sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A VINGANÇA DO ANARQUISTA





Se as pessoas sentem que dão — trabalho, estudo, impostos — e não recebem nada em troca, o governo está a trabalhar para a sua deslegitimação.

Aqui há tempos havia um enigma. Como podiam os mercados deixar a Bélgica em paz quando este país tinha um défice considerável, uma dívida pública maior do que a portuguesa e, ainda por cima, estava sem governo? Entretanto os mercados abocanharam a Irlanda e Portugal, deixaram a Itália em apuros, ameaçaram a Espanha e mostram-se capazes de rebaixar a França. E continuaram a não incomodar a Bélgica. Porquê? Bem, — como explica John Lanchester num artigo da última London Review of Books — a economia belga é das que mais cresceu na zona euro nos últimos tempos, sete vezes mais do que a economia alemã. E isto apesar de estar há dezasseis meses sem governo.

Ou melhor, corrijam essa frase. Não é “apesar” de estar sem governo. É graças — note-se, graças — a estar sem governo. Sem governo, nos tempos que correm, significa sem austeridade. Não há ninguém para implementar cortes na Bélgica, pois o governo de gestão não o pode fazer. Logo, o orçamento de há dois anos continua a aplicar-se automaticamente, o que dá uma almofada de ar à economia belga. Sem o choque contracionário que tem atacado as nossas economias da austeridade, a economia belga cresce de forma mais saudável, e ajudará a diminuir o défice e a pagar a dívida.

A Bélgica tornou-se assim num inesperado caso de estudo para a teoria anarquista. Começou por provar que era possível um país desenvolvido sobreviver sem governo. Agora sugere que é possível viver melhor sem ele.

Isto é mais do que uma curiosidade.

Vejamos a coisa sob outro prisma. Há quanto tempo não se ouve um governo ocidental — europeu ou norte-americano — dar uma boa notícia? Se olharmos para os últimos dez anos, os governos têm servido essencialmente para duas coisas: dizer-nos que devemos ter medo do terrorismo, na primeira metade da década; e, na segunda, dizer-nos que vão cortar nos apoios sociais.

Isto não foi sempre assim. A seguir à IIa. Guerra Mundial o governo dos EUA abriu as portas da Universidade a centenas de milhares de soldados — além de ter feito o Plano Marshall na Europa onde, nos anos 60, os governos inventaram o modelo social europeu. Até os governos portugueses, a seguir ao 25 de abril, levaram a cabo um processo de expansão social e inclusão política inédita no país.

No nosso século XXI isto acabou. Enquanto o Brasil fez os programas “Bolsa-Família” e “Fome Zero”, e a China investe em ciência e nas universidades mais do que todo o orçamento da UE, os nossos governos competem para ver quem é mais austero, e nem sequer pensam em ter uma visão mobilizadora para oferecer às suas populações.

Ora, os governos não “oferecem” desenvolvimento às pessoas; os governos, no seu melhor, reorganizam e devolvem às pessoas a força que a sociedade já tem. Se as pessoas sentem que dão — trabalho, estudo, impostos — e não recebem nada em troca, o governo está a trabalhar para a sua deslegitimação.

No fim do século XIX, isto foi também assim. As pessoas viam que o governo só tinha para lhes dar repressão ou austeridade. E olhavam para a indústria, e viam que os seus patrões só tinham para lhes dar austeridade e repressão. Os patrões e o governo tinham para lhes dar a mesma coisa, pois eram basicamente as mesmas pessoas. Não por acaso, foi a época áurea do anarquismo, um movimento que era socialista (contra os patrões) e libertário (contra o governo).

Estamos hoje numa situação semelhante. Nenhum boa ideia sai dos nossos governos. E as pessoas começam a perguntar-se para que servem eles.

*Rui Tavares é escritor, tradutor e historiador português especialista em história e cultura do século XVIII. Colabora com o jornal Público, a revista Blitz e o canal de televisão SIC Notícias. Foi um dos criadores do blogue Barnabé em conjunto com Daniel Oliveira, André Belo, Celso Martins e Pedro Aires Oliveira. Escreve atualmente no blogue pessoal ruitavares.net. Foi eleito em 2009 deputado para o Parlamento Europeu como independente integrado na lista do Bloco de Esquerda. Em 2011 Rui Tavares abandonou a delegação do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu, acusando Francisco Louçã de promover uma “caça ao independente” e de ser incapaz de lidar com opiniões contrárias.

O ESTADO QUE PAGUE




MANUEL ANTÓNIO PINA - JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

O patronato que tanto se queixa das "gorduras" do Estado, exigindo ruidosamente "menos Estado", acaba de, através da AEP e outras associações patronais, engordar a despesa do Estado em mais 35 milhões de euros, accionando o aval que obteve do mesmo Estado para financiar o megalómano projecto do Europarque.

O Europarque deveria ser um exemplo de visão e gestão empresariais, até porque gerido pela fina flor do empresariado português. Afinal, "desde o início da sua exploração, em 1996, nunca teve resultados positivos" e a AEP tem que reconhecer "a impossibilidade da Associação Europarque em honrar os pagamentos a que estava obrigada", passando a batata quente para o Estado. Comprova--se, pois, que o Estado é um "desastre" a gerir e deve entregar aos privados empresas públicas, escolas, hospitais, etc..

Desde as leis do condicionamento industrial do Estado Novo que, com raras excepções, a generalidade dos nossos empresários se habituou a viver sob protecção do Estado ou transferindo riscos para o Estado (nesta matéria, os Mellos são o exemplo típico do que é o "grande empresariado" português). É por isso que, mais do que com capacidade de iniciativa ou espírito empreendedor, o sucesso empresarial em Portugal se constrói antes com boas relações.

Agora, do mesmo modo que pagarão a recapitalização da banca privada, serão os contribuintes quem pagará também os erros de gestão e as dívidas do Europarque.

PASSOS COELHO VISITA ANGOLA NO DIA 17 DE NOVEMBRO




RTP

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, vai realizar uma visita oficial de 24 horas a Angola no próximo dia 17 de novembro, com passagem apenas pela capital, Luanda, disse à agência Lusa fonte do seu gabinete.

Em Luanda, o primeiro-ministro vai encontrar-se com o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, com o presidente da Assembleia Nacional angolana, Paulo Cassoma, e com empresários portugueses e angolanos.

A mesma fonte do gabinete de Pedro Passos Coelho adiantou à Lusa que o primeiro-ministro vai deslocar-se a Angola com uma comitiva constituída apenas por um assessor de imprensa, um assessor económico e um assessor diplomático.

O facto de não querer estar ausente do país durante o debate do Orçamento do Estado para 2012 justifica a curta duração desta visita, com chegada a Luanda prevista para a noite do dia 16 e regresso a Lisboa na manhã do dia 18 de novembro.

No dia 17, o primeiro-ministro deverá ainda visitar a Escola Portuguesa de Luanda e obras consideradas emblemáticas da responsabilidade de empresas portuguesas como a nova Assembleia Nacional e a futura marginal da capital angolana.

Passos Coelho tem uma ligação pessoal a Angola, onde viveu durante a infância, e sempre foi sua intenção visitar este país logo no início do seu mandato de primeiro-ministro.

De acordo com fonte do seu gabinete, o primeiro-ministro pretende voltar a Angola para uma nova visita, dessa vez mais longa e com uma comitiva mais extensa.

Angola é um dos principais mercados da economia portuguesa fora da União Europeia e, por outro lado, este país tem aumentado os seus investimentos em Portugal.

NOTÍCIAS DE CHOQUE E ESPANTO VIA OS MAIS SABEDORES, VULGO “DÓTORES”




ANTÓNIO VERÍSSIMO

O culto de acompanharmos a atualidade noticiosa por jornais, rádios, televisões ou via internet contém só por si o sério risco de aumentar as taxas de ataques cardíacos, de suicídios e loucuras súbitas aos mais destemidos que afoitamente enveredem por aquela selva informativa. Há os que lêem só os títulos por precaução e prefiram deduzir o resto do texto exposto, há os que peguem nos jornais ao contrário por julgarem que é assim que devem fezer considerando que o país e a maior parte do mundo está de pernas para o ar. Há até aqueles e aquelas que só usam os jornais já velhos que vão apanhando aqui e ali em substituição do papel higiénico, diga-se que também na remota esperança de ensinarem o cu a ler porque consideram que os conteúdos são de merda.

“Felizes os pobres de espírito”, remata um texto bíblico. E deve ser certo. Infelizes são aqueles que sabem ler, que lêem e pensam naquilo que lêem, que todos os dias vão sobrevivendo às imensidões de mentiras dos políticos, à estupidez natural daqueles que inteligentemente parasitam e roubam recursos e paciência aos que são razão de um país existir, o povo.

Quis a infelicidade que hoje deparássemos com duas notícias deslumbrantemente doutas. A primeira: “Temporários trabalham com maior motivação e com menos stresse”, certamente proveniente da agência Lusa mas publicada no site do Jornal de Notícias. Claro que a primeira pergunta para os que ficam boquiabertos e a pensar em tal mamarracho de título será “mas como é possível?”

Que ninguém duvide que isto é mesmo verdade, que é mesmo verdade que os trabalhadores temporários andam absolutamente descontraídos e felizes da vida. Quem o diz são os dótores de psicologia. Disciplina que em tempos idos era mal quista pelos sistemas políticos por terem a tendência de serem do contra mas com o tempo foi sendo assimilada e ocupada por esse mesmo sistema e agora funciona em pleno ao serviço dos que proporcionam aos dótores aquilo com que compram os melões, as batatas, pagam às amantes e aos amantes, paga a gasolina e a casinha, etc.

Para que melhor entendam, se acaso não têm coragem para ler a notícia, no primeiro parágrafo começam por dizer: “Os trabalhadores temporários são funcionários mais motivados e menos stressados do que os restantes funcionários. Ainda assim, 80% dos temporários aspira a um contrato directo, diz um estudo da Faculdade de Psicologia de Lisboa.”

Pois claro que são mais motivados, se acaso a definição motivados pretende significar mais para o molusco que outra espécie, mais predispostos a sujeitarem-se à exploração e até a nadar em fossas acéticas se assim for vontade da entidade patronal para se recrear, a não fazerem greves ou reivindicarem direitos que lhes assistem legalmente, etc. É que se assim não agirem perdem o emprego de um minuto para o outro.

Acerca de os trabalhadores temporários serem mais descontraídos, não tão stressados como os trabalhadores efetivos… Pois, se forem jovens sem responsabilidades e a viverem em casa dos pais, o que é costume acontecer, afinal o dinheirinho que possam ganhar vai muito para as discotecas e outras modalidades afins… Além disso há sempre os pais para desenrascarem uma emergência. Porque não hão-de andar descontraídos e menos stressados?

Haverá ainda aqueles homens e mulheres, trabalhadores temporários, com responsabilidades, que já estão tão perdidos, tão infelizes, tão próximos da fossa social para que os estão a empurrar que andam sem esperanças e relaxam, comportam-se como verdadeiros autómatos e reagem de igual modo a grunhidos de um suíno, de um dótor, de um chefe ignóbil ou mau patrão. Digamos que é uma descontração por simpatia, igual à dos imensos autómatos que viajam nos transportes a seu lado ou que caminham à sua volta quando já não têm dinheiro e têm de ir a pé para o emprego. Há os que não almoçam, imensos, há os que “almoçam” uma sopinha de dois euros, sabendo que assim fizerem todos os dias estão a abusar do seu escanzelado orçamento. Descontração, pois então. As anemias são de tal gravidade que já nem podem despender forças para stressarem. É que para isso é preciso muita energia e, que se saiba, a energia para os humanos é a alimentação. Se não comem como devem… Não por acaso está cada vez mais na “moda” tirarem pacotes de açúcar dos cafés onde vão por vezes beber uma bica ou um cimbalino – que são um café igualzinho. É que o açúcar empresta energia, fugazmente mas empresta.

Chambel, a psicóloga que chegou a estas espantosas conclusões com a sua equipa e que botou palavra para a comunicação social disse em dado momento: “Na origem desta conclusão pode estar o facto de os trabalhadores temporários estarem nestas empresas há menos tempo do que os trabalhadores permanentes, podendo por isso sofrer menos desgaste no exercício do seu trabalho, ou seja, como sou temporário não estou à espera de segurança então o facto de não ter segurança não me causa transtorno", salientou a investigadora.”

A investigadora terá soprado no “balão”? Ou será que há por aqui qualquer coisa que está mal explicado? “… sou temporário não estou à espera de segurança” e “não ter segurança não me causa transtorno.” Mas afinal conclui-se que este mundo é uma maravilha, uma surpreendente maravilha. Bem como que se alguém dos trabalhadores temporários desalinhar deste figurino é anormal, é um pedaço de asno, é um revolucionário, é um odioso comuna que vê insegurança onde ela não existe, que devia de estar imensamente grato pelo facto de ter a sorte de ser um trabalhador temporário em vez de estar no desemprego porque isso é o mais certo, considerando que é o que este sistema avançado e douto, disneilandamente tecnocrata, até já considera como normal e qualquer dia até uma pequena benesse porque apesar desempregado ainda tem algum oxigénio no ar para poder respirar. Tanto assim é que, diz a douta psicóloga: “Maria José Chambel disse, ainda à Lusa, que o mundo está em mudança, o mercado de trabalho tal como era conhecido já não existe, e por isso é "melhor ser trabalhador temporário do que estar no desemprego.”

Ora pois então, não? Lapalisse não diria melhor que a douta senhora. Mas o Júlio das Medas, um ignorante por acaso muito humano e sem diplomas, diz sempre que entre a merda e o cagalhão prefere estar no último porque supõe sempre que a merda é mais diluída e que o segundo seca mais depressa e não o incomoda tanto nem o conspurca tanto. “Mas cheira mal na mesma”, diz ele do alto da sua insignificância plebeia. Parece que é o caso entre o emprego temporário e o desemprego e não haverá estudo pró-sistema conspurcado da tecnocracia que lhe valha.

Por último, para abreviar, só mais um parágrafo da cansativa e horrenda notícia que nos diz o contrário daquilo que a sociedade experimenta: “Para o provedor da Ética Empresarial e do Trabalhador Temporário, os resultados de estudos da Faculdade de Psicologia são "surpreendentes" e "contrariam lugares comuns".

Evidentemente que sim. Surpreende tudo e todos e vem provar o que muitos más-línguas dizem e garantem a pés juntos ser verdade, que este mundo está louco e de pernas para o ar. Mas esses são plebeus, nada têm que ver com a casta superior que nos quer impingir novos métodos que são tão antigos como a humanidade: enganar para dominar.

Sobre a segunda notícia, acima referida, da supressão de carreiras de autocarros e barcos da travessia do Tejo pouco se oferece dizer. É mais um douto saber de um grupo de sabem-tudo. O que não dizem é que atualmente já nos fartamos de andar a pé longas distâncias porque os preços dos transportes estão inacessíveis para muitos portugueses, neste caso moradores de Lisboa e arredores. Quanto ao Tejo… Acabar com os barcos… Muito bem, passaremos a atravessar a nado, exceto os que não sabem nadar, iô!

Já agora, a equipa estudiosa de psicologia poderia elaborar trabalho sobre o fato de sobrevivermos sem dinheiro, sem comida, sem transportes, sem casas, andar a pé e a nadar… Quase de certeza que concluiria que os portugueses ainda andam muito mais descontraídos e muito menos stressados desde que não comem. Recomende-se é que o estudo seja feito antes do médico legista reconhecer o óbito. Batota não vale, senhores “dótores”!

*Também publicado em Página Lusófona, blogue do autor.

Guiné-Bissau: Portugal e CPLP apelam na ONU ao financiamento da reforma das F. Armadas




RTP

Portugal e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) apelaram hoje nas Nações Unidas ao desembolso dos fundos internacionais prometidos para a reforma do aparelho militar e de segurança da Guiné-Bissau.

Após uma manhã de consultas no Conselho de Segurança sobre o processo de paz na Guiné-Bissau, o embaixador de Portugal, Moraes Cabral, sublinhou os progressos recentes da Guiné-Bissau na manutenção da estabilidade e também nas reformas económica e administrativa.

Apontou como "áreas chave onde são precisos mais progressos" o combate ao crime organizado e tráfico de droga, a garantia do controlo civil sobre as forças de segurança, em particular das Forças Armadas, e o combate à impunidade.

A reforma do aparelho militar e de segurança guineense, considerado um fator de instabilidade política no país, passa pela desmobilização e reintegração de pessoal, para o que serão usadas doações da comunidade internacional, incluindo para um fundo de pensões.

Contudo, salientou a ministra da Economia guineense, Helena Embaló, as promessas ainda não se materializaram, e o único desembolso veio do próprio governo, no valor de 200 mil dólares.

Para o embaixador de Portugal, "no futuro imediato, é muito importante que os parceiros internacionais desembolsem fundos para a reforma".

Outra condição para abrir caminho à reforma, salientou, é a "rápida" assinatura do memorando de entendimento CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] -- CPLP -- governo, de que está pendente o roteiro tripartido para o país.

Para Moraes Cabral, impunidade, tráfico de droga e criminalidade organizada estão interligados com a reforma do aparelho militar, e é por esta que deve ser atacado o problema.

"Sem concretizar a reforma, e para isso é preciso o fundo [de pensões], não é possível atacar a impunidade ou o tráfico de droga", afirmou.

A falta de resultados nas investigações judiciais aos assassínios políticos de 2009, que vitimaram o Presidente da República, o presidente Nino Vieira, e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Tagme na Waie, tem sido uma das principais críticas apontadas às instituições guineenses pelos parceiros internacionais, tendo a União Europeia ameaçado mesmo cortar ajudas.

Também no seu último relatório sobre a Guiné-Bissau, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, manifestou preocupação com a "imparcialidade e credibilidade" do processo, apesar das promessas do governo de apresentar resultados e introduzir reformas no sistema judicial.

Na sessão de hoje no Conselho de Segurança, Angola interveio em nome da CPLP, salientando também os esforços de Bissau e o roteiro com a CEDEAO uma "contribuição imprescindível" para resposta aos muitos desafios do pais, mas que está condicionado à desmobilização de fundos dos parceiros internacionais.

"A falta de recursos financeiros e por vezes a excessiva politização dos fundos têm sido influências negativas no processo", afirmou o embaixador angolano, Ismael Martins.

Apontou em particular para as Nações Unidas que, através do Fundo para a Consolidação da Paz, se comprometeram a disponibilizar três milhões de dólares.

"A CPLP está convencida que comunidade internacional tem de manter-se comprometida no processo de estabilização da Guiné-Bissau, e esperamos que ONU possa manter um papel central no processo", adiantou Martins.

MINISTROS DO INTERIOR DA CPLP DEVEM RUBRICAR “DECLARAÇÃO DE LUANDA”




ANGOLA PRESS

Luanda – Os trabalhos dos II Fórum de ministros do Interior da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) tiveram já o seu inicio, em Luanda, devendo ser assinada uma declaração no domínio do reforço da cooperação em matéria de segurança e protecção civil.

Segundo o programa, os ministros da CPLP vão avaliar o grau de implementação das decisões do I fórum, ocorrido em Lisboa (Portugal), em Abril de 2008.

Devem ainda aprovar as conclusões da VI reunião dos chefes das polícias, realizada quinta-feira, na capital angolana, e reflectir sobre as novas iniciativas de cooperação no âmbito da comunidade.

Os governantes deverão aprovar uma proposta de constituição dos conselhos de protecção civil e de serviços prisionais.

Embaixadores de países da comunidade acreditados em Angola, comandantes gerais das polícias da CPLP, oficiais da polícia nacional e altos funcionários do ministério angolano do Interior assistiram a cerimónia de abertura do fórum, presidida pelo ministro das Relações Exteriores, Georges Rebelo Chikoti.

São membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Assinala-se a ausência timorense na reunião de Luanda.

Bloqueio a Gaza: Navios pró-palestinianos interceptados pela Armada de Israel



RTP

Vinte e sete activistas pró-Palestina que se dirigiam à Faixa de Gaza em duas embarcações foram conduzidos pelas forças do Exército israelita ao porto de Ashdod, a norte do território palestiniano. A flotilha “Ondas de Liberdade” foi interceptada por barcos israelitas quando se dirigia à Faixa de Gaza com um carregamento de medicamentos para o território, sob bloqueio desde 2006.

A flotilha “Ondas de Liberdade”, formada por duas embarcações – o canadiano Tahrir e o irlandês Saoirse – foi interceptada por barcos israelitas a 48 milhas da costa, quando navegava rumo a Gaza para entregar um carregamento médico no território que está sob bloqueio desde 2006, no que é visto pelos grupos de Direitos Humanos como uma punição colectiva a reboque do controle do Hamas.

A flotilha, que partiu ontem de um porto turco com 27 activistas de nove países, integra jornalistas e um membro da família socialista do parlamento europeu, Paul Murphy, que resume desta forma os objectivos da missão: “É uma resposta aos apelos dos habitantes de Gaza para quebrar o cerco montado no território”.A bordo do Tahrir e do Saoirse encontravam-se activistas oriundos dos Estados Unidos, Austrália, Irlanda, Canadá, Palestina e até um cidadão árabe de Israel

Os barcos foram interceptados já depois do meio-dia (hora local) pela Armada israelita, que ordenou uma inversão de marcha, para se dirigirem às costas do Egipto ou de Israel, onde assegurariam que a carga seria inspeccionada e posteriormente entregue na Faixa de Gaza.

Telavive pede "entregas" por terra

Este tem sido aliás um argumento das autoridades israelitas para colocar fim às tentativas dos activistas que tentam furar o bloqueio montado contra Gaza: que a ajuda aos palestinianos deve ser provisionada a partir de terra, onde as mercadorias podem ser inspeccionadas. Israel procura desde 2006 escorar o argumento de que existe o perigo de a via marítima ser uma porta de entrada de armamento destinado ao Hamas.

Perante as repetidas recusas dos tripulantes do Tahrir e do Saoirse de obedecerem às ordens israelitas de parar a marcha, os militares tomaram as embarcações, para as conduzir ao porto israelita de Ashdod, a norte da Faixa de Gaza.

“A Armada israelita executou as operações como estava planeado, tomando todas as precauções necessárias para garantir a segurança dos activistas a bordo como a dos próprios militares”, indicava a meio da tarde um comunicado oficial das autoridades israelitas, garantindo que não se registaram incidentes envolvendo violência física. De acordo com as indicações israelitas, os procedimentos em terra incluem a detenção dos activistas, seguidas de interrogatórios e posterior deportação para os países de origem, logo que seja possível colocá-los a bordo de um avião.

"Denunciados os termos da ocupação israelita"

A acção da flotilha “Ondas de Liberdade” teve já as atenções ao mais alto nível da administração do Hamas na Faixa de Gaza, com o primeiro-ministro Ismail Haniyeh a louvar a tentativa dos barcos de furarem o bloqueio israelita: “Temos em grande consideração estes activistas que nos demonstram a sua solidariedade e queremos dizer-lhes que o objectivo foi atingido, quer cheguem a terra ou não, uma vez que ficam denunciados os termos da ocupação israelita. O cerco é injusto e deve acabar”, afirmou Haniyeh, após as orações de sexta-feira numa mesquita de Gaza.

Na mesma linha de análise, mas em sentido contrário, Israel sustentou que a acção da flotilha serve unicamente como provocação, não passando de uma manobra publicitária. Análise que explica os cuidados com que Telavive lidou com os activistas desta vez, um tratamento muito diferente daquele que foi aplicado aos tripulantes do Mavi Marmara, em Maio de 2010, numa operação com um balanço final de nove activistas turcos mortos.

As Nações Unidas viriam já este ano a legitimar a operação, o que não impede que a comunidade internacional olhe de lado para a atitude de então das autoridades israelitas. O caso desencadeou uma grave crise com a Turquia, que ainda hoje espera um pedido de desculpas de Telavive.

Corte de relações

Há dois meses, após as Nações Unidas terem revelado o seu relatório sobre o ataque israelita contra a flotilha Mavi Marmara, a Turquia anunciou o corte das relações diplomáticas e militares com o Estado de Israel, insistindo nesse pedido de desculpas que Telavive se nega a dar, pelo que acrescentou ao castigo uma ordem de expulsão ao embaixador israelita.

No último dia de maio do ano passado, a embarcação Mavi Marmara, com um contingente humanitário a bordo, procurava furar o bloqueio imposto pelas autoridades israelitas a Gaza desde 2006. Ainda em águas internacionais, a flotilha com ajuda humanitária foi intercetada na sua rota para a Faixa de Gaza por forças israelitas que impediriam a chegada ao porto através do uso da força.

A operação resultou na morte de dez tripulantes (nove turcos e um turco-americano), tendo Telavive justificado a ação com "agressões" violentas de que terão sido alvo os primeiros militares israelitas envolvidos no assalto à embarcação.

De acordo com a análise da ONU sobre este episódio - o Relatório Palmer - o bloqueio israelita foi uma ação legal, dando razão a Telavive quando sublinha que os militares enfrentaram "resistência organizada e violenta por parte de um grupo de passageiros". Houve no entanto críticas a Israel por ter sido usada força "excessiva e não-razoável".

A TECNOLOGIA ESTÁ MATANDO EMPREGOS?




DAVID WESSEL – WALL STREET JOURNAL

Uma indagação que um colunista econômico sempre ouve nos dias de hoje é esta: Por quanto tempo mais os Estados Unidos e o resto do mundo estarão na cúspide de uma crise econômica?

Boa pergunta.

Mas outra pergunta que se faz com frequência sugere como é profunda a atual ansiedade: Será que tudo vai acabar dando certo para a economia que nossos filhos vão herdar?

Há provas convincentes de que os EUA têm um problema agudo: pouca demanda, muito desemprego e muitas fábricas subutilizadas. Isso vai passar. Quando? Depende do quanto os americanos decidam reduzir suas dívidas, quais políticas o governo americano seguirá e quanto tempo a Europa levará para se aprumar.

No entanto, também há evidências de um problema crônico, cujos sintomas surgiram antes ainda da crise financeira. Não é o principal motivo pelo qual o desemprego está em 9,1%. Mas pode ser por isso que os Estados Unidos já não estavam criando muitos empregos antes da recessão, e a renda subia tão lentamente para tantas pessoas. O debate é sobre a raiz do problema.

Há alguns meses, Tyler Cowen, economista da Universidade George Mason, publicou um e-book profundamente pessimista, cujo título pode ser traduzido como "A Grande Estagnação: Como a America Comeu Todos os Frutos Fáceis". Seu diagnóstico: "Nós não reconhecemos que estamos num platô tecnológico e as árvores estão mais nuas do que gostaríamos de acreditar", escreveu ele. "Era mais fácil para uma pessoa média produzir uma inovação importante no século 19 do que no 20." A internet? Serve mais para proporcionar diversão barata do que para criar valor e empregos.

Isso não soa correto para Erik Brynolfsson, economista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT. "Não é nada disso que vemos no MIT. Não é o que ouvimos quando conversamos com nossos amigos no Vale do Silício", disse ele. Assim, ele e um colega, Andrew McAfee, lançaram um livro eletrônico celebrando os progressos tecnológicos recentes e as boas perspectivas do futuro. Afinal, a produção per capita da economia americana está 35% mais alta do que era há 20 anos. Isso não é estagnação.

Mas os professores do MIT acabaram às voltas com perguntas impertinentes. Tais como: Se as coisas estão indo tão bem, por que não há empregos suficientes para todos? E por que a renda da família típica não está subindo mais rápido? (Em parte porque os avanços da medicina, o ar mais limpo, a segurança de poder falar no celular com seu filho adolescente às 3 da manhã são coisas que não aparecem nos contracheques. Mas isso não é tudo.)

Assim, eles mudaram de foco. Seu argumento agora é: O ritmo da inovação tecnológica não diminuiu. Na verdade, se acelerou. "O ritmo acelerou tanto que deixou um monte de gente para trás. Em suma, muitos trabalhadores estão perdendo a corrida contra a máquina", escrevem eles em "Race Against the Machine" ("Corrida Contra a Máquina").

Isso lembra "Player Piano", romance de Kurt Vonnegut de 1952: as máquinas fazem o trabalho e um órgão do governo, o Corpo de Reconstrução e Recuperação, proporciona trabalho para os despossuídos.

Será que dois otimistas tecnológicos do MIT agora acham que Kurt Vonnegut simplesmente chegou 60 anos mais cedo? Que os computadores estão prestes a deixar todos nós, exceto alguns, desempregados? Nada disso.

É possível, como Cowen argumenta, que todas as grandes invenções já foram feitas, que o período 1800-2000 foi único na história humana e que os EUA vão deslanchar a partir daqui, enquanto a China e a Índia correm atrás para alcançar.

Mas Brynolfsson não pensa assim: "Os computadores já são milhares de vezes mais poderosos do que eram há 30 anos, e todas as evidências sugerem que esse ritmo vai continuar por pelo menos mais uma década, e provavelmente mais". A internet é de fato tão potente como a máquina a vapor ou a eletricidade. Os seres humanos ainda estão tentando descobrir como aproveitar todo o potencial do computador.

Sendo assim, por que tanto sofrimento? Tal como acontece com outras doenças crônicas, há mais de uma causa. A tecnologia está deixando alguns americanos desempregados mais rápido do que está criando novos empregos. Os salários dos que estão aproveitando a onda da tecnologia estão subindo constantemente em relação aos salários dos demais. As pessoas não conseguem mudar com a mesma rapidez da tecnologia e das demandas dos empregadores. Nossas escolas também não estão mudando depressa o suficiente.

Ao mesmo tempo, a tecnologia e a globalização estão criando condições em que as superestrelas da música, do esporte, do direito, das finanças, etc., estão ganhando fortunas. Ser o número 1 é cada vez mais lucrativo do que ser o número 10. E, acima de tudo, o capital tem se beneficiado – muito mais do que os trabalhadores – dos avanços na tecnologia e na produtividade.

"No momento, a própria rapidez dessas mudanças está nos prejudicando e nos trazendo problemas difíceis de resolver. Estamos sendo atingidos por uma nova doença (...) o desemprego, pois nossa descoberta de meios de economizar o uso da mão de obra supera o ritmo em que podemos encontrar novos usos para a mão de obra. Mas este é apenas um período temporário de desajuste (...) O padrão de vida nos países progressistas daqui a 100 anos será entre quatro e oito vezes mais alto do que é hoje."

Isso foi escrito por John Maynard Keynes. Em 1930.

ÍNDIA É UM PESADELO PARA EMPREENDEDORES


Clicar para ampliar

AMOL SHARMA de Mysore, Índia – WALL STREET JOURNAL

Vishwaprasad Alva diz que o problema mais frustrante que encontrou ao se tornar um empreendedor na Índia foram as quadrilhas que agrediam os funcionários de sua fábrica.

Elas "jogavam pedras nos trabalhadores, batiam no supervisor", diz Alva, cuja empresa produz máquinas de raio X. "Perdemos um ano e meio com isso."

É difícil ser um empreendedor em qualquer lugar do mundo, mas a Índia apresenta obstáculos especiais — uma burocracia onerosa, estradas e redes de energia decrépitas, pressões culturais que penalizam a tomada de risco e corrupção. Alva diz os bandidos exigiam dinheiro para ir embora. E ele não queria pagar.

O empreendedorismo é vital para a Índia, um país de 1,2 bilhão de pessoas que tenta reduzir a pobreza através do crescimento econômico. Pequenas e médias empresas são os maiores empregadores não-agrícolas e são responsáveis por 45% da produção industrial, segundo dados do governo e de um estudo da PricewaterhouseCoopers e da Confederação da Indústria Indiana publicado no mês passado. As pequenas empresas têm adicionado cerca de 3,3 milhões de empregos por ano — o que não é o suficiente para acomodar as cerca de 13 milhões de pessoas que entram no mercado de trabalho indiano anualmente.

A Índia é um dos piores países do mundo no incentivo a empresários. Na categoria sobre a facilidade de abrir um negócio, a Índia é o número 166 numa lista de 183 países, na frente de Angola, de acordo com dados do Banco Mundial lançados recentemente. Apenas um país, o Timor-Leste, é pior no cumprimento de contratos.

No geral, as empresas indianas ainda estão concentradas em conglomerados bem-conectados formados há várias gerações. Um pequeno grupo de indianos controla 80% do mercado de ações de capitalização e as grandes empresas têm um acesso privilegiado às terras e contratos com o governo, de acordo com um relatório do Banco Asiático de Desenvolvimento de 2009.

Alva, o empresário de raio X, diz que funcionários do governo pediram subornos para tudo — desde acelerar a autorização para abrir um negócio até para resolver o que ele chama de falsa alegação de trabalho infantil.

Não foi possível verificar suas alegações. Alva diz que as tentativas de extorsão aconteceram verbalmente, portanto não há nada escrito.

Suas afirmações, no entanto, seguem um padrão. Cerca de 80% dos empresários indianos dizem que a corrupção está piorando, de acordo com uma nova pesquisa do Instituto Legatum, um centro de estudos de Londres.

Alva enfrentou outros desafios além de bandidos. Um banco aprovou um empréstimo de US$ 1,3 milhão, mas reteve a maior parte do dinheiro durante meses, por causa das alegações contra Alva. Devido à falta de fundos, Alva diz que fez empréstimos com agiotas a juros anuais de até 48%.

Veerappa Molly, ministro para Assuntos Corporativos da Índia, reconhece que os regulamentos indianos são voltados para conglomerados. "Há uma tendência de cuidar só dos problemas das grandes empresas", diz Molly, acrescentando que pretende reduzir a burocracia tornando mais fácil o registro de novos negócios.

Atualmente, por exemplo, pode demorar semanas só para aprovar o nome de uma empresa nova, em parte porque as autoridades devem se certificar de que o nome tenha algo a ver com o produto. Este ano, uma empresa de jogos para celular que desejava se chamar Kratos, como o deus grego da força, foi rejeitada porque seu produto não tinha nada a ver com mitologia, de acordo com um executivo da empresa.

Depois a empresa escolheu o nome Arkanea, inspirado num dos planetas do filme "Star Wars". Desta vez, o governo disse que sim. O ministério não respondeu a um pedido de comentário.

Empresários também enfrentam obstáculos sociais numa sociedade que tende a repelir a tomada de riscos. Sidhartha Bhimania, um engenheiro químico de 28 anos de idade, que fundou EnNatura, uma fábrica de tintas ecológicas perto de Nova Delhi, tem procurado uma noiva através de um casamento tradicional arranjado. Ele diz que sogros em potencial não gostam de sua carreira.

"Você pode garantir que terá sucesso?", um pai perguntou a ele recentemente.

Bhimania não pôde garantir. "O fracasso é temido e desaprovado", diz ele.

As empresas iniciantes podem fracassar por causa de problemas básicos, segundo o que Alva, 44 anos, aprendeu com sua empresa de raios-X, a Skanray Technologies. Nascido no sul do Estado de Karnataka, Alva estudou engenharia e conseguiu um emprego em 1999 numa unidade de raio X da General Electric Co., na cidade de Bangalore. Depois de trabalhar na GE em Milwaukee, nos Estados Unidos, ele voltou em 2007 para sua cidade natal de Mangalore, na costa ocidental da Índia.

Lá, teve a idéia de produzir dispositivos médicos de alta qualidade a preços mais acessíveis. A necessidade era clara. Três quartos dos equipamentos médicos indianos são importados e muito caros para clínicas em cidades menores ou em áreas rurais, de acordo com um relatório da consultoria Deloitte publicado no ano passado.

Alva decidiu se estabelecer na cidade vizinha de Mysore, que tem 800.000 habitantes. Seu objetivo era abrir uma fábrica em meados de 2008. Em março de 2007, ele apresentou seus planos a uma agência estatal que aprova propostas de investimentos.

Chamada Karnataka Udyog Mitra, a agência é geralmente considerada acima da média para novos empreendimentos. Mas ela se recusou a aceitar o pedido quatro vezes por causa de tecnicalidades — uma delas porque Alva descreveu sua fábrica em pés em vez de metros quadrados. A aprovação levou cerca de um ano.

Um funcionário da agência não respondeu a um pedido de entrevista.

Alva diz que viajou várias vezes para a capital, Bangalore, para reclamar com o ministro da Indústria do Estado, Katta Subramanya Naidu. Em sua terceira visita, segundo Alva, o assistente de Naidu indicou que pagar uma taxa especial iria acelerar as coisas.

Alva viu a sugestão como um pedido de suborno. Ele diz que gritou ao oficial, "que jogo é esse você está jogando?"

Naidu não é mais o ministro da Indústria do Estado de Karnataka. Ele foi preso no início deste ano sob acusação de alocação de terras para empresas em troca de propinas em casos não relacionados a Skanray. Ele está em prisão preventiva aguardando julgamento.

Naidu negou irregularidades e seu advogado não quis comentar. Um porta-voz para o atual ministro da Indústria também não quis comentar o assunto.

Em julho de 2010, quase dois anos depois do planejado, Skanray abriu sua fábrica. O escritório, num edifício de vidro de três andares e 80.000 metros quadrados, com ginásio e refeitório, dá a sensação de estar num ambiente de trabalho urbano americano, mesmo com os rebanhos de cabras pastando do lado de fora.

Alva sente que já contornou a pior fase. Ele não quis comentar seu faturamento, mas diz que tem cerca de US$ 3 milhões em encomendas. Suas máquinas de raio X dental de US$ 2.500 custam cerca de metade das importadas. Seu objetivo é chegar a US$ 30 milhões em vendas em três anos.

Mas ele precisa de novos financiamentos — e não será fácil.

Em dezembro do ano passado, o representante de uma empresa de capital de risco apoiada pelo fundador da eBay Inc., Pierre Omidyar, abordou Alva. O investidor, Jasjit Mangat, diz que ficou impressionado com a fábrica de Skanray. Mas depois de analisar melhor a empresa ficou sabendo da batalha sobre o terrenos, os acordos ruins que Alva foi abrigado a fazer com credores e as restrições impostas pelo investidor local.

Durante um almoço em Bangalore, Mangat relatou a Alva sua decisão. "Há boas razões para fechar negócio", disse. Mas, dada toda a bagagem da Skanray, "simplesmente não podemos seguir em frente".

(Colaboraram Krishna Pokharel e Jarrard Cole.)

Papua: NOT ANOTHER EAST TIMOR OR ACEH, PLEASE




Aboeprijadi Santoso, Amsterdam – Jakarta Post

A dialogue initiated by Jakarta has recently been followed up by massive strikes at the Freeport gold mining site and third Papuan People’s Congress on the rights of the people and the future of Papua. The violence that erupted amid all these, however, is rooted elsewhere — not in Papua.

Papua may be viewed to have been the result of a series of historic fait accompli.

First, it was incorporated into the colonial edifice of Dutch-Indies only in the early last century. Next, it was put under the sovereignty of independent Indonesia, but this only materialized much later than the other parts of the republic.

As a result, like East Timor, Papua was not part of the processes of Indonesia’s nation-building when this reached its height from the 1940s to 1960s.

Lastly, Soeharto’s 30-year militarized state, which was the first to put Papua under Jakarta’s effective control since 1969, was more interested in its economic potential than its impoverished and denigrated people, which made Papua, like Aceh, grow alienated vis-à-vis the central government.

The combination of these faits accomplis has made Papua uniquely different to both East Timor and Aceh. But Papua is now being treated in the same way East Timor and Aceh were during the times of conflict in those regions.

Let’s briefly review the cases. By the late 1990s it was obvious people in Aceh, in towns and the countryside, were harboring resentment toward the central administration, the Mobile Police Brigade and military.

It was similar in East Timor, whose people went through even more painful episodes that resembled Saddam’s “Republic of Fear”.

It took more than two decades for the East Timor conflicts to be resolved and its people to be freed as Soeharto’s regime began to crumble and pushed president B.J. Habibie to offer plebiscite.

At the same time, though, the reformasi helped the Aceh revolt get massive popular support.

At this crucial juncture, we thus “lost” East Timor just as we, with Aceh rebellion at its peak, felt the threat of disintegration.

This resulted in state-nationalism, which desperately defends the old nationhood, facing a few local nationalisms.

As a consequence, despite the drive toward democracy, we either blame our new spring and openness, or strengthen a “blind” nationalism in efforts to maintain the unitary state (NKRI), or both.

The consequences of this can now be seen in Papua as Indonesia becomes “a democracy minus Papua”. Papua thus turns into an anomaly: a “sick man” to be healed, from Jakarta’s perspective, by its classic formula that we used to deal with East Timor and Aceh: “NKRI Harga Mati!”

This state rhetoric means that the “unitary state” has yet again become the deadly bottom line that justifies any means, including violence, to keep Indonesia “united”.

We thus tend to ignore that ongoing violence, no matter how excessive, as the cases of East Timor and Aceh demonstrated, would only breed growing local hatred, which in turn threatens state unity and hurts the existing nationhood.

It is important here to recall that our Founding Fathers’ dream of a unitary state was based on the 1928 Youth Pledge and the principles of, to borrow Sukarno’s phrase, “nationalism within the garden of humanity”. Hence, they called for persatoean Indonesia — a current parlance rather than a doctrine.

By contrast, NKRI has in effect become a slogan-turned-operational doctrine ever since the New Order invented it in an effort to impose a centralized state by using the concept of kesatuan (unit, in a military sense). The militarily inspired doctrine thus becomes a popular discourse that takes the violence-prone phrase “NKRI Harga Mati!” for granted.

One wonders indeed whether this state discourse and method to call for unity can be reconciled with our Constitution that acknowledges the right of every nation and calls to respect its dignity.

While the New Order’s state-building thus expanded at the expense of nation-building, its legacy put our democratic experiment to a serious test. Indeed, it contributed little to the resolution of conflict on East Timor — which we left with a bloody mayhem (1999) — and Aceh, where the war didn’t end until peace was signed (2005).

In the end, it was the foreign mediating role — the United Nations for East Timor and Helsinki peace makers for Aceh — that actually ended the war. It was not the tsunami, which accelerated rather than motivated peace at the latest minutes, but the military stagnation on the ground, the dignity bestowed upon the warring sides, and Jakarta’s agreeing (even if reluctantly) to local party, that led to the Helsinki peace deal.

In short, no military solution would resolve the conflict. Lessons from Aceh peace may hopefully be useful as Jakarta now acts, if somewhat late, by sending a special team led by an Aceh war-veteran and peace delegation member, Lt. Gen. (ret.) Bambang Dharmono, to Papua.

However, Jakarta remains reluctant to involve foreign mediators. The fact that special autonomy has poured trillions of rupiah into Papua may have encouraged not only the growth of a local elite and corruption, but possibly also has empowered local resistance.

Papua needs “a [Jakarta] leader who we can trust,” the late Papua leader Theys Hiyo Eluay, referring to president Abdurrahman “Gus Dur” Wahid, insisted when I met him in 2001.

Whoever would negotiate with Papuans will have to be open, honest and ready to discuss the past methods by which former West New Guinea (West Irian) was incorporated into the republic, which has been Papua’s universal demand ever since the second Papua People Congress in 2000.

No autonomy, no matter how many trillions of rupiah it provides, will recover Papua’s dignity as long as Jakarta refuses to discuss the legitimacy of the genesis of the United Nations-held 1969 plebiscite.

In short, no more “East Timor” and “Aceh” methods can be used to deal with Papua.

*The writer is a journalist. He covered East Timor and Aceh throughout the 1990s and 2000s for Radio Netherlands

Related News >>

Desenvolvimento: GOVERNO BRASILEIRO COLOCA EM DÚVIDA DADOS DO ÍNDICE DA ONU




RTP

O Presidente brasileiro em exercício, Michel Temer, afirmou que "como brasileiro" vê um "equívoco" nos dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgados pelas Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento (PNUD), na quarta-feira.

"Sem questionar eventuais critérios científicos, eu aqui, como brasileiro, eu vejo que algum equívoco deve haver nessa avaliação", afirmou Michel Temer, em declarações à imprensa, divulgadas pelo sítio oficial da Presidência.

"De qualquer maneira, houve um pequeno aumento, um ponto que significa aumento e não diminuição. Mas, em segundo lugar, e eu não quero colocar em dúvida os critérios que foram utilizados, mas a realidade a que nós assistimos e vemos aqui, no Brasil, é que a desigualdade diminuiu", acrescentou Temer, que exerce a presidência na ausência de Dilma Rousseff, que está a participar na cimeira do G-20, em Cannes, França.

O Brasil ocupa a 84ª posição num ranking de 187 países, o que supõe que avançou apenas uma posição em relação ao ano passado, quando havia ficado em 85.º lugar.

O PNUD, no entanto, destaca que os dados não são comparáveis, pelo facto de terem utilizado fontes diferentes de informação e pela inclusão de novos países na lista dos avaliados.

A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, também falou sobre o índice na quinta-feira, argumentando que a instituição utilizou dados até 2006, o que não permite que os avanços mais recentes alcançados pelo país em termos de desigualdade sejam refletidos na classificação.

"Preocupa-nos que o relatório trate do IPM [Índice de Pobreza Multidimensional] com indicadores de 2006, porque é exatamente a partir de 2006 que o Brasil avançou num conjunto de elementos. A partir de 2007 é que se incorporou uma parcela muito grande da população no Bolsa Família (programa de assistência aos mais pobres)", ressaltou a ministra, citada pela Agência Brasil.

De acordo com a imprensa brasileira, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá ficado "irritadíssimo" com o resultado. O ex-chefe de Estado acredita que as políticas sociais realizadas no país e a melhoria de vida de alguns setores da classe mais baixa deveriam ter refletido um melhor desempenho do Brasil no ranking elaborado pelo PNUD.

PM diz que censos são importantes para que comunidades contribuam para o desenvolvimento




MSE - LUSA

Díli, 04 nov (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse hoje, na apresentação oficial dos Censos "Fo Fila Fali", que estes resultados são importantes para que as comunidades possam contribuir para o desenvolvimento.

"Estamos portanto a devolver ao nosso Povo os resultados preciosos que foram obtidos, num formato simples e fácil de entender, para que as próprias comunidades se possam conhecer melhor e contribuir para o seu desenvolvimento", disse Xanana Gusmão.

Segundo o primeiro-ministro timorense, até ao final do ano os líderes locais vão ter "oportunidade de aprender mais sobre a situação real dos seus sucos (conjuntos de aldeias) e sobre como estabelecer e atingir alvos de desenvolvimento a nível local".

"Um plano a nível nacional não fará sentido se não tiver em conta o envolvimento do poder local e se não tiver a participação ativa de todos os timorenses", afirmou.

Os censos Fo Fila Fali incluem todos os indicadores sobre cada suco do país, desde o nível de escolaridade até ao desenvolvimento agrícola.

"Um Governo que não conhece a sua população é um Governo que não conhece a nação que está a governar e, portanto, meio caminho andado para o fracasso", afirmou Xanana Gusmão.

Segundo o primeiro-ministro timorense, com base nos censos hoje apresentados, o Governo vai conseguir "implementar melhores políticas em prol do povo".

"Só capturando um retrato real e objetivo da população que reside em Timor-Leste e conhecendo as condições em que vive é que se pode planear e intervir de forma responsável, sem partir de pressupostos errados, para permitir a melhoria das condições de vida dos timorenses", salientou.

O Plano Estratégico de Desenvolvimento apresentado em julho pelo Governo teve como base os resultados dos Censos de forma a definir as políticas e programas necessários ao desenvolvimento nacional.

O programa, que abrange um período de 20 anos, está dividido em três setores chave para o desenvolvimento: capital social, infraestruturas e desenvolvimento económico.

Os principais resultados dos Censos 2010 foram divulgados em julho e indicaram um aumento populacional e do desemprego, bem como de uma rápida migração para a capital.

Os Censos 2010 revelaram igualmente que os timorenses têm mais acesso à eletricidade, televisão e telemóvel e que o analfabetismo diminuiu.

Segundo o documento, a população de Timor-Leste aumentou 15 por cento em relação a 2004 (data dos últimos censos feitos no país), sendo atualmente de 1.066.582 habitantes.

TIMOR-LESTE REGISTA PROGRESSO




TIMOR DIGITAL

Relatório Global do Desenvolvimento Humano

Díli – O Relatório Global do Desenvolvimento Humano de 2011 «Sustentabilidade e Equidade: Um Melhor Futuro Para Todos», mostra o crescimento e progresso do país.

O relatório, lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, em Copenhaga, esta quarta-feira, 2 de Novembro, pretende criar um valor que represente o desenvolvimento em três categorias básicas de desenvolvimento humano: Uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um padrão de vida decente.

O documento mostra que Timor-Leste aumentou o seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para 0,495 pontos, o que corresponde a um aumento de 22% entre 2001 e 2011, destacando um período de sustentabilidade e crescimento positivo.

De acordo com o relatório, também a Esperança Média de Vida aumentou. Hoje um cidadão timorense vai viver, em média, 6,3 anos mais do que em 2000, passando de 56,2 anos, em 2000, para 62,5 em 2011.

O Índice de Desenvolvimento Humano baseia-se em estatísticas independentes compiladas por instituições internacionais como o Banco Mundial e a UNESCO, em áreas principais da expectativa de vida nacional como a escolaridade, o Produto Nacional Bruto per capita e, em seguida, calcula o valor total do ano, que é usado para classificar os países.

O relatório deste ano adverte para o facto de o progresso e desenvolvimento dos países mais pobres do mundo estar em risco, mesmo em meados de século, a menos que sejam tomadas medidas para diminuir as mudanças climáticas e prevenir danos ambientais, bem como reduzir a profundidade e as desigualdades dentro e entre as nações.

No relatório de 2011, 18 países foram adicionados e o método de cálculo de indicadores tem mudado conforme novos dados se tornaram disponíveis.

De acordo com esta metodologia actualizada, o PNB per capita, em Timor-Leste, continuou a crescer constantemente, chegando aos 3.005 dólares USD, em 2011, sendo que era de 2.867 dólares USD em 2010.

Timor-Leste está colocado nos 147 primeiros, de um total de 187 países, enquanto estava classificado na 120ª posição de um ranking correspondente a 169 países, no relatório de 2010.

A tendência de longo prazo para Timor-Leste tem sido positiva, desde a restauração da Independência.

(c) PNN Portuguese News Network

Mais lidas da semana