sexta-feira, 14 de julho de 2023

Portugal | JOSÉ LUÍS CARNEIRO NÃO FOI CHARLIE?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

O ministro José Luís Carneiro declarou, placidamente, como se fosse a coisa mais normal deste mundo, ter telefonado diretamente ao presidente do conselho de administração da RTP, a televisão pública, para "manifestar desagrado" (cito as palavras usadas pelo próprio) com um cartoon animado que caricaturava o suposto racismo da polícia francesa, na sequência dos acontecimentos que geraram vários dias de motins, mas cujo desenho foi entendido por alguns como sendo também uma acusação à polícia portuguesa.

O ministro José Luís Carneiro, que tutela as polícias, talvez tenha sentido que essa era a sua obrigação, que tinha de defender a imagem dos polícias portugueses, mas para o fazer usou algo que liquida a sua própria credibilidade democrática - abusou da autoridade que o cargo de ministro da Administração Interna lhe confere.

É verdade que os Estatutos da RTP dão aos diretores de Informação toda a autonomia e responsabilidade editorial do jornalismo da RTP, sendo teoricamente imunes a interferências do próprio conselho de administração, quanto mais do governo.

Na programação, a força formal dessa blindagem não existe. Porém, para além do próprio conselho de administração, há estatutariamente vários órgãos que lateralmente podem verificar se a RTP está a cumprir na programação os requisitos do serviço público que presta, como o conselho geral independente e o conselho de opinião.

A ERC e a própria Assembleia da República também podem pronunciar-se, dentro dos limites da regulamentação existente, sobre o que anda a televisão pública a fazer.

Há ainda provedores de espectadores, instituídos pela própria estação, que fazem análise crítica ao conteúdo das emissões.

Nada na comunicação social portuguesa é tão escrutinado como o conteúdo da RTP, televisão e rádio, Isso acontece todos os dias, e ainda bem que é assim.

Mas ninguém do governo, enquanto tal, tem enquadramento legal para fazer o que José Luís Carneiro disse que fez. Nem, sequer, o ministro da tutela - e esta distância entre a televisão pública e o executivo foi algo duramente construído ao longo de quase cinco décadas de democracia, e que afasta a RTP dos tempos em que ministros telefonavam a diretores de Informação para discutir o alinhamento do Telejornal.

Esse progresso, que aparentava ser consensual, está, pelos vistos, em risco de regressão.

Portugal - UE | O GOVERNO DA COLÓNIA FAZ PARTE DO IMPÉRIO

Miguel Tiago*

Lagarde não apenas veio, durante a sua visita, insultar o povo português, como veio anunciar novos aumentos das taxas de juro para Julho, castigando os mesmos de sempre por problemas que em nada contribuíram para criar. Mas teve da parte de várias forças e entidades políticas (que vão do BE ao PR) curiosas reacções: uns acham que está bem, mas tem que ser melhor comunicado. Outros atiraram-se a ela, desresponsabilizando assim os seus vassalos nacionais.

No mesmo dia em que os trabalhadores portugueses respondiam à chamada da CGTP-IN para a realização de um dia nacional de luta “Aumentar salários | Garantir direitos | Contra o aumento do custo e vida – Pelo direito à saúde e à habitação”, Lagarde anuncia que as taxas de juro do BCE vão continuar a subir, sendo a próxima subida já em Julho.

Terminou aliás nesse dia, 28 de junho, o encontro Fórum BCE, que se realizou em Portugal, supostamente para determinar as grandes causas da inflação e as respostas adequadas, juntando governadores dos bancos centrais (que é como quem diz, funcionários administrativos do BCE), decisores políticos (que é como quem diz governantes eleitos pelos povos mas ao serviço dos grandes grupos económicos) e “especialistas” no assunto.

Lagarde, não apenas veio, durante a sua visita, insultar o povo português, como veio anunciar novos aumentos das taxas de juro para Julho, castigando os mesmos de sempre por problemas que em nada contribuíram para criar. Lagarde aproveitou para dizer que a culpa da inflação é dos trabalhadores, que pretendem salários a crescer acima da produtividade e remeteu para o nível de aconselhamento às empresas o controlo sobre as margens de lucro, como se não existissem formas de combater a especulação, o monopolismo e a apropriação de lucros acima da capacidade que a economia tem de os suportar. No que toca aos salários, a UE e os sucessivos governos em Portugal não hesitam em tomar todas as medidas para a sua desvalorização; mas quando se fala dos lucros dos grupos económicos, UE e governos limitam-se a apelar à contenção.

FBI E O REGIME DE KIEV REMOVERAM CONTAS DE MÍDIA SOCIAL VERIFICADAS

De acordo com o relatório recente de House, o FBI participou de uma operação conjunta com a inteligência ucraniana para bloquear contas verificadas nas redes sociais acusando-as de "desinformação pró-russa". No entanto, o plano foi marcado por vários erros no processo de análise, resultando na listagem de contas não realmente ligadas à Rússia.

Lucas Leiroz* | South Front | # Traduzido em português do Brasil

O FBI teria recebido em 2022 relatórios do SBU da Ucrânia contendo dados sobre contas de mídia social supostamente postando conteúdo pró-Rússia. Sem verificar devidamente a autenticidade das informações, a instituição americana encaminhou os pedidos ucranianos para empresas de Big Tech, como Meta, Google e YouTube. Além do banimento de algumas contas verificadas, é possível que muitos dados sensíveis dos usuários tenham sido entregues desnecessariamente por empresas às autoridades americanas e ucranianas.

O principal problema é que houve muitos erros de investigação por parte da SBU. As autoridades de Kiev simplesmente selecionaram aleatoriamente contas que postaram conteúdo em russo sobre o conflito e as descreveram como disseminadoras de "desinformação". Em uma análise mais aprofundada, concluiu-se que vários desses relatos estavam realmente criticando as medidas militares tomadas pela Federação Russa.

Por exemplo, a conta do Instagram em russo do Departamento de Estado dos EUA (@usaporusski) foi listada pelo SBU e pelo FBI como estando envolvida na "distribuição de conteúdo que promove a guerra, reflete de forma imprecisa os eventos na Ucrânia, justifica crimes de guerra russos na Ucrânia em violação do direito internacional". Como uma página oficial do governo dos EUA, a conta obviamente não estava promovendo nenhum conteúdo pró-russo, o que mostra o nível de análise apressada e imprecisa das autoridades ucranianas e do FBI.

No entanto, como desculpa para a inclusão do Departamento de Estado dos EUA na lista, o relatório aponta para a suposta "infiltração de agentes russos" na inteligência ucraniana. O objetivo parece tentar evitar acusações contra os parceiros ucranianos, já que os investigadores americanos também são pró-Kiev, apesar de sua insatisfação com o trabalho irresponsável do FBI. A acusação, na verdade, parece infundada, sem nenhuma razão para acreditar em qualquer explicação que não seja a imprecisão analítica da SBU.

A GUERRA COM A RÚSSIA ESTÁ A SER PREPARADA PELOS EUA/NATO DESDE 2014

STOLTENBERG ADMITE QUE A OTAN COMEÇOU A PREPARAR A UCRÂNIA PARA A GUERRA COM A RÚSSIA DESDE 2014

França completará o treinamento de 7.000 soldados ucranianos até ao final do ano

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, admitiu que a aliança preparou a Ucrânia para a guerra com a Rússia desde 2014. Ao mesmo tempo, o ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, anunciou em 12 de julho que os militares franceses já treinaram 5.200 soldados ucranianos e planejam treinar um total de 7.000 soldados até o final do ano.

Ahmed Adel* | South Front | # Traduzido em português do Brasil

"O apoio da França à Ucrânia não está enfraquecendo. [...] Quase 5.200 soldados ucranianos já foram treinados pela França, incluindo 1.600 na Polônia. Serão quase 7.000 até o final do ano", tuitou Lecornu.

De acordo com Lecornu, as tropas ucranianas estão aprendendo a operar o equipamento militar francês transferido para elas e praticar táticas de combate modernas, como formar batalhões que possam manobrar como uma unidade tática coerente.

Enquanto isso, o governo britânico anunciou que mais de 19.000 soldados ucranianos foram treinados no país nos últimos seis meses e que a Ucrânia pode esperar mais apoio material.

"Nos últimos seis meses, o Reino Unido também expandiu seu programa de treinamento militar para recrutas ucranianos. Este programa treinou mais de 19.000 soldados até o momento e o treinamento para pilotos ucranianos no Reino Unido começará neste verão", disse o governo britânico em um comunicado.

O "OCIDENTE" SÃO OS EUA E O RESTO É PAISAGEM E OBEDIENTE VASSALAGEM

Hungria acusa "Ocidente" de querer prolongar a guerra na Ucrânia

Budapeste, 14 jul 2023 (Lusa) - O primeiro-ministro húngaro, o ultranacionalista, Viktor Orbán, acusou hoje o Ocidente de querer prolongar a guerra na Ucrânia e que, por isso, a Hungria está a "preparar-se" para um conflito prolongado.

"Os ocidentais querem a guerra. Existe uma maioria de países que apoia a guerra", afirmou Órban à rádio pública Kossuth sem nunca referir diretamente a Rússia como o país que iniciou a invasão em fevereiro do ano passado. 

Sobre as intenções de Kiev em integrar a NATO, o primeiro-ministro da Hungria considerou que se trata de uma aspiração compreensível mas errada. 

"São compreensíveis as exigência ucranianas (de integração na Aliança Atlântica) mas se fosse cumprida acabaríamos envolvidos na Terceira Guerra Mundial", considerou Órban falando da última Cimeira da NATO que se realizou em Vilnius. 

O chefe do Executivo húngaro criticou ainda o estilo de comunicação dos líderes ucranianos porque, disse, "é agressivo e exigente".

Por outro lado, acusou os países que enviam armas para a Ucrânia de "se afastarem da paz". 

A Hungria ainda não ratificou a adesão da Suécia na NATO sendo que Órban ainda não indicou quando é que o assunto vai ser levado ao Parlamento de Budapeste.

Órban é considerado o líder do bloco europeu mais próximo de Moscovo mas, apesar das críticas sobre as sanções contra a Rússia - por causa da invasão da Ucrânia - aprovou todos os pacotes restritivos adotados pela União Europeia contra Moscovo. 

Imagem: TOMS KALNINS/EPA / Lusa

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