quarta-feira, 1 de junho de 2011

DEPUTADOS TIMORENSES VIAJAM PARA A EUROPA SEM JUSTIFICAÇÃO




SAPO TL

Os deputados da Fretilin continuam a pedir explicações às principais figuras do Parlamento timorense, incluindo ao Presidente do Parlamento, Fernando Lasama de Araújo, sobre as visitas recentes de quatro membros da instituição a França e à Finlândia, informa a agência PNN.

«Pedi ao Presidente do Parlamento que clarificasse a visita dos deputados em causa porque o próprio Presidente decidiu cancelar a sua viagem e o público entendeu a sua decisão. Todavia os deputados em causa decidiram efectuar a viagem na mesma», declarou o líder parlamentar da Fretilin, Francisco Branco esta segunda-feira.

De acordo com o político, a atitude dos quatro deputados em causa não é apropriada, atendendo à atitude do próprio Presidente do Parlamento.

Segundo a agência PNN, Francisco Jerónimo, uma das figuras envolvidas na viagem, deputado da Fretilin, respondeu a Francisco Branco, afirmando que viajou porque foi convidado pelo Executivo para o fazer.

Segundo o parlamentar, antes da viagem, este pedira autorização para se ausentar dos trabalhos parlamentares, tendo-lhe sido dada a devida dispensa.

SAPO TL com PNN Portuguese News Network

PRESIDENTE DE TIMOR LESTE CONDECORA BRIGADA DE ALFABETIZADORES CUBANOS




GRANMA

DILI — Na parada cívica e desfile militar efetuados em 20 de maio, no Palácio do Governo desta capital, com motivo do 9º aniversário da restauração da independência de Timor-Leste, o presidente dessa nação, José Ramos Horta, entregou ao professor Jorge Salvador López, chefe da Brigada de Alfabetização cubana, a medalha Ordem de Timor-Leste e o certificado que a acredita, na presença dos coordenadores distritais da brigada no país todo.

No ato oficial, o chefe do departamento internacional da Presidência da República, José Turquel, leu os argumentos para a condecoração, ressaltando o início da campanha, em 2006 e a formação, até o momento, de 116 764 cidadãos, 50,58%, dos que estavam inscritos no início da mesma.

Ainda, destacou a declaração do distrito de Oecu-sse e da ilha de Atauro, Livres de Analfabetos no ano passado, condição que, aliás, receberão, em 3 de junho, os distritos de Manatuto, Manufahi e Lauten.

No empolgante ato, o presidente Ramos Horta, também Prêmio Nobel da Paz, proferiu um discurso dirigido, sobretudo, a ressaltar os avanços na saúde e no ensino, destacando os grandes desafios nesses campos e a luta contra a pobreza. (Embacuba-Timor Leste)

RAÚL CASTRO SE REÚNE COM LULA





O presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, general-de-exército Raúl Castro Ruz teve, na tarde da terça-feira, 31 de maio, um encontro de trabalho com o Ex.mo sr. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República Federativa do Brasil, que visita nosso país.

Durante o cordial intercâmbio, ambos os líderes mostraram satisfação pelo excelente estado das relações entre as duas nações e dialogaram sobre diversos temas da atualidade internacional.

Participaram do encontro também o embaixador brasileiro em Havana, José Eduardo Martins, os ministros cubanos de Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, e de Comércio Exterior, Rodrigo Malmierca, e os assessores, os ex-ministros brasileiros José Dirceu e Franklin Martins.

BLATTER INICIA MANDATO COM FIFA EM CRISE E PROMETE REFORMAS




PABLO SAN RÓMAN – AFP

ZURIQUE, Suíça — O suíço Joseph Blatter foi confirmado na Presidência da Fifa esta quarta-feira, em Zurique, e iniciou seu quarto mandato, após eleições marcadas por diversos escândalos.

Ele foi reeleito durante o 61º congresso da entidade, no qual recebeu 186 votos, sendo que 203 das 208 federações associadas à Fifa participaram da votação.

O suíço foi o único candidato da eleição após a desistência do seu rival, o qatari Mohamed Bin Hammam, presidente da Confederação Asiática, que retirou sua candidatura horas antes de ser suspenso pelo comitê de ética da Fifa enquanto está sendo investigado por suspeitas de corrupção.

Antes de a votação ser realizada, Blatter teve que enfrentar uma moção apresentada por David Bernstein, presidente da Federação Inglesa, que pediu o adiamento da eleição para dar mais credibilidade ao processo e permitir a candidatura de um dirigente comprometido com a reforma da entidade.

A proposta britânica foi rejeitada por 172 votos contrários ao adiamento e 17 favoráveis, e Bernstein foi duramente criticado por outros dirigentes do futebol mundial. Entre eles, o argentino Julio Grondona: "Estamos buscando soluções fora do lugar e sempre vem do mesmo lado, da Inglaterra".

Após ter sido reeleito, Blatter agradeceu pela "confiança" dos representantes das federações nacionais. "Fico feliz ao ver que somos capazes de restabelecer a solidariedade e a unidade que nos permitiram seguir adiante com uma atitude positiva".

A primeira proposta de reforma do quarto mandato do suíço foi aprovada logo em seguida pelos representantes das federações nacionais. De acordo com esta nova medida, o congresso da Fifa será responsável pela atribuição das Copas do Mundo, no lugar do comitê executivo.

Dessa forma, a escolha da sede da Copa do Mundo será feita não apenas por 24 pessoas (os membros do comitê executivo), mas por 208 (os representantes das 208 federações nacionais). Acusações de corrupção de membros do comitê executivo relacionadas à atribuição da Copa de 2018 à Russia e a de 2002 ao Qatar foram um dos motivos da grave crise que a Fifa vive neste período de eleição presidencial.

Theo Zwanziger, presidente da Federação Alemã sugeriu que o modo como o Qatar foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2022 seja reavaliado. "Existem muitas suspeitas, portanto considero que precisamos reexaminar a forma com o qual foi atribuída esta Copa do Mundo, levando em conta estas preocupações", disse Zwanziger.

Blatter, que chegou ao comando da Fifa em 1998, poderá se tornar o terceiro presidente a permanecer por mais tempo no cargo. Jules Rimet, inventor da Copa do Mundo ficou por 33 anos (1921-1954); e o brasileiro João Havelange, por 24 (de 1974 até 1998).

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Futebol: Novo presidente da Confederação Asiática quer recuperar estabilidade associativa




JCS - LUSA

Pequim, 01 jun (Lusa) -- O novo presidente da Confederação Asiática de Futebol, o chinês Zhang Jilong, assinalou hoje que a sua prioridade à frente do organismo será "manter a associação estável" depois do caos instalado com o antigo presidente acusado de corrupção.

Zhang Jilong, eleito terça-feira, destacou que nas circunstâncias atuais "é importante unir todos os membros da Ásia e promover o desporto ao mais alto nível", disse em declarações divulgadas pela agência oficial chinesa Xinhua.

O mesmo responsável acrescentou que em breve desloca-se a Kuala Lumpur, na Malásia, à sede da Confederação, para dialogar com os membros que participam no congresso da FIFA, afetado pelas acusações de corrupção e lutas de poder.

O anterior presidente da Confederação Asiática de Futebol, Mohamed bin Hammam, do Qatar, e cuja influência foi decisiva para que o país conquistasse a organização do Mundial de 2022, está acusado de ter pago subornos em troca de votos para a sua candidatura à presidência da FIFA e foi suspenso a 29 de maio dos seus cargos enquanto decorrem as investigações.

"FÁBRICA DE BEBÉS" DESMANTELADA NA NIGÉRIA





A polícia nigeriana realizou um ataque contra um edifício no qual adolescentes eram obrigadas a ter bebés para venda, informou, esta quarta-feira, fonte oficial.

"Invadimos as instalações da Fundação da Cruz, em Aba, há três dias, após informações relativas a mulheres grávidas, entre os 15 e os 17 anos, forçadas a ter filhos para o proprietário", indicou, à France Presse, Bala Hassan, responsável da polícia no Estado de Abia, no sudeste da Nigéria.

"Salvámos 32 raparigas grávidas e detivemos o proprietário que está a ser interrogado", disse, adiantando que testemunhas acusaram o suspeito de "vender os bebés a pessoas que os podem usar em rituais ou para outros fins".

Algumas adolescentes indicaram à polícia que lhes foi proposta a compra do futuro bebé por 25 mil ou 30 mil nairas (110 ou 130 euros). As crianças eram revendidas a 300 mil ou um milhão de nairas, segundo a agência nacional de luta contra o tráfico de seres humanos (NAPTIP).

As adolescentes deviam ser transferidas hoje para os escritórios regionais daquela agência em Enugu, segundo o director local da NAPTIP, Ijeoma Okoronkwo.

O proprietário arrisca até 14 anos de prisão se for condenado.

Em 2008, a polícia revelou uma alegada rede de estabelecimentos conhecida como "fábrica de bebés" ou "criação de bebés".

Segundo a UNESCO, o tráfico de seres humanos é o terceiro crime mais frequente na Nigéria, a seguir às fraudes económicas e ao tráfico de droga.

A DEMOCRACIA EM ANGOLA, UMA ILUSÃO





“Neste artigo, Newman debate a convençaõ de chamarmos o governo angolano de uma democracia, pois isso não passa de uma falácia político e partidária. O que há em Angola é uma impunidade que é aprovada pelas instâncias políticas tanto nacionais quanto internacionais, gerando aquilo que o autor denomina de endocolonialismo. O povo angolano continua sofrendo, pois, com a ditadura de Eduardo dos Santos e a conveniência de seus partidários”

A ditadura de JES/MPLA não pode continuar a ser disfarçada de “democracia” eternamente com a impunidade interna e internacional de que vem gozando sob pena de estar-se assim a engendrar turbulência com que, mais dia menos dia, as cidadãs e cidadãos, reagirão a esse regime. A percepção realista pelo povo das circunstancias políticas que nos vêm sendo impostas como sendo as dum endocolonialismo já é mais abrangente do que parece e ou o regime quer fazer parecer. É essa percepção realista da situação o que vai operar a mudança qualitativa na atitude das cidadãs e cidadãos, e que já é o processo que á está a gerar a democracia em luta contra a “democracia” de JES/MPLA. Nota do angolaresistente

De passagem em Luanda, há duas semanas, tive a possibilidade de encontrar o meu amigo Kibuba, antigo membro da ODP, um homem clarividente com uma grande capacidade de análise. Enquanto falávamos da situação política do nosso país, o meu amigo fez-me uma confidência.Segundo ele, “explicar não é justificar” e que qualquer comportamento, tão incôngruo que seja, tem sempre uma explicação. Mas, acrescentou, explicar um comportamento não o justifica para tanto.

Queria fazer referência às explicações fornecidas pelo camarada Presidente da republíca a respeito da pobreza e das suas contas nos bancos estrangeiros. Esta afirmação do meu kamba Kibuba, que qualquer pessoa de bom senso é suposta compreender, interpelou a minha inteligência ao ponto de interrogar-me sobre a maneira como a democracia é construída no nosso país.

Esforços, embora tímidos, são fornecidos pela classe política para conceder ao povo a possibilidade de exercer plenamente a sua soberania, mas ao visto dos resultados, não são suficientes para responder às esperas da população. Então, pergunto-me porque os movimentos de liberação que se converteram em partidos políticos têm problemas com a democracia quando estâo no poder?

A minha interrogação não se limita apenas à Angola. Na maioria dos países africanos cujos povos foram libertados do colonialismo ou de qualquer ditadura pela força das armas, a situação é similar. Observamos que o movimento de libertação libera o povo e, imediatamente, sem consultar este mesmo povo, toma o lugar do antigo mestre e todos privilégios esquecendo as razôes que motivaram a sua luta.

No início, na euforia da libertação, o povo não faz muito atenção ao comportamento dos novos mestres. É subjugado pelo acto patriótico realizado pelos libertadores. É após muitos anos que começa a notar as semelhanças com o antigo mestre. Então pergunta-se se não valeu a pena permanecer com os antigos mestres.

O meu amigo Kibuba, aquele kota clarividente, explica esta atitude pelo fato que os movimentos de liberação, qualquer que seja a sua natureza, não têm, na maioria dos casos, uma cultura da democracia. Pelo seu funcionamento, são estruturas submetidas a um certo rigor. O chefe não tolera nenhuma contestação e o debate não tem espaço dentro do movimento de liberação. Quando chegam ao poder após vários anos de uma vida de clandestinadade, são incapazes mudar, evoluir.

Permanecem, por razões que lhes estão próprias, fechados muito tempo, numa lógica de predominância. São eles os libertadores. Sacrificaram a sua juventude, consentiram sacrifícios de modo que o país acedesse à independência. É normal, de acordo com a sua lógica, que o poder seja a sua recompensa. Então, arrogam-se o direito de vida e de morte sobre o resto da população.

Mas dado que a opinião internacional vigia, procuram dar a impressão que são democratas, organizando, ocasionalmente, congressos que não trazem nada de novo, eleições que são sempre fraudulentas ou fazem reformas que beneficiam apenas à eles mesmos.

O Zanu no Zimbabwe, o Mpla em Angola, o Afdl em Rdc, o Fpr no Ruanda ou o Mpo no Uganda são exemplos entre outros que ilustram as explicações do meu kamba Kibuba. Nestes países dirigidos por movimentos de liberação que converteram-se em partidos políticos, o chefe acredita ser investido de um poder de Deus. Ele é imutável. Se for necessário, confecciona-se uma constituição à sua medida. É ele, o libertador.

Em Angola, 20 anos após as primeiras eleições legislativas, o Mpla continua a comportar-se, perante o seu povo, como um movimento de liberação. Uma atitude que ainda se reforçou com a sua vitória sobre as forças da Unita em 2002. Para os camaradas, o povo angolano é endividado ao Mpla. Uma eventual mudança de comportamento só será possível quando a geraçâo daqueles que estiveram no mato durante a luta de libertaçâo desaparecer.

Do vosso ponto de vista, achais que as explicações do meu kamba Kibuba justificam o comportamento do partido governante em Angola?

Fonte: http://www.pambazuka.org

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TENSÃO POLÍTICA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE




Eleições presidenciais
lançam tensão entre a liderança do Governo e a liderança do poder local de Mé-Zochi


A tensão entre os dois líderes, ambos membros da direcção da ADI, poderá explodir a qualquer momento. Para já a história da tensão por causa das eleições presidenciais é contada nos bastidores. Dados fiáveis da contenda política, já chegaram a redacção do Téla Nón.

Foi exactamente em Mé-Zochi, o segundo distrito mais populoso do país, e bastante determinante nos actos eleitorais a nível nacional, onde parte importante dos militantes da ADI, terá travado segundo fonte do partido, as pretensões do líder e Primeiro-ministro Patrice Trovoada de também ser candidato às eleições presidenciais.

A reunião azeda que aconteceu numa das instalações da antiga roça Piedade, foi relatada ponto a ponto, ao Téla Nón. Foi apenas a ponta do iceberg de uma divergência no seio da ADI, por causa das eleições presidenciais, e que agora tende a assumir proporções de contenda com muita tensão a volta.

O Téla Nón recebeu dados fiáveis, que relatam tensão latente entre o Presidente da Autarquia de Mé-Zochi Nelson Carvalho que conta com o apoio de alguns vereadores da referida autarquia e o Primeiro-ministro Patrice Trovoada Presidente da ADI, o partido que dirige a Câmara de Mé-zochi.

Tudo por causa das eleições Presidenciais de 17 de Julho próximo. Segundo a fonte que prestou declarações ao Téla Nón, parte dos membros do partido ADI na autarquia de Mé-Zochi, não está entusiasmada com a candidatura do vice-presidente do partido Evaristo de Carvalho ao cargo de Presidente da República. «Foi uma candidatura imposta pelo Presidente do partido. O conselho nacional não tomou qualquer decisão sobre esta candidatura», disse a fonte do Téla Nón, que é membro da direcção do partido e militante da ADI em Mé-Zochi.

O Téla Nón apurou que o clima é tão tenso, que o poder local de Mé-Zochi, não foi tido nem achado, pelo Primeiro-ministro Patrice Trovoada na recente visita que o Chefe do Governo fez a algumas localidades do distrito de Mé-Zochi, onde a população se debate com falta de água potável. «A câmara simplesmente foi ignorada», confessou a fonte.

Nelson Carvalho, Presidente da câmara de Mé-Zochi, que no passado foi militante activo da ADI junto a comunidade agrícola de Monte Macaco, também em Mé-Zochi, não foi convidado pelo Primeiro-ministro quando este visitou Monte Macaco dia seguinte após a primeira visita a outras localidades do distrito. Em Monte Macaco, Patrice Trovoada foi reafirmar a promessa de levar energia eléctrica a população local. «É mais um sintoma claro da tensão. O Primeiro-ministro está muito zangado com o Presidente da Câmara», confessou a fonte do Téla Nón.

O Téla Nón sabe que antes das eleições legislativas de Agosto de 2010, Nelson Carvalho, desempenhou papel importante no apoio a população de Monte Macaco, na luta pela conquista de água potável e energia eléctrica. Alguns artigos publicados na altura pelo jornal digital, comprovam as manifestações cíclicas que tiveram lugar em Monte Macaco, por causa da falta de água potável.

Junto a autarquia de Mé-Zochi, o Téla Nón apurou que por causa do pouco entusiasmo de alguns membros da câmara em apoiar o candidato da ADI, a liderança da autarquia já recebeu algumas advertências. Segundo a fonte do Téla Nón, as medidas retaliatórias em curso, poderão evoluir dando lugar em última instância a um possível golpe palaciano no poder local de Mé-Zochi, por via de uma hipotética votação da Assembleia Distrital, que é o órgão que elege o Presidente da Câmara. «ADI é maioritário na Assembleia Distrital. Mas uma parte dos membros está com o Presidente. A eles juntam-se os vereadores do MLSTP. Por isso não acreditamos que seja fácil derrubar o actual Presidente da Câmara», referiu a fonte do Téla Nón.

Mé-Zochi é um distrito histórico. Epicentro das verdadeiras MUDANÇAS, que já ocorreram em São Tomé e Príncipe. A sua importância estratégica nas eleições nacionais, está agora a ser jogada ao que tudo indica por vários actores políticos. Jogos políticos de alto nível estão a movimentar-se em Mé-Zochi.

Os dados chegados a redacção do Téla Nón, não deixam margens para dúvidas de que a liderança da ADI, está a perder controlo sobre alguns dos seus homens de confiança, que depois de Agosto de 2010, passaram a ser poder no distrito que tem Trindade, a antiga Vila Condenada, como capital distrital.
Abel Veiga

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Cabo Verde - Opinião: A criminalidade e insegurança têm aumentado de forma desenfreada*





Vimos a este púlpito exigir do Governo respostas concretas e eficazes para a criminalidade e insegurança urbana, que insiste grassar no nosso país e que têm aumentado duma forma desenfreada, a cada dia que passa.

Fazemo-lo em nome das famílias, particularmente das mães cabo-verdianas que já perderam filhos, para os cemitério ou para as cadeias do país, ou ainda, que de cada vez que ouvem notícias de alguma desgraça, se desesperam, por começarem a questionar se a vítima ou o autor não se trata de seu filho.

Os cabo-verdianos perguntam e têm direito de saber, por exemplo, quantos homicídios ocorreram no país, nos últimos cinco anos?

Desse universo qual a percentagem de jovens entre os 15 e os 25 anos, que foram vitima?

Em quantos desses casos, os autores foram descobertos, julgados ou condenados?

A violência urbana está a ser ditatorial, pois nem todas as vítimas são escolhidas, muito menos os locais e a hora que devem ocorrer.

Até dentro das nossas casas, nos encontramos na mira da criminalidade com a nossa família, todos os dias.

Quem não se recorda de, pelo menos, os três últimos homicídios ocorridos aqui em Achada Santo António, num raio de menos de quatrocentos metros desta casa Parlamentar, num espaço de dois meses, que ceifaram a vida a um jovem de 15 anos, a uma criança de apenas dois anos, sentada a tomar o pequeno-almoço, dentro da própria casa, ou ainda do último homicídio ocorrido em plena luz do dia, aos olhos de todos, a menos de cem metros duma esquadra policial?

A segurança é um bem básico e compete ao Estado garanti-la a todos nas sociedades. É um factor basilar de qualquer nação. É a forma das pessoas usufruírem do bem-estar que a sua sociedade tem de oferecer e de exercerem plenamente a sua liberdade como cidadãos, na paz, em ordem e com tranquilidade.

A problemática de segurança não se resolve com segurança comunitária e solidária, mas sim com politicas claras que tenham como bandeira, o combate, de facto, à criminalidade e à prevenção, e que os direitos humanos sejam fio condutor de toda e qualquer actuação policial.

Há um grande problema de segurança no país e isso nos tem prejudicado a todos e está a dilapidar o sector do turismo, sector esse, que o próprio Governo proclama que é o motor da economia nacional, mas teima em descurar um dos aspectos fundamentais do mesmo que é a segurança.

Assistimos a sucessivos aumentos orçamentais das instituições responsáveis pelo combate à criminalidade, mas em termos de resultados, deparamos com o aumento desenfreado da criminalidade.

Isto prova que a estratégia está errada, pois não tem havido uso eficiente dos recursos, nem eficácia na actuação das forças.

O foco está descontextualizado, a articulação é quase nula e a operacionalização está deficiente. Muito é exigido ao Estado nesta matéria, mas sem qualquer resposta eficaz!

Há necessidade de um esforço nacional, de uma mobilização ilha a ilha, bairro a bairro, para minimizarmos os efeitos nefastos que esta onda de insegurança está a provocar ao país.

Segurança é função básica do Governo. Ninguém quer a sociedade a tratar da segurança, ninguém quer milícias vigilantes, nem coisa parecida, nenhum Estado merece isso!

O MpD chama e continuará a chamar a atenção do Governo, que teima em fugir às suas responsabilidades!
Insegurança todos nós estamos a ver, já pagamos e estamos a pagar muito caro, dada à incapacidade e à incompetência do Governo nesta matéria!

Não podemos nos contentar com desculpas em como o índice de violência em Cabo Verde não se compara com o índice de violência vivido em outros países, nem devemos ficar calados, perante a falta de acções concretas do governo no combate à criminalidade que continua a aumentar em quase todos os centros urbanos no país.

Mais: todos sabemos também, como está a aumentar a criminalidade e a impunidade, por parte dos agentes policiais, pelo que seria impossível, fazermos esta abordagem com flores nas mãos!

Reprimimos todo e qualquer tipo de desvio de conduta dos polícias, principalmente dos que culminam em crime de homicídio, mas é bom lembrar as dificuldades que os policiais enfrentam no exercício das suas actividades, que tem levado a actuações à margem da lei de muitos agentes e desmotivação dos que são, sim, verdadeiros agentes e que se dedicam à sua nobre profissão dentro da legalidade e que têm sempre como fim último o garante da segurança pública e da paz social.

Sugerimos acções concretas em todos os níveis. Caso contrário, não haverá evolução no combate à criminalidade!

A título exemplificativo, se tivermos agentes com formação em artes marciais, este terá, de certeza, facilidades em imobilizar qualquer pessoa, sem necessidade de intervenção de quatro/cinco agentes, ou uso da força, bastonadas, coronhadas, bofetadas, etc.

Mas tudo isso, sem mencionar agressões perpetrados, por alguns agentes, dentro das próprias esquadras, e que se não forem tomadas medidas sérias e concretas, passarão a ser regra.

Nada justifica que uma pessoa presa e algemada, seja espancada de forma humilhante, isso, das vezes que não forem ajustes de contas!!!!!!

Os cabo-verdianos merecem sim, um corpo policial, cujos elementos sejam seleccionados duma forma criteriosa, com formação especializada e que tenham todos os meios necessários para sua plena actuação.

Há que tudo fazer e não se ficar, como tendo sido, apenas nas promessas e fuga às responsabilidades por parte do Governo, para criar condições, em que, os turistas, os emigrantes e nós que vivemos aqui no arquipélago, possamos, no dia-a-dia, ter a certeza e serenidade, de que os nossos filhos quando vão à escola, as nossas famílias quando vão trabalhar e quando estamos no repouso nas nossas casas, tenhamos segurança e tranquilidade.

Sugerimos a introdução de meios modernos de combate à criminalidade, tais como, a vídeo vigilância/protecção, pelo menos ao nível dos grandes centros urbanos, cartas/mapas digitais e GPS.

Torna-se urgente o esclarecimento da posição do governo, em relação à policia/guarda municipal, enquanto polícia de proximidade.

A nível judicial, urge trabalhar e reforçar o estatuto de protecção de testemunhas, como forma de garantir a colaboração do cidadão anónimo no desvendar de crimes, bem como reforçar os tribunais com pelo menos o dobro dos magistrados, para se garantir alguma celeridade processual e banir a impunidade.

Passada uma década, é tempo de acções concretas por parte do Governo no combate à criminalidade e não de buscas de soluções/consensos partilhados, onde ninguém acaba por ser responsável, continuando assim a aumentar a criminalidade, a insegurança e com elas várias vidas humanas ceifadas, particularmente de jovens!

*Intervenção da deputada do MpD, Filomena Gonçalves, na Assembleia Nacional, no dia 24 de Maio

Brasil: GOVERNO RECEBE LISTA DE PESSOAS AMEAÇADAS EM CONFLITOS NO CAMPO




ROBERTA LOPES*, da Agência Brasil – CARTA CAPITAL

Brasília – A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse nesta quarta-feira 31 que fará uma análise da lista entregue pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) com o nome de 207 pessoas que sofreram ameaças de morte relativas a conflitos no campo nos últimos anos. Algumas dessas pessoas foram ameaçadas mais de uma vez. Os nomes foram entregues durante reunião entre representantes da CPT, a ministra Maria do Rosário e o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto.


“Nesse momento, em que temos políticas de proteção a testemunhas ameaçadas de morte, políticas na Secretaria de Direitos Humanos para a proteção de defensores de direitos humanos, seria errôneo, seria ilusório dizermos que temos condições de atender a uma lista com tantos nomes [de pessoas] que receberem ao menos uma ameaça”, afirmou a ministra.

Maria do Rosário disse ainda que a melhor solução é uma ação conjunta entre ministérios, a Polícia Federal, os estados e o Poder Judiciário local. “A SDH agirá procurando trabalhar com as comunidades, mas compreendendo que a atuação da Polícia Federal e da Justiça, a atuação global dos ministérios é o melhor que podemos apresentar para a proteção dos ameaçados”, explicou.

O secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, disse que o ministério vai reativar a Operação Arco de Fogo, para ajudar no enfrentamento aos crimes ocorridos no Pará e em Rondônia também para coibir práticas como a extração ilegal de madeira na região.

“Vamos retomar a Operação Arco de Fogo naquela região como medida de prevenção e de repressão aos crimes no campo. Temos convicção de que não adianta punir o crime de homicídio após a sua prática, precisamos punir os crimes de ameaça [como forma de prevenção]”, afirmou.

Quanto à lista, Barreto reiterou que haverá análise caso a caso. “Há casos em que uma orientação pode resolver e permitir a proteção desse indivíduo. Há casos em que uma vigilância presencial será necessária, tudo isso será analisado por uma equipe técnica”, disse.

O secretário disse ainda que as polícias Federal e Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança vão trabalhar junto com as polícias estaduais para reforçar a presença da União nos estados onde ocorreram as mortes, no Pará e em Rondônia.

O advogado da CPT no Pará, José Batista Afonso, disse que, no ano passado, a CPT havia entregue a lista ao ministro da Justiça. Segundo Afonso, desde 1995, é feita a publicação dos nomes das pessoas ameaçadas de morte. “[Essa lista] é de conhecimento público. É obrigação do Poder Público ter conhecimento e adotar políticas públicas [para coibir as ações criminosas]”, enfatizou.

Ele disse ainda que, para a CPT, a questão da violência no campo está relacionada com a concentração de terras, a reforma agrária, a demarcação de terras indígenas, de remanescentes de quilombos, de comunidades ribeirinhas e a definição de áreas de proteção ambiental. “Infelizmente essas questões não foram priorizadas e não têm sido priorizadas. Na medida que as causas não são enfrentadas, a violência vai continuar”.

Afonso disse que 1.588 pessoas foram assassinadas de 1985 até hoje, segundo levantamento da CPT, e que 91 mandantes de crimes foram julgados. Desses, 21 foram condenados e um cumpre pena, Vitalmiro de Bastos Moura, pela morte da missionária Dorothy Stang. Ela foi assassinada em fevereiro de 2005, em uma propriedade rural a cerca de 50 quilômetros do município de Anapu, no Pará.

Na semana passada, o casal João Cláudio e Maria do Espírito Santo foi morto a tiros em uma estrada vicinal que leva ao Projeto de Assentamento Agroextrativista Praialta-Piranheira, na comunidade de Maçaranduba 2, a 45 quilômetros do município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará. Há suspeitas de que o crime foi cometido por encomenda. Também na semana passada, o corpo do agricultor Eremilton Pereira dos Santos, de 25 anos, foi achado no mesmo assentamento.

Em Rondônia, outro agricultor foi morto na última semana, Adelino Ramos, líder do Movimento Camponês Corumbiara, do distrito de Vista Alegre do Abunã, em Porto Velho. De acordo com a CPT, Adelino estava vendendo verduras que produzia no acampamento onde vivia, quando foi assassinado a tiros. Ele vinha sendo ameaçado de morte por denunciar a ação de madeireiros na divisa entre os estados do Acre, Amazonas e de Rondôn

*Matéria publicada originalmente em Agência Brasil

Brasil: Crise no Governo - Oposição na Câmara consegue aprovar convocação de Palocci





Após duas semanas de tentativas frustradas, a oposição conseguiu, nesta quarta-feira 1º, aprovar a convocação do ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para explicar o aumento de seu patrimônio nos últimos quatro anos, quando era deputado federal.

O requerimento, que já havia sido rejeitado em plenário, foi aprovado agora pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara. A intenção dos oposicionistas é fazer com que o ministro divulgue a lista de clientes atendidos pela sua empresa de consultoria, a Projeto, que obteve ganhos de 20 milhões em 2010, pleno ano eleitoral. A convocação foi proposta pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e acontece em um momento em que os deputados aliados do Planalto se ocupavam de outros assuntos na Casa.

A data da audiência com Palocci ainda não foi definida.

QUANDO A LÍNGUA SE TRANSFORMA EM OBJETO DE MANIPULAÇÃO IDEOLÓGICA...




... E CONTROLE SOCIAL

FAZENDO MEDIA

Depois da discussão sobre o conteúdo dos livros didáticos oferecidos pelo governo, em que são apresentados supostos erros de português, o doutor em filologia e língua portuguesa Marcos Bagno é taxativo: a polêmica que envolve o assunto é falsa. Na opinião do especialista, que conversou por e-mail com a IHU On-Line, a mídia seria a grande responsável por criar o debate.

“Como a grande mídia é, em bloco, aliada dos grupos dominantes e, portanto, antipetista declarada, o episódio está servindo para se atacar o governo Dilma via MEC”, avalia.

De acordo com seus estudos e experiências, o fato de alguém pronunciar uma palavra de uma forma ou outra nada tem a ver com a constituição da linguagem, “mas sim com uma esfera diferente, que é a da normatização da língua, um fenômeno sociocultural em que a língua se transforma em objeto de manipulação ideológica e controle social”. Além disso, é importante destacar que a constituição do padrão sempre se pautou, tradicionalmente, pela linguagem literária.

“Por isso, a norma padrão é tão obsoleta e anacrônica: não se inspira na realidade dos usos, nem mesmo nos usos escritos da literatura contemporânea, mas numa literatura que data de mais de 200 anos”, explica Bagno.

Graduado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (1991), Marcos Bagno é mestre em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco, doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo e professor-adjunto do departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília – UnB.

IHU On-Line – O senhor diz que há quinze anos os livros didáticos de língua portuguesa aprovados pelo MEC abordam o tema da variação linguística. Quais são, então, os motivos da polêmica em relação ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2011 e dos livros distribuídos pelo MEC? Vai se admitir a pronuncia e a escrita de uma mesma palavra de formas diferentes?

Marcos Bagno - A polêmica é, na verdade, uma falsa polêmica e se deve exclusivamente à ignorância por parte da grande mídia do que se faz em termos de educação linguística no Brasil. Apenas isso. Há também uma questão política: como a grande mídia é, em bloco, aliada dos grupos dominantes e, portanto, antipetista declarada, o episódio está servindo para se atacar o governo Dilma via MEC.

IHU On-Line – As crianças são ensinadas a escrever e a falar de acordo com a norma culta, considerada adequada. Como fica, a partir da “aceitação” da linguagem oral sobre a escrita, essa adequação no mercado de trabalho e nas escolas? Quais os limites disso para a constituição de um idioma padrão?

Marcos Bagno – Não existe nenhuma “admissão da linguagem oral sobre a escrita”. A língua falada e a língua escrita convivem lado a lado no ensino. Evidentemente, como a escrita é uma forma secundária de língua (já que todos os seres humanos falam, mas nem todos escrevem: já nascemos dotados de um aparelho fonador, mas ninguém nasce com um lápis pendurado no dedo), a escola se dedica mais à leitura e à escrita, porque essas atividades não pertencem ao cotidiano da grande maioria dos alunos. A constituição do padrão sempre se pautou, tradicionalmente, pela linguagem literária. Por isso, a norma padrão é tão obsoleta e anacrônica: não se inspira na realidade dos usos, nem mesmo nos usos escritos da literatura contemporânea, mas numa literatura que data de mais de 200 anos.

IHU On-Line – Os conceitos de adequação e inadequação linguísticas estão sendo apropriadamente trabalhados nos livros didáticos? De que tratam esses conceitos?

Marcos Bagno – Os livros didáticos diferem muito entre si no tratamento dessas questões. Alguns fazem um trabalho mais satisfatório, outros menos satisfatório. De todo modo, adequação e inadequação têm a ver com o grau de aceitabilidade que cada pessoa espera obter ao falar e ao escrever. Têm a ver com reconhecer as expectativas dos interlocutores/leitores em determinados contextos de interação e tentar atender (ou não) a essas expectativas. Para isso, é importante o conhecimento da noção de gênero textual, porque cada gênero é esperado em contextos específicos, com finalidades sociais específicas. Daí a importância de trabalhar, na escola, com os mais variados gêneros falados e escritos.

IHU On-Line – Na constituição da linguagem, é aceitável que uma pessoa escreva uma palavra do jeito que ela é pronunciada ou escreva uma frase com a concordância usada oralmente?

Marcos Bagno – A constituição da linguagem é um fenômeno extremamente complexo e sofisticado, que envolve a cognição humana, as interações sociais, a constituição das identidades particulares e comunitárias. O fato de alguém pronunciar assim ou assado ou de escrever uma frase do jeito A ou B nada tem a ver com a constituição da linguagem, mas sim com uma esfera diferente, que é a da normatização da língua, um fenômeno sociocultural em que a língua se transforma em objeto de manipulação ideológica e controle social.

IHU On-Line – Qual o sentido de dar tanta importância para uma convenção, que é o que as palavras são? No caso da palavra ideia, por exemplo, antes era inaceitável escrevê-la sem acento e hoje é admitido. Qual sua opinião sobre as convenções em torno do idioma?

Marcos Bagno - As convenções linguísticas estão no mesmo plano das demais convenções sociais. Da mesma forma como nós regulamos e normatizamos todas as esferas da vida social – do casamento ao modo de se vestir, da construção das casas à numeração dos sapatos etc. -, também o uso da língua, numa sociedade coesa, passa por regulações. No caso da escrita, ou mais restritamente, da ortografia, ela é unificada para que haja uma possibilidade de comunicação mais eficiente entre os milhões de falantes da língua. A ortografia, no entanto, não tem como regular a língua falada. Todos nós escrevemos “porta”, mas sabemos que o segmento sonoro [r] dessa palavra é produzido foneticamente de diversas maneiras em diversos lugares diferentes. A ortografia pode ser uniformizada, mas a fala jamais.

IHU On-Line – Como a escola ensina a linguagem popular na sala de aula? É possível falar em linguagem adequada e inadequada?

Marcos Bagno - Não existe “ensino da linguagem popular na sala de aula”. O papel da escola é ensinar o que as pessoas não sabem. Não é preciso ensinar ninguém a falar do modo “popular”, porque todos já sabem falar assim. O importante, na escola, é ampliar o repertório linguístico dos aprendizes, oferecendo a eles o acesso a outros modos de falar e, principalmente, à cultura letrada.

IHU On-Line – Alguns críticos ao PNLD argumentam que os livros não devem conter erros gramaticais e linguísticos e que devem ser instrumentos para o aluno aprender a norma culta. Que ponderações faz a partir destas críticas?

Marcos Bagno - Esses críticos não merecem muita consideração porque não têm formação específica na área do ensino de língua para poder emitir opiniões abalizadas. Falam da boca para fora, por ter ouvido o galo cantar sem saber onde. Para começar, não existem “erros gramaticais e linguísticos”; essa é uma noção que não faz nenhum sentido para os pesquisadores e teóricos da área. A ideia de “erro” na língua é pura convenção social; não tem nada que ver com o funcionamento da língua propriamente dita. Além disso, o ensino dessa “norma culta” (que ninguém sabe definir o que seja) é parte integrante dos projetos educacionais desde sempre.

IHU On-Line – O senhor defende que se deve abandonar o mito da unidade do português no Brasil. Que alternativas aponta para resolver o “impasse” entre a linguagem escrita e a linguagem oral? Como, em um país heterogêneo como Brasil, deve-se discutir essa questão?

Marcos Bagno – Não existe impasse entre a língua falada e a língua escrita. Acreditar que ele existe é resultado de uma concepção arcaica das relações entre fala e escrita, em que a escrita é considerada um bloco homogêneo e a fala, um universo caótico. Ora, a escrita é tão heterogênea quanto a fala, e a fala é tão estruturada e regular quanto a escrita. As duas modalidades se interpenetram o tempo todo: não existe texto escrito “puro”; toda manifestação escrita é fatalmente híbrida. E a fala também pode apresentar influxos da escrita, sobretudo entre falantes mais letrados e numa sociedade com forte predomínio da escrita.

IHU On-Line – O senhor também argumenta em suas obras que as regras gramaticais do idioma consideradas certas são as utilizadas em Portugal e não correspondem à língua falada e escrita no Brasil. Tantos anos depois da colonização, porque o Brasil ainda adota as regras gramaticais de Portugal? É o caso de o Brasil construir suas próprias regras gramaticais?

Marcos Bagno – Passados 500 anos do início da colonização, o português europeu que foi levado para as diferentes colônias se transformou em outras línguas, exatamente como o latim levado para as províncias do império romano se transformou em várias línguas. O português brasileiro é uma língua muito aparentada ao português europeu, é claro, mas também é uma língua que tem sua própria gramática, sua fonologia, sua morfologia, sua sintaxe própria, etc. Já começamos a produzir gramáticas do português brasileiro que deixam de lado as regras tradicionais e tentam descrever como de fato é a nossa língua.

IHU On-Line – Quais são os mitos que envolvem o idioma português?

Marcos Bagno - São muitos: o mito de que o Brasil é um milagre linguístico por ser um país monolíngue (o que não é verdade: temos mais de 180 línguas faladas em nosso território), de que o português é uma das línguas mais difíceis do mundo, de que existe algum lugar (em geral o Maranhão) onde se fala melhor o português etc., etc. Tudo superstição. Nenhuma dessas afirmações tem sustentação científica.

(*) Entrevista publicada originalmente no Instituto Humanitas Unisinos (IHU). Foto: Reprodução.

O OLIGOPOLIO DA INFORMAÇÃO NO BRASIL





EDITORIAL

Quando quatro corporações (Viacom, Disney, AOL Time-Warner e Rupert Murdoch) concentram 90% da produção de jornais, rádios, televisão, teatro e cinema, fica descaracterizada qualquer possibilidade de democracia nos meios de comunicação.

No Brasil, seis grupos controlam 667 estações de rádio e televisão. A informação produzida por este oligopólio é manipulada e envenenada de acordo com interesses outros que não os da sociedade.

Os veículos de comunicação da grande mídia limitam-se a transmitir as informações de maneira a agradar a elite político-econômica que a controla.

Para isso, distorce fatos, fabrica versões, descontextualiza acontecimentos e omite detalhes. Espalha o conformismo.

Dessa forma, molda percepções e define estilos de vida. Constrói e sustenta os paradigmas que permitem a manutenção do status quo.

Assim, observa-se uma grave distorção de valores. Em lugar da comunicação ética, voltada para o desenvolvimento social, tem-se uma comunicação voltada única e exclusivamente para o lucro, embora muitas vezes dissimulada por campanhas superficiais, que estimulam o mais baixo tipo de caridade – aquela que meramente consola, conforma e humilha, sem nunca questionar a crescente desigualdade social.

Por isso, perdemos a confiança na grande mídia.

O papel dos meios de comunicação deveria ser democratizar o saber, educar, investigar e denunciar a corrupção. Entretanto, hoje em dia está cada vez mais difícil encontrar tais qualidades numa redação – entregue aos desmandos de empresas que insistem em colocar o lucro acima da vida.

Por isso tudo, desenvolveremos nosso trabalho a partir de duas linhas de ação conjuntas:

> Atuar junto aos que absorvem a informação sem qualquer tipo de questionamento, revelando os interesses político-econômicos que levam à publicação de determinadas notícias, sob determinados ângulos;

> Fornecer informações aos leitores que não são encontradas na grande mídia, fazendo uso de pesquisa e de reportagens com recursos próprios.

Saiba mais sobre nosso método de trabalho e sobre como você pode participar deste processo, acessando Assinatura.

UNMIT PEDE DESCULPAS E FRETILIN JUSTIFICA-SE PERANTE “DITADOR GUSMÃO”




ANTÓNIO VERÍSSIMO

AS OPOSIÇÕES HONESTAS TÊM DE SER TRANSPARENTES, SEM TEMORES NEM COMPLEXOS

Hoje é Dia Mundial da Criança. E depois? O que é que isso contribui para a felicidade das minorias das elites? O que é que isso contribui para as crianças maltratadas e famintas que existem pelo mundo fora? O que é que isso contribui para julgar e condenar os que fomentam a fome ao apropriarem-se indevidamente dos recursos naturais e mais valias produzidas pelos povos? Este é mais um dia em que crianças morrem de fome e também em que famílias vendem filhos para conseguirem mitigar a fome dos que ainda restam lá em casa. É o caso de Timor Leste. É ver mais em baixo a notícia da Lusa. Mas não é realidade somente encontrada em Timor Leste. Por todo o mundo acontece. Daí saem escravos e escravas sexuais, por exemplo. Escravos de todo o tipo. Há muita fome e todo o tipo de carências em Timor Leste e em contrapartida esvaem-se milhões não se sabe bem em quê. Compete às oposições serem honestas e usarem de toda a frontalidade e transparência para defenderem os interesses prementes do povo timorense já tão massacrado.

Em Timor Leste esta realidade é de há anos. Na primeira edição do Timor Lorosae Nação foi divulgada por imensas vezes a venda de crianças como único meio encontrado para a restante família ir subsistindo. Mal, mas sobrevivendo subalimentada. Não é por acaso que crianças descem à capital, vindas das montanhas, para se prostituírem, venderem fruta, peixe e o que mais seja vendável, em vez de cumprirem as suas vidas escolares, de lazeres e de brincadeiras, convenientemente vestidas e alimentadas. Em contrapartida vimos os filhos das elites a viverem muito acima dos recursos legais obtidos pelos pais ou outros familiares. E se assim vivem é porque são filhos de gentes sem escrúpulos, de hipócritas que se dizem laborar para o bem-estar e para a justiça social mas que esbanjam o que não lhes pertence, sabendo-se que também por isso são contribuintes das carências das imensas famílias timorenses.

Às verdades sobre as realidades timorenses que uma vez por outra surpreendem a opinião pública vimos de seguida, quem nelas interfere e as vincula na divulgação sobre o ditador encapotado (para alguns) Xanana Gusmão e a sua governação, apresentarem desculpas ou sacudirem as responsabilidades de terem sido os veículos da causa de transparência.

Isso mesmo é hoje notícia. A UNMIT, através do expoente máximo seu representante em Timor Leste, Ameerah Haq, apresentou desculpas esfarrapadas sobre notícia de um relatório da ONU em que Xanana Gusmão é apontado como um perigo para o exercício da democracia (ver relacionados em baixo). Foi por uma vez oficialmente mostrado ao mundo o que na ONU consta sobre as práticas de Xanana Gusmão e seus métodos de governação. Outros relatórios existem e até muito mais contundentes e conclusivos. A cobardia da ONU para enfrentar as realidades sempre existiu. Neste caso já existe há tempo demais e se nada fizer de útil, de concreto, os timorenses vão ter muito que penar. É a própria ONU, em África, como em todo o lado, que apoia monstros corruptos e sanguinários, escolhendo o que considera ser o menos monstro (às vezes não) e depois quem sofre são os povos. Isso mesmo é o que se passa em Timor Leste. O futuro o dirá.

E lá foi Haq, em nome da ONU, negar o inegável. Desculpar-se indevidamente, vergonhosamente, submetendo-se à mascarada de democracia e de justiça que existe em Timor Leste quando devia manter a sua posição e até libertar mais um ou outro relatório dos que possui em modo confidencial para sustentar ainda mais o que foi divulgado. Devia fazê-lo em forma de antídoto. Sem receios de provocar o conclusivo inimigo da democracia timorense. Assim, mostrou os seus receios em o provocar e que dessa provocação resultasse algo de mais violento, despoletado por ele e seus obedientes executores. A ONU lembrou-se de 2005, de 2006 e de 2007. Do golpe de estado e consecutiva violência e destruições ocorridas. É a paz podre em Timor Leste, acarinhada pela ONU. Ali como em muitos outros países em que intervém. A própria ONU se transforma em adubo das injustiças ao não enfrentar os ditadores logo que os deteta e são corretamente mencionados nos seus relatórios. Preferindo refundi-los e deixar andar. Contribuindo imenso para o crescente sofrimento dos povos e dos défices de honestidade, de justiça e de democracia. Neste caso é isso que se passa em Timor Leste.

Também a FRETILIN negou ter sido catapulta para a divulgação do referido relatório em que Xanana Gusmão é referido como um inimigo da democracia. Pouco importa se foi ou não foi. Se não foi devia de ter sido. Essa é sua obrigação perante o povo timorense, perante os imensos amigos de Timor Leste espalhados pelo mundo, perante a opinião pública timorense e mundial. Neste aspeto, a FRETILIN ou qualquer outro partido político não têm de se justificar perante Xanana Gusmão e menos ainda perante o seu partido CNRT, fabricado para se apossar do poder na sequência do golpe de estado em 2006, de mãos dadas com Ramos Horta, a igreja de métodos retrógrados e egoístas timorenses, figuras referenciadas como integracionistas do país na Indonésia – à revelia do resultado democrático do referendo. A escória timorense aderiu ao CNRT, à mistura com uns quantos bons filhos de TL. Isso mesmo afirmou Mário Carrascalão por esse tempo. Isso mesmo tem sido demonstrado. Isso mesmo sabiam muitos timorenses e agora ainda o sabem melhor.

Os abespinhados com a divulgação do relatório da ONU, feito por entendidos da ONU que in loco analisaram o que se passava no país e quem é quem nas suas práticas, fazem lembrar as prostitutas que sabendo sê-lo aparentam indignação. Nada mais que isso. Se acaso as inteligências australiana e portuguesa divulgassem publicamente o que têm em “carteira” sobre Timor Leste, Xanana Gusmão caía num ápice do poder de que argutamente se apossou. Era completamente desmistificado. O que o salva é não ter oposições transparentes e a sério. Nada mais que isso. Gusmão não é nenhum papão. Apesar de ter todos os poderes com ele - as forças armadas, a polícia, a igreja romana, empresários desonestos, etc., não é mais poderoso que a Indonésia de Shuarto quando ocupou Timor Leste, e essa caiu.

As responsabilidades de Ramos Horta em toda esta triste realidade timorense vão aumentando. Se não quer ser igualmente trucidado pela indignação do povo tem de deixar de andar enlevado em caridadezinhas e pugnar por que aos timorenses seja proporcionado o que o país possui e lhes pertence de direito próprio e não somente às elites que o rodeiam e que cada vez mais se apoderam daquilo que a todos pertence mas que atualmente é só de alguns, indevida e ilegalmente. A cerca de 80 por cento dos timorenses sobra somente a miséria. Que mau cristão.

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FRETILIN recusa acusações do CNRT de envolvimento na divulgação de documento da ONU




MSO - LUSA

Díli, 01 jun (Lusa) -- A FRETILIN, maior partido da oposição em Timor-Leste, rebateu hoje a acusação feita pelo CNRT, partido liderado por Xanana Gusmão, de envolvimento na divulgação de um documento interno das Nações Unidas que "desacredita" o primeiro-ministro.

Em comunicado, o Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) acusou a FRETILIN de se esforçar na divulgação do documento, apresentado numa reunião da Missão das Nações Unidas (UNMIT), em que o primeiro-ministro é mencionado como "um obstáculo ao desenvolvimento e democracia", para tentar ganhar as próximas eleições.

"O CNRT apreciou o esforço da FRETILIN e dos funcionários nacionais e internacionais que o divulgaram (o documento interno da UNMIT). Talvez acreditem que tal afirmação no relatório irá contribuir para a sua vitória nas próximas eleições, mas devem por na mente que pode constituir um vírus poderoso, que pode afetar a mentalidade do povo e criar irracionalidades na sociedade, porque não reflete a realidade", adverte o comunicado do CNRT.

Aquele partido salienta que "o relatório da UNMIT não reporta a realidade e não tem bases", questiona "a capacidade intelectual daqueles que o fizeram e a falta de consciência dos valores da democracia" e acusa os autores de "serem arrogantes e mostrarem o seu colonialismo intelectual".

O CNRT subscreve, no comunicado, a posição de repúdio do presidente do Parlamento, Fernando Lasama, que lamentou os termos do documento, e do Presidente da República, José Ramos-Horta, que condenou as afirmações nele contidas como sendo uma desacreditação dos líderes timorenses, considerando "uma demonstração de falta de nacionalismo" pelos que contribuíram para o alegado relatório.

José Teixeira, porta-voz da FRETILIN, em reação ao comunicado do CNRT, disse à Lusa que "não foram as pessoas da FRETILIN que elaboraram o documento da UNMIT", e que "a FRETILIN nada teve a ver com a sua divulgação".

"É pura mentira dizer que a FRETILIN é que está por trás desse documento. Não tem nada a ver connosco", declarou à Lusa.

Segundo José Teixeira, a FRETILIN limitou-se a fazer uma declaração política, depois do documento ter sido divulgado na Internet pelo jornal "Tempo Semanal".

"Não fomos nós que fizemos esse power-point. Apenas vem ao encontro do que temos vindo a dizer, desde há muito tempo, de que o Executivo não valoriza, minimiza e tenta enfraquecer o Parlamento Nacional na sua missão de fiscalização do Governo", comentou.

O porta-voz da FRETILIN contesta igualmente a crítica de falta de patriotismo, por partilhar as críticas feitas a Xanana Gusmão.

"Na declaração política que fizemos um dia após a divulgação desse documento, dizemos claramente o que pensamos sobre a questão e com isso estamos a reforçar o debate político e democrático neste país", disse.

Numa conferência de imprensa convocada para "esclarecer" a notícia do jornal timorense "Tempo Semanal", a chefe do escritório de informação pública da UNMIT, Sandra McGuire, disse que não se tratou de um relatório oficial da UNMIT, mas sim de um "power-point" apresentado numa reunião interna por um dos elementos, em janeiro, cujas críticas ao primeiro-ministro "de maneira alguma representam a posição das Nações Unidas".

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