sábado, 4 de fevereiro de 2012

Portugal - Infiltrados: Quais as conclusões do inquérito da PGR aos infiltrados da PSP?



 E A PGR ALINHA NISTO?

No dia da greve geral foi público que se introduziram entre os manifestantes agentes da PSP, a documentação visual assim indica, com o visível propósito de provocar desacatos. Dias depois o Procurador Geral da República anunciou que seria feito um inquérito ao ocorrido. Tempo suficiente para terem chegado a conclusões e ainda nada foi divulgado, que saibamos.

A que se deve a demora é o que se pergunta. Vai ser tornado público o que afinal julgamos já saber, ou não? Quem foi o responsável máximo por tal ação ilegal? Não será o ministro Macedo das polícias? A PGR vai proceder legalmente contra os vilões? Parece que está tudo nos segredos dos deuses. O que se viu foi a direção da PSP ser exonerada… Por isso, pelos “infiltrados”? Mas o ministro Macedo não é o responsável máximo? Foi ele o mandante, como o ministro Relvas no caso Pedro Rosa Mendes-censura-RDP-RTP? Também nesse caso a direção da RDP se demitiu… Os ministros sacrificam os seus sobordinados para se manterem no poder apesar de serem os responsáveis pelas ilegalidades? Tanta interrogação com origem nos segredos dos deuses em que até a PGR parece alinhar. Parece… Quando é que se demite o PGR e o seu grupo de confiança? Já agora, que se salvem os ministros e altos responsáveis azuis ou laranjas… É o que dá guardarem segredos de violações mais ou menos graves. A populaça desconfia e daí considerar ser tudo Farinha do Mesmo Saco. Sacanagem, no vulgo. E a PGR alinha nisto? (CT-Redação PG)

Guedes da Silva e direcção da PSP exonerados


5 Dias - "Fiz uma ponderação cuidada da situação na PSP e, avaliando várias questões, considerei que era adequado proceder a esta mudança"

O Miguel Macedo resolveu o seu dilema. Ao invés de se demitir, demitiu o director nacional da PSP Guedes da Silva e com ele toda a direcção, um dos vértices da estratégia dos provocadores infiltrados.

Pelos factos descritos, denunciados e sobejamente debatidos por estas e por outras bandas, a notícia terá que ser celebrada, mas importa lembrar que a festa ainda vai no adro.

Antes de mais é preciso dizer que não foi o Miguel Macedo que exonerou o Guedes da Silva e a Direcção Nacional da PSP. O Guedes da Silva e a Direcção Nacional da PSP exoneraram-se a si próprios ao criarem os factos que justificam a demissão de qualquer funcionário público. Por isso mesmo, e porque as "várias questões" de que o Miguel Macedo fala tiveram outros actores envolvidos, é fundamental não esquecer que ainda só foi castigada uma parte dos trambolhos violentos que cometeram e desenharam os crimes cometidos a 15 de Outubro e a 24 de Novembro. Do Miguel Macedo, o topo da cadeia de comando, aos agentes envolvidos, muita água ainda vai ter que correr para que todos assumam as suas responsabilidades.

O Miguel Macedo e o Passos Coelho aproveitaram o caso para substituir um homem e uma direcção que vinham do tempo do Rui Pereira e do José Sócrates, e esperam que esse dado oculte as explicações que quer a direcção cessante quer a que irá tomar posse têm ainda que fazer, seja na praça pública, seja na barra do tribunal.

O facto da decisão ter sido tomada dois dias depois dos acontecimentos da manifestação do passado dia 21 de Janeiro, precisamente quando começam a surgir relatos e elementos que sugerem a articulação de agentes da PSP com os provocadores fascistas, adensa a inquietação que obriga o Miguel Macedo a dar mais explicações.

Até que novos dados se comprovem, Guedes da Silva tem a obrigação de dizer tudo o que sabe. É isso que qualquer director a quem sobre um pingo de dignidade faz quando é demitido. Não deve poupar quem pretende deixar sobre os seus ombros e sobre a sua direcção toda a responsabilidade. De onde vieram as ordens, o que pretendem e em que pé está o inquérito interno, aberto à data dos acontecimentos?

A investigação levada a cabo por centenas de activistas bem como a sua capacidade de gerar um movimento de denúncia sem paralelo, foi determinante. A título de exemplo, só no 5dias e em pouco mais de dois dias, 50 mil page viewers passaram por aqui, sendo que perto de dez mil encontrou razões para partilhar a informação. Se somarmos todos os outros blogues envolvidos, bem como o feito de arrasto da comunicação social, a audiência atingiu valores que dizem bem da clareza das provas apresentadas.

Um brinde especial aos autores materiais das imagens, aos que editaram e cruzaram os elementos que foram recolhidos a partir da comunicação social e aos primeiros jornalistas a vencer o medo de publicar o material apresentado na rede. Enquanto assim quiserem a sua identidade permanecerá sem ser revelada, mas o seu mérito não pode nem merece ser esquecido. Hoje por hoje isto pode ser apenas uma vitória de alcance limitado, é certo, mas num tempo em que nos querem habituar à derrota esta demissão constitui um excelente tónico e um verdadeiro estímulo à persistência que urge cultivar para conquistar as exonerações que estão por vir.

De impeachment em impeachment, é possível impor o impeachment final!

Portugal: Capucho crítica Governo por não dar tolerância de ponto no Carnaval



TSF

O social-democrata António Capucho considerou, este sábado, a decisão do Governo de não dar tolerância de ponto no Carnaval um disparate, sobretudo na conjuntura actual.

«Especialmente numa altura em que as pessoas estão relativamente deprimidas por força dos problemas económicos que atravessam e da austeridade que estão a sofrer, acho um disparate completo cortar-lhes a possibilidade de num dia por ano darem largas à sua alegria, vir para a rua e comemorar o Carnaval», criticou.

O ex-conselheiro de Estado frisou que, apesar de como presidente da Câmara de Cascais nunca ter patrocinado o Carnaval e de não ser adepto desta festividade, o povo português deve poder comemorá-la.

António Capucho lembrou ainda que Cavaco Silva, quando era primeiro-ministro, não se deu bem com uma decisão semelhante, sendo que alguns consideraram esse momento, com «consequências muito desagradáveis», como «o princípio da queda» da sua popularidade.

A decisão de Pedro Passos Coelho é «extremamente contraproducente, negativa, injusta, precipitada e em cima do acontecimento», vincou.

Portugal: Nobre dos Santos exorta funcionários públicos a irem trabalhar mascarados



Jornal de Notícias

O coordenador da Frente Sindical da Administração Pública, Nobre dos Santos, exortou, este sábado, os funcionários públicos a irem mascarados para o trabalho na terça-feira de Carnaval em sinal de protesto por não terem tolerância de ponto.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou sexta-feira que o Governo não dará tolerância de ponto aos funcionários públicos no Carnaval, argumentando que "ninguém perceberia" que tal acontecesse numa altura em que o Executivo se propõe acabar com feriados.

"As pessoas deverão responder em conformidade no dia de Carnaval e ir mascaradas para os serviços e no dia 18 vai haver uma concentração de cabeçudos em Torres Vedras, era interessante que aparecessem alguns funcionários públicos", disse à agência Lusa Nobre dos Santos.

O sindicalista considerou que a retirada da tradicional tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval não vai contribuir para aumentar a produtividade porque os serviços públicos não vão funcionar melhor ou pior por causa disso.

"Alegar a questão da produtividade é demagogia barata, o que se passa é que os trabalhadores da Administração pública vão ser discriminados mais uma vez", disse.

Nobre dos Santos considerou que a decisão do Governo vai contra as tradições locais e prejudica as economias locais, nomeadamente as que têm tradição de Carnaval e investem nos seus festejos, como Torres Vedras, Ovar ou Mealhada.

"Acho que as Câmaras deviam enfrentar esta decisão e dar tolerância de ponto aos funcionários municipais nas suas áreas de influência", defendeu.

Mais Carnaval

Cabeçudos e mascarados de Torres Vedras manifestam-se frente à residência do PM




Cabeçudos, matrafonas e diversos mascarados do Carnaval de Torres Vedras vão manifestar-se no próximo dia 18 em frente à residência oficial do primeiro-ministro protestando contra a decisão de não haver tolerância de ponto no Carnaval

O presidente da câmara de Torres Vedras, Carlos Miguel (PS), disse à agência Lusa que está prevista uma manifestação dos cabeçudos e matrafonas do Carnaval da cidade no dia 18, junto à residência oficial do primeiro-ministro. "Vamos entregar ao senhor primeiro-ministro um monumento fúnebre por não haver tolerância de ponto", adiantou o autarca.

Também o presidente da Fundação do Carnaval de Ovar defende que, ao não autorizar a tolerância de ponto no Carnaval, Passos Coelho revela desconhecer a realidade do país e ser "um mau gestor que há-de ser responsabilizado" por isso.

O primeiro-ministro, Passos Coelho, anunciou que o Governo não dará tolerância de ponto aos funcionários públicos no Carnaval, argumentando que "ninguém perceberia" que tal acontecesse numa altura em que o Executivo se propõe acabar com feriados.

O Partido Comunista Português (PCP) considera que a decisão de não atribuir tolerância de ponto no Carnaval, anunciada pelo primeiro-ministro, é "acrescentar mais um dia de trabalho forçado e não pago aos trabalhadores".

Em declarações à Lusa, Paulo Raimundo, da comissão política do comité central do PCP, disse que a não atribuição da tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval, como é habitual, é "acrescentar aos quatro feriados cortados, já anunciados pelo Governo, mais este dia".

NEM PÃO NEM CIRCO




Louvo a decisão de Passos Coelho: quem tira o pão em coerência também deve tirar o circo. Agora, e em coerência, espero os veementes protestos da Igreja: o Carnaval é uma festa tão religiosa como o Natal, ambas de origem pagã e a seu tempo adoptadas pelo cristianismo versão Vaticano.

O facto de esta medida apenas atingir a função pública (no privado, porque não se trata de um feriado, cada um sempre fez o que entendeu), tem um toque de crueldade socrática em ritmo de samba. E lá chegaremos ao fim do ano como o país da Europa que mais dias e horas trabalha e menos por isso recebe. Uma combinação perfeita para a festa final: esta gente vai sair vestida de alcatrão e penas, o traje mais que merecido. Vai ser um carnaval.


Rússia e China vetam resolução do Conselho de Segurança sobre Síria




Jornal de Notícias, com foto de Don Emmer - AFP

A Rússia e China vetaram este sábado pela segunda vez uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas condenando a violência na Síria e apoiando a iniciativa política da Liga Árabe para o país

O projecto de resolução, apresentado por Marrocos e apoiado pelo bloco ocidental do Conselho de Segurança, incluindo Portugal, recebeu 13 votos a favor, e dois contra, dos dois membros permanentes do Conselho, que têm poder de veto.

Rússia e China já tinham vetado em Outubro do ano passado uma resolução do Conselho de Segurança sobre a Síria, apresentada pelos países ocidentais.

O veto deste sábado seguiu-se a uma manhã de consultas no Conselho de Segurança, em torno de alterações de última hora propostas pela Rússia.

A última versão da resolução foi retificada ao longo da semana passada no Conselho de Segurança após negociações entre os 15 países-membros, tendo sido retiradas referências à perda de poderes pelo presidente sírio, que a Rússia rejeitava.

Oferecia "apoio total" à iniciativa, de 22 de Janeiro, sobre a Síria, para "facilitar uma transição política que leve a um sistema político democrático e plural, no qual os cidadãos são iguais independentemente da sua afiliação, etnia ou crença, incluindo pelo começo de um diálogo político sério" entre o regime de Bashar Al-Assad e a oposição síria.

Inicialmente, a resolução explicitava que a iniciativa árabe tinha como objectivo a formação de um governo de unidade nacional, através da delegação da "total autoridade" de Assad ao seu vice-presidente num "período de transição", culminando em eleições "livres e justas" sob supervisão árabe e internacional.

Uma das propostas da Rússia era substituir a expressão "apoio total" à iniciativa árabe por "leva em conta".

Outra referência retirada do texto anterior foi a de "grave preocupação com a transferência contínua de armas para a Síria", de que a Rússia tem sido acusada.

Mais Mundo

África do Sul: Líder juvenil do ANC suspenso por cinco anos



Angola Press, com foto

Joanesburgo - O líder juvenil do Congresso nacional africano (ANC), Julius Malema, foi suspenso por cinco anos por ter provocado grandes divisões no seio do partido no poder na África do Sul, anunciou a comissão de disciplina do ANC, citada pela AFP.

Personalidade controversa que se faz conhecer pelas suas posições radicais, Malema, 30 anos, foi reconhecido culpado pelo seu partido de ter "semeado à divisão", "desafio aos dirigentes nacionais" e "atentado contra à imagem do ANC", precisou o presidente da comissão Derek Hanekom à imprensa.

Ele deverá cessar as suas funções de presidente da Liga da juventude do partido, mas pode fazer recurso a essa decisão.
"Malema, manchou à posição do ANC e a sua reputação internacional", lamentou Hanekom, após ter lido as conclusões da sua comissão durante uma hora e meia.

O jovem, foi reconhecido culpado de três das quatro inculpações contra si, por ter feito prova dum acto de indisciplina, ao fazer a irrupção numa reunião sem ter sido convidado, por ter semeado sérias divisões no seio do partido e de ter manchado a sua reputação ao apelar pelo derrube do governo do vizinho Botswana.

Sobre o primeiro ponto, Hanekom, havia anunciado antes uma suspensão de dois anos com três anos de pena suspensa, mas a condenação concernente aos dois pontos seguintes, mais duras, anulou a decisão.

Sobre a questão do Botswana, Julius Malema, "fez prova de divisionismo em relação a linha política do ANC", fez notar Hanekom.

Em contrapartida, a que se refere aos seus discursos anti - branco, não foi reconhecido culpado duma acusação de "propagar o racismo e a intolerância política".

No total, o dirigente da organização juvenil do ANC, que não estava presente durante o anúncio do veredicto, já havia sido condenado em quatro ocasiões à um ano e meio, disse Hanekom.

"A disciplina não é negociável e deve ser aplicada", sublinhou Hanekom, durante a leitura dos quesitos desse "processo" contra Julius Malema e cinco outros seus colaboradores.

Entre outros elementos da Liga da juventude que são igualmente objecto de procedimento disciplinar destaca-se o porta-voz Floyd Shavangu, suspenso por três, devendo cessar as suas funções por ter sido reconhecido culpado ao ter insultado um jornalista e de ter acusado o ANC de associação com os imperialistas.

Outros companheiros de Malema beneficiaram de pena suspensa.

Presidente da Liga desde 2008, "juju", tornou-se um dos homens políticos mais controversos da África do Sul, passando-se por defensor dos mais pobres, implicando-se regularmente com a minoria branca e apelando sem cessar para à nacionalização das minas, bem como a apropriação das fazendas exploradas pelos brancos.

Guiné-Bissau: Carlos Gomes Júnior é o candidato do PAIGC nas presidenciais



FP – MB - Lusa

Bissau, 04 fev (Lusa) - O presidente do PAIGC e atual primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, foi hoje escolhido pelo partido para ser o candidato a Presidente da República, nas eleições de 18 de março.

A escolha, por larga maioria, foi feita pelo comité central do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), composto por 351 elementos, que hoje se reuniu na sede do partido, em Bissau.

Carlos Gomes Júnior recebeu 244 votos. Doze votaram contra e 10 abstiveram-se.

Vários dos elementos do comité central abandonaram a sala, em protesto pelo método de votação, que foi de braço no ar.

A candidatura de Serifo Nhamadjo, atual presidente interino da Assembleia Nacional, tinha proposto o voto secreto mas o partido não optou por essa solução.

A Guiné-Bissau tem eleições presidenciais marcadas para 18 de março, na sequência da morte prematura do anterior chefe de Estado, Malam Bacai Sanhá, devido a doença.


Brasil: Número de mortos em São Salvador sobe para 29




NS (FYB) – Lusa, com foto

São Paulo, 04 fev (Lusa) - O número de mortos em resultado da onda de violência em São Salvador, Baía, na sexta-feira, durante a greve da polícia militar, subiu para 29, anunciou hoje a secretaria de segurança pública da cidade.

Segundo um comunicado da secretaria de segurança, registaram-se 29 mortes em 30 horas, entre sexta-feira e a madrugada de hoje, período em que se registaram mais dez tentativas de homicídio.

A greve parcial dos polícias começou na terça-feira, por tempo indeterminado, mas a justiça já determinou o seu fim.

Os polícias em greve pedem a incorporação de subsídio por atividade policial no salário e parte deles está acampada em frente à Assembleia Legislativa.

O Governo brasileiro ordenou sexta-feira o envio de 2.600 soldados do Exército para Salvador e outras cidades para reforçar a vigilância nas ruas e anunciou que pode enviar mais 4.00 se a situação se agravar.


UMA HISTÓRIA DO BRASIL SEM MISÉRIA



Katarina Peixoto – Carta Maior

No dia 11 de junho de 2011, numa noite fria do inverno de Porto Alegre, seu Valdir e sua cadela Princesa dormiram sob um teto e não mais sob a marquise que os abrigava até então. No dia 13 de setembro o Seu Valdir tocou o interfone. Estava trêmulo e com os olhos mareados. Tinha três folhas de papel em mãos e uma carta, da Previdência Social, com um texto que começava assim: “Em atenção ao seu pedido...informamos que foi reconhecido o direito ao Benefício de Prestação Continuada...”. Acionado em um desafio para dar vida nova a um morador de rua, o Estado brasileiro respondeu com políticas de carne e osso.

Porto Alegre - Se os números apresentados pelo governo federal são verdadeiros, então qualquer pessoa deve poder pegar um morador de rua, ou uma pessoa em situação de risco, e inscrevê-la ao menos no Bolsa Família. Depois de pesquisar e acompanhar os dados sobre a redução da desigualdade, a entrada de mais de 30 milhões de pessoas na classe C e a saída de 28 milhões da extrema pobreza, eu pensei que poderia “ver” esses números encarnados. Trata-se de uma população maior que a de muitos países, então não deveria ser muito difícil “tirar alguém da rua”, por exemplo. Teria de ser ao menos possível e relativamente fácil; caso contrário, esses números necessariamente seriam falsificações.

É verdade que muitos dentre os que Jack London chamou de o povo do abismo já se quebraram, e a sua ida para as ruas não é outra coisa que a porta de entrada para todo tipo de quebradeira: a psíquica, a física, a emocional, a social. Os moradores de rua e a população excluída das cidades parecem existir para interpelar, intermitentes, o poder do estado, os governos, a assistência social.

Muitos do que se julgam bem informados leem nas magazines de fofocas semanais que o governo ou os governos seriam entidades comandadas por ladrões manipuladores. Indignados sem saber ao certo o porquê, passam pelos moradores de rua invariavelmente com raiva, quando não tampam os narizes e saem esbravejando contra o governo, que “permite” essa “palhaçada” ou “sujeira” ou “vagabundagem”.

Com tudo isso em mente e de certa forma apesar de tudo isso, eu quis testar o Estado brasileiro para ver se esses milhões tinham “carne”. Eu quis saber se esses números são reais ou ao menos se faz sentido e como pode fazer sentido ter gerado uma ascensão de classe social de 60 milhões de pessoas, em menos de dez anos. E isso sem um Plano Marshall, e sem um New Deal, e com uma política monetária determinada pela finança globalizada, engessada pela trindade do superávit primário, do câmbio flutuante e controle inflacionário via taxação de juros.

Um carrinho de supermercado era a sua casa

Mas essa decisão foi movida por um encontro, mais do que por informação. Eu quis testar o Estado brasileiro depois de ter conhecido o Seu Valdir e a sua filhote, a cadela Princesa, caminhando nas ruas do Bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Ele empurrando um carrinho de supermercado que era a sua casa, cheio de coisas, bolsas, cobertores, tudo muito organizado, sob a triunfante Princesa, sentada sobre o carrinho. Pensei que não podia ser pelas razões que imaginava, então perguntei-lhe por que ela estava sobre o carrinho, ao que ele me respondeu, confirmando a hipótese mais estapafúrdia que eu imaginara: “é que ela não tomou todas as vacinas, ainda, e a doutora disse que não era para pôr os pés na rua”. (Uma veterinária, Marília Jaconi, cuidou da Princesa gratuitamente, em solidariedade).

Começamos a conversar e eu perguntei se ele tinha o Bolsa Família. Não tinha. Perguntei se tinha documentos; tinha todos, aliás, além dos documentos, retirou do seu lar móvel uma pasta com uma inacreditável quantidade de exames, laudos, prescrições médicas e medicamentos (ordenados por cor, já que é analfabeto). “As radiografia e aqueles outros, né, de imagem, ficam lá no posto, lá, no meu arquivo”.

O Seu Valdir cuidava da Princesa (que salvou de um espancamento por um drogadito) e cuidava de si mesmo, inclusive tomando antidepressivos, “daquele comprimido branco (prozac), que a doutora, lá do Posto Santa Marta, me deu, pra meus problemas de depressão”. Também não se droga, não bebe. “O que mais o senhor tem?” “Ah”, disse, “tive um joelho esmagado na construção civil, né, quando trabalhava de assistente de pedreiro, também tenho uns problemas de coluna” e seguiu falando. Tinha carteira de isenção de passagem de ônibus, estadual e municipal, como deficiente físico.

Buscando as políticas em carne e osso

Depois de dois encontros e muitas perguntas respondidas, tomei a decisão de buscar a carne ou alguma carne do número de 60 milhões de brasileiros. Fazer esse cara acessar ao menos o Bolsa Família ou quem sabe o BPC, pensei, tinha de ser possível e relativamente fácil. Estávamos em maio de 2011 e hoje, passados mais de 8 meses, digo sem pestanejar que foi fácil, rápido e uma experiência surpreendente.

No dia 13 de maio de 2011, fui com o Seu Valdir à Fundação de Assistência Social – FASC, de Porto Alegre. Tinha na mente a informação de que o programa Bolsa Família havia se ampliado para abranger a população em situação de rua, desde 2010. Tinha também a informação de que o Seu Valdir preenchia requisitos para receber o BPC (embora julgasse esse um desejo irrealizável, um benefício no valor de um salário mínimo, para um cara que tá na rua e caminha?). No dia 23 de maio entramos juntos pela primeira vez no Prédio da Previdência Social, quando se abriu o processo de requerimento do BPC.

Depois de aberto o processo na Previdência, fui impedida de acompanhar o Seu Valdir. Dali em diante eu poderia ter me despedido dele, e esperaria pelas respostas que o Estado iria ou não dar, a contento. Se o Estado denegar, vou à Defensoria Pública Federal, pensei, entro com um mandado de segurança. Em um ano, no máximo, a vida desse cara vai mudar. Porque se não mudar, então esses números todos, todos esses milhões, isso tudo é mentira. Se é verdade que o Seu Valdir foi resgatado, em termos de saúde e alguma qualidade de vida, de integridade física e psíquica, pelo SUS, na pessoa da médica comunitária Isabel Munaretti, também é verdade que não cabe ao SUS tirar ninguém da rua.

Porque existe o SUS e ele funciona

O sujeito pode viver na rua, não ter onde dormir, nem como cozinhar, e ter assistência médica, acesso a medicamentos e exames. Porque existe o SUS e ele funciona. “Quando o senhor vai no Posto Santa Marta (ele tinha uma carteirinha de consulta em mãos), onde deixa o seu carrinho, com a Princesa?”. Respondeu-me que deixava na portaria, porque o vigilante gostava muito de brincar com ela e cuidava do carrinho dele. Na volta dessa consulta, que já estava marcada antes mesmo de nos encontrarmos, ele tocou o interfone de meu apartamento. Queria me mostrar o laudo que a doutora escreveu, recomendando a concessão do benefício. Um laudo escrito com clareza, cheio de detalhes.

Era inacreditável. Cada etapa da história parecia desmontar parte de um certo universo de crenças de classe média que eu cultivava, talvez nem sequer lendo as magazines de fofocas (que não leio nem nunca li), mas simplesmente com aquela percepção meio consolidada, embora pouco vivida, de que o estado não funciona, de que os médicos do SUS não querem saber dos pacientes, de que os funcionários públicos são inoperantes, toda essa tralha simbólica que tornou intuitiva a crença nas decisões, expectativas e apostas unicamente privadas e particulares. Tão extraordinário como cuidar da saúde de sua cadela foi saber que aquele homem, que estava na rua há mais de dez anos, tinha mais exames e diagnósticos e assistência médica do que eu, usuária de plano de saúde.

O acesso ao poder público, por meio da inscrição nos programas sociais não apenas requer um certo tempo, como pode ser insuficiente para a garantia da dignidade. Dizer que o Estado funciona não é dizer, pelo menos não ainda, que no Brasil a miséria deixou de ser uma chaga e a desigualdade, um tumor maligno. Além disso, estamos em Porto Alegre, o estado mais meridional do país, onde o frio é hostil e às vezes mortal, para quem está vulnerável. O inverno se aproximava e o Seu Valdir iria enfrentá-lo, uma vez mais, na rua. Não iria para um abrigo, nem mesmo nos piores dias, dessa vez porque não abandonaria a sua Princesa, ao relento. (O capítulo do descaso do poder público com os animais de estimação dos moradores de rua ainda será escrito com as denúncias cabíveis. A única exceção de que tenho notícia se deu na gestão de Marta Suplicy, na prefeitura de São Paulo, quando abrigos para moradores de rua contemplavam canis).

Uma amiga teve a ideia, diante de minha angústia frente ao frio que se aproximava, de alugarmos uma casa para ele e a cadelinha passarem pelo inverno. Com uns trezentos reais por mês isso seria possível. Mas e a comida, e os cuidados veterinários, e a luz? Estava fora de cogitação. Sozinha, não poderia arcar com isso, ainda mais correndo o risco de os benefícios não saírem. O que estava fazendo, adotando um sem teto? Mas o objetivo não era testar o Estado, além de ajudar esse homem a acessar os seus direitos? Irrefletidamente, a pergunta que fazia era: daqui para a frente eu não tenho mais nada a ver com isso, por que me envolver? Ele só não seria invisível porque, a título do teste em curso, eu aguardava as respostas do estado brasileiro. Até lá, a sua estada na rua não era problema meu.

Generosidade, amizade e solidariedade

A segunda parte desta história é feita da generosidade, da amizade e da solidariedade, como valores cultivados. A sua relação com o governo é inexistente. Testar o Estado teve um efeito rebote: e se as minhas crenças na delegação republicana das tarefas próprias do estado democrático de direito estivessem, eventualmente, a serviço da manutenção de preconceitos e de um universo de crenças mesquinhas de classe média, que mira a pobreza com uma tonalidade de indecência intolerável?

Escrevi um e-mail, contando essa história toda, para 30 pessoas, alguns mais, outros menos, amigos. Pedi ajuda para tirar o Seu Valdir da rua. Disse que ele tinha 53 anos, que era analfabeto, que tecnicamente não tinha como conseguir trabalho, dadas as suas (não) qualificações. E que a marquise onde se abrigava iria levar muita água, nos meses que se aproximavam. Seria um inverno chuvoso, além de frio. Contei que tinha encontrado uma casa, na região metropolitana. A duas quadras da casa da amiga, havia uma casa com pátio para alugar. Pelo menos até que a concessão dos benefícios ocorresse (pensava que esperaríamos 10, 12 meses, sem falar nas eventuais ações judiciais que teríamos de ajuizar), ele teria um teto, se cada um desse uma pequena quantia, seria possível. 20 pessoas responderam, topando a empreitada. Eu alugaria no meu nome, dois seriam fiadores. Cada um daria entre 20 e 50 reais por mês. “Se eu soubesse que com 50 pilas por mês tiraria um cara da rua, já estaria fazendo isso há muito tempo”, disse uma das amigas. Dentre os 20 amigos e parceiros na empreitada há jornalistas, professores universitários, estudantes, advogados e servidores públicos.

Nem todos podiam contribuir com dinheiro, ou queriam fazê-lo. Mas todos, sem exceção, tinham em casa provas de uma certa abundância de consumo que tem acometido a classe média brasileira, para além dos 60 milhões: um colchão de casal novo, uma cama de casal, botijão de gás, um fogão, banco, mesa, cadeiras, sofá, guarda-roupa, máquina de lavar roupa, talheres, panelas, copos, lençóis, toalhas, roupa, muita roupa. Tudo sobressalente. Em dois meses, o Seu Valdir tinha tudo isso e ainda uma televisão de 20 polegadas, colorida, com antena, para ver o jogo do Internacional. Compramos um balcão de pia em aço inox e uma geladeira (o sogro de nossa amiga resolveu trocar de geladeira, para abrigar as cervejas geladas num novo modelo, e vendeu uma geladeira seminova, por 240 reais).

"Isso deve ser o paraíso, né?"

Uma casa metade de madeira, metade de alvenaria, com dois quartos, um pátio na frente e um atrás, uma sala. Ele e a Princesa lá, sob a marquise, estavam prontos, aguardando a minha chegada, numa Kombi, para leva-los. Nervoso, em silêncio, o Seu Valdir olhava para mim como se perguntando se era verdade. Ele queria sair da rua, tinha dito isso, enfático. No dia 11 de junho, numa noite fria do inverno que ainda nem tinha chegado oficialmente, Seu Valdir e sua Princesa dormiram sob um teto. A luz só foi ligada 4 dias depois. Mas naquela noite, com as mãos trêmulas, ele se despediu de nós com a chave da casa nas mãos. Duas horas depois telefonou, para dizer que “isso deve ser o paraíso, né?”. Deve ser.

Em julho ele começou a plantar. Fez uma pequena lavoura, com tomates, alfaces, beterrabas (que chama de batata roxa, talvez porque seja guarani), espinafre, pimentão, temperos, abóboras. Pegou mais três cães, enxovalhados por donos cruéis ou simplesmente abandonados na rua. E os amigos começaram a se beneficiar da colheita desses vegetais feios, miúdos e deliciosos, sem nada de agrotóxico. Montamos um blog, ainda incipiente, para contar a história toda. Queríamos dizer às pessoas que é possível tirar um cidadão ou cidadã da rua, que há dinheiro e política em curso, no país, que é verdade e nós estávamos experimentando o quanto esse fato pode ser transformador na vida de uma pessoa.

Demos entrevistas a estudantes de jornalismo. Rejeitamos aparecer em televisões, invariavelmente dispostas a contar uma história bonita de voluntariado. A mais recente das tentativas veio com o estranho convite, feito pessoalmente a mim, a fim de que eu contasse sobre “a minha luta” para tirar um morador da rua. Todos os convites foram recusados. Não houve luta, nem voluntariado. Há um Estado e um governo que existem, nós testamos e testemunhamos isso. E há amizade e gente para quem a erradicação da miséria também implica mais felicidade e dignidade, inclusive frente a si mesmo, para além das mesquinharias de classe média.

No dia 13 de setembro o Seu Valdir tocou o interfone. Estava trêmulo e com os olhos mareados. Tinha três folhas de papel em mãos: uma com um comprovante de saque, no valor de 1291 reais, e uma carta, da Previdência Social, com um texto que começava assim: “Em atenção ao seu pedido...informamos que foi reconhecido o direito ao Benefício de Prestação Continuada etc....”. Nos abraçamos e tudo o mais que se diga sobre a alegria daquele momento é incapaz de descrevê-lo. Os 1291 reais eram retroativos ao dia 23 de maio, quando se abriu o processo de pedido do benefício.

Hoje, cada um dos amigos que participaram da ação entre amigos colabora oficialmente com 20 reais por mês. Oficialmente, porque a imensa maioria deles se recusou a parar de contribuir ou a diminuir a contribuição. Por decisão de todos, seguimos pagando o aluguel e a luz (valor total chega a trezentos e poucos reais), em troca dos produtos da lavoura orgânica. O Seu Valdir se matriculou e depois abandonou o EJA. Teve ataques de angústia e me telefonou muitas vezes, ansioso, receando que o benefício não saísse. Quando o benefício saiu, comprou uma máquina fotográfica digital, um pequeno cortador de canteiros, para aparar sua grama, um aparelho de som para ouvir música gauchesca e estendeu o braço para a mãe, uma descendente de guarani, também analfabeta.

No momento, ele faz uma dentadura, com o superávit que as contribuições do grupo de amigos geraram. Uma veterinária amiga atende aos animais adotados por ele, inclusive a sua Princesa, a preço de custo. A outra cadela por ele adotada se chama Isabel, “como aquela princesa, né?”. E agora ele ficou sabendo que tem um programa chamado “Minha Casa, Minha Vida”. Eu o informei que as casas são muito pequenas, sem pátio, com quase nenhuma área verde. Ele respondeu: então eu vou ter de construir um lugar, comprar uma pré-moldada, né? Pode ser. Agora, pode ser.

Nenhum de nós precisou fazer isso, ninguém foi forçado e menos ainda foi requerida uma luta ou um grande esforço. A cada colheita, em cada conquista dele, a satisfação e a alegria de quem participa dessa ação entre amigos só se consolida. Há muitos capítulos nesta história e muitos são de angústia e medo. E há também um aspecto que habita um universo simbólico e afetivo de antes das palavras, que também comporta o afeto dele e nosso com os animais domésticos, então não dá para descrever, à altura, o que significa poder dizer que tiramos um cara da rua, que tem carne nos números do governo e, mais ainda, que somos parte dessa carne. Eu decidi testar o Estado e suas políticas e recebi, como resposta, na vida nossa e do Seu Valdir, que o Brasil Sem Miséria é uma realidade e, portanto, que um Brasil sem miséria é possível. Acionado em um desafio para dar vida nova a um morador de rua, o Estado brasileiro respondeu com políticas de carne e osso.

Fotos: Katarina Peixoto (interna) e Eduardo Seidl (capa)

Brasil: Prefeitura do Rio identifica mais um bueiro com alto risco de explosão




Paulo Virgilio - Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A prefeitura do Rio identificou, durante vistoria feita na madrugada de hoje (4), mais um bueiro com alto risco de explosão na cidade. A câmara subterrânea foi identificada na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na zona sul, e já está isolada e sinalizada para reparo imediato.

De acordo com a Secretaria de Conservação e Serviços Públicos da prefeitura, foram vistoriados na madrugada deste sábado 405 bueiros em Copacabana, no Leblon e em Botafogo. Desde 12 de agosto do ano passado, quando teve início o monitoramento independente dos bueiros da cidade, foram feitas 40.320 vistorias. Em 314 bueiros, há alto risco de explosão.

Toda vez em que um bueiro com risco é detectado pela vistoria, as concessionárias Light, de energia, e CEG, de gás, são imediatamente comunicadas, assim como o Centro de Operações da Prefeitura do Rio. Calçadas cercadas por tapumes para o reparo de bueiros se tornaram, nos últimos meses, uma cena constante no centro e em diversos bairros da cidade.

O monitoramento independente de risco em bueiros tem duração de seis meses e resulta do acordo de cooperação firmado entre a prefeitura do Rio, o governo do estado, o Ministério Público e o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ). A iniciativa foi tomada depois que uma série de explosões de bueiros, no primeiro semestre de 2011, levou pânico à população carioca e a turistas que visitam a cidade.

Edição: Juliana Andrade

Brasil: Ocorrências criminosas em Salvador aumentam com greve dos policiais militares




Priscilla Mazenotti - Repórter da Agência Brasil

Brasília - A greve dos policiais militares na Bahia, que entrou hoje (4) no seu quarto dia, já tem como consequência o crescimento das ocorrências criminosas. Desde o início da paralisação, na quarta-feira (1º), a região metropolitana de Salvador registra 50 homicídios. O número é 117% maior na comparação com o mesmo período do ano passado.

A falta de policiais nas ruas gerou uma onda de saques e violência em todo o estado. Só ontem (3), 58 carros foram roubados e algumas lojas arrombadas e saqueadas. Cerca de 3 mil militares da Força Nacional e de unidades das Forças Armadas estão sendo enviados ao estado para fazer a segurança da população. Mais 4 mil militares da 10ª Região Militar, em Fortaleza (CE), podem ser deslocados para reforçar o policiamento na Bahia.

Alguns shows e atividades culturais agendadas para este fim de semana foram cancelados. Entre elas, um evento musical com a participação da cantora Ivete Sangalo.

Os policiais em greve estão acampados em frente à Assembleia Legislativa. Eles reivindicam a aprovação do plano de carreira, regulamentação da gratificação de atividade policial, nível 5, melhores salários e condições de trabalho.

Para avaliar a situação, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e a secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, estarão hoje (4) em Salvador a fim de acompanhar as operações das Forças Armadas na garantia da segurança da população durante a greve. O diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, também participam da comitiva.

Edição: Aécio Amado

Irã inicia manobras militares, mas afirma querer evitar tensões



Prensa Latina, com foto

02Teerã, 4 fev (Prensa Latina) O Corpo de Guardiães da Revolução Islâmica (CGRI) do Irã iniciou hoje manobras militares destinadas a demonstrar sua capacidade defensiva diante das ameaças externas, ainda que as autoridades afirmem que desejam evitar tensões regionais.

Destacamentos militares desse corpo de elite iraniano começaram neste sábado as manobras bélicas em regiões meridionais com a missão de manter e aumentar a disponibilidade combativa de suas unidades, bem como provar a habilidade para manejar ameaças dos inimigos.

O comandante das forças terrestres do CGRI, brigadeiro geral Mohammad Pakpour, precisou também que se pretende aumentar a criatividade de especialistas e as habilidades profissionais desse ramo militar, que conta com divisões aérea e naval.

Dada a proximidade dos exercícios militares com o estratégico Estreito de Ormuz, meios locais destacaram que têm o fim de dissuadir os Estados Unidos, a União Europeia (UE) e Israel de qualquer ação lesiva para o setor energético e nuclear do Irã.

Teerã ameaçou cortar o fluxo marítimo por essa estreita via, que serve de passagem a petroleiros que comercializam cerca de 35 por cento do petróleo mundial, segundo diversas estatísticas.

Durante o sermão nas orações muçulmanas da sexta-feira, o líder supremo da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, advertiu que o país persa se defenderá de qualquer possível ataque armado estadunidense ou israelense contra suas instalações atômicas.

As manobras atuais, que estiveram antecedidas por outros treinamentos navais (no final de dezembro) e terrestres (início de janeiro), se desenvolvem em momentos em que as forças ocidentais incrementam a presença de navios e tropas no Golfo Pérsico.

Por outro lado, o ministro iraniano do Petróleo, Rostam Qasemi, afirmou hoje que esta nação não está interessada em criar tensões na região, senão que, mais bem, deseja a estabilidade.

Ao falar em uma coletiva de imprensa, Qasemi comentou que o Ocidente é consciente de que o Irã sofreu condições muito difíceis em sua produção e exportação de óleo durante a chamada Guerra Imposta (com Iraque, de 1980 a 1988), mas foi capaz das superá-las.

O ministro exortou a UE a reconsiderar sua decisão de bloquear as exportações iranianas de óleo, a partir de 1 de julho, e recordou que Teerã tem "muito bons laços comerciais" com países como China, Coreia do Sul e Índia, que provavelmente não acatarão as sanções.

"Desafortunadamente, a UE sucumbiu à pressão estadunidense. Espero que revisem sua decisão de sancionar as exportações de petróleo...o mercado internacional está balançado", sublinhou.

ONU: Conselho de Segurança debate resolução sobre a Síria



Prensa Latina

Nações Unidas, 4 fev (Prensa Latina) Depois de uma sexta-feira de negociações a nível de governo, o Conselho de Segurança retoma hoje o debate de uma resolução sobre a Síria que responda aos contrários interesses das potências ocidentais e da Rússia.

Os 15 membros do órgão estão citados para retomar as discussões às 10:00 horário de Nova York (15:00 UTC), convocação confirmada ontem à noite pelo escritório do porta-voz oficial das Nações Unidas.

Fontes de várias delegações asseguraram que durante a reunião será submetido à votação o projeto de resolução elaborado após várias dias de duros debates e de três rascunhos diferentes.

As negociações na sede da ONU tinham sido suspensas na quinta-feira passada quando uma nova redação do texto foi enviada às capitais de cada membro para que seus governos decidissem sobre seu conteúdo.

A última versão discutida omite partes essenciais de propostas iniciais feitas por Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Marrocos, as quais obrigavam entre outras coisas a saída do presidente sírio, Bashar Al-Assad, do poder.

Também elimina as exigências das potências ocidentais e de alguns Estados árabes para impor sanções e um embargo de armas à Síria.

Ontem a secretária de estado norte-americana, Hillary Clinton, e o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, realizaram uma construtiva conversa telefônica sobre o tema, segundo o qualificativo empregado por um porta-voz oficial de Washington.

Não obstante, o vice-chanceler russo Gennady Gatilov disse ontem em Moscou que o novo projeto também não satisfaz os interesses de seu país, mas não informou a postura do Kremlin em caso de ser submetido à votação.

A Rússia, como membro permanente do Conselho de Segurança tem poder de veto.

Os acordos do Conselho têm que ser aprovados pelo voto positivo de nove de seus 15 integrantes e nenhum contra dos cinco permanentes (veto): Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e China.

Os outros assentos do corpo estão ocupados agora por Alemanha, Portugal, Índia, Colômbia, Guatemala, Marrocos, Paquistão, África do Sul, Togo e Azerbaijão.

Egito vive outro dia convulsivo, com problemas de segurança



Prensa Latina, com foto

Cairo, 4 fev (Prensa Latina) Um verdadeiro caos se estende hoje por diferentes zonas desta capital, palco de novos confrontos entre manifestantes e forças de segurança, enquanto continuam os protestos de rua contra a Junta Militar em Suez e Alexandria.

Torcedores das equipes de futebol Zamalek e Al-Ahly, este último protagonista de uma batalha campal com o time Al-Masry de Porto Said que deixou na quarta-feira 74 mortos, continuam se concentrando nas imediações do Ministério do Interior no Cairo.

Depois de choques durante a noite e a madrugada, com escassos momentos de aparente trégua, torcidas e ativistas revolucionários voltaram à carga contra a instituição que condenam por sua inoperância, supostamente deliberada, na matança em Porto Said.

O governo ordenou a investigação dos últimos incidentes na capital, que provocaram cinco mortos, três aqui e dois em Suez, bem como quase dois mil feridos, incluídos 221 oficiais e recrutas da polícia, levando em conta que ontem se contabilizaram 1.051 lesionados.

Agitando bandeiras das duas equipes de futebol mais populares da capital egípcia e fotos de jovens mortos nos distúrbios da quarta-feira, os inconformados tentaram nesta manhã derrubar cercas e ultrapassar a barreira de policiais que protege a sede ministerial.

Segundo a televisão estatal, dois mil uniformados foram mobilizados para reforçar a proteção do edifício, apesar de que os manifestantes seguiam de prontidão em seus arredores, muitos com máscaras para se protegerem dos gases lacrimogênios disparados pela polícia.

No meio do lançamento de pedras entre ambos os bandos, emana fumaça de um escritório de cobrança de impostos imobiliários, vizinha ao ministério e incendiada durante os choques, depois de que jovens a tomaram como base para responderem aos ataques policiais.

Ainda que torcidas como a Fared disseram à Prensa Latina estarem animados, mais por sede de justiça pelos seus amigos mortos que por razões políticas, a multidão cantava consignas de "hurreiya, hurreiya" (liberdade, liberdade) e contra a Junta Militar e o Governo.

No entanto, o ambiente de caos no centro de Cairo, que incluiu também a praça Tahrir, que fica próxima, se uniu à inquietude dos cidadãos após a informação de que 27 presos, supostamente delinquentes, escaparam após um assalto armado a uma estação da polícia em El-Marj.

Os atacantes feriram dois oficiais e colocaram fogo no posto policial no norte da capital, enquanto as autoridades empreenderam uma operação de busca e captura dos fugitivos.

A deterioração da segurança no Egito se evidenciou também na sexta-feira com uma tentativa frustrada de assalto armado a uma sucursal bancária na cidade de Suez, onde bandidos aproveitaram o clima de convulsão pelos protestos de condenação ao incidente letal em Porto Said.

Outro banco e um carro forte foram atacados e roubados na última segunda-feira, em ações separadas, por parte de grupos armados no Cairo, enquanto em Alexandria intensificam-se as expressões de descontentamento diante da Direção de Segurança e instalações militares.

A agência oficial de notícias MENA reportou que dois turistas estadunidenses foram liberados após ficarem várias horas sequestrados por beduínos no Sinaí, o mesmo palco onde esta semana 25 trabalhadores chineses foram tomados como reféns.

Diante do generalizado movimento reivindicativo e das ações violentas de "infiltrados" nos protestos, o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) acusou ontem à noite "partes estrangeiras" de incitarem a violência, o caos e a subversão.

"O país atravessa a etapa mais perigosa e mais importante de sua história, o que requer de todos os filhos da nação egípcia união e solidariedade para encerrarem a discórdia e enfrentarem as tentativas de escalada por partes estrangeiras e outras internas", indicou a mensagem.

Ao mesmo tempo, o CSFA pediu ajuda a todas as forças políticas do Egito para restaurar a estabilidade no país, conter a atual crise e frear a violência.

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União Europeia reconhece papel de Angola em estabilidade africana



Prensa Latina

05Luanda, 3 fev (Prensa Latina) O representante da União Europeia (UE) em Angola, Javier Pujols, considerou aqui que o papel do governo angolano é muito ativo entre os países africanos para a solução de conflitos na região.

Depois de sustentar uma entrevista com o vice-presidente angolano, Fernando da Piedade Dias dos Santos, reconheceu as contribuições deste Estado do sul da África na busca da estabilidade na Guiné Bissau, país que tenta reformar o sistema de defesa e segurança.

O Executivo angolano apoia as transformações nesse território, mediante a formação de recrutas, assessoria e ajuda econômica.

Pujols também manifestou que a Angola tem uma alta responsabilidade como presidente da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O representante da UE recordou que a cooperação desse bloco comunitário com a Angola é diversificada em setores como saúde, educação, remoção de minas, água e justiça.

GOVERNADOR COLONIAL APUPADO EM CABINDA




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O governador da colónia angolana de Cabinda, Mawete João Batista, foi ostensivamente apupado no principal estádio local de futebol, Chiazi, por ocasião de um jogo particular entre Angola e os Camarões.

Quando o colonizador chegou à tribuna e acenou à assistência recebeu um apupo monumental, representativo do sentimento que o povo nutre por aqueles que teimam em retirar-lhe a sua histórica identidade.

Mawete João Batista foi nomeado governador da colónia de Cabinda em 2010. É, obviamente, um colonizador da confiança de José Eduardo dos Santos e que, de acordo com as instruções do regime, impõe a razão da força, estando-se nas tintas para uma coisa que não sabe o que significa: a força da razão.

Mawete João Baptista continua a exortar os militantes do MPLA no sentido de intensificarem as suas acções de mobilização das populações e, é claro, a manterem mais activas as estruturas de base nos bairros periféricos da cidade.

Tudo porque afinal, afirma Mawete João Baptista, ainda é preciso defender a paz e o progresso social, o que – está bem de ver - só é possível se o MPLA, que está no poder desde 1975, por lá fique aí mais uns… 50 anos.

Para mostrar a vitalidade do MPLA, Mawete João Baptista condecorou recentemente 24 militantes com as medalhas de 17 de Setembro, 10 com as de militante de Vanguarda 1º grau, 20 mereceram as de 2º grau, 30 com as de 3º grau e 34 as distinções de medalha de Deolinda Rodrigues e por último 12 com as medalhas militantes de Vanguarda - Hoji Ya-Henda.

Esta acção de Mawete João Baptista recorda-me, por exemplo, um seminário de formação de formadores, marcou o lançamento do programa de formação política e patriótica dos dirigentes, quadros, militantes e amigos da JMPLA e teve lugar também na colónia angolana de Cabinda.

Tal e qual como nos tempos da militância marxista-leninista do pós-independência (11 de Novembro de 1975), o regime angolano continua a reeducar o povo tendo em vista e militância política e patriótica. E tanto a militância política como a patriótica são sinónimos de MPLA.

Basta ver, mas sobretudo não esquecer, que o regime mantém, entre outras, a estrutura dos chamados Pioneiros, uma organização similar à Mocidade Portuguesa dos tempos de um outro António. Não António Agostinho Neto mas António de Oliveira Salazar.

Num Estado de Direito, que Angola diz – pelo menos diz – querer ser, não faz sentido a existência de organismos, entidades ou acções que apenas visam a lavagem ao cérebro e a dependência perante quem está no poder desde 1975, o MPLA.

Dependência essa que, como todas as outras, apenas tem como objectivo o amor cego e canino ao MPLA, como se este partido fosse ainda o único, como se MPLA e pátria fossem sinónimos.

Na acção então levada a cabo pelo regime na sua colónia de Cabinda, os trabalhos incidiram sobre "Princípios fundamentais e bases ideológica do MPLA", "Discurso do Presidente José Eduardo dos Santos na abertura do VI Congresso do partido", "Princípios fundamentais de organização e funcionamento da JMPLA" e " O papel da juventude na conquista da independência Nacional e na preservação das vitórias do povo angolano".

Nem no regime de Salazar se fazia um tão canino culto do regime e do presidente como o faz o MPLA, só faltando (e já esteve mais longe) dizer que só existem Deus no Céu e José Eduardo dos Santos na terra.

Não nos esqueçamos, por exemplo, que o regime tem comandantes militares cuja exclusiva função é a Educação Patriótica.

Tantos anos depois da independência, dez depois da paz, a estrutura militar continua a trabalhar à imagem e semelhança dos Khmer Vermelhos de Pol Pot.

Regressemos a Mawete João Baptista, um governador colonial que recentemente mostrou ao mundo que os colonialistas vão apostar no progresso de Cabinda.

Falando em Cabinda, afirmou que o programa do governo que visa a abertura de picadas em toda a extensão da colónia (ele, como Salazar fazia em relação a Angola, chama-lhe província), com destaque para os municípios do interior, demonstra a vontade do executivo em responder os apelos das populações visando o seu bem estar social e a sua inclusão social e segurança na sua mobilidade.

Mawete João Baptista apontou que é objectivo do Governo colonial criar cada vez mais as condições necessárias para as populações, sobretudo as que vivem em áreas de difícil acesso, para que se sintam também incluídos nos programas ajuizados pelo governo, nomeadamente, na saúde, na educação e no ensino, na água potável, na energia e em especial terem uma segurança total para o exercício das suas actividades no campo.

“Nós estamos gratos por esse esforço que corresponde com a alegria das populações nessas áreas”, disse Mawete João Baptista, para mais adiante sublinhar que a abertura das picadas inoperantes há mais de 30 anos, no caso de Alto Sundi - Sanda Massala (Belize), Quissamano - Necuto (Buco-Zau) e o melhoramento (asfaltagem) da estrada que liga a Comuna de Dinge (Cacongo) e a de Necuto (Buco-Zau), permitem hoje garantir o exercício cabal da administração do estado.

Mawete João Baptista indicou ainda que o governo colonial vai continuar a abertura de outras picadas ao longo de toda a fronteira com os dois países vizinhos os Congos Brazaville e RDC por formas a permitir que haja um melhor controlo das populações e da segurança.

“As nossas aldeias vão poder ser visitadas e beneficiar de programas do governo para seu bem-estar social. Teremos melhor segurança e evitaremos elementos que antes se aproveitavam para se instalar nessas aldeias isoladas devido a falta de estradas ou picadas onde preparavam acções contra as nossas populações já não o farão”, exortou o governador da colónia.

Apesar de mais de 70% das exportações angolanas de petróleo terem origem na sua colónia de Cabinda, o máximo que o regime colonial do MPLA dá ao povo são umas picadas por onde vão passar, é claro, os milhares de militares que lá tem e que – como força de ocupação – visam neutralizar qualquer tipo de resistência.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: O VASCO DO NOSSO CONTENTAMENTO

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