terça-feira, 31 de outubro de 2017

VASSALAGEM SEM LIMITES



Martinho Júnior | Luanda

1- Numa prova de vassalagem doutrinária e ideológica sem limites, que não esconde o proverbial cinismo e hipocrisia duma Europa de decadente conservadorismo e neoliberalismo, o Parlamento Europeu representativo dos poderes das oligarquias cada vez mais divorciadas dos povos, decidiu atribuir o “Prémio Sakarov para a liberdade de pensamento” à oposição venezuelana, no preciso momento em que mais uma injecção de “revoluções coloridas” se esgota e se estilhaça nos processos eleitorais da Venezuela Bolivariana, no seguimento da Assembleia Nacional Constituinte!...

O prémio revela uma acintosa sincronização doutrinária e ideológica das oligarquias europeias para com a poderosa oligarquia venezuelana, incapaz de se afirmar nas urnas, fora do clima artificioso das tensões nas ruas.

A decisão foi encontrada também num momento em que na transversalidade, o modelo escolhido para a Europa pelas representações dessas oligarquias no Parlamento da União Europeia é assolado por telúricas crises reveladoras de tensões internas, decorrentes de espectativas sociais e humanas não satisfeitas de origem diversa, em relação às quais a União Europeia tarda democraticamente em abordar, avaliar, saber integrar ou solucionar!...

As “revoluções coloridas” também não deixaram de tisnar o solo europeu, recorde-se a Jugoslávia e a Ucrânia, ou o “arranjo”subjacente do Kosovo, para não citar os exemplos mais remotos, entre eles o que tenho evidenciado como o caso português (e o que foi feito do 25 de Abril de 1974 quando eclodiu o 25 de Novembro de 1975), que considero um dos primeiros exemplos de (contra) “revolução colorida”.

Sahara Ocidental sob ocupação militar | Marrocos expulsa eurodeputados por medo da verdade



Um grupo de 5 eurodeputados do Intergrupo para o Sahara Ocidental tentou visitar El Aaiun nos territórios ocupados do Sahara Ocidental sob ocupação militar marroquina desde 1975, após a aterragem no aeroporto os eurodeputados foram impedidos de sair do avião e forçados a regressar no mesmo avião a Las Palmas (Espanha). De acordo com declarações da deputada sueca, Bodil Valero, as autoridades pediram-lhes os seus passaportes, no interior do avião, a que os eurodeputados se recusaram.

Diversos passageiros mostraram a sua solidariedade com este grupo de deputados europeus.

A delegação era composta pela deputada sueca Jytte Guteland (S & D), presidente do Intergrupo; Paloma López Bermejo (IU) vice-presidente, Josu Juaristi (EH Bildu), Lidia Senra (Galega Alternativa Esquerdas) de Espanha e Bodil Valero (Verdes / ALE), também sueca, acompanhados por um assistente. O objectivo da vista era realizar reuniões com a sociedade civil saharaui, vítimas de violações dos direitos humanos e ativistas na cidade, além de verificar de perto a situação sob a ocupação marroquina e a mudança demográfica, com a introdução de centenas de milhares de colonos marroquinos.

O grupo parlamentar da Esquerda Unida / Esquerda Nórdica Verde (GUE / NGL) descreveu como "inaceitável" a expulsão de cinco dos seus deputados, três deles espanhóis do Sahara Ocidental, após as autoridades marroquinas não lhes permitem sair de um avião em El Aaiún . Paloma López Bermejo, vice-presidente do Intergrupo para o Sahara Ocidental afirma que as autoridades marroquinas lhes disseram que como turistas eram bem-vindos mas não como observadores com uma "agenda" de uma das "partes" Lopez reafirmou que os deputados não vão abandonar o povo saharaui e o seu legítimo direito à autodeterminação.

Portugal | CENSURA NA TVI



A censura prévia, ou auto-censura, existe desde há muito nas estações portuguesas de televisão. Mas inédito foi o acontecido dia 30 de Outubro, cerca das 21h30, na TVI. 

Em meio a um debate sobre os incêndios florestais, na sequência de uma reportagem da jornalista Ana Leal , a emissão foi cortada subitamente e sem qualquer explicação. Isto aconteceu quando intervinha o Comandante do Bombeiros de Leiria, o qual mal principiara a sua análise. Este acto censóreo da direcção da TVI constitui uma afronta tanto ao público que assistia ao debate como aos seus intervenientes e ao moderador do mesmo. Assim vai o jornalismo em Portugal.

Resistir.info

Censura interna nas manhãs da TVI

A exclusão de um jornal na 'Sala de Imprensa' da TVI é um exemplo gritante e revelador de enviesamento e má informação a quem a vê.

A revista de imprensa das manhãs da TVI não mostra o CM. Porquê? "Por ordem da Direcção de Informação", dizem-me da TVI. Se é capaz desta censura sistemática, imagine-se como são alinhados os noticiários quando os "amigos" do director estão em causa.

Todas as manhãs, a TVI censura o Correio da Manhã. Esta censura interna, que prejudica o canal e os seus espectadores, é aceite pelos jornalistas da casa como normal. Já que são servos sem coragem nem vergonha, ao menos não se armem em independentes.

Eduardo Cintra Torres | Correio da Manhã | 08.09.2017

PORTUGAL | Os nossos juízes estão a precisar de polícia?



Pedro Tadeu | Diário de Notícias | opinião

Para agir o Conselho Superior de Magistratura teve de ser pressionado pelos jornais, por colunistas, por comentadores, pelo Presidente da República, pela ministra da Justiça, pelas redes sociais e até por pequenas mas inéditas manifestações de rua contra o acórdão do juiz da Relação Neto Moura (co-assinado "de cruz", segundo o jornal "Expresso", pela juíza Maria Luísa Arantes) que teceu largas considerações gerais sobre a suposta imoralidade da mulher adúltera, aparente estatuto da vítima do caso, que levou no corpo com uma moca de pregos.

Para decidir estabelecer um simples inquérito disciplinar esse órgão de magistrados que aprecia o desempenho dos seus (e são tantos a ter "muito bom", tal como o próprio Neto Moura já teve, nas respetivas classificações de carreira que deveríamos esperar ter um serviço de justiça absolutamente excecional, em vez de termos de conviver com o arrastado desastre diário que ele é) teve de ser empurrado para uma espécie de beco sem saída mediático e político, cuja única escapatória foi tentar anunciar que ia fazer alguma coisa mais ou menos relevante, suponho que na esperança do assunto entrar no esquecimento.

Já foi ultra escalpelizada a sentença polémica deste juiz, suficientemente grave e anacrónica para até dar azo a que se sustentem opiniões de gente prestigiada que acabam, voluntária ou involuntariamente, a pôr em causa a independência dos juízes, privilégio fundamentalmente sustentado no facto de eles não deverem ser responsabilizados pelas decisões que tomam, o que até é garantido constitucionalmente.

NO PSD VÃO MUDAR AS MOSCAS, MAS…



Operação cosmética no PSD não muda política

Jornadas parlamentares decorreram nos últimos dois dias, em Braga

No PSD mudam as caras mas mantém-se o rumo: Rui Rio disse aos deputados do partido que faria «igual ou pior» do que fez Maria Luís Albuquerque nas Finanças. Passos anuncia voto contra ao Orçamento.

As jornadas parlamentares do PSD em Braga, que terminam hoje, tiveram de tudo um pouco. No primeiro dia a estrela foi Rui Rio, um dos candidatos à liderança do partido. De acordo com relatos recolhidos de deputados presentes no encontro à porta fechada pela Lusa, o ex-presidente da Câmara Municipal do Porto ter-se-à dirigido à anterior ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e dito que faria «igual ou pior» no seu lugar.
O pretendente ao lugar de Passos Coelho já tinha afirmado que, com ele no Governo, haveria um défice zero. Agora, concretiza o método: repetir e aprofundar a política do anterior governo mas de forma ainda mais agressiva. As eleições internas do PSD parecem estar destinadas a não passar de um exércio de relações públicas, em que mudam alguns dos protagonistas, outros são reabilitados, mas a política é a mesma.
Em coerência, o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, anunciou que o partido que ainda dirige vai votar contra a redução do IRS para os trabalhadores que menos ganham, o descongelamento das carreiras dos trabalhadores da Administração Pública ou o aumento extraordinário das pensões.

AbrilAbril

Imagem:  O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, acompanhado pelos candidatos à liderança do partido, Rui Rio e Pedro Santana Lopes, durante as jornadas parlamentares, em Braga. 30 de Outubro de 2017CréditosHugo Delgado / Agência LUSA

*Título PG

PORTUGAL À SOMBRA DE AMBIGUIDADES AINDA NÃO ULTRAPASSADAS – IX



Martinho Júnior | Luanda 

Em saudação aos 60 anos do MPLA, aos 52 anos da passagem do Che por África e aos 43 anos do 25 de Abril… e assinalando os 50 anos do início do “Exercício ALCORA” e os 50 anos do início da Guerra do Biafra. 

17- O 25 de Abril de 1974 em Portugal, favoreceu a descolonização, sem contudo impedir que essa descolonização fosse pautada pelos imponderáveis ao sabor das potências da época, assim como das correntes dominantes, que articularam seus interesses por via de interpostas entidades, resguardando-se na época, de certo modo, da visibilidade político-diplomática em direcção a África, em particular em direcção ao “apartheid”.

Dimensionavam seus passos, programas e relações numa atmosfera meio clandestina, meio envergonhada e sempre com a tradicional dose de subtil hipocrisia e cinismo, conformes aos costumes digeridos durante séculos!

A descolonização foi assim um processo inquinado, por que as ingerências e as manipulações sobre as até então colónias, interferiram duma forma ou de outra, com maior ou menor intensidade, a partir desde logo dos Estados Unidos e em vários“tabuleiros”: em Portugal, nas colónias em vias de independência, na Europa e em África (sobretudo na África Austral e Central).

Efectivamente, a posição de múltipla vassalagem de Portugal, era por si um incentivo às ingerências e manipulações das potências dominantes, sobretudo dos Estados Unidos em função dos interesses da aristocracia financeira mundial e isso foi desde então um processo continuado, uma constante prova de conspiração.

Nesse âmbito, Angola haveria de sofrer com mais intensidade esses impactos, pois face ao Não Alinhamento activo do Movimento de Libertação (MPLA), estavam disponíveis ao poder de manobra das potências que compõem a “civilização judaico-cristã ocidental”, os etno-nacionalismos angolanos (FNLA e UNITA), assim como seus vínculos de orientação, quer a partir do Zaíre, quer a partir do“apartheid” instalado na África do Sul e Namíbia ocupada, quer a partir da muleta portuguesa, tudo isso aproveitando o rescaldo do Exercício ALCORA e os bons ofícios dos conservadores do “Le Cercle” que se haviam antes implicado com a “Aginter Press”, enquanto houve Estado Novo em Portugal (Jaime Nogueira Pinto é uma das “emanações” que deu sequência, como foi antes Jorge Jardim), todos eles revendo-se no “aconselhamento” a Savimbi e a Dlakhama!

O 25 de Abril de 1974 enquanto revolução sustentou-se numa curta duração, por que a 25 de Novembro de 1975 sobreveio a contrarrevolução, que se apossou do rótulo para implementar os conteúdos a condizer aos interesses das oligarquias portuguesa e europeia: a “revolução dos cravos” serviu para o primeiro ensaio das “revoluções coloridas” da história, indexando o processo português à própria formação da União Europeia (Comissão Europeia), mas mantendo-o sempre em “rédea curta”, quer em relação aos auspícios e ideologias dominantes propagadas pelos Estados Unidos, quer em relação às doutrinas e auspícios da NATO.

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