segunda-feira, 6 de julho de 2020

Afro-americanos marginalizados

David Chan* | Plataforma | opinião

Desde que George Floyd, afro-americano, foi assassinado por um agente da polícia, protestos contra a violência policial têm-se espalhado pelos Estados Unidos, tendo também suscitado manifestações contra o racismo na Europa. 54 países africanos juntaram-se para apresentar uma queixa formal ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas onde condenam as violações de direitos humanos pelos EUA, propondo que este problema seja oficialmente investigado. O Conselho, após debater o assunto em Assembleia Geral, aprovou a decisão de iniciar essa investigação. 

Embora este incidente tenha de certa forma afetado a imagem positiva que os Estados Unidos possuíam como defensores dos direitos humanos, dificilmente afetará diretamente o país. Tendo abandonado o Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2018, nenhuma futura decisão nesta matéria terá efetivamente impacto sobre os EUA. São os cinco membros permanentes das Nações Unidas que oferecem poder ao Conselho, por isso a saída dos EUA representa a rejeição desta autoridade. A principal razão que levou aos atuais protestos contra a discriminação racial no país não são os direitos humanos na América, ou estes problemas de discriminação racial só começaram agora? Ao longo da história encontramos provas de violações de direitos humanos, contra afro-americanos ou outras minorias, desde a criação dos EUA há 244 anos segundo a doutrina de “supremacia branca”.

Embora as minorias, representadas por afro-americanos, tenham ao longo dos anos criado várias campanhas contra a discriminação, procurando igualdade de direitos, tanto a nível económico como político e social estas minorias são constantemente marginalizadas. Grande parte dos afro-americanos culpam o racismo intrínseco da sociedade por esta discriminação. Apenas querem mais direitos para a comunidade, assim como eliminar todos os preconceitos enraizados na mentalidade da população branca. Só assim o Homem negro poderá estar em pé de igualdade com o Homem branco, como igual detentor desta nação. Será possível? 

*Editor Senior

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Na imagem: David Chan

China | “Lei não retira o poder legislativo da região administrativa Hong Kong”


Elsie Leung, antiga secretária para justiça do governo de Hong Kong e fundadora do maior partido pró-Pequim, o DAB, concedeu este sábado uma entrevista à TDM – Rádio Macau, onde abordou algumas questões políticas da atualidade da região administrativa e ainda da China.

A advogada destacou principalmente a lei da segurança nacional, que segundo alguns coloca em risco algumas liberdades fundamentais, indo além da dita segurança nacional. No entanto, a antiga secretária para a justiça do Governo de Hong Kong discorda.

“Não concordo, a lei aprovada pelo comité reconhece plenamente o conceito de um país e dois sistemas. A lei não retira o poder legislativo da região administrativa especial de Hong Kong”, salientou Elsie Leung.

Oiça aqui a entrevista completa

Plataforma

China e EUA medem forças no Mar do Sul da China com exercícios militares


A China organizou um grande exercício militar e, dias depois, os EUA lançaram o seu e, pela primeira vez em seis anos, destacaram dois porta-aviões. Tensão ao rubro entre as duas superpotências.

Pequim não gostou de saber que dois porta-aviões americanos iam navegar as águas do Mar do Sul da China pouco depois de serem atravessadas pela sua Marinha e garantiu estar pronta a enfrentar o desafio dos Estados Unidos. Esta medição de forças acontece num momento de tensão entre as duas potências rivais na região Ásia-Pacífico, multiplicando as possibilidades de deflagração.

“Os EUA destacaram intencionalmente militares para exercícios de grande escala no Mar do Sul da China, para mostrar a sua força”, disse esta segunda-feira o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian. “Eles têm segundas intenções. Os EUA estão a criar divisão entre as nações da região e a militarizar o Mar do Sul da China”. 

A China organiza todos os anos exercícios militares marítimos na região, que servem sobretudo para mostrar o crescente poder marítimo chinês numa região em que os números de compra de armamento têm aumentado de ano para ano (representou 28% do total mundial em 2018) e há inúmeras disputas territoriais.

Portugal Temido | Contagem decrescente?


Júlio Machado Vaz* | Jornal de Notícias | opinião

Se o primeiro-ministro puxou as orelhas à ministra da Saúde, teria certamente razão". A candura menineira e risonha de Marta Temido enternece. Há nela uma fé absoluta na justeza da apreciação do Outro; Deus falou. Bom, talvez seja exagero convocar o Senhor, fico-me pela infalibilidade papal.

Risonho não estava um dos "papabili" do PS. ("Papabile" a longo prazo, não creio que António Costa se inspire em Bento XVI nos anos mais próximos.) Fernando Medina zurziu as chefias da Saúde, salientou a escassez de efectivos e pediu avaliação, leia-se, cabeças. Marta Temido não comentou, mas foi dizendo que o Ministério da Saúde não se pode deixar capturar por crítica fácil e má-língua. Sabe-se lá de quem!

António "Francisco" Costa, não em S. Pedro mas na raia, ladeado pelo presidente da República e o rei de Espanha, arengou, conciliador, aos fiéis - o Governo está bem consciente dos problemas e entende a frustração dos autarcas. Fernando Medina recuou em boa ordem. Os visados são de nível regional, o que deixa de fora a ministra, e há convergência total com o Governo no combate à pandemia.

Incidente sanado ou contagem decrescente para duelo no Largo do Rato? Não sei. Mas lembremos o pano de fundo. Dos ralhetes de algumas nações do Norte da Europa aos latinos, que desbaratam dinheiro na boa vida e não merecem solidariedade, passámos a uma luta feroz entre os países do Sul, competindo pelas receitas turísticas. No nosso caso, foi dito que a transparência seria total quanto à pandemia e colocado na mesa o ás de trunfo - a Liga dos Campeões.

Portugal | António Mexia e Manso Neto suspensos de funções na EDP


Os presidentes da EDP e EDP Renováveis, António Mexia e Manso Neto, foram suspensos de funções pelo juiz de instrução criminal Carlos Alexandre, no âmbito do processo das alegadas "rendas excessivas", que envolvem o antigo ministro Manuel Pinho.

António Mexia e Manso Neto são suspeitos de corrupção ativa e de participação económica em negócio no caso dos Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) em que terão, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) pago luvas a Manuel Pinho.

O antigo ministro da Economia e Inovação de José Sócrates terá aproveitado as suas funções para favorecer a posição da EDP, permitindo à empresa receber 1,2 mil milhões de euros. Em troca, terá auferido 600 mil euros, através da Universidade de Columbia, nos EUA.

Mais seis mortos e 232 casos de covid-19 em Portugal


Portugal regista, esta segunda-feira, mais seis mortos associados à covid-19 e 232 novos casos de infeção, 195 dos quais na região de Lisboa e Vale do Tejo. Há mais 149 doentes recuperados.

Desde o início da pandemia, Portugal contabiliza 1620 óbitos de covid-19 e 44129 casos de infeção, segundo o boletim diário divulgado pela Direção-Geral da Saúde. Os doentes recuperados são agora 29166 no total.

Dos 232 novos casos de infeção confirmados nas últimas 24 horas, 195 são na região de Lisboa e Vale do Tejo, o que representa 84,1% do total de novos casos. "Há uma estabilidade com ligeira tendência decrescente", afirmou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, em conferência de imprensa. "É um sinal de esperança".

O boletim volta a referir que há 200 casos ainda por incluir no total na Região de Lisboa e Vale do Tejo, referentes a testes realizados por um laboratório privado que em três dias da semana passada não os registou no sistema para o efeito, estando a sua distribuição ainda a ser analisada pelas autoridades de saúde.

Depois de Lisboa e Vale do Tejo ( 20722 casos) surge a Região Norte (17766 casos), a Região Centro (4195), o Algarve (663) e o Alentejo (539). Os Açores têm 151 infetados e a Madeira 93.

Os seis novos óbitos registados no boletim desta segunda-feira são um homem na faixa etária dos 50-59 anos; dois homens entre os 60-69 anos e outros dois homens e uma mulher com mais de 80 anos. Ocorrem na região do Norte (um), de Lisboa e Vale do Tejo (três) e no Alentejo (dois).

Há 513 doentes internados (mais nove) e 74 em cuidados intensivos (mais um). As autoridades de saúde têm sob vigilância 31485 pessoas.

Tosse (37%) e febre (28%) são os principais sintomas dos doentes infetados, seguindo-se as dores musculares (21%) e cefaleia (20%).

Sandra Alves | Jornal de Notícias

Portugal | Propaganda em vez de medidas de proteção eficazes contra contágios


E OS IDOSOS? OS VELHOS? QUE SE LIXEM!

Sobre o covid-19 em Portugal há matéria neste Curto. Lisboa é a triste vedeta dos novos casos. Se novos se velhos que morreram… Por aqui apostamos nos velhos. É sempre a andar… para o outro mundo. Mas Portugal está bem, os ministros e outros hipócritas agradecem às populações o civismo. Qual civismo? O da maioria? Sim, mas e das bestas incivilizadas, irresponsáveis (novas ou velhas) não há uma palavra de censura. E os transportes públicos?

E a ministra da saúde que jurou a pés juntos que os novos casos não são provenientes dos aglomerados nos transportes públicos… Jurou a pés juntos e a pés juntos é mais fácil cair. Esperemos. Claro que não haverá como fazer tal afirmação sem bases sólidas e essas não existem. Nem para afirmar que houve casos de contágio nos ditos aglomerados em movimento, nem para afirmar que, de todo, não houve contágios naquelas amalgamas de passageiros. Mais unidades transportadoras, comboios e autocarros, é que não se vêem… O costume. Do covid-19 por agora já basta. Os velhos morrem e até dá jeito nas poupanças das magras e insuficientes, miseráveis pensões e reformas. Que alívio! – Hão-de exclamar os mais que tudo, eleitos depois de fazerem promessas que nem lhes passa pela cabeça cumprirem. Pois.

O turismo em Portugal vai avançando devagar, devagarinho e parado. Covid-19 é o entrave e o governo do PM e despenteado mental do Reino Unido não considera Portugal destino seguro para os “bifes” fazerem turismo. Mas o que se sabe é que por lá é que a coisa não é nada segura e além disso presencia-se uma grande bagunça, principalmente nas grandes cidades. Vão morrer mais velhos por lá. Pois. Provavelmente até o Boris está a esfregar as mãos e a fazer estimativas dos que se “apagam”. Nunca se sabe como funciona aquela mente despenteada.

Avante no resto do mundo. Há outras referências no Curto de manifesto interesse. Obituário e desporto, por exemplo. O Realizador Alfredo Tropa já se foi, com 81 anos. RIP, amigo. Isso mesmo a quem merece. Vá ver o Curto. De outras paragens globais também. Deixamos para vós a descoberta. Ide nas calmas ao Expresso Curto, hoje por autoria de João Barros, do burgo Balsemão.

Boa semana e cuide-se. Se é velho ou velha frustre as intenções do covid-19, proteja-se, já que os altos responsáveis lusos fazem mais propaganda do que tomar medidas para o efeito. O costume. Pois. Ora, e a economia? Pois.

MM | PG

EUA | Cantem-lhes os nomes


A «greatness of America» – aquela que o Trump quer trazer de volta – está baseada em tudo aquilo que torna impossível de nela viver. Os EUA são um país construído em cima de uma série de mitos.

Inês Pedrosa e Melo*| AbrilAbril | opinião

América em 2020 é uma revolução em potência. Na rua, os nomes das vítimas de racismo e violência policial são cantados num pranto de grupo, um pranto desesperado que pede justiça; os lamentos ecoam por entre os participantes, lamentando um presidente que parece ter tornado a pandemia numa melhor oportunidade para levar a cabo a sua agenda conservadora, racista e xenófoba. Mas a indignação não é apenas uma herança do governo de Trump… Há muito que a América não está em paz.

«Whose streets?»
«Our streets!»

São quatro da tarde de um dia quente de Junho quando chego ao Dolores Park, no bairro de Mission, em São Francisco. Digo quase porque, mesmo às quatro em ponto, hora marcada para começar o protesto, as ruas estão já bem preenchidas e é difícil encontrar um espaço vazio por onde circular. 

É escusado dizer que as oportunidades para o distanciamento social são limitadas, mas essa parece ser a última das preocupações dos manifestantes.

Mesmo em frente ao parque fica o Mission High School, a escola secundária pública do bairro, e o colectivo de jovens que organizou o protesto – miúdos com 16, 17 anos, de altifalante em riste e a gritar a plenos pulmões pelos seus direitos – lembra-me que, com a idade deles, as minhas preocupações estavam bem longes de ser estas. Talvez seja essa mais uma instância de privilégio – o facto de poder ter tido uma adolescência relativamente tranquila e confortável, sem nunca ter sentido que a minha existência estava a ser posta em causa.

De cara tapada com uma máscara preta, óculos escuros e de cabelo apanhado, estou quase anónima. Não posso dizer que tenha sido de propósito, mas reconheço a vantagem de me conseguir perder na multidão. Trouxe o passaporte, os papéis em ordem, e agarro com força a mala (vivo em pânico de perder o passaporte).

Fui avisada várias vezes de que, caso a polícia decida prender ou perseguir de alguma forma os manifestantes, consequências sérias aguardam aqueles que não têm o privilégio de ser cidadãos americanos: para os imigrantes, estejam eles com vistos temporários (como é o meu caso), com autorização de residência ou até mesmo com estatuto de asilo, quaisquer eventuais detenções ou problemas legais podem levar a uma deportação e, com isso, podem não poder voltar a entrar no país. 

Eu própria não acreditava que isto fosse possível até ter lido e ouvido relatos de protestos em Los Angeles, histórias sobre como a polícia fechava estradas e quarteirões e impedia manifestantes de sair do local, obrigando-os a dirigir-se à esquadra. O meu plano era sair tranquilamente assim que sentisse que as coisas estavam a ficar «demasiado sérias».

E tal medo constante de perseguição é ainda pior se pensarmos que a Mission é um bairro historicamente ligado à comunidade imigrante oriunda da América Latina, um bairro que, lutas com a gentrificação à parte, depende significativamente de uma comunidade estrangeira – muita dela infelizmente ilegal, não fosse a política de imigração particularmente rígida dos Estados Unidos – para sobreviver. 

Estar no sítio errado à hora errada muda a vida de muita gente neste país… Já é sabido que, em muitos casos, podem ser separados da família, ou até acabar sem vida.

Perdi toda a confiança na investigação médica -- Kendrick


O músculo financeiro da Big Pharma distorce a ciência durante a pandemia

Malcolm Kendrick [*]

A evidência de que um remédio barato e de venda livre custando £7 combate o Covid-19 foi escamoteada. Porquê? Porque os gigantes farmacêuticos querem vender-lhe um tratamento que custa aproximadamente £2.000. É criminoso.

Poucos anos atrás escrevi um livro chamado Doctoring Data . Era uma tentativa de ajudar as pessoas a entender o pano de fundo do maremoto da informação médica que desaba sobre nós a cada dia. A informação, que frequentemente é completamente contraditória, como "Café é bom para si... não, espere é mau para si... não, espere, é bom para si outra vez", é repetida ad nauseam.

Também destaquei alguns dos truques, jogos e manipulações que são utilizados para fazer com que medicamentos pareçam mais eficazes do que eles são realmente, ou vice-versa. Isto, tenho a dizer, pode ser um mundo muito desestimulante para entrar. Quando faço palestras sobre este assunto, frequentemente começo com umas poucas citações.

Por exemplo: aqui está o que a Dra. Marcia Angell, que editou o New England Journal of Medicine durante mais de 20 anos, escreveu em 2009:

"Simplesmente não é mais possível acreditar em grande parte da investigação médica que é publicada, ou confiar no julgamento de médicos acreditados ou orientações médicas consagradas. Não tenho prazer nesta conclusão, à qual cheguei vagarosamente e relutantemente ao longo das minhas duas décadas como editora".

O ROUBO CONSUMADO


Um tribunal britânico decidiu entregar 31 toneladas de ouro ao sr. Guaidó, o putativo "presidente" da Venezuela.

Deste episódio podem-se extrair algumas lições:

1) O Banco da Inglaterra, que se diz "independente" do governo britânico, não é independente do governo trumpiano pois efectuou o congelamento que lhe foi ordenado.

2) Tão pouco os tribunais britânicos são independentes do governo dos EUA.

3) O roubo do ouro venezuelano congelado no Banco da Inglaterra, no valor de mais de mil milhões de dólares, corta recursos ao Governo Bolivariano para atender ao seu povo num momento de pandemia.

4) A credibilidade de Londres como praça financeira está arruinada.

5) Na actual fase senil e apodrecida do capitalismo este passa à rapina pura e simples, marimbando-se para argumentos jurídicos.

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