terça-feira, 12 de novembro de 2013

MASSACRE DE SANTA CRUZ - TIMOR-LESTE - 22 ANOS

 

 
 
12 DE NOVEMBRO DE 1991
 
O Massacre de Santa Cruz em Timor Leste foi um tiroteio sobre manifestantes pró-independência no cemitério de Santa Cruz em Dili, a 12 de novembro de 1991, durante a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia. A maioria das vítimas foram jovens, por isso, depois da independência, passou a ser um feriado, o Dia Nacional da Juventude em Timor Leste. Nesse dia tinha havido uma missa por alma de Sebastião Gomes, um jovem membro da resistência timorense, e havido uma romagem à sua campa no cemitério. Os jovens motivados pela revolta por esse assassinato, manifestaram-se contra os militares da Indonésia com o objetivo de mostrarem o seu apoio à independência do país.
 
HISTÓRIA
 
Após a invasão de Timor Leste pela Indonésia em 1975, muitos timorenses se sentiam oprimidos e foram mortos por questões políticas. Desde então, a resistência timorense combateu o exército indonésio. Em outubro de 1991 uma delegação com membros do Parlamento Português e 12 jornalistas planeavam visitar o território de Timor Leste durante a visita do Representante Especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos e Tortura, Pieter Kooijmans. O governo Indonésio objetou à inclusão na delegação da jornalista australiana Jill Jolliffe, que apoiava e ajudava o movimento independentista Fretilin, e Portugal, consequentemente, cancelou a ida da delegação. O cancelamento desmoralizou os ativistas independentistas em Timor Leste, que esperavam usar a visita para melhorar a visibilidade internacional da sua causa. As tensões entre as autoridades indonésias e a juventude timorense aumentaram após o cancelamento da visita dos deputados de Portugal. Em 28 de outubro, as tropas indonésias localizaram um grupo de membros da resistência na Igreja de Motael, em Dili. O confronto deu-se entre os ativistas pró-integração e os activistas independentistas que estavam na Igreja; quando este acabou, um homem de cada lado estava morto. Sebastião Gomes, um apoiante da independência de Timor Leste, foi retirado da Igreja e abatido pela tropa indonésia e o integracionista Afonso Henriques foi atingido e morto durante a luta. A 12 de novembro, mais de duas mil pessoas marcharam desde a igreja onde se celebrou uma missa em memória de Sebastião Gomes1 até ao cemitério de Santa Cruz, onde está enterrado, para lhe prestar homenagem. O exército indonésio abriu fogo sobre a população, matando 74 pessoas no local e com 127 a morrer, dos ferimentos, nos dias seguintes.2 Até 2012, a localização de muitos corpos continua ainda a ser desconhecida.3 Alguns manifestantes foram presos e só foram libertados em 1999, por altura do referendo pela independência.4
 
Wikipédia


Hollande na Austrália em 2014 na primeira visita de um Presidente francês ao país

 


Sydney, Austrália, 12 nov (Lusa) -- François Hollande vai tornar-se, em 2014, no primeiro presidente francês a visitar a Austrália, com Paris a procurar reforçar laços com Camberra, anunciou hoje fonte oficial.
 
A visita oficial deverá proporcionar-se por ocasião da cimeira do G20, a ter lugar em Brisbane, a 15 e 16 de novembro do próximo ano, revelou o presidente do Senado francês, Jean-Pierre Bel, de visita à Austrália, em declarações citadas pela agência AFP.
 
François Hollande "virá porque a Austrália tem desempenhado um papel chave no cenário internacional", apontou Jean-Pierre Bel, que hoje esteve reunido com o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott.
 
"Nunca um Presidente da República veio à Austrália" em visita oficial, realçou. "Acredito realmente que está na altura de fortalecer as relações com este país, disse.
 
Camberra assume a presidência do G20 a 01 de dezembro.
 
Criado em 1999, o G20 integra os sete países mais industrializados do mundo (EUA, Reino Unido, Canadá, França, Itália, Japão, Alemanha), bem como as economias emergentes (Argentina, Austrália, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia) e a União Europeia.
 
O G20 representa 85% da economia mundial e cerca de dois terços da população.
 
Bel participou, na segunda-feira, da celebração do armistício de 11 de novembro em Camberra, em tributo aos 400 mil australianos -- 10% da população -- que combateram na I Guerra Mundial e aos 60 mil que morreram, 40 mil dos quais em França.
 
Austrália e França criaram uma comissão mista com vista a preparar o centenário da I Guerra Mundial, que se celebra no próximo ano.
 
DM (EJ) // DM - Lusa
 

Portugal quer dar mais formação em segurança alimentar na CPLP - Governo

 


Lisboa, 12 nov (Lusa) - Portugal quer reforçar a formação ao nível de segurança alimentar no espaço da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, afirmou à agência Lusa o secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito.
 
O político estará no Simpósio Alimentar e Nutricional e Desenvolvimento Sustentável, que começa na quarta-feira em Cabo Verde e que contará com ministros da Agricultura e Pescas de São Tomé e Príncipe e de Timor-Leste e com o secretário de Estado da Agricultura de Angola.
 
Nos trabalhos estará também presente o secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (PALOP), o embaixador Murade Murargy.
 
Nuno Vieira e Brito afirmou que aqueles países precisam de "valorizar os seus produtos" e "melhorar os sistemas de segurança alimentar", com uma estratégia política que os aproxime dos "mercados globais".
 
O secretário de Estado explicou que Portugal está já a dar apoio à formação em São Tomé e Príncipe na área de segurança alimentar e pescas e tem a intenção de avançar com formação em Timor-Leste.
 
O seminário, que termina no sábado, "visa sobretudo refletir sobre o problema da segurança alimentar e nutricional", sustentou, tendo em conta que em 2013 se assinala o Ano contra o Desperdício e 2014 será dedicado à agricultura familiar.
 
À margem do simpósio, o secretário de Estado português terá encontros bilaterais com a ministra do Desenvolvimento Rural de Cabo Verde, Eva Ortet, e com os ministros da Agricultura e Pescas de São Tomé e Príncipe, António Dias, e de Timor-Leste, Mariano Sabino Lopes.
 
Nuno Vieira e Brito visitará ainda o Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário de Cabo Verde, fundado nos anos 1950.
 
SS // ARA - Lusa
 

BRASIL REFORÇA COOPERAÇÃO UNIVERSITÁRIA COM OS PALOP E TIMOR-LESTE

 


Projeto brasileiro de Rede de Instituições Públicas de Educação Superior abre gabinete na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, para reforçar a cooperação no ensino e ciência no espaço lusófono.
 
Rede de Instituições Públicas de Educação Superior (RIPES), idealizada pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) passa a dispor de gabinete próprio no edifício sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa.

A inauguração do gabinete RIPES contou com a presença de Murade Murargy, Secretário Executivo da CPLP e de Nilma Gomes, Reitora da UNILAB.

Com o novo gabinete espera-se ver reforçada a cooperação no ensino e ciência no espaço lusófono.

Nilma Gomes, Reitora da UNILAB explicou, em declarações à TV Ciência, que «o foco central da Rede RIPES são os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor Leste, porque o nosso objetivo da cooperação internacional Sul- Sul é fortalecer as universidades desses países, muitas das quais estão em processo ainda de consolidação».

Nesse sentido, «o nosso objetivo é fortalecer ainda mais o que já faz parte dos propósitos da CPLP que é a cooperação entre os países parceiros e que fazem parte da CPLP no sentido de incrementar a mobilidade estudantil, de professores, de instituições públicas do Brasil e dos PALOP e Timor-Leste e temos como objetivo também melhorar a nossa capacidade de comunicação e realizar investigação conjunta», afirmou a Reitora da UNILAB.

Com um financiamento garantido para três anos, o projeto RIPES tem já alvo definido. «Estamos a pensar num primeiro momento no estado-de-arte da educação superior nos PALOP e Timor Leste e outras formas de pesquisa que vamos também realizar», explica Nilma Gomes.

Para além de na fase inicial prever a realização de um diagnóstico ao ensino superior nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e em Timor Leste, que prevê um levantamento sobre legislação, licenciaturas, cursos de pós-graduação, financiamento e mobilidade académica, a RIPES vai intervir com outras ações.

Nilma Gomes explicou que têm «como objetivo a realização de seminários, seminários internacionais, oficinas. O objetivo da RIPES é aprimorar e dar continuidade a um trabalho de cooperação académica que também já faz parte da CPLP e que é um dos objetivos da criação da nossa Universidade como integração internacional da lusofonia afro-brasileira».

A RIPES prevê dinamizar o veículo de comunicação entre as instituições públicas de ensino superior dos PALOP e Timor-Leste e, para isso, vai fazer uma forte aposta na promoção da mobilidade dos recursos humanos.

«A Rede prevê entre as universidades parceiras um trabalho de cooperação académica no sentido da realização de estudos e pesquisas e investigações, assim como criarmos um canal de comunicação, um portal de comunicação para que as universidades conheçam mais entre si e de si e possamos publicamente falar o que as universidades públicas dos países de língua e expressão de língua portuguesa têm produzido, que produção do conhecimento é essa, troca de saberes», explicou. Para além disso, afirmou a Reitora da UNILAB «temos como objetivo a mobilidade estudantil, de técnicos administrativos e de professores».

O gabinete da RIPES em Lisboa vai contar com um gestor de projetos e um especialista em comunicação para garantir uma ligação facilitadora e permanente com a CPLP.

«Vamos ser geridos dentro do Fundo da CPLP e a RIPES vai implementar, intensificar este trabalho que a CPLP já faz, no caso com a mobilidade académica, por isso vamos criar links e precisamos aqui de alguém que dialogue diretamente com a CPLP e com os países parceiros», pelo que «ter um escritório na CPLP em Lisboa, do ponto de vista operacional, vai-nos ajudar na gestão do projeto», afirmou Nilma Gomes.

Durante os próximos três anos, a RIPES prevê definir uma estratégia de financiamento junto dos governos, empresas, organismos internacionais e sociedade civil para garantir, a longo prazo, a sustentabilidade da Rede.

Jornalista: Lúcia Vinheiras Alves / Imagem e Edição: António Manuel – TV Ciência
 

CPLP DEBATE GOVERNO ELETRÓNICO

 


Os países da CPLP reúnem-se no final deste mês para debater o governo eletrónico e a importância da modernização administrativa no futuro desses países. O evento está agendado para dia 29 de novembro.
 
Este evento, que ocorre pela primeira vez este ano, é organizado pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa em parceria com a Agência para a Modernização Administrativa Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação.
 
Nesta edição de estreia o tema debatido será a governação inteligente para liderar o futuro.
 
Estabelecer pontes que possam potenciar a colaboração entre países e partilhar experiências, casos de estudo e boas práticas, é o principal objetivo deste encontro, dizem os promotores.
 
A conferência irá decorrer em Lisboa, na Torre do Tombo, e neste momento já decorrem inscrições. Representantes de Portugal, Cabo Verde, Timor-Leste, e Angola, entre outros, fazem parte da lista de oradores do evento.
 
Cátia Colaço – Bit
 

TIMOR-LESTE SEDIARÁ SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE COOPERATIVAS

 


Formas de comercialização entre cooperativas de oito países é o foco do encontro
 
A intercooperação é o sexto princípio da doutrina cooperativista. Com a finalidade de discutir a intercooperação entre as cooperativas dos países de língua portuguesa, acontece entre os dias 18 e 19 deste mês, o Seminário Internacional de Cooperativas de Países Lusófonos.
 
O encontro acontecerá em Dili, capital do Timor Leste e é uma realização da Organização das Cooperativas dos Povos de Língua Portuguesa (OCPLP), da qual o Sistema OCB faz parte. Márcio Lopes de Freitas preside as duas instituições.
 
De acordo com a organização do Seminário, lideranças cooperativistas de oito países-membros da OCPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste) estarão reunidas a fim de discutirem formas de comercialização de seus produtos e serviços.
 
Participação
 
Está prevista a participação do Primeiro Ministro do Timor Leste, Xanana Gusmão, que também receberá os delegados na sede oficial do governo.
 
O Seminário também contará com a participação de representantes das cooperativas dos países-membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
 
Tribuna Hoje
 

Representantes de Timor-Leste e São Tomé e Príncipe reúnem-se para discutir cooperação

 

Alfredo Pires, ministro do Petróleo e Recursos Naturais reuniu-se com os representantes do governo de São Tomé e Príncipe para discutirem questões como a capacidade dos dois países na área do petróleo, nomeadamente, nos processos que envolvem as indústrias extractivas do mineral.
 
Segundo o ministro Alfredo Pires, esta reunião serviu para os representantes governamentais fazerem um ponto da situação do acordo assinado em 2010, no qual Timor-Leste se compromete a cooperar com São Tomé e Príncipe na área da extracção de recursos naturais.
 
Fonte: Timor News Line
 

QUEM ASSASSINOU YASSER ARAFAT?

 


Muitas das publicações que abordam o tema da morte de Arafat põe particular cuidado e punhos de renda, até dúvidas, se o que aconteceu foi ou não o seu assassinato por via de envenenamento. Punhos de renda e dúvidas de certa mídia que se configuraria com enorme estupidez se não tomarmos em consideração o domínio israelita de muita mídia. O certo é que já se sabe atualmente que Arafat foi envenedo, foi assassinado. Por quem? Pois aqui a resposta só pode ser uma: Israel é o príncipal suspeito. Mas qual é a dúvida? (Redação PG)
 
A complicada morte de Yasser Arafat
 
O relatório da equipe de investigadores suíços apontou resquícios de polônio 210, numa quantidade 18 vezes superior à considerada normal.
 
Flávio Aguiar – Carta Maior
 
Berlim - Yasser Arafat, o líder palestino de 75 anos, vivia em seu refúgio, transformado num verdadeiro bunker em ruínas, em Ramallah, cercado por tropas israelenses. Em outubro de 2004, depois de uma refeição, ele sentiu-se mal, com vômitos, náuseas, dores e diarréia. O diagnóstico inicial foi de uma virose.
 
Entretanto seu estado piorou rapidamente. Em consequência disto, ele foi retirado de lá por um helicóptero e levado para um hospital militar francês, on de acabou falecendo. Não foi feita uma autópsia então – o que foi um erro.

Naquela época já especulou-se sobre a causa de sua morte. Teorias as mais díspares foram levantadas: AIDS, leucemia, simplesmente velhice e outras – entre elas a de envenenamento. Entre os suspeitos enfileiram-se os governos de Israel e grupos palestinos rivais.

Em 2012 três equipes – uma russa, uma francesa e uma suíça – retiraram espécimes do seu túmulo – restos de ossos, de tecido humano e amostras da terra sob o cadáver – e recolheram objetos do morto, como sua escova de dentes e roupa de baixo.

O primeiro relatório destas equipes – o da suíça – veio a público neste semana, publicado pela Al Jazeera, depois de compartilha-lo com o britânico The Guardian. Ele pode ser conferido neste endereço. São 108 páginas muito detalhadas, com assinatura dos membros da equipe, do Centro Universitário de Medicina Legal da Universidade de Lausanne. A conclusão objetiva do relatório é a de que foram encontrados nos restos mortais do líder palestino e na terra sob seu corpo resquícios de polônio 210, uma substância radioativa letal, numa quantidade 18 vezes maior do que a normal. O resultado não surpreendeu, uma vez que a mesma equipe já dissera ter encontrado resquícios elevados de polônio 210 nas roupas e outros objetos de Arafat.

A partir daí começam a entrar em cena os adjetivos e advérbios, para qualificar – ou desqualificar – a afirmação. Ainda não se tem o relatório russo. Tem-se apenas uma declaração de Vladimir Uibe, presidente da Federação Russa de Medicina Biológica, declarando peremptariamente que não haveria indícios de polônio nos restos de Arafat. Não se tem ainda o relatório dlos franceses – que, de todos, será o mais complicado, porque na França, a pedido da viúva de Arafat, existe uma investigação criminal sobre sua morte.

É óbvio que os olhares se voltam para o governo de Israel e seus agentes secretos, como os possíveis e até prováveis envenanadores do líder palestino.

Algumas das declarações de representantes do governo, citadas na mídia internacional, escolheram o caminho mais complicado ainda: desqualificar o relatório, a equipe e a investigação, apontando-a como parte de uma “novela de tevê” (“soap opera”, em inglês) ao invés de algo cientificamente sério. Aventaram até a possibilidade da euipe suíça ser “parcial”, e que a única de fato independente seria a francesa.

Uma defesa mais apurada do governo israelense veio de mebros do governo de Ariel Sharon, então o primeiro-ministro em Tel Aviv, argumentando que Israel não teria motivos para assassinar Arafat, na verdade, para esta visão, um ex-líder isolado entre os palestinos. Comentários reproduzindo declarações do autor de um livro sobre Arafat, Danny Rubinstein, contestam o argumento: para ele nas semanas que antecederam a sua morte havia seguidamente conversações no círculo próximo a Sharon sobre como “se livrar do líder pelestino”. Mas os autores do arugumento e o governo israelense continuam negando veementemente qualquer participação no episódio.

O próprio relatório afirma que existem suficientes indícios para sustentar “moderadamente” a tese de que Arafat possa ter sido envenenado por polônio 210. Ao final, nas conclusões, o relatório organizar uma tabela com os indícios e os argumentos pró e contra o envenamento. Os principais argumentos pró são os sintomas apresentados por Arafat depois da refeição que parece ter sido o ponto de partida da deterioração de seu estado, mais a presença dos resquícios da substância letal. O principal argumento contrário é o da ausência de dois sintomas característicos do envenenamento por radioatividade: queda de cabelo e deterioração da medula óssea. Entretanto o próprio relatório diz que tais sintomas são obrigatórios no caso de uma exposição externa material radiativo, mas que poderiam não ocorrer numa ingestão do veneno, que é de ação extremamente rápida e também de decomposição moderadamente rápida.

David Barclay, expert britânico de medicina forense, citado em artigo de Angelique Chrisafis (Guardian, 06/11/2013), alega que os indícios do relatório suíço são mais conclusivos do que exprimem seus próprios comentários, dizendo que os resquícios de polônio são como “um revólver fumegante”.

Algumas coisas são absolutamente certas, no caso de ter de fato havido o envenenamento:

1) É altamente improvável uma presença “natural” na residência de Arafat de tais quantidades de polônio 210. Ninguém mais apresentou aqueles sintomas. Portanto, se polônio houve, ele foi ingerido por Arafat, e só por ele.

2) Os israelenses ao redor de Ramallah mantinham um controle rigoroso sobre tudo o que entrava e saía da residência de Arafat: pessoas, objetos, comida, tudo. Portanto, se o polônio chegou lá, ele passou através deles.

3) Das duas uma: ou o polônio já veio de fora misturado em alguma comida dada a Arafat, ou contou com a cumplicidade de alguém dentro da residência. Ambas parecem possíveis.

Em editorial (08/11/2013) o Guardian expressa a preocupação em nome de que os assassinatos deixem de ser moeda comum e de troca entre as partes beligerantes na região.

Aguardam-se os relatórios russos e francês, sendo que este último poderá instruir a investigação criminal pedida também, no momento, pela Autoridade Palestina. Este enredo, que nada tem de “soap opera”, vai continuar.

Para a realização deste artigo consultaram-se as seguintes mídias: The Guardian, Der Spiegel, Al Jazeera, New York Times, Haaretz e Jerusalem Post, além de outras fontes citadas por estas.

Créditos da foto: Arquivo
 
*Título PG
 

Sem ocupação israelita economia palestina teria mais de US$3,4 bi por ano para investir

 


Banco Mundial diz que permissão para Palestina utilizar área da Cisjordânia poderia incrementar PIB em até 35%
 
Marina Mattar – Opera Mundi
 
A economia palestina deixa de ganhar cerca de 3,4 bilhões de dólares por ano - o equivalente a 35% de seu PIB - em decorrência da ocupação militar israelense. A conclusão é do relatório do Banco Mundial “Area C e o futuro da economia palestina” divulgado nesta terça-feira (08/10). O estudo é o primeiro a avaliar os impactos econômicos da ocupação israelense dos territórios palestinos, mais especificamente, da área C, que constitui 61% da Cisjordânia.

Apesar dos Acordos de Paz de Oslo (1993) estipularem a transferência da área C para as autoridades palestinas até 1998, Israel mantém o controle sob o território, não liberando nem para a produção e comércio nem para residência de palestinos. O relatório estima que a permissão da atividade econômica na área poderia resolver, em grande parte, a situação econômica palestina, marcada por altas taxas de desemprego entre os jovens (em torno dos 37%) e pouco desenvolvimento produtivo.

A falta de terra e a série de sanções impostas por Israel são as principais causas da estagnação econômica do país, que se financia, majoritariamente, por doações internacionais, que ainda assim, passam pelas mãos israelenses. Segundo o Banco Mudial, a economia palestina deveria crescer, anualmente, no mínimo 6% para absorver a entrada da mão de obra - o que pode ser solucionado com a incorporação da área C.

Desenvolvimento de agricultura, exploração de minerais do Mar Morto e de jazidas, construção, turismo e telecomunicação seriam os setores mais beneficiados pela transferencia da área C para os palestinos, de acordo com o relatório. Atualmente, a principal atuação dos palestinos acpntece nos setores de serviços, indústria e agricultura.

“Normalmente, a alta densidade das areas urbanas da Cisjordânia chama a maior parte da atenção”, afirma Mariam Sherman, diretora do Banco Mundial na região. “Mas, liberar o potencial dessa ‘área restrita’ e permitir os palestinos de colocar esses recursos em andamento proporcionaria novas áreas inteiras da atividade econômica e levaria a economia palestina no caminho para o crescimento sustentável”, acrescentou.

Para o Banco Mundial, a utilização da área C não apenas expandiria a economia da região, como também a arrecadação da Autoridade Palestina em 800 milhões de dólares por ano, cortando pela metade o déficit e, assim, a necessidade de doações externas.
 
“Sem a possibilidade de usar o potencial da área C, o espaço da economia palestina continuará fragmentado e estagnado. Levantar as múltiplas restrições pode transformar a economia e melhorar, substancialmente, as perspectivas de crescimento”, conclui Sherman.

Cada vez menos terras, cada vez menos produção
 
A política israelense, no entanto, tem se distanciado cada vez mais da trasferência de territórios para os palestinos, como era previsto pelos acordos de paz. Nos últimos três anos, o número de licitações lançadas pelo governo israelense para a construção de assentamentos nos territórios palestinos ocupados mais do que quadruplicou. O boom teve início no final de 2010, quando o compromisso assumido pelo premiê Benjamin Netanyahu com os Estados Unidos, de congelar por 10 meses o planejamento de novas colônias, terminou.

Em 2012, a aprovação dos planos de construção – que incluem projetos prévios à sua administração - cresceu 300% em comparação com os dois anos anteriores. Isso significa que o Ministério de Defesa aprovou planos para outras 6.767 casas nas colônias. As novas unidades habitacionais – muitas ainda em construção - não apenas aumentarão a área de antigos assentamentos como também formarão novas colônias na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

A construção do muro da “vergonha” que separa Israel da Cisjordânia também incorporou terras palestinas. De acordo com a organização Stop the Wall, o muro anexou cerca de 46% da Cisjordânia.

Com a expansão territorial israelense, milhares de palestinos da Cisjordânia perderam seu principal meio de sobrevivência: a agricultura. Campos foram destruídos ou anexados pelas novas colônias israelenses.
 
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O VERDADEIRO VENENO QUE MATOU YASSER ARAFAT

 

Carlos Latuff, Rio de Janeiro – Opera Mundi
 
O cartunista e ativista Carlos Latuff é colaborador de Opera Mundi. Seu trabalho, que já foi divulgado em diversos países, é conhecido por se dedicar a diversas causas políticas e sociais, tanto no Brasil quanto no exterior. Para encontrar outras charges do autor, clique aqui.
 
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HOLANDA: BARATOS E SEMPRE DISPONÍVEIS

 


Trouw, Amesterdão – Presseurop – imagem Falco
 
A exploração dos trabalhadores da Europa central e oriental não diz apenas respeito aos campos de tulipas: também é possível encontrar, nos serviços, checos e polacos mal pagos, alojados em condições precárias e que trabalham até 20 horas por dia com contratos duvidosos. Mas as agências de trabalho temporário que os empregam afirmam agir de boa-fé. Excertos.
 
 
Um miniautocarro branco da agência de trabalho temporário Werk & Ik está estacionado em frente a uma fila de garagens numa zona industrial de Osdorp [um bairro de Amesterdão]. Uma delas serve de habitação para a mão-de-obra temporária checa da Werk & Ik.
 
Uma mulher mostra os quartos: cinco divisões feitas de painéis de madeira, com camas em beliche. Uma lâmpada de néon ilumina a totalidade do local, incluindo o espaço onde as pessoas querem dormir. Não há janelas nem ventilação. “Segundo determinadas estimativas, cerca de 100 mil checos, polacos e outras pessoas oriundas da Europa central e oriental trabalham neste tipo de condições na Holanda.
 
Sem subsídio de férias
 
A Werk & Ik – cujo volume de negócios atinge os 12 milhões de euros – trabalha de bom grado com checos, sobretudo em Schiphol, onde limpam aviões e tratam das malas. Serão os trabalhadores temporários suficientemente bem pagos pelo seu trabalho? Não, segundo George, estudante e agente de limpeza. Henry Stroek, responsável do sindicato nacional CNV, salienta o facto de que George não recebeu nenhum subsídio de férias em 2012. Ou seja, 16,3% do salário nunca é pago. “É muito dinheiro, sobretudo quando a pessoa ganha o salário mínimo”, realça Stroek. Ivan Karels, diretor e proprietário da agência de trabalho temporário, admite que vários checos não chegaram a receber o subsídio de férias. “Foi algo que nos escapou. Agora prestamos mais atenção.”
 
A Werk & Ik promete, no seu site de recrutamento em checo Werkczeck.cz, um vencimento líquido de cinco euros à hora, independentemente da idade. Segundo Stroek, as folhas de remuneração de George indicam que, durante um ano, o salário bruto prometido foi pago, com as horas extras correspondentes ao trabalho em horário de serão e noturno, mas no ano seguinte não.
 
Sem folhas de remuneração
 
O conselheiro da agência de trabalho temporário, Rewiesh Jibodh, que traz os checos para a Holanda e trata da planificação do trabalho, tem uma explicação: “É óbvio que as horas não correspondem sempre. Quando alguém fica doente e a pessoa que o substitui não consta na lista, as horas de trabalho podem ser atribuídas ao trabalhador doente. Mas acabamos sempre por corrigir estes erros.”
 
Também há outro problema, os trabalhadores temporários não recebem as suas folhas de remuneração, apesar de ser uma obrigação legal. George só as recebeu recentemente, pouco antes de deixar a Holanda, quando ameaçou recorrer a um advogado. “Acabam por perdê-las ou deitá-las fora”, diz Jibodh. “Só gastamos dinheiro em papel. Não vejo qual é o interesse.” As folhas de remuneração deveriam estar disponíveis online, mas os trabalhadores temporários entrevistados não receberam nenhum nome de utilizador nem palavra passe. Uma vez mais, foi algo que lhes escapou, admite Karels.
 
Despesas de alojamento deduzidas
 
A Werk & Ik também deduz certos custos. Por exemplo, a agência retém quantias no salário por danos causados, mesmo quando as pessoas não têm culpa. Mas nada se compara ao que cobram pelo alojamento: 2,50 euros por hora de trabalho, especifica o contrato. Na época alta, no verão, os checos pagam entre 120 e 150 euros por semana por uma cama num beliche numa garagem, que segundo o município de Amesterdão não é próprio para habitação. Na segunda-feira passada, foram enviados inspetores para o local que acabaram por evacuar as pessoas. “Muito perigoso”, adiantava o relatório, que utilizou o termo “exploração”.
 
“Cumprimos as normas em vigor em termos de alojamento. Nas garagens, não é o caso, não vou negar o contrário. Mas foram os jovens que pediram para morar lá. Tenho alojamentos suficientes para todos, mas continuam inabitados”, diz Ivan Karels.
 
“Um empregador não pode cobrar mais de 68 euros por semana por um alojamento, quando a pessoa em questão ganha o salário mínimo. O que a Werk & Ik faz equivale a roubar”, diz num tom revoltado Stroek, do CNV.
 
“Ao realizar estas deduções, ficámos de facto em falta”, responde Karels. “Mas não tínhamos más intenções. Sou um simples empreendedor que trabalha arduamente e procura crescer rapidamente. Há sempre inconvenientes ligados ao crescimento. Vamos resolver os problemas de toda a gente.” Este afirma, no entanto, que os montantes também cobrem outros custos: a energia, a água, a Internet e a carrinha que os leva e traz do trabalho.
 
Um dia de folga por mês
 
Também se verificam deslizes no que diz respeito às horas de trabalho legais. Analisemos, por exemplo, o horário de trabalho de Pavel, o condutor da carrinha, que durante mais de um ano transportou outros checos para o seu local de trabalho. O seu dia de trabalho durava facilmente vinte horas. Quanto a George, o agente de limpeza, descobriu-se com base nos seus mapas de serviço que, durante o mês de agosto, só teve um dia de folga.
 
Depois de um dia de trabalho, um agente de limpeza tem direito a dez horas de descanso sem interrupção, e após uma semana, a 36 horas, segundo a lei.
 
Um ano de serviço noturno
 
Também é algo que Karels admite: “Em certos casos, não prestamos suficientemente atenção”. Jibodh, o diretor da agência, explica que a sua empresa só pensava em responder aos pedidos dos trabalhadores. “Os checos suplicam para trabalhar mais”, diz ele. “Pergunto-lhes sempre se querem efetuar um serviço adicional.” No entanto, quando um colega de George pediu, depois de passar um ano a efetuar serviços diurnos e noturnos, se podia ter outros horários, responderam-lhe: “Queres regressar ao teu país? É só pedir”.
 
Por incrível que pareça, a Werk & Ik, que tem como clientes regulares grandes empresas, como a KLM, é detentora de um certificado da Stichting Normering Arbeid (Fundação para a normalização do trabalho). Esta última garante o cumprimento dos salários mínimos legais. Em maio de 2013, a agência de trabalho temporário chegou mesmo a obter a renovação do seu certificado.
 
Leia mais em Presseurop
 

A AMBIGUIDADE FEITA CULTURA POLÍTICA

 

Martinho Júnior, Luanda
 
1 – Os relacionamentos entre Portugal e Angola estão repletos de exemplos daqueles que, sendo dirigentes em Portugal, foram evidenciando ao longo dos tempos posições ambíguas senão mesmo retrógradas, contribuindo para ferir ou manchar os relacionamentos bilaterais depois da independência de Angola.
 
Algumas vezes essas posições ambíguas foram levadas avante a coberto de outros interesses; noutros casos elas dão sinais do carácter de quem as produz, das linhas com que se conduzem e sempre dos interesses que representam.
 
A ambiguidade, é preciso que se diga, tem surgido por parte de alguns daqueles que professam a social-democracia (no quadro do PS, ou do PSD), mas também mais “à direita”, no CDS (basta constatar os “Jogos Africanos” de Jaime Nogueira Pinto).
 
Esses exemplos contrastam com a coerência histórica do Partido Comunista Português no seu relacionamento com o MPLA e por tabela com Angola.
 
Privilegiando o trabalho e os trabalhadores, o PCP contribui para consolidar bem no eixo as políticas de respeito mútuo e amizade entre os dois povos, completando a coerência antropológica.
 
É evidente que a ambiguidade está ao serviço também da NATO e, quando os dirigentes portugueses procuram ampliar as relações militares já existentes, parece que só alguns dos militares angolanos têm dificuldade em perceber isso: parece que não bastou o emprego massivo de material da NATO por parte de Portugal fascista e colonial, enquanto duraram as campanhas contra a luta pelas independências das ex-colónias portuguesas!
 
2 – As ambiguidades não se ficaram por aí e foram marcando seu percurso em muitos processos de relacionamento.
 
Durante o período decisivo da descolonização por exemplo, Mário Soares assumiu uma das primeiras ambiguidades: sem se importar que a orientação de Henry Kissinger levasse as operações militares da CIA para dentro de Angola nas disputas pela independência (“Operação Iafeature”, segundo seu comandante John Stockwell), ao fazer tábua rasa disso insistiu nos Acordos de Alvor, enquadrando por seu turno a orientação de Frank C. Carlucci e dos interesses que ele representava…
 
Isso influenciou a sua conduta durante a luta contra o “apartheid” e só houve alguma aproximação quando, com a volatilização do bloco socialista, se desencadearam na África Austral os processos elitistas característicos da globalização neo liberal!
 
Pelo meio ficou o apego a Savimbi e, dizem alguns, aos seus “diamantes de sangue”…
 
3 – Este 11 de Novembro, data em que se comemora o 38º aniversário da independência de Angola, os actos centrais vão ser assinalados em Benguela e por isso é justo recordar alguns factos do passado que se reportam já à história de Angola independente e de alguns episódios referentes aos seus relacionamentos externos envolvendo a África do Sul e Portugal.
 
Em Agosto de 1982 era Adido Militar da Embaixada do regime racista da África do Sul em Lisboa o oficial da Marinha de Guerra Sul-Africana, Jacobus Everhardus Louw.
 
Nessa altura e tendo essa personagem como figura de referência, os jornais portugueses deram a conhecer o desencadear da “Operação Cubango” por parte dos serviços de inteligência BOSS-NIS em Lisboa, operação essa que em primeira análise procurava semear a confusão em direcção a diversos organismos do estado angolano, através de processos deliberadamente forjados e publicamente manipulados.
 
Alguns dados da “Operação Cubango” tiveram de ser identificados pela inteligência angolana, tendo desempenhado um papel relevante em relação a isso, em Lisboa, o oficial angolano Caetano Francisco, já falecido, por que não houve outra forma de o fazer.
 
Por essa altura e sob essa “cortina de fumo”, Jacobus Everhardus Louw, tirando partido dos relacionamentos históricos entre o fascismo-colonialismo português e o regime de “apartheid” na África do Sul, procurou ainda recrutar cidadãos portugueses a fim de trabalharem em proveito da BOSS-NIS (serviços de inteligência do regime do “apartheid”) em Angola, em busca de informação de interesse de vária ordem, a começar pelo interesse militar.
 
Entre esses cidadãos acabariam por ser detectados em Angola, por parte dos serviços de inteligência angolanos, Amílcar Fernandes Freire, cidadão português na altura contabilista da África Têxtil (em Benguela), Francisco Alberto Albarran Barata, cidadão português, Despachante Oficial no porto do Lobito e o angolano Agatão Dongala Kamati, do Lubango.
 
O velho Amílcar chegou a treinar técnicas de comunicação e cripto em instalações da BOSS-NIS próximo de Pretória, aproveitando a cobertura duma das suas viagens a Portugal e o Albarran Barata acabou por ser recrutado “por terceira bandeira”, pois julgava que estava a prestar informações aos Estados Unidos.
 
A rede, entre as várias missões que recebeu, levou a cabo recolha de informação sobre o trânsito de cabotagem naval, incidindo sua atenção sobre os navios que transportavam material de guerra ao longo da costa angolana, entre eles o “Habana” que estava activo na logística militar comum Angola-Cuba.
 
A inteligência sul-africana e o 4º Recce sedeado em Saldanha Bay, seguiu a deslocação do “Habana” até Luanda e, na impossibilidade de o atacarem por via de homens-rãs, colocaram cargas explosivas no “Lundoge” (navio mercante angolano) e no “Arendsee” (navio mercante que navegava com pavilhão da República Democrática Alemã).
 
A rápida intervenção das autoridades portuárias de Luanda tendo o então director do porto à cabeça das operações, conseguiram amarrar o “Lundoge” a um dos molhes do porto, de modo a que não afundasse por completo e encalharam o “Arendsee” num areal da ilha de Luanda.
 
Entre os oficiais que deram o seu contributo para salvar os navios esteve o já falecido Pitagrós.
 
Entre os oficiais que participaram no processo contra a rede da BOSS/NIS instalada nas Províncias de Benguela e da Huila esteve José Vale, também já falecido, um dos oficiais que mais havia contribuído para desvendar as acções dos serviços de inteligência do “apartheid” para dentro do território angolano.
 
4 – Os três elementos da rede ao serviço da BOSS/NIS foram condenados pelo Tribunal Popular Revolucionário de Angola à pena de morte, mas a sentença foi comutada pelo Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos em Agosto de 1986, pois sob sua direcção, na altura já se faziam esforços no país para a abolição da pena de morte.
 
Jacobus Everhardus Louw esteve a cumprir a sua missão de Adido da Embaixada Sul-Africana em Lisboa de 1980 a 1983, o ano em que Mário Soares iniciou suas obrigações de Primeiro-Ministro, no âmbito do IXº Governo Constitucional, sucedendo ao Primeiro Ministro Francisco Pinto Balsemão (VIIº e VIIIº governos constitucionais), que por sua vez, por morte de Francisco Sá Carneiro, foi sucessor do Primeiro Ministro Interino Diogo Freitas do Amaral (VIº governo constitucional)… quer dizer, enquanto Adido Militar na Embaixada da África do Sul em Lisboa, esteve sempre à vontade!...
 
5 – Mas se com Diogo Freitas do Amaral, Francisco Pinto Balsemão e Mário Soares foi assim no que toca a Jacobus Everhardus Louw em relação a Angola, com Cavaco Silva não seria melhor e, de acordo com notícia de “O Século” de Joanesburgo:
 
A 31 de Março de 2010 “na Embaixada de Portugal, em Pretória, foi o Contra-almirante Jacobus Everhardus Louw, da Armada Sul-Africana, actualmente a comandar a base naval de Simonstown, agraciado com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, condecoração que lhe foi entregue pelo embaixador dr. João Ramos Pinto.
 
Segundo ali soubémos, esta condecoração tem a ver com os serviços que o Contra-almirante Louw tem prestado ao Estado Português, nomeadamente na organização da visita à África do Sul da fragata Álvares Cabral, que aqui veio integrado nas Forças da Nato em 2007, da visita do navio-escola Sagres a Cape Town, Port Elizabeth e Simonstown em 2008, e mais recentemente na ajuda que nos concedeu na preparação da visita do Chefe da Armada, Melo Gomes, em 2009, para além de ter sido desde 1980 a 1983 adido militar da África do Sul em Portugal”…
 
Para quem tinha tão abonatória folha na PIDE/DGS, nada custou condecorar um servidor do regime do “apartheid” que, por obra e graça da nova onda de políticas elitistas introduzidas na África do Sul pelo tandem Nelson Mandela / Thabo M’Beki, continuou no activo até à idade da reforma, sem que alguma vez alguém se lembrasse de ressarcir Angola dos danos causados pela inteligência do regime do “apartheid” e seu cortejo de acções com recurso aos comandos do 4º Recce!...
 
6 – Parece evidente que para dirigentes como aqueles que têm assumido o poder ao longo dos últimos governos constitucionais portugueses, quer em função da NATO, quer em função de outros interesses, é muito difícil abandonar políticas de relacionamento para com Angola que recorram a e se sustentam de fórmulas ambíguas capazes de múltiplas interpretações.
 
Sem dúvida que, mesmo que se procurem estratégias comuns entre Portugal e Angola que conduzam a um patamar de parceria de nível elevado, tudo o que é assumido em nome dos governos constitucionais portugueses em relação a Angola é, no mínimo, imprevisível e a velha mentalidade colonial, sobranceira quando não arrogante, estará ainda por várias gerações à espreita de sua oportunidade, quantas vezes sem ser efectivamente em nome dos interesses de Portugal, muito menos do povo português!

Foto: Entrega da Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique ao Contra-almirante Jacobus Eevrhardus Louw, por parte do embaixador de Portugal na África do Sul, dr João Ramos Pinto (31 de Março de 2010) – Portugal condecorou o Contra-almirante sul-africano Jacobus Everhardus Louw – http://www.oseculoonline.com/index.php?option=com_content&task=view&id=1682
 
A consultar:
. Mário Soares, Angola e o tráfico de diamantes – http://aventar.eu/2009/07/23/mario-soares-angola-e-o-trafico-de-diamantes/
. Contos proibidos de Rui Mateus – http://ferrao.org/documentos/Livro_Contos_Proibidos.pdf
. CIA operation IA feature – http://www.youtube.com/watch?v=F2l1qpUwkqM
. The Frank C. Carlucci page – http://www.smokershistory.com/Carlucci.htm
. Cavaco admite ter preenchido ficha da PIDE mas não se lembra – http://www.tsf.pt/paginainicial/Portugal/interior.aspx?content_id=1734665
. Amílcar Fernandes Freire consta no Roteiro de Benguela – http://www.cpires.com/docs/roteiro_benguela_1.pdf
A consultar ainda:
. Rapidinhas do Martinho – 14 – Lições para não esquecer – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/05/rapidinhas-do-martinho-14.html
. Rapidinhas do Martinho – 53 – Reinventando Maquiavel: Os piores fins justificam os melhores meios – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/rapidinhas-do-martinho-53.html
. Rapidinhas do Martinho – 65 – Um golpe de estado já com várias legislaturas de longevidade – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/11/rapidinhas-do-martinho-65.html
 

Portugal: A ÚLTIMA OPORTUNIDADE

 


Mário Soares – Diário de Notícias, opinião
 
1. O Governo continua paralisado. Não se entendem o primeiro-ministro e o vice, como é visível para quem tenha um mínimo de atenção. Mas têm consciência de que se um deles se demitisse, ou mesmo um simples ministro, fosse do PSD ou do CDS, o Governo cairia como um castelo de cartas...
 
Têm um objetivo comum: destruir o Estado social, o que tem vindo a ser feito pouco a pouco mas sistematicamente: não respeitar a Constituição da República, apesar de terem jurado cumpri-la, e o Presidente da República fazê-la cumprir como jurou também. O que infelizmente parece não ter até agora acontecido. O que é muitíssimo grave.
 
O País está num impasse, sem saída. Não há qualquer estratégia. Tudo está parado e a incerteza quanto ao futuro é enorme.
 
É óbvio que a crise não é apenas portuguesa. É europeia, em especial da Zona Euro. Mas o Reino Unido também tem graves problemas por resolver e é, ao que parece, cada vez mais antieuropeu.
 
A chanceler Merkel tem gravíssimas responsabilidades no que tem vindo a acontecer. Tem sido a campeã da austeridade para os outros. E agora, depois de ter perdido as eleições - visto que o partido, seu aliado, não conseguiu eleger ninguém para o Parlamento -, está forçada a fazer um acordo com os Sociais Democratas (que tem demorado) para voltar ao poder. E os Verdes recusaram-se logo.
 
Mas a Alemanha começa a ter também os seus problemas económicos internos, o que tem vindo a paralisar e a agravar a crise europeia. A Comissão Europeia, essa, não tem nenhuma visão para vencer a crise. O seu presidente, Durão Barroso, está completamente desprestigiado - como a imprensa francesa e alemã demonstram - e tem, ultimamente (porque está a acabar o seu mandato) procurado intervir no nosso Tribunal Constitucional, sem poder nem o dever fazer.
 
Portugal está, cada vez mais, subordinado à troika, que é quem manda. Mas com que autoridade? Ninguém sabe. O atual Governo, com a sua subserviência e incompetência, obedece ao seu patrão - a troika - e por detrás dela aos mercados usurários, que a comandam, sem discussão.
 
No entanto, como é sabido, o atual Governo mantém-se pela simples razão que é protegido pelo Presidente da República, que ignora o povo e os partidos da oposição, os sindicatos e todas as outras entidades: juízes, militares, académicos, universitários, empresários, etc. Isto é: a grande maioria deste País empobrecido e desesperada, que odeia o Governo Passos Coelho e Portas, como as sondagens demonstram.
 
Esta proteção suspeita do Presidente da República ao Governo, que está há meses paralisado - e submisso à troika -, tem vindo a destruir o prestígio do Chefe do Estado e a torna-lo cúmplice - e responsável - do "descalabro do País" (na expressão de Manuela Ferreira Leite), que tem vindo a agravar-se dia a dia.
 
Na verdade, o Presidente da República está como os membros do Governo, não pode sair à rua, nem sequer passear, com medo de ser vaiado. Que tristeza! Para fugir às dificuldades, tem andado a viajar e quase não fala. Mas está a aproximar--se o momento em que, quer queira quer não, tem de falar e assumir as suas responsabilidades, dada a Constituição que jurou.
 
No passado sábado, o jornal i trouxe uma excelente entrevista - que vale a pena ser lida e relida - de um amigo do Presidente, José da Silva Peneda, presidente do Conselho Económico e Social, que sabe do que fala e o que diz. Aliás, voltou a escrever no Público no domingo. Tem um plano "para a reforma do Estado e o futuro do País". Um modelo para a reforma do Estado que não tem nada que ver com o vazio do guião do Portas, e o futuro do País. Ou seja, um modelo de rutura. É a austeridade que não pode deixar de ser substituída.
 
Segundo diz, as forças sociais já estão de acordo. Mas faltam as pontes entre as forças políticas, o que o preocupa. Pudera! Não é viável fazer um acordo político enquanto este Governo estiver no poder. E acrescenta, cito: "É preciso inventar novas regras, começando pelo modelo económico, que está esgotado. É preciso fazer uma rutura." O que significa: mudar de Governo e acabar com a malfadada austeridade, que só beneficia os mercados usurários e tem vindo a empobrecer e a desgraçar o povo português e a própria classe média.
 
Se assim continuarmos - cito-o de novo - "estamos a aproximar-nos de um País com características do Terceiro Mundo. Muito desequilibrado". É absolutamente certo. Se não formos para uma ditadura.
 
Espero que o Presidente Cavaco Silva leia a entrevista do seu amigo verdadeiro, Silva Peneda, que lhe está a estender a mão para não acabar mal. Porque se isso não acontecer, só se vai esperar, infelizmente, violência. Não haverá outro caminho para a defesa do povo português e de Portugal.
 
Se o Presidente Cavaco Silva continuar a só ver Passos Coelho, Paulo Portas e os seus assessores, ignorando o País real, mais cedo ou mais tarde irromperá subitamente a violência neste país. É inevitável! E o Presidente provavelmente não acabará o seu mandato. Quem o avisa, seu amigo é...
 
Perceba pois a importância da mão que o seu amigo Silva Peneda lhe estendeu. E siga o que ele lhe propõe. A troika e a austeridade estão esgotadas. O Governo moribundo. Não se deixe ficar na mesma posição... Nesse caso, não acabará o seu mandato. E se chegar a sair de cena, será muito mal.
 
2. O IRÃO ESTÁ A MUDAR
 
A eleição do Presidente do Irão, Hassan Rohani, está a modificar profundamente a política interna e externa do Irão, com o beneplácito do líder supremo, ayatollah Khamenei. Para muito melhor, obviamente, e sem os fanatismos anteriores.
 
O Presidente Barack Obama percebeu isso, com a sua habitual argúcia e com o auxílio do seu excelente secretário de Estado, John Kerry. Deste modo, estão a decorrer conversações e mais negociações em Genebra para um bom entendimento entre os dois Estados. Que vai ter consequências benéficas para a paz, numa região até agora tão complexa e onde os terroristas da Al-Qaeda proliferam e as guerras abundam.
 
Não é compreensível assim que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tenha há dias aparecido nas televisões a tentar impedir que essas negociações progridam, invocando a existência de bombas atómicas no Irão (o que não parece ser certo), quando Israel as tem em abundância, como se sabe.
 
Israel precisa de paz e a região também. A Palestina igualmente, como quase todos os países do Norte de África, onde a guerra - com exceção da Tunísia - e as bombas dos terroristas proliferam, o que é uma intolerável desgraça...
 
Os Estados Unidos, que continuam a ser a grande potência mundial, têm felizmente à sua frente um grande Presidente, Barack Obama, de que muitos não gostam - sobretudo os republicanos racistas e retrógrados -, mas que ficará na história como um grande pacifista, como as negociações com o Irão demonstram. Israel devia estar a seguir esse passo, que contribuirá para a paz no mundo árabe - como seguramente os judeus progressistas estarão. Mas não o primeiro-ministro de Israel. Que quer a guerra, feita pelos outros e com o dinheiro do lobby judaico americano...
 
A verdade é que o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, tem contribuído para as negociações de paz entre os Estados Unidos e o Irão. É significativo. Parti- cipou nas negociações em Genebra e disse que o acordo de paz entre os Estados Unidos e o Irão representa um compromisso histórico. Mas não é só a Rússia - ao contrário da Arábia Saudita - que participa nas negociações. Também a França, o Reino Unido e a própria Alemanha. Trata-se de um compromisso entre o Irão e os Estados Unidos que interessa a todos e vai acalmar, seguramente, uma boa parte do universo árabe.
 
Barack Obama, muito prudente, talvez para acalmar os seus aliados islâmicos, aceita o acordo, mas como um primeiro passo.
 
O chefe da delegação iraniana, Mohammad Javad Zarif, aceitou suspender o programa de enriquecimento de urânio, afirmando que o Irão não tem bomba atómica. Obama diz-se surpreendido por a República Islâmica ter aceitado suspender o seu programa de enriquecimento de urânio. Mas foi o que aconteceu.
 
Há efetivamente condições reais para que se interrompa os dez anos de luta entre os Estados Unidos e a República Islâmica do Irão, com o objetivo de criar um novo entendimento entre os dois Estados.
 
Interessa a todos os pacifistas e trata-se de um primeiro passo, extremamente importante, para que haja paz no universo islâmico e outros Estados, como o Iraque, que sofreu na carne uma guerra injusta (a que, pessoalmente, sempre me opus e que Durão Barroso irresponsavelmente carimbou com Bush, nos Açores) possam respirar de outra maneira...
 
Hassan Rohani e Barack Obama estão de parabéns. A paz é sempre possível e as guerras, se houver bom senso, devem ser sempre evitadas.
 
Como europeu e pacifista, penso ser bom que a Europa em crise ponha os olhos neste bom exemplo e exclua a guerra, que já tivemos duas ou três vezes, com milhões de mortes inúteis...
 
3. MOÇAMBIQUE PREOCUPA-ME
 
Sempre gostei de Moçambique. É um país com grandes possibilidades que agora descobriu gás e, seguramente, também petróleo. Tornou-se uma grande atração não só para portugueses - que sempre teve, dada a nossa língua comum - mas também para outros, europeus e americanos.
 
No tempo de Salazar, quando lançaram napalm contra populações inocentes de Moçambique, com um inglês, padre Hastings, se bem recordo, fizemos em Londres uma sessão de revolta comum, que teve algum êxito e suscitou nos fascistas peninsulares um grande desagrado. Falei então com vários moçambicanos no exílio, como eu, e pusemo-nos rapidamente de acordo contra o colonialismo português, quando a ONU falava no direito dos povos à autodeterminação. Começámos a denunciar Salazar, que se recusou a estabelecer um acordo com Nehru e por isso se lançou numa guerra impossível. Que perdeu, obviamente.
 
Depois do 25 de Abril, no meu regresso a Lisboa, trazia a ideia de acabar com as guerras coloniais o mais depressa possível. E, portanto, descolonizar - antes de democratizar e desenvolver - para acabar de imediato com as guerras, sem saída, de Salazar e Caetano. Assim procurei fazer e orgulho-me disso.
 
No exílio, conheci vários dirigentes da Frelimo, entre os quais o depois presidente Chissano, de quem me tornei amigo. E, depois do 25 de Abril, deu-se o chamado abraço de Lusaca, com Samora Machel, que nos tornou também, e para sempre, amigos.
 
Depois da independência, a que assisti, surgiu o caso Dhlakama, que a Comunidade de Santo Egídio conseguiu, com o acordo de Chissano, então presidente, fazer a paz, que durou até hoje. Mas recomeçou. E isso não se deve ao atual Presidente Armando Guebuza, que conheço bem e estimo pela sua inteligência e bom senso.
 
Sem a descolonização, que alguns portugueses ainda não percebem, não haveria CPLP nem o milagre da lusofonia, tão decisivamente importante para Portugal. Um dia escreverei como mobilizar a CPLP, uma estrutura única que importa dinamizar com total solidariedade entre os Estados que a formam.
 
Voltando a Moçambique, a Comunidade de Santo Egídio, segundo li em jornais estrangeiros, vai - se é que não está já lá - regressar a Moçambique. Oxalá restabeleça de novo a paz, que é bem devida e necessária a todos os moçambicanos, sobretudo num momento em que Moçambique está a descobrir tantas riquezas. E começa a ter não só portugueses mas europeus, indianos e americanos tão interessados em colaborar com os moçambicanos, um povo múltiplo, com diferentes etnias, com numerosos escritores, alguns de génio, como Mia Couto, recentemente premiado, e artistas diversos, como o saudoso Malangatana. A Fundação Mário Soares tem neste momento uma excelente exposição do escultor Makonde -Ntaluma, aberta ao público até ao fim do ano.
 
Moçambique é um Estado admirável e tem de poder viver em paz e sem criminalidade. Que também tem havido. Espero que o Presidente Guebuza - com o apoio da Comunidade de Santo Egídio e, se for útil, da CPLP - possa restabelecer rapidamente a paz e acabe com a criminalidade.
 
São os votos de um amigo que gosta muito de Moçambique.
 
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