terça-feira, 17 de setembro de 2013

ELEIÇÕES ALEMÃS 2013: INDISCRITÍVEL ALEMANHA

 


La Repubblica, Roma – Presseurop – imagem Beppe Giacobbe
 
Potência hegemónica, mas temerosa da ideia de dominar, consciente da sua história. Voluntariosa, mas contemporizadora até à neurastenia. Estas contradições explicam a quantidade de lugares-comuns sobre um país que vota a 22 de setembro.
 
 
São tentativas de traçar a análise psicológica de um poder óbvio, agressivo, cuidadosamente dissimulado por Berlim e que as capitais da União não sabem como travar. A Europa inteira alimenta-se desses estereótipos desde que foi assaltada pela crise e espera, fascinada, inerte, pelo resultado da eleição. A renovação do Parlamento alemão, no dia 22 de setembro, antecede apenas uns meses as eleições europeias de final de maio. Dentro da União, essa votação é considerada o primeiro ato de um drama que implica o continente e que tem por protagonista uma democracia europeia doente.
 
Graças aos lugares-comuns, o drama transforma-se em conto de fadas, que os próprios alemães cultivam, por um lado, para descobrir para onde vão, por outro para se justificar. O conto fala de uma Alemanha – ainda e sempre “pálida mãe”, como na poesia de Brecht – ansiosa por deixar de ser “entre as nações, achincalhada ou temida”. Lúcida nos seus juízos e devotada à Europa, mas entravada pelo nacionalismo dos países vizinhos, com a França à cabeça. Nas páginas do Guardian, o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, corroborou essa narrativa ficcional: “Não queremos uma Europa alemã. Não pedimos aos outros que sejam como nós”.
 
Ora os alemães são muito determinados, bastante mais do que dizem. E mostram-no com o ímpeto de quem defende não apenas doutrinas económicas, mas visões morais solenes (a dívida como culpa). Wolfgang Schäuble convida os parceiros a não usarem estereótipos nacionais; mas o seu raciocínio, minimizador, está também a tornar-se um estereótipo, que a realidade desmente todos os dias. A expectativa passiva do voto alemão sela um poder hegemónico considerado imutável, sem alternativa: tal como as políticas de austeridade impostas por Berlim, falando em nome de todos os povos da União Europeia.
 
Soberania ilusória dos Estados
 
As mentes mais lúcidas são intelectuais de língua alemã – os filósofos Jürgen Habermas e Ulrich Beck, o escritor Robert Menasse, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Joschka Fischer. Desde o início da crise, têm denunciado a grave regressão nacionalista do seu país. Dos partidos políticos, apenas os Verdes fazem um diagnóstico independente. Joschka Fischer, que é um dos seus dirigentes, acusa o Governo de ter despertado, ao fim de mais de 60 anos, a velha preocupação pela “questão alemã”. Angela Merkel é suspeita de querer voltar a uma Europa de Estados soberanos: a mesma Europa baseada no equilíbrio entre poderes concorrentes que se defrontaram nas guerras dos séculos passados e contra os quais foi erguido, na década de 1950, o baluarte da Comunidade Europeia.
 
Não são suspeitas infundadas. Lentamente, a chefe do Governo abandonou o europeísmo que professava em fevereiro de 2012 e, para já, fechou as portas que tinha entreaberto. Sentiu crescer em torno de si os neo-nacionalistas (o novo partido Alternativa para a Alemanha (AFD) tanto recolhe votos à esquerda como à direita) e adaptou-se rapidamente à situação. Os seus discursos, como os seus atos, “são desprovidos de qualquer núcleo normativo”, lamenta Jürgen Habermas. Daí ter-se aliado ao Reino Unido, quando [o primeiro-ministro britânico] David Cameron vetou qualquer aumento no orçamento da Comunidade: conjuntamente, negaram políticas europeias de combate à austeridade sobre os países.
 
No dia 13 de agosto, na televisão alemã, a chanceler como que se livrou de um fardo: “A Europa deve coordenar-se melhor, mas considero que nem tudo deve ser feito em Bruxelas. Deve ser encarada a hipótese de devolver algumas atribuições aos Estados. Discutiremos isso a seguir às eleições”.
 
Para o escritor austríaco Robert Menasse, as raízes do mal que assola o euro são mais políticas e democráticas do que económicas: residem no poder que os Estados estão a recuperar – uma reconquista que não é de hoje, mas que vem desde a adoção do Tratado de Lisboa, em 2007, em vez de uma constituição federal. Foi a partir dessa data que os Estados – conselhos de ministros, cimeiras de chefes de Estado e de Governo – começaram a recuperar o controlo, alegando uma soberania ilusória, mas não menos altiva, que vai corroendo o poder das instituições supranacionais.
 
Falhas de arquitetura do euro
 
As falhas de arquitetura do euro são bem conhecidas: decorrem da falta de união política e económica. Ora, estamos a responder a esses problemas aumentando-os, em vez de os reduzirmos.
 
Numa Europa em que os Estados são novamente senhores, é inevitável que seja a maior potência económica a assumir o comando. Papel a que a Alemanha se entrega não sem malícia, ao ponto de Ulrich Beck recordar o modelo de Maquiavel, quando descreve o império acidentalmente instituído por Berlim: “Tal como Maquiavel, Angela Merkel aproveitou a oportunidade que se lhe apresentou – a crise – e alterou a relação de forças na Europa”. A União deixa de ser comunidade quando os países “devedores-pecadores” [em alemão, “dívida” e “pecado” são a mesma palavra] são humilhados, envolvidos pela designação “periferia Sul da Europa”. Aí reside a explicação para o desaparecimento de qualquer “núcleo normativo” e para a volatilidade das posições alemãs: sobre os poderes a restituir às capitais, sobre uma federação europeia ou sobre a união bancária, inicialmente desejada e depois rejeitada para melhor proteger os interesses dos bancos alemães. Deixemos de novo a palavra a Ulrich Beck: “O príncipe, disse Maquiavel, só se deve ater ao discurso político da véspera, se, hoje, ele lhe trouxer vantagens”.
 
As veleidades isolacionistas do AFD aceleram esta regressão. Se o partido entrar para o Parlamento, o país vai mudar de cara, mas sem se colocar à margem da Europa, como fez o Reino Unido: a Constituição prescreve-lhe a Europa (artigo 23, revisto em 1992); mas a Europa desejada não é federal.
 
O último lugar-comum tem a ver com a memória. Na Alemanha, a política da memória tem lacunas singulares. Lembramo-nos da inflação em Weimar, mas não da deflação e austeridade adotadas nos anos 1930-1932, pelo chanceler Brüning, que assegurou o sucesso eleitoral de Adolfo Hitler. Lembramo-nos do nacional-socialismo, mas não do que aconteceu em seguida: a redução da dívida alemã, generosamente concedida em 1953 por 65 Estados (entre os quais a Grécia). Mesmo o mito da Alemanha que aprende com a História fica parcialmente prejudicado se não se quiser dividir a Europa entre centro e “favelas”: entre santos e pecadores que ainda por cima “se coordenam”, esquecendo-se pelo caminho da solidariedade da “comunidade”, que em tempos lhe foi dada e que com demasiada displicência abandonou.
 
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FUKUSHIMA ESTÁ FORA DE CONTROLE, DIZ FUNCIONÁRIO DA TEPCO

 


A declaração contradiz o que falou o primeiro ministro japonês, ao mesmo tempo em que mais vapor foi avistado saindo do reator. A TEPCO derramou milhares de toneladas de água para resfriar os reatores, mas não tem nenhum plano de onde armazenar a água contaminada. Por Sarah Lazare, da Common Dreams.
 
Sarah Lazare, do Common Dreams – Carta Maior
 
“Desculpe, mas consideramos que a situação não está sob controle”. Essas foram as palavras de Kazuhiko Yamashita, executivo da empresa responsável pela operação de Fukushima, Tokyo Electric Power Company, quando foi pressionado pelo Partido Democrático do Japão, de oposição ao governo.

Sua declaração bate de frente contra o que afirmou o primeiro ministro do Japão, Shinzō Abe, que assegurou ao Comitê Olímpico Internacional, em reunião em Buenos Aires, que a situação estava sob controle.

Diretores da TEPCO se apressaram em tentar contornar o dano da declaração de Yamashita, emitindo uma nota que dizia: “nosso entendimento é de que o primeiro ministro, ao afirmar que ‘a situação estava sob controle’, queria dizer que o impacto do material radioativo estava limitado ao porto da estação de força, e que as densidades de material radioativo nas águas ao redor estavam bem abaixo das densidades de referência, e não têm demonstrado tendência de subir. De acordo com esse entendimento, temos a mesma visão dele.”

Ainda assim, todas as evidências sugerem que a crise está muito além da capacidade do governo japonês e da TEPCO.

A cada dia há novos desastres, com relatórios indicando que há vazamento de vapor de um reator. Descobriu-se que os níveis de radiação na usina eram 18 vezes mais altos do que os informados pela TEPCO, chegando a 1.800 millisieverts por hora – o suficiente para matar uma pessoa em apenas quatro horas.

A TEPCO derramou milhares de toneladas de água para resfriar os reatores, mas não tem nenhum plano de onde armazenar a água contaminada. Os tanques temporários onde a água radioativa está sendo armazenada atualmente tem vazamentos, liberando água no solo e, por extensão, no mar. A TEPCO diz que já chegou ao ponto de tampar os vazamentos com fita adesiva plástica.

O governo japonês anunciou no começo de setembro que $500 milhões para construir uma “muralha de gelo” gigantesca ao redor da usina. Porém, especialistas afirmam que isso demorará no mínimo dois anos, e não há nenhuma evidência de que isso seja suficiente para resolver o que virou uma crise cada vez pior.

O desastre começou pelo terremoto e tsunami que atingiram o Japão em março de 2011, que levaram ao derretimento de várias barras do reator, e continua liberando radiação tóxica no ar e no mar. Mais de 160 mil pessoas foram evacuadas, transformando as áreas próximas em cidades fantasmas, no pior desastre nuclear desde Chernobyl. O governo japonês tem sido criticado por se movimentar para religar outras usinas nucleares à medida em que a espiral da crise de Fukushima piora.

Tradução de Rodrigo Mendes
 

Portugal: A PM MARIA SWAPS ALBUQUERQUE

 

Balneário Público
 
Os inimigos deste governo Passos-Portas não se cansam de inventar motivos para exigir a demissão da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, já conhecida por bastantes como a Maria Swaps. A razão do nikname advém das grandes confusões acerca dos swaps que eram e são tão tóxicos e nocivos à natureza que a camada de ozono – já tão debilitada – se recentiu com alarme. Alegam que a senhora ministra mentiu à comissão, ao parlamento, aos portugueses… Vai daí os inimigos exigem a demissão de tão valorosa ministra. Exigem irreversivelmente que a senhora se vá e não volte, como o ex-ministro Gaspar – que se demitiu alegando que o governo Passos era uma esterqueira. Não usou aquela palavra mas deu para entender o sentido da carta de demissão de Gaspar distribuida aos portugueses. Para já, a oposição (inimiga) esqueçe que o sentido da palavra irreversível tem por significado objeto diferente de antes do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, também ter escrito a Passos a demitir-se irreversívelmente. Irreversível, atualmente, significa, ficar no governo mas ser promovido a escalão superior. Pois então não se admirem que a atual ministra Swaps Albuquerque se demita irreversivelmente das Finanças e passe a vice-PM mantendo a pasta das Finanças e mais umas quantas pastas em regime de troika. Na prática passariam a existir oficialmente e de facto três primeiros-ministros. E depois? Qual seria o mal? O Bloco de Esquerda não tem uma liderança bicéfala? Tem. É a Catarina e o João – trato-os assim tão familiarmente, mas sem abuso, porque andei com ambos na modista a apanhar agulhas, linhas e alfinetes. Voltando à Luís Swaps. Essa, a Maria Luís Albuqerque. Ora a ministra até nem mentiu, simplesmente faltou à verdade. Que mal tem isso? Não exijam que a senhora se demita porque depois lá temos que aturar três primeiros-ministros. Sabem muito bem que o presidente Cavaco Silva assina de cruz tudo que Passos e Portas lhe levam. Se não é tudo é quase tudo. Não digam que não avisei – como costuma dizer Cavaco Silva. Verdadinha é que perante este desaforo em pedir a demissão da ministra e acusá-la de ter mentido até já é manchete jornalistica que “Inquérito/’Swap’: PSD admite agir contra quem mentiu sobre papel da ministra das Finanças”. Muito bem. Ou seja: Quem anda por aí a difamar a senhora ministra está tramado(a), ou no plural se forem mais que um inventor de toda esta confusão para baralhar português. Cá para mim isto já é perseguição demais ao governo, aos ministros do governo, aos partidos da maioria para lamentar. Corrijindo: parlamentar. Deixem trabalhar o governo. Deixem trabalhar o Presidente da República. Convém. Já viram que se os despedissem iam provocar o aumento dos índices de desemprego? E depois? E depois? Calem-se! Pouco barulho!
 
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Portugal: SE ALBUQUERQUE DEVE SER DEMITIDA…

 

Joaquim Carlos Santos - Aventar
 
Carlos Costa Pina deverá ser o quê?! Empalado em praça pública? Enrabado por um gorila furioso e careca como o Tony Carreira, há anos em jejum sexual símio? Metido num colete de forças? Atirado para a jaula de Vale e Azevedo e esquecido como o Zé Maria do 1.º BigBrother? O quê? Os swap são uma matéria muito delicada e uma péssima arma de arremesso político. Os ex-incumbentes 2005-2011 não se livram do escândalo efectivo com o engendramento artificioso de mais escândalo. Parece-me óbvio que a Oposição, magistralmente liderada pelo pífio Seguro, secundada pelo sidecar alternante Semedo-Catarina e secundada pela retórica choradinho-clerical de Jerónimo, não tem soluções nem alternativas para oferecer ao País. Só tem vozes de fanfarra do tipo Pedro e o Lobo. Só tem pedidos de demissão. Calma. Primeiro a 8.ª e a 9.ª avaliações bem sucedidas, coisas sérias. Só depois a pequena barganha politiqueira; só depois o pequeno marralhar bonzinho de Seguro, fantasista aterrorizado pelos inimigos internos; só depois a pequena sanha desesperadora e dual de Semedo-Catarina; só depois a Pequena Coreia enfeitada a camaradas de Jerónimo. Mas só depois.
 
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Portugal: PS REFORÇA PEDIDO DE DEMISSÃO DE ALBUQUERQUE

 


O PS reforçou hoje o pedido de demissão da ministra das Finanças, considerando que o comunicado do ministério desta tarde já "esclareceu em absoluto" que Maria Luís Albuquerque "mentiu à comissão parlamentar".
 
"Maria Luís Albuquerque mentiu à comissão de inquérito, se alguma dúvida ainda ainda existisse, o esclarecimento hoje enviado pelo ministério das Finanças e o seu anexo esclarece em absoluto essa dúvida", afirmou o líder parlamentar socialista, Carlos Zorrinho, em declarações aos jornalistas no Parlamento.
 
O Ministério das Finanças esclareceu hoje que as funções de Maria Luís Albuquerque no IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública "eram de análise de pedidos das empresas públicas sobre empréstimos e não sobre ´swaps'".
 
O esclarecimento do Ministério das Finanças surge depois de, na segunda-feira, o antigo presidente da Estradas de Portugal (EP), Almerindo Marques, ter afirmado no parlamento que a atual ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, foi a responsável do IGCP que deu o parecer favorável ao contrato ‘swap' celebrado pela empresa em 2010.
 
"O contrato teve parecer favorável do IGCP e a técnica foi a ministra das Finanças", declarou Almerindo Marques na comissão parlamentar de inquérito aos‘swap' (instrumentos de gestão de risco financeiro).
 
"Tal como já foi explicitado pela própria na Comissão Parlamentar de Inquérito à Celebração de Contratos de Gestão de Risco Financeiro por Empresas do Setor Público, as funções de Maria Luis Albuquerque no IGCP eram de análise de pedidos das empresas públicas sobre empréstimos e não sobre ´swaps'", lê-se no comunicado do Ministério das Finanças.
 
O ministério acrescenta que "em 2009-2010, o IGCP não estava mandatado para emitir pareceres obrigatórios sobre contratação de instrumentos derivados".
 
Numa reação ao comunicado, o líder da bancada do PS referiu que os documentos enviados pelo ministério das Finanças permitem concluir que Maria Luís Albuquerque não só teve contacto com ‘swaps', como "assinou de cruz".
 
"Teve exatamente o mesmo comportamento de que acusou os seus colegas secretários de Estado e os gestores públicos, comportamento que levou à demissão desses gestores públicos e desses secretários de Estado", acrescentou Carlos Zorrinho.
 
Por isso, continuou, "não há nenhuma razão para a ministra das Finanças ficar impune neste processo, nem para PSD continuar a atirar areia para os olhos".
 
Lusa
 

Portugal: A MINISTRA MENTIU VERGONHOSAMENTE

 


Ana Sá Lopes – Jornal i, opinião
 
O passado da ministra das Finanças em matéria de swaps tornou-se grotesco
 
A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, é um dos principais rostos de Portugal perante “os nossos credores” ou “aqueles senhores” (quer optemos por qualificar a troika na versão Passos ou na versão Portas). Maria Luís Albuquerque tem como responsabilidade perante as instâncias Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI mostrar a “credibilidade do país”. Infelizmente, Maria Luís Albuquerque não tem qualquer credibilidade a mostrar.

Se já se tinha percebido que o monstro das swaps tinha atingido a ministra profundamente, um novo dado ontem revelado na Comissão de Inquérito do parlamento veio demonstrar como a relação de Maria Luís Albuquerque com a verdade é uma coisa impossível no que a esta matéria diz respeito.

Os políticos, a começar nos políticos da oposição, fogem à utilização do verbo “mentir” e preferem usar uma expressão mais caridosa que é “faltar à verdade”. Mentir é uma coisa desonesta, “faltar à verdade” pode ser uma falha conjuntural – de memória ou de omissão. Os políticos odeiam acusar-se uns aos outros de terem sido efectivamente desonestos (embora disponham de imunidade parlamentar exactamente para denunciar com todas as letras aquilo que pensam configurar uma desonestidade). Até aqui, Maria Luís Albuquerque conseguiu manter-se inabalável no seu posto, apesar de ter sido provado que “faltou à verdade”.

Ontem, Almerindo Marques afirmou na Comissão de Inquérito que a técnica responsável pelo parecer positivo do Instituto de Gestão e do Crédito Público (IGCP) a um swap das Estradas de Portugal foi precisamente Maria Luís Albuquerque, a actual ministra das Finanças que mais tarde defenderia o seu cancelamento.

Acontece que tempos antes, na mesma comissão, quando ainda não tinha sido promovida a ministra, a então secretária de Estado do Tesouro Maria Luís Albuquerque afirmou que enquanto trabalhou no IGCP não foi responsável por nenhum swap. “Gostaria apenas de esclarecer que no IGCP as minhas funções nunca passaram por esta matéria mas pelas emissões de dívida. Portanto, enquanto estive no IGCP nunca tive qualquer contacto com swaps, nem do IGCP nem de natureza nenhuma”.

As “discrepâncias” que fizeram cair o secretário de Estado Joaquim Pais Jorge não são nada comparadas com esta discrepância muito maior: uma ministra das Finanças cujo passado profissional em matéria de swaps nunca foi claro e agora se tornou grotesco.

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POR ORA, CHANCE DE DILMA IR AOS EUA EM OUTUBRO É ZERO

 


Se Obama não está com pressa em dar explicações sobre a espionagem contra o Brasil, Dilma, muito menos. Ele que aguarde sentado o discurso que a presidenta fará na Assembleia da ONU, em 24 de setembro. É o que disseram fontes ligadas à política externa do país ouvidas pela Carta Maior.
 
Carta Maior
 
Brasília – A presidenta Dilma Rousseff disse a interlocutores, segundo fontes ligadas à política externa do país ouvidas pela Carta Maior, que não há razão para ela ir aos Estados Unidos em outubro, uma vez que Barack Obama não parece disposto a oferecer respostas condizentes e decentes sobre a espionagem praticada contra ela, a Petrobrás e o Brasil. Se Obama não está com pressa, Dilma, muito menos. Ele que aguarde sentado o discurso que a presidenta fará na Assembleia da ONU, na semana que vem (24 de setembro).

O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, conversou semana passada com a conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Suzan Rice, do governo dos Estados Unidos. Tentou, em vão, construir uma saída honrosa para o episódio que contribuísse para o que Obama chamou de "condições políticas" para a visita de Dilma realizar-se.

Figueiredo explicou a Rice as condições brasileiras, diplomaticamente chamadas de "expectativas": o pedido de desculpas, uma declaração de que tais práticas não serão toleradas, de agora em diante, e um processo de investigação com o objetivo de esclarecer o que ocorreu, em todas as frentes.

Ainda nesta segunda-feira (16), o ministro deve dar detalhes à presidenta do que ouviu nos Estados Unidos, do que se pode esperar e do que se deve fazer diante do impasse.

"Espionamos sim, e daí? É para isso que somos pagos"


Se a ideia do governo dos Estados Unidos era convencer Dilma a visitar a Casa Branca em outubro, conseguiram a façanha de piorar o que já estava ruim.

Até agora, as declarações do presidente Obama e de outras autoridades do governo dos Estados Unidos sobre o assunto só conseguiram irritar ainda mais a presidenta.

O diretor de Inteligência Nacional, James R. Clapper, divulgou uma nota, de fato, bastante esclarecedora sobre as "Alegações de espionagem econômica" (no dia 9 de setembro). Disse ele que "não é segredo que a Comunidade de Inteligência coleta informações sobre assuntos econômicos e financeiros e sobre financiamento ao terrorismo". A entidade "Comunidade de Inteligência" está em maiúsculas no original, tal sua importância, certamente.

Traduzindo o que disse Clapper: "Espionamos sim, e daí? É pra isso que somos pagos".

Esqueceu-se de dizer que a declaração põe em maus lençóis o vice-presidente, Joe Biden, e o secretário de Estado, John Kerry, que juraram de pé junto que as atividades denunciadas por Snowden eram exclusivamente contra o terrorismo, e não de cunho econômico. Kerry teve a cara de pau de dizer que o Brasil foi "protegido" pela espionagem.

Na sequência, para dar uma mãozinha na boa relação, a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional (NSC), Caitlin Hayden, fez um informe da citada reunião da assessora de Segurança Nacional, Susan Rice, com o ministro das Relações Exteriores do Brasil. O comunicado (de 13/9) diz o seguinte:

"O presidente procura garantir que nossas atividades sejam compatíveis com nossos interesses nacionais mais amplos, inclusive nossas relações com parceiros importantes". A nota ainda reproduz que algumas suspeitas "levantam questões legítimas de nossos amigos e aliados sobre como essas capacidades são empregadas", reproduzindo frase similar à dita por Obama durante a reunião do G-20, em S. Petersburgo, na Rússia (em 6/9).

Se a espionagem visa "interesses nacionais mais amplos", oficialmente, acabou de vez a desculpa do terrorismo.

Como o assunto subiu (e muito) de patamar, é improvável que ele seja tratado pela nova embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde. A resposta dos Estados Unidos, se vier algo além dessas manifestações pavorosas, deve vir do circuito Obama-Biden-Kerry e Thomas Shannon, ex-embaixador no Brasil e que saiu pela porta dos fundos. Onde está Shannon hoje? Ao lado de Kerry, como assessor do Departamento de Estado.

Dilma não está com a mínima pressa para dar satisfação a Obama

Dilma aguarda o pedido de desculpas e a lista de providências a serem tomadas por Obama. O que a presidenta quer ouvir é mais do que a conversa de que o Brasil é um parceiro importante. Quer, preto no branco, uma declaração dos Estados Unidos de que não há razões que justifiquem espionagem contra o Brasil, seja contra seus dirigentes democraticamente eleitos, seja contra seus cidadãos. Isso é considerado o mínimo.

A estratégia até agora foi emitir sinais contundentes de que o interesse de Dilma em ir se encontrar com Obama, em outubro, é zero se não houver uma reprovação das práticas de espionagem. O governo brasileiro espera que isso funcione não apenas publicamente, mas internamente ao governo dos Estados Unidos, como uma ordem do presidente à sua "Comunidade de Inteligência" para cessar a atividade contra o Brasil.

Ao mostrar que não titubearia em cancelar a viagem, o Brasil esperava forçar uma resposta mais substancial dos americanos. Até o momento, nada. No G-20, Obama achou que poderia fazer uso de sua tradicional técnica retórica sobre assuntos complicados, com a qual fala coisas que soam bem ao ouvido, mas que depois de cinco minutos ninguém sabe dizer qual foi a decisão tomada – justamente por que não vem decisão alguma junto. Só "embromation", como diria Joel Santana.

A não ser que haja uma reviravolta do próprio Obama, a viagem será cancelada. Hoje, a presidenta trabalha essa hipótese como a mais provável. No meio diplomático, se avalia que, pelo andar da carruagem, não virão nem mais, nem melhores explicações; nem desculpas, muito menos providências por parte de Obama.

Dia "D" é o 24 de setembro


Informações atribuídas ao porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, são de que a posição brasileira pode ser dada ainda nesta segunda-feira. Figueiredo vai tentar convencê-la a aguardar até a semana que vem, na reunião da ONU, para dar uma resposta definitiva. A ideia do Itamaraty seria Dilma segurar sua resposta, diante da impassividade de Obama, até o 24 de setembro, quando discursará na ONU.

A presidenta deve fazer um discurso duro contra a espionagem, pedindo a mobilização de todos os países do sistema ONU para uma nova governança internacional da internet, que proteja cidadãos e garanta a liberdade de expressão, coibindo práticas que violem a soberania dos Estados nacionais. Esse momento tem sido visto como o definitivo ("deadline") para uma decisão sobre a malfadada viagem de outubro.

Dilma deve, em seguida de sua volta de Nova York, anunciar publicamente não apenas sua posição parcial sobre o tema da viagem (caso haja algum contato com Obama e alguma nova promessa do presidente). Deve também deixar claras suas diretrizes para uma política de defesa e segurança da informação. Entre as questões que devem compor a política estão a construção de um satélite do governo brasileiro, que está sendo construído e estará a cargo da Agência Espacial Brasileira (AEB); o novo marco civil da internet, que Dilma espera ver votado logo, tanto que colocou o projeto sob regime de urgência; e algumas soluções que devem vir do grupo de trabalho coordenado hoje pelo Ministério da Defesa.

Um fator novo

A "viagem problema" tem agora um fator novo, ao qual Dilma tem dado grande atenção: Glenn Greenwald. O jornalista, radicado no Brasil, está fazendo revelações a conta-gotas, como uma novela, com base em dados repassados por Edward Snowden.

Sem um anteparo forte, como a garantia de Obama de que providências serão tomadas e que tais constrangimentos não irão se repetir, Dilma corre o risco de ser pega de surpresa, nos Estados Unidos, com alguma nova revelação chocante, como foram as duas anteriores.

Na prática, os diplomatas gostariam de ter elementos suficientes para convencer a presidente a manter o compromisso nos EUA. Mas, para isso, eles deveriam ser capazes de mostrar que tais problemas dizem respeito ao passado e que não irão mais se repetir.

Pelo jeito, o assunto faz parte não só do passado, mas do presente e do futuro das relações entre Brasil e Estados Unidos.
 

NSA IMITA GOOGLE PARA MONITORAR “USUÁRIOS ALVO” NA INTERNET

 


Os ataques usando a técnica de “man in the middle” deixariam a agência coletar dados sem precisar quebrar a criptografia. Essa é só mais um item na grande lista de estratégias que a NSA usa para espionar o que é tido como conversas de caráter estritamente privado. Por Josh Harkinson, do CNET
 
Josh Harkinson – CNET – Carta Maior
 
No meio de uma reportagem de televisão brasileira no domingo havia a informação de que a NSA “personificou” o Google e possivelmente outros sites da internet para interceptar, armazenar e ler comunicações online supostamente seguras. A agência de espionagem fez isso usando um ataque conhecido como “man in the middle” (MITM), uma técnica razoavelmente bem conhecida de hackers de primeira linha. Essa é só mais um item na grande lista de estratégias que a NSA usa para espionar o que é tido como conversas de caráter estritamente privado.

No que aparenta ser um slide retirado de uma apresentação da NSA, que também contém alguns slides da GCHQ, a agência descreve como o ataque foi feito em usuários alvo específicos do Google. De acordo com o documento, funcionários da NSA logam em um roteador de internet – mais provavelmente o mesmo usado por um provedor de internet ou uma rede de backbone (ainda não está claro se isso foi feito com permissão ou conhecimento do dono do roteador). Uma vez logada, a NSA redireciona o tráfego do alvo para um “MITM”, um site que age como um intermediário, colhendo as informações de comunicação antes de enviá-las para o site de destino.

O mais brilhante do ataque “MITM” é que ele vence a decodificação sem precisar quebrar de fato nenhum código. Se você visitar uma versão impostora do site do seu banco, por exemplo, a NSA pode colher seu login e sua senha, usar essa informação para estabelecer uma conexão segura com seu banco de verdade, e te devolver a informação necessária de sua conta – tudo isso sem você fazer nem ideia.

Os browsers deveriam automaticamente se proteger de ataques “MITM”, de acordo com o que o especialista em criptografia da John Hopkins University Matthew Green me disse. Eles contam com dados de autoridades certificadas, que verificam a veracidade dos sites e fornecem para eles certificados, ou selos digitais de aprovação. Os browsers pedem esses certificados automaticamente e alertam você se o site não tem – você pode já ter encontrado esses avisos pop-up.

“Isso é relativamente fácil de fazer”, mas também é arriscado, diz Matthew Green. Mas aqui é onde o sistema falha: nem toda autoridade certificadora é completamente confiável. “Se você for grande o suficiente e gastar dinheiro suficiente”, diz Green, “você pode fazer com que eles deem para você uma chave” – a chave que eles usam para emitir os certificados. Com isso, a NSA pode criar um certificado falso para qualquer site na internet, que é provavelmente o que ela fez quando personificou o Google, de acordo com Green. “Isso é fácil de fazer”, ele acrescenta, “porque há muitas autoridades certificadoras” – entre 100 e 200.

Grandes ataques “MITM” são raros, até onde se sabe, mas aconteceram antes. Em 2011, hackers invadiram a autoridade de certificação holandesa DigiNotar e usaram certificados roubados para espionar usuários de internet no Irã por semanas, de acordo com uma investigação feita depois. O governo holandês eventualmente apreendeu a DigiNotar – e Google, Microsoft e Mozilla bloquearam todos os seus certificados.

Os ataques “MITM” também têm desvantagens para quem o faz. Por exemplo, o Google Chrome mantém sua própria lista de chaves públicas para páginas do Google; o browser manda um alerta para a sede do Google quando ele detecta uma tentativa de forjar esses sites. Eles detectaram pelo menos dois ataques “MITM” dessa forma, Green me contou. “MITM é uma técnica de ataque bem arriscada”, diz ele, “você tem que saber que ninguém está vigiando aqueles serviços naquela hora para dar certo”.

O uso de ataques “MITM” foi descoberto pelo jornalista Glenn Greenwald em meio aos milhares de documentos dados a ele por Edward Snowden em junho. A história foi ao ar no fim de semana passado na TV Globo, e foi coescrita pela jornalista Sônia Bridi. Ela detalhou o uso de ataques “MITM” contra a companhia estatal de petróleo brasileira, Petrobras, mas também menciona que eles foram usados para interceptar informações de servidores do Google.

O Google tem redobrado seus efeitos para driblar a espionagem da NSA, apesar de ainda não estar claro se esses esforços incluem novas maneiras de evitar ataques “MITM”. A companhia respondeu a perguntas detalhadas da Mother Jones com uma pequena declaração: “Quanto às recentes informações de que a NSA descobriu formas de contornar nossos sistemas de segurança, não temos qualquer evidência de que algo assim tenha acontecido”, disse o assessor de imprensa Jay Nancarrow. “Nós fornecemos dados para o governo apenas na forma como está prevista na lei”.
 
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Suspeito de ataque em base naval de Washington sofria de transtornos psicológicos

 

Opera Mundi – São Paulo
 
Apontado como responsável por matar ao menos 13 pessoas, Aaron Alexis foi expulso da Marinha por passado violento
 
Aaron Alexis, apontado pelo FBI como provável autor do ataque desta segunda-feira (17/09) contra um complexo da Marinha em Washington que deixou pelo menos 13 mortos, "era uma pessoa solitária e sofria de transtornos psicológicos". A informação foi divulgada pelo próprio governo dos EUA.
Além disso, em 2004, Aaron chegou a afirmar que presenciou os "trágicos eventos de 11 de setembro de 2001" e que isso o deixou "perturbado". As Forças Armadas dos EUA também confirmaram que o ex-soldado sofreu com um passado violento, resultando na sua expulsão da Marinha em 2011.

Segundo informações da Agência AP, ele fazia tratamento psicológico desde agosto, financiado pela Administração dos Veteranos. Aaron apresentava sintomas de paranoia e insônia, além de ouvir vozes. Fontes citadas pela Agência Efe e AP disseram, no entanto, que ele não foi declarado "mentalmente incapaz", o que teria revogado seu passe para acessar o complexo.

O presidente Barack Obama se pronunciou ontem (16) sobre o episódio, classificando a morte das 13 pessoas como “tragédia horrível”. "Mais um tiroteio em massa e um “ato covarde”, reiterou.

“Deixei claro para a minha equipe que quero que as autoridades locais e federais trabalhem juntas na investigação. E, quando essa investigação avançar, faremos tudo em nosso poder para nos certificarmos de que quem realizou este ato covarde seja tido como responsável”, afirmou Obama. Ele também incentivou os norte-americanos a rezar pelos familiares das vítimas porque “eles vão precisar do nosso amor e suporte”.

Obama chamou os mortos no ataque de “corajosos”, exaltando seu patriotismo e serviço à nação. “Eles são patriotas. Sabem o perigo de servir no exterior. Mas hoje enfrentaram uma violência inimaginável que não esperariam em casa”, afirmou. Ele assegurou que as autoridades farão todo o possível para tentar impedir que novos tiroteios do tipo ocorram.
 
 

CÍNICOS ÓDIOS DE SETEMBRO!

 

Martinho Júnior, Luanda

1 – De há 40 anos a esta parte que o império se vem reservando para algumas das maiores demonstrações de arrogância e desprezo para com a humanidade, semeando todo o tipo de discórdias, tensões, conflitos e guerras, garantindo assim a sustentabilidade dos seus interesses e de suas alianças, por mais pérfidas que elas sejam.

O império não consegue exercer a sua hegemonia de outro modo e quando não tem motivos para desencadear as suas acções, habituou-se a arranjá-los. mesmo que tenha de recorrer à manipulação, à hipocrisia e à mentira.

Nenhuma administração de turno, inclusive a de Jimmy Carter, se conseguiu furtar por completo a isso e algumas delas, como as de Ronald Reagan e as da dinastia Bush, “esmeraram” nos seus reflexos de “inteligência” e no poder de seus “músculos guerreiros”… para que se tornassem os privados a tirar o maior proveito disso!

Os Estados Unidos não se coibiram de perder as guerras recentes no Iraque e no Afeganistão, por que ao perdê-las ganhavam os da indústria do armamento (os maiores compradores de armas norte-americanas são a Arábia Saudita e Israel), os do petróleo (ao salvar as monarquias feudais arábicas, derrotando seus opositores externos na região, garantem os acessos ao petróleo barato produzido nas areias dos desertos tornando as oportunidades mais extensivas) e de todo o tipo de “serviços” apêndices.

Um poder criminoso está instalado e o mundo vem sofrendo seus arbítrios: é o poder dos 1% sobre os 99% da humanidade!

2 – Um séquito de fiéis servidores com livre arbítrio, ilustram desde 11 de Setembro de 1973 o quadro das decisões e as peripécias: desde Henry Kissinger a John McCain, passando por homens de mão como o falecido Embaixador J. Christopher Stevens, assassinado a 11 de Setembro de 2012 em Benghazi…

Poucos foram os obstáculos e os limites que tiveram de enfrentar dentro das instituições e em função do poder que representavam, pelo que a ética, a moral e o humanismo, foram questões que foram colocadas sempre de parte.

O seu relacionamento com “terroristas” em função dos interesses nas areias arábicas, virados para a manutenção das monarquias feudais “pétreas”, tem porém alguns riscos…

3 – A 11 de Setembro de 2001 um acontecimento trágico ocorreu nos próprios Estados Unidos: as torres gémeas do World Trade Center foram derrubadas depois de sofrerem o impacto de dois aviões comerciais; o acto de terrorismo espectacular, transmitido em directo pelos mais diversos canais de televisão para todo o mundo, foi atribuído à rede Al Qaeda e a um dos seus chefes, o saudita Ben Laden, emanação dos “freedom fighters” que na era de Ronald Reagan tinham actuado no Afeganistão contra o governo de então e o seu aliado soviético!

Isso tornou possível por exemplo que na Sociedade Carlyle Group as famílias Ben Laden e Bush tivessem interesses comuns!

Independentemente do facto de muitos atribuírem o acto terrorista não à Al Qaeda, mas a outro tipo de interesses, i 11 de Setembro de 2001 condicionou as geo políticas da hegemonia até aos nossos dias.

Essa gente tornou-se criminosa, deveria de há muito ter sido julgada em Tribunal Penal Internacional, mas como essa instituição é subserviente do poder dominante, continuam imunes e só o Embaixador na Líbia, em vida Christopher Stevens, teve um fim trágico a 11 de Setembro de 2012… aparentemente “em serviço”!...

4 – Há 40 anos o Chile tornou-se no primeiro laboratório das políticas neo liberais, na sequência do golpe de estado sangrento do General Augusto Pinochet derrubando pela via das armas um governo que, perseguindo uma trilha democrática, identificava-se com os interesses do seu povo!

Ao governo democrático e popular do Presidente-herói Salvador Allende, a ditadura de Pinochet, na sequência da Operação Chove em Santiago, inscrita na Operação Condor, instaurou a primeira experiência histórica neo liberal, absorvendo os “ensinamentos” do grupo “Chicago Boys”!

A ditadura institucional tornou-se possível, antecedendo a ditadura financeira que tornou-se possível a partir do momento em que a moeda dominante, o dólar, deixou de ter cobertura no ouro e passou, enquanto “petro dólar” a merecer emissão em papel!

Com a ditadura instalada e propícia às condutas da hegemonia, as manipulações sem limites, por vezes surrealistas, tornaram-se possível!

Não havendo cobertura em ouro, então e uma vez que o dólar expandiu seu curso internacional, o poder dominante tem ido buscar a riqueza onde quer que seja, em prejuízo do próprio povo norte-americano e do resto do mundo, mas sempre em benefício daqueles 1% denunciados pela Occupy Wall Street (organização formada há dois anos, a 17 de Setembro)!

5 – O capitalismo de choque deu assim um dos seus primeiros passos e, de então para cá, tornaram-se possíveis levar a cabo algumas das mais surrealistas e sangrentas operações de que há memória na história da humanidade, em alguns casos com marcas que perduram geração após geração!

Até hoje os Estados Unidos não pediram desculpa ao Chile e na verdade, com o tipo de administrações de turno que nos habituaram, isso jamais acontecerá: não pedirão desculpas ao Chile, nem a toda a América Latina, nem onde quer que seja onde espalharam o odor sulfuroso de suas iniciativas!

Não será este Prémio Nobel da Paz que o fará e a prova está nas contínuas tentativas de decisão abrindo-se a novas guerras!

6 – Os ódios de Setembro têm mais uma demonstração na escalada em curso na Ásia Ocidental e na Ásia Central: poder-se-á ter sustido o ataque à Síria por razões da utilização de armas químicas (com o compromisso da Síria em entregar para destruir o arsenal que possuía), mas poder-se-á razoavelmente pensar que quem se alia a radicais islâmicos na Líbia e na Síria por causa do petróleo barato e da salvaguarda das monarquias feudais arábicas, os mesmos grupos que derrubaram há 12 anos o World Trade Center de Nova York, é gente alguma vez confiável?

Como a administração de Barack Hussein Obama consegue justificar essas alianças de hoje perante o povo norte-americano, perante o mundo, quando ainda mal curadas estão as feridas de Nova York?

Não será o cerimonial da Casa Branca mais uma prova de retórica patenteando um imenso cinismo e ódio?

Os cínicos ódios de Setembro, que se tornaram de todos os meses do ano, de todos os dias, de todas as horas, gota a gota vão destilando e só uma humanidade esclarecida poderá construir o amor solidário imprescindível e capaz de comportar um pouco de felicidade e uma maior justiça para todos!

Foto: A Casa Branca demonstra seu imenso cinismo: no preciso momento em que chora os mortos do 11 de Setembro de 2001 em Nova York, alia-se aos mesmos grupos radicais que protagonizaram o derrube das torres gémeas fora do território norte americanos: na Líbia como na Síria!

A consultar:
. Killing hope –
http://killinghope.org/
. Tanques sobre Santiago –
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22678&editoria_id=12
. The trial of Kissinger – Part one –
http://www.thirdworldtraveler.com/Kissinger/CaseAgainst1_Hitchens.html; Part two – http://www.thirdworldtraveler.com/Kissinger/CaseAgainst2_Hitchens.html
. Senator John McCain, Foreign Relations “Adviser” to Al Qaeda Death Squads in Syria –
http://www.globalresearch.ca/senator-john-mccain-foreign-relations-adviser-to-al-qaeda-death-squads-in-syria/5348383
. The Benghazi affair –
http://www.globalresearch.ca/the-benghazi-affair-uncovering-the-mystery-of-the-benghazi-cia-annex/5320872
. Salvar os reis –
http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/salvar-os-reis.html
. Castas das arábias –
http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/castas-das-arabias.html
. Iraque, Iraque, 75 anos depois – Martinho Júnior – Página Um –
http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/iraque-iraque-75-anos-depois.html
. Coisas que a globalização tece – 07 – O império promove a morte da democracia –
http://paginaglobal.blogspot.com/2012/03/coisas-que-globalizacao-tece-07-o.html
. Lybian Islamic Fightin Group –
http://en.wikipedia.org/wiki/Libyan_Islamic_Fighting_Group
. Britain, Qadafi and the Libyan Islamic Fighting Group –
http://markcurtis.wordpress.com/2011/08/17/britain-qadafi-and-the-libyan-islamic-fighting-group/
. Libya Ex-Islamic terrorist leader heads Tripoli Military Council –
http://digitaljournal.com/article/310883
. Al-Nusra Front –
http://en.wikipedia.org/wiki/Al-Nusra_Front
. A verdade proibida –
http://resistir.info/chossudovsky/verdade_proibida.html

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