domingo, 21 de dezembro de 2014

CRIMINOSOS NA POLÍTICA E NOS PODERES. PORTUGAL TEM MAIS POBRES QUE EM 1974


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Em Outubro  deste ano a SIC publicava uma curta notícia (leia a seguir) que nos dava conta de existirem mais pobres em Portugal atualmente que há 40 anos atrás. A isso responde o nefasto governo e o nefasto PR Cavaco Silva que Portugal está a ir por bom caminho. Passos Coelho até teve a prosápia de afirmar que quem pagou a crise foram os mais ricos e não o mexilhão. Contudo os números, de que Cavaco e o governo tanto gostam quando lhes convém, demonstram exatamente o contrário. O que vem provar que estamos sob o poder de um PR e de um governo composto por flibusteiros.

Neste natal está a ser demonstrada uma vez mais a insensibilidade e o ostracismo a que os referidos poderes votam a enorme quantidade de pobres portugueses, talvez a começar pelos mais idosos e pelas crianças dependentes em grande parte desses idosos. Uma vez mais o governo decidiu sonegar aos aposentados as pensões com o respetivo subsídio de natal. A maioria dos idosos estava a contar com esse subsídio para pagar dívidas básicas como a água, a eletricidade, o gás, a farmácia, etc. E, já agora, se sobrasse algum da mísera quantia, fazer uma consoada junto com os seus dependentes: filhos desempregados e netos. Mas não, nada disso vai acontecer. Os dias são de fome e a noite de natal vai ser uma noite como qualquer outra – de barriga vazia porque umas côdeas de pão e um chá são só para enganar a fome.

Legítimo será perguntar como será a noite de natal daqueles que detêm os poderes, que nos acossam e nos mordem atirando-nos para a miséria. Grandes consoadas, com tudo do bom e do melhor! Grandes vidas sem que tal se justifique! O oposto dos milhões de portugueses atirados para a miséria! É que esses não têm (nunca tiveram) amigos banqueiros criminosos que lhes ofereçam de mão-beijada centenas de milhares de euros em ações. Nem banqueiros, construtores, amigalhaços e o que mais se imagina, que ofereçam ao longo da vida política milhões de euros – fora o que esses tais flibusteiros ainda recebem de pensões de reformas avantajadas e imorais. E etc. E se bem virmos é tudo à conta dos portugueses que no simples ato de comprar umas batatas pagam impostos. Fora o resto. Fora as restantes “taxas e taxinhas” e outras engenharias maquiavélicamente criadas pelos donos disto tudo, que visam e obtêm o debulho dos parcos rendimentos de milhões de portugueses.

A pobreza aumenta em números terríveis. Na percentagem contrária ao aumento da riqueza de todos aqueles flibusteiros que nas televisões só por hipocrisia vêm desejar bom natal e próspero ano novo aos portugueses, com palavras enganadoras de que Portugal e os portugueses estão melhores e que o futuro se vai mostrar risonho. Assim será, provavelmente, se os portugueses na miséria, na pobreza e esfomeados, souberem expulsar dos poderes a corja de flibusteiros que erradamente tem colocado nos lugares de decisão e governação da República. Uma República que tem estado na posse de uma súcia de criminosos. Sim, porque levar a fome e miséria a tantos portugueses é crime. É o contrário daquilo que Portugal homologou acerca dos direitos humanos nas Nações Unidas. Assim como o que consta na Constituição da República Portuguesa. Criminosos, pois. (MM / PG)

PORTUGAL COM MAIS POBRES QUE EM 1974

A percentagem de portugueses em risco de pobreza ou exclusão social aumentou de 2009 para 2010

Um em cada quatro portugueses está em risco de pobreza e quem recebe o salário mínimo ganha menos 12 euros do que em 1974 (descontando a inflação), indicam dados atuais divulgados pela base de dados Pordata.


Portugal - Submarinos: "Atuação de Paulo Portas foi protegida" – João Semedo




João Semedo afirmou, em entrevista ao semanário Expresso, que as comissões de inquérito parlamentar têm o seu poder mas ainda não estão a funcionar nas suas plenas capacidades. Para o bloquista, o caso dos submarinos é exemplificativo de como as comissões ainda estão aquém daquilo que deveriam ser.

“Há comissões de inquérito que têm conclusões predeterminadas, como foi o caso dos submarinos”, afirmou João Semedo em entrevista ao semanário Expresso.

O deputado do Bloco de Esquerda falava da propriedade das comissões de inquérito parlamentar, descrevendo-as como “poderosas”, no sentido em que servem de “instrumento de construção de uma consciência social e política”.

No entanto, refere, existem ainda algumas arestas a limar no que respeita ao modo como são organizadas. Apresenta como exemplo o caso dos submarinos, um processo que chegou a uma conclusão esta semana, com o seu arquivamento.

“Houve uma maioria claramente liderada pelo CDS que tratou de proteger a atuação de Paulo Portas. Só mesmo em Portugal é possível que um destacadíssimo dirigente do CDS presida à comissão cujo objetivo é o de analisar factos que potencialmente implicavam o líder. Só em Portugal isto não é uma incompatibilidade substantiva e formal”, sustentou.

“Apesar de tudo, com a cobertura que é feita dos trabalhos, os portugueses conhecem verdades incontornáveis e indesmentíveis. Podem não estar nas conclusões, mas ficam sempre na memória”, acrescentou João Semedo.

Notícias ao Minuto

Portugal: RENASCER PELOS OLHOS DOS OUTROS



Miguel Guedes – Jornal de Notícias, opinião

Longe de ser uma novidade estatística é até um dado bem estável: o número de óbitos em Portugal mantém-se, como um longo rio tranquilo, em cerca de 100 mil pessoas por ano. Num país sobressaltado por más ou péssimas notícias, não deixa de ser irónico que um dos maiores e mais fiáveis índices de estabilidade em Portugal seja a morte. Se costuma dizer-se que à morte ninguém escapa, eu acrescento que também escusava de ser tão certinha. O saldo natural será negativo, portanto. À semelhança dos anos anteriores, continuaremos a perder população, tendo em conta que as mortes suplantam o total de nascimentos. Mas nem tudo é pouco fértil.

No âmago do amargo, uma pepita doce à revelia de todas as tendências quando se sabe que os números da natalidade no ano de 2014 serão semelhantes aos do ano anterior, bem próximos dos 83 mil bebés, sustendo a queda sucessiva, ano após ano. Em 1979, nasciam cerca de 160 mil crianças em Portugal. Hoje, quase todas as crianças são adiadas até ao limite do temporalmente possível e não restam dúvidas de que as relações intergeracionais serão afectadas pelo facto de cada vez mais se esperar até aos penúltimos ou derradeiros lampejos de fertilidade para se ter um primeiro filho. Na fertilidade e na idade, a tendência parece irreversível: anualmente, a idade média de quem tem o primeiro filho já está nos 29,7 anos e a taxa de fecundidade é a mais baixa dos países da UE. Há exemplos europeus que combateram com sucesso este tipo de indicadores e só uma sociedade com terra pouco arada não olhará para esses bons exemplos.

A cada ano em que adiamos enfrentar este problema, mais difícil será o diálogo entre gerações, nomeadamente entre pais e filhos que, na voracidade do tempo, aparentam mais e maior distância entre si. Este "gap" é vertido com toda a naturalidade para a sociedade nos seus mais pequenos "ses" e, se é para continuar a ser assim, alguém poderia ter avisado a natureza de que a idade biológica ideal para a maternidade e paternidade mudou. Não há idade para termos filhos se tivermos em conta todas as condicionantes e até alguns riscos acrescidos. Sem dúvida. Mas o reflexo de pais cada vez mais velhos na relação com os seus filhos cada vez mais adiados ainda vai ter o espelho sociológico que só o distanciamento do tempo permitirá avaliar.

Enquanto perdemos população, ganhamos turistas com afinco. Ao ponto de o número de turistas que anualmente nos visitam já ser superior ao nosso número de habitantes (estima-se em 11 milhões o número de estrangeiros que visitarão Portugal até ao fim do ano). Partindo do princípio de que quem cá vem não nos visita para nos sentir o pulso, mais débeis e pequeninos, enfraquecidos, é caso para dizer que fazemos das fraquezas forças quando se trata de mostrar o ouro ao bom bandido. Aumenta a procura (e não só pelo abaixamento da oferta turística nos países do mundo árabe), cresce o número de hóspedes estrangeiros, aumenta o preço médio por quarto ocupado, sedimenta-se no nosso "rating" turístico na comunicação estrangeira especializada. Há investimento mas há também um enorme retorno, não só nos (até agora) tradicionais destinos turísticos da "portugalidade" mas igualmente em novos pólos e rotas de conhecimento e lazer.

O caso do Douro e da cidade do Porto são exemplares. O esforço simultaneamente cosmopolita e agregador do "Porto.", a valorização do edificado e do monumental (veja-se o caso da Igreja dos Clérigos, há dias reaberta ao público após um ano de obras de restauro e conservação), uma visão integrada que valorize a cultura como retrato vivo de uma região, o respeito pelas idiossincrasias das várias populações dentro de uma população (os vértices da diversidade), a luta pelo nivelamento por alto das condições e acessos societários para todos, a defesa dos princípios basilares que devem continuar a fazer parte da carta magna de quem trata e gosta de viver numa região ou numa cidade feliz. Com uma cultura de maior proximidade e de maior autonomia. Que à semelhança do país se adia na fertilidade e enfrenta a morte como uma certeza inapelável, mas que não se resigna a ser um destino. Que quer o seu destino e de preferência nas mãos. Para já, pelo menos aos olhos dos outros.

Portugal: METRO DE LISBOA ENCERRA HOJE ÀS 23.15 DEVIDO A GREVE




O Metropolitano de Lisboa vai encerrar hoje às 23:15 devido à greve que decorre na segunda-feira, a oitava realizada este ano, informou a empresa.

De acordo com a mesma fonte, a circulação no metropolitano estará suspensa entre as 23:15 de domingo e as 06:30 de terça-feira.

A paralisação de segunda-feira será a oitava realizada pelos trabalhadores do Metro em 2014, considerando greves totais e greves parciais, realçou.

Devido à greve, a rodoviária Carris vai reforçar o número de autocarros nos trajetos servidos pelas carreiras 726 (Sapadores-Pontinha), 736 (Cais do Sodré-Odivelas), 744 (Marquês de Pombal-Moscavide) e 746 (Marquês de Pombal-Estação da Damaia), que coincidem com eixos servidos pelo metro, acrescentou o Metropolitano, em comunicado.

A greve foi convocada por várias organizações sindicais, nomeadamente a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans).

De acordo com a sindicalista Anabela Carvalheira, a greve foi convocada "em defesa do serviço público da empresa" e pela "resolução dos diversos problemas sociolaborais existentes".

Lusa, em Notícias ao Minuto

Campanha para colocar magistrada no TPI aumentou visibilidade de Timor-Leste - governo



20 de Dezembro de 2014

O Governo de Timor-Leste afirmou ontem, em comunicado, que a campanha para tentar eleger a juíza Natércia Gusmão para o Tribunal Penal Internacional (TPI) aumentou a visibilidade e respeito pelo país, apesar de não ter tido sucesso.

"A campanha para a eleição para o Tribunal Penal Internacional aumentou a visibilidade internacional de Timor-Leste e ganhou o respeito de muitos na comunidade internacional", disse o porta-voz do Governo timorense, Agio Pereira.

Segundo o também ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros, o Governo timorense agradece à juíza Natércia Gusmão pelo "empenho e comportamento" durante a campanha.

A juíza timorense Natércia Gusmão falhou a eleição para ocupar uma das seis vagas para juízes do TPI, segundo os resultados divulgados na página oficial na Internet daquele órgão judicial.

A juíza timorense conseguiu permanecer na lista dos mais votados até à última votação, tendo ficado em sétimo lugar.

Os seis juízes eleitos, após 22 rondas de votação, são da Coreia do Sul, Polónia, Hungria, República Democrática do Congo, França e Alemanha.

No comunicado, o Governo timorense lamentou que nenhum candidato feminino tenha sido eleito, sublinhando que o TPI "será fortalecido pelas diferentes experiências trazidas pelos seus juízes".

Lusa, em Sapo TL 

Ex-membro do Governo de Hong Kong considerado culpado de corrupção




Hong Kong, 19 dez (Lusa) -- O antigo número dois do Governo de Hong Kong Rafael Hui foi declarado culpado por aceitar milhares de dólares de subornos no maior caso de corrupção da região administrativa especial chinesa.

Apesar de ter sido declarado culpado, ainda se desconhece a pena que vai ser aplicada a Rafael Hui, ex-secretário-geral do Governo de Hong Kong.

O julgamento de Hui e dos irmãos Thomas e Raymond Kwok, empresários com uma das maiores fortunas da Ásia, acusados de suborno e conspiração prolonga-se há mais de três meses.

O júri, formado por nove elementos, considerou que Hui é culpado em atos de corrupção e má gestão do cargo público.

Thomas Kwok foi declarado culpado de corrupção por ter oferecido um milhão de dólares a Hui que, em troca, lhe garantiu uma posição favorável à empresa imobiliária Sun Hung Kai, apesar de o irmão ter sido absolvido.

O gabinete anticorrupção de Hong Kong formalizou a acusação no dia 08 de maio através de um comunicado em que detalhava os delitos que foram cometidos entre junho de 2000 e janeiro de 2009, altura em que Hui ocupava o posto no executivo da região administrativa especial.

De acordo com o gabinete anticorrupção, os Kwok deram elevadas somas de dinheiro a Hui a troco de favores que beneficiaram o grupo das empresas dos dois irmãos.

Os irmãos Kowk são proprietários e diretores da segunda maior agência imobiliária de Hong Kong e detêm a segunda maior fortuna da Ásia com um património estimado em mais de 18 mil milhões de dólares (14,6 mil milhões de euros), de acordo com a revista Forbes.

PSP // VM

Macau: Marcha pela democracia junta uma centena de pessoas nas ruas




Macau, China, 20 dez (Lusa) - Uma centena de pessoas marchou hoje pelas ruas de Macau para pedir sufrágio universal na eleição do chefe do Executivo, no dia em que se assinalam 15 anos da transferência de administração de Macau de Portugal para a China.

Na marcha viam-se muitos rostos jovens mas não só - homens e mulheres de cabelo grisalho empunhavam cartazes onde se lia "Queremos sufrágio universal" e acompanhavam as palavras de ordem "O colégio eleitoral não nos representa" e "Queremos sufrágio universal em 2019".

Foi a primeira vez que Hester Castilho, uma professora de 29 anos, participou no protesto de 20 de dezembro, habitual nos últimos anos. "Estou aqui porque acredito que, como cidadãos, devemos expressar as nossas opiniões. Há muitos problemas sociais em Macau, em termos de habitação e transportes", apontou.

A professora acredita que os problemas da cidade só serão ultrapassados se a população puder eleger diretamente o chefe do Governo, atualmente escolhido por um colégio de 400 membros. "Acho que um Governo que não nos representa não nos pode ajudar a resolver os problemas. O sufrágio universal não vai resolver todos os problemas mas é um passo necessário para seguir em frente", explicou.

A manifestação foi convocada pela Novo Macau, a maior associação pró-democracia do território, e pela Juventude Dinâmica, atraindo vários estudantes universitários e também professores, no final de um ano que ficou marcado por preocupações com a liberdade académica do território, depois de dois professores de Ciência Política perderem os empregos na Universidade de Macau e na Universidade de São José.

Wilson Hung, docente da Universidade Cidade de Macau, justificou a sua presença no protesto com a "preocupação com a política" do território. "Acho que é tempo de vermos grandes mudanças. Enfrentamos muitos problemas, como nos transportes e habitação. Esta é uma boa oportunidade para expressarmos a nossa opinião de modo a que o Governo nos oiça", disse.

Comentando as palavras que o Presidente chinês, Xi Jinping, endereçou a Macau, Wilson Hung elogiou os apelos à diversificação económica mas lamentou não ter ouvido referências a uma possível reforma política.

O académico também não gostou de ouvir o chefe de Estado incentivar a educação patriótica.

Com as palavras "Precisamos de escolha" pintadas na cara, a jovem de 17 anos Cheong Weng Ien juntou-se à marcha para defender "o futuro de Macau. "Quero dizer ao Governo que temos de poder escolher o chefe do Executivo. Estou preocupada porque há muitos problemas, como a habitação, e o Governo não resolve", comentou.

A influência do movimento democrático de Hong Kong esteve bem presente, com alguns manifestantes a transportarem guarda-chuvas amarelos e outros a exibirem o laço amarelo que ficou associado ao Occupy Central.

Che Hoisan quis lançar uma questão a Xi Jinping, que à hora do protesto estaria a abandonar o território: "Se houvesse um verdadeiro processo de seleção do Presidente, acha que seria escolhido pelos cidadãos da China?". Para a jovem de 18 anos a resposta é "não". "Ele apenas impulsiona a economia mas não faz nada em relação ao desemprego nas zonas rurais, esses cidadãos ainda estão a sofrer", apontou.

No final do percurso, quando a manifestação passava simbolicamente em frente ao Palácio do Governo, surgiu o ativista Lei Kin Iun seguido de mais de uma centena de idosos empunhando cartazes com slogans contra a corrupção, a pedir mais habitações públicas e também sufrágio universal.

A marcha liderada pela Associação Novo Macau terminou na Praça da Amizade, onde foi erguido um palco para acolher discursos e canções de intervenção.

ISG//GC – Foto: Carmo Correia / Lusa

PEQUIM DÁ RECADOS A MACAU E CHAMA À CAPITAL CHEFE DO EXECUTIVO




Novo Governo tem de estar preparado para "conflitos" do desenvolvimento

Macau, China, 20 dez (Lusa) - O novo Governo de Macau tem de estar preparado para enfrentar "conflitos profundos" já existente na cidade e "novas questões" derivadas do processo de desenvolvimento, alertou hoje o Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On.

Ao intervir na receção à comunidade, pouco depois da partida para Pequim do Presidente Xi Jinping, que esteve em Macau para dar posse ao novo Governo, Fernando Chui Sai On salientou que os conflitos existentes e as novas questões não podem desviar o Governo de trabalhar "tendo por base a população" e mantendo um "sentido de alerta".

Chui Sai On destacou também o discurso de Xi Jinping esta manhã onde o Chefe de Estado traçou quatro objetivos para Macau, nomeadamente a formação de quadros, diversificação económica, melhoria do nível da governação e promoção da harmonia e estabilidade e garantiu que o Governo entende as palavras do Presidente, considera-as "orientações básicas dos diversos trabalhos" e vai aplicá-las na sua ação.

Salientando também que Macau tem mantido a sua atenção na construção do "Centro Mundial de Turismo e Lazer" e na "Plataforma" com os países de língua portuguesa, Chui Sai On falou em aspetos positivos da governação, destacou os esforços no apoio aos mais desfavorecidos e vincou que o sucesso se deve ao princípio 'Um País, Dois Sistemas' e ao apoio do Governo central.

Para o futuro e com um governo totalmente renovado, Chui Sai On prometeu continuar a atuar tendo em conta as necessidades da população em áreas tão diversas como a saúde, educação, segurança social e "fazer face" às exigências do desenvolvimento estável" através da diversificação económica, formação de quadros e mais informação sobre a China.

Antes da receção em declarações aos jornalistas, Chui Sai On abordou a delimitação da águas sob a jurisdição de Macau salientando ser um processo que deverá prolongar-se por 2015 e disse também acreditar que as autoridades de Macau agiram dentro da lei quando impediram a entrada na cidade de cerca de dezena e meia de ativistas de Hong Kong que pretendiam entregar ao Presidente chinês uma carta a pedir o sufrágio universal na antiga colónia britânica.

A mesma opinião teve o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que salientou que a lei local permite, em casos específicos, a proibição da entrada de pessoas e sem detalhar qualquer caso especial, sublinhou que foram seguidos os procedimentos normais.

Também questionado pelos jornalistas, o secretário para a Economia, Lionel Leong, salientou que as palavras do Presidente Xi Jinping são "encorajadoras" e "mostraram" o caminho a seguir, nomeadamente no que toca à diversificação da economia.

Lionel Leong garantiu estar a olhar para todas as áreas além do Jogo e embora reconheça as exposições, cultura e indústrias criativas como caminhos que devem ser mantidos, não exclui também o ambiente ou a educação.

JCS //GC

Chefe do Executivo em visita oficial esta semana a Pequim

Macau, China, 21 dez (Lusa) -- O chefe do Executivo de Macau, Fernando Chui Sai On, vai deslocar-se, entre quarta-feira e sábado, a Pequim, em missão oficial de serviço, anunciou hoje o Gabinete do Porta-voz do Governo da Região Administrativa Especial.

Na capital chinesa, Fernando Chui Sai On, que este sábado tomou posse, iniciando um segundo e último mandato, vai ser recebido por dirigentes da China, refere uma nota oficial, em que se indica que irá apresentar o balanço dos trabalhos do Governo e os conceitos gerais sobre as Linhas de Ação Governativa para o próximo ano.

O Presidente da China, Xi Jinping, concluiu, este sábado, uma breve visita de dois dias a Macau, pelos 15 anos da transferência do exercício de soberania de Portugal para a China.

O líder chinês presidiu à tomada de posse do novo Governo de Macau, na Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, realizada no sábado.

No mesmo dia, foram publicados em Boletim Oficial despachos do chefe do Executivo com diversas nomeações, como a de Cheong U, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura durante o primeiro mandato de Fernando Chui Sai On, para a vice-presidência do Conselho de Administração da Fundação Macau e a do director do Gabinete de Comunicação Social, Victor Chan, para o cargo, em regime de acumulação, de Porta-voz do Governo.

Já Vasco Fong, que era Comissário Contra a Corrupção durante o primeiro mandato de Chui Sai On, foi nomeado coordenador do Gabinete para a Proteção de Dados Pessoais, ocupando o lugar deixado vago por Sónia Chan, escolhida para "número dois" do Executivo.

Como secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan ficará a exercer interinamente as funções de chefe do Executivo durante a deslocação de Chui Sai On a Pequim.

DM // DM

*Título PG

MUDANÇA DE REGIME EM CUBA



Paul Craig Roberts

A normalização de relações com Cuba não é o resultado de um grande avanço diplomático ou de uma mudança de atitude por parte de Washington. A normalização é resultado da busca de oportunidades de lucro em Cuba por parte das corporações estado-unidenses, tais como o desenvolvimento de mercados da Internet de banda larga em Cuba.

Antes de a esquerda americana e o governo cubano encontrarem felicidade na normalização, deveriam considerar que com a normalização vem o dinheiro americano e uma embaixada dos EUA. O dinheiro americano tomará o comando da economia cubana. A embaixada será um lar para operacionais da CIA subverterem o governo cubano. A embaixada proporcionará uma base a partir da qual os EUA possam estabelecer ONGs cujos crédulos membros podem ser chamados a protestos de rua no momento certo, como em Kiev, e a embaixada fará o possível para Washington preparar um novo conjunto de líderes políticos.

Em suma, normalização de relações significa mudança de regime em Cuba. Em breve Cuba será mais um dos estados vassalos de Washington.

Conservadores e republicanos, tais como Peggy Noonan e senador Marco Rubio, deixaram claro que Castro é "um homem mau que transformou um quase paraíso numa prisão flutuante" e que normalizar relações com Cuba não "dará legitimidade ao regime Castro".

Noonan esqueceu-se de Guantanamo, o centro prisional de tortura de Washington em Cuba onde centenas de pessoas inocentes têm sido mantidas e torturadas durante grande parte das suas vidas por americanos excepcionais. A Revolução Cubana pretendia libertar os cubanos da dominação estrangeira e da exploração por capitalistas estrangeiros. Seja qual for a probabilidade de êxito, meio século de hostilidade de Washington tem muito a ver com os problemas económicos de Cuba como ideologia comunista.

O sentimento de superioridade moral dos americanos é extremo. Noonan está feliz. O dinheiro americano está agora indo derrotar o trabalho de toda uma vida de Castro. E se o dinheiro não fizer isso, a CIA fará. A agência espera há muito vingar-se da Baia dos Porcos e a normalização de relações traz a oportunidade. 

Ver também

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/regime-change-in-cuba/5420956

Este artigo encontra-se em 
http://resistir.info/ 

Raul Castro contesta sanções norte-americanas contra a Venezuela




O Presidente cubano, Raul Castro, manifestou hoje o seu repúdio pelas sanções económicas impostas pelos Estados Unidos à Venezuela e o seu apoio ao Governo de Nicolás Maduro, perante as tentativas de ingerência norte-americana.

Castro lembrou as "relações especiais" que Cuba mantém com a Venezuela.

"Repudiamos a pretensão de impor sanções a essa nação irmã", disse Raul Castro no discurso de encerramento da Assembleia Nacional, hoje, em Havana, citado pela agência espanhola Efe.

Na passada quinta-feira, um dia depois de ter anunciado o restabelecimento das relações diplomáticas com Cuba, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, promulgou as sanções aprovadas pelo Congresso contra responsáveis por violação dos direitos humanos na Venezuela.

Hoje em Havana, Raul Castro advertiu que a luta para acabar com o bloqueio dos Estados Unidos será "longa e difícil" e necessitará do apoio da comunidade internacional e da sociedade norte-americana.

No fecho da Assembleia Nacional, Raul Castro salientou que a decisão de restabelecer relações diplomáticas com os Estados Unidos foi um "passo importante", mas adiantou que falta resolver o essencial, o fim do bloqueio.

Apesar do restabelecimento de relações diplomáticas com os Estados Unidos, e apesar de disposto a discutir sobre todos os assuntos em "igualdade" e "reciprocidade", Raul Castro advertiu que Cuba não renunciará ao sistema político socialista.

"Da mesma forma que nunca propusemos aos Estados Unidos para que mudem o seu sistema político, exigimos respeito em relação ao nosso", disse Raul Castro.

Em relação ao congresso - o VII Congresso do Partido Comunista Cubano (PCC), marcado hoje para abril de 2016 - Castro disse que antes desse momento, haverá um "amplo e democrático" debate com os militantes comunistas e com o povo cubano sobre a situação do plano de atualização económica do país.

O último congresso do PCC foi em abril de 2011, quando Raul Castro foi escolhido como primeiro secretário da organização, em substituição do seu irmão Fidel, retirado do poder desde 2006.

Foi nessa data que o partido aprovou o plano para a "atualização" do modelo económico do país, iniciada durante a governação de Raul Castro.

Hoje, Raul Castro anunciou também que assistirá à próxima Cimeira das Américas, a realizar em abril no Panamá. "Confirmo que assistirei, para expressar as nossas posições com sinceridade e respeito para com todos os chefes de Estado e de Governo sem exceção", afiançou.

O discurso de Raul Castro, no encerramento da sessão semestral da Assembleia Nacional, aconteceu um dia depois de aquele órgão ter ratificado, por unanimidade, o anúncio desta semana entre Cuba e os Estados Unidos, de restabelecimento de relações diplomáticas, após de mais de 50 anos de costas voltadas.

Lusa, em RTP

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Brasil – IMPRENSA NEGRA NO RS: A LUTA PELA INCLUSÃO



Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite - Afropress

O dia 13 de maio escolhido pela historiografia oficial, como símbolo da liberdade, representa apenas o término de um sistema escravocrata que não se adequava com os novos tempos... Em contraponto a esta data, na qual foi assinada a Lei Áurea (1888), o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, remete-nos à figura libertária de Zumbi dos Palmares (1655-1695), encontrando maior receptividade pela população afrodescendente devido à luta e resistência deste líder em relação à escravidão. 

O Brasil foi o último país a realizar, tardiamente, a abolição (1888) na América. O processo se efetivou sem que houvesse um projeto de inclusão numa sociedade que oferecia a liberdade, mas não a inserção social. Não se criaram mecanismos que possibilitassem ao negro de exercer de maneira plena sua cidadania, num universo onde a classe dominante (elite) era branca. Foram 400 anos de escravidão, onde o binômio, representado pelo latifúndio e a mão de obra escrava, sustentou a economia brasileira.

A sociedade, ainda, sente os reflexos dessa política colonialista e escravocrata até os dias de hoje. O racismo assumido ou velado, sob os artífices da hipocrisia, constitui-se sempre em uma grande temeridade em qualquer sociedade dita civilizada! Em nosso estado, a luta pela liberdade e inclusão social também encontrou ressonância na imprensa durante o período da campanha abolicionista e pós-abolição.

A exclusão desta significativa parte da população brasileira é sintetizada, pelo jornalista e historiador Décio Freitas (1922- 2004), na expressão "Brasil Inconcluso" que é título de um de seus livros. No ápice da campanha abolicionista foi intenso o incentivo à imigração, vigorando a política de branqueamento com bastante intensidade.

Com o intuito de combater o processo excludente pós-abolição da escravatura, foram surgindo jornais que se constituíram em importantes instrumentos de denúncias e reivindicações. Os jornais negros, impressos no Brasil, no século 19 e início do 20, foram publicados por negros e mulatos livres que faziam parte da pequena “elite” negra dos espaços urbanos, ou por simpatizantes à causa abolicionista.

No distante ano de 1814, O gaúcho Hipólito José da Costa (1774-1823), "Patrono da Imprensa Brasileira", foi o precursor em defender a abolição da escravatura. Em seu Correio Braziliense (1808 -1822), editado em português, em Londres, propôs a implantação de máquinas modernas e a substituição gradual do braço escravo por imigrantes de alguns locais da Europa que, devido ao término das Guerras Napoleônicas, oferecia uma população necessitada de emprego.

O periódico era editado na Inglaterra devido a Censura Régia que, desde 1747, proibia a presença de tipografias na Colônia. O Patrono da nossa Imprensa considerou estranho que, no Brasil, após sua independência (1822), os escritores permanecessem em silêncio quanto à permanência do sistema escravocrata.

No Rio Grande do Sul, nos primórdios da nossa imprensa, em 1832, o jornalista maçom Francisco Xavier Ferreira (1771-1838), o "Chico da Botica", fundou, em Rio Grande, O Noticiador (1832-1836), primeiro jornal a circular no interior da Província de São Pedro (RS). Ao combater o tráfico negreiro, o jornal foi vanguarda a abordar o sistema escravocrata de forma crítica em nosso Estado.

Desde a fundação da Sociedade Partenon Literário (1868), em Porto Alegre, durante o Império, há a presença de intelectuais, como Apolinário Porto Alegre (1844-1904), Caldre Fião (1824-1876), Luciana de Abreu (1847-1880), entre outros, que defendiam a abolição e o direito à educação em seus discursos e artigos impressos nos periódicos da época. Em maio de 1883, a Sociedade Partenon Literário criou seu Centro Abolicionista. Nesta sociedade havia um curso noturno para alfabetizar negros alforriados.

O nome do nosso tradicional bairro Partenon está ligado à história desta sociedade literária que foi pioneira no Brasil, antecedendo à fundação da Academia de Letras do Brasil (ABL), fundada , em 1897, por Machado de Assis (1839 – 1908), entre outros nomes, no Rio de Janeiro. A Revista do Partenon Literário (1869-1879) se constituiu em uma das mais importantes publicações do século 19.

Ainda na capital, defendendo posições diferentes quanto à abolição da escravatura, estão presentes os dois principais jornais partidários da época: A Federação (1884-1937) e a Reforma (1869-1912). O primeiro jornal, criado pelo Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), sob a liderança de Julio de Castilhos (1860-1903), defendia a abolição sumária e sem indenização; já o segundo, fundado por Gaspar Silveira Martins (1835-1901), do Partido Liberal, preconizava por uma abolição gradual e com planejamento, visando à preservação da ordem socioeconômica.

A partir de então, aos poucos, começaram a circular, na capital e no interior, jornais que se inseriram na luta contra o preconceito racial. A Voz do Escravo e A discussão eram editados em Pelotas. O primeiro, dirigido pelo confeiteiro carioca Ramos, defendia a educação como o pilar da liberdade e da inclusão e afirmava “Quem não for por nós é contra nós”; o segundo, a partir de 1881, foi pioneiro ao deixar de publicar anúncios de compra, venda ou aluguel de escravos. Estes anúncios, precursores dos atuais classificados, estiveram presentes, em nossa imprensa, desde a criação do Diário de Porto Alegre, em 1º de junho de 1827, nosso primeiro jornal. 

Em 22 de agosto de 1827, O Diário de Porto Alegre publicou o seguinte anúncio: “Quem tiver para alugar huma ama de leite capaz de tratar com aceyo uma criança dirija-se à Botica da Rua da Praia, esquina Rozario N.10 que achará com quem tratar”.

Após a Proclamação da República (1889), começou a circular, em 1892, em Porto Alegre, O Exemplo. Este foi um dos mais expressivos jornais no combate ao preconceito racial. Fundado e redigido, exclusivamente, por afrodescendentes, este jornal circulou com algumas interrupções até 1930. Arthur de Andrade, Experidião Calisto, Tácito Pires e Alcibíades dos Santos foram redatores que se destacaram durante a trajetória desse jornal. É Importante que se registre que, embora a Abolição tenha ocorrido, em nosso estado, em 1884, ou seja, quatro anos antes da Lei Áurea (1888), isto não diminuiu os problemas que o liberto teve que enfrentar em relação ao preconceito e à sua sobrevivência.

Entre outros títulos, além d’ O Exemplo, destaca-se por sua atuação e longevidade o jornal Alvorada. Fundado em 1907, em Pelotas, este periódico circulou até 1965. Na luta, em prol da cidadania plena, estes jornais defendiam uma política de inclusão social, cumprindo um papel de conscientização da população afrodescendente em relação a seus direitos.

O professor e doutor José Antônio dos Santos da UFRGS, dedicado pesquisador sobre “Imprensa Negra”, registrou alguns títulos que encontrou, em seu garimpo cultural, nos acervos do nosso estado. Estes jornais, de acordo com professor, inserem-se no conceito de Imprensa Negra no período pós-abolição. Com rara exceção, estes jornais circularam na década de 20 e 30 do século 20. Vários foram os periódicos analisados por este pesquisador: A tesoura (1924/1925) de Porto Alegre; O Succo de Santa Maria (1922 / 1925); A Hora de Rio Grande (1917/ 1934); A Navalha de Santana do Livramento (1939); O Astro de Cachoeira do Sul (1927/1928); e A Liberdade que iniciou, em Bagé, em 1919, sendo que, a partir de 1921, passou a ser editado, em Porto alegre, encerrando em 1925.

Não poderia deixar de registrar a revista Tição, cujo nome foi sugestão de Oliveira Silveira (1941-2009), importante militante do Movimento Negro, em nosso estado, e professor. A elaboração dessa revista contou com o talento de um grupo de jovens, coordenado pela brilhante jornalista Vera Dayse. A revista teve apenas duas edições: uma circulou em 1978 e outra, em 1979. Tição foi uma tribuna de resistência no combate ao preconceito racial e instrumento de luta em prol da conquista da cidadania plena para a comunidade afro–brasileira. Verdadeiro marco na Imprensa Negra.

As datas de fundação e encerramento de alguns periódicos inventariados por pesquisadores podem não ser precisas, pois continuam sendo alvo de estudos. Com exceção dos jornais A Navalha e O Astro, os outros títulos já citados, encontram-se sob a guarda do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa que, em setembro de 2014, completou 40 anos de existência, cumprindo o papel para o qual foi criado: preservar e difundir a memória da Comunicação Social do Rio Grande do Sul. 

Ignorada, por longos anos, pela historiografia oficial, a trajetória do negro está sendo recuperada graças ao empenho de abnegados pesquisadores, que são conscientes da importância deste legado às futuras gerações. Visando à construção de uma sociedade mais justa e fraterna, a memória dos ancestrais pede passagem na passarela da diversidade cultural....

Bibliografia
BAKOS, M.M. RS: escravismo e abolição. Porto Alegre: Editora Mercado Aberto, 1982.
FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre / Guia Histórico. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1988.
JUNG, Roberto Rossi. O Príncipe Negro. Porto Alegre: Edigal / Renascença, 2007.
KERSTING, Eduardo (1998) Negros e a Modernidade Urbana em Porto Alegre: a Colônia Africana (1890-1920). Dissertação de Mestrado, departamento de História da UFRGS.
MORAES, Paulo Ricardo. Colônia Africana. A História Esquecida. Jornal Zero Hora. Caderno D. Porto Alegre, edição de 25/06/1989, [ p. 1,2 e 3].
MIRANDA, Marcia Eckert; LEITE, Carlos Roberto Saraiva da Costa. Jornais raros do Musecom: 1808-1924. Porto Alegre: Comunicação Impressa, 2008.
PESAVENTO, Sandra Jatahy Pesavento. Uma outra Cidade / O mundo dos excluídos no final do século XIX. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2001.
PORTO ALEGRE, Achyles. História Popular de Porto Alegre. Porto Alegre: Prefeitura Municipal, 1940.
VILASBOAS, Ilma Silva; BITTENCOURT JUNIOR, Losvaldyr Carvalho; SOUZA; Vinícius Vieira de. Museu de Percurso do Negro. Prefeitura de Porto Alegre, Ed. Grafiserv, 2010.
ZUBARAN Maria Angélica. Comemorações da liberdade de memórias negras diaspóricas. Anos 90 / Revista do Programa de Pós-Graduação em História. Porto Alegre, v.15, n. 27, Ed. UFRGS, 2008.


Brasil: EDITOR DO JORNAL ESTADO DE MINAS É IMPEDIDO DE FALAR DE POLÍTICA



Rafaella Dotta

Na última terça-feira (16/12), João Paulo Cunha, um respeitado jornalista dos temas cultura e política, pediu demissão de um dos mais tradicionais meios de comunicação de Minas Gerais, o Estado de Minas. A notícia traz à tona a “onda de censura” implantada no jornalismo mineiro, fato comentado, documentado e denunciado por jornalistas mineiros há anos. 

A demissão de João Paulo aconteceu após uma conversa entre ele e a diretoria do jornal, em que a chefia deixou claro que ele não poderia mais escrever de política. Por considerar a atitude uma manifestação de censura sobre o seu trabalho, o jornalista não aceitou continuar no cargo e pediu demissão. 

“Acho inadmissível que um jornal censure seus profissionais. A luta histórica que tivemos no Brasil é para termos o jornalismo como instrumento de cidadania”, afirma o jornalista. O motivo da censura seria a sua opinião política, diferente da linha adotada pelo jornal, que segundo ele é “francamente explícita a favor de Aécio Neves”. 

No artigo “Síndrome de Capitu”, publicado no suplemento semanal “Pensar” no dia 5, João Paulo criticou a recente movimentação para um golpe político, elaborado pela oposição à presidência, e defendeu a Reforma Política como “agenda prioritária para a sociedade”. “A coluna que ele escreveu deve ter desagradado interesses do jornal e de alguns políticos, que fizeram uma represália a ele”, acredita Kerison Lopes, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais.

“Pensar continua sendo perigoso”

No estado, episódios de censura não têm acontecido apenas nas redações de jornais. A professora Beatriz Cerqueira, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT MG), foi alvo de 17 processos contra uma campanha publicitária sobre a educação mineira. Os processos foram movidos pela coligação do PSDB ao governo do estado. “Em Minas, pensar continua sendo um ato muito perigoso, quase um terrorismo contra o Estado”, afirma Beatriz. 

“Infelizmente, o Estado de Minas perde qualidade e credibilidade com essa atitude”, afirmou o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, Kerison Lopes. Ele conta que, na manhã de quarta-feira (17), dezenas de leitores e jornalistas procuraram o sindicato para dar depoimentos descontentes com a saída de João Paulo. “A gente espera que esse seja o último caso de censura da era tucana em Minas, mas talvez seja o mais emblemático, pelo que João Paulo representa para o jornalismo mineiro”.

Daniel Camargos, jornalista do caderno de política do Estado de Minas, diz que a despedida de João Paulo foi comovente. “Quando ele se despedia das pessoas formou uma imensa roda em torno dele. Todos querendo saber o que havia ocorrido. Ele explicou e a reação final de toda a redação foi levantar e bater palmas”, conta. “Hoje (17) muita gente, mas muita gente mesmo, veio de camisa branca de malha. Uma maneira de homenagear o João Paulo, que se vestia constantemente assim”.

Juarez Guimarães, professor de Ciências Políticas da UFMG, acredita que este seja o caso de censura mais simbólico dos últimos tempos. “A falta de pluralismo dos donos da comunicação de Minas Gerais é uma afronta ao princípio de liberdade que funda a história dos mineiros”.

Entrevista com João Paulo Cunha

Formado em filosofia, psicologia e jornalismo, João Paulo Cunha trabalha há 25 anos como jornalista, sendo 18 deles no jornal Estado de Minas. Atualmente, era editor chefe do caderno de Cultura, além do caderno TV, Divirta-se e do suplemento que circula aos sábados, o Pensar. Em 2011, João Paulo lançou o livro “Em busca do Presente”, com artigos publicados na sua coluna “Olhar”.

Brasil de Fato – Na sua opinião, o que motivou a censura jornalística a você?

 João Paulo - O jornal, como todos, tem uma linha editorial própria, sobre a realidade política, social e econômica. Isso é legítimo. Como eu tenho uma linha de pensamento diferente, que discordava do jornal, avisaram que eu estava a partir daquele momento proibido de escrever ideias sobre política.

Pra você, é admissível que donos de um jornal ditem o que os jornalistas vão escrever?Não. Acho inadmissível que um jornal censure seus profissionais. A luta histórica que tivemos no Brasil é para termos o jornalismo como instrumento de cidadania. Ao censurar a imprensa ou o jornalista, você está tirando dele o mais importante, que é a liberdade de expressão e a possibilidade de trazer várias visões de mundo.

Sempre há denúncias de que há censura no Estado de Minas, inclusive durante as eleições. Isso realmente acontece?

Na minha área de trabalho, que é a cultura, nunca tive nenhum tipo de cerceamento com relação aos conteúdos. Mas ficou nítida nessa última eleição uma linha explícita a favor de Aécio Neves, sempre positivando as ações dele, e críticas e negativas a Dilma Rousseff. Hoje há um nítido direcionamento, que favorece Aécio. 

Por que isso prejudica o jornalismo?

A base do nosso trabalho é ampliar a capacidade das pessoas de se relacionar com o mundo, para tomar suas decisões da melhor forma e viver em sociedade. Quanto mais informação ele divulga, maior o compromisso do jornal com a sociedade. Se você limita as ideias a apenas uma posição, você está impedindo que o jornalismo faça o que é sua função essencial: levar informação de qualidade, reflexão e visão de mundo plural pra todas as pessoas.

Fonte: Brasil de Fato – em Desacato

Brasil: “OS COMUNISTAS VENCERAM”



Flávio Dino – Carta Capital

O Maranhão acorda e elege Flávio Dino. Manoel da Conceição vibra

Dentro de poucos dias, o Brasil dará um passo em direção à modernidade do Maranhão, hoje um estado nordestino em decadência. Os maranhenses estão prestes a perder a condição de súditos de uma oligarquia para se tornarem cidadãos de uma unidade federativa de fato. Pouco ou muito? Na prática, isso significará o fim da dinastia comandada por José Sarney, que, favorecido por fatalidade, no caso a morte de Tancredo Neves, tornou-se o 20º presidente do Brasil entre 1985 e 1990, por eleição indireta.

Demorou essa mudança de status do Maranhão. Uma demora angustiante, mas absolutamente normal em um país onde quase tudo ocorre em movimentos lentos, sem transformações bruscas. A história do Brasil, como anotou, insatisfeito, o jornalista republicano Silva Jardim (1860-1891), “parece puxada a charrete”.

No dia 5 de outubro, a charrete avançou um pouco mais rápido. O ex-juiz federal, ex-deputado federal e professor universitário Flávio Dino, também filiado ao PCdoB e filho de um ex-deputado cassado pela ditadura, acusado de ser comunista, pôde finalmente, abraçado ao pai e ao histórico líder camponês Manoel da Conceição, também vítima do regime militar, comemora: “Os comunistas venceram”.

Não se assuste, pessoal! Isso foi tão somente uma boa ironia dos vencedores com os adeptos de um mundo que ruiu. Tardou, mas aconteceu.

Aos 92 anos de vida, o PCdoB elegeu o seu primeiro governador, derrubando uma oligarquia quase cinquentenária. Mas ela mantém intactos alguns tentáculos poderosos. Ela domina, por exemplo, quase todo o sistema de comunicação do estado. Os Sarney, nesse capítulo, cederam um pouco aos aliados. A família Lobão é um deles. Representada no poder por Edison Lobão, ministro de Minas e Energia de Dilma, e o filho dele, alcunhado Lobinho, que, apoiado oficialmente pelo PT, perdeu a disputa para o governo estadual. Governava então Roseana Sarney.

Pouco antes da eleição, entrevistado pela tevê local, a Mirante, afiliada da Globo, Flávio Dino foi surpreendido com a pergunta inusitada do entrevistador: “Se vencer, o senhor vai implantar o comunismo no Maranhão?”

Em resposta à provocação, Dino prometeu implantar a democracia e mudar os porcentuais hediondos dos indicadores sociais alimentados pelo descaso dos governos dos últimos 50 anos. Ou seja, a família Sarney essencialmente.

Eis alguns exemplos: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) está emparelhado com o Brasil... de 1980. Lá está a segunda pior expectativa de vida do País e, também, o segundo maior índice de mortalidade infantil. Esse é um pequeno retrato do flagelo ao qual o IBGE acrescentou, na terça-feira, 16, mais um dado: o Maranhão tem menos da metade da população com alimentação garantida.

O feito de Flávio Dino e aliados “não foi algo simples ou fácil e até desafiou a lógica política de um estado marcado pelo patrimonialismo que sustenta o poder familiar de José Sarney desde 1965”, anota o governador eleito.

A esperança não tinha morrido. Adormecia. Despertou então desse longo pesadelo. Os maranhenses, por quase 64% dos votos, “proclamaram a República”. É outra forma usada por Dino para comemorar a vitória, ocorrida numa das mais pobres regiões do País.

A vitória foi construída, segundo o governador eleito, e um terreno no qual “eram visíveis as rachaduras no bloco oligárquico, que teve dificuldades em definir o projeto e sentiu o peso da rejeição popular”.

O sentimento antioligárquico, manifestado em vários momentos no Maranhão, ampliou-se. A história dessa disputa é muito mais longa e variada. De qualquer forma, mesmo em algumas linhas, o desfecho será igual ao de um relato mais longo. O final feliz.

P.S.: Este colunista entra em férias e retomará a batuta em fevereiro.

Cabo Verde: SODADE NÃO RESISTIU À LAVA DO VULCÃO DO FOGO




Erupção continua e destruiu a adega do vinho Sodade e cortou mais uma estrada em Chã das Caldeiras.

Uma adega destruída e o corte de uma estrada em Chã das Caldeiras são o resultado de ontem do avanço da lava que há quase um mês jorra ininterruptamente do vulcão da ilha do Fogo, em Cabo Verde, noticia a imprensa local.

A frente de lava, que se dirige de Monte Saia para Ilhéu de Losna, destruiu a adega de vinho do produtor Eduíno Lopes, que produz a marca Sodade, e uma das principais propriedades de cultivo de videira em Chã das Caldeiras, disse o presidente do Serviço Nacional da Protecção Civil e Bombeiros (SNPCB) de Cabo Verde, Arlindo Lima, à agência Inforpress.

A mesma fonte adiantou que a torrente cortou a via alternativa entre Cova Tina e Portela, já galgou a estrada em mais de 20 metros e continua a consumir campo de cultivo de feijão, mandioca, vinha e macieira.

Segundo o responsável, outras duas habitações que ainda estão intactas, nas proximidades da adega, também estão ameaçadas e poderão ser destruídas pela força da lava.

Com a destruição da estrada, as pessoas que pretendem chegar a Portela ou a Bangaeira, as duas principais localidades de Chã das Caldeiras, consumidas na totalidade pelas lavas, terão de percorrer a pé o troço alternativo a partir de Ilhéu de Losna, fazendo mais de uma hora numa marcha mais acelerada.

Quanto à frente de lava de Bangaeira, que se encaminhava em direcção a Fernão Gomes, com possibilidade de atingir a encosta do município dos Mosteiros, o presidente do SNPCB indicou que está estacionária há pelo menos quatro dias.

O Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, efectuou ontem a sua segunda visita à ilha do Fogo desde o início da erupção vulcânica.

A ministra da Juventude, Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos, Janira Hopffer Almada, que tutela a área de solidariedade social e da família, também visitou ontem a ilha, para se inteirar da situação.

O vulcão da ilha do Fogo entrou em erupção no dia 23 de Novembro e, até agora, não provocou vítimas, tendo destruído Portela e Bangaeira, as duas povoações de Chã das Caldeiras, planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos da ilha.

Lusa, em Rede Angola

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