não, para Marina Silva. As pesquisas eleitorais, até agora, apontam para um aprofundamento dessa tendência em 2012.
 
Do que estamos falando? Se o PT vê seu eleitorado refluir nas capitais e maiores cidades brasileiras, de outro lado o PSDB (principal partido de oposição) não parece ser o beneficiário desse movimento.
 
Comecemos pelo Sul do país. Em Porto Alegre, PT e PSDB naufragam. Em Florianópolis, PSD e PCdoB é que devem disputar o segundo turno. Em Curitiba, o governador tucano (Beto Richa) lançou um candidato por outra legenda – o PSB – e o PT se escondeu numa aliança com Fruet (PDT).
 
O fenômeno é semelhante no Sudeste. Em Minas, estado administrado pelos tucanos há 3 mandatos, Aécio e Anastasia descobriram que não é bom negócio usar a legenda do PSDB. O candidato tucano em BH, Márcio Lacerda, aparece também travestido de “socialista”, com boas chances de vitória (aliás, o mesmo ocorre em Campinas, onde o candidato de Alckmin usa a legenda do PSB contra o petista Marcio Pochmann). No Rio, PMDB e PSOL disputam a Prefeitura. Em São Paulo, o azarão Russomano (PRB) lidera, enquanto PT e PSDB se engalfinham para buscar uma vaga no segundo turno. A exceção é Vitória, onde Veloso Lucas (um quadro histórico do PSDB) deve ganhar com certa folga.
 
Cheguemos à região Norte. O PSDB tem chances em Manaus, com o inesquecível Artur Virgílio; e quem pode derrotá-lo não é o PT, mas Vanessa Graziotin (PCdoB), com apoio de Lula. Em Rio Branco, os sinais se invertem: o PT tem candidato forte, mas aí são os tucanos que estão fora da disputa. Em Belém, a corrida (repetindo o Rio) se dá entre PSOL e PMDB (PT e PSDB assistem de camarote).
 
E aquela história de que o Nordeste é a região mais ”petista” do país? Os tucanos devem vencer em Teresina e Maceió. Os petistas têm boas chances em João Pessoa; e na reta final o PT deve crescer também em Salvador e Fortaleza. Em nenhum desses casos há polarização entre PSDB e PT.
 
No Centro-oeste, a região do agronegócio (sempre mais mais “tucana” nas eleições presidenciais), é o PT que deve vencer em Goiânia; e tem alguma chance também em Cuaiabá. O PSDB não vai ganhar em nenhuma capital da região.
 
Qual o resumo da ópera? O PT certamente não colherá resultados estupendos em 2012 (isso pode mudar se Haddad for ao segundo turno e bater Russomano em São Paulo). Mas de outro lado os tucanos e o DEM não serão os beneficiários de uma onda “antipetista”. O que existe – sim – é o avanço de uma “terceira via”, que já estava visível na eleição presidencial de 2010.
 
Acontece que essa terceira via não tem forma por enquanto. O PSB pode colher ótimos resultados, vencendo em BH e Curitiba (associado aos tucanos), além do Recife e Cuiabá. Eduardo Campos ganha assim mais cacife para negociar com o lulismo. Se for “rejeitado”, pode servir como cavalo de tróia para uma candidatura em 2014 – com cara de “lulismo” e recheio “tucano”. Ou vice-versa.
 
O velho bruxo maranhense, José Sarney, dissera já há muitos anos: a verdadeira oposição a Lula e ao PT não virá de PSDB e DEM, mas vai brotar das entranhas da coalizão lulista. Fica cada vez mais claro que a oposição tem mais chance de vitória quanto mais abandonar o figurino “paulista/tucano/privatista”, ganhando ares centristas.
 
Por fim, alguns dados que tornam a avaliação de todo o quadro ainda mais complexa: no lulismo, PCdoB e PDT também ficam um pouco mais fortes para negociar espaços na coalizão governista. E na oposição, o velhíssimo DEM, que era dado como “morto”, ganha sobrevida com candidatos competitivos em Salvador, Fortaleza e Aracaju. No PSOL, uma (boa) novidade: se ganhar com o ponderado Edmilson Rodrigues em Belém, o partido fará uma administração em coalizão com o lulista PCdoB, forçando os psolistas a abandonar a retórica udenista vazia (fato reforçado pela saída de Heloisa Helena, que deve dar os braços para Marina Silva em 2014).
 
A provável derrota de Serra em São Paulo deve deslocar o eixo da oposição direitista para longe de São Paulo e do PSDB tradicional. Já no lulismo, o PT seguirá forte, mas terá que negociar com outros partidos se quiser evitar rachas que possam nutrir uma candidatura “alternativa” já em 2014.
 
Imagem: PT e PSDB protagonizam a luta pelo poder central no Brasil há 20 anos. (Foto – charge/Diogo web)
 

Brasil - Leonardo Sakamoto: Por que não mudamos as eleições para o período de chuvas?

 

Pragmatismo Político
 
Desgraça é desgraça, descaso é descaso. Desgraças acontecem, mas parte delas poderia ser prevenida, planejada, antecipada, informada, discutida, pitacada, pois não são novidade. Nesses casos, o que é tragédia vira descaso e pode, inclusive, ser alvo de responsabilização judicial. Ou, ao menos, eleitoral
 
Leonardo Sakamoto, em seu sítio
 
Queria fazer uma proposta: trocar a data das eleições municipais para o começo de cada ano, quando as chuvas são mais frequentes em boa parte do país. Dessa forma, os eleitores vão se lembrar que a cidade deles se transforma, anualmente, em uma tigela de lama, água ou esgoto.
 
Aproveitei esses dias de convalescência em casa para dar uma vasculhada em programas de governo dos candidatos a prefeito de grandes cidades. Após a constatação óbvia de que boa parte deles não tem nada que mereça ser batizado sob essa alcunha (talvez como gibi, mas em muitos casos seria uma ofensa à Turma da Mônica), entre os que já se dignaram a informar o eleitor o que pretendem fazer nos próximos quatro anos são poucos os que citam propostas reais para mitigação do impacto das chuvas. O que me leva a crer que político tem medo de água.
 
Poucas linhas foram escritas nos programas sobre como evitar deslizamentos, soterramentos, enchentes, inundações dentro, é claro, da competência da esfera municipal. Aliás, pouco se escreve sobre programas de moradia que não seja o velho mimimi da importância de erguer casas populares – tipo, “no meu governo, serei contra o crime!”. Dã.
 
(Aos que reclamarão que seus programas ainda serão lançados, uma pergunta: isso não deveria ter sido feito antes da campanha começar?)
 
Aliás, pelo teor de alguns discursos de candidatos, é mais provável que eles incluam, como política de governo, rodas de oração visando à obtenção de apoio sobrenatural para que a chuva caia com mais parcimônia.
 
Desgraça é desgraça, descaso é descaso. Desgraças acontecem, mas parte delas poderia ser prevenida, planejada, antecipada, informada, discutida, pitacada, pois não são novidade. Nesses casos, o que é tragédia vira descaso e pode, inclusive, ser alvo de responsabilização judicial. Ou, ao menos, eleitoral. Se a nossa cidadania fosse exercida de fato.
 
Deixe a preguiça de cidadão de lado e pergunte ao seu candidato o que o programa de governo dele diz a respeito do assunto. Se ele começar com “veja bem, meu caro, você deve considerar…”, “aqui na cidade de…”, “temos que considerar uma série de elementos”, “quando eu era deputado federal…”, “essa é uma boa pergunta…”, essas muletas de discurso para dar tempo de pensar em uma resposta minimamente convincente, desconfie. A verdade é que parte deles não está preparado para responder.
 
Também não vote em partido de político que deu declaração idiota a respeito de desastres de aguaceiro sob sua responsabilidade nos últimos tempos. “Precisamos de mais um mandato para fazer as obras necessárias”, “choveu mais do que o esperado de novo” e, o melhor de todos, ”não podemos controlar a vontade divina”. Claro que não porque, se houvesse um ser onipotente e onisciente fazendo valer sua vontade por aqui, certamente esse prefeito em questão não teria sido eleito.
 
É difícil falar de chuva quando vemos bolas de feno rodando nas ruas de São Paulo devido ao tempo seco feito cena de faroeste.
 
Ainda mais com uma sociedade que, paradoxalmente, aceita que a discussão sobre religião seja enfiada em nossa goela durante a campanha como tema central, mas não consegue debater outros assuntos que não estejam visíveis e palpáveis. Como chuva em tempo seco. Quando o assunto é poluição, o paulistano é ateu, não acredita nela de maneira alguma. Mas, em questão de meses, as tempestades estarão aí de volta. Enquanto que o retorno do Messias, até onde eu saiba, não está agendada.
 
Ocupação irregular, planejamento, plano diretor, reforma urbana são expressões ouvidas apenas no tempo úmido e não fazem sucesso durante as eleições. Na seca, evaporam do léxico não só dos mandatários, mas também de pobres e ricos, que continuam construindo, desmatando e poluindo. Suas razões são diferentes, mas o efeito é o mesmo. Vale lembrar que tudo isso dito aí em cima não gera um voto, pelo contrário: quem é o doador que vai ficar feliz por ter a construção de sua casa em uma área de preservação ambiental embargada?
 
Com exceção dos fanáticos religiosos que enxergam em tudo sinais do retorno do já citado Messias, apenas os mais míopes ou os que professam sistemática má-fé não concordam que o planeta está dando o troco. Não estou falando apenas do aquecimento global e das já irreversíveis mudanças climáticas que vão gratinar a Terra, mas também dos crimes ambientais que fomos acumulando debaixo do tapete e que, agora, tornaram-se uma montanha pronta a nos soterrar. Exagero? Um assessor do então presidente norte-americano George W. Bush, quando questionado sobre a herança deixada às próximas gerações pelos gases geradores de efeito estufa da indústria norte-americana, disse algo do tipo: “isso não será um problema, porque Cristo voltará antes disso”.
 
Como já disse aqui, considerando que quando há uma necessidade urbana os mais pobres são rapidamente expulsos do lugar onde estavam para um lugar perto da esquina entre o “não me encha o saco” com o “não me importa aonde”, é de se esperar que o destino deles não reverberem nas urnas. Então, ninguém faz nada, só promete meia dúzia de abobrinhas e faz cara de preocupado e de entendido.
 
Afinal, é de discursos secos e empoeirados que vive boa parte de nossa política municipal.
 

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