domingo, 2 de fevereiro de 2020

Timor-Leste aposta na formação pedagógica de professores do Ensino Superior


O Reitor da Universidade de Díli (UNDIL), José Belo, afirmou que está empenhado em melhorar as competências pedagógicas de todos os seus docentes. Esta universidade timorense é membro do Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa (FORGES).


Azancot de Menezes, PhD em Educação pela Universidade de Lisboa, formador em cursos de pós-graduação em Angola e em Timor-Leste, foi o animador convidado para ministrar no início deste ano mais uma acção de formação, intitulada, “Metodologias de Ensino-Aprendizagem para o Desenvolvimento de competências em contexto de Ensino Superior”.

A ideia fundamental, segundo o formador, tal como tem defendido nas formações realizadas em outros contextos geográficos, é contribuir para que os formandos desenvolvam competências gerais, tais como, “saber lidar com a análise e a síntese”, “adquirir capacidade para a autonomia na aprendizagem e no trabalho”, “saber ultrapassar erros e obstáculos no âmbito do processo de ensino-aprendizagem”, “capacidade para gerir situações-problema”, entre outras.

Segundo Azancot de Menezes, um dos problemas de Timor-Leste, ignorado ou secundarizado por muitos governantes, é que os diplomados saem das universidades com poucas competências para participar com êxito no âmbito dos desafios colocados pela globalização económica e pelo neoliberalismo.

A política externa da Turquia


João Ramos - CEIRI

A política externa do governo de Recep Tayyip Erdogan tem sido objeto de atenção já a algum tempo. O renovado interesse no mandatário turco decorre de ele buscar se consolidar como uma força política ativa em distintas questões do Médio Oriente.

Aliando um discurso extremamente nacionalista com uma aproximação de outros Estados na área, o governo da Turquia tem tentado tornar o país mais presente nos desafios políticos e se consolidar como um interlocutor razoável para países na região.

A Turquia tem buscado uma alternativa de alinhamento que alia diálogo com países e forças no Médio Oriente, bem como a consolidação de sua relação com atores extra-regionais como a China, mas, sobretudo, a Rússia.

Recentemente, o país vem empreendendo projetos ambiciosos em seu envolvimento na região. O primeiro é a presença militar na Líbia, visando, segundo Ankara, contribuir para solucionar as tensões naquele território. O segundo é o empreendimento de um gasoduto para explorar gás natural no Mediterrâneo. Em meio a esse contexto, guiada pela Rússia, a Turquia tem empreendido esforços para estabelecer um diálogo diplomático com a Síria.

Frente ao cenário de instabilidade do Médio Oriente, agravado pela escalada de violência entre os Estados Unidos e Irão após o ataque que matou o general iraniano Qassem Soleimani, a Turquia tomou rápidas atitudes para marcar sua posição.


Até ao momento, tem tomado posições pragmáticas, que podem indicar tanto o desejo de se envolver com uma questão que a desobrigue de participar do conflito entre EUA e Irão, bem como o desejo de aproveitar o momento para obter ganhos políticos.

Trump humilha os palestinos


Plano apresentado pelo presidente dos EUA contempla amplamente os interesses de Israel, enquanto palestinos claramente saem perdendo. Isso não pode acabar bem, afirma o jornalista Rainer Sollich.

O conflito entre israelitas e palestinos já dura décadas, sem uma solução à vista. Nem guerras, atentados e revoltas populares, nem iniciativas internacionais, acordos de paz ou resoluções da ONU mudaram substancialmente alguma coisa nessa situação. A desconfiança é grande, e a disposição ou capacidade para acordos históricos é nula em ambos os lados.

Diante de tudo isso, deveria ser um impulso promissor se o presidente dos Estados Unidos aparece com uma visão pacifista e convincente para mudar o cenário no Oriente Médio e envia o seguinte sinal: estamos num profundo impasse – é hora de tentar com novas ideias e trilhar um caminho totalmente diferente!

Só que Donald Trump não é um presidente conhecido por suas visões pacifistas. Para o Oriente Médio, ele também não tem nem ideias nem abordagens novas. Bem ao contrário: seu anunciado "acordo do século" nem mesmo é um "acordo" no sentido de um compromisso duramente negociado entre dois lados em posição de igualdade. É claramente a tentativa de uma imposição política.

Denunciantes e Kafka


O totalitarismo é também a ideia de não olhar a meios para obter certos fins


Há quem acredite em bons denunciantes, em generosos e desinteressados denunciantes. Há quem goste de denunciantes.

Lendo a diretiva europeia sobre a proteção de denunciantes percebemos a influência do Processo de Kafka nos sistemas burocráticos a caminho do totalitarismo.

Para a burocracia da União Europeia, denunciante é uma pessoa que pretende alertar para eventuais violações do direito da União. O denunciante não tem de se identificar, nem de apresentar provas. O denunciante adquire o estatuto e a proteção por ele garantida apenas por ‘pretender alertar’ para eventuais violações. Para os burocratas kafkianos, o denunciante existe ainda antes da denúncia, ainda na fase em que pretende, isto é, tem a intenção de, alertar e não para violações, mas para eventuais violações!

O que distingue, nesta definição o denunciante de um vulgar boateiro? Nada!

Mas o boateiro, ainda assim constitui a categoria mais baixa do denunciante. O tipo que produz fake news, por exemplo, mas que a União entende já merecer proteção, porque pode haver uma eventual violação… Nunca se sabe…

Na escala dos denunciantes seguem-se os das espécies mais vulgares, os ressabiados. Uma pessoa sentiu-se prejudicada num negócio, numa promoção, até num affaire amoroso e denuncia para se vingar. Também merece proteção da nossa União!

Segue-se o denunciante jogador e chantagista. Uma pessoa espia computadores, escuta telefones, tira fotografias, obtém documentos e vai fazer chantagem. Se correr bem e receber o que pediu, mete ao bolso e parte para nova ação, se correr mal, vai apresentar as ditas “provas” e assim ganhar o estatuto de denunciante, com a devida proteção da União.

Portugal | Cunhal acreditou que revolução não tinha marcha-atrás e desvalorizou PS


Domingos Lopes, ex-dirigente do PCP, confessa no livro 'Memórias Escolhidas' a sua admiração por Álvaro Cunhal, mas aponta-lhe erros como julgar que a revolução de 1974/75 não tinha marcha-atrás e desvalorizar o PS.

Ao longo de 200 páginas, o militante e dirigente recorda 40 anos de militância no PCP (saiu em 2009), da sua adesão às "lutas" estudantis em Coimbra e Lisboa, o 25 de Abril e os tempos da revolução de 1974/75 em que foi secretário de Álvaro Cunhal quando o líder histórico dos comunistas portugueses foi ministro de Estado sem pasta, a sua experiência internacional e a dissidência que o levou a ser "comunista sem partido".

Álvaro Cunhal (1913-2005) ocupa uma parte central neste livro de memórias de Domingos Lopes, 70 anos, que admite a sua admiração pelo ex-secretário-geral do PCP que o convidou para o seu gabinete de ministro, em 74, quando estava no 5.º ano da Faculdade de Direito de Lisboa.

E descreveu esses tempos desta maneira: "Saímos [o PCP] da clandestinidade para o centro do poder. Era um tempo de sonhar totalmente acordado, de manhã à noite, um tempo que nunca mais se esquecerá."

"Cunhal era um homem simples no seu dia-a-dia. Tinha uma inteligência prodigiosa, uma enorme sensibilidade, a sua força, os seus amores e desamores e, sempre, o seu partido", lê-se no livro em que descreve "o Álvaro" como "um homem feito de vários homens" que era mestre "na arte de lidar com os outros", fossem "camaradas ou não camaradas".

Portugal | Orçamento aprovado na generalidade mas com instabilidade no horizonte


A aprovação do Orçamento para 2020 na generalidade é o principal marco dos primeiros cem dias do novo Governo, que se completam neste domingo, mas o processo negocial ainda em curso indicia riscos de instabilidade a prazo.

Ao contrário do que se passou na anterior legislatura, a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2020 não foi desta vez aprovada com votos favoráveis do Bloco de Esquerda, PCP, PEV e PAN, mas apenas com as suas abstenções, às quais se juntaram as de três deputados do PSD/Madeira e da deputada única do Livre, Joacine Katar Moreira.

Embora o novo quadro político resultante das eleições legislativas de 6 de outubro permita agora matematicamente que um Orçamento passe somente com votos do PS, desde que não tenha a oposição das forças à esquerda dos socialistas, o sentido de voto de Bloco e PCP evidencia uma maior demarcação política face ao segundo Governo minoritário liderado por António Costa.

As votações na especialidade do Orçamento do Estado começam já na segunda-feira e, durante esta fase do debate, está no horizonte a possibilidade de PSD, Bloco de Esquerda e PCP isolarem o PS na aprovação de uma proposta de descida do IVA da eletricidade para consumo doméstico de 23% para 6% - uma medida que o Governo estima ter um custo anual superior a 700 milhões de euros e que considera colocar em causa o equilíbrio das contas públicas.

Portugal | Três centenas marcham em Lisboa contra o racismo e a violência policial


ONTEM EM LISBOA

Cerca de três centenas de pessoas desceram hoje a Avenida da Liberdade, em Lisboa, para protestar contra a "violência policial" e pedir justiça para a mulher alegadamente agredida pela polícia na Amadora.

"Racismo e fascismo não passarão" e "direitos iguais", foram algumas das palavras de ordem proferidas pelos manifestantes, durante o percurso entre a rotunda do Marquês de Pombal e o Rossio, sempre acompanhado por um forte contingente policial.

Esta ação de protesto foi convocada por vários movimentos e associações antirracistas, entre elas o SOS Racismo, Instituto da Mulher Negra em Portugal, Brutalidade Policial, Consciência Negra, Frente Antifascista, Djass - Associação de Afrodescendentes.

Alguns deputados deslocaram-se ao local de partida da manifestação para demonstrar a sua solidariedade, nomeadamente Beatriz Dias (Bloco de Esquerda), Joacine Katar Moreira (eleita pelo Livre) e Rita Rato (PCP).

O populismo da nova década



Se, como defensores da democracia, nos auto-atribuirmos o papel de meros gestores de inevitabilidades, então é certo que os populistas têm o caminho aberto para tomar conta do espaço público e destruir a democracia.

Celebraram-se  os 75 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz, um dos palcos mais emblemáticos das monstruosidades cometidas pelo regime nazi. Nada existe no contexto político actual do mundo ocidental, onde a democracia e o respeito pelos direitos fundamentais continuam maioritariamente a prevalecer, que nos permita afirmar a proximidade de algo parecido ao período mais negro do século XX. Mas uma coisa é deixarmos de lado esse género de proclamações apocalípticas carecidas de utilidade e significado. Outra, completamente diferente, é ignorarmos os sinais alarmantes que nos chegam regularmente e que revelam uma quase normalização de comportamentos provocados pelos extremismos políticos, designadamente pela extrema-direita.

De acordo com uma notícia publicada em Dezembro último no PÚBLICO, em 2019 registaram-se na Alemanha, onde em tese a “vacina” deveria durar mais tempo, 1241 actos criminosos contra políticos e representantes públicos alemães, na sua maioria comprovadamente cometidos por elementos de extrema-direita. Esses actos criminosos percorrem toda a hierarquia da bestialidade: começam em ameaças de morte que resultam em demissões; passam depois a violentos ataques causadores de graves lesões; e, por fim, culminam no assassínio de algumas destas pessoas.

A confirmar este cenário pouco animador, o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, lembrou, no seu discurso na cerimónia de celebração da libertação de Auschwitz, que era inexacto assumir que os alemães tinham aprendido com a História: “Não posso dizer isso quando o ódio se está a espalhar. E não posso dizer isso quando crianças judias são cuspidas nas escolas.” 

Supõe-se que as cuspidelas não sejam dirigidas por adultos, mas sim por outras crianças. E esta é uma particularidade que torna tudo mais doentio e assustador, pois estamos perante uma doutrinação através do ódio e do racismo que começa desde tenra idade e que, muito provavelmente, não será refreada com o passar do tempo, propiciando a escalada da hierarquia de que falávamos acima.

Nazi-fascismo em Itália | Salvini não é invencível


Jorge Almeida Fernandes | Público | opinião

O percurso da Liga parecia uma marcha triunfal, imparável ou até inexorável. O mito da infalibilidade, que tanto beneficiava o líder de extrema-direita italiano, desfez-se no domingo, nas eleições da Emília-Romanha.

Foi a primeira derrota de Matteo Salvini (26.01). As eleições de domingo, na Emília-Romanha (Norte de Itália), assinalam o fim da sua invencibilidade. 

O seu percurso parecia uma marcha triunfal e imparável. Ao fim de dois anos de sucessos eleitorais, cujo apogeu foi a vitória nas eleições europeias de 2019, em que a Liga se tornou no maior partido italiano, Salvini fez uma desmesurada aposta estratégica: conquistar uma “região vermelha”, governada pela esquerda há 75 anos, e que é, simultaneamente, uma região modelo, rica, moderna e com altos índices de bem-estar. Seria o começo da “conquista de Roma”. Errou. E perdeu.

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