quarta-feira, 5 de outubro de 2011

DUAS EM UMA PARA O SENHOR ANÍBAL... QUE É POUPADINHO




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

A CANTAR E A RIR DESDE 1985*

Será este o mesmo Cavaco Silva que foi primeiro-ministro de Portugal de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995, tendo sido a pessoa que mais tempo esteve na liderança do governo do país desde o 25 de Abril? Será o mesmo que nas eleições presidenciais de 22 de Janeiro de 2006 foi eleito presidente da República, tendo tomado posse em 9 de Março do mesmo ano? Será o mesmo que foi reeleito nas eleições presidenciais de 23 de Janeiro de 2011?

*O título e a imagem em cima pertencem a uma postagem curta do Alto Hama que achámos por bem usar à laia de preâmbulo junto com a postagem que se segue. (Página Global)

COMO SE NADA TIVESSE A VER COM O ASSUNTO

O Zé da Esquina resolveu hoje falar aos seus concidadãos do estado da nação. Foi, disse, uma forma de comemorar o 5 de Outubro.

Falando durante as comemorações do 101º aniversário da implantação da República, em Lisboa, avisou que "o tempo das ilusões" acabou e que os portugueses terão que fazer "os maiores sacrifícios desta geração".

"Estamos todos confrontados com uma situação que exige vários sacrifícios. Provavelmente, os maiores sacrifícios que esta geração teve que fazer", alertou o Zé da Esquina.

"Os tempos são difíceis. Mas os tempos difíceis tornam-nos mais fortes, mais conscientes e mais realistas. Agora temos que aprender a viver de acordo com as nossas possibilidades", acrescentou, dizendo que Portugal perdeu "muitos anos na letargia do consumo fácil" e que agora "o valor republicano da austeridade digna" deve ser redescoberto. "Acabou o tempo das ilusões", avisou.

O Zé da Esquina chamou a atenção também para as "intoleráveis assimetrias" existentes em Portugal, pedindo uma repartição mais justa da riqueza. "Em momentos como este, diminui a tolerância dos cidadãos para o despesismo público", disse, afirmando que os portugueses exigem uma "mudança profunda na acção política".

"A disciplina orçamental será dura e inevitável", acrescentou ainda o Zé da Esquina, chamando no entanto a atenção para a necessidade de crescimento e desenvolvimento económico.

"Só produzindo mais e com mais qualidade é que podemos viver melhor", conclui o Zé da Esquina.

Que o Zé da Esquina diga isto é perfeitamente aceitável. Nunca teve responsabilidades políticas e, por isso, não pode ser acusado de andar a gozar com o pessoal.

O problema está no facto de todas estas declarações terem sido feitas por quem anda na política há muitos, muitos anos, sempre com grandes responsabilidades, seja como líder partidário, primeiro-ministro ou presidente da República.

Foi primeiro-ministro de Portugal de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995, tendo sido a pessoa que mais tempo esteve na liderança do governo do país desde o 25 de Abril. Nas eleições presidenciais de 22 de Janeiro de 2006 foi eleito presidente da República, tendo tomado posse em 9 de Março do mesmo ano. Foi reeleito nas eleições presidenciais de 23 de Janeiro de 2011.

Nada mais, nada menos do que Aníbal Cavaco Silva.

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado

- Titulo da postagem PG

AS REVOLTAS NA ESPANHA E SEU FUTURO




Entrevista a Carlos Taibo, por P. Maceiras - Tradução: Daniela Frabasile, em Outras Palavras

Novo livro sobre 15-M debate composição social, tendências políticas e perspectivas do movimento que contesta ditadura financeira e democracia esvaziada

Os livros sobre o 15-M geralmente respondem a dois objetivos: explicar as razões pelas quais surgiu o movimento e dar voz a quem esteve nos acampamentos, manifestações e assembléias. O propósito dos textos de Carlos Taibo é distinto: refletir sobre a condição do movimiento que nasce. Em junho, ele escreveu um livreto com este objetivo, intitulado Nada será como antes. Acaba de publicar uma versão ampliada e muito diferente desse trabalho: o “15-M em sessenta perguntas”.

Qual é o perfil desse novo livro?

A principal mudança nasce de uma perspectiva temporal muito mais ampla. Não podemos esquecer que o primeiro livro foi fechado em 22 de maio. Nesse sentido, ainda que eu retome as teses já expostas em Nada será como antes, incorporei aquelas que defendi nos últimos meses. Agreguei também muitas observações novas sobre a natureza do movimiento 15 de maio. Em relação ao anterior, o esquema do livro é muito diferente. Recorri a uma fórmula que já tinha empregado em outras ocasiões: a de perguntas e respostas, com clara intenção pedagógica.

Você fala de duas almas que estariam presentes na origem do movimento

Sim. A primeira é formada pelo que chamarei, com algum receio, de “jovens indignados”. Na maioria dos casos, eles não conheceram outra realidade que não a crise, muitos mobilizaram-se em maio pela primeira vez. A segunda é vinculada aos movimentos sociais alternativos, entendidos em um sentido muito amplo. Falo dos ativistas dos centros sociais auto-geridos e ocupados, do ecologismo, do feminismo e do pacifismo, que não se integraram no sistema; das redes de solidariedade; do sindicalismo de resistência, em muitos casos de aparência anarcosindicalista. Acredito que o rótulo libertário convém a muitos.

Em sua opinião, esas duas almas não são muito diferentes?

São, certamente. A primeira olha como se mantivesse alguma confiança em nossos governantes e esperasse que eles se mostrem dispostos a aceitar alguma de suas reivindicações. A segunda aposta audaciosamente pela criação de espaços de autonomia nos quais, por meio de assembléias e auto-gestão, se faça valer regras diferentes das que nos são impostas hoje. Enquanto a primeira adotou de início um discurso de cidadania – tratava-se de contestar uma ou outra dimensão específica – a segunda se desenvolve em linhas orgulhosamente anticapitalistas e tem um objetivo claro de permanecer no tempo.

Ainda assim, em minha interpretação, muitos dos jovens indignados convergiram rapidamente em direção ao anticapitalismo. Ou seja, deixaram para tras a crítica superficial que supõe a precaridade e a corrupção para adentrar no terreno da contestação do sistema como um todo.

Você não pensa que a relação entre essas duas almas tem sido conflitiva?

Os conflitos têm sido menores que o esperado. Acredito que, na maioria dos lugares, os dois grupos entenderam que precisam um do outro; e que isso implica realizar concessões e escutar, com mente aberta, os pontos de vista dos outros. Nesse sentido, as pessoas dos movimentos têm sido geralmente conscientes de que a irrupção dos jovens indignados abriu horizontes novos e muito estimulantes. Isso não quer dizer que não tenham faltado entre os ativistas dos movimentos, como na esquerda tradicional, posições de desprezo frente a algo que simplesmente não compreendiam.

Você também acentua em seu livro a atitude dos meios de comunicação

Essa é uma questão importante. A estratégia fundamental desses meios – e estou pensando noEl País, no Público, no caderno SER, na televisão e na rádio estatais – consiste, desde o começo, em rebaixar a radicalidade das mensagens e das demandas que surgiram do movimento. Pretendem, com pouco sucesso, retratar o movimiento como se fosse simplesmente uma festa passageira de jovens indignados com a corrupção ou com a injustiça do sistema eleitoral vigente. Tirando isso, seguem obcecados em pintar líderes, num movimiento felizmente antiautoritário e iconoclasta.

Existe um acordo geral sobre uma das carências do movimiento: sua escassa presença no mundo do trabalho.

É, de fato, uma carência importante, e acredito que ela também é percebida pela maioria dos integrantes do 15-M. É inegável condição primitiva do movimento – sua natureza interclassista, que recebe principalmente jovens de clase média, eventualmente em processo de decadência – dificultava bastante sua relação com o mundo do trabalho. Ainda assim, me parece que os vínculos com o sindicalismo resistente são fluidos e que a eventual chamada de uma greve geral que afete tanto a produção quanto o consumo pode permitir que algumas dessas marcas desapareçam.

Muitas das possibilidades de ação do presente estão bem descritas num documento que tem circulado, sobre “Assembleias nos locais de trabalho”.Devo acrescentar que – e é um debate muito próximo – a presença dos imigrantes no 15-M é lamentavelmente escassa. O movimento mostra, ainda, uma dimensào urbana que obriga a prestar atenção urgentemente a sua indispensável implantação em um mundo, o rural, que deveria ser objeto de muitas das nossas inquietudes.

Até onde você acredita que o movimento irá?

Prefiro responder até onde eu gostaria que ele fosse. Eu gostaria que o 15-M se convertesse, em todos os aspectos da vida, em uma instancia de assembleia e auto-gestão – que enfrente com radicalidade o capitalismo desde a luta antipatriarcal, o antiprodutivismo e a solidariedade internacionalista. Como disse, tenho a impressão de que os integrantes do movimento assumem com naturalidade a lógica de um projeto dessa natureza. Além disso, acredito que a principal mudança provocada pelo 15-M afeta a cabeça de muitos que notaram que podem fazer coisas que antes acreditavam estar fora de alcance. Esta é uma boa contribuição para o futuro.

Volto aos seus livros. Neste verão, varios deles foram reeditados, e particularmente os relativos ao decrescimiento. Isso tem alguma relação com o 15-M?

Para mim, os livros sempre foram um mistério. Mina impressão é que essas reedições vinculam-se a dois fatos. Um é, como você disse, o 15-M – que levou muita gente a adotar posições críticas. Outro é a condição provocadora, e atrativa, da proposta de decrescimiento. O que menos se pode dizer dele é que bebe de fontes diferentes das que impregnam o discurso dominante – e também se afasta dos lugares comuns postulados pela esquerda oficial social-democrata.


Timor-Leste: CPD-RDTL entregou hoje reivindicações a PM depois de comício em Díli




MSE - LUSA

Díli, 05 out (Lusa) - Centenas de apoiantes do Conselho Político de Defesa da República Democrática de Timor-Leste (CPD-RDTL) realizaram hoje no Campo da Democracia, em Díli, um comício, tendo entregado ao primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, um conjunto de reivindicações.

O CPD-RDTL exigiu durante o comício ao Estado timorense que dê atenção aos "veteranos", que esteja atento às políticas para a criação de partidos e que reduza as missões internacionais presentes no país.

O primeiro-ministro esteve no local, onde foi montando um dispositivo policial, para receber as reivindicações em mão.

"Entregaram-me documentos onde expõem todos os seus pontos de vista. Sexta-feira volto aqui para falar com eles", afirmou à Lusa o primeiro-ministro timorense.

O comandante-geral da Polícia Nacional, comissário Longuinhos Monteiro, afirmou que "não há problemas" de segurança e que tudo correu bem.

"A própria comissão organizadora colaborou muito com a polícia e cumpriram todas as regras que a polícia colocou para garantir a segurança da capital e dos próprios membros do grupo", afirmou.

Os manifestantes chegaram segunda-feira à noite em Díli empunhando bandeiras da FRETILIN para realizarem uma manifestação pacífica na capital, tendo recebido autorização para a realizar hoje no Campo da Democracia.

Na terça-feira, a FRETILIN (Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente) emitiu um comunicado a demarcar-se daquela manifestação e a afirmar que "não deu autorização para o uso de bandeiras" do partido.

"A bandeira da FRETILIN é um símbolo histórico, mas também, segundo a legislação em vigor, exclusiva da FRETILIN enquanto partido político", refere o comunicado.

O CPD-RDTL realizou várias manifestações em Díli quando Timor-Leste era administrado pela ONU a exigir o reconhecimento da independência proclamada em 1975 e a entrega imediata do poder ao primeiro chefe de Estado, Xavier do Amaral.

Nenhum dirigente do movimento esteve hoje disponível para falar com a Lusa.

Brasil: Tratamento alfandegário diferenciado para produtos da CPLP é viável - C. Exterior




GL - LUSA

Fortaleza, 05 out (Lusa) - O secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) do Brasil, Emilio Garofalo Filho, acredita que é "viável" a assinatura de acordos comerciais que concedam aos produtos de países lusófonos um tratamento diferenciado nas alfândegas brasileiras.

"Eu acho que é possível ter um tratamento diferenciado para os países lusófonos", disse o responsável da instituição dependente do Governo brasileiro, em entrevista à Agência Lusa. As declarações foram feitas no Encontro de Negócios na Língua Portuguesa, que acontece até quinta-feira, na cidade brasileira de Fortaleza.

Para o secretário-executivo da CAMEX, a questão geográfica não é determinante para a assinatura de acordos, mas sim o interesse comercial e bilateral. O responsável citou, por exemplo, o acordo comercial firmado no ano passado entre o Brasil e o Egito.

Garofalo considera que o atual governo brasileiro é mais defensivo do que os anteriores do ponto de vista do comércio externo, mas declarou que as medidas de proteção têm como alvo os países orientais.

"Nós, e o resto do mundo ocidental, enfrentamos uma concorrência chinesa que é desesperadora", disse. Segundo o responsável, além de custos menores de produção, suspeita-se que as empresas chinesas sejam beneficiadas por práticas de 'dumping' e pela desvalorização forçada do câmbio.

Garofalo admite que, embora o foco seja os asiáticos, a proteção pode estar a afetar as exportações de outros países lusófonos para o Brasil. "Lentamente, vamos fazer as separações", afirmou.

Tailândia: Situação piora devido a inundações, número de mortos sobe para 237




EA - LUSA

Banguecoque, 05 out (Lusa) - A situação na Tailândia devido às inundações continua a piorar e o número de mortos aumentou para 237, além das 2,9 milhões de pessoas afetadas e 28 províncias alagadas, informou hoje o Ministério do Interior.

As vítimas mortais resultaram de afogamento, quando as suas casas ficaram submersas, ou de outros acidentes causados pelos temporais, que se sucedem desde final de julho.

As previsões para os próximos dias são desencorajadoras já que o tufão "Nalgae", reduzido agora a uma tempestade tropical, está a chegar ao Vietmane e os meteorologistas referem que deverá trazer à Tailândia chuvas intensas.

No norte e centro do país, transbordou o caudal da barragem de Pa Sak Jolasi, enquanto a capacidade de Sirikit atinge 99 por cento e as de Bhumibol e de Kwae Noi estão nos 97 por cento.

Quase meia centena de autoestradas estão inundadas e intransitáveis, tal como 121 estradas, o que dificulta as operações de socorro e o transporte de mercadorias.

O Ministério da Saúde alertou as autoridades locais para que mantenham a vigilância relativamente à qualidade da água potável e que informem a população sobre o perigo que pode representar o seu consumo, depois de algumas análises a quatro rios detetarem uma alta concentração de contaminação.

As equipas móveis distribuídas pelas províncias inundadas detetaram mais de 17 mil pessoas com problemas relacionados com o facto de viverem há demasiado tempo em zonas húmidas e 119 tailandeses estão em observação devido ao elevado nível de stress e tendências suicídas.

Entre as várias zonas alagadas, estão grandes áreas do complexo histórico de Ayutthaya, a antiga capital da Tailândia e património da humanidade desde 1991, situada cerca de 100 quilómetros a norte de Banguecoque.

Estão inundadas 46 fábricas e o ministro da Saúde Pública indicou que os prejuízos estimados atingem 100 mil milhões de bat (cerca de 2,4 mil milhões de euros), segundo o diário digital The Nation.

DIA MUNDIAL DO PROFESSOR E A COOPERAÇÃO LUSÓFONA


Uma escola sob uma árvore no Huambo; uma idílica imagem que todos os políticos conscientes devem querer acabar

Eugénio Costa Almeida© - Pululu*

Hoje, 5 de Outubro, é Dia Mundial dos Professores
 
Segundo a UNESCO são necessários mais de 18 milhões de professores para que a meta de Educação Primária Universal (EPU) seja atingida até 2015. De acordo com este organismo da Educação e Cultura da ONU, a “falta de professores qualificados é um dos maiores desafios para as metas da Educação Para Todos (EPT)”.
 
Entre os países que sentem a falta de Professores estão os PALOP e Timor-Leste!
 
Dado que Portugal sente, nesta a altura, necessidade de colocar os Professores excedentários – e mesmo aqueles que não o sendo estão em vias de o ser devido à austeridade – porque não fazer um acordo com os países irmãos que falam a língua de Luís de Camões, de Fernando Pessoa, de Agostinho Neto, de Mia Couto, de Amílcar Spencer, Alda Espírito Santo, ou José Gusmão, para lá colocar os excedentários.
 
Ganhariam os Professores pela experiência obtida e pelo enriquecimento cultural, os países receptores pelo desenvolvimento da língua e pela hipótese de novos formadores, e Portugal para minorar a sua dívida externa (já que só é isto o que os portugueses, ultimamente, pensam) com os fundos obtidos pela cooperação.
 
E, já agora, se era certo que o poeta timorense José Alexandre Gusmão defendia – será que ainda defende? – a língua portuguesa como padrão de união entre todo o povo maubere já o seu alter-ego político, Xanana Gusmão, pelo contrário, parece querer fazer desaparecer a língua colonial daquela zona geográfica.
 
Mesmo que países da região, Austrália ou Indonésia, desejem, pelo contrário, aderir à CPLP. Se em política tudo é expectável embora não bem aceitável, já brincar com a cultura e com a língua, por vezes, leva a que os efeitos junto do Povo, se tornem demasiado contraproducentes…
 
Porque hoje é Dia Mundial dos Professores, os mestres da cultura, é bom que os políticos se debrucem um pouco nas vantagens da cooperação!
 
©Publicado no portal da Lusofonia “Portugal em Linha”, na rubrica de Debate “Lusofonia”, em 5 de Outubro de 2011

*Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais -; nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.

MAIORIA TEM RAZÃO MAS NÃO TEM FORÇA – MINORIA NÃO TEM RAZÃO MAS TEM FORÇA


“Prato” vazio e… várias perspetivas do iate de Isabel dos Santos (PG)

ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

“O povo angolano vive miseravelmente enquanto o grupo ligado ao poder vive muito, muito bem”.

Em Angola, a administração da justiça é muito lenta e os mais pobres continuam a ser os que menos acesso têm aos tribunais. 

Não, ao contrário do que diriam de imediato os arautos do regime angolano, ou do seu irmão português, não sou eu quem afirma tal coisa. 

Quem o disse há dois anos (nada de substancial mudou até agora), no mais elementar cumprimento do seu dever, foi o arcebispo da minha cidade (Huambo), D. José de Queirós Alves, em conversa com o Procurador-Geral da República de Angola, João Maria Moreira de Sousa. 

D. José de Queirós Alves admitia também que ainda subsiste no país uma mentalidade em que o poder económico se sobrepõe à justiça. 

O arcebispo pediu maior esforço dos órgãos de justiça no sentido das pessoas se sentirem cada vez mais defendidas e seguras. 

“O vosso trabalho é difícil, precisam ter atenção muito grande na solução dos vários problemas de pessoas sem força, mas com razão”, disse D. José de Queirós Alves. 

Importa ainda recordar, a bem dos que não têm força mas têm razão, que numa entrevista ao jornal “O Diabo”, em 21 de Março de 2006, D. José de Queirós Alves disse que “o povo vive miseravelmente enquanto o grupo ligado ao poder vive muito, muito bem”. 

Nessa mesma entrevista ao Jornalista João Naia, o arcebispo do Huambo considera a má distribuição das receitas públicas como uma das causas da “situação social muito vulnerável” que se vive Angola. 

D. Queirós Alves disse então que, “falta transparência aos políticos na gestão dos fundos” e denunciou que “os que têm contacto com o poder e com os grandes negócios vivem bem”, enquanto a grande massa populacional faz parte da “classe dos miseráveis”.

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado

Rio de Janeiro eleva indemnização para famílias deslocadas em função de obras dos Olímpicos




FYRO - LUSA

Rio de Janeiro, 05 out (Lusa) - A prefeitura do Rio de Janeiro elevou o valor máximo oferecido a moradores de comunidades que terão de deixar as suas casas em função das obras para o Mundial de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Para sair, os moradores têm a opção de entrar no programa do governo federal "Minha Casa, Minha Vida", que tem construído condomínios populares para famílias de baixo rendimento, ou optar pela compra de uma nova casa.

Neste caso, o beneficiário entra para um programa do governo municipal chamado "Compra Assistida", que monitoriza todo o processo de aquisição do novo imóvel.

Até ao momento, o máximo para a compra da nova residência eram 40 mil reais (aproximadamente 16 mil euros). O novo valor, instituído por decreto oficial, publicado na terça-feira, elevou o teto para 77 mil reais (cerca de 31 mil euros).

As famílias que habitam as regiões que terão de ser libertadas para as obras podem ainda optar por receber diretamente uma indemnização. Neste caso, o preço da residência é calculado por metro quadrado e o valor máximo foi alterado de 600 reais (245 euros) para 780 reais (318 euros).

O aumento, que praticamente duplicou o valor pago pela Prefeitura pelos imóveis, ocorre em função da resistência de alguns dos moradores em deixar as suas residências.

Os programas de deslocação também incluem moradores de áreas de risco que precisam deixar as suas casas por questões de segurança.

*Foto em Lusa

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE E INDONÉSIA ASSINAM ACORDO DE COOPERAÇÃO




IM – JORNAL DIGITAL

Relações bilaterais

São Tomé - O ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, Salvador dos Ramos, e o seu homólogo da Indonésia, assinaram um protocolo em Nova Iorque.

Segundo o chefe da diplomacia santomense, esta assinatura abre a primeira porta para a cooperação, através dos embaixadores, entre São Tomé e Príncipe e a Indonésia, que teve uma forte oposição devido à invasão de Timor-Leste.

«Assinámos um Comunicado Conjunto que permite uma cooperação política, diplomática e económica com fortes relações a favor da Diplomacia, Finanças e Cooperação Internacional, para ajuda mútua entre os dois países,» disse Salvador dos Ramos, na Assembleia das Nações Unidas.

O ministro santomense dos Negócios Estrangeiros defende que, em pleno século XXI, a reforma deve ser feita para adaptar mais depressa o sistema antidemocrático que se verifica a favor de algum interesse dos mais fortes no Conselho de Segurança.

Esta situação tenta imperar a realidade e fracassar a democracia no seio das Nações Unidas, que deve ser o espelho dos países membros.

São Tomé e Príncipe, através do Governo de Patrice Trovoada, que era fiel de armazém do Coronel Kadafi, à revelia dos ideais do ex-Presidente Fradique Menezes, reconheceu o Conselho Nacional de Transição na Líbia.
 
(c) PNN Portuguese News Network     

Governo reage aos rumores de protesto contra a visita de Ban Ki-moon à Guiné-Bissau




SUMBA NANSIL – JORNAL DIGITAL

Carlos Gomes Júnior apela à «reflexão»

Bissau - O Primeiro-ministro reagiu, esta segunda-feira, 3 de Outubro, com indignação, às informações segundo as quais os partidos da oposição democrática estariam a planear uma marcha de protesto no dia em que o secretário-geral da Nações Unidas, Ban Ki-moon, estará de visita ao país.

Em declarações exclusivas à PNN no Aeroporto Internacional «Osvaldo Vieira», depois da sua participação no debate da Assembleia-geral das Nações Unidas, que teve lugar em Nova Iorque, Carlos Gomes Júnior apelou aos políticos da Guiné-Bissau a fazerem uma reflexão.

O Primeiro-ministro referiu que a visita de Ban Ki-moon deverá ocorrer ainda antes do final do ano.

«Infelizmente, esta visita estava marcada para este ano mas, quando regressei de Portugal, fui confrontado com a informação de que os partidos da oposição estariam a preparar uma marcha contra a visita do Secretário-geral da ONU à Guiné-Bissau», lamentou.

Sobre a questão da reforma em curso nos sectores de Defesa e Segurança, o Chefe do Governo reconheceu que o país não pode conduzir sozinho este processo, tendo solicitado o apoio da comunidade internacional, em particular do Secretário-geral das Nações Unidas.

Neste sentido, o Primeiro-ministro mencionou que se encontra disponibilizado o dinheiro para o processo de reforma.

«É do nosso interesse, quando as pessoas vão para reforma, que tenham alguma dignidade e que recebam as suas pensões», referiu Chefe do Governo.

No que diz respeito à sua participação na reunião da Assembleia-geral das Nações Unidas, Carlos Gomes Júnior disse ter mantido vários encontros com Presidentes e Primeiros-ministros de vários países, e fez um balanço positivo.

 
(c) PNN Portuguese News Network

MOVIMENTO DEMOCRÁTICO DE MOÇAMBIQUE ACUSA FRELIMO DE AGIR DE “MÁ FÉ”




JORGE MIRIONE - JORNAL DIGITAL

Implementação do Acordo Geral da Paz

Maputo – O porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), José de Sousa, acusou o partido Frelimo de violar o Acordo Geral da Paz, no que respeita ao enquadramento dos guerrilheiros da Renamo, nas forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

«Quando analisamos profundamente o Acordo Geral da Paz, notamos que o partido Frelimo agiu de má fé ao expulsar os guerrilheiros da Renamo que foram enquadrados nas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique. Assim, o partido no poder violou o que foi assinado e acordado a 4 de Outubro de 1992, em Roma. A questão dos militares devia ser respeitada porque influencia a segurança do povo», declarou José de Sousa à PNN.

Na opinião da Renamo, a «Frelimo é um regime comunista, um partido marxista-leninista e a sua organização é baseada na promoção da corrupção.

A Renamo, em revindicação dos moçambicanos que foram assassinados nos campos de reeducação e da criação das aldeias comunais com objectivo de privar o povo do direito à liberdade, em 1975, decidiu combater o regime para libertar os cidadãos do abuso», declarou Arlindo Bila, delegado político da Renamo, em Maputo.

Arlindo Bila, disse ainda que a luta contra o Governo maxista e leninista instalado em Moçambique após a independência nacional em 1975, permitiu a abertura ao multipartidarismo e à democracia no País.

A Renamo condenou as políticas «de corrupção» implementadas pelo Governo: «Vemos o nosso povo cada vez mais pobre perante um Governo que abdica da sua missão e entrega-a a terceiros, de forma estranha, incompreensível e sem transparência, sempre com o intuito de burlar e empobrecer os moçambicanos. A paz é sinónimo do bem-estar para todos, e não apenas do calar das armas», afirmou Arlindo Bila.

O partido Frelimo disse que vai continuar a seguir a sua longa trajectória, que se guia pelos princípios de paz: «O desencadear da luta de libertação nacional que culminou com a independência de Moçambique só aconteceu depois de esgotados os meios pacíficos», refere um comunicado enviado à PNN.

«Foi ciente da preponderância e valor da Paz na condução dos destinos dos moçambicanos que o nosso glorioso partido Frelimo firmou os acordos de Incomati, um pacto de não agressão e boa vizinhança que tinha como fim último a Paz. A assinatura do Acordo Geral de Paz, a 4 de Outubro, foi o culminar do processo iniciado desde a fundação do nosso partido Frelimo, uma demonstração clara e inequívoca de que sempre privilegiamos o diálogo como mecanismo para a resolução de conflitos», disse a Frelimo, no dia da Paz.

Para a Frelimo, 4 de Outubro de 1992 foi um marco histórico que representou e galvanizou a restauração da esperança nos moçambicanos, ideia hoje solidamente reforçada pela boa governação.

«Foi a determinação dos moçambicanos que permitiu, não só o selar do acordo e o calar das armas, mas também a manutenção da paz até hoje, sinal claro e inequívoco de não retorno à guerra».

A Frelimo ententde que só vivendo em paz o povo moçambicano será capaz de estender a rede de saúde cada vez mais próxima de onde a população necessita.

«Só vivendo em paz será possível levar os serviços da administração da justiça para todos os cantos de Moçambique».

A Frelimo, reconhece que manter a paz é um desafio: «A cada moçambicano se exige uma tomada de consciência de que o caminho da prosperidade só é possível num ambiente de paz».

MAIORIA DOS ALEMÃES DESEJA REGRESSO AO MARCO PERANTE CRISE FINANCEIRA





Mais de metade dos alemães (54%) deseja o regresso do marco como moeda nacional perante a crise financeira que afecta vários países da Zona Euro, de acordo com uma sondagem do instituto Forsa.

Citado pela agência espanhola EFE, o inquérito revela que esta nostalgia é especialmente grande entre os cidadãos da Alemanha de Leste, 67% dos quais desejam recuperar a antiga moeda nacional.

Assinala ainda que o desejo de recuperar o marco alemão é maior quanto mais baixa é a formação dos inquiridos.

Apesar de tudo, os inquiridos reconhecem as vantagens da moeda única: 51% acredita que a economia está melhor com o euro.

O estudo destaca ainda que um eventual partido político que defendesse o retorno ao marco alemão contaria com um potencial eleitoral de 18% e os seus votantes viriam do governamental Partido Liberal (FDP).

ANGELA MERKEL ABRE PORTAS A RECAPITALIZAÇÃO DA BANCA EUROPEIA





Chanceler alemã diz que «orientações comuns» entre países europeus sobre valor da recapitalização são necessárias

Angela Merkel abriu esta quarta-feira as portas à recapitalizar dos bancos em todo o continente europeu se tal for globalmente tido como necessário.

«A Alemanha está preparada para levar a cabo uma recapitalização, se tal for necessário», assinalou a chanceler em declarações aos jornalistas no final de um encontro com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, em Bruxelas.

«O tempo é curto e devemos tomar uma decisão rapidamente» com base em critérios fundamentados e elaborados por especialistas, prosseguiu, citada pela Lusa.

Merkel sublinhou ainda que «orientações comuns» entre os países europeus sobre o valor da recapitalização são necessárias, acrescentando que tal deve ser feito com urgência.

Já hoje em Berlim o porta-voz adjunto do governo germânico, Georg Streiter, afirmou a jornalistas que a chanceler alemã, Angela Merkel, é favorável à ideia de pôr mais capital à disposição dos bancos europeus para evitar uma nova crise neste sector.

«A chanceler considera especialmente importante que os bancos na Europa tenham capital suficiente à disposição», disse Streiter.

*Foto em Lusa

Dezenas de milhares de funcionários públicos manifestaram-se hoje contra mais austeridade




DESTAK - LUSA

Dezenas de milhares de funcionários gregos manifestaram-se hoje, em dia de greve do setor público, em Atenas e Salónica contra as recentes medidas de austeridade e o desemprego parcial previsto de 30 mil trabalhadores até final do ano.

À margem da manifestação em Atenas, que juntou 18 mil pessoas, forças anti-motim lançaram gás lacrimogéneo contra as dezenas de jovens com capuz que atiravam pedras e garrafas.

Pelo menos dois manifestantes ficaram feridos, de acordo com uma fonte do hospital e um fotógrafo da agência de notícias AFP, ferido na cara com o escudo de um polícia.

"Não ao desemprego parcial que equivale a demissão", referia uma bandeira do sindicato do setor público Adedy.

Acenando bandeiras pretas, os arqueólogos do Ministério da cultura, funcionários dos ministérios das Finanças, do Desenvolvimento e da empresa pública de gestão da água (Eydap) e dos caminhos de ferro gritavam 'slogans' contra a política do governo, da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Sob a pressão da UE e do FMI, o governo socialista foi forçado a anunciar recentemente a redução do número de funcionários nos organismos públicos para baixar as despesas e os défices públicos.

"Não ao desemprego parcial, não às demissões, não à miséria", pode ler-se nas bandeiras dos funcionários do Ministério do Desenvolvimento.

Milhares de estudantes do ensino secundário gritavam: "Queremos livros, professores e escolas".

Cerca de 10.000 pessoas manifestaram-se também em Salónica, a segunda cidade grega mais importante, situada no Norte do país.

Devido à greve dos funcionários, museus e escolas foram fechadas, voos foram cancelados, os hospitais funcionam muito lentamente. Também os tribunais estão a ser afetados com a greve dos advogados e funcionários do Justiça.

O movimento afeta também alguns comboios, mas os transportes públicos urbanos de Atenas estão a funcionar.

*Foto em Lusa

EUA: ATIVISTAS FALAM SOBRE O MOVIMENTO “OCUPAR WALL STREET”




JESS STRAUSS - ALZEERA - CARTA MAIOR

Quatro ativistas discutem os objetivos do acampamento no distrito financeiro de Nova York. "Deveria estar razoavelmente claro para qualquer um que olhe o que está se passando no movimento Ocupar Wall Street que o objetivo é acabar com a influência corrupta dos extremamente ricos sobre a política democrática. Wall Street controla a América e nós nos opomos a isso", diz o jornalista Jesse Alexander Meyerson, de 25 anos.

Em 17 de setembro, um grupo relativamente pequeno de pessoas frustradas com a crise financeira nos EUA e com a resposta que o governo do país deu a ela, acampou no Parque Zuccotti, na cidade de Nova York – próximo ao local onde estavam as Torres Gêmeas e próximo a Wall Street.

Uma semana depois, os nova-iorquinos começaram a acampar, 80 manifestantes foram presos e ao menos quatro foram atingidos por sprays de pimenta da polícia, quando marchavam pelo distrito financeiro de Nova York.

Depois de duas semanas, milhares de manifestantes se dirigiram à Ponte do Brooklyn e 700 foram presos, enquanto marchavam diretamente pelo famoso vão que dá nos bairros nova-iorquinos de Manhattan e do Brooklyn.

A ação se tornou conhecida como “Ocupar Wall Street”, um trending topic que se tornou viral no Twitter, no Facebook e, como os organizadores esperavam, nas ruas.

Enquanto esse texto era escrito, pessoas de aproximadamente 70 outras cidades dos EUA estavam tomando ou planejando tomar as áreas próximas aos centros financeiros, e acampando, marchando e tomando decisões coletivas a respeito de como fazer o melhor uso deste momento, usando o “Ocupar Wall Street” como exemplo. Ações de solidariedade estão ocorrendo ou sendo planejadas no Reino Unido, na Alemanha, na Austrália e na Bósnia.

Mas os aspectos principais desse movimento de ocupação de Wall Street permanecem indefinidos. O grupo não produziu nenhum conjunto de demandas e se orgulha de reunir as pessoas com base numa questão, em vez de visando a um objetivo.

A Al Jazeera falou com quatro ativistas que estão participando do movimento crescente de “ocupação” nos EUA, para ter algumas respostas a respeito de suas motivações, processos de tomadas de decisões, esperanças e dados demográficos.

Elliot Tarver (E.T), 21 anos, é um dos que tem participado da Ocupação de Wall Street organizando o processo desde o planejamento do primeiro encontro, no começo de agosto, e tem estado nas manifestações quase diariamente.

Jesse Alexander Meyerson (JAM), 25, é um jornalista de Nova York que está trabalhando no comitê de apoio ao trabalho da Ocupação de Wall Street.

Mohamed Malik (MM), 29 é ex-diretor executivo do Conselho de Relações Islamo-Americanas no sul da Flórida e hoje está desempregado, organizando o movimento Ocupação de Miami, no estado da Flórida, que está para ser lançado em 15 de outubro.

Malcom Sacks (MS), 22, é um ativista nova-iorquino que tem participado da ocupação do Parque Zuccotti.

AlJazeera – Você poderia explicar, da maneira mais simples possível, o propósito do movimento Ocupar Wall Street? O que vocês estão comunicando e o que significa ter um protesto sem um objetivo definido?

ET: Ocupar Wall Street é um movimento crescente de pessoas que se juntaram por várias razões diferentes – é bastante amplo e não há qualquer estabelecimento explícito de demandas, embora implicitamente, ao se estar em Wall Street tomando a rua com todas as ações que temos feito, estas sejam pessoas que estão com raiva do modo como as corporações e a política e o dinheiro controlam as suas vidas e a sua maneira de viver e respirar e como funciona a sociedade, e que tem algum tipo de visão de um mundo diferente que existe além da ganância, do racismo, do patriarcalismo, do poder corporativo e da opressão política.

MS: Esta é uma expressão da frustração diante do sentimento de que o processo político está sendo comandado por interesses econômicos e em particular pelas corporações gigantes.

MM: Quando as pessoas usam a palavra “ocupar”, o que elas querem dizer é: trazer as pessoas para o papel no qual elas produzam realmente decisões políticas, sobretudo no que concerne à economia e ao nosso bem estar. O modo como as instituições operam no tipo da sociedade em que vivemos não é muito condizente com altos níveis de participação democrática. Eu penso que as pessoas se sentem frequentemente deixadas de lado, desconectadas. Nós temos essas elites em nossa sociedade que na verdade nos fazem questionar se vivemos de fato numa democracia, ou se na verdade vivemos numa plutocracia – um país controlado pelas elites? Neste caso, por uma elite econômica.

JAM: Deveria estar razoavelmente claro para qualquer um que olhe o que está se passando no movimento Ocupar Wall Street que o objetivo é acabar com a influência corrupta dos extremamente ricos sobre a política democrática. Eu realmente não acredito que as pessoas não entendam o que está em jogo aqui. Wall Street controla a América e nós nos opomos a isso.

Só porque não há uma determinada carta de exigências passando de mão em mão, ou alguma lei a ser anulada, isso não deveria nos fazer acreditar que é de algum modo não unificado ou um gesto sem sentido. O sentido está claro.

[Ocupar Wall Street] não é apenas um protesto político, mas também um modelo de sociedade, o que eu penso que é o protesto político verdadeiramente interessante – isto é a própria demanda.

Houve movimentos sociais plenos de sentido antes, sem serem unificados, sem terem uma lista coerente de demandas, e houve movimentos, antes, nos quais as demandas levaram anos para serem desenvolvidas – ao passo que a ocupação [de Wall Street] durou 16 dias até agora.

Em 1949, seria inconcebível que, em 1968, camaradas negros tivessem o direito de votar...Assim como no fim de dezembro de 2010, não havia um só americano expert ou estudioso do Oriente Médio prevendo que, por volta de 25 de janeiro, a Praça Tahir, no Egito estaria fervendo de gente e que, não muitas semanas depois, Hosni Mubarak teria sido deposto.

AlJazeera: O alvo é claro: Wall Street e os americanos mais poderosos e ricos que tomam as decisões que causaram ou levaram adiante a crise econômica. Quem está participando?

MS: Em geral, todos os sequelados da crise econômica, nos EUA, ao menos; é um tipo de resposta à crise econômica que finalmente está atingindo as pessoas. Eu penso que isso é um reflexo dessa crise. As pessoas não brancas nos EUA tem vivido num certo estado de crise, em termos de desemprego e falta de representação política e de falta de apoio do estado frente as suas dificuldades econômicas, nas últimas centenas de anos. Finalmente [esta crise, agora] aparece como crise para a maioria, inclusive a classe média e os trabalhadores brancos, e é por isso que temos visto pessoas brancas à frente das manifestações e ocupando espaço nesses protestos.

ET: Mesmo que a maior parte do espectro demográfico do grupo tenha começado com a classe média branca e com estudantes de graduação, o quadro se tornou muitíssimo mais diverso. Mesmo que isso tenha mudado, as pessoas que se sentem apoderadas e que tem condicionado toda a sua vida para se sentirem confiantes, confortáveis, líderes de um grupo e para falarem para centenas de pessoas são mais aquelas pessoas oriundas de posições privilegiadas – homens brancos em particular – e eu penso que isso é algo que precisa ser fortemente enfrentado.

AlJazeera: Como o grupo decide levar adiante alguma ação específica? Qual é o processo de tomada de decisão do grupo?

ET: O processo é a realização de assembleias gerais duas vezes por dia. Qualquer pessoa pode fazer uma proposta, uma declaração, ou ter um ponto a defender, e as coisas são decididas por consenso.. em vez de simplesmente ser eleito um grupo de líderes que irão decidir as coisas juntos, em seu pequena bolha fechada.

Uma grande tarefa é traduzir a nós mesmos e nos tornarmos mais acessíveis às pessoas que não entendem de fato o que significa tomar decisões horizontalmente – o que significa que não há um líder único que tenha controle e diga a todos o que fazer.

MS: Eu discordo. Estou hesitante em dizer que não há hierarquia, que não há liderança, porque eu realmente penso que há um núcleo de pessoas – jornalistas – que estão fazendo muito da organização e dando uma forma à imagem pública da coisa. Eu e outros camaradas temos encontrado resistência nas lideranças para incorporarem outras ideias ao trabalho e para pensarem criticamente a respeito do que está acontecendo.

Tentamos falar com um dos camaradas da mídia a respeito do problema de não haver gente não branca no movimento e o do problema dessas pessoas não se sentirem confortáveis em participar, e houve resistência da parte deles em reconhecer isto. Eles afastam as críticas dizendo: “Se alguém quiser se envolver pode se envolver. Se quiserem ser representados, eles simplesmente vem e podem fazê-lo, também”. Eu penso que isso é denegar a dinâmica real do poder que está em jogo agora. Eu não estou certo de se este é um modo de a liderança afastar a responsabilidade ou se eles realmente não pensam que estão exercendo poder no movimento.

AlJazeera: Vários sindicatos e organizações não lucrativas estão planejando uma marcha, no dia 5 de outubro, em apoio ao movimento Ocupar Wall Street. Só o sindicato dos trabalhadores no transporte público de Nova York representa 38 000 trabalhadores. O que isso significa e por que é importante?

ET: Eu acho que será realmente grande a marcha, em termos de mobilização das pessoas – pessoas provavelmente mais afetadas por um grande número de medidas de austeridade a que estão respondendo. Eu acho que isso tem um potencial de mudar o espectro demográfico do protesto – ao trazer trabalhadores e mais pessoas não brancas.

JAM: Eu acho que os sindicatos de trabalhadores e outros grupos viabilizam e fornecem a engrenagem para as necessidades daqueles que não têm voz, para os empobrecidos, etc., reconhecerem que esse movimento Ocupar Wall Street que está chamando a atenção de todo o país e todo o mundo tem pessoas realmente comprometidas, que não têm se sentido mobilizadas a dar outras respostas à crise.

De um modo mais cínico e insensível, pode-se suspeitar de que o que as grandes instituições querem é se aproximar, cooptar o movimento, impor a sua agenda a quem está na luta. Mas no meu modo de ver mais generoso, o que eu diria é que os sindicatos ajudariam esse movimento a crescer e expandir e a conseguir criar um movimento social ampliado, porque eles reconhecem que estamos em busca da mesma coisa: a classe oprimida e o desmantelo do poder dos ricos sobre a política.

AlJazeera: Olhando para a frente, o que podemos esperar do Ocupar Wall Street?

MS: Alguém ontem foi citado, dizendo: “ficaremos aqui enquanto pudermos”. Mas isso significa que, assim que eles disserem “vocês não podem ficar”, todo mundo vai embora? Você não pode de fato dizer qual a direção que essa coisa está tentando tomar, ela está simplesmente buscando existir. Eu sou cético a respeito de onde isso pode dar, mas apoio o movimento, porque penso que está claro que a sua existência, mesmo que não vá a lugar algum, é de muita importância.

ET: Agora está crescendo diariamente e o seu fim não parece próximo.

Tradução: Katarina Peixoto

CAPITALISMO REPUDIADO NOS EUA




ELIAKIM ARAÚJO – DIRETO DA REDAÇÃO

Barack e Michelle Obama se casaram no dia 03 de outubro de 1992, em Chicago. Completaram, portanto, na última segunda-feira, 19 anos de casados. Mas a comemoração aconteceu no último sábado.

Mal terminou o discurso em um evento promovido por uma organização de direitos dos gays, em Washington, Obama se apressou em buscar sua Michelle, que o esperava prontinha na porta de casa, para levá-la ao luxuoso restaurante Eva, em Alexandria, Virginia, a sete milhas da Casa Branca.

O preço médio do Eva – um restaurante exclusivo, para apenas 34 pessoas - é de 150 dólares por cabeça. Caro para nós, pobres mortais, mas não para o presidente dos EUA.

O dono do restaurante prefere não divulgar o prato que o primeiro casal degustou, mas jornalistas apuraram que eles comeram salada de tomate com manjericão, contendo legumes cultivados com exclusividade, queijo gruyere,  lagosta do Maine, cozida na manteira, com milho do Eastern Shore, servida com molho tártaro e basil, e otras cositas más.

Feliz da vida, Michelle disse que o segredo da longevidade do casamento é rir e não levar as coisas muito a sério em casa.

No mesmo sábado em que o presidente e a mulher comiam lagosta do Maine, 700 pessoas eram presas em Nova York no protesto chamado  "Occupy Wall Street" (Ocupar Wall Street), que está entrando em sua terceira semana.

Os manifestantes, que protestam contra a ganância do sistema financeiro e a acumulação da riqueza nas mãos de poucos, resolveram marchar sobre a Ponte do Brooklin. A marcha ia bem até que os manifestantes fecharam a ponte ao tráfego,  provocando a intervenção da polícia que efetuou centenas de prisões.

O objetivo dos ativistas é ocupar a área sul de Manhattan, onde está a famosa Wall Street, com 20 mil pessoas. Todos estão dormindo nas ruas e prometem ficar acampados durante meses, se for preciso.

Depois de vários enfrentamentos com a polícia, um dos líderes do movimento destacou que "este não é um protesto contra a polícia de Nova York. É um protesto de 99% da população contra o poder desproporcional de 1% que controla 50% da riqueza do país". E incentivou a polícia a juntar-se aos manifestantes.

“Occupy Wall Street”, que começou com meia dúzia de gatos pingados, na verdade gatas pingadas, porque o movimento partiu de mulheres preocupadas com o destino dos filhos, que acabariam a universidade e não teriam onde se empregar, transformou-se em uma extraordinária manifestação contra o sistema capitalista, mesmo que a maioria dos participantes não tenha consciência do que isso significa.

Da desorganização inicial e da sabotagem da mídia tradicional, o movimento ganhou força a cada dia.  Conquistou o apoio de artistas e intelectuais de pensamento  progressista, como o cineasta Michael Moore e a atriz Susan Sarandon. Já tem até um jornalzinho, o `The Occupied Wall Street Journal`. 

O curioso é que o movimento – que hoje se espalha por cidades importantes, como Chicago e Boston – não é aparentemente partidário ou especificamente contra o governo Obama.  A raiva dos manifestantes, a maioria jovem, é contra o sistema que socorre bancos, enquanto faz vistas grossas para o crescimento da pobreza, como provam os  números do Censo. O povão está nas ruas pedindo que "não alimentem os bancos" e "taxem os ricos".

O descontentamento popular repudia o sistema tributário – denunciado outro dia pelo bilionário Warren Buffett – que privilegia os ricos com isenções e deduções que não estão ao alcance dos assalariados. No fim, o imposto pago pelos mais ricos é, percentualmente,  menor do que o que é tomado à força de quem vive de salário.

Até agora a classe política prefere ignorar o movimento. Os republicanos se desgastam em debates televisivos para definir os nomes dos que serão levados à Convenção do partido que vai escolher o adversário de Obama no ano que vem. E este, com poucas chances de tirar a economia do buraco em que se encontra, tenta conquistar o apoio da classe média, dos pobres e das minorias.

Mas voltando à ocupação de Wall Street, cá pra nós,  creio que nem o mais empedernido comunista do século passado poderia imaginar que surgiria uma revolta contra o sistema capitalista de distribuição da riqueza dentro dos Estados Unidos, melhor ainda, em Wall Street, o templo da ganância, da especulação e do desprezível capitalismo selvagem.
Agora, é aguardar os próximos passos do movimento e até onde vai sua força.

*Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora em Pembroke Pines, perto de Miami. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.

Moçambique, Suazilândia e África do Sul lançam “triland” para promoção de turismo regional




ÁFRICA 21

A marca, denominada triland, visa a promoção dos três países como um destino turístico único para os potenciais visitantes da Europa, Ásia e do continente americano.

Maputo - A marca, denominada triland, visa a promoção dos três países como um destino turístico único para os potenciais visitantes da Europa, Ásia e do continente americano.

Moçambique, Suazilândia e a província sul-africana de Mpumalanga lançaram na sexta-feira (30) uma marca de turismo regional. A marca, denominada triland, visa a promoção dos três países como um destino turístico único para os potenciais visitantes da Europa, Ásia e do continente americano.

A marca triland foi lançada pelos ministros de turismo dos três países envolvidos no projecto, nomeadamente os ministros de Turismo de Moçambique, Fernando Sumbana Júnior, da província de Mpumalanga, Norman Mohlalefi Mokoena, e da Suazilândia, MacFord Sibanzde. A marca será promovida em várias partes do mundo como um produto turístico único, com o objectivo de atrair o maior número de visitantes possíveis para esta zona Austral de África.

Na base desse protocolo pretende-se estabelecer uma cooperação regional e apoio mútuo para o desenvolvimento de turismo, com a intenção de promover e assegurar informação e oportunidades de negócios eficientes no sector, a fim de melhorar a qualidade do serviço de marketing turístico no seio da região Austral de África. As informações são do jornal O País.

Portugal – Penafiel: Mia Couto é o escritor homenageado na quarta edição do festival Escritaria





A quarta edição do festival literário Escritaria, em Penafiel, marcado para os dias 15 e 16 de outubro, vai ser dedicado ao escritor moçambicano Mia Couto, revelou hoje à Lusa fonte da organização.

O festival literário incluirá conferências com vários convidados ligados a Mia Couto e à literatura lusófona.

O festival Escritaria é uma organização da Câmara de Penafiel, em colaboração com as Edições Cão Menor e destaca-se por homenagear escritores vivos.

A organização revela que na edição deste ano, além do homenageado, estarão presentes em Penafiel o artista plástico Roberto Chichorro, o escritor angolano José Eduardo Agualusa, o músico João Afonso, o jornalista António Loja Neves e o diretor artístico José Rui Martins.

Para o festival também foram convidados os embaixadores de países lusófonos e André Heráclito do Rego, do secretariado cultural da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que já confirmou a sua presença.

Os escritores homenageados nas três edições anteriores, Urbano Tavares Rodrigues, José Saramago e Agustina Bessa-Luís, serão recordados novamente pela organização.

José Saramago estará representado por um texto escrito pela sua mulher Pilar del Rio e Agustina Bessa-Luís através de um texto da sua filha Mónica Baldaque.

Urbano Tavares Rodrigues disponibilizou um texto para ser lido durante o festival.

Além das conferências, a realizar no auditório do museu municipal, o Escritaria proporciona à população de Penafiel a possibilidade de conhecer a vida e obra do escritor, através de material visível nas ruas, nas fachadas dos edifícios e nas montras das lojas, incluindo frases e a biografia do escritor.

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