sábado, 27 de agosto de 2011

PROBLEMAS DE ABASTECIMENTO ASSOLAM TRIPOLI




DEUTSCHE WELLE

Rebeldes anunciam manter a capital líbia totalmente sob controle. Abastecimento de alimentos, água e energia na cidade é crítico. Correm boatos sobre fuga de Kadafi para a Argélia.

Depois de vários dias de conflitos em Trípoli, os rebeldes afirmam que mantêm, no momento, a cidade completamente sob seus domínios. Neste sábado (27/08), as tropas fiéis ao ex-ditador Muamar Kadafi foram derrotadas no subúrbio Kasr bin Ghashir, segundo informa Omar al-Ghusajl, comandante dos rebeldes."Conseguimos expulsá-los completamente de Trípoli", disse ele.

Falta de energia, água e alimentos

Na capital do país, a escassez de alimentos é preocupante e há dificuldades no fornecimento de energia e água. De acordo com representantes do governo de transição no país, falta diesel. O secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, alertou para a existência de aproximadamente três milhões de pessoas na Líbia com problemas de abastecimento. Os rebeldes pediram ajuda humanitária imediata às organizações internacinais. Acima de tudo falta material nos hospitais e para primeiros socorros, além de alimentos.

No centro antigo de Trípoli, proprietários de mercearias venderam neste fim de semana o resto das mercadorias disponíveis. "Os atacadistas, de quem os varejistas compram seus produtos, estão com suas atividades suspensas e quase não há água engarrafada. Açúcar e óleo também estão em falta", afirmou o dono de um estabelecimento comercial.

Governo de transição quer melhorar situação em Trípoli

O governo de transição no país pretende normalizar a situação o mais rápido possível. O ministro da Informação, Mahmud Schammam, afirmou que há planos concretos de como agir a partir de agora. Entre outras providências, estão sendo distribuídas 30 mil toneladas de gasolina. Espera-se também a distribuição de diesel, bem como a normalização no abastecimento de água em Trípoli. O fornecimento de gás deverá ser retomado dentro de dois dias.

A questão militar na Líbia também deverá ser "esclarecida e estabilizada" o mais rápido possível, segundo Schammam. "Trípoli ficou 42 anos sob o controle de um ditador", disse o novo ministro, lembrando também que o governo de transição terá que "começar do zero" para restabelecer a ordem no país.

Especulações sobre paradeiro de Kadafi

A busca por Kadafi concentra-se na região de sua cidade de origem, Sirte, e conta com o apoio de aviões de combate da Otan. Sirte é o último bastião de resistência das forças fiéis a Kadafi no país, embora não se saiba ao certo se o ex-ditador encontra-se na cidade ou se ainda resiste escondido na capital Trípoli.

Além disso, correm boatos de que ele poderia ter fugido para a Argélia. Essa suspeita foi desencadeada por causa de um comboio de tanques de guerra visto em Ghadames, cidade de fronteira entre a Líbia e a Argélia. A agência egípcia de notícias Mena noticiou neste sábado, baseada em depoimentos de militares líbios, que seis tanques teriam sido vistos na região limítrofe entre os dois países, a caminho da Argélia. Os taques teriam sido escoltados por soldados fiéis a Kadafi até a fronteira e os rebeldes não teriam sido capazes de impedir o comboio de se locomover.

Em função disso, surgiram as suspeitas de que oficiais do alto escalão do antigo regime, bem como o próprio Kadafi e seus filhos, poderiam estar dentro destes tanques de guerra.Os rebeldes declararam, contudo, que não há quaisquer informações concretas sobre o paradeiro do ex-ditador e de seus filhos.

Merkel e Westerwelle defenden missão da Otan

Após um período de longo debate sobre o assunto, a premiê alemã, Angela Merkel, e o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, assumiram publicamente uma postura favorável à missão militar da Otan na Líbia. Merkel afirmou ter "profundo respeito" pela missão e confirmou o apoio de Berlim à iniciativa. Segundo ela, a abstenção da Alemanha na votação no Conselho de Segurança da ONU não pode ser confundida com neutralidade frente à questão.

Westerwelle declarou "estar satisfeito por a Líbia ter conseguido, com a ajuda da missão militar internacional, derrubar o regime de Kadafi". O ministro reafirmou seu "respeito por aquilo que nossos aliados fizeram para corresponder ao que foi determinado pela resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU".

SV/dpa/dapd/afp/rtr 

MISSÃO DA OTAN NA LÍBIA É CRITICADA PELA UNIÃO AFRICANA




DEUTSCHE WELLE

União Africana não reconhece Conselho de Transição na Líbia e acusa países ocidentais de "colonização" do país. Anistia Internacional denuncia morte em massa de prisioneiros em campo líbio por forças fiéis a Kadafi.

O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas defende o início de um processo a ser movido contra o ex-ditador líbio Muammar Kadafi. "Execuções e fuzilamentos são inadmissíveis tanto na guerra quanto em tempos de paz", afirmou o porta-voz da organização, Rupert Colville, nesta sexta-feira (26/08), em Genebra. Segundo ele, encontrar Kadafi vivo, para levá-lo a julgamento no Tribunal Penal Internacional de Haia, é "a melhor opção".

Cenas de violência

A Anistia Internacional (AI) denunciou que os discípulos de Kadafi mataram possivelmente mais de cem prisioneiros em campos militares do país. Testemunhas relataram cenas de extrema violência, ocorridas em dois campos próximos a Trípoli nas últimas terça e quarta-feira. As tropas partidárias de Kadafi jogaram explosivos e usaram armas de fogo para exterminar os prisioneiros, relataram as testemunhas.

Segundo informações fornecidas pela AI, aproximadamente160 prisioneiros tentavam fugir de um dos campos, depois que os seguranças avisaram que os portões estariam abertos. Ao cruzar os mesmos, no entanto, eles foram sendo fuzilados por outros soldados. Ainda não se sabe ao certo quantas pessoas foram mortas durante o ocorrido. Até gora haviam sido encontrados apenas 23 sobreviventes. Em um segundo campo, cinco homens foram assassinados. A AI descreveu o incidente como "um desprezo abominável pela vida humana e pelos direitos humanos internacionais".

Missão da Otan

O governo alemão elogiou pela primeira vez oficialmente a missão da Otan na Líbia. O vice-premiê e líder do Partido Liberal, Philipp Rösler, declarou "nosso profundo respeito e agradecimento aos aliados, que contribuíram de forma decisiva para vencer as unidades assassinas de Kadafi".

O ministro revidou qualquer possibilidade de uma renúncia do atual ministro do Exterior e seu correligionário, Guido Westerwelle. O ministro creditou há pouco a vitória dos rebeldes líbios principalmente às sanções ao país, apoiadas pela Alemanha, tendo por isso recebido ácidas críticas dentro de seu partido, o que desencadeou sugestões de que ele deveria renunciar ao cargo.

"Africanos preocupados"

Para os chefes de Estado e de governo de países africanos nada há de mais sagrado que a soberania de seus países. A presença de tropas da Otan na Líbia gera, por isso, preocupação na região. Intelectuais africanos veem no fim do regime de Kadafi o "perigo de uma nova colonização".

Um abaixo-assinado de 200 artistas, cientistas e políticos africanos chama a França, os Estados Unidos e o Reino Unido de "países delinquentes". A iniciativa, intitulada "Africanos Preocupados", reúne, entre outros, nomes como o do escritor Wally Serote e de Ronnie Kasrils, ex-ministro sul-africano.

"Volta do imperialismo"

O presidente sul-africano, Jacob Zuma, acusa a Otan de ter "abusado" da resolução da ONU, cuja meta é a proteção do povo líbio, para viabilizar uma troca de poder no país. O "plano africano" para a Líbia teria evitado a morte de muitos civis, afirma o professor de Ciências Políticas Chris Landsberg, um dos nomes que assina o documento. "O imperialismo está voltando com toda violência e brutalidade", reclamou a Liga Jovem do partido do governo ANC na África do Sul.

O vice-presidente sul-africano, Kgalema Motlanthe, está cogitando apoio à proposta de grupos de esquerda no país de processar a Otan no Tribunal Penal Internacional de Haia, sob a acusação de que a aliança militar teria desrespeitado os direitos humanos na Líbia.
O envolvimento da Otan nas operações dos rebeldes, que não foi confirmada por uma resolução da ONU, vai dificultar a partir de agora qualquer nova resolução da organização, acentuou Motlanthe. A África do Sul é, ao lado da Alemanha, entre outros, atual membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU.

"Vergonha"

Os veementes ataques contra a Otan desencadearam dentro da própria África do Sul uma série de críticas. "O apoio dos intelectuais a Kadafi é uma vergonha", afirmou o jornalista Tim Cohen. E a acusação de "colonização" grotesca, completou.

Para Cohen, os africanos estão, desta forma, se posicionando ao lado de um déspota. O governo sul-africano manteve por muito tempo uma ligação estreita com o regime de Kadafi, inclusive por parte do herói nacional e ex-presidente Nelson Mandela. A União Africana (UA) não reconhece o Conselho Nacional de Transição na Líbia como governo legítimo.

SV/dpa/epd/apd/rtr - Revisão: Carlos Albuquerque

O SOCIALISMO DO REGIME ANGOLANO




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

O MPLA (partido que governa Angola desde 1975) diz que a sua aposta é no “socialismo democrático”. A tradução significa, como em todo o mundo, tirar aos pobres para dar aos ricos.

O vice-presidente do MPLA, Roberto Victor de Almeida, explica que “o socialismo democrático defende a justiça social, o humanismo, a liberdade, a igualdade e a solidariedade”. Apenas se esqueceu de acrescentar: “olhai para o que dizemos e não para o que fazemos”.

Numa sessão de reeducação do povo, realizada no início deste ano no Centro de Conferências de Belas, em Luanda, disse que o socialismo democrático “tem como fundamento a garantia da harmonia entre o desenvolvimento individual e o colectivo, a preservação dos valores nacionais e a defesa dos direitos, liberdades e interesses de todos os cidadãos”, e “visa obter a igualdade de direitos para as raças, grupos étnicos, tribos, nações e confissões”.

Ou seja, visa obter tudo aquilo que é negado pelo mesmo MPLA ao povo angolano. Aliás, em Angola todos são livres de pensar... como pensa o regime, todos são iguais desde que aceitem as regras de quem está no poder e que, cada vez mais, se assume não só como dono do país como, igualmente, proprietário dos escravos que devem obediência cega, canina e divina ao líder supremo, no caso José Eduardo dos Santos.

Roberto de Almeida falou da necessidade de se consolidar os ideais do partido, resgatando muitos dos valores morais e éticos perdidos, sublinhando que a perda valores não elimina apenas a solidariedade, como também deforma o futuro da pessoa humana.

Nesta tentativa de vender gato por onça, o MPLA esquece-se que só se pode perder o que se tem ou se teve. Ora os valores referidos nunca foram uma característica de um partido cuja única divisa é: quero, posso e mando.

Numa outra dissertação sobre "socialismo democrático e a acção económica e social", o secretário do Bureau Político para a Esfera Económica, Manuel Nunes Júnior, declarou que o socialismo democrático é a via para o alcance da verdadeira independência económica de Angola e a elevação do bem-estar e da qualidade de vida do povo angolano, de Cabinda ao Cunene.

Com cada vez mais angolanos de barriga vazia, falar do bem-estar e da qualidade de vida do povo angolano, ou do povo amordaçado da colónia de Cabinda, é não só gozar com a chipala de quem é gerado com fome, de quem nasce com fome e de quem morre pouco depois com... fome, como aviltar a inteligência dos que sabem que o regime angolano é, mesmo sendo benevolente, autocrático.

"Alcançado o programa mínimo com a proclamação, a 11 de Novembro de 1975, da independência nacional, a grande tarefa é a satisfação dos anseios do povo angolano, quanto ao bem-estar e a qualidade de vida, mediante um sistema em que o Estado assume o papel de agente regulador e coordenador de toda actividade económica e social", declarou Manuel Nunes Júnior, recitando a teoria política da sua família, a Internacional Socialista.

Se dúvidas existissem sobre o socialismo democrático do MPLA, basta ver – por exemplo - o perfil do cliente angolano em Portugal, que representa 30% do mercado de luxo português. Trata-se sobretudo de homens, 40 anos, empresários do ramo da construção, ex-militares ou com ligações ao governo. Vestem Hugo Boss ou Ermenegildo Zegna. Compram relógios de ouro Patek Phillipe e Rolex.

Basta ver – por exemplo - o perfil do povo angolano, que representa 70% da população, é pé descalço, barriga vazia, vive nos bairros de lata, é gerado com fome, nasce com fome e morre pouco depois com... fome.

Basta ver – por exemplo – que esses angolanos de primeira (todos adeptos certamente do socialismo democrático) não olham a preços, procuram qualidade e peças com o logo visível, sendo comum uma loja de luxo facturar, numa só venda, entre 50 e 100 mil euros, pagos por transferência bancária ou cartão de crédito.

Por outro lado, de acordo com a vida real dos angolanos (de segunda), 45% das crianças sofrem de má nutrição crónica e uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.

É assim o socialismo democrático de que fala o regime. É esse mesmo que limita a um número muito restrito de famílias ligadas ao poder o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos.

É assim o socialismo democrático que entre milhões que nada têm, permite a vilanagem daqueles que vestem Hugo Boss ou Ermenegildo Zegna, compram relógios de ouro Patek Phillipe e Rolex, ou que dão 120 mil euros por uma pulseira.

É assim o socialismo democrático que permite que a casta superior e divina que dirige o país desde 1975 tenha ementas do tipo: Trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas, com cinco vinhos diferentes, entre os quais um Château-Grillet 2005...

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Portugal: O PS NA CLANDESTINIDADE




BAPTISTA BASTOS – DIÁRIO DE NOTÍCIAS, opinião, em 24 agosto 2011

Onde se encontra António José Seguro? Que estará a fazer António José Seguro? Porque não aparece António José Seguro? O PS sumiu-se? As perguntas, aflitas e arquejantes, cruzam-se nas Redacções dos jornais, das televisões, das rádios. Os políticos interrogam-se, por telefone, por mail, por facebook. Até o dr. Sarmento, de hábito muito bem informado, anda tão perplexo e agitado, talvez mais agitado e perplexo do que é costume, vive mergulhado nas trevas da ignorância, acerca de tão augusto problema. Falou com Lobo Xavier, também este gravemente atingido pela inquietação, que não conseguiu esclarecer a funesta dúvida, a qual apoquentava o seu patrão, o eng.º Belmiro, atacado de persistentes insónias.

Começou a dizer-se, à boca pequena, que o circunspecto Seguro se encafuara num gabinete do Largo do Rato, folheando dossiês sobre dossiês, a fim de se preparar para a abertura das hostilidades com Passos, e aceitando o martírio para conquistar a glória. Outros sussurravam que se encontrava, em sigilo, com Mário Soares, para receber lições de como ser astuto sem o demonstrar, e justiceiro com a displicência de um felino.

A mortificação de Seguro tinha razão de ser. E a procura de ajuda espiritual era um forte esteio. Os embates que tivera com Passos haviam-se saldado por melancólicos desaires. E os avanços, os projectos, as decisões, as propostas, os decretos, as leis em catadupa, insinuosamente expostos ou claramente apresentados pelo presidente do PSD desorientavam o adversário.

Que fazer? A leninista interrogação obtinha respostas dúbias. Pouco mais do que ter birras restava a António José Seguro. O seu partido assinara um memorando draconiano e mandam as regras do bom nome que os compromissos se respeitem. Não será bem assim, tanto mais que Passos tem-se adiantado ao que foi estipulado, excedendo a combinação. O Governo comete injustiças das mais bravas e dolorosas e o PS de Seguro está desaparecido sem combate. Como se diz num velho samba: "ninguém sabe / ninguém viu" o que é feito desta gente. Ao menos um arrobo de protesto, um gesticular de indignação, por modesto que fosse. Nada. E o PSD aproveita todas as oportunidades para aparecer, seja nas praias algarvias, seja em declarações absurdas mas úteis para a "visibilidade." O dr. Relvas até foi à Colômbia, apoiar moralmente a selecção de subvinte, enquanto o PS nem um ramo de rosas pálidas enviou como congratulação de "sermos" vicecampeões.

Onde estará Seguro? Onde se esconde o PS? Paralelamente tristes, votam-nos a uma melancolia atroz, que nem a satisfação provocatória do Governo consegue amenizar. Claro que nada disto é eterno ou estável. Porém, a cada dia que passa perdemos um sonho, uma réstia de esperança, um pequeno gomo de fé, uma fatia de confiança.

Portugal: PASSOS COELHO NÃO ENVIA À AR RELATÓRIO SOBRE EVENTUAIS FUGAS DE DADOS




MARIA JOSÉ OLIVEIRA – PÚBLICO

Parlamento não terá acesso a inquérito interno dos serviços de informação

Primeiro-ministro invoca segredo de Estado e defende que publicitação das conclusões pode causar dano à segurança interna e externa do país.

O Governo decidiu não facultar à 1.ª comissão parlamentar as conclusões da investigação interna realizada nos serviços secretos sobre alegadas fugas de informação para a Ongoing, sustentando que o relatório contém dados susceptíveis de colocar em causa a segurança interna e externa.

Numa carta enviada ao deputado social-democrata Fernando Negrão, presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, datada de quarta-feira, o primeiro-ministro explica que não pode aceder ao pedido do Parlamento (que tinha solicitado o envio do relatório), uma vez que o conteúdo do documento revela identidades de funcionários das "secretas" e metodologias que não podem ser publicitadas, sob a ameaça de causar dano na segurança interna e externa.

Na missiva, Passos Coelho invoca os artigos da Lei-Quadro do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) relativos às matérias sob segredo de Estado e a actividades classificadas. Nomeadamente o artigo 32.º, que define que "são abrangidos pelo segredo de Estado os dados e as informações cuja difusão seja susceptível de causar dano à unidade e integridade do Estado, à defesa das instituições democráticas (...), ao livre exercício das respectivas funções pelos órgãos de soberania, à segurança interna, à independência nacional e à preparação da defesa militar"; e o artigo 5.º, que estabelece que as actividades do secretário-geral do SIRP, do seu gabinete, do SIED e do SIS (Serviço de Informações de Segurança) são consideradas classificadas e "de interesse para a salvaguarda da independência nacional, dos interesses nacionais e da segurança externa e interna do Estado". Nesta última norma, determina-se ainda que os registos, documentos, dossiers, conclusões de análises e todos os elementos que constam dos centros de dados dos serviços estão sob segredo de Estado.

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Secretas espiaram telemóvel de jornalista do PÚBLICO, avança semanário Expresso


Nuno Simas, jornalista, vigiado ilegalmente pelo SIED-SIR-SIS-PIDE-DGS*

PÚBLICO

Direcção do PÚBLICO exige inquérito

Ex-dirigentes do Serviço de Informações Estratégias de Defesa (SIED) tiveram acesso aos registos telefónicos do antigo jornalista do PÚBLICO Nuno Simas para descobrirem as suas fontes, avança a edição de hoje do semanário Expresso.

A direcção do PÚBLICO considera inaceitável que o SIED tenha tido acesso aos registos de telemóvel de um jornalista da redacção e entende que esta questão tem que ser investigada até às últimas consequências e não pode ficar impune. Os advogados do jornal vão ser contactados para analisar os passos a dar. A direcção do PÚBLICO divulgou uma nota (ver link).

Nuno Simas, que trabalhou no PÚBLICO até Julho deste ano e que pertence agora à direcção de informação da agência Lusa, era o jornalista que acompanhava os assuntos ligados aos serviços de informação no PÚBLICO. Segundo o Expresso, foi este o principal motivo da investigação que lhe foi movida no interior do SIED.

Segundo o jornal, às mãos de Jorge Silva Carvalho, então director do SIED, chegaram seis páginas A4 e o documento foi intitulado com o nome de código “Lista de compras”. O semanário reproduz hoje cópias desses documentos, onde aparecem registos detalhados de todos os telefonemas e SMS enviados por Nuno Simas, entre 19 de Julho e 12 de Agosto de 2010. Na lista, a que o Expresso teve acesso, é possível identificar todos os registos telefónicos, os seus destinatários, nos diferentes dias e horas, e ainda a duração de cada chamada. A lista identifica poucos destinatários pelo nome.

Confrontado pelo Expresso com esta afirmação, o jornalista visado confirmou, sem adiantar mais pormenores sobre o caso, que a lista corresponde efectivamente aos telefonemas que fez naquele período.

As fontes contactadas pelo Expresso revelam que a listagem terá sido enviada a Jorge Silva Carvalho por um director-operacional da SIED (exonerado no passado dia 5 de Agosto por alegadamente ter enviado informação para Jorge Silva Carvalho quando este já não trabalhava no SIED). No entanto, ainda segundo o mesmo semanário, terá sido através da colaboração de alguém de dentro da operadora telefónica, que o mesmo terá tido acesso aos registos telefónicos, uma vez que não existe qualquer registo oficial interno do SIED da acção nem é legal a cedência destes dados pessoais sem o conhecimento do próprio. Na altura, o número de telefone do jornalista pertencia à operadora Optimus, empresa detida pela Sonaecom, que também é proprietário do PÚBLICO.

Com a lista detalhada, o então director do SIED pretendia, segundo o Expresso identificar a fonte de Nuno Simas, que o informava sobre os assuntos internos das “secretas”. Nuno Simas assinou no PÚBLICO um artigo, a 7 de Agosto de 2010, que revelava um mal-estar existente no SIED com a entrada e nomeação de novos membros, intitulado “Mudanças de espiões e dirigentes causam mal-estar nas ‘secretas’”.

O director-operacional da SIED em causa foi um dos homens de confiança de Jorge Silva Carvalho, que dirigiu o SIED até final de Novembro de 2010, quando se demitiu para integrar os quadros da Ongoing, empresa com várias áreas de negócio, entre as quais a comunicação social.

O Expresso questionou o advogado de Silva Carvalho, Nuno Morais Sarmento, e o secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa, Júlio Pereira, para saber se ambos tinham conhecimento do caso e perceber que disposição legal permitiu a recolha de dados, mas não obteve nenhuma resposta.

- Notícia em actualização em Público

Relacionados:

*Legenda, na foto, de Página Global

Governo pede inquérito
sobre acesso a registos telefónicos do jornalista Nuno Simas
 
PÚBLICO – 18.54

Passos Coelho chama Júlio Pereira

O Governo anunciou que pediu a abertura de um inquérito interno ao SIRP sobre o acesso ilegal aos registos telefónicos do jornalista Nuno Simas, quando este integrava a redacção do PÚBLICO, em Julho e Agosto de 2010.

A nota do gabinete do primeiro-ministro refere que Passos Coelho “recebeu a notícia com extrema preocupação e pediu ao secretário-geral do SIRP [Sistema de Informações da República Portuguesa], Júlio Pereira, a abertura de um inquérito que investigue o que realmente se passou e que apure as responsabilidades”.

Passos Coelho vai receber Júlio Pereira na segunda-feira para discutir esta questão.

A nota acrescenta que o primeiro-ministro considera esta situação “de grande gravidade”.

A direcção do PÚBLICO decidiu hoje apresentar uma queixa-crime contra incertos na Procuradoria-Geral da República relativamente à violação dos registos do telemóvel do jornalista Nuno Simas, que foram cedidos a membros do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED).

Segundo o semanário Expresso, que hoje divulgou a notícia, às mãos de Jorge Silva Carvalho, director do SIED até Novembro do ano passado, chegaram seis páginas A4 e o documento terá sido intitulado com o nome de código “Lista de compras”. O Expresso reproduz hoje uma cópia dessa documentação, onde aparecem registos de todos os telefonemas e SMS enviados por Nuno Simas, entre 19 de Julho e 12 de Agosto de 2010.

Na lista, e segundo o Expresso, é possível identificar números de telefone, em diferentes dias e horas, e ainda a duração de cada chamada. A lista identifica poucos destinatários pelo nome, lê-se na notícia.

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Portugal: VAI CHOVER EM OUTUBRO!




MIGUEL SILVA – DN Madeira, opinião

Se há marca que fica deste governo nacional é a definição, clara como água, de que quem vai ser chamado em primeiro lugar para pagar a crise são os trabalhadores. A classe média, novamente. O mesmo fadário de sempre. Nos pobres não se pode mexer, porque são pobres. E nos ricos, não se mexe porque são ricos e o País precisa deles. Não lhes vá passar pela cabeça e investir noutro país mais complacente.

Quem trabalha vai pagar! Aliás, isso mesmo ficou claro quando o ministro das Finanças afirmou, no seu tom demasiado calmo (a fazer lembrar os primeiros discursos de Xanana Gusmão, mas em bom português) que é mais fácil ir ao bolso dos trabalhadores do que à máquina do Estado. Numa entrevista a Judite de Sousa, agora na TVI, Vítor Gaspar fez lembrar Marcelo Rebelo de Sousa. Pode-se cortar na despesa do Estado? perguntava ela. Pode-se! dizia ele. Mas é eficaz?, perguntava ela. Não, não é tão rápido! respondeu ele, mais palavra, menos palavra. Ou seja, disse o ministro, com todas as letras, é mais fácil por os contribuintes a pagar do que emagrecer a máquina do Estado.

E isso ficou por aí.

Agora, que estamos no fim do mês, quando a esmagadora maioria dos portugueses começa a contar moedas pretas entre notas de cinco euros, anda o governo entretido em saber como descalçar a bota sobre se deve ou não taxar as grandes fortunas deste País. De um lado temos uma esquerda que acha que sim, que quem mais ganha mais deve contribuir. Do outro lado temos um centro-direita, mais comedido e a lembrar, talvez justamente, que entre quem mais ganha estão alguns dos maiores empregadores deste País.

E andamos nisto.

Entretanto, mais pragmáticos, outros países já terão decidido taxar as maiores fortunas, como França e Espanha. E Portugal, mais uma vez, sente-se tentado a fazer aquilo que mais temos feitos nos últimos anos: praticar a política da 'Maria vai com as outras'. Não sabemos bem o que fazer e então fazemos como fazem os outros. Mas o governo português tem uma grande dúvida: deve taxar os lucros dos ricos ou as propriedades dos ricos.

E daqui ainda não saímos.

Voltando ao início, com uma certeza estão os portugueses que trabalham e descontam todos os meses. Esses já podem começar a fazer contas de somar para as despesas do quotidiano e de 'sumir' para as prendas de Natal.

No meio de tudo isto, na Madeira, os mais incautos estarão a pensar que vamos passar entre a chuva. Ah povo enganado! Vai chover a bom chover a partir de Outubro!

Carvalho da Silva defende combate contra medidas de austeridade e retirada de direitos




ROSÁRIO RATO - LUSA

Lisboa, 27 ago (Lusa) - O secretário-geral da CGTP defendeu que o combate dos sindicatos nos próximos meses deve centrar-se nas medidas de austeridade e a retirada de direitos, por considerar que estas medidas não resolvem os problemas do país, mas agravam-nos.

"O movimento sindical está perante a constatação de que as políticas de austeridade que estão a ser postas em prática não resolvem os problemas do pais, pelo contrário agravam-nas", disse Manuel Carvalho da Silva à agência Lusa, referindo o aumento do desemprego, das falências, da pobreza e das desigualdades e o retrocesso da sociedade.

O sindicalista defendeu que tem de ser encontrada uma alternativa que leve ao desenvolvimento do país e que os sindicatos têm que forçar no sentido de haver uma melhor distribuição da riqueza e medidas que promovam o crescimento económico e a criação de emprego.

*Foto EPA

JOVENS TIMORENSES EMBAIXADORES EM MADRID





A Jornada Mundial da Juventude 2011 em Madrid também trouxe muitos jovens peregrinos timorenses para participar nesse evento. A equipa SAPO. TL em Lisboa encontrou-se com alguns dos peregrinos que estiveram em Lisboa antes de continuar a sua viagem a Roma e voltar para Timor.

Os peregrinos fizeram uma visita rápida à Embaixada da RDTL em Lisboa, onde partilharam as suas experiências com a embaixadora de Timor em Portugal, Dra. Natália Carrascalão. O grupo coordenado pelos padres Natalino Verdial (paróquia de Maliana), João Jeronimo (paróquia de Baucau) e pAngelo Salsinha (paróquia de Dili), trazia ainda viva a mensagem do Papa Bento XVI "Seja como Cristo! "

O Santuário de Fátima também fez parte da rota dos peregrinos timorenses após a Jornada Mundial da Juventude em Madrid. Na sua peregrinação estes jovens promoveram o país como embaixadores de Timor-Leste no mundo, divulgando a cultura timorense como a melhor forma de mostrar a fé, amor e caridade de todos os outros jovens timorenses. Como representantes nessa jornada estavam tristes ao descobrir que as pessoas em geral sabiam pouco ou nada sobre o país e que ainda o relaciona com actos de violência e situações de pobreza extrema. Para contrariar esta ideia os jovens tudo fizeram para melhorar a imagem que o mundo tem acerca de Timor, contando as suas histórias durante a jornada.

Após a curta paragem em Portugal, o grupo segue agora para Roma onde vai visitar o túmulo do Papa João Paulo VI. Composto por jovens de vários distritos, encontrámos no grupo uma mulher polícia do Suai, médicos de Dili e Maliana, e um grupo de jovens de Baucau.

Na comitiva havia também 17 membros do Parlamento dos Jovens presentes em Madrid que regressaram a Timor logo após o encerramento da Jornada Mundial da Juventude em Madrid.

Moçambique: MULHERES PARTEM PEDRAS PARA SUSTENTAR FAMÍLIAS




ANDRÉ CATUEIRA - LUSA

Chimoio, 27 ago (Lusa) - Mãos trémulas, dedos paralisados, olhos vermelhos de tanta poeira, Helena Djimo, 55 anos, dá golpes de martelada para reduzir o tamanho de uma pedra, que irá alimentar a indústria de construção civil, seu ganha pão.

Djimo é uma das dezenas de mulheres no Chimoio, Manica, centro de Moçambique, que se dedicam a partir rochas para sustentar a construção de edifícios, já que a cidade não tem uma pedreira. Com um rendimento mensal, entre 700 a mil meticais (15.9 euros a 22.7 euros), elas pagam renda, alimentos, saúde e educação para os filhos.

"Outras perdem vista ou dedo quando estamos a reduzir o tamanho da pedra. É um verdadeiro martírio pela luta de sobrevivência. Muitas têm problemas de pulmões e constipação provocada pela poeira da pedra. Temos que arriscar por nós e nossos filhos", conta à Lusa, Helena Djimo, mãe de cinco filhos, há cinco anos na atividade de "processadora de pedras".

O negócio assenta na compra de carradas de pedras, geralmente partidas a picaretas por homens, para reduzir o tamanho de grossa para média e desta para fina. A pedra é basicamente usada na construção de habitação e asfalto de estradas.

"Nem sempre consigo juntar dinheiro por mês. A venda diária é usada para a compra de alimentos que sempre faltam em casa. Às vezes, os clientes devem a pedra e não reembolsam a tempo e acabas sem fundo para outra carrada. Enfim, preciso ajudar meu marido que está desempregado", explicou à Lusa, Elisa Vasco, 48 anos, quatro filhos por cuidar.

Para aumentar a produção e o rendimento mensal, há famílias que hipotecam a liberdade e a educação das crianças para que estas ajudem também no processamento de pedras, situação largamente combatida pelas autoridades governamentais.

"Parto pedra para ajudar meu pai em casa. Acordo cedo, venho trabalhar e regresso a casa às 10 horas para ir à escola e à tarde volto para fechar o dia. Já compro sozinho cadernos e lanche", conta Augusto Henriques, 13 anos, o caçula da casa há dois na atividade.

Dados do inquérito aos Orçamentos Familiares, publicado em 2010, uma pesquisa do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), ligado ao Ministério de Planificação e Desenvolvimento, mostram que as políticas de luta contra a pobreza estão a falhar em Moçambique.

A pobreza agravou-se por todo o país, sobretudo na região centro, onde a situação é descrita como especialmente dramática. As taxas aumentaram de 54.1 por cento, em 2002-2003, para 54.7, em 2008-2009, segundo os dados refletidos na terceira avaliação da pobreza.

Segundo as estatísticas governamentais, o aumento da pobreza é descrito como dramático, no que se refere à "pobreza de consumo", na província de Manica, onde aumentou de 43.6 por cento, em 2002-2003, para 55.1 por cento, em 2008-2009.

O inquérito do INE incidiu em três pilares principais: a pobreza de consumo, a pobreza não monetária, e a desnutrição, além de outros indicadores como as desigualdades, a taxa de escolarização e o acesso à saúde.

"Temos clamado por iniciativas do governo, pelo menos na compra de equipamento de segurança, para continuarmos com o nosso trabalho, já que é o único que podemos fazer na falta de emprego para sustentar a família", explicou à Lusa, Rudho Tobias, há dez anos na atividade de "processador de pedra".

Entretanto, a governadora de Manica, Ana Comoane, disse que o seu executivo alocou este ano 11.8 milhões de meticais para ações de combate à pobreza urbana no Chimoio, tendo já sido formadas 6.601 pessoas (2.569 mulheres) em gestão de pequenos negócios.

Na lista dos pequenos negócios incluem-se corte e costura, montagem e reparação de bicicletas, pintura, culinária, construção civil, carpintaria e serralharia. Igualmente, no primeiro trimestre de 2011, foram colocados no mercado de trabalho 1.189 cidadãos (210 mulheres), mas a realidade no terreno sugere o contrário.

*Foto Lusa

Organizadores querem que manifestação de 03 de setembro contra PR angolano...




... seja a maior de sempre   

EL - LUSA

Lisboa, 27 ago (Lusa) -- Os organizadores da manifestação marcada para o próximo dia 03 em Luanda pretendem que esta seja a maior de sempre, disse à Lusa o porta-voz da iniciativa.

Contactado telefonicamente a partir de Lisboa, Carbono Casimiro, um dos mais conhecidos "rappers" angolanos, disse à Lusa que o trabalho de mobilização está a ser feito em moldes diferentes das anteriores manifestações contra o regime de Luanda.

"Estamos a dar muita luta para que saia da melhor forma e mais populosa possível. Estamos a fazer um trabalho de campo no sentido de mobilizar localmente, em cada bairro. Isso nunca houve até agora. Nunca fizemos mobilização a nível dos bairros. Estamos a levar a informação a sítios mais distantes. Estamos com fé que a manifestação terá agora muito maior aderência por parte das pessoas", salientou.

Carbono Casimiro tem estado na linha da frente das manifestações que se realizaram este ano na Praça da Independência, em Luanda, todas com o mesmo pretexto: contra o Presidente José Eduardo dos Santos.

A primeira tentativa, a 07 de março foi frustrada pela polícia, que deteve cerca de 20 pessoas, a segunda, a 02 de abril, foi bem sucedida, sem interferência da polícia e permitiu juntar cerca de 300 pessoas.

Desta feita, o objetivo, frisou Carbono Casimiro, é "exigir a destituição de José Eduardo dos Santos, que até agora não legitimou o seu poder".

"É a primeira coisa que nós queremos. A segunda coisa é a democratização dos órgãos públicos, que são praticamente partidários e outras exigências", disse.

Os órgãos públicos a que se refere Carbono Casimiro são a comunicação social e a polícia.

O Presidente José Eduardo dos Santos, cujo 69º aniversário se celebra no próximo dia 28, um pretexto para dezenas de atividades já realizadas e a realizar pelo MPLA, partido no poder, é para estes jovens o símbolo do que está errado na sociedade angolana.

"Nesta altura vemos um culto de personalidade da imagem do senhor Presidente muito grande. Esse culto de personalidade está cada vez mais exagerado. Eles (MPLA) andam por aí a procurar, de todas as formas, a bajulação para agradar ao presidente", considerou.

Carbono Casimiro dá como exemplo a recente inauguração da sede da Organização da Mulher Angolana (OMA).

"Há pouco tempo houve a inauguração do edifício da OMA. Inauguraram um prédio novo, moderno - não sei como é aquilo, mas pronto, tem uma boa aparência -, e há uma imagem enorme nesse edifício, um prédio de sete ou oito andares, com a imagem do presidente", recordou.

"Então eu pergunto: mas não deve haver aí uma mulher, que represente de facto a OMA. Tem que ser a imagem do presidente? É o cúmulo do culto de personalidade", acrescentou.

Outros dos exemplos que deu foi o da utilização da figura de José Eduardo dos Santos no papel-moeda e nos bilhetes de identidade.

"Acho que eles querem perpetuar a imagem. Querem endeusar a imagem do presidente", criticou.

Para os organizadores da manifestação de 03 de setembro o Presidente angolano "não é legítimo", porque, acusam, "não foi eleito".

No dia 03 de setembro asseguram que vão fazer uma "manifestação pacífica".

*Foto em Lusa

Angola: CENTENAS DE MENSAGENS SMS CONTESTAM JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS




ALEXANDRE NETO, Luanda - VOA - ontem

Olhar com indiferença o que se passa na Líbia parece ser a estratégia oficial

Foram hoje postas a circular, em Angola, muitas centenas de mensagens de SMS, apelando a um levantamento popular. Entre elas: “Depois de Gadhafi, é hora de JES (José Eduardo dos Santos). E ainda: “32 anos é muito” lê-se num dos escritos que está a circular por via do SMS.

Não obstante, olhar com indiferença o que se passa na Líbia parece ser a estratégia oficial. Sobretudo com dois bons eventos a decorrer e a concentrar as atenções dos angolanos: o campeonato africano de basquetebol em Madagáscar e o aniversário do presidente angolano, a assinalar-se no próximo dia 29, este último evento praticamente transformado numa festa nacional. São factos explorados politicamente.

As emissoras do Estado destacam a cobertura das actividades comemorativas do aniversário de Dos Santos com anúncios na Rádio e TV com emissão obrigatória, o que não é permitido a nenhum outro partido político em Angola.

A falta de electricidade ajuda a que a maioria dos angolanos não tenha livre acesso à informação. O interior do país é praticamente um mundo á parte de Angola. O acesso aos canais internacionais fica caro nalguns casos.

Num quadro como este os direitos dos angolanos são repetidas vezes sonegados e, silenciosamente!

Entretanto são os jovens os mais interessados nos acontecimentos pelo mundo. Seguem-lhe o exemplo. Têm convocada uma manifestação para o próximo dia 3 de Setembro.

Segundo Alexandre Santos da organização deste movimento, vão reivindicar pela retirada do poder de Eduardo dos Santos, também a retirada do rosto das notas do kwanza, a moeda nacional, contestar a  violação do Artigo 107) da Constituição, entre outros argumentos.

As autoridades estão avisadas faz tempo. É um desafio a sua própria capacidade de resposta neste género de acontecimentos. A própria polícia tem sido acusada de ser instrumentalizada para reprimir actos de manifestação pública.

No sábado passado, o "rapper" Carbono Casimiro e quatro outros indivíduos foram detidos pela Polícia Nacional de Angola, no Largo adjacente à tourada em Luanda, local para onde tinha sido convocada uma conferência de imprensa.  Os profissionais de imprensa não escaparam e o correspondente da VOA  em Luanda foi um dos jornalistas levados para a esquadra.

Bissau: Remodelação no Governo, saem dois ministros e muda de pastas metade do executivo




FP - LUSA

Bissau, 26 ago (Lusa) -- O primeiro-ministro da Guiné-Bissau remodelou hoje o Governo, exonerando os ministros da Administração Territorial e da Solidariedade Social e mudando de pastas metade dos outros ministros.

De acordo com um decreto presidencial hoje divulgado, deixam o Governo o ministro da Administração Territorial, Luís de Oliveira Sanca, e a ministra da Mulher, Família, Coesão Social e Luta contra a Pobreza, Lurdes Vaz.

Para o lugar de Lurdes Vaz foi nomeada Valentina Luísa Mendes, médica (uma das novas entradas), e a pasta da Administração Territorial é agora ocupada pelo até agora ministro do Interior, Dinis Cablon Na Fantchamna.

Fernando Gomes, que era ministro da Função Pública, passa a ocupar o cargo de ministro do Interior. Ocante da Silva, que era ministro da Defesa, passa agora para a Função Pública.

Para a Defesa foi escolhida a segunda cara nova do Governo, Baciro Dja, que já tinha sido ministro da Juventude no primeiro executivo saído das eleições legislativas de 2009.

Ainda na "dança de cadeiras", o até agora ministro da Justiça, Mamadú Jaló Pires, passa para os Negócios Estrangeiros, trocando com o atual ministro da diplomacia, Adelino Mano Queta, que assume a Justiça.

Na mesma remodelação, a área da Indústria deixa a alçada de Botché Candé, no Ministério do Comércio, da Indústria, do Turismo e Artesanato, e passa para Higino Cardoso, ministro da Energia e Recursos Natuais.

A nível de secretários de Estado também trocam de pastas os responsáveis pelo Ambiente e pelas Pescas.

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 33




MARTINHO JÚNIOR

GOLPE MILITAR

O golpe militar na Líbia está em vias de se consumar da pior maneira: com o recurso ao AFRICOM e à OTAN!

O que o binómio AFRICOM/OTAN fez na Líbia foi efectivamente participar de forma estimulante e decisiva num golpe militar com um papel preponderante na programação das operações, das acções político-diplomáticas, económicas e financeiras, a coberto das vantagens que as potências possuem, no Conselho de Segurança da ONU, como no “raio de alcance” de suas forças e interesses.

Deste modo, sem viabilizar o diálogo com vista a instalar um clima que conduzisse à paz e a eleições democráticas, o que se está a instalar pela via da força em Tripoli são fantoches, quaisquer que sejam a partir de agora seus “papeis”.

As sensibilidades africanas divergem: enquanto os componentes da SADC não reconhecem os “rebeldes” líbios e o processo de sua instalação no poder, tendo em conta a posição comum que tiveram para com o caso do golpe em Madagáscar (que faz parte da SADC), onde houve aliás muito menos efusão de sangue que na Líbia, outros como a Etiópia, a Nigéria e Cabo Verde, não têm objecções…

Independentemente da polémica, isto é sintomático da fragilidade do continente que não só não responde em uníssono, como se abre a todo o tipo de aventuras, só faltando convidar a que se continue com os procedimentos, manipulações e manobras típicos do binómio AFRICOM/OTAN e das potências dominantes que se propõem à hegemonia unipolar!

Dada a situação que está em curso na Nigéria, às tantas será aquele “explosivo” país do Golfo da Guiné o próximo a “experimentar” a aliança AFRICOM/OTAN!

A ANGOP publicou o espectro de notícias do dia referentes às diferentes posições que aproveito para juntar.
  
Martinho Júnior - 26 de Agosto de 2011.

Foto: Força tarefa da USNAVY que abriu as hostilidades na Líbia em pleno Mediterrâneo.
  
Líderes africanos debatem posição comum sobre Líbia

Addis Abeba - Uma reunião de alto nível do Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana (UA) sobre a Líbia realizou-se hoje (sexta-feira) em Addis Abeba, na Etiópia, para discutir sobre uma posição comum africana face à crise neste país.

Alguns países africanos, dos quais a Etiópia e a Nigéria, já reconheceram o Conselho Nacional de Transição (CNT) como a autoridade legítima da Líbia, uma posição contestada por outros países como a África do Sul.

A reunião do CPS, que se realiza a nível dos chefes de Estado, deverá pronunciar-se sobre o reconhecimento ou não do CNT por África.

Mas, entre os 15 membros do CPS, apenas três estão representados pelos seus chefes de Estado - Jacob Zuma da África do Sul, Yoweri Museveni do Uganda e Omar Guelleh, do Djibuti.

A secretária-geral adjunta das Nações Unidas, Rose Migiro, está presente na reunião para encorajar uma posição comum entre a organização mundial e a Comissão da UA.

"A União Africana sempre foi uma das parceiras estratégicas mais importantes da ONU e continuará a sê-la. Quando a ONU e a UA trabalharem juntos nós teremos êxito", declarou Migiro aos líderes africanos a quem ela transmitiu uma mensagem do Secretário-Geral da organização universal, Ban Ki-moon.

"Juntos devemos encorajar a emergência de uma nova liderança (na Líbia)", acrescentou a responsável da ONU, o que assemelha a um encorajamento a reconhecer o CNT.

A UA tentou levar as duas partes em conflito na Líbia à mesa das negociações para resolver pacificamente a crise.

Mas, o presidente da Comissão da UA, Jean Ping, declarou à reunião que os seus esforços não deram os resultados esperados.

Zuma, que à semelhança de Museveni está oposto ao reconhecimento do CNT, declarou que a UA está preocupada com a situação prevalecente e reclamou por uma transição rápida na Líbia.

"Nós devemos pôr termo a isto (a guerra na Líbia) ", disse o Presidente sul-africano.
    
Zimbabwe – Governo ameaça expulsar embaixador da Líbia após sua adesão ao CNT

Harare - O Zimbabwe ameaçou hoje (sexta-feira) expulsar o embaixador líbio, Taher Elmagrahi, após o anúncio da sua retirada da parte governamental para se colocar do lado dos rebeldes, noticia a AFP.

"O Conselho Nacional de Transição (CNT, rebelião líbia) não está acreditado em Harare. Se ele (Elmagrahi) disser agora que reconhece o CNT isto que quer dizer que já não representa os interesses do Governo líbio no Zimbabwe", declarou o secretário zimbabweano para os Negócios Estrangeiros, Joey Bimha, afirmando que o seu país "não reconhece o CNT líbio".

Elmagrahi anunciou quinta-feira que ele se juntou ao campo dos rebeldes e escreveu para o ministério dos Negócios Estrangeiros para o informar sobre a sua decisão, depois de substituir a bandeira oficial líbia pela do CNT.

O Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, mantém sólidas relações com o líder líbio, Muammar Kadafi, e criticou abertamente os rebeldes e os seus aliados ocidentais.
   
África do Sul diz que CNT líbio ainda não é governo legítimo

Addis Abeba - O presidente sul-africano Jacob Zuma, disse hoje (sexta-feira) durante uma conferência de imprensa conjunta da União Africana (UA) que o "Conselho Nacional de Transição (CNT) ainda não é governo legítimo".

O Conselho Nacional de Transição ainda não representa o poder "legítimo" na Líbia, já que continuam os combates no país, estimou hoje o presidente sul-africano Jacob Zuma, na sede da União Africana (UA).

"As forças (do CNT) estão a tentar tomar Trípoli (...), mas ainda ocorrem combates", razão pela qual não podemos afirmar que é neste momento o poder legítimo, afirmou.

A UA pediu a formação na Líbia de um "governo de transição que inclua todas as partes, que seria bem-vindo a ocupar um assento na União Africana", sem mencionar o CNT no seu comunicado, ao final de uma mini-cimiera em Addis Abeba.

A África do Sul teme uma guerra civil na Líbia e também deseja que a África resolva por si mesma, de forma pacífica, os problemas africanos.

Zuma acusou nesta semana a OTAN de afundar os seus esforços de mediação da UA, afirmando que "isso teria podido evitar muitas perdas humanas".

A UA não reconheceu até o momento de forma oficial o CNT como representante legítimo da Líbia, como fizeram vários países ocidentais.

A União Africana tentou em vão durante o conflito líbio uma mediação entre os rebeldes do CNT e o regime de Muammar Kadhafi, o que os primeiros rejeitaram, exigindo como condição prévia a partida do "Guia" da revolução líbia.
    
Nigéria – Governo rejeita críticas da África do Sul por reconhecimento do CNT

Abuja - O porta-voz da Presidência nigeriana, Reuben Abati, minimizou quinta-feira) as críticas da África do Sul depois de a Nigéria reconhecer oficialmente a legitimidade do Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia que combate o regime de Muammar Kadhafi.

Falando à imprensa quinta-feira, Abati disse que " a posição da Nigéria sobre a Líbia está conforme com os seus princípios enquanto país, a Nigéria apoia a vontade do povo líbio para que as suas aspirações sejam respeitadas e o Presidente espera que a reconciliação seja a prioridade do Governo de transição na Líbia".

"A reacção da África do Sul, que se opõe ao reconhecimento do Governo de transição na Líbia, apenas lhe concerne", realçou.

A Nigéria, segundo Abati, reserva-se o direito, enquanto país soberano, de tomar a posição que ela considera justa em qualquer questão de política estrangeira.

Por isso, a reacção sul-africana é inapropriada. A posição da Nigéria sobre a Líbia é muito clara e ela inscreve-se nos princípios de sobernia.
    
Governo etíope reconhece o CNT, apela UA para fazer o mesmo - oficial

Addis Abeba - A Etiópia reconheceu hoje (quarta-feira) o Conselho Nacional de Transição (CNT, órgaão dirigente da rebelião) como autoridade legítima interina da Líbia e apelou a União Africana (UA), cuja sede está em Addis Abeba, à fazer o mesmo.

"Nós decidimos conjuntamente a reconhecer o CNT como a autoridade legítima interina na Líbia", indicou Dina Mufti, a porta-voz do governo etíope, durante uma conferência de imprensa com os ministros dos Negócios Estrangeiros da Etiópia e da Nigéria.

A Nigéria reconheceu o CNT terça-feira.

Ainda hoje, o Governo de Cabo Verde renovou o reconhecimento da legitimidade do Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio e lhe solicitou que resolva a crise pela via do diálogo.

Num comunicado, o ministério cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros lembra que, já a 26 de Junho de 2011, reconhecera o CNT como "interlocutor legítimo" na "crise" líbia, em conformidade com os valores e declarações defendidos pela União Africana (UA).

"Face aos acontecimentos dos últimos dias, vem o Governo de Cabo Verde renovar o seu reconhecimento à legitimidade da CNT.

No seu texto, o executivo cabo-verdiano encorajou o CNT a levar a cabo uma transição que tenha em consideração a necessidade de uma acção política pacífica, com vista à constituição de um Governo de transição para a realização de eleições livres e democráticas.

O MNE cabo-verdiano realça que a transição deve abarcar "a importância em salvaguardar as aspirações e os interesses do povo líbio", na luta pela democracia, liberdade e respeito pelos direitos humanos.
  
Argélia – Governo continua a observar uma estricta neutralidade – oficial

Argel- A Argélia continua a observar uma "estricta neutralidade ao recusar qualquer ingerência nos assuntos internos da Líbia vizinha, disse hoje (sexta-feira) o porta-voz do ministério argelino dos Negócios Estrangeiros, Amar Belani.

Trata-se da primeira reacção oficial argelina, desde que os rebeldes líbios chegaram a capital, Trípoli, cidade que controlam a 98 porcento.

O governo não reconheceu o Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião líbia, e nunca solicitou oficialmente a partida de Muammar Kadhafi.

A Argélia reafirmou igualmente o "respeito da decisão de cada povo decorrente da sua soberania nacional", acrescentou o porta-voz nessa declaração transmitida à AFP.

Argel "conforma-se escrupulosamente com as resoluções das Nações Unidas e tem informado os membros do Conselho de Segurança, no âmbito da sua interacção com os organismos regionais sobre a crise líbia.

"Desde o início da crise na Líbia, a Argélia declarou, de maneira mais solene, que se tratava de um assunto interno da Líbia, que era em primeiro lugar com o povo líbio, tudo que se refere as suas implicações regionais e os termos da estabilidade e da sua segurança", sublinhou.
   
Aviões britânicos bombardeiam bunker na cidade natal de Kadhafi

Londres - Aviões britânicos bombardearam durante a noite um bunker na cidade de Sirte, reduto do regime e cidade natal de Muammar Kadhafi, anunciou hoje sexta-feira o ministério da Defesa (MoD).

"À meia-noite, uma formação de Tornados GR4s, que partiu da base da RAF (Royal Air Force) de Marham, em Norfolk, leste da Inglaterra, disparou uma salva de mísseis guiados de precisão Storm Shadow contra um bunker de um grande quartel-general na cidade natal de Kadhafi, Sirte", afirma um comunicado.

A televisão do regime líbio, Al-Jamariya, anunciou quinta-feira na sua página no Facebook que a OTAN estava a bombardear Sirte, onde segundo os rebeldes Kadhafi poderia estar escondido.

Os rebeldes planificaram hoje um novo avanço contra as forças pró-Kadhafi na cidade.

NR - Todos os títulos de notícias transcritas foram compilados de ANGOLA PRESS 

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