O título acima é decalcado do comentário do leitor Marco Fonseca, que podem ler mais em baixo. Prosseguimos a divulgação em destaque de opiniões de alguns leitores que fizeram questão de se manifestar sobre a eventual aprovação pelo governo de Gusmão da reforma na educação que prevê a abolição da língua portuguesa no ensino. Para já no ensino básico, como divulgou a Agência PNN.
COMENTÁRIOS EM:
Comentário A - Anónimo
Isso de apoiar as línguas maternas é um lobo vestido de cordeiro. Soa muito bem mas a impraticabilidade é flagrante, em Timor ou na Suíça. Vejam lá se a vizinha Indonésia embarcou em algo semelhante (que exigem muuuuuitos recursos que, obviamente, Timor não tem): a Indonésia tem 600 línguas e dilectos diferentes. Na Papua Nova Guiné (neo)colónia australiana, as línguas locais desaparecem a uma velocidade assustadora e imaginem qual é uma das línguas oficiais...
A escolha de línguas nada tem a ver com as melhores práticas pedagógicas. Muitos timorenses aprenderam a ler e a escrever em indonésio, que não era a sua língua mãe, e fizeram-se grandes homens e mulheres. A escolha de línguas oficiais e de instrução prende-se com as opções políticas, sempre assim foi, vejam-se as teorias do nacionalismo e a sua análise sobre a escolha de línguas oficiais. Mais, as velhas teorias explicam muito bem como é que a instrução universal cimenta o nacionalismo e como é reduzido o número de línguas escolhido (a Itália de Garibaldi escolheu um dialecto que agora é conhecido por italiano). Para quê inventar o que já está inventado? Só se houver a hidden agenda. Como é notoriamente o caso.
Os timorenses são independentes, fazem o que acharem melhor. Mas não venham então chatear portugueses, brasileiros (e também são-tomenses, moçambicanos, cabo-verdianos e angolanos) a pedir esmolas que, os 9 mil milhões não lhes chegam. Querem falar inglês, cantonês ou conchichinês, façam o favor. Mas não venham é chatear os «colonialistas» com lamechas e conversas da treta.
Se o português não se difunde mais em Timor, a culpa é também das autoridades timorenses que não se empenharam como supostamente a constituição que escreveram os obrigaria. Larguem a CPLP e juntem-se ao Pacífico ou às Caraíbas. Mas larguem então os «colonialistas» parvos que foram dos poucos que se lembravam deles em alguns fóruns internacionais durante muito tempo e que, se os abandonaram em 75, é porque, se calhar, chegaram a antecipar aquilo que os indonésios só depois de muito tempo descobriram: a pedra no sapato (como dizia o Alatas). (os indonésios devem agora estar a rir-se...)
Comentário C - Anónimo
A próxima deve ser. «ai, e tal, o sistema jurídico civilista também não presta, e tal, a common law tem mais a ver a com a biti bo'ot timorense, e tal, também não precisamos de juristas de matriz civilista e tal...» As línguas indígenas depois também não servirão porque não abarcam conceitos jurídicos, é melhor outras línguas. Depois o Conselho de Ministros começa a ser noutras línguas.
Olhem, para substituir o português, voto no indonésio. Pelo menos toda a gente passa a perceber correctamente as instruções das embalagens de shampô, cimento, piri piri, água e tudo aquilo que os remediados e os mais pobres timorenses arrancam das prateleiras. O chinês também dava jeito. Mas isso é melhor não, porque senão os australianos ficam muito nervosos e um australiano nervoso dá lugar a dez navios de guerra em frente ao Palácio do Governo.
COMENTÁRIOS EM:
Não se deixem enganar! Os Timorenses têm de erguer a cabeça e dizer basta! Os Timorenses não são fantoches nas mãos dos ricos!
Se as crianças não aprendem Português na primária, vão aprender quando!!! Só quem enterra a cabeça na terra é que não vê o presente envenenado!
Assim como o Português nunca sucumbiu à língua Castelhana, espero que o Tétum e o Português em Timor não sejam espezinhados por interesses económicos/capitalistas de alguns!
Esta gente não se preocupa com os Timorenses, querem apenas o vosso dinheiro e pisar o povo!
Como pode Timor dizer que é livre quando lhe apontam a catana à sua cultura e identidade?
Como podem vir afirmar que se deveria implementar o Inglês, e se aceita sem tumultos uma barbaridade dessa?!
Os Timorenses deveriam sentir orgulho em aprender o Tétum e o Português e dizerem aos seus filhos:
“Eram estas as línguas que os teus antepassados falavam, o teu pai, mãe, avós, bisavôs… sinto orgulho em ti meu filho, por estares a aprender de novo o que nunca devia ter sido arrancado de nós!”
Não se deixem enganar! Continuem a lutar!
Dr. Mari Alkatiri,
Não diga que vai abolir o ensino de línguas indígenas. Elas também devem ser protegidas (também está na Constituição, no mesmo artigo da línguas oficiais). Creio que deveria era pugnar por um programa semelhante ao da Sra. Kirsty, mas bem pensado e de médio prazo. No fundo, a ideia, no geral, é muito boa. As intenções por detrás dela é que são duvidosas.
Não diga que vai abolir o ensino de línguas indígenas. Elas também devem ser protegidas (também está na Constituição, no mesmo artigo da línguas oficiais). Creio que deveria era pugnar por um programa semelhante ao da Sra. Kirsty, mas bem pensado e de médio prazo. No fundo, a ideia, no geral, é muito boa. As intenções por detrás dela é que são duvidosas.
Não sei se sabe, mas o inglês é ensinado desde a escola primária, em Portugal (às vezes até antes, no ensino privado). Por um motivo muito simples: as crianças habituam-se e aprendem mais rapidamente a língua. Há imensas crianças poliglotas no mundo: conheço imigrantes portugueses na Alemanha que aprenderam a ler e a escrever em alemão, falam português em casa e, nalguns casos, outras línguas, como o italiano ou o francês (a nacionalidade dos outros pais). E são pessoas bem sucedidas, não porque aprenderam a ler e a escrever na língua materna mas porque o sistema de ensino alemão é Excelente. Conheço até um caso de uma portuguesa, a viver em Portugal, que só fala francês para o filho para que seja bilingue.
No contexto de Timor-Leste, quanto mais cedo se aprender o português e o tétum, melhor. Mais há a possibilidade de aprenderem bem estas línguas. A língua mãe será SEMPRE falada em casa, ainda mais se os pais forem incentivados a fazê-lo. Posteriormente, com uma disciplina da língua mãe (para saberem escrever e ler nela), não se corre o risco de alienar NENHUMA língua. Proponha à Sra. Kirsty que invista numa campanha destas. Seria bem mais útil.