terça-feira, 19 de março de 2013

REJEITAR O ARADO EMPUNHANDO A ESPADA




Leonam dos Santos Guimarães*, Rio de Janeiro – Opera Mundi

Alemanha é um dos países que possui armas nucleares sem tal direito ter sido concedido pelo TNP

Cinco países são reconhecidos internacionalmente como "estados dotados de armas nucleares”. Possuem essas armas por direito concedido pelo TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear): EUA, Reino Unido, França, China e Rússia. Entretanto, outros países têm essas armas “de fato” e não “de direto”.

Três deles, não signatários do TNP, declararam formalmente e demonstraram na prática, através de testes nucleares, possuí-las: Índia, Paquistão e Coréia do Norte. Apesar de nunca ter declarado nem demonstrado diretamente, parece não haver dúvidas que Israel, que não é signatária do TNP, também as tem. A África do Sul, quando ainda não tinha aderido ao TNP, também as teve, mas decidiu desmontá-las voluntariamente. A Ucrânia também armazenou armas nucleares em seu território, mas elas foram totalmente repatriadas para a Rússia mediante acordo após o desaparecimento da URSS. Nos dias de hoje, o Irã é acusado pela comunidade internacional de estar buscando obtê-las, o que vem sendo tratado como uma grande ameaça à paz mundial.

Mas o que dizer dos cinco países europeus que têm em seu território armas nucleares de origem norte-americana "não declaradas", incluindo Bélgica, Alemanha, Turquia, Holanda e Itália? Será que eles também não constituem uma ameaça? A existência de armas nucleares nesses cinco países, incluindo os procedimentos e meios operativos para seu emprego, é formalmente reconhecida pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Os EUA têm cerca de 480 armas termonucleares B61 nesses cinco "estados não dotados de armas nucleares" pelo TNP e desenvolvem um programa de modernização dessas armas. Sua existência é ignorada pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), que é o organismo técnico internacional que tem delegação da ONU para verificar o cumprimento dos compromissos assumidos pelos países que aderiram ao TNP. Dentre esses cinco "estados nucleares não declarados", a Alemanha é o mais armado A Força Aérea alemã tem três bases que podem armazenar até 150 armas e operar aviões alemães “Tornado”, capazes de lançar ogivas nucleares.

A que se destina a instalação e acumulação de armas táticas B61 nestes cinco "estados não dotados de armas nucleares"? Quais seriam os potenciais alvos dessas armas? Dadas suas características técnicas operacionais, elas somente poderiam ser empregadas contra alvos na Rússia e Leste Europeu ou no Oriente Médio e Norte da África.

Essa realidade implica em muitas contradições, casos típicos de “dois pesos, duas medidas”. A primeira delas é que enquanto alguns desses mesmos países europeus dotados de armas nucleares “de fato” acusam o Irã de buscá-las, eles próprios têm capacidade de atacá-lo com essas mesmas armas. A segunda é que três desses cinco países, Alemanha, Itália e Bélgica, decidiram abandonar o uso pacífico da energia nuclear que é a geração elétrica, sob a justificativa dos “riscos elevados”, mas nenhum decidiu devolver as armas aos EUA, como fez a Ucrânia à Rússia. Será que as usinas nucleares são um risco maior do que as “bombas atômicas”? A classe política e a sociedade desses países parecem pensar que sim.

A Alemanha é o caso mais emblemático dessa contradição: não é uma potência nuclear “de direito” pelo TNP, mas estoca armas nucleares fabricadas nos EUA e sua força aérea tem capacidade própria de lançá-las. A empresa EADS, controlada pelo poderoso Grupo Daimler, é o fornecedor para a França do míssil balístico M51, capaz de lançar ogivas nucleares de submarinos e ainda o estaleiro alemão HDW é o fornecedor para Israel de submarinos capazes de lançarem mísseis com armas nucleares.

Ao mesmo tempo, a Alemanha decidiu descomissionar todo o seu parque de geração elétrica nuclear, na esteira do acidente de Fukushima. Isso tem implicado num aumento na geração de gases efeito estufa, afetando todo o mundo, e em grandes custos para o país, a serem arcados pela sociedade alemã. Rejeitam o arado e abraçam a espada.

* Leonam dos Santos Guimarães é doutor em engenharia e membro do Grupo Permanente de Assessoria em Energia Nuclear do Diretor Geral da Agência Internacional de Energia Atômica

ÁFRICA, OCIDENTE E CAPITALISMO. O DESENLACE NEOCOLONIAL




Rui Peralta, Luanda

I - África é geralmente vista no ocidente como um caso perdido, um continente dependente das dádivas do ocidente. O fardo do homem branco, ocidental, consiste na sua capacidade benemérita e acção paciente perante um continente cuja História recente está recheada de guerras, fomes, crianças famintas e abandonadas. Por sua vez a burguesia africana (emergente em muitos casos) e as elites administrativas que pululam por este continente desde a dominação colonial (quer sejam tradicionais, ou criadas pelas politicas administrativas colonialistas, ou as ultimas, criadas pelas dinâmicas profundas e complexas das independências), pintam o retrato ao contrário, aborrecidas com a atitude dos seus parceiros ocidentais.

De facto a realidade não é como a pintam os meios de comunicação do Ocidente e muito menos como a descrevem (num colorido esbatido, cheio de figuras da fauna e da flora locais) os boys do black capitalism (os continuadores da decrépita negritude senghorista a soldo do neocolonialismo francês). A verdade é que o Ocidente habituou-se às dádivas africanas e o capitalismo desenvolveu-se em muito á conta destas dádivas. Foram, no passado, os territórios imensos, os escravos, as matérias-primas. Continua, no presente, as matérias-primas, os recursos naturais e…os fluxos ilícitos de recursos financeiros, que chegam á banca ocidental através das cadeias de paraísos fiscais, para além do mecanismo extorsionário das dívidas provenientes dos empréstimos às elites dominantes (que geralmente pedem dinheiro em nome do povo).

Casos como o de Mobutu, que foi colocado no poder pelos governos ocidentais e que utilizava as contas privadas nos bancos dos que o colocaram no poder, para se apropriar da riqueza publica e que levou a RDC (na altura o Zaire), a pagar juros exorbitantes por uma dívida que continua em crescimento exponencial, continuam presentes na maioria do continente. Não com aquela forma sanguinária e brutal que caracterizava o gutural déspota congolês (um fascistoide que apregoava as mitologias da autenticidade), nada disso. Hoje estamos na presença de tecnocratas bem cheirosos, que lá vestem umas coisas a que chamam vestes africanas, (para consumo interno) mas que surgem nos fóruns internacionais vestidos pelos melhores alfaiates do ocidente (e também do oriente, agora que a China tem um style moderno e eficaz) e que são responsáveis pela extracção de 20 mil milhões de USD por ano, que o continente africano tem de pagar por serviço de dívida.

Outra forma de dádiva africana ao ocidente é o saque de minerais. Países como a RDC são arrasados por milícias armadas que roubam os recursos minerais do país e os vendem, a preços inferiores aos praticados no mercado, a companhias ocidentais. A maior parte destas milícias são dirigidas por países vizinhos (Uganda, Ruanda, Burundi) patrocinados pelo Ocidente.

Por fim, mas de extrema importância, os preços de miséria das matérias-primas africanas e da sua mão-de-obra. O facto dessa mão-de-obra e desses recursos continuarem baratos depende, essencialmente, de uma coisa: Assegurar que o desenvolvimento do continente não seja sustentável e que o continente não tenha um lugar de preponderância na globalização. Para o capitalismo o lugar do continente é na periferia e na ordem global capitalista aí tem de continuar (seja na concepção capitalista ocidental, seja na concepção capitalista BRICS), mais ou menos periférico, mas sempre periférico.

II - Os arautos do capitalismo africano defendem uma tese interessante, não por ser uma tese inteligente e original (a inteligência está nos antípodas e a originalidade é plagiada) mas porque é um quase-manifesto (ou um memorandum de intenções?) dos sectores mais avançados das burguesias nacionais africanas (uma espécie de burguesia africana, à imagem dos novos sectores da burguesia europeia – a burguesia U.E. – e da burguesia BRICS, as chamadas burguesias integradas, por acção dos monopólios generalizados).

Reza assim a tese: Se África for mais próspera, os salários aumentam e o desenvolvimento tecnológico agregará valor às suas matérias-primas, mediante o processo de exportação de produtos acabados ou semiacabados. Pois… É que isto, ao fim e ao cabo, nem é uma tese! É uma verdade do Senhor La Palisse! A questão não é essa! As questões são: (1) Existe uma via de desenvolvimento capitalista que assegure a soberania nacional e popular dos Estados Africanos? (2) Será que a via capitalista de desenvolvimento representa a real integração dos mercados africanos? (3) Será que a via de desenvolvimento capitalista representará uma real capacidade de inserção do continente africano no contexto económico global?

A resposta às três perguntas é invariável: Não!

III - Sendo a resposta às três questões um redundante Não, passemos à sua justificação. Não vou justificar por partes mas pelo todo que as três questões implicam: A via capitalista de desenvolvimento.

Quando a União Africana foi estabelecida em 2002, algumas vozes esperançadas relançaram uma nova fase do pan-africanismo. Seria muito mais difícil explorar um continente integrado. E se em África os ventos traziam alguma esperança, os estrategas ocidentais preocuparam-se com os aspectos financeiros e militares da unidade africana. Ao nível financeiro, os planos de formar um Banco Central Africano e a política de criar uma só moeda africana, assente no padrão ouro, constituiriam uma ameaça á capacidade dos USA e U.E. de explorar o continente. Se todo o comércio africano fosse realizado na nova realidade monetária, isso significaria que o ocidente teria que pagar efectivamente em ouro, os recursos africanos, em vez de pagar, como acontece agora, em libras esterlinas, euros ou USD.

A União Africana propunha ainda a criação do Banco Africano de Investimentos e o Fundo Monetário Africano, o que poderia debilitar enormemente o FMI e a sua capacidade de manipular as politicas económicas africanas através do monopólio das finanças. O Fundo Monetário Africano com um capital inicial de 42 mil milhões de USD suplantaria as actividades africanas do FMI, que com apenas 25 mil milhões de USD colocaram o continente de joelhos.

Paralelamente a essas tendências financeiras tiveram lugar acções na frente militar. No ano de 2004, em Sirte, Líbia foi elaborada uma Carta Comum Africana de Defesa e Segurança, que estipulava a criação de uma Força de Defesa Africana, assente no princípio de que “qualquer ataque a um país africano será considerado um ataque ao Continente, no seu conjunto.”

Em jogo estava muito e o ocidente é especialista em Jogos Africanos.

IV - A resposta do ocidente a estes reptos foi imediata. A criação das Forças Armadas Africanas representava para o continente africano uma política dúbia. Poderiam ser, efectivamente, uma força genuína pela defesa do continente contra o imperialismo, ou apenas mais uma força manipulada, subjugada a uma cadeia de comando ocidental. E o ocidente jogou neste duplo sentido.

Um livro branco norte-americano, publicado em 2002 pelo IGAPP (Grupo de Iniciativa de Politica Petrolífera Africana) recomendava um novo e vigoroso enfoque da cooperação militar norte-americana em África. Propunha estruturas regionais (Africa Ocidental, Africa Oriental, Magreb, etc.) sob um comando unificado. Assim em 2008 nasce o AFRICOM. Os custos de guerra das intervenções no Iraque e no Afeganistão foram demasiado elevados. Essa experiência adquirida levou a aplicar o princípio base do AFRICOM: os soldados africanos como carne para canhão. A AFRICOM seria o organismo coordenador da subjugação dos exércitos africanos, sob uma cadeia de comando ocidental. Transformar os exércitos Africanos em testa-de-ferro, eis o objectivo do imperialismo.

A UA rechaçou, inicialmente, este plano, negando qualquer presença militar norte-americana em solo africano. Esta atitude obrigou o AFRICOM a estabelecer-se em Estugarda, na Alemanha. Em 2009 a Líbia – defensor incondicional da unidade africana, das políticas anti-imperialistas e principal financiador da UA – assumiu a liderança da União Africana, propondo um processo de integração acelerado, que incluía um só exército, moeda única e um passaporte único. A continuação pertence á História e é do conhecimento de todos.

A OTAN reduziu a Líbia a um estado falido e devastado pela guerra, pelos raptos e pela tortura – um estado destroçado, como o Iraque, o Afeganistão e o processo de agressão em curso na Síria – enquanto os restantes estados africanos viravam o rosto para o lado, assobiando e murmurando por entre os dentes. A Nigéria, o Gabão e África do Sul votaram a favor da intervenção militar e a China apressou-se a reconhecer o novo (des)governo líbio imposto pela OTAN. A posição da Africa do Sul e da China representava a duplicidade do capitalismo BRICS, cujo objectivo em relação a Africa é similar ao do Ocidente: manter o continente na periferia. A África do Sul depois de dado o seu apoio, “lamentou” a intervenção e teceu críticas á OTAN. Mas as lágrimas de crocodilo não enchem lagoas. Ao projecto real e efectivo de unidade africana, sobreviveu apenas o de uma África lambe-botas.

Esta é uma História que os povos africanos conhecem desde longa data. Já a viram demasiadas vezes, mesmo durante as lutas de libertação nacional contra o colonialismo. O exemplo de Lumumba vive na memória dos povos, assim como na sua memória continuam inesquecíveis os traidores sanguinários que participaram ao lado do imperialismo no assassinato de Lumumba.

V - A eliminação da Líbia (figurada na execução de Kadhafi) foi um golpe fatal na pedra base da segurança da região Sahel – Sahara. Nesta região a Líbia liderava um sistema transnacional de segurança que utilizava uma mistura hábil de força, ideologia e negociação, impedindo o avanço do terrorismo salafista. Realizava operações para impedir o fluxo de combatentes islâmicos estrangeiros, controlava rigorosamente as entradas aéreas e terrestres, cooperava com os estados vizinhos no controlo fronteiriço e negociou com os Tuaregues uma série de acordos no âmbito das políticas sociais e no apoio financeiro para o desenvolvimento das suas áreas, em troca do abandono do contrabando de armas e das suas aspirações separatistas, servindo de mediador entre os tuaregues e os governos do Mali, Chade, Níger e Argélia.

A Comunidade de Estados do Sahel-Sahara (CEN-SAD) foi uma organização criada em 1998, sob proposta da Líbia, que preconizava o livre comércio, o livre movimento de pessoas e o desenvolvimento regional. A CEN-SAD estava baseada em Trípoli e desempenhou um importante papel no combate ao terrorismo salafista, assim como no conflito entre a Etiópia e a Eritreia e a negociação de uma solução para os conflitos internos do Chade.

A efectividade deste sistema de segurança regional foi um duro golpe para a hegemonia ocidental em África. Perante a CEN-SAD as milícias salafistas não poderiam ser utilizadas para o efeito com que foram criadas: justificar a agressão e a invasão desta região por parte do Ocidente para salvar os “pobres e indefesos nativos” (sempre o fardo do homem branco). As milícias salafistas já tinham sido utilizadas em acções de desestabilização na Rússia e na ex-Jugoslávia e voltariam a ser usadas mais tarde na Líbia e actualmente na agressão á Síria.

A resposta dos USA foi a TSCTP (siglas em inglês para a Cooperação Trans - Sahara de Contra Terrorismo), enquanto a OTAN equipava os salafistas. Com a Líbia destroçada a CEN-SAD capitulou e a próxima vítima foi o Mali.

VI - Tal como a via de Damasco é a mais directa para chegar a Teerão, a desestabilização e invasão do Mali por parte da França, é o caminho em falta para assegurar o cerco a Argel e provocar uma clareira de desestabilização na região. A Argélia perdeu cerca de 200 mil cidadãos numa mortífera guerra contra os fascistas islâmicos e encontra-se agora cercada pelas milícias salafistas, fortemente armadas e equipadas, nas fronteiras com a Líbia e com o Mali.

Após as Primaveras Árabes que proporcionaram um rejuvenescimento das elites egípcias e tunisinas, abrindo as já escancaradas portas das suas economias laceradas pela corrupção e após a fragmentação da Líbia, a Argélia é o único estado governado por um partido anticolonial, que conduziu a bom termo a guerra de libertação nacional contra o colonialismo francês. É por outro lado um país marcado pelo sua atitude independente face á Europa e a África. Na frente africana a Argélia apoia fortemente a União Africana, contribuindo com 15% do seu orçamento geral de estado para a UA e contribuiu com 16 mil milhões de USD para o estabelecimento do Fundo Monetário Africano, sendo o seu maior contribuinte.

No seu relacionamento com a Europa a Argélia negou-se a jogar o papel do subordinado, sendo com a Síria, os únicos estados que na Liga Árabe votaram contra a agressão á Líbia, tendo a Argélia oferecido refúgio a familiares de Kadhafi. Mas para o Ocidente o mais preocupante é o facto da Argélia, em conjunto com a Venezuela e o Irão, ser um dos falcões da OPEC, comprometido nas negociações duras pelos seus recursos naturais.

Segundo um artigo recente (e desesperado) do Financial Times foi “imposto” pela Argélia, Venezuela e Irão “um nacionalismo dos recursos” prosseguindo depois na vasta prosa neoliberal sobre os impostos e a burocracia, acusando a estatal argelina SONATRACH de “intimidar” as pobres multinacionais petrolíferas, obrigando-as a uma parceira “vexatória” e acusa o estado argelino de ter implementado em 2006 “um controverso imposto sobre benefícios extraordinários”. No mesmo artigo a Líbia era condenada pela mesma acusação: “nacionalismo de recursos” o que parece ser um crime grave e de lesa-majestade para os leitores do Financial Times.

As exportações de petróleo da Argélia ascendem a mais de 70 mil milhões de USD / ano e grande parte destes ingressos são utilizados na saúde e habitação. Esta preocupação com os gastos sociais preocupa o Ocidente. A STRATFOR uma empresa de informação e contrainteligência (na verdadeira acepção da palavra, uma vez que a inteligência encontra-se a anos-luz destes cavalheiros da sorte) avisava que “a participação estrangeira na Argélia sofreu uma quebra devido às politicas protecionistas impostas pelo governo argelino” considerando mais á frente que a dependência europeia do gás argelino, à medida que se esgotam as reservas do Mar do Norte, “torna a Argélia num imperativo económico e estratégico para a U.E.” Algumas linhas depois os cabeçudos contra inteligentes deste tratado da contra a inteligência que é o STRATFOR, avisam os governos europeus para o perigo que representa um “governo protecionista na Argélia.”

VII - A apropriação e a reapropriação dos recursos só será uma realidade com a socialização da produção. É aqui que reside o cerne da questão. Não são os paliativos inocentes da distribuição mais justa (o que implica que a produção e os recurso estão nas mãos dos outros) ou as conversas fiadas sobre a responsabilidade social do capital, que garantem um crescimento sustentável e politicas socias amplas, necessárias aos povos de África. Ou seja não é o desenvolvimento capitalista, mesmo que gerido de forma responsável (?) que irá garantir a soberania nacional e popular dos estados africanos, nem muito menos a economia social de mercado que irá permitir realizar o processo libertador da unidade africana.

É necessário reassumir uma efectiva soberania popular, aumentando a participação das mais amplas camadas da população no todo político, social e económico. Os estados africanos não podem permanecer receosos a esta abertura às massas populares e às políticas efectivas de crescimento e integração, que implicam a participação directa do povo. Não basta ritualizar o conceito de voto como única expressão da vontade popular. A soberania popular não é isso! A soberania popular implica que os trabalhadores e as massas populares africanas participem directamente nos assuntos dos seus países e na integração do continente. Não serão as elites, habituadas aos compromissos e às cedências, habituadas a capitular para manterem os seus privilégios, que estão em condições de iniciar este processo.

É este o ponto de viragem. Ou realizamos as aspirações populares que estão na base dos movimentos de libertação nacional do continente, através da reapropriação dos recursos e das políticas base de desenvolvimento integrado, assentes na rede de educação pública, nos sistemas públicos de saúde, ambas gratuitas e universais e numa política real de habitação social e urbanismo, ou seja em políticas objectivas que representem uma melhoria qualitativa e quantitativa da vida dos povos africanos e caminhamos no sentido de uma independência assumida e de um uma autêntica integração do continente, ou caímos na tragédia neocolonial, para a qual nos arrasta o capitalismo.

E aqui, como em todas as situações da vida dos Homens, não há meio-termo…

Fontes
Samir Amin; Os desafios da mundialização; Edições Dinossauro, Lisboa, 2000.
Samir Amin; O Eurocentrismo. Crítica de uma ideologia; Edições Dinossauro, Lisboa, 1999.
Samir Amin; Classe et Nation dans l’histoire et la crise contemporaine; Ed. Minuit, Paris, 1979.
Ali Mazrui, The Africans: A Triple Heritage; BBC Publications, London, 1986.
FMI, Financial African Reports (Annual), 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2008, 2011 (FMI)
World Bank, African countries: financial and economic issues. 2009. (World Bank Press, Washington, 2009)
Financial Times; January, 26, 2011
STRATFOR, News, August, 2012.
Dan Glazbrock; The west war against African development continues; 2013, http://www.counterpunch.org/

Chipre: A CULPA É DE MERKEL, CLARO!




EL MUNDO, MADRID - Presseurop - foto AFP

O plano de ajuda lançado pelo Eurogrupo, tendo como contrapartida um imposto sobre os depósitos bancários em Chipre, suscitou violentas reações. A Alemanha é frequentemente acusada de ter querido castigar um país em dificuldades. No entanto, não é a chanceler a responsável pelos erros da ilha, recorda um economista.


A culpa por esta última crise do euro não é dos cipriotas, é de Angela Merkel e do seu Governo, e não percam tempo à procura de explicações. A culpa não é de um setor bancário hipertrofiado que chegou a deter 128 mil milhões em ativos, num país com um PIB de 17 mil milhões: é de Merkel.

A culpa não é dos bancos que não hesitaram em aceitar 21 mil milhões de oligarcas russos e outro tanto de milionários árabes (de difícil justificação), sem fazer perguntas, como chamaram a atenção, em novembro de 2012, os serviços secretos alemães. Estavam a praticar o International Personal Banking e a "otimização fiscal" e Merkel, em contrapartida, é de moral protestante.

A culpa não é sequer dos gestores que, por patriotismo (Chipre é metade grego), investiram 50% – sim, 50% – em obrigações gregas, apesar de saberem que corriam o risco de perder tudo. Não: é de Merkel.

A culpa não é de Sigmar Gabriel, o simpático líder social-democrata alemão, que retirou à chanceler todas as hipóteses de bater em retirada: "Não posso imaginar os contribuintes alemães a salvarem bancos cipriotas, cujo modelo de negócio se baseia na ajuda à evasão fiscal”. Não: a culpa toda é de Merkel, claro.

Acabar com a mama do sistema financeiro

Tão-pouco é do patético ex-Presidente cipriota, o comunista Dimitris Christofias, um autocrata formado no Komsomol soviético (daí, talvez, tantas contas russas), que nem sequer consultava os seus ministros, o parlamento ou o Banco Central. The Guardian, um diário insuspeito de animosidade,acusou-o, em dezembro, de conduzir o país "para uma situação lamentável". Foi Christofias quem teimou em manter no porto o barco com armas para o Hezbollah, que explodiu em 2011 e levou pelos ares a única central elétrica do país.

Também apoiou o presidente de um dos grandes bancos, o Marfin Laiki, quando este transferiu a sua sede para a Grécia, apesar da oposição do Banco Central. A sua última parvoíce foi não negociar a integração da sua banca com a banca grega, quando foi decidido o famoso cancelamento parcial. Aí, este génio da economia, afundou o país. Mas não: a culpa é de Merkel.

Tão-pouco parece que a responsabilidade seja do brilhante sucessor, Nicos Anastasiades, um dirigente fraco que aposta na cartada de "culpar a Europa por tudo o que tenho de fazer". Anastasiades apoia-se em meias verdades para depauperar os depósitos do seu povo, em vez de começar por apresentar a fatura aos acionistas e aos credores dos bancos. Mas, claro, isso implicaria acabar com a mama do sistema financeiro que criaram e do qual esperam continuar a viver. Schäuble recordou ontem que o assalto aos depositantes não é uma ideia alemã. Mas não: a culpa é de Merkel.

E é também de Merkel, por permitir que o tal Anastasiades jogue agora com o prestígio da zona euro, como antes fez Papandreu. E porque, há quatro anos, não foi firme e não vetou a entrada de Chipre na moeda única. Porque se deixou enganar pela certificação da OCDE de que eram cumpridas 40 normas antibranqueamento. E, já agora, de Christine Lagarde, do FMI, que a apoiou. Recordam-se de quem entregou ao ministro grego a lista de evasores fiscais, aquela que se perdeu? O que não saberá Lagarde sobre a banca cipriota! Mas não: a culpa é de Merkel. E é melhor que seja, porque qualquer outra consideração deixar-nos-ia desprotegidos perante a nossa própria ignorância.

VISTO DA ALEMANHA

É justo expropriar

Nesta terça-feira, o Süddeutsche Zeitung sobressaiu-se na imprensa alemã com um comentário a favor da expropriação: “Quem lucra deve pagar”, titula o diário de centro-esquerda que considera:

Sim, um Governo tem o direito de [expropriar cidadãos] – e no caso do Chipre, até é justo, pelo menos com base na lei. […] O modelo económico, que conjuga o dumping fiscal e um fraco controlo financeiro assim como ofertas que procuram seduzir milionários estrangeiros, não foi inventado em Berlim nem em Paris mas em Nicósia. […] Daí as suas poupanças estarem em perigo, e não as nossas.

No entanto, o diário de Munique estima que é crucial proteger os “pequenos aforradores inocentes”. Este acusa o Presidente Anastasiades de ter virado a sua opinião pública contra os parceiros europeus ao afirmar que a implicação dos pequenos aforradores era inevitável. O seu objetivo, segundo o SZ, é dissimular o facto de que não está interessado em abandonar o modelo económico da ilha.

PARLAMENTO DO CHIPRE REJEITA PACOTE DE RESGATE EUROPEU




Deutsche Welle

Por grande maioria, deputados barram controvertido imposto bancário, que já abala mercados financeiros e confiança na União Europeia.

O Parlamento do Chipre barrou nesta terça-feira (19/03), por grande maioria, as condições impostas pela zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para a concessão de um resgate financeiro ao país. Após debate acalorado, 36 dos 56 deputados rejeitaram todas as medidas envolvidas, inclusive o controvertido imposto sobre as contas bancárias. Um parlamentar não estava presente, e 19 outros se abstiveram.

A rejeição já se esboçava logo após o fechamento do pacote de resgate pelos países do grupo do euro – inclusive o próprio Chipre – no último fim de semana, em Bruxelas. Diante da resistência crescente da população e de políticos, a votação no Parlamento chegou a ser adiada várias vezes.

A taxação compulsória tem como objetivo arrecadar 5,8 bilhões de euros, e é a condição imposta pelos demais países da zona de moeda única e pelo FMI para a concessão de créditos no valor de 10 bilhões de euros ao Chipre.

Ameaça de falência

Poucas horas antes da votação no Parlamento, o recém-eleito presidente cipriota, Nikos Anastasiades, já havia dito não acreditar que os deputados fossem apoiar os seus planos. "Eles pensam que é injusto e contra os interesses do Chipre", alertara.

Os protestos em massa já haviam levado o chefe de Estado conservador a minimizar o impacto da medida: em vez de ser aplicada a todos os correntistas, ela só afetaria aqueles com mais de 20 mil euros no banco.

No entanto, isso não bastou para conquistar a aprovação dos parlamentares. Durante o debate, vários deles afirmaram ser "uma questão de honra dizer 'não'". Ao mesmo tempo, do lado de fora do Parlamento, um grupo protestava: "Salvem os cidadãos, não os bancos!" e "não vamos ser os escravos do século 21!", eram algumas das frases gritadas. Um jovem manifestante empregou uma imagem drástica: "Eles nos dão a opção de nos suicidarmos ou sermos fuzilados".

O anúncio da taxação causou indignação internacional, sobretudo na Rússia e na Ucrânia, países que têm bilhões investidos no Chipre. Mesmo nos mercados financeiros, a medida é considerada uma quebra de tabu, podendo aniquilar os progressos no combate à crise de endividamento na zona do euro. O anúncio chegou a afetar negativamente as cotações em Wall Street nesta terça-feira – tendência reforçada pelos boatos de que o ministro das Finanças do Chipre, Michael Sarris, estaria cogitando renunciar.

Referindo-se ao inesperado imposto, o empresariado cipriota falou em "genocídio financeiro". Os bancos do país permanecerão fechados no mínimo até esta quarta-feira. Mesmo assim, o banco central teme uma incontrolável onda de retiradas.

Agora, após a decisão do Parlamento, a imprensa europeia se refere ao Chipre como estando "preso na armadilha" ou "à beira do abismo", podendo se tornar o primeiro país da união monetária europeia a entrar de fato em falência.

AV/dpa/rtr

O CONFISCO NO CHIPRE E AS VEIAS ABERTAS DA VELHA EUROPA




A bancarrota neoliberal chegou agora ao Chipre, uma das maiores ilhas do Mediterrâneo, que segue o destino de outros antigos paraísos do capital, como Irlanda e Islândia. Com a crise, veio o confisco, que atinge investidores europeus – sobretudo russos e britânicos – que escolheram a ilha como residência pelas facilidades fiscais, entre elas o fato de o imposto sobre a renda ser linear e muito baixo: 10%. Por Flávio Aguiar, de Berlim

Flávio Aguiar – Carta Maior

Berlim – Enquanto o novo Papa, Francisco I, assumia seu novo posto, distribuindo bênçãos e rezando missa, uma nova tsunami de adrenalina invadia as veias abertas do continente europeu. O motivo desta nova e, como as antigas, violenta turbulência a se propagar a partir da Zona do Euro foi a resolução tomada pelos ministros da área financeira, reunidos em Bruxelas durante o fim de semana, sobre a ajuda à combalida banca cipriota. Tão forte foi a agitação que os mesmos ministros realizaram uma vídeo-conferência na segunda-feira (18), para revisar as medidas, enquanto bolsas e ações de banco despencavam, manifestantes tomavam as ruas de Nicósia, a capital da República do Chipre, e correntistas, poupadores e até investidores ameaçavam uma corrida aos bancos na Espanha e na Itália.

Chipre é uma das maiores ilhas do Mediterrâneo, dividida em duas partes: em um terço da ilha, ao norte, existe uma hipotética República Turca de Chipre, na prática ocupada por tropas turcas e só reconhecida pelo governo de Ancara e de alguns países islâmicos. Os restantes dois terços constituem a República do Chipre, com uma população total estimada em 1.100.000 habitantes, embora o último censo tenha apontado pouco mais de 800 mil cidadãos. A diferença se deve ao fato de que o número de estrangeiros que moram na república é muito alto. Uma parte destes são aposentados ou investidores europeus – sobretudo russos e britânicos – que escolheram a ilha como residência pelas facilidades fiscais, entre elas o fato de o imposto sobre a renda ser linear e muito baixo: 10%.

Apesar deste atrativo, a República do Chipre não escapou ao destino de hoje ex-paraísos neoliberais, como a Irlanda ou a Islândia (esta hoje recuperada, graças a seu programa não ortodoxo de regeneração financeira, uma exceção no caos europeu), e em maio do ano passado começou a dar sinais de exaustão e degenração financeiras, tendo pedido ajuda ao Fundo de Emergência da Zona do Euro, de que faz parte.

O montante da ajuda pedida era de 17 bilhões de euros. Quase uma ninharia diante dos bilhões já despejados na Grécia, na Irlanda, na Espanha, e em Portugal. Afinal, a economia cipriota representa apenas 0,2% da economia da Zona do Euro. Começando no sábado e adentrando até a madrugada de domingo para segunda, a reunião dos ministros decidiu atacar o problema. Tão complicadas foram as negociações que o próprio presidente do país, o conservador Nicos Anastasíades, passou a participar do encontro, ao lado do seu ministro das Finanças, Michalis Sarris.

O que complicava as negociações era a exigência – hoje com a paternidade posta em dúvida – de que os correntistas e poupadores cipriotas participassem da operação, através do confisco de parte de suas economias, por meio de um imposto único. A resolução afinal tomada deveria, segundo o presidente do Grupo do Euro e ministro das Finanças da Holanda, Jeroen Dijsselbloem, “garantir a estabilidade do Chipre e na Zona do Euro como um todo”.

O tiro saiu-lhe perfeitamente pela culatra e entrou pela garganta abaixo de milhões e milhões de europeus. Tudo porque a resolução atravessava um Rubicão nunca dantes navegado, este de impor o confisco de parte das economias dos depositantes nas instituições bancárias cipriotas: 6,75% até 100 mil euros, 9,9% a partir daí. Com isso, o país visava arrecadar (e ainda visa) 5,8 bi de euros, vindo outros 10 do Fundo de Emergência. O governo e as autoridades da Zona do Euro contavam com um feriado na segunda-feira, devido ao começo das festividades da Páscoa Ortodoxa. Como medida suplementar, proibiram transações bancárias via internet, para evitar a fuga de capitais.

Tradicionalmente, este feriado ortodoxo leva as famílias – com o começo da primavera – a fazer piqueniques nos parques de Nicósia e no resto da ilha. Desta vez não houve piqueniques. Ao contrário, multidões começaram a ocupar as ruas da capital, protestando contra a medida. Nem foi eficaz a justificativa aventada para esta “participação” no “salvamento” da “economia” (leia-se: a banca cipriota e seus credores internacionais) do país, a de que os bancos locais tornaram-se guarida procurada por oligarcas russos e investidores britânicos.

A insatisfação transbordou. A primeira medida direta veio do Reino Unido, que suspendeu o pagamento de aposentados com contas em Chipre, com o objetivo de “proteger” seus investimentos, afirmando que ele seria retomado assim que a situação se esclarecesse. Na sequência, bolsas despencaram, começou uma turbulência ameaçadora em bancos italianos e espanhóis, com correntistas visando proteger seus fundos, alguns afirmando que passariam a preferir os próprios colchões às contas bancárias. As ações de bancos começaram a despencar, inclusive na poderosa Alemanha – logo apontada como a mãe da idéia.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, deu declarações que a Alemanha fora contra penalizar os pequenos investidores, embora seu governo tenha insistido na obtenção de parte do socorro através dos bancos cipriotas. Dedos apontaram então o presidente de Chipre, que se recusara a aceitar uma carga maior sobre os grandes investidores, de 12,5% ou 15% a partir dos 500 mil euros depositados. O Parlamento em Nicósia, onde o governo tem pequena margem de votos sobre a oposição, também se agitou, e até o momento em que redijo esta nota, não foi possível aprovar a medida. O feriado bancário foi estendido até quinta-feira. A teleconferência dos ministros das áreas financeiras propôs uma revisão da medida, salvaguardando os pequenos poupadores. Isto poderia vir sob a forma de reduzir-lhes o confisco a 3%, isentando os depósitos até 20 mil euros. Em contrapartida, voltou-se a falar na alíquota maior para grandes investidores, além dos 9,9%.

Outros dedos apontaram para a Comissão Européia, o FMI, o Banco Central Europeu. Várias unhas, nesta altura, voltaram-se para os credores das dívidas cipriotas públicas e privadas. É verdade que houve quem saudasse a medida como um “pragmatismo” indispensável, para evitar que apenas os “contribuintes europeus” paguem as contas dos países endividados e de seus sistemas financeiros. (V. p. ex., Christian Rickens, “Saving Cyprus: Tapping Bank Customers is the Right Move”, no ‘Spiegel International’). Também logo se aventou, com contido júbilo, que a medida deveria ser logo estendida aos correntistas de outros países, como a Itália e a Espanha. É um argumento curioso, pois parece partir da premissa de que “correntistas” não são “continuintes”. Na verdade, o argumento se apóia, nos bastidores, naquela surrada tese de que é necessário “disciplinar” o Sul da Europa, impondo-lhe a “moral saudável” do Norte.

Porém outras linhas se interpuseram neste cruzar de dedos apontando responsáveis pela medida, ou apontando novos alvos para ela.

Pais ou não da idéia, os credores dos “bonds” cipriotas foram apontados como favorecidos pelo confisco, pois nada teriam a pagar. Mas mesmo entre eles começaram a surgir dissidências. Analistas apontaram que os pequenos credores poderiam ser prejudicados, pois em caso de atribulações no honrar destas dívidas – e isto não está descartado, pois a medida que envolve 10 bi do Fundo precisa da aprovação de todos os parlamentos envolvidos – os grandes investidores são favorecidos pois, em geral, pagam taxas suplementares para serem pagos em primeiro lugar.

A confusão vai se estender por esta semana toda, sem dúvida.

Esta foi a Europa que encontrei ao retornar de três semanas no Brasil. Apesar dos problemas do nosso país, não deu para conter uma sensação de que retornava de uma “ilha de tranqüilidade” para um continente que não só está com suas veias abertas, mas está também com seu sistema nervoso em frangalhos.

Fotos: www.marketwatch.com 

CONTRA ATRASADOS MENTAIS E RÉGULOS




Fernando Santos – Jornal de Notícias, opinião

Inconsciente, um atrasado mental pode provocar danos irreparáveis à sociedade se não se lhe resistir, primeiro, e ajudar, depois. Se o atrasado mental estiver rodeado de rapaziada servil e ainda por cima encarnar o papel dos antigos régulos, tanto pior.

No passado, a Europa viveu fases nas quais esteve entregue a atrasados mentais - como Hitler. Pagou então um elevado preço, mas foi capaz de se lhe opor, embora tarde. Sobrou dessas épocas algo de preocupante: não aprendeu a lição. E daí ao surgimento de novos loucos de rédea à solta foi uma curta distância.

Há hoje uns senhores na Europa a ensaiar uma escalada de prepotência a que urge pôr cobro. A estratégia da criação de necessidades a determinadas zonas da Europa alimenta um quero, posso e mando intolerável.

Fugindo dos referendos como o Diabo da cruz, sob a capa de uma democracia fatiada, o poder dos eurocratas é o indício de maior preocupação.

Aos múltiplos exemplos de excrescências já conhecidos, o Eurogrupo, uma espécie de messe de sargentos, teve agora mais uma decisão abjeta. Aceitou um plano de resgate para o Chipre sob uma condição: a taxação dos depósitos bancários dos cidadãos! Sim, recuaram ontem na ideia de aplicar um imposto para contas abaixo dos cem mil euros, mas o princípio geral mantém-se: o confisco das poupanças de uma vida!

Uma Europa assim, capaz de adotar todas as políticas e o seu contrário, jamais inspirará confiança nos mercados financeiros - ou, mais importante, nos seus simples cidadãos.

Meter o dinheiro debaixo do colchão e arriscar ficar sem ele por via da ladroagem comum fez parte, achava-se, de um tempo reservado aos incautos. Julgava-se ser apenas um risco terceiro-mundista ficar-se sem o dinheiro depositado numa entidade bancária mas, pelos vistos, já por cá existem os primeiros laivos de que não é bem assim...

Sabe-se, o confisco no Chipre não está, por agora, replicado em nenhum outro país. Mas para lá se caminha se, à falta de reações enérgicas, continuar uma parte dos europeus a entender não correrem o risco de ser afetados.

Entrar em pânico não é o melhor receituário - antes piora as situações.

Impõe-se, por isso, confiar na Banca - e das caixas multibanco, à hora a que se escrevem estas linhas, ainda saem notas de euro. E amanhã, também?

O governador do Banco de Portugal, pessoa acima de qualquer suspeita, garante não estar o país, nem outros da Zona Euro, em risco de copiar o Chipre. Mas ainda que assim não fosse, alguém acha que Carlos Costa faria figura de tanso, muito tanso, e anunciaria por antecedência a decisão de taxar ou cativar as contas bancárias?

Ora, ora...

Portugal: Capucho (PSD) diz que governo perdeu “completamente a credibilidade”




Luís Claro – Jornal i

O social-democrata António Capucho defende que o governo “perdeu completamente a credibilidade” e apela a Cavaco Silva para convocar o Conselho de Estado para avaliar a saída para a crise. “Não pode tardar mais”, escreve Capucho num texto publicado hoje no facebook, alertando que “assim não podemos continuar”.

“Há sempre alternativa e creio que cabe em primeira linha ao Presidente da República tomar uma posição clara sobre o futuro”, acrescenta o ex-conselheiro de Estado e antigo ministro de Cavaco Silva.

Capucho voltou a insistir na necessidade de uma remodelação do governo, que passe pela substituição do ministro das Finanças Vítor Gaspar e do ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas. O ex-secretário-geral do PSD diz não entender “a teimosia inexplicável de manter um ministro com uma imagem pública desgraçada”. E lamenta que o governo persista num caminho “errado e com efeitos perversos na economia na economia e no emprego, apesar de todos os indicadores macroeconómicos previstos se afastarem da realidade, um após outro”.

JERÓNIMO DE SOUSA E FERREIRA DO AMARAL DEFENDEM SAÍDA DO EURO




Jornal i - Lusa

O secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, e o economista João Ferreira do Amaral defenderam hoje o abandono da moeda única europeia por parte de Portugal para evitar "o diretório" e "domínio" alemães.

"Os últimos acontecimentos em Chipre, com as medidas de confisco impostas ao povo cipriota, revelam bem a natureza espoliadora deste projeto. Aos trabalhadores e ao povo de Chipre, mais uma vez reafirmamos a nossa solidariedade e ao povo português a garantia de que jamais aceitaremos tanto o confisco dos salários e dos subsídios, como não aceitaremos o confisco dos depósitos das poupanças do povo", disse Jerónimo de Sousa no debate "O Euro e a Dívida", num hotel de Lisboa.

O líder do PCP reforçaria que "quem vai arrecadar esse roubo são os mesmos do costume - o capital financeiro, talvez mais os alemães", antes de ser conhecida a notícia de que o parlamento cipriota rejeitou o plano de resgate dos credores internacionais, prevendo um imposto sobre depósitos bancários superiores a 20 mil euros.

"Em termos de saída, não há outra hipótese mais desejável que uma saída negociada. A nossa debilidade neste momento é total. Bastaria pensar que o Banco Central Europeu cortava o financiamento aos bancos. A nossa economia entrava em colapso", alertou Ferreira do Amaral, precisando ser necessário um "poder político forte" em Portugal para o fazer.

O também historiador sublinhou as "margens de negociação importantes" em relação ao "domínio da Alemanha, que deu um passo com esta crise do Chipre nesse sentido", transmitindo a ideia aos investidores de que não devem "por dinheiro nos bancos dos países periféricos", mas antes nos germânicos, "que estão bem".

"Nós, país, corremos hoje um risco enorme. Se a situação na zona Euro se vier a acalmar, poderá significar a desvalorização do dólar e uma valorização do Euro para 1,5 ou 1,6 dólares. Se o Euro passar para esse nível, significa que a nossa estrutura produtiva será praticamente varrida. É uma espada sobre a nossa cabeça sobre a qual não temos qualquer capacidade de intervenção", explicou ainda.

Jerónimo de Sousa ressalvou que "afirmar, de forma estrita e seca, a saída do euro, a modos de salvação milagrosa do país, sem o quadro de políticas que a deve enquadrar e acompanhar, é uma abordagem redutora do problema".

"Ninguém tem dúvidas de que, no Euro ou fora do Euro, quais os interesses de classe seriam defendidos e protegidos por um poder político de direita, ao serviço do capital financeiro dos monopólios, submetido ao diretório e à Alemanha", criticou, reiterando a necessidade de "renegociar a dívida em todos os seus termos: prazos, juros e montantes, recusando o garrote".

O antigo líder parlamentar do PCP Octávio Teixeira, também economista, lembrou que "a saída do euro implica ter um banco central próprio, com toda a sua capacidade de atuação".

"A saída do Euro e desvalorização da moeda [nacional], implica o aumento das exportações e a redução das importações, substituídas por produção nacional", defendeu, como alternativa ao atual "corte nos salários", acrescentando ainda que "se o Euro acabar, o marco [alemão] valoriza-se 20 ou 30 por cento e a economia alemã sofrerá muito com isso".

Portugal - Jorge Sampaio. “A disfunção entre a classe política e o povo é cada vez maior”

 


Jornal i - Lusa
 
O antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, considerou hoje que é necessário um reforço da legitimidade do sistema político, frisando que cada vez menos os cidadãos portugueses se revêm nos seus representantes políticos.
 
"A disfunção entre a classe política e o povo é cada vez maior. Não temos sido capazes de governar com sentido estratégico de forma a dar confiança aos portugueses", afirmou o responsável, durante a conferência "Reinventar o Futuro", promovida pela revista Visão, no âmbito das comemorações do seu vigésimo aniversário, na Fundação Champalimaud, em Lisboa.
 
Jorge Sampaio realçou que "a sociedade política tem sido incapaz de se reformar", pelo que é preciso haver um "reforço da legitimidade do sistema político" em Portugal.
 
E ilustrou: "Quando estou sintonizado no Canal Parlamento, vejo a agressividade que existe [entre os deputados de diferentes partidos]. Isto não pode ser mobilizador para os cidadãos".
 
Criticando a falta de cultura de compromisso político, Jorge Sampaio diz que a mesma se deve ao "trauma com o bloco central de 1983-1985".
 
Questionado por Francisco Pinto Balsemão, presidente do grupo Impresa, que moderava o debate, se estava a defender um pacto de regime entre o PS e a coligação PSD e CDS, atualmente no Governo, Sampaio sublinhou que "em Portugal, é muito mau falar de pacto".
 
Porém, questionou: "Na Educação, não pode haver algum acordo entre forças políticas? Na Justiça? Na Saúde? Na Defesa? Será assim tão difícil? Temos que nos entender sobre o imediato".
 
"Estou absolutamente de acordo. Há 20 anos que falo de um pacto" de regime, retorquiu Balsemão.
 
Sampaio justificou esta posição com a atual situação do país que, no seu entender, "espelha a crise aguda europeia" e reforça a necessidade de pensar o futuro acima dos interesses partidários.
 
"O nó górdio à nossa volta é tão grande, que, ou há alguns compromissos sérios que façam frente à insensibilidade da 'troika', ou da tríade, como queiram chamar, ou então estamos em grandes dificuldades", disse.
 
E reforçou: "Temos que nos unir no sentido de dizer que isto assim não pode ser. Não podem ser estes os desígnios da Europa".
 
Defendendo que a União Europeia tardou em responder à crise financeira desencadeada com a falência do banco norte-americano Lehman Brothers, o antigo governante frisou que o contexto regional europeu torna ainda mais complexa a situação que se vive em Portugal.
 
"Nós precisamos de nos resgatar a nós próprios deste resgate", salientou, dizendo que existe "a sensação" que a resposta europeia à crise está à espera de "outros calendários", como as eleições na Alemanha.
 
"Está a destruir-se uma comunidade [União Europeia] que demorou décadas a construir. A atual divisão entre o norte e o sul, e entre o centro e o sul, é muito negativa", assinalou.
 
"É preciso encontrar no contexto atual uma estratégia de solidariedade. Quem me diria a mim há uns anos que era possível estar agora a discutir a independência da Catalunha, do País Basco ou da Escócia", concluiu Sampaio.
 

Portugal: ÂNGELO CORREIA ACONSELHA PRIMEIRO-MINISTRO A FAZER REMODELAÇÃO

 


TSF
 
Ângelo Correia, ex-ministro conhecido por ter sido um dos mentores de Pedro Passos Coelho, aconselha o primeiro-ministro a fazer uma remodelação
 
O social-democrata Ângelo Correia recomenda a Passos Coelho que se antecipe a qualquer situação e que avance com uma remodelação.
 
«O primeiro-ministro faria bem, nesta altura, livre de pressões, apenas olhando para o seu próprio interior e partido, para a opinião do partido que está coligado com ele e para o sentimento da opinião pública. Ele deve pensar bastante e antecipar-se a outras questões, órgãos e outras solicitações, outras requisições que lhe possam ser feitas», defende.
 
Tal como Freitas do Amaral e Alberto João Jardim, Ângelo Correia diz que é necessario alterar o Governo, mas sem cair novamente em eleições fora de tempo.
 
«Sou contra a realização de eleições antecipadas, acho que ia criar um problema mais grave do que o que existe hoje. Em relação às questões de mudança do Governo há pessoas que se centram apenas na mudança dos atores políticos, eu tenho uma opinião diferente», adianta.
 
O antigo ministro defende uma «revisão possível» das políticas a três níveis: austeridade, crescimento e à transformação ou reorganização do Estado português.
 

ÂNGELO CORREIA CRIOU O MONSTRO PASSOS COELHO E QUER FAZÊ-LO PERDURAR

 


António Veríssimo
 
FAÇA-SE VALER A DEMOCRACIA - ELEIÇÕES RÁPIDAMENTE E EM FORÇA!
 
Passos Coelho é fruto da fonte em que “bebeu” muito do que sabe e põe em prática. Essa fonte chama-se Ângelo Correia. Ângelo Correia, mentor de Passos, do seu Pedro, esteve a formar um enorme aldrabão. Um monstro dormente que por isso é desprovido de sensibilidade social. Um ditador de miolos megeros que aplica o “custe o que custar” quando há cerca de três milhões de portugueses que já nem sabem como encontrar proventos para se alimentarem e alimentarem os filhos decentemente. Isto para não referir despesas que não têm como suportar relativas às escolas dos filhos, aos transportes, ao vestir, ao calçar, à saúde e às carências mínimas de que as crianças e adolescentes padecem. O razoado do rol é conhecido.
 
Na prática existem 1 milhão e trezentos mil portugueses desempregados, muitos destes são casais com filhos. Desses existem cerca de 50 por cento que não recebem subsídio de desemprego (uma ridicularia de euros insuficientes). Como é possível enfrentarem as despesas que no dia-a-dia se lhes deparam? Impossível. A penúria, as dívidas, a fome, é o beco em que uma monstruosidade chamada Passos Coelho encurralou esses portugueses. E um pouco ou bastante do seu “custe o que custar” abrange mais milhões de portugueses. A classe média está a desaparecer. Este “artista” que nefastamente é primeiro-ministro é obra e barro trabalhado por Ângelo Correia. É o produto da trampa que o sujeito trabalhou no seu “atelier”. Trabalhado não só por Ângelo, mas muito por Ângelo, como é referido e conhecido públicamente.
 
Vem agora Ângelo, o mentor de tal charlatão, que só ainda é primeiro-ministro por Portugal estar deficitário de um presidente da República, aconselhar que o mau produto do seu “atelier” deve remodelar o governo, erguendo o papão das eleições que não deseja por considerar “que ia criar um problema mais grave do que o que existe hoje”. Balelas, puras balelas de um modelador de aberrações que se destinam a servir-se da democracia para serem eleitos mentindo com total descaramento e que com toda a gravidade inerente nem sequer sabem governar mas sim governar-se e governar amigos e cadilhos da juventude alaranjada do PSD. Os boys e girls que comem faustosamente à custa dos esmifrados e abusivamente espoliados portugueses. Como quase todos no governo, no CDS e no PSD, Ângelo Correia não pensa em Portugal mas sim em si e nos seus capangas.
 
As eleições antecipadas devem ser encaradas como uma consequência natural do desgoverno de Passos Coelho. Ele não foi eleito para este descalabro a que ainda mais conduziu Portugal. E mentiu para ser eleito. Passos Coelho perdeu toda a legitimidade democrática e a punição espera-o à porta das eleições. É isso que Ângelo Correia e todos os das mesmas cores partidárias e estirpes em sintonia temem. Que se lixe a democracia, é o que nos deixa perceber Ângelo e os que temem eleições. Por haver democratas assim é que Portugal e os portugueses, a Europa e os europeus, estão de rastos. O papão das eleições que "não convêm" e que Ângelo ergue não existe, a não ser para ser útil aos que querem fazer perdurar vantagens e interesses dos glutões que andam a sugar os povos europeus. Muito mais em Portugal, onde sugam o couro, o cabelo, o sangue, os músculos e os ossos. A vida. Ângelo Correia criou o monstro e quer fazê-lo perdurar como primeiro-ministro. Mas, como em Frankenstein, o monstro destrói tudo à sua volta e autodestrói-se. Passos Coelho desde que foi eleito que se está a autodestruir. Continua e continuará. Usa o charlatanismo por escola adquirida.
 
O monstro já está há muito fora do prazo de validade. Tem de ser desmantelado. Custe o que custar. Faça-se valer a democracia. Eleições, rapidamente e em força!
 

Portugal: VITOR GASPAR AFASTA TOTALMENTE IMPOSTO SOBRE OS DEPÓSITOS

 

 
O ministro das Finanças afastou totalmente o cenário de ser aplicada em Portugal uma medida semelhante à que foi decidida para o Chipre. Gaspar também falou dos cortes no Estado, falando em reformas de «longo prazo»
 
Aos deputados, na comissão parlamentar que acompanha a aplicação do programa de ajuda externa, Gaspar sublinhou que o caso cipriota é único no cenário europeu.
 
«As autoridades cipriotas propuseram neste contexto a introdução de uma contribuição dos depósitos bancários com o propósito de limitar o envelope financeiro aos 10 mil milhões de euros. Esta medida juntamente com o apoio financeiro internacional, permite viabilizar o sistema financeiro cipriota, e salvaguardar a estabilidade financeira de Chipre», disse o ministro das Finanças.
 
Vítor Gaspar não esclareceu diretamente qual a posição tomada por Portugal, mas deu a entender que deu o seu apoio a programa que incluía a medida.
 
«A nossa posição é e foi sempre da necessidade de preservar a estabilidade na área do euro como um todo, prevenir efeitos de contágio e também ter uma estratégia que seja viável e que funcione para Chipre como país de programa. O desenho das medidas específicas a aplicar em Chipre e o pacote de medidas que será apresentado no Parlamento cipriota é necessariamente da iniciativa e da responsabilidade deste país», disse o governante.
 
Vítor Gaspar sublinhou por várias vezes as palavras do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, para garantir que este é um caso único e defendeu mesmo a medida com as especificidades do sistema financeiro cipriota.
 
«O presidente do Eurogrupo já disse que o Chipre é um caso único, e que uma contribuição deste tipo não é contemplável para nenhum outro Estado-membro na área do euro. (...) O Chipre teria enfrentado cenários que teriam custos ainda mais elevados para os depositantes. Esta medida deve ser vista no contexto particular do Chipre, um país com um sistema bancário sobredimensionado, com um peso elevado de aplicações financeiras de não residentes e com a necessidade de capitalização muito consideráveis», afirmou.
 
O ministro das Finanças falou também numa «viragem» no financiamento das empresas: Vítor Gaspar disse estar tarde no Parlamento que os bancos portugueses já estão entre os melhor capitalizados na Europa e pode, assim, financiar a economia.
 
Durante a intervenção na comissão parlamentar que acompanha a aplicação do programa de ajuda externa, Gaspar afirmou que os bancos portugueses já estão entre os melhor capitalizados, ao nível europeu, podendo assim financiar a economia.
 
Durante a audição na Comissão Parlamentar de Acompanhamento à Aplicação do Programa de Ajuda Externa, o ministro das Finanças foi confrontado, pela oposição, com a natureza e alcance dos cortes que o governo tenciona aplicar no Estado. Até ao momento, Vitor Gaspar não detalhou o programa de cortes mas sublinhou que vai haver «mais tempo» para realizar o «esforço adicional de 2,5 % do PIB», que Portugal terá que realizar.
 
Gaspar garante que o programa de reformas é de «longo prazo» e que não será concretizado «nem em um, nem em dois, nem em três anos».
 

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