quarta-feira, 10 de outubro de 2012

JOSÉ DIRCEU ESCREVE AO POVO BRASILEIRO EM SEU BLOG

 


AO POVO BRASILEIRO
 
 
No dia 12 de outubro de 1968, durante a realização do 30º Congresso da UNE, em Ibiúna, fui preso, juntamente com centenas de estudantes que representavam todos os estados brasileiros naquele evento. Tomamos, naquele momento, lideranças e delegados, a decisão firme, caso a oportunidade se nos apresentasse, de não fugir.

Em 1969 fui banido do país e tive a minha nacionalidade cassada, uma ignomínia do regime de exceção que se instalara cinco anos antes.

Voltei clandestinamente ao país, enfrentando o risco de ser assassinado, para lutar pela liberdade do povo brasileiro.

Por 10 anos fui considerado, pelos que usurparam o poder legalmente constituído, um pária da sociedade, inimigo do Brasil.

Após a anistia, lutei, ao lado de tantos, pela conquista da democracia. Dediquei a minha vida ao PT e ao Brasil.

Na madrugada de 1º dezembro de 2005, a Câmara dos Deputados cassou o mandato que o povo de São Paulo generosamente me concedeu.

A partir de então, em ação orquestrada e dirigida pelos que se opõem ao PT e seu governo, fui transformado em inimigo público numero 1 e, há sete anos, me acusam diariamente pela mídia, de corrupto e chefe de quadrilha.

Fui prejulgado e linchado. Não tive, em meu benefício, a presunção de inocência.

Hoje, a Suprema Corte do meu país, sob forte pressão da imprensa, me condena como corruptor, contrário ao que dizem os autos, que clamam por justiça e registram, para sempre, a ausência de provas e a minha inocência. O Estado de Direito Democrático e os princípios constitucionais não aceitam um juízo político e de exceção.

Lutei pela democracia e fiz dela minha razão de viver. Vou acatar a decisão, mas não me calarei. Continuarei a lutar até provar minha inocência. Não abandonarei a luta. Não me deixarei abater.

Minha sede de justiça, que não se confunde com o ódio, a vingança, a covardia moral e a hipocrisia que meus inimigos lançaram contra mim nestes últimos anos, será minha razão de viver.

Vinhedo, 09 de outubro de 2012

José Dirceu

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Portugal: REVOLTA TRANSFORMADA EM ALTERNATIVA

 


Nuno Ramos de Almeida* – i online, opinião – foto Manuel Vicente
 
Em Portugal não se contesta apenas um programa económico que serve muito poucos, nas ruas é a própria democracia, como a conhecemos, que está em causa
 
Não vivemos só uma grave crise económica, atravessamos uma profunda crise política. A democracia representativa deixou de funcionar. Há muito que os eleitores perceberam em Portugal que as eleições deixaram de ser escolhas. Os partidos do arco do governo, vulgo centrão, representam alternâncias de camisola para garantirem a continuidade dos negócios de um capitalismo que cresceu à custa do contribuinte. Os grandes lucros são dos accionistas, os enormes prejuízos são amavelmente distribuídos pelos cidadãos.
 
O actual programa do PSD, CDS e da direcção do PS é o mesmo e chama-se: Memorando da troika.
 
É simbólico que no meio da maior crise existente a única proposta do líder do chamado “maior partido da oposição” seja diminuir o número de deputados. Como se a garantia de uma economia justa passasse por ter um parlamento só com representantes do PS e do PSD. Esta iniciativa tem um objectivo claro: calar administrativamente as vozes que se opõem no parlamento a este caminho de catástrofe.
 
Vivemos um tempo de revolta; as manifestações do 15 de Setembro demonstram que as pessoas se aperceberam de que as políticas do governo, ditadas por Berlim, não passam de uma forma de suicídio assistido. Qualquer pessoa que não esteja cega pelos óculos do neoliberalismo sabe que este plano significa o empobrecimento de muitos e grandes lucros para muito poucos.
 
A escolha está em aceitar a miséria para muitas gerações ou recusar este caminho.
 
A grande dúvida é se a democracia conseguirá funcionar de modo a expressar este descontentamento e permitir que a revolta se transforme em alternativa.
 
Para muitas pessoas o que está a falhar não são só os governos do bloco central mas a própria democracia. As acusações aos políticos em geral, os argumentos populistas são a prova de que muitos não vêem a diferença de responsabilidades. Se percebem que os governos portugueses foram maus para a população e bons para os amigos, não conseguem acreditar que PCP e Bloco de Esquerda podem ser o veículo de uma alternativa política e de poder. E provavelmente têm razão. Este governo deve ser demitido, o povo tem de ser chamado a decidir o seu futuro, mas PCP e Bloco de Esquerda são demasiado pequenos para ambicionar ser governo.
 
É preciso construir uma alternativa que possa ir a votos para ganhar. Só uma força que junte independentes contra a troika, comunistas e bloquistas pode triunfar. Há um longo caminho a percorrer para conseguir este cenário e muito pouco tempo para o fazer. Se ele não existir, a democracia tal como a conhecemos não vai expressar o simples facto de a população portuguesa estar contra o Memorando da troika.
 
O pensador francês Rancière divide a política em duas categorias: “polícia” quando se limita a administrar aquilo que existe e “política” quando aqueles que não têm voz tomam a palavra e empreendem acções num sentido de se conseguir uma maior igualdade.
 
É preciso pois uma política que dê voz à maioria dos portugueses e isso exige não só um outro governo, mas uma democracia muito diferente.
 
* Editor-executivo
 
Escreve à terça-feira
 

Portugal: MITIGAR A DOR

 

Diário de Notícias, editorial
 
Num passado bem recente, e bem vivo na memória dos portugueses, havia dois partidos parlamentares na oposição que disputavam a defesa de uma espoliada classe média, abandonada à sua triste sorte pela voracidade fiscal dos socialistas. O PSD gostava que o designassem por "o partido da classe média", enquanto o CDS não perdia uma oportunidade para reivindicar o estatuto de "partido dos contribuintes".
 
Apanhados no vórtice destruidor da redução da despesa interna-recessão-quebra da receita-subida da despesa social do Estado, ambos os partidos, agora ao leme da governação, chegaram à conclusão de que a coisa não ia lá, rapidamente e em força, através do tão badalado corte das gorduras do Estado. A execução orçamental em 2012 ainda há de fornecer aos contribuintes novas surpresas até ao fim do ano e elas representam quase sempre o anúncio de mais apertos.
 
Chegados ao beco sem saída de incumprir as metas orçamentais da troika, ou fazer o contrário do prometido em campanha, PSD e CDS, perante a fúria de boa parte da sua base de apoio, vêm procurando a via da mitigação das dores. Primeiro, lançam ao ar uma medida de austeridade, em seguida proclamam o propósito de "modulá-la" e, ao constatarem que nem assim ela se torna mais "palatável" para os contribuintes, que já se sentem a asfixiar, prometem "mitigar" o aperto fiscal adicional, com mais cortes na despesa pública.
 
E é neste ponto que se encontra a população em Portugal, a seis dias de conhecer a proposta governamental de OE 2013. PSD e CDS, nas suas próprias palavras, passaram de defensores da classe média a partidos mitigadores das suas crescentes dores.
 
Peditório em Espanha
 
A Cruz Vermelha espanhola realiza hoje um peditório nacional para a ajuda imediata a mais de 300 mil pessoas em situação de carência, devido à crise económica. É a primeira vez que a Cruz Vermelha faz um peditório desta natureza no país vizinho, onde 25% estão sem trabalho e cerca de 1,7 milhões de famílias têm no desemprego todos os seus elementos em idade ativa.
 
A dimensão estatística dos números camufla, por vezes, o impacto das situações de pobreza que a crise está a disseminar nos cidadãos dos países mais afetados, da Grécia à Espanha e a Portugal. Um impacto que os decisores políticos não deveriam esquecer em paralelo com o Artigo 23.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nele se consagra o "direito ao trabalho (...) e à proteção contra o desemprego" no seu n.º 1, para no n.º 3 se estabelecer o "direito a uma remuneração equitativa e satisfatória", que permita a todos e a cada um "uma existência conforme com a dignidade humana".
 
Estes princípios simples e diretos, supostos servirem de referência a todas as sociedades humanas, parecem esquecidos hoje na procura das soluções financeiras para a crise. São evidentes e necessários os limites à despesa pública e ao peso do défice numa economia nacional; e há um plano de responsabilidade das sociedades - e seus dirigentes políticos - perante os comportamentos e as opções que conduziram à presente crise. Além desta, há um outro nível de responsabilidade, anterior a todos os outros: as decisões políticas são tomadas para as pessoas. Quando este princípio não é respeitado - a crise deixa de ser económica e torna-se geral. O empobrecimento é um dos seus primeiros sinais; outros, mais graves, podem seguir-se.
 

FUTEBOL TIMORENSE SOMA E SEGUE, “CIDADÃOS DE PLENO DIREITO” MAIS ATIVOS

 


Seleção de futebol de Timor-Leste soma sucessos na Taça Suzuki
 
10 de Outubro de 2012, 12:39
 
Díli, 10 out (Lusa) - A seleção de futebol de Timor-Leste conseguiu duas vitórias na Taça Suzuki da Federação de Futebol da Associação das Nações do Sudeste Asiático e está à beira da qualificação para a fase final da competição.
 
A equipa dedicou a vitória de terça-feira frente ao Laos por 3-1, na ronda de qualificação para a Taça Suzuki da Federação de Futebol da Associação das Nações do Sudeste Asiático, ao povo timorense.
 
"Esta vitória é para o povo de Timor-Leste", disse o treinador da seleção timorense, o brasileiro Emerson Alcântara, na página oficial na Internet daquela competição.
 
Esta é a segunda vitória de Timor-Leste na ronda de qualificação. A primeira ocorreu no passado dia 05 frente ao Camboja por 5-1.
 
Para o selecionador nacional, os timorenses têm agora uma equipa de que se podem orgulhar.
 
"Penso que cerca de 70 por cento das pessoas em Timor-Leste são pobres por isso é muito importante dar-lhes estes resultados. É muito importante para nós motivar os nossos apoiantes e ajudá-los a mudar as suas vidas", acrescentou.
 
A seleção de Timor-Leste, que lidera juntamente com a Birmânia, o grupo de qualificação com 6 pontos volta a jogar no próximo sábado frente ao Brunei.
 
Os dois primeiros lugares do grupo de qualificação, cujos jogos terminam sábado, vão integrar o grupo A (Tailândia, Vietname, Filipinas) e o grupo B (Malásia, Indonésia, Singapura) que vão jogar a Taça Suzuki da Associação das Nações do Sudeste Asiático, que se realiza entre 24 novembro e 22 de dezembro.
 
MSE // HB
 
Timorenses devem ser cidadãos de pleno direito e ter papel mais ativo para o desenvolvimento - PGR
 
10 de Outubro de 2012, 13:20
 
Díli, 10 out (Lusa) - A Procuradora-Geral da República de Timor-Leste, Ana Pessoa, defendeu hoje que os timorenses devem assumir-se como "cidadãos de pleno direito" e ter um papel mais ativo para contribuir para o desenvolvimento do país.
 
"O primeiro papel é assumirem-se como cidadãos de pleno direito, ou seja, que tenham uma palavra a dizer e obrigação de expressar a sua ideia relativamente a questões que são importantes para a sua própria vida", afirmou Ana Pessoa.
 
A Procuradora-Geral da República timorense falava no primeiro seminário do Centro Quesadhip Ruak, fundado por Isabel Ferreira, primeira-dama do país, e dedicado ao tema "O Papel do Cidadão no Desenvolvimento do Bem-Estar".
 
"Nós não podemos continuar a manter uma atitude passiva, ficarmos à espera que o Estado resolva tudo, porque é impossível e porque não é isso que deve ser. Nós não devemos ser meros recetáculos de receitas venham de onde vierem", disse Ana Pessoa.
 
Segundo a Procuradora-Geral da República, o cidadão timorense deve ter um "papel mais ativo", porque vai "contribuir em muito para o desenvolvimento do país".
 
Ana Pessoa sublinhou também que as pessoas devem perder o medo de criticar, discutir e tentar encontrar soluções, salientando que os timorenses perderam aquelas capacidades devido à ocupação indonésia.
 
"É compreensível se estivermos atentos à história recente. Essa é uma das marcas de termos sofrido muito durante a ocupação militar, que nos cortou a iniciativa, porque tínhamos medo", afirmou.
 
O Centro Quesadhip Ruak tem como principais objetivos propor soluções e sugestões para a formulação de políticas, realizar estudos e análises e formar e informar os cidadãos sobre questões da democracia, direitos humanos e legislação.
 
MSE // VM.
 
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Cabo Verde: CRESCEM OS PROBLEMAS NA MELHOR DEMOCRACIA DE ÁFRICA

 

No dia Mundial da Saúde Mental
PR INSURGE-SE CONTRA DISCRIMINAÇÃO DE DOENTES PSÍQUICOS
 
Liberal (cv), com foto
 
Aproveitando a ocasião, Jorge Carlos Fonseca não deixa de referir que os portadores dessas patologias têm os seus direitos contemplados na Constituição da República, ao mesmo tempo que defende “uma sociedade verdadeiramente inclusiva, onde todas as pessoas têm lugar”
 
Praia, 10 de Outubro 2012 – Na data de hoje, em que se assinala o Dia Mundial da Saúde Mental, o Presidente da República, ao mesmo tempo que manifesta a sua solidariedade a pessoas com estas patologias, alude à Constituição da República, que este ano celebra o 20º aniversário, para assinalar que esta “proíbe qualquer tipo de discriminação seja a que título for”, mas lamentando que “relativamente às pessoas com limitações psíquicas esse preceito constitucional [seja] amiúde desrespeitado”.
 
Para Jorge Carlos Fonseca, “o facto de qualquer cidadão apresentar, a um dado momento da sua vida, limitações na esfera psíquica, não o transforma numa pessoa desprovida de direitos”, pelo que “se em algumas circunstâncias o exercício de alguns direitos poderá ser condicionado, nos termos legais, outros, pelo contrário, devem ser potenciados e reforçados”.
 
SOCIEDADE INCLUSIVA
 
Defendendo os princípios de “uma sociedade verdadeiramente inclusiva, onde todas as pessoas têm lugar”, o Chefe de Estado reconhece também os “avanços importantes têm sido conseguidos graças à intervenção das famílias, de órgãos públicos, nomeadamente da saúde, e da sociedade civil, com destaque para a Associação de Promoção da Saúde Mental ‘A Ponte’”, encorajando-os a prosseguirem.
 
DAR AS MÃOS
 
Jorge Carlos Fonseca conclama, ainda, “a sociedade cabo-verdiana, especialmente, as instâncias governamentais, municipais e as organizações da sociedade civil, a darem as mãos no sentido do adequado acolhimento a cidadãos com perturbações psíquicas, que, desprotegidos, deambulam pelas nossas ruas”, insurgindo-se contra a “situação de portadores de anomalia psíquica [internados] em instituições prisionais”, fazendo um apelo para que “soluções urgentes e impostas por lei sejam encontradas”, na media em que esta realidade “não dignifica os responsáveis dessas instituições e não dignifica o próprio Estado de direito e o País”.
 
“DEPRESSÃO: UMA CRISE GLOBAL”
 
O 10 de outubro, enquanto Dia Mundial da Saúde Mental, é este ano assinalado sob o lema “Depressão: uma crise global” que, segundo o PR procura “chamar a atenção para um grave problema de saúde pública, considerado hoje a terceira doença a nível mundial afectando mais de trezentos e cinquenta milhões de pessoas e que, em 2030, deverá ascender ao primeiro lugar”, o que assinala a “estreita relação existente entre a depressão - principal causa de suicídio que atinge anualmente a cifra de um milhão - e as condições socio- económicas”, refere JCF, acentuando que “o desemprego, a pobreza, a exclusão social e a violência” como “poderosos factores dessa relação”.
 
Uma situação que, como referem as instâncias internacionais, pode ser controlada, através de “intervenções relativamente simples, mas que devem ser adoptadas de forma sistemática e persistente”, nomeadamente, envolvendo - para além de medidas promotoras da saúde mental – “as pessoas as famílias, a comunidade, os serviços sociais e de saúde e os profissionais da saúde mental”.
 
O Presidente da República aproveita o ensejo para render “uma vibrante homenagem aos profissionais da saúde mental e às famílias que, no dia-a-dia ajudam as pessoas com limitações psíquicas a ter uma vida com a necessária e inviolável dignidade humana que está subjacente a todos direitos fundamentais garantidos por instrumentos internacionais e nacionais de protecção dos direitos humanos”.
 
GOVERNANTES JÁ NÃO SE ENTENDEM
 
Praia, 10 de Outubro 2012  - O ministro dos Assuntos Parlamentares acha que a resolução da crise na RTC é responsabilidade do Governo e do Conselho de Administração. O Primeiro-ministro tem opinião diferente e não se inibiu de vir publicamente desautorizar Rui Semedo. Um Governo em frangalhos…
 
RUI SEMEDO - O Governo assume, juntamento com o Conselho de Administração, a sua responsabilidade de encontrar uma solução que garanta os salários aos trabalhadores.
 
JOSÉ MARIA NEVES - Acho que é uma questão da empresa, que deve ser discutida e trabalhada a nível da empresa e, portanto, não vou falar especificamente sobre questões que têm a ver com o funcionamento interno da RTC.
 
RUI SEMEDO - Não posso dizer quando, posso dizer que estamos engajados na busca de uma solução e que é nossa firme motivação que isso seja o mais breve possível.
 
JOSÉ MARIA NEVES - É uma questão do Conselho de Administração, o Conselho de Administração tomará as medidas que achar mais convenientes para a gestão da própria empresa.
 
Um país sem rumo  - A POUCA VERGONHA CONTINUA
 
Praia, 10 de Outubro 2012 – Nem valerá a pena dizer muito, apenas que os cortes de energia continuam, sem que a Electra ou o ministro Humberto Brito deem uma satisfação aos consumidores. E, quando ao Primeiro-ministro, nem se fala, a criatura apenas se presta a enviar “indirectas” ao Presidente da República (que parece ser o seu ódio de estimação) e a macaquear-lhe o trajecto… O PR foi fazer o “inventário” dos danos causados pelas chuvas na Boa Vista; o PM resolveu ir ao interior de Santiago com o mesmo fim. Embora lhe tenham faltado duas coisas que caracterizam o primeiro: a empatia e o afecto com as populações!
 
A pouca vergonha do Governo e da Electra continua, para desgraça dos cabo-verdianos que parecem já terem-se acomodado à situação. E esta é, no fundo, a razão principal pela qual José Maria Neves e o seu grupo de assaltantes ainda não foram apeados das cadeiras do poder. Mas a paciência não dura para sempre…
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Angola: MAIS RECEITAS NA ZEE, PR FALA 2ª FEIRA, CAÇA AOS CÃES VADIOS EM LUANDA

 


Zona Económica Especial de Angola anuncia novos projetos para arrecadar mais receitas
 
10 de Outubro de 2012, 09:25
 
Luanda, 10 out (Lusa) - O presidente do Conselho de Administração da Zona Económica Especial Luanda-Bengo (ZEE-EP), António de Lemos, anunciou hoje em Luanda para o triénio 2012-2015 a aprovação de novos projetos com vista a arrecadar novas receitas.
 
Criada há três anos, que se completam no sábado, para diversificar a economia angolana, na ZEE estão instaladas 55 empresas, das quais 22 se encontram já em funcionamento, que proporcionaram cerca de cinco mil postos de empregos diretos.
 
António de Lemos, que falava em conferência de imprensa no âmbito do terceiro aniversário da ZEE, disse ainda que serão aplicados novos critérios de qualidade e eficiência na gestão dos novos projetos, bem como a introdução de inovações tecnológicas nos processos da empresa.
 
Segundo António de Lemos, nesta fase a prioridade será para projetos nos ramos da alimentação, agroindústria, materiais de construção, metalúrgico, metalomecânica, máquinas, equipamentos agrícolas e de transportes, eletrónico, farmacêutico, química, tecnologias de informação e industrial e biotecnologia.
 
O plano estratégico para 2012-2015 prevê igualmente a criação de um centro de formação técnica e de gestão empresarial, a conclusão dos cinco edifícios do núcleo central, num dos quais será instalada a futura sede da ZEE-EP.
 
A construção das infraestruturas para o núcleo de Viana faz igualmente parte do plano estratégico para o triénio, com vista a dar resposta à elevada procura de lotes já com infraestruturas pelos investidores.
 
Em maio passado, seis novas fábricas foram inauguradas, num investimento de 78 milhões de dólares, subsidiados pela Sonangol Investimentos Industriais (SIIND), subsidiária da petrolífera nacional, que conta com 14 fábricas na ZEE-EP.
 
A ZEE-EP, gerida pela Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, cobre uma área de 8.300 hectares, para albergar 73 fábricas, um investimento de 50 milhões de dólares (38,8 milhões de euros).
 
Os três anos de existência da ZEE-EP Luanda-Bengo estão a ser comemorados com a realização de conferências sobre tecnologias ambientais, visita de beneficência, torneios de futebol e xadrez.
 
Temas ligados às energias renováveis em Angola e África, à captação de água para agricultura com recurso à energia solar, recolha e reciclagem de fluidos nas instalações de refrigeração e ar condicionado, bem como às novas tecnologias na prevenção de combate de incêndios, na construção e manutenção de espaços verdes.
 
NME // VM.
 
Presidente angolano discursa na segunda-feira à nação na primeira sessão do parlamento
 
10 de Outubro de 2012, 11:48
 
Luanda, 10 out (Lusa) - O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, vai discursar à nação na próxima segunda-feira na abertura do novo ano parlamentar, numa cerimónia que contará com a presença membros do Governo, corpo diplomático e sociedade civil.
 
No âmbito da preparação da primeira sessão parlamentar, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, reuniu-se na terça-feira, em Luanda, com os líderes das bancadas parlamentares.
 
Nesse encontro, ficou marcada para 17 de outubro a reunião plenária para a constituição das diversas comissões de especialidade do parlamento angolano, bem como a designação dos seus presidentes.
 
Uma outra sessão para a movimentação de deputados e a sua tomada de posse, por conta dos que vão suspender os seus mandatos, terá lugar no dia 23 de outubro, informou a porta-voz da Assembleia Naciona, Emília Dias.
 
Em declarações aos jornalistas, Emília Dias disse que o chefe de Estado angolano deverá na sua mensagem abordar aspetos sobre as políticas traçadas para a solução dos principais problemas do país, a promoção do bem-estar dos angolanos, a reconstrução e o desenvolvimento do país.
 
"José Eduardo dos Santos, na qualidade de chefe do executivo, vai à Assembleia Nacional discursar sobre as atividades desenvolvidas e as perspetivas no âmbito da reconstrução nacional e da consolidação da paz", referiu Emília Dias, citada hoje pelo Jornal de Angola.
 
NME // VM.
 
Campanha de recolha de animais vadios para combate à raiva começa hoje em Luanda
 
10 de Outubro de 2012, 08:28
 
Luanda, 10 out (Lusa) - Uma campanha de recolha de animais vadios, sobretudo cães, começa hoje em Luanda, devido ao aumento de casos de mordedura, no distrito urbano de Kilamba Kiaxi, disse fonte hoje oficial.
 
A recolha de animais vadios, segundo anunciou o diretor da Agricultura Desenvolvimento Rural e Pescas do município de Luanda, Frederico Laurindo, é a segunda fase de um plano das autoridades governamentais angolanas, iniciado há dois meses, com a vacinação gratuita de cães, gatos e macacos.
 
De acordo com Frederico Laurindo, a campanha arranca no distrito urbano de Kilamba Kiaxi por ser o que mais casos de mordeduras tem registado nos últimos tempos.
 
O município de Luanda registou de 21 de agosto a 26 de setembro cerca de 60 casos de mordeduras e vacinou 21.222 animais.
 
"O nosso objetivo é erradicar a raiva da cidade, por isso vamos continuar a manter um posto de vacinação animal em cada um dos distritos que compõem o município de Luanda", referiu o responsável em declarações à agência de notícias angolana, Angop, reconhecendo a necessidade de recolha do elevado número de animais vadios que deambulam pela cidade.
 
Frederico Laurindo disse que a campanha tem como objetivo reduzir ao máximo a quantidade de animais nas ruas, que deverão ser encaminhados para o canil-gatil de Cacuaco.
 
Entre finais de 2008 e início de 2009, a capital angolana foi assolada por um surto de raiva que vitimou mais de uma centena de crianças.
 
O problema da raiva não se limita apenas a capital do país.
 
Várias notícias publicadas pela Angop têm relatado a situação em algumas províncias, nomeadamente o Bié, que registou de janeiro a setembro do ano em curso 15 mortos devido à raiva.
 
As mortes, num total de 2.400 casos registados no período em referência, aconteceram nos municípios do Cuito (10), Chitembo (3) e Chinguar (2), tendo todos resultado em morte.
 
As autoridades sanitárias naquela província manifestaram a sua preocupação face à falta de vacinas para dar resposta aos casos que chegam às unidades hospitalares, porque existem apenas em reserva 40 doses da vacina contra a raiva para toda a região.
 
As notícias dão conta ainda que na província da Huíla 17 pessoas morreram vítimas de raiva, em consequência de 150 mordeduras registadas de janeiro a junho deste ano.
 
O número preocupa as autoridades sanitárias da província, já que dão a entender que a população não tem acatado os apelos para vacinarem os seus animais.
 
Segundo a responsável da saúde na Huíla, Fátima Barros, existem vacinas antirrábica em quantidade suficientes, já distribuídas nos postos médicos, evitando o anterior recurso às clínicas privadas, onde as vacinas eram ministradas ao valor de 100 a 150 dólares (78 a 116 euros), devido à sua falta nos hospitais públicos.
 
NME // VM.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Portugal: GOVERNO RECUA NO IMI, ORÇAMENTO ATABALHOADO, “AUSTERIDADE EXCESSIVA”

 


Marcelo. Governo começa “pelo fim” e pelo lado “mais fácil”
 
i online - Lusa
 
O analista político Marcelo Rebelo de Sousa considerou hoje que o Governo está a começar a reforma da Administração Pública “pelo fim” e pelo lado “mais fácil”.
 
“Isto é começar pelo fim, pelo mais fácil. O que está a faltar são as reformas estruturais, que é dizer que instituições, observatórios, institutos e serviços estão a mais e, só depois, ir ver quem é que está a mais”, disse o comentador, referindo à não renovação de milhares de contratos na função pública, prevista para 2013.
 
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas à margem da cerimónia de abertura do novo ano de atividades no Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes, do Porto, disse também que o Governo opta pelo “mal menor”, se atenuar o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e mantiver a penalização da função pública.
 
“O Governo ponderou duas coisas, o efeito explosivo do IMI e, do outro lado, o efeito, que já se tornou crónico, da função pública a pagar as favas. Deve ter pensado que, apesar de tudo, há mais proprietários e famílias de proprietários do que propriamente funcionários. E os funcionários já estão habituados a sofrer. Portanto, entre dois males, deixa cair aquele que é o mal menor”, afirmou.
 
Luís Amado critica "forma atabalhoada" como o governo geriu o orçamento
 
Marta Cerqueira – i online
 
Luís Amado disse hoje que o país não quer eleições mas deseja um novo governo.
 
“É provável que uma remodelação seja absolutamente inadiável como última tentativa para garantir uma capacidade de Governo que gere as condições políticas para que o orçamento seja implementado ao longo de 2013”, afirmou o antigo ministro do PS à TSF. Para Luís Amado, “se isso não acontecer, vamos ter um quadro político muito diferente no próximo ano, não passará necessariamente por eleições, mas poderá ter de haver uma opção à margem dos partidos com o apoio destes”.
 
“Todos tínhamos noção que mais austeridade nos esperava, mas o que foi surpresa foi a forma atabalhoada como o governo geriu todo este processo de preparação do Orçamento”, acrescentou.
 
Jorge Sampaio. "Austeridade excessiva" pode "prejudicar terrivelmente a democracia"
 
i online - Lusa
 
O ex-Presidente da República Jorge Sampaio considerou, numa conversa na Internet com leitores do diário francês Le Monde, que uma "austeridade excessiva pode prejudicar terrivelmente a democracia", e ceder terreno à emergência de extremismos.
 
"Devo dizer que a austeridade pela austeridade, a austeridade excessiva, pode prejudicar terrivelmente a democracia. Porquê? Porque a democracia precisa de esperança", declarou o socialista aos internautas do diário, na terça-feira à tarde.
 
Em resposta à questão de um leitor que perguntou ao ex-Chefe de Estado português se "a austeridade desenfreada" que está a ser aplicada nos países do sul da Europa pode "destruir as democracias", Jorge Sampaio disse ainda que o cenário atual pode ceder terreno aos extremismos.
 
"Se não se conseguir ver a luz ao fundo do túnel, a esperança desaparece, há pessoas dispostas a acreditar em tudo, e é por isso que os extremismos estão a florescer", afirmou.
 
O ex-Presidente defendeu, contudo, que "a democracia não recua", apesar de isso ser, "talvez, paradoxal". A democracia, argumentou, "avança enquanto encara novos desafios, e talvez seja preciso redefini-la".
 
O socialista destacou ainda o facto de, "durante décadas, se [ter falado] de Europa", e de "agora se falar da Europa do norte e da Europa do sul", dizendo detestar essa diferenciação: "Isso significa o fim de uma solidariedade necessária", afirmou.
 
Sampaio considerou que "o grande desafio atual" é "construir uma alternativa" às "dificuldades crescentes" do sistema capitalista ocidental, acrescentando que, embora a tarefa seja "muito difícil", mantém a esperança.
 
"Espero que possamos avançar na regulação, mas sei também que as forças maiores do mundo da finança são superiores à economia real. Gostava que a política enquanto tal pudesse dominar, regular o mundo da finança", afirmou.
 
Sobre a União Europeia (EU), o ex-Presidente defendeu a necessidade de "reforçar democraticamente certas instituições" -- em defesa de "uma Europa solidária, que busque a equidade" --, dando o exemplo da criação de um Senado, que funcionaria como uma segunda câmara do Parlamento Europeu, e da eleição do presidente da Comissão Europeia "diretamente pelo povo".
 
"A partir do momento em que a burocracia de Bruxelas e dos decisores políticos se arriscam a perder o seu objetivo ao nível da solidariedade geral, devido a pressões de todos os tipos, corremos o risco de ver os cidadãos distanciarem-se da Europa", afirmou.
 
Jorge Sampaio considerou também que estamos "imersos na globalização" e que "a Europa é a única resposta coletiva e multilateral".
 
O ex-Chefe de Estado disse ainda que é necessária "uma nova articulação entre as instituições internacionais" para criar uma "governação mundial, que não existe".
 
Questionado sobre qual a responsabilidade dos políticos pelo "descontentamento com a política e com a democracia", Jorge Sampaio respondeu com otimismo: "Penso que a responsabilidade é muito partilhada. Mas é preciso combater o desespero a todos os níveis. Para ter uma sociedade democrática, não se pode parar de inovar, de propor. Nunca se pode perder a esperança", concluiu.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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MANIFESTAÇÃO CULTURAL DE SÁBADO EM LISBOA ESTENDE-SE A TODO O PAÍS

 
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i online - Lusa
 
A manifestação cultural de sábado em Lisboa, que contará com artistas de todas as áreas do espetáculo, vai estender-se a outras 17 cidades do país, com os promotores a alertarem que não é uma festa, é um protesto.
 
"Isto não é um festival, não é uma mostra de artistas, é um protesto", esclareceu hoje a atriz Luísa Ortigoso, uma das promotoras da manifestação, em conferência de imprensa.
 
A manifestação cultural decorrerá no sábado na Praça de Espanha, em Lisboa, com a atuação de mais de trinta artistas e bandas e a participação de vários agentes do setor, do cinema à dança e ao teatro.
 
O protesto, que se junta ao apelo "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!", estender-se-á a quase vinte cidades de todo o país, nomeadamente ao Porto, para onde está prevista, por exemplo, a atuação dos Clã, a Aveiro, Coimbra, Faro, Braga e Santarém.
 
Está ainda previsto no sábado um protesto de portugueses junto ao consulado de Portugal em Fortaleza, Brasil.
 
Em Lisboa, o protesto começará cerca das 17:00 com a atuação da Orquestra Sinfónica Portuguesa, que interpretará a quinta sinfonia de Beethoven, prosseguindo pela noite com atuações de nomes como Dead Combo, A Naifa, Camané, Peste e Sida, Diabo na Cruz, Vitorino e Janita Salomé, Coro "Acordai", Homens da Luta, Francisco Fanhais, The Soaked Lamb, Brigada Victor Jara e Farra Fanfarra.
 
"Vai ser a primeira reunião importante nesta fase das nossas vidas e na nossa cultura, que vai estar presente ali, concentrada, e a motivar e a sensibilizar as pessoas para este problema muito grave que é a destiução da cultura e a destruição dos apoios a essa própria cultura", disse Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés, à agência Lusa.
 
Para o guitarrista, "um povo sem cultura é um povo vazio".
 
Os agentes do cinema, produtores, realizadores, atores e técnicos, também marcarão presença no protesto com a projeção de imagens do cinema português e imagens de outras manifestações.
 
A realizadora Margarida Gil, presidente da Associação Portuguesa de Realizadores, disse à agência Lusa que em causa está "o desaparecimento de uma cultura e de uma memória dos portugueses" com os cortes orçamentais na área da cultura e com a possibilidade de encerramento de um dos canais da RTP.
 
"As pessoas estão no desespero, não há no horizonte nenhuma hipótese de trabalho e esta ameaça de rompimento com o balão de oxigénio que era a RTP vai agravar de uma forma inaudita", disse Margarida Gil.
 
A comissão de trabalhadores da RTP irá associar-se ao protesto cultural, para alertar para a situação da RTP2, que tem sido o espaço de divulgação de várias artes da cultura portuguesa.
 
"A televisão está em casa de todos os portuguesee e todos os portugueses sentem que a cultura está a sair do seu televisor de casa. O canal 2 está em extinção, porque ficou sem diretor, vai ficar sem orçamento, por isso vai tornar-se um canal sem relevância, apenas de tempos de antena da sociedade civil e isso não faz um canal", disse um dos representantes da CT da RTP, Camilo Azevedo.
 
O produtor de cinema Alexandre Oliveira explicou ainda à Lusa que a manifestação cultural de sábado vai associar-se ao movimento internacional Global Noise, que decorrerá em mais de 200 cidades de todo o mundo, com recursos a tachos e panelas.
 
"Nós [agentes da cultura] foram as primeiras vítimas de cortes significativos ainda no tempo do Governo de José Sócrates. Fomos apelidados de subsídio dependentes, levámos cortes de 30 e 40 por cento, mas queremos dizer que o direito à cultura é imprescindível", disse.
 

PORTUGAL, TRÊS SÍLABAS

 


Baptista-Bastos – Diário de Notícias, opinião
 
O dr. Cavaco disse, à publicação espanhola Expansión, que "Os políticos devem ouvir a voz do povo." A frase é devastadoramente banal, mas ganha relevo porque o dr. Cavaco, tão omisso, pontual e rasurado no que afirma, em Portugal, revela, enfim, que tem escutado o clamor popular - sem lhe atribuir, no entanto, importância de maior. A prática, por vezes "ascética", por ele consagrada à res publica, nem sempre corresponde a equilíbrio, sensatez e recato. As suas tendências ideológicas assumem contornos de cumplicidade. E não é preciso castigar muito as meninges para se perceber que, manifestando, por supressão ou abertamente, o apoio às políticas do Governo, se tornou conivente com o descalabro.
 
Está por fazer a análise das responsabilidades dele, no estado actual da nossa miséria, desde a década em que foi primeiro-ministro. Sei quem está a tratar disso. E o que dizem, nos fóruns das televisões, e alguns articulistas sem temor, conduzem-nos a uma espécie de execração popular da enormidade do que ele fez. Outras revelações se lhe seguirão.
 
Ele não é "o Presidente de todos os portugueses." Se o fosse, há muito teria exercido a tal magistratura de influência, agindo no campo geral da política e das relações de poder. Passos Coelho está de rédea solta. E se as coisas não vão ainda mais longe do que esta infâmia é porque "a voz do povo" o tem impedido. Esta tipologia de face dupla tornou-se numa filosofia do quotidiano. Quando o primeiro-ministro, com sórdido despudor, afirma que também está contra os impostos, o processo de descaracterização da decência atinge expressões múltiplas.
 
Os princípios fundadores do 25 de Abril estão desfeitos. A própria noção de laços sociais foi sobrepujada pela força das classes dominantes. A dissimulação, a meia-verdade, a mentira sistemática, a hipocrisia como método (de que os dois casos apontados são exemplos) caracterizam esta "nova" ordem. Produtos típicos de uma época que inculca a ideia de que o poder é um "puro facto" ou um "direito absoluto", tanto o dr. Cavaco como o dr. Passos são, apenas, notas de rodapé de uma História cuja caminhada é sobressaltada por interregnos como este.
 
Mas os estragos que produzem são muitíssimo mais graves e insidiosos do que os explícitos pelas políticas económicas. Atingem o mais fundo do nosso ser, porque incitam à dualidade de carácter, à dependência do momento que passa, à ambiguidade do inevitável e ao desprezo pela própria condição humana. O dr. Cavaco e o dr. Passos representam o que de mais criticável existe. A figura do Estado deixou de ser respeitável para se tornar na caricatura medonha de uma sociedade desejadamente asseada. Um amigo que muito prezo, desde sempre enredado nas longas batalhas que definem os homens livres, dizia-me, há dias: "Portugal fede."

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Portugal - Caso das Secretas: Passos não levanta segredo de Estado a ex-espiões

 

Carlos Rodrigues Lima – Diário de Notícias
 
Primeiro-ministro não autoriza Jorge Silva Carvalho e João Luís a falarem no processo-crime sobre matérias classificadas
 
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, decidiu não levantar o Segredo de Estado aos ex-espiões Jorge Silva Carvalho e João Luís, acusados pelo Ministério Público no chamado "caso das secretas". Fonte oficial do gabinete de Passos Coelho disse ao DN que houve um "indeferimento" dos pedidos formulados pelos dois arguidos. "Ponderados todos os aspectos e dimensões institucionais que estão em causa, foi decidido indeferir os pedidos", resumiu a mesma fonte.
 
Ambos os ex-quadros do Serviço de Informações Estratégicas e Defesa (SIED) tinham requerido o levantamento do Segredo de Estado relativo aos próprios, para que pudessem prestar declarações em tribunal, e em relação a um conjunto de documentos sobre o funcionamento do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP).
 
Nas últimas semanas, Pedro Passos Coelho pediu pareceres ao Conselho Consultivo da Procuradoria-geral da República que, tal como o DN noticiou, se pronunciou pelo não fornecimento dos documentos, e ao COnselho se Fiscalização dos Serviços de Informações, que também terá defendido o não levantamento do Segredo de Estado.
 
A decisão de Passos Coelho, segundo o DN apurou, baseou-se ainda nas opiniões que lhe foram transmitidas pelo Presidente da República, Cavaco Silva, e pela presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves.
 
No indeferimento, o primeiro-ministro terá fundamentado a sua decisão com a Lei do Segredo de Estado e com a Lei do SIRP. Nomeadamente quando os diplomas afirmam que "a satisfação de um interesse particular não constituiu motivo atendível" para a desclassificação de matérias sujeitas ao Segredo de Estado.
 
Jorge Silva Carvalho, ex-diretor do SIED, foi acusado pelo Ministério Público de crimes de corrupção passiva, violação do Segredo de Estado, abuso de poder e acesso ilegítimo a dados pessoais. Já João Luís, ex-diretor operacional do SIED, foi acusado de abuso de poder e acesso ilegítimo a dados pessoais. Este caso começou, recorde-se, com suspeitas de espionagem ao jornalista Nuno Simas.
 

A VITÓRIA DO PSUV É UMA PITADA DE MÉRITO EM BENEFÍCIO DE TODA A HUMANIDADE! – I

 

Martinho Júnior, Luanda
 
1 – Cerrou o pano sobre as eleições na Venezuela de 7 de Outubro de 2012, com a vitória do Partido Socialista Unificado da Venezuela e do seu dirigente mais carismático, Hugo Chavez.
 
Interessa agora aprofundar os ganhos alcançados até aqui em benefício de todo o povo venezuelano e para isso é importante fazer uma reavaliação do significado desta vitória.
 
A vitória deve ser avaliada a pelo menos quatro níveis:
 
- Em relação à Venezuela;
 
- Em relação a toda a América, com realce para a América Latina e Caraíbas;
 
- Em relação a África e ao resto do mundo, tendo em conta o papel da Venezuela no Movimento dos Não Alinhados.
 
2 – Em relação à Venezuela há a oportunidade de se criarem condições mais fecundas para lutar contra o subdesenvolvimento duma forma sustentável, gerando maiores equilíbrios humanos e ambientais, enveredando por uma maior harmonia social, com mais justiça, efectivo respeito pelos direitos humanos e das minorias, instalando as transformações indispensáveis para que nesses termos o crescimento seja aproveitado por todos com muito mais equidade, solidariedade e internacionalismo.
 
O nivelamento social não se pode fazer por baixo e os actuais valores que dão qualidade à classe média, constituem o padrão que se desenha no horizonte, com as necessárias correcções que se devem fazer na abrangência, exigência das transformações e na sua sustentabilidade.
 
As imensas riquezas da Venezuela favorecem as potencialidades para vencer os sucessivos desafios.
 
A melhoria da qualidade de vida das mais pobres comunidades venezuelanas é um processo que não se esgotou e mantém-se como um amplo desafio entre outros.
 
As mudanças substanciais foram ocorrendo na afirmação de direitos sociais, na distribuição de riquezas, no questionamento das antigas estruturas de poder e na afirmação das maiorias.
 
Esse processo não exige só uma melhor distribuição da riqueza, é um processo de natureza antropológica por via da qual as classes historicamente mais desfavorecidas e marginalizadas da sociedade transformam os parâmetros culturais da sua existência e colocam a energia emanada nesse esforço, na capacidade de revitalização e renascimento da própria sociedade, de todo o povo venezuelano.
 
Entre outros aspectos distintos, esse é o que mais distingue o Partido Socialista Unificado da Venezuela e o seu líder, Hugo Chavez, da concorrência, uma concorrência que todavia faz parte dos próprios desafios, até por que se vai refinando.
 
É percebendo como se move o império, os seus interesses e as elites que lhe são afins (a oligarquia indexada), por dentro do espectro filosófico-ideológico-político-institucional da sociedade venezuelana que Hugo Chavez e o PSUV poderão dialecticamente lutar contra o subdesenvolvimento e progredir de forma abrangente, não de outro modo!
 
Nesse sentido é importante saber até onde poderá ir o diálogo com os mais diversos sectores da oposição que indicia estar a tornar-se mais subtil e inteligente!
 
Assim a luta de classes na Venezuela reflecte um longo ocaso para as culturas burguesas indexadas ao poder da aristocracia financeira mundial eminentemente anglo-saxónica, por que essas culturas burguesas estão sendo suplantadas pela contra hegemonia das classes populares com culturas eminentemente ameríndias e latino americanas e com a vitalidade dos que nunca tiveram oportunidade histórica para se assumirem em democracia.
 
A oligarquia venezuelana é um produto do sector do petróleo e por conseguinte muito reduzida no número de famílias que se apossaram da riqueza, tão reduzida que, face às transformações sociais evidentes, uma parte se refugiou nos Estados Unidos, sua verdadeira razão de existência histórica, política, económica e financeira!
 
Aprofundar a democracia com mais cidadania e participação popular, reduzindo a representatividade, é portanto indispensável ao socialismo bolivariano do século XXI e isso implica a renúncia à ditadura do proletariado e a repescagem da via original que Salvador Allende abriu no Chile da década de 70 do século passado, adaptando-a à conjuntura venezuelana que alcançou um estágio muito mais avançado que os ganhos conseguidos por Allende no Chile.
 
O império sabia que essa via era um perigo para a hipocrisia da sua “representatividade” e por isso mesmo utilizou os “Chicago Boys” para darem a orientação capitalista neo liberal à ditadura de Pinochet, pondo fim a uma experiência que na América Latina estava condenada apenas ao adiamento!
 
O “êxito” dessa opção em fase experimental, esteve na base do papel do capitalismo neo liberal dos nossos dias, ideal para o exercício da ditadura financeira, onde quer que ele se implante.
 
Ao enfrentar a concorrência, torna-se mais fiável a Hugo Chavez e ao PSUV a detecção dos desafios, mais responsável e rigorosa a capacidade de resposta que se deve criar e mais fecundas as medidas a adoptar em cada etapa, pois a oligarquia venezuelana joga com a classe média e o espectro humano das áreas estratégicas de maior implantação industrial, com uma área cinzenta onde ela busca refúgio genético.
 
O socialismo não desapareceu dos anseios, esperanças e expectativas da humanidade, muito pelo contrário, nem se esgotou na resistência da Revolução Cubana, nem na heroicidade do povo cubano: ele existe hoje na Venezuela como viabilidade para o aprofundar da própria democracia, numa via que não é desconhecida para a América Latina!
 
É esse o sentido do respeito “histórico” de Jimmy Carter em relação ao processo venezuelano, por que o processo venezuelano é profundamente democrático e Jimmy Carter, mesmo não sendo socialista, assume-se de forma distinta em relação a todos os seus pares que passaram pelo poder nos Estados Unidos!
 
É a história da América, do Novo Mundo, que socorre o processo dialéctico da consistência do processo venezuelano, até por cada fracasso foi apenas mais uma lição, uma experiência a juntar aos desafios e no esforço para aprofundar a democracia, ampliando cidadania e participação, ao mesmo tempo que se reduz o grau de representatividade!
 
Só o império pretende que a representatividade continue tal qual está, como uma ementa imutável impossível de aprofundamento, pois só dessa maneira proliferam os interesses, as conveniências e os “lobbies”, que recrutam nas oligarquias locais e Jimmy Carter, não sendo socialista, é distinto dos outros “produtos” que deram sucessivamente a cara e a figura ao poder nos Estados Unidos, por que é a favor, claramente a favor, do aprofundamento da democracia!
 
O plano socialista 2013 / 2019 tem em vista cinco objectivos históricos:
 
- Consolidar a independência da Venezuela;
- Dar continuidade à construção do socialismo;
- Fazer emergir a Venezuela à posição de potência regional;
- Participar num universo multi-cêntrico e multi-polar;
- Participar nos esforços da preservação da vida no planeta, salvando com isso a espécie humana.
 
A vitória do PSUV é assim mais uma etapa numa via que transfere para os povos os processos político-institucionais e enfraquece as ilimitadas opções do império, particularmente da hegemonia que por via da globalização arregimenta as elites de conveniência, mas a batalha estratégica está longe de estar ganha pois em termos sociais a flexibilidade da oposição está a conduzir as disputas para a imensa zona cinzenta (nas pequena e média burguesias venezuelanas) onde seu argumento se poderá revitalizar.
 
A oposição tornou-se mais refinada e inteligente: já não hostiliza, está disposta ao diálogo e estabelece programas, avaliando onde perde e onde pode ganhar, mantendo-se à espreita da sua oportunidade.
 
A oposição pode estar mesmo disposta a aproximar o seu argumento ao de Hugo Chavez!
 
O PSUV terá a partir de agora desafios enormes em termos de criatividade!
 
Em Dezembro haverá eleições para Governadores e o argumento da oposição está actualmente mais adaptado a essas eleições que às gerais, pelo menos nos lugares onde o peso da oligarquia industrial se faz mais sentir e junto à fronteira com a Colômbia.
 
O poder socialista tenderá para o diálogo, mas tem de estar mais atento que nunca na Venezuela até por que a oposição dá sinais de ter avaliado que, se Hugo Chavez não pode ser vencido nas urnas, a oportunidade estará quando ele, pela lei da vida, fisicamente desaparecer, pelo que um dos desafios se fará sentir em Dezembro, pois estão em jogo acessos a importantes patamares da estrutura do estado onde não é a sua figura que prevalece.
 
O poder socialista tem de estar também atento às resistências internas que resultam da burocratização, um risco historicamente já conhecido.
 
Estará o PSUV preparado para tal?
 
Foto: O dilúvio tropical que se abateu sobre Caracas não parou o PSUV que concentrou centenas de milhares de pessoas no acto do discurso de encerramento da campanha de Hugo Chavez.
 
A consultar:
- “El ditador y las petroleras” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=117121
- “La batalla de Ayacucho, ahora en el siglo veintiuno” – Atílio Borón – http://www.cubadebate.cu/opinion/2012/10/06/la-batalla-de-ayacucho-ahora-en-el-siglo-veintiuno/
- “Por qué Chavez?” – Ignacio Ramonet – http://www.cubadebate.cu/opinion/2012/10/05/por-que-chavez-2/
- “Dimensión universal de la elección en Venezuela” – http://www.avn.info.ve/contenido/dimensi%C3%B3n-universal-elecci%C3%B3n-venezuela
- “Rumo a um chavismo post Chavez?” – http://ponto.outraspalavras.net/2012/10/04/chavismo/
- “A vitória de Chavez e os seus significados” – http://www.outraspalavras.net/2012/10/08/a-vitoria-de-chavez-e-seus-significados/
- “El futuro de América Latina se juega en Venezuela” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=154697
 

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