sábado, 2 de julho de 2011

São Tomé e Príncipe: Campanha para eleger terceiro PR começa com nove candidatos




EL - LUSA

Lisboa, 02 jul (Lusa) -- A campanha eleitoral para as presidenciais em São Tomé e Príncipe, as terceiras desde que em 1991 foi eleito o primeiro Presidente da República do regime multipartidário, começou hoje.

As eleições realizam-se no próximo dia 17 e são nove os candidatos, à sucessão de Fradique de Menezes, que se apresentam aos 92.638 eleitores inscritos.

Depois de numa primeira fase terem surgido 14 candidaturas, o maior número de sempre, e que tornaram São Tomé e Príncipe no país com o maior número de candidatos presidenciais "per capita", o Tribunal Constitucional rejeitou quatro e um quinto optou por desistir do escrutínio.

Entre os nove candidatos agora na corrida, sobressai o nome de Manuel Pinto da Costa, primeiro presidente dos 36 anos de história do país - que se completam cinco dias antes do escrutínio -, e que foi o artífice da instauração do regime multipartidário.

Primeiro líder do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), formação que dirigiu os destinos do Estado em regime de partido único, e a que a abertura democrática trouxe o sufixo PSD (MLSTP-Partido Social Democrata), Pinto da Costa apresenta-se como suprapartidário.

Mais três candidatos são igualmente originários do MLSTP-PSD: a ex-primeira-ministra e vice-presidente do parlamento, Maria das Neves, a ex-ministra da Justiça e da Defesa, Elsa Pinto, e o atual líder do partido, Aurélio Martins.

Outro candidato é o antigo primeiro-ministro, em duas ocasiões, e atual presidente do parlamento Evaristo Carvalho, que recebeu o apoio do atual partido maioritário, a Acção Democrática Independente (ADI).

Entre os demais candidatos figura o jurista Filinto da Costa Alegre, os economistas Jorge Coelho, Manuel de Deus Lima e Hélder Barros, este antigo ministro da Coordenação Económica no governo liderado por Evaristo Carvalho.

Apesar das limitações constitucionais, que conferem ao Presidente da República espaço de manobra alargado somente nas áreas da Defesa e Relações Externas, é de prever que o combate à pobreza, setor em que o país apresenta índices de 54 por cento entre os cerca de 180 mil habitantes, a instabilidade política e o petróleo sejam os temas mais debatidos durante as duas semanas de campanha eleitoral.

Quanto à instabilidade política, os factos falam por si: 10 primeiros-ministros nos últimos 10 anos.

Sobre o petróleo, as previsões e estudos já efetuados apontam para que a Zona Económica Exclusiva do país integre umas das mais importantes jazidas do continente africano.

Além da sua ZEE, São Tomé e Príncipe mantém uma zona de desenvolvimento conjunta com o poderoso vizinho que é a Nigéria.

A este respeito, o primeiro-ministro são-tomense Patrice Trovoada - no cargo há menos de um ano -, disse há cerca de uma semana à Lusa que em 2015, com o início da produção petrolífera naquela zona, a perceção sobre o petróleo em São Tomé e Príncipe "vai mudar".

Como salienta o Banco Africano de Desenvolvimento no relatório sobre as Perspetivas Económicas do país, divulgado em maio passado, "até que as receitas do petróleo se concretizem, e se tal vier a acontecer, o governo continuará dependente do financiamento externo".

Mais à frente, o BAD contempla os restantes previsíveis temas da campanha: "A curto prazo, as perspetivas económicas dependerão da estabilidade do novo governo e do sucesso das eleições presidenciais".

Moçambique: CRIANÇAS LEVAM COMIDA PARA CASA A FAZEREM DE GUIA PARA CEGOS




André Catueira, da Agência Lusa

Chimoio, Moçambique, 02 jul (Lusa) - Chano, 8 anos, magro e cabeça rapada, pousa o braço do "sócio" no seu ombro e guia-o para pedir esmola através das ruas de Chimoio, centro de Moçambique, onde ganha a vida como "guia de aluguer".

Com o esfarrapado português, explica que dispensa o seu tempo de escola para "girar" as ruas de Chimoio, capital de Manica, para mendigar com o parceiro. A receita diária é repartida a dois, valor que serve para colocar comida em casa e comprar roupa.

"Não é minha família, só vive perto da minha casa. Veio-me pedir para ajudar a andar com ele a fazer esmola e no fim ele me dá também dinheiro ou aquilo que formos a receber", conta à Lusa Chano, que não faz ideia de quanto ganham por dia, mas garante: "Dá para comprar comida".

Alguns invisuais, sem ninguém para os conduzir, alugam "crianças guias", seus vizinhos ou amigos, orientando-os nos peditórios, situação que se coloca como um novo desafio para o governo e seus parceiros no combate à mendicidade.

"É um desafio, pois entre eles é uma forma de ajuda, porque (as crianças) guias alugadas encontram a forma de ganhar algum, por pertencerem a famílias vulneráveis e sem rendimento, mas temos acautelado os seus direitos", disse à Lusa Eugénio Tomás, chefe da repartição da Ação Social, na Direção Provincial da Mulher e Ação Social de Manica.

Geralmente, os portadores de deficiência visual levam consigo os filhos, para os guiar na prática de mendicidade, mas uma campanha governamental recolheu as crianças com idade escolar para estudar. Atualmente, os filhos guiam os pais no período em que estiverem livres, mas muitos abandonam a escola para se dedicar à mendicidade.

Em 2010, 13.896 crianças desamparadas, órfãs e vulneráveis estavam inscritas nos 40 centros abertos e fechados, além de uma aldeia SOS e um infantário provincial.

A Associação dos Cegos e Amblíopes de Moçambique (ACAMO) em Manica garantiu que estão em curso trabalhos para assegurar que "Crianças Guias" alugadas ganhem de forma justa no fim das atividades. A ACAMO tem 254 membros inscritos.

"Por vezes, os portadores pedem filhos dos vizinhos e amigos para os guiar e dividem a receita no final de dia, mas não são membros da associação, e temos trabalhado para que a recompensa seja justa", afiançou Francisco Tembo, presidente da ACAMO, em Manica.

Ainda segundo Tembo, uma campanha de registo dos deficientes está em curso para apurar o grau de necessidade e vulnerabilidade de cada um, para melhor direcionar as atividades da associação.

Entretanto, o governo está preocupado igualmente com a taxa de natalidade entre os casais deficientes visuais, facto que leva a que muitas crianças cresçam num ambiente de mendicidade.

"O nível de natalidade preocupa-nos. Há muitas crianças pequenas que vão mendigar com os pais porque não têm com quem ficar em casa, para os cuidar. Então acabam indo uma família inteira, por vezes com oito pessoas", explica Eugénio Tomás.

Em Chimoio a pobreza "sai" à rua todas as quintas-feiras, quando os mendigos vão receber ofertas nas portas das lojas. Uma iniciativa do governo pretende reduzir a proliferação da mendicidade com a construção de três centros de aglomeração, onde serão direcionadas as ofertas. Nos centros, serão desenvolvidas atividades de geração de rendimento.

AYAC.

Balcão da Casa do Cidadão de Cabo Verde é hoje inaugurado no Seixal, em Portugal




EL – JYF - LUSA

Seixal, Setúbal, 02 jul (Lusa) -- Os cabo-verdianos residentes no Seixal, a segunda cidade portuguesa com maior número de nacionais daquele país radicados em Portugal, poderão a partir de agora tratar de documentos pessoais sem terem que se deslocar ao consulado, em Lisboa.

A facilidade deve-se à inauguração de um balcão da Casa do Cidadão de Cabo Verde, onde vai ser possível emitir certidões de nascimento, casamento, óbito, perfilhação e registo criminal para imigrantes cabo-verdianos.

Na cerimónia de inauguração, no Espaço Cidadania do Seixal, onde o balcão vai funcionar, estarão presentes o secretário de Estado da Administração Pública de Cabo Verde, Romeu Modesto, e o presidente da câmara do Seixal, Alfredo Monteiro.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da Associação Cabo-verdiana do Seixal, Lídia Duarte, afirmou que a inauguração deste serviço "é um grande passo".

A responsável explicou que "agora passa a ser possível obter no balcão um conjunto de documentação que os imigrantes só podiam obter na embaixada, em Lisboa, como certidões de nascimento, casamento, óbito, perfilhação e registo criminal".

Os serviços do balcão da Casa do Cidadão de Cabo Verde vão também ser prestados "online" e por telefone, por intermédio do portal www.portondinosilha.cv e de um "service center".

*Foto e mais informação em Rostos Online

GRUPO ITALIANO ENI VAI EFETUAR NOVAS PERFURAÇÕES PETROLÍFERAS EM TIMOR-LESTE





Dili, Timor-Leste, 1 Jul – O grupo italiano ENI deverá avançar até ao final do ano com a perfuração de um novo poço petrolífero em Timor-Leste, onde está presente, desde 2007, em cinco blocos, anunciou quinta-feira em Dili o presidente do grupo português Galp Energia, Manuel Ferreira de Oliveira.

Com 10% do consórcio que tem como operador e principal accionista o seu parceiro estratégico ENI, que controla 33,34% do capital social do grupo português, o grupo Galp Energia continua a apostar naquela região do globo mesmo depois do fracasso em torno do Cova 1, cuja perfuração revelou um poço seco.

Localizado em águas ultra-profundas, os trabalhos de perfuração no Cova 1 custaram, a preços de mercado, cerca de 80 a 100 milhões de dólares.

Manuel Ferreira de Oliveira, que em Dili participou na conferência “Energia em Timor-Leste”, afirmou que o grupo a que preside “responderá à chamada, se ela existir” para desenvolver o campo de gás Greater Sunrise, caso falhem as negociações do governo timorense em torno da actual concessão.

As autoridades timorenses têm bloqueado a entrada em exploração do campo Greater Sunrise, com uma das maiores reservas de gás natural da região, concessionado a um consórcio liderado pela petrolífera australiana Woodside.

A razão é não ter sido considerada pelo consórcio a possibilidade de encaminhar o gás para o território timorense, permitindo o desenvolvimento industrial associado ao processamento de gás natural. (macauhub)

EAST TIMOR WANTS TO LOCK SHELL OUT OF GREATER SUNRISE TALKS




Ross Kelly - Dow Jones Newswires  - The Australian

EAST Timor is calling for Royal Dutch Shell to be excluded from discussions about the development of the Greater Sunrise gas field, claiming its promotion of floating liquefied natural gas technology represents a conflict of interest.

East Timor has consistently opposed the use of a floating LNG vessel to develop the resource, which straddles its maritime border with Australia, preferring to have the gas piped to an LNG plant built on its coastline. Floating LNG is an untried technology that converts natural gas to a liquid on a vessel permanently moored at sea.

The Sunrise joint venture is operated by Woodside Petroleum. Shell and ConocoPhillips are also partners in the venture, which last year selected Shell's floating LNG technology as the best way to develop the gas field.

East Timor's Secretary of State, Agio Pereira, said in a statement: "Shell cannot independently advocate for the best commercial advantage of the development of Greater Sunrise when Shell has a commercial conflict of interest.

"Shell decided on the FLNG option and then announced the order of the FLNG units before the debate had ever begun," Mr Pereira said.

Shell today rejected East Timor's claims.

"Our interests are in recommending the best commercial and technical option," a spokeswoman said.

"Shell is committed to open and transparent discussions on the various development options for Sunrise with Australian and Timor Leste stakeholders," she said.

Shell also recognises that any development recommendation requires government approval from both Australia and East Timor before it can proceed, the spokeswoman said.

Last month, Shell internally approved construction of what could be the world's first floating LNG vessel to develop its Prelude gas field off the north-western coast of Australia.

East Timor President Jose Ramos-Horta said a week later that his country remains "completely open" to talks with the Sunrise joint-venture partners, but is concerned about the companies' insistence on using "untested technology" for the project.

A war of words over the development erupted between Woodside and East Timor when a floating LNG concept was selected by the joint-venture partners in April 2010.

Former Woodside chief executive Don Voelte has expressed regret he wasn't able to get a breakthrough on Sunrise and some analysts are hoping new CEO Peter Coleman will make better progress with East Timorese officials.

Timor-Leste: Decisão sobre a exploração do campo Sunrise é política - Presidente da Galp




LUSA

Díli, 01 jul (Lusa) -- O presidente executivo da Galp Energia afirmou hoje que a solução para a exploração do gás natural do campo Greater Sunrise "é claramente política" e não uma questão tecnológica.

Falando no balanço de encerramento da conferência "Energia em Timor-Leste", que durante dois dias reuniu em Díli especialistas do setor, nomeadamente da Galp, da Petrobras e da Petrogal Angola, Manuel Ferreira de Oliveira comentou o diferendo que tem oposto as autoridades timorenses à Woodside, petrolífera australiana que lidera o consórcio a quem está a atribuída a concessão daquele campo de exploração conjunta entre Timor-Leste e a Austrália.

"A minha impressão de profissional do setor é que os problemas não são tecnológicos, nem são das reservas do Greater Sunrise, são problemas políticos. A solução última é claramente uma solução política", disse.

"É altura dos políticos puxarem dos seus galões e resolverem e depois deixarem os engenheiros executar bem as suas decisões. Os engenheiros saberão encontrar os meios adequados", declarou o Presidente da Galp.

Ferreira de Oliveira disse não querer assumir "nenhum tipo de posição em relação a esse desafio nacional", mas observou que a Galp "está direta ou indiretamente envolvida em projetos de liquefação, um dos quais com soluções flutuantes offshore, outros com soluções onshore".

"É claro que uma unidade em terra cria mais postos de trabalho, mais riqueza e mais oportunidades para a população local", afirmou.

"Administração Pública desmotivada mina alicerces do Estado" - Xanana Gusmão




MSO - LUSA

Díli, 01 jul (Lusa) -- O primeiro-ministro de Timor-Leste, considerou que a integração de mais de 13 mil trabalhadores temporários nos quadros da administração pública, que hoje tomaram posse, "é a correção de uma injustiça" e motivação para quem está ao serviço do Estado.

"Uma Administração Pública servida por funcionários desmotivados e fracos apenas vem minar os alicerces do Estado e, como tal, contribuir para que o caos e a anarquia se instalem e, dessa forma, inviabilizem a construção de uma sociedade democrática, justa e onde os direitos e a segurança das populações sejam garantidos", declarou Xanana Gusmão na cerimónia de posse.

O primeiro-ministro salientou que o seu Governo "apostou na rápida tomada de medidas que garantam uma Função Pública profissional e eficiente, com condições dignas e justas de trabalho para todos quantos a integram".

"Neste sentido empenhámo-nos na correção de uma prática, iniciada com a administração das Nações Unidas, que consistia na coexistência de duas categorias de funcionários da Administração Pública: os agentes da Administração, vulgarmente conhecidos por funcionários temporários, e os funcionários públicos, que são os permanentes", explicou.

Assim, "os funcionários temporários têm, desde sempre, desempenhado funções idênticas aos seus colegas que já têm um vínculo fixo e seguro com o Estado, sem verem, no entanto, reconhecidos os seus mais elementares direitos como servidores daquele, ao qual têm dedicado todo o seu esforço e permanente entrega", lembrou o chefe do executivo timorense.

Para o primeiro-ministro, "não é nada salutar para a economia do país o facto da maioria dos seus funcionários públicos serem temporários, atendendo à importância que o Estado tem no desenvolvimento do tecido económico e social, constituindo-se mesmo no principal motor do investimento público e essencial no garante das condições que atraiam o investimento privado".

A política de conversão de agentes da administração em funcionários públicos e permanentes, estimou Xanana Gusmão, vai beneficiar cerca de 65 mil pessoas, tendo em contas os gregados familiares.

"A decisão de os integrar definitivamente na Administração Pública é uma medida de grande justiça social, porque vem trazer estabilidade e segurança na vida dessas famílias junto das comunidades onde se inserem", concluiu.

TIMOR-LESTE E GALP VÃO CRIAR EMPRESA DE PETRÓLEOS E GÁS




OJE – LUSA

A Galp Energia e o Governo de Timor-Leste assinaram hoje em Díli um memorando de entendimento para a assistência técnica ao desenvolvimento da Empresa Nacional de Petróleos e Gás Natural de Timor-Leste (TimorGap).

O memorando foi assinado no final da conferência "Energia em Timor-Leste", organizado conjuntamente pelo Parlamento Nacional e pela Galp Energia, com a participação de especialistas da Petrobras e da Petrogal Angola, além da Galp e de quadros timorenses.

Nos termos do documento, vai ser criada uma equipa de trabalho conjunta, que vai trabalhar na concepção e desenvolvimento da nova empresa nacional timorense, bem como num programa de recursos humanos e quadros técnicos.

O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, que encerrou a conferência, fez "um apelo para que os seus efeitos se façam sentir a curto prazo", porque "a energia, e em particular o petróleo e o gás, constituem a principal riqueza, em termos de recursos naturais do país".

Mas, "para que os timorenses possam usufruir dos seus benefícios, precisam de saber explorar e produzir de forma eficiente", acrescentou o chefe do Governo.

"Timor-Leste dispõe ainda de poucos quadros preparados para participar em áreas críticas como esta, mas temos alguns quadros jovens com vontade e já com preparação adequada para enfrentarem estes desafios que constituem um desígnio nacional", disse.

Xanana Gusmão salientou que a partilha de uma mesma língua entre as empresas presentes do sector energético e o facto de se inserirem no espaço lusófono que percorre todos os continentes, permite "desenvolver e aprofundar laços de cooperação em áreas fundamentais".

"Estou certo que todos temos a beneficiar na CPLP, tendo a língua comum como um elo de ligação com significado económico, o que possibilitará estarmos juntos em outros mercados fundamentais", defendeu.

O primeiro-ministro enalteceu a presença "desinteressada em Timor-Leste de dois gigantes na área da energia" como a Galp e a Petrobras.

"A Galp Energia é uma empresa que goza de um capital que nos estimula, tanto em Portugal, como nos países da CPLP. Registo com apreço a circunstância de se ter feito representar ao mais alto nível, pelo seu presidente", referiu.

"A Petrobras, do Brasil, é uma das maiores companhias do mundo, responsável pela mais significativa descoberta dos últimos 15 anos, ao ter adquirido a tecnologia que lhe permite fazer as perfurações mais profundas como o está a fazer na bacia de Santos", continuou Xanana Gusmão.

Para o primeiro-ministro, "a qualidade da conferência terá forçosamente que resultar em mais-valias para os timorenses, de que o memorando de entendimento assinado é já um fruto, num momento em que Timor-Leste dá os primeiros passos na indústria do petróleo e do gás, que vai permitir o desenvolvimento económico e social do país".

Timor-Leste: GOVERNO DÁ PREFERÊNCIA A EMPRESAS ESTRANGEIRAS





Díli – O deputado da Fretilin, Inácio Moreira, declarou não estar satisfeito por serem companhias estrangeiras a gerir a construção do centro de distribuição de electricidade em Hera, em Timor-Leste.

«Nenhuma companhia nacional está envolvida no projecto», declarou o deputado, que acrescentou, que a maioria das companhias estrangeiras envolvidas no projecto de construção seriam da Indonésia, de acordo com a Comissão G do Parlamento Nacional.

Para Inácio Moreira, é preocupante que a companhia Nuclear-22 (CN22) tenha garantido a gestão do projecto e depois tenha contratado outras companhias estrangeiras, como as companhias indonésias Wika, Warsila e Puriakarya para levar a cabo aquelas que seriam as suas tarefas.

A intervenção do parlamentar da Fretilin questionou mesmo a razão pela qual o Executivo não confia tais funções a empresas nacionais para gestão do projecto em Betano, para que estas companhias possam sentir a importância da independência do país. «O primeiro-ministro Xanana Gusmão, declarou ele próprio muitas vezes que o seu Governo queria desenvolver o empreendedorismo dos timorenses. Xanana Gusmão disse que os empresários timorenses teriam a capacidade para implementação dos projectos de desenvolvimento», criticou Inácio Moreira.

O deputado do CNRT MP, Arão Noé de Jesus concordou com o parlamentar da Fretilin, declarando não querer ver o domínio estrangeiro na distribuição eléctrica em função do projecto de Betano, salientando a necessidade de envolver empresas nacionais nestes projectos de desenvolvimento.

(c) PNN Portuguese News Network

Timor-Leste: GOVERNO DESAFIA GALP A INVESTIR TAMBÉM NOS BIOCOMBUSTÍVEIS




MSO - LUSA

Díli, 01 jul (Lusa) -- O secretário de Estado da Política Energética de Timor-Leste, Avelino Coelho, convidou hoje a Galp a desenvolver investimentos no país, no setor dos biocombustíveis.

Durante um debate sobre o futuro dos "combustíveis verdes", integrado no encontro sobre energia realizado em Díli, Avelino Coelho salientou que Timor-Leste, apesar de 80 por cento da sua população viver da agricultura, tem mais de um milhão de terras por cultivar, que pode ser aproveitado para o cultivo de oleaginosas para produzir biocombustível.

Apesar dos recursos consideráveis em petróleo e gás natural do país, Timor-Leste tem uma dependência energética quase total do exterior, que Avelino Coelho quer ver reduzida.

Por isso, salientou, a política energética do Governo de que faz parte têm como grandes linhas a redução da dependência externa, a aposta nas renováveis e a proteção do ambiente.

De acordo com os estudos que estão na posse da sua Secretaria de Estado, existem potencialidades no país para produzir até 252 megawatts com recursos hídricos, 72 megawatts de energia eólica e até 40 megawatts em parques solares.

A aposta nos biocombustíveis é outra das componentes da política do Governo, que avançou já com um campo experimental de 150 hectares, onde os agricultores associados em modelo cooperativo cultivam jatrofa, e montou uma destilaria com capacidade para produzir entre 1.500 a 2.000 litros por dia.

"Estamos a fazer esse estudo prático, com uma produtividade de cerca de um litro por cada três quilos de sementes de jatrofa, planta que não é estranha a Timor, onde se dá até no monte Ramelau e que já era cultivada pelos nossos ancestrais desde há séculos", disse.

Segundo o secretário de Estado, o Governo quer encorajar o investimento privado com garantia de mercado, determinando uma percentagem de incorporação de biocombustíveis no mercado nacional, sem excluir a possibilidade de investimento público.

"Gostaríamos de ver a Galp desenvolver investimentos nos biocombustíveis", afirmou, adiantando que deverão ser definidas zonas energéticas na Lei de Base das Renováveis, que deverá ser apresentada ao Parlamento no próximo ano.

No que respeita à posse da terra, Avelino Coelho afirmou que estão a ser analisadas duas possibilidades: uma, de concessão direta por um prazo alargado, e a outra de organização dos produtores em modelo cooperativo, com assistência técnica do investidor.

Mudar a monocultura e orientar os camponeses para o aproveitamento máximo das suas parcelas é o objetivo, segundo Avelino Coelho, que vê no cultivo de oleaginosas "benefícios para o povo", sendo "uma opção que pode contribuir para um impacto social relevante, ao garantir um produto com valor no mercado, aos que dependem da terra".

"Após a extração do óleo, podem ainda ser aproveitados subprodutos para o fabrico de biobriquetes", acrescentou o membro do Governo, questão que está em estudo, atendendo também a que a maioria da população utiliza lenha e carvão para cozinhar, que estes podem substituir, sendo uma mais-valia também económica.

Galp lembra que países com petróleo como o Brasil também apostam nos biocombustíveis




MSO - LUSA

Díli, 01 jul (Lusa) -- O presidente executivo da Galp Energia, Manuel Ferreira de Oliveira, salientou hoje que países como o Brasil, que têm recursos petrolíferos, não descuram os biocombustíveis pelo impacto na criação de emprego.

Embora a Galp seja parceira em dois "grandes projetos de biocombustível", um no Brasil e outro em Moçambique, abordou o tema na conferência "Energia em Timor-Leste", que decorre em Díli, "para informar e não para influenciar", segundo as palavras do seu presidente.

"Os biocombustíveis são já uma realidade. Na União Europeia, por diretiva comunitária, em 2020 cerca de 10 por cento dos combustíveis de transporte terão de ser de origem vegetal", disse.

"São uma atividade de tecnologia relativamente simples, de fácil acesso e que gera muitos postos de trabalho, sendo suscetíveis de serem produzidos por famílias, embora sejam também necessárias empresas estruturadas", acrescentou o presidente da Galp.

Ferreira de Oliveira deu exemplos como o Brasil, que foi "o grande promotor de biocombustíveis, há quase 30 anos, sobretudo com o álcool e é hoje no mundo uma referência nos biocombustíveis e não porque não tenha também óleos minerais".

O Brasil "produz hoje dois milhões de barris por dia, está numa trajetória para chegar a cinco ou seis milhões de barris por dia, e nem por isso deixa de dedicar muita atenção à produção de biocombustíveis", acrescentou.

"Por razões económicas, mas também pela criação de postos de trabalho e de criar rendimento para as regiões mais desfavorecidas", observou.

Ferreira de Oliveira citou também Angola, "país que tem já uma lei aprovada pelo seu Governo para a produção de biocombustíveis, não obstante produzir também cerca de dois milhões de barris por dia", e Moçambique, que "tem grandes ambições para a produção de biocombustíveis".

A compatibilidade da produção de "plantas energéticas" com a satisfação das necessidades alimentares foi a principal questão levantada no período de debate, com intervenções a pôr em causa o real rendimento para o agricultor e a melhor utilização dos solos.

"Sabemos bem que é um tema sempre quente e o que sentimos hoje aqui é uma pequena amostra dessa discussão que existe noutros países", comentou Manuel Ferreira de Oliveira.

Segundo Sillas Oliva, da brasileira Petrobras, "a discussão da competição alimentar não faz parte da realidade brasileira, embora o possa ser em outros países" e para o Brasil o biocombustível é visto em função "do impacto junto das camadas mais pobres da população".

"Acreditamos que o mais importante é a geração de renda, beneficiando povoações que não têm alternativa alimentar, porque estão longe do consumo e em zonas secas", descreveu.

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