Shireen Abu Akleh e Issam Abdallah, jornalistas recentemente assassinados por Israel
Artur Queiroz*, Luanda
A aldeia fronteiriça de Aalma ech
Chaab, no sul do Líbano, é uma espécie de sala da imprensa internacional que
cobre a guerra. Já foi caserna de tropas ocupantes israelitas em várias
ocasiões desde os anos 70. Muitos ataques de artilharia e aviação, muitos
mortos e feridos. A fronteira tem
Ontem os jornalistas foram atacados pelas tropas de Israel apoiadas pelo ocidente alargado até onde for preciso. A equipa da agência noticiosa Reuters foi atingida e Issam Abdallah, repórter de imagem, foi morto. Os jornalistas do mesmo órgão de comunicação social Thaer Al-Sudani e Maher Nazeh ficaram feridos com gravidade.
A viatura do canal de televisão Al-Jazeera também foi atingida deliberadamente. Karmen Bakhindar e o repórter de imagem Eli Brakhia ficaram feridos. Conseguiram falar e foram claros: O local onde estávamos era aberto, com boa visibilidade, as viaturas estavam sinalizadas com a tarja “PRESS” e nós tínhamos os coletes que nos identificavam como jornalistas. O ataque foi deliberado”.
Ninguém sabe, ninguém fala, ninguém dá esta notícia porque parece mal: Dez jornalistas palestinos foram mortos por Israel durante os seis dias de bombardeamentos à Faixa de Gaza. Mais dois estão desaparecidos. Podem estar soterrados sob os escombros do prédio onde se encontravam. Os Media do ocidente alargado, inclusive a própria Reuters, ignoraram estes crimes hediondos contra a Humanidade. O porta-voz das tropas israelitas diz que “lamenta muito” mas rejeita responsabilidades. Como sempre.
A Human Rights Watch (HRW) estava na zona fronteiriça bombardeada no sul do Líbano e confirmou o ataque deliberado. Também revelou que o bombardeamento incluiu bombas de fósforo branco. A mesma arma está a ser usada na Faixa de Gaza. Mas usar fósforo branco contra qualquer pessoa, civil ou militar, é ilegal. O Direito Internacional diz que as armas incendiárias não podem ser usadas onde os civis estão concentrados.
Israel desmentiu a Human Rights Watch mas as imagens confirmam a utilização das bombas de fósforo branco. Os hospitais recebem muitos civis queimados. Até crianças. O ocidente alargado apoia estes crimes contra a Humanidade. Eu, velho repórter a cair da tripeça, repudio com todas as forças que me restam, os crimes de Israel contra jornalistas. Os matadores não querem testemunhas. Mas não podem exterminar o Jornalismo com a mesma facilidade com que exterminam palestinos.