domingo, 7 de outubro de 2012

Portugal: E SE MATÁSSEMOS O MONSTRO?

 


Henrique Monteiro – Expresso, opinião, em Blogues
 
Em Itália, depois de uma profunda auditoria feita ao Estado, descobriram-se preciosidades como a existência de um gabinete destinado a pagar pensões aos sobreviventes da guerra da unificação, que terminou há quase 150 anos. O departamento tinha um diretor, um motorista e mais um par de pessoas que, literalmente, viviam num dolce far niente.
 
Sinceramente, não sei se a história é totalmente verdade, ou se trata de um mito. De qualquer modo, tenho a certeza de que uma auditoria séria feita aos departamentos estatais de Itália, da Espanha e, claro, de Portugal, encontraria muitos anacronismos, inúmeras duplicações e, muito provavelmente, gabinetes destinados a causas que já nem existem.
 
Hoje, que está reunido o conselho de ministros para discutir o OE para 2013, era interessante que se colocasse em cima da mesa uma hipótese séria: a de revisitar o monstro que é o nosso Estado, com olhos de ver. Vendo onde há excessos e onde há faltas - que também as há e muitas. Em vez de, como é costume, adicionar ou diminuir verbas em percentagens relacionadas com os orçamentos anteriores, o que na verdade dá de barato, e por inércia, a necessidade de todos (ou quase) os serviços.
 
Há mais de 30 anos João Salgueiro referia que seria necessário um Orçamento feito na base zero para compreender exatamente o que era necessário e o que era supérfluo no Estado português. Jamais foi feito. Mas hoje, que pedem aos portugueses que paguem uma enormidade para o seu funcionamento, temos de exigir saber o que estamos, realmente, a pagar. Não se trata de discutir no ar se queremos mais ou menos Estado. Trata-se de, para começar, saber que Estado temos e a que funções se dedica.
 
Talvez, assim, começássemos a matar o monstro.
 
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Portugal: CONSELHO DE MINISTROS EXTRAORDINÁRIO TERMINOU ÀS 22:20

 

MP (ACC/SMA/NS) – JMR - Lusa
 
Lisboa, 07 out (Lusa) – O Conselho de Ministros extraordinário de hoje, para preparar o Orçamento do Estado para 2013, terminou às 22:20, quase 13 horas depois de ter começado, disse à Lusa fonte governamental.
 
Os ministros estiveram reunidos desde as 09:30, com pausa para almoço, quando falta uma semana para o fim do prazo para a entrega do próximo orçamento no parlamento, não tendo havido conferência de imprensa ou qualquer comunicado sobre os trabalhos no final.
 
O conselho de ministros extraordinário de hoje ocorreu ainda na véspera de uma reunião do Eurogrupo, no Luxemburgo, durante a qual os ministros das Finanças dos países da moeda única deverão aprovar formalmente o desembolso da próxima tranche da ajuda a Portugal, assim como a extensão, por um ano, do prazo para correção do défice.
 
A decisão formal do Eurogrupo surge na sequência da quinta revisão do programa de assistência a Portugal, que ficou marcada pela polémica em torno das alterações à Taxa Social Única (TSU) propostas pelo Governo durante as conversações com a ‘troika’, mas que acabariam por “cair”, sendo substituídas por um aumento de impostos.
 
No dia 26 de setembro o Conselho de Ministros já teve uma primeira reunião extraordinária com o objetivo de debater a proposta orçamental, no final da qual também não houve nem conferência de imprensa nem comunicado.
 
A proposta de Orçamento do Estado deverá ser entregue na Assembleia da República até dia 15 de outubro.
 
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Hugo Chávez diz que alta participação nas presidenciais é uma lição do povo

 

FPG – JMR - Lusa
 
Caracas, 07 out (Lusa) - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comentou a elevada afluência às urnas que está a registar-se nas eleições presidenciais de hoje na Venezuela, considerando que "é uma lição do povo" venezuelano e que os políticos estarão à altura dessa lição.
 
"É um dia de júbilo, um bom dia, um dia de democracia, um dia de pátria. O povo venezuelano está a dar-nos uma lição. Estou seguro de que os líderes de todos os setores políticos estarão à altura da lição", disse Chávez, que concorre à reeleição.
 
O presidente da Venezuela falava aos jornalistas, no populoso bairro de 23 de Janeiro (centro de Caracas), onde poucos minutos antes exerceu o direito ao voto e afirmou também que as assembleias de voto permanecerão abertas enquanto houver eleitores à espera para votar.
 
Hugo Chávez frisou ainda que "se em algum lugar do mundo a democracia renasceu com muita força e tem vindo a avançar é na América Latina e Caraíbas, uma zona democrática, que obriga a consolidá-la como uma zona de paz".
 
Chávez apelou para que os venezuelanos esperem "com normalidade democrática, com maturidade democrática que o Conselho Nacional Eleitoral processe os resultados".
 
Questionado sobre se estaria na disposição de telefonar ao seu opositor Henrique Capriles Radonski, Hugo Chávez afirmou que "sim e porque não, a qualquer venezuelano".
 
Chávez reiterou que o seu governo "reconhecerá os resultados sejam eles quais forem".
 
"Há que lembrar que de todas as eleições perdemos uma, o referendo para a reforma (constitucional de 2008), e perdemos por menos de um ponto e eu fui o primeiro a dizer reconheço a nossa derrota, continuemos em frente. Ainda que seja um voto ou três milhões de votos de diferença, os autores políticos responsáveis temos que reconhecer os resultados, sobretudo com um sistema eleitoral absolutamente transparente, dos melhores que há neste mundo", disse.
 

CONSENSO DE BRASÍLIA, MODELO PARA ARMAR NA AMÉRICA LATINA

 


Depois do neoliberalismo extremo do Consenso de Washington, que gerou mais de uma década social perdida, a América Latina experimenta exitosamente uma receita própria: o Consenso de Brasília, que conjuga economia de mercado e inclusão social. "O modelo brasileiro teve um impacto muito positivo como exemplo de que as coisas podem ser feitas de outra maneira: promovendo o crescimento sem renunciar à equidade social", diz José Rivera, secretário permanente do Sistema Econômico Latinoamericano (SELA).
 
Estrella Gutiérrez – IPS – Carta Maior
 
Caracas (IPS) - Depois do neoliberalismo extremo do Consenso de Washington, que gerou mais de uma década social perdida, a América Latina experimenta exitosamente uma receita própria: o Consenso de Brasília, que conjuga economia de mercado e inclusão social.

Batizado por Michael Shifter, presidente do independente Diálogo Interamericano, como Consenso de Brasília, por contrapor-se ao Consenso de Washington, é conhecido também como "lulismo", em alusão ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou modelo brasileiro, e acrescenta seguidores latino-americanos entre governos de esquerda e de direita.

O secretário permanente do Sistema Econômico Latinoamericano(SELA), o mexicano José Rivera, disse a IPS: "O modelo brasileiro teve um impacto muito positivo como exemplo de que as coisas podem ser feitas de outra maneira: promovendo o crescimento sem renunciar à equidade social".

A América Latina e o Caribe, disse, "devem ter como aspiração regional estar integradas, vinculadas e unidas no objetivo comum de que se reduzam as assimetrias e se possa avançar nas grandes dívidas sociais pendentes".

Rivera considerou que para percorrer esse caminho "são positivos os exemplos, ainda mais se são próprios, de governos eficientes em abordar uma dívida social que não se consegue corrigir na região, onde um de cada três latino-americanos vivem na pobreza e cerca de 90 milhões sobrevivem com menos de um dólar por dia".

Consultado por IPS, Shifter afirmou que os traços do Consenso de Brasília "continuam intactos e vigentes", mesmo que Lula tenha deixado a Presidência do Brasil em janeiro de 2011 e o contexto internacional tenha piorado e, em consequência, o regional.

“Não mudou o modelo representado pela ênfase em três eixos: crescimento econômico, equidade social e governabilidade democrática", explica.

“Sua vigência”, acrescentou, “confirma sua propagação como guia de governança para numerosos países da região, seja qual for o ideário político de seu presidente ou presidenta. Isto contrasta com o ocaso ou "encausamento" de outras propostas mais radicais, que foi comandada pelo mandatário venezuelano Hugo Chávez na primeira década do século.

Se trata de uma visão contraposta ao pacote de medidas que os organismos financeiros internacionais e centros de poder com sede em Washington impuseram à América Latina após o estouro de suas crises de dívida soberana em 1984 e, sobretudo, durante a década de 90.

O programa de 10 pontos, síntese da ideologia neoliberal, forçou inclementes ajustes, com eliminação do déficit fiscal, reordenamento do gasto, liberalização financeira e monetária, aumentos de impostos, abertura de mercados e investimentos e massivas privatizações. Tudo para pagar a dívida e estabelecer novas bases para o crescimento econômico.

Na prática, as reformas estiveram longe de gerar crescimento, promoveram a desindustrialização regional e fizeram cair o produto interno bruto por quase uma década, balizada por várias crises financeiras nacionais, algumas de alcance global.

Mas o mais grave foi seu impacto na população. Durante a "década perdida", o gasto social se minimizou em todos seus ramos, em especial na educação, na saúde, na moradia e na assistência aos setores mais vulneráveis, enquanto também pioraram as condições trabalhistas.

A consequência foi o incremento da pobreza e da indigência, uma maior favelização das cidades e o predomínio da economia e do trabalho informal, entre outros impactos negativos.

Lula consolidou, durante seus oito anos no poder (janeiro de 2003 à janeiro de 2011), outro modelo que mantém o pilar da estabilidade macroeconômica e fiscal, a autonomia da autoridade monetária e o cambio livre, mas que acrescenta agressivas políticas industriais e de produção interna.

Além disso, adiciona-se como prioridade a inclusão social, com aumento de salários, geração de empregos formais e um alto gasto em políticas para erradicar a fome, reduzir a pobreza, melhorar a educação e a saúde e, em geral, uma maior transferência de renda à sociedade.

Como marco central, a democracia, com a ampliação de direitos e o incentivo à participação cidadã e sua organização pela base.

Shifter, cujo instituto tem sede em Washington, assegurou que a sucessora de Lula, Dilma Rousseff, "decidiu ter um menor protagonismo global que Lula, mas isso não afeta o modelo do Consenso de Brasília". Ela "tem outro estilo, outras prioridades e outro tipo de liderança", sintetizou.

Rousseff aplicou diferentes políticas para estimular a economia e amortizar o impacto da recessão econômica no Norte industrial, em especial na Europa. Preocupou-se, além disso, em reforçar os programas sociais nesse novo cenário desfavorável.

Uma recente frase sua ressalta a sua postura. "Eu, o que quero e pelo que luto é para que o Brasil se transforme na sexta potência social", afirmou sobre o fato de que seu país tenha passado a ser a sexta economia mundial e avance para a quinta posição.

Entre os países latino-americanos cujos governos têm como guia geral, com suas variáveis, o Consenso de Brasília, Shifter citou o Chile, a Colômbia, El Salvador e Uruguai. Outras administrações tomam vários elementos, enquanto "híbridos" entre o lulismo e o chavismo como é o caso da Argentina e do Paraguai, até a derrubada de seu presidente Fernando Lugo, em junho.

O estudioso deu especial relevância ao caso do presidente do Peru, Ollanta Humala, que escolheu o lulismo e não o modelo "bolivariano de Chávez", abrindo seu ocaso regional.

Também considerou notável que, na Venezuela, o candidato opositor para as eleições deste domingo, dia sete, Henrique Capriles, "sublinha que seu modelo é Lula, e seu programa o confirma".

Barro nos pés

Mas, embora o Consenso de Brasília não tenha os pés de barro, tem, sim, barro nos pés, por sua forma de desenvolvimento histórico e também, no passado imediato, pelas sequelas do Consenso de Washington.

Rivera, máximo dirigente do SELA, com sede em Caracas, destacou que as brechas sociais continuam presentes na região e "se necessita um grande e continuado esforço para consolidar a inclusão e a equidade social".

Com esse objetivo, a região tem diante de si três desafios, esboçou o chefe do organismo que congrega 28 países latino-americanos e caribenhos.

O primeiro é "crescer a taxas maiores às atuais e de maneira sustentável, porque não é saudável um comportamento irregular" e para que "os Estados possam enfrentar seus compromissos com a população", acrescentou.

O crescimento deve ser "sustentador além de sustentável ", em segundo lugar. Tem que "ir em direção a um crescimento de economia verde, porque até agora se destruiu o ambiente, se danificaram os recursos naturais e se produziu de forma ineficiente", disse.

O terceiro "é o desafio da inclusão e o de abrir espaços nos mercados internos para que a gente saia da pobreza e se incorpore à classe media", frisou.

E esta combinação de metas, refletiu, requer "em definitivo, um novo direcionamento do Estado", que elimine as ainda muito visíveis cicatrizes do Consenso de Washington.

Tradução: Libório Junior
 

Brasil: Dilma vota em Porto Alegre e diz que Brasil vive "imensa festa" durante eleições

 


Sabrina Craide - Enviada Especial – Agência Brasil

Porto Alegre - A presidenta Dilma Rousseff acabou de votar na Escola Estadual Santos Dumont, na zona sul de Porto Alegre. Ela veio acompanhada do governador do estado, Tarso Genro, além de lideranças petistas como o ex-governador Olívio Dutra e o ex-prefeito Raul Pont. Dilma já se dirigiu ao aeroporto para voltar a Brasília
 
A presidenta não quis revelar seu voto e lembrou que, entre os candidatos, estão três representantes de partidos que compõem a base aliada do governo federal: Adão Villaverde (PT), Manuela D´Ávila (PCdoB) e José Fortunati (PDT). “Vamos combinar, o voto é secreto. Eu sou presidenta, mas aqui estou exercendo a minha condição de cidadã”, destacou.
 
Dilma ressaltou a importância do voto e da democracia. “Eu sou da geração que não votou. Muita gente no Brasil já nasceu na democracia, mas tem uma quantidade de brasileiros que ainda se lembra do que é não ter o direito ao exercício do voto. Hoje é um momento muito especial para o Brasil, porque mais uma vez reiteramos que esse país é uma democracia estável, com regras, com respeito aos direitos das pessoas e especialmente com essa imensa festa que é escolher quem vai dirigir sua própria cidade."
 
Os 1.076.263 eleitores de Porto Alegre vão poder escolher entre sete candidatos à prefeitura. Mais 575 candidatos disputam as 36 cadeiras da Câmara Municipal da capital gaúcha. Em todo o estado do Rio Grande do Sul, serão escolhidos 497 prefeitos.
 
Edição: Lílian Beraldo
 

Brasil: Presidenta do TSE diz que eleição corre com tranquilidade em todo o país

 


Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil
 
Brasília - As eleições de prefeitos e vereadores em todo o país transcorrem com tranquilidade, disse a presidenta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, ao fazer um balanço à tarde, na metade do período de votação.
 
“Em todos os 26 estados não há informações de qualquer irregularidade. Está tudo dentro da normalidade, o eleitor está indo às ruas e manifestando seu voto com grande tranquilidade”, acrescentou.
 
De acordo com a ministra, até a metade do período de votação, por volta das 12h30, o número de urnas que precisaram ser trocadas era metade do que foi necessário na última eleição, em 2010. O número de prisões, também, segundo ela, era “irrelevante”.
 
Cármen Lúcia lembrou que os eleitores que não votarem e não justificarem a ausência não poderão obter a declaração de que estão em dia com a Justiça Eleitoral. Isso pode representar transtornos posteriormente, uma vez que a quitação eleitoral é requisito para diversas atividades, como por exemplo ser contratado para o serviço público.
 
“Mas o eleitor brasileiro é muito participante, o número de pessoas que não votam e não justificam é muito diminuto”, ponderou.
 
Mais de 138 milhões de brasileiros estão indo às urnas hoje para eleger os prefeitos e vereadores dos 5,5 mil municípios do país. As sessões de votação estarão abertas até as 17h. A expectativa é que o resultado das eleições seja divulgado na maior parte das cidades até as 22h.
 
Edição: Graça Adjuto
 

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS NO BRASIL INSPIRAM TRÊS TIGRES EM PARÓDIA




 
 
O dia está práticamente acabado no Brasil, dia de eleições, dia de votar. A dimensão do país e os milhões de eleitores fará com que a revelação dos resultados sejam relativamente demorados, independentemente de o método de apuramento usado ser bastante moderno. À boa maneira brasileira a paródia às eleições é frequente. É o que trazemos aqui no trabalho de Três Tigres Tristes.
 

Portugal: O MAIS PACIENTE DOS POVOS

 


Pedro Marques Lopes – Diário de Notícias, opinião
 
1 Convenhamos, numa semana em que é anunciada a destruição da classe média, num mês em que se assistiram a enormes manifestações contra o Governo, numa altura em que os portugueses anseiam por quem os represente, por quem dê voz ao seu descontentamento, não se estava propriamente à espera que o Presidente da República nos viesse falar de educação. Digamos que quando Cavaco Silva veio lembrar que há limites para os sacrifícios a situação não era sequer parecida com a que hoje vivemos. Parece ser um bocadinho curto referir, quase a medo, que é preciso dar sentido ao esforço dos portugueses, num momento em que estes não conseguem vislumbrar uma luz ao fundo do túnel, em que o desespero está instalado, em que precisam de esperança como de pão para a boca.
 
De facto, o discurso do 5 de Outubro de Cavaco Silva contribuiu para o sentimento de orfandade, utilizando toda a moderação deste mundo, dos portugueses em relação aos políticos. Existe, porém, uma razão para que o Presidente da República tenha feito o discurso que fez. Como toda a gente já reparou, a coligação governamental acabou e o Governo está ligado à máquina: Cavaco vai ter de arranjar uma solução de Governo e não é o momento para criar conflitos com quem quer que seja. Portas já aguentou os enxovalhos que tinha de aguentar e o líder do CDS sabe que se pactuar com este brutal aumento de impostos perde toda a sua base de apoio e enterra definitivamente o que resta da sua credibilidade. É bem verdade que Portas perderá sempre, quer fique no Governo, quer saia. Mas também é verdade que a posição de Portas é insustentável. E não vale a pena apelar à compostura e lembrar a situação do País: a risota de Passos e Relvas quando Honório Novo mostrava a carta que Paulo Portas enviou aos militantes diz tudo sobre o sentido de Estado dos referidos senhores.
 
E nem vale a pena lembrar o discurso de Mota Soares, que conseguiu fazer de Ministro e de oposição ao mesmo tempo, ou ter assistido à reacção da bancada do CDS ao discurso do primeiro-ministro. Cavaco sabe que a relação entre CDS e PSD morreu. Mas o Presidente da República sabe muito mais. Sabe que não é possível governar contra tudo e contra todos e, sobretudo, contra as pessoas. Numa ditadura os mercados e os credores podem ficar à frente das pessoas, numa democracia não. No discurso do 5 de Outubro, Cavaco não falou do País nem para o País porque está demasiado ocupado a pensar que tipo de solução governativa vai arranjar para Portugal. É bom que assim seja.
 
2 O homem que veio apresentar o maior assalto fiscal de que há memória, substituindo o outro que nos prometeu ser sempre ele a apresentar as más notícias, por uma vez acertou. O homem que fez dos orçamentos rectificativos uma rotina, que em Maio não conseguiu, nem aproximadamente, prever o desastre na execução orçamental, que tem o descaramento de afirmar que estamos no bom caminho quando apesar de todos os sacrifícios, todas as falências, todo o desemprego, nem os objectivos do défice conseguiu assegurar, numa coisa não se enganou: a desigualdade vai diminuir. Como não se pode diminuir a desigualdade aumentando o padrão de vida dos mais pobres, acaba-se duma vez por todas com a classe média e ficamos todos pobres. A classe que só era média pela medida portuguesa desaparece. Portugal, que já constava do triste rol dos países em que um cidadão podia ser muito pobre tendo trabalho, vai ter agora um papel de destaque nessa infelicíssima lista.
 
Claro que a desigualdade vai diminuir, vai diminuir e muito. Ficamos todos pobres com meia dúzia de ricos que vão acabar por fugir a sete pés para paragens onde possam investir o seu dinheiro. Daqui a uns meses, muito poucos, vamos perceber que o ministro das Finanças apenas acertou na questão da desigualdade. Claro que os objectivos do défice não serão alcançados. O desemprego vai brevemente chegar aos 20% e as poucas empresas que restam falirão. Mas a Vítor Gaspar isso não perturba desde que os mercados estejam satisfeitos. Gaspar e Passos parecem desconhecer que o assalto anunciado acelerará furiosamente o processo de desagregação social e lançará o País no mais absoluto caos. A miséria, o desespero, a desobediência civil farão parte do nosso quotidiano.
 
Podemos não ser o melhor povo do mundo, mas somos certamente o mais paciente com a loucura e a incompetência.
 

Tugaleaks apresenta queixa contra Cavaco e Costa por "ultraje de símbolos nacionais"

 

i online – Lusa, com foto
 
O movimento cívico Tugaleaks apresentou hoje uma queixa contra o Presidente da República e o Presidente da Câmara de Lisboa por "ultraje de símbolos nacionais", disse à agência Lusa o fundador daquele grupo.
 
As comemorações oficiais do 05 de outubro, em Lisboa, ficaram marcadas pelo hastear da bandeira nacional com o escudo ao contrário, na Praça do Município.
 
"Apresentámos a queixa [hoje de manhã no Posto Territorial da GNR do Pinhal Novo, distrito de Setúbal] tendo em conta uma base legal, que existe no código penal. Falo do ultraje de símbolos nacionais, e a bandeira é um símbolo nacional", revelou à Lusa o fundador do Tugaleaks, Rui Cruz.
 
Rui Cruz recordou que, "em 2009, o Governo do PS quis processar a SIC Radical [canal de televisão] por ter usado a mesma bandeira ao contrário".
 
Por isso, "nós achámos que havia meios legais para tentar processar".
 
Admitindo que é "algo quase inédito" processar o Presidente da República e o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Rui Cruz sublinha tratar-se de "responsabilidades que tem que se apurar e o povo merece uma explicação".
 
"Não tem que se pedir uma desculpa ao Presidente, mas sim ao povo", afirmou, referindo-se à carta que o autarca António Costa enviou a Cavaco Silva, em que pede desculpa pelo "desagradável incidente" e assume as "responsabilidades" pelo sucedido.
 
A queixa foi apresentada contra Cavaco Silva e António Costa, por serem "as pessoas que se assumiram, um como responsável material, por ter puxado a bandeira, outro como responsável moral, tendo assumido a responsabilidade".
 
Rui Cruz admite que o Tugaleaks pode fazer "o aditamento de outros responsáveis [à queixa], se os mesmos vierem a público e se assumirem como responsáveis".
 
Com a queixa, aquele movimento cívico pretende "saber o que é que aconteceu".
 
"Porque existem equipas, não só da Câmara, como também do dispositivo do Presidente da República, que tentam garantir a segurança e a legalidade de todos atos que ele faz -- são equipas pagas por dinheiro dos contribuintes -- e houve esta falta de respeito para com todos os portugueses, ao hastear uma bandeira ao contrário", referiu.
 
Em setembro, o mesmo movimento tinha apresentado uma queixa, também no posto territorial da GNR do Pinhal Novo, contra o primeiro-ministro, para demonstrar em tribunal que Passos Coelho e o seu Governo mentiram aos portugueses e exigir a sua exoneração.
 

UE: AS CENTRAIS ESTÃO ULTRAPASSADAS, FECHEMO-LAS!

 


Frankfurter Rundschau, Frankfurt – Presseurop – Imagem Vlahovic
 
Os resultados dos testes de resistência realizados pela UE fornecem mais razões do que as necessárias para encerrar os velhos reatores. Mas a Comissão não tem a coragem de seguir o exemplo da Alemanha e prefere apostar em modernizações dispendiosas, lamenta o Frankfurter Rundschau.
 
Faltam-lhe os airbags, o ESP [controlo eletrónico de estabilidade], o catalisador, os faróis de halogéneo, um sistema de ajuda ao estacionamento, os vidros elétricos. Ninguém se lembraria de fazer um lifting a um velho Carocha Volkswagen de 40 anos para o adaptar à circulação moderna, duas vezes mais intensa e muito mais rápida do que na época em que este veículo saiu. Quantos de nós estariam dispostos a ir todos os dias para o trabalho nesse velho chaço? O Carocha do começo dos anos 1970 não serve sequer para o passeio de domingo: não é suficientemente antigo nem suficientemente original.
 
Claro que uma central nuclear não é um carro. Uma central é muito mais complexa, tem uma duração de vida de 40 anos e será periodicamente modernizada, na medida do possível e se quem a explora for rigoroso em matéria de segurança. No entanto, as centrais que foram postas de pé nos anos 1960 e ligadas à rede nos anos 1970 – como acontece com os reatores de primeira geração na Europa – têm algumas semelhanças com o Carocha. As despesas de modernização necessárias para as pôr em conformidade com as normas atuais não se justificam. Há muito tempo que o Carocha foi mandado para a sucata e é preciso fazer o mesmo com as velhas centrais.
 
Mas, manifestamente, a estratégia da Comissão Europeia não consiste em fechá-las gradualmente mas em modernizá-las, para conservar o parque nuclear da União tal como está. A conclusão que o comissário europeu da Energia, Günther Oettinger, tira dos testes de resistência realizados nas centrais a seguir ao desastre de Fukushima é esta: o grau de segurança das instalações é "globalmente elevado" e um pacote de €30 a €200 milhões por reator deverá permitir fazer face às deficiências verificadas.
 
Cultura de segurança não vale grande coisa
 
Isto corresponde à bem conhecida linha da UE, que, desde a sua criação, se apresenta como acérrima defensora do átomo e que não fez marcha-atrás depois das catástrofes anunciadas ou ocorridas de Harrisburg, Chernobyl e Fukushima.
 
O facto poderá explicar a leitura que Günther Oettinger faz dos testes de resistência realizados pelos seus peritos em 132 reatores, mas não a justifica. Na quase totalidade das instalações, foram verificadas lacunas em matéria de segurança – sendo que o risco representado pelas novas ameaças como os atentados ou os ciberataques ainda não foi examinado e que alguns Estados-membros da UE resistiram a deixar os especialistas de Bruxelas aceder aos seus reatores e aos seus dados. Tratava-se apenas de um teste de resistência light – e, no entanto, pôs a claro numerosas deficiências.
 
Os testes de resistência efetuados mostram que a tão louvada cultura de segurança das explorações de centrais não vale grande coisa. Os peritos denunciam num tom inusitadamente forte o facto de, em alguns países, as linhas de conduta fixadas depois de Harrisburg, em 1979, e de Chernobyl, em 1986, nem sequer terem sido integralmente aplicadas – o que, diga-se de passagem, também é válido para a Alemanha.
 
Trabalhos de modernização dispendiosos
 
Por outro lado, é claro que muitas companhias de eletricidade adiam o mais possível os trabalhos de modernização que se revelam muito dispendiosos. Para os peritos de Bruxelas, os investimentos necessários poderão ascender a €25 mil milhões. Não é por acaso que o relatório dos testes de resistência sublinha que 111 dos 132 reatores se situam em aglomerados onde vivem mais de 100 mil pessoas, num raio de 30 quilómetros.
 
A Alemanha retirou bons ensinamentos de Fukushima, ao optar por não modernizar as velhas centrais, que foram e permanecem encerradas. No que se refere às instalações mais recentes, foi estabelecido um calendário de encerramento. O que não tem nada a ver com a apreensão dos alemães: é uma simples precaução.
 
E não se trata de caso único na Europa. A Bélgica e a Suíça pretendem abandonar o nuclear até 2025, os italianos disseram "não" ao regresso à energia atómica, o programa nuclear do Governo polaco enfrenta fortes resistências e, mesmo em França, o ceticismo relativamente ao átomo está a ganhar terreno. O renascimento anunciado do nuclear tarda a chegar. Na Finlândia e em França, os dois novos reatores atualmente em construção estão a ter problemas contínuos e irão custar duas vezes mais do que o previsto.
 
É verdade que Bruxelas não está habilitada a prescrever aos Estados-membros um plano de abandono do nuclear. No que se refere ao átomo, a política é sempre fixada a nível nacional. No entanto, um comissário europeu alemão deveria ter a coragem de avançar nessa direção. Fixar, finalmente, a responsabilidade civil das companhias de eletricidade, em caso de acidente, é uma coisa boa. Reduzir tão rapidamente quanto possível o risco de acidente é ainda melhor.
 
Visto de Bruxelas
 
Testes de esforço levam a um aumento da eletricidade
 
A maioria dos 134 reatores nucleares da UE necessita de atualizações que garantam a segurança dos reatores em caso de catástrofe, afirmou a Comissão Europeia na apresentação do seu relatório sobre segurança nuclear na UE, em Bruxelas, no dia 4 de outubro. O custo desta intervenção poderá oscilar entre os €10 e os €25 mil milhões – “uma fatura que irá provavelmente refletir-se nos preços ao consumidor, com um aumento do preço da eletricidade”, escreve o Daily Telegraph.
 
O diário londrino refere que a Comissão Europeia elaborou este relatório de acordo com os parâmetros do tremor de terra e do tsunami de março de 2011 no Japão, um país propenso a este tipo de cataclismos, que fez 16 mil vítimas e destruiu a central nuclear de Fukushima.
 
Guenther Oettinger, o comissário europeu da Energia, com uma interpretação controversa em relação ao desastre de Fukushima, – que não causou vítimas – a que chamou ‘apocalipse’, disse que os padrões de segurança na Europa eram ‘no geral, elevados’.
 
Mesmo assim, o comissário anunciou a sua intenção de criar uma nova legislação comunitária que obrigue a indústria nuclear a ter um seguro de responsabilidade baseado no risco teórico de acidente nuclear, ao afirmar que a obrigação de uma apólice de seguro irá provocar custos que se vão refletir nas faturas da eletricidade. De certeza que esta medida não irá fazer com que a energia nuclear se torne mais competitiva.
 

Milhares de manifestantes em 50 cidades espanholas protestaram contra austeridade

 

i online - Lusa, com foto
 
Milhares de pessoas manifestaram-se hoje em mais de 50 cidades espanholas para defender as reivindicações da Cimeira Social, onde foi decidida uma greve geral para novembro se o Governo não submeter as medidas de austeridade à consulta popular.
 
As manifestações repetiram-se por todo o país para protestar contra a política económica do Governo e contra a proposta de Orçamento do Estado para 2013 que, segundo a plataforma, "está ao serviço da banca".
 
Em Madrid a manifestação decorreu entre a praça de Legazpi e a estação de Atocha e contou com a participação de cerca de 72.000 pessoas.
 
Pouco antes do início do protesto, os secretários gerais das duas centrais sindicais espanholas (CCOO e UGT), Ignacio Toxo e Cándido Méndez, afirmaram que a convocatória de uma greve geral depende do Governo, porque é ele que tem nas suas mãos as propostas para o Orçamento do Estado do próximo ano.
 
Méndez referiu que os sindicatos "insistiram até à exaustão" para que se consulte os cidadãos sobre o caminho escolhido para sair da crise, que considerou ser "um caminho de perdição".
 
Toxo exigiu que seja convocado um referendo sobre os cortes anunciados antes que a situação social se torne "explosiva e insustentável".
 
Segundo o líder da CCOO, os sindicatos espanhóis vão propor à Confederação Europeia de Sindicatos (CES), na reunião de dia 16, a realização de uma "jornada de ação europeia".
 
As manifestações de hoje em Espanha coincidiram com a Jornada Mundial pelo Trabalho Digno, que este ano tem como lema "Juventude sem emprego, sociedade sem futuro".
 
Em Barcelona vários milhares de pessoas manifestaram-se contra as políticas de austeridade.
 
Nas oito capitais das províncias de Castela e Leão, milhares de pessoas protestaram contra os cortes do Governo e reclamaram uma greve geral em novembro.
 
A manifestação de Múrcia juntou cerca de 5.000 pessoas.
 
Em Vitória e Bilbao, no país basco, centenas de pessoas desfilaram pelo centro das cidades empunhando cartazes com frases como "Contra os cortes greve geral" e "Onde estão? Não se vêm os empregos do PP".
 
Em Pamplona juntaram-se organizações coletivas como o sindicato dos estudantes e o Conselho da Juventude, que defenderam a alteração "profunda" das políticas económicas.
Nas principais cidades das Canárias manifestaram-se várias centenas de pessoas que reivindicaram "uma mudança radical" nas políticas do Governo.
 
A manifestação de Gijón, nas Astúrias, terminou com a leitura de um manifesto em que é denunciada a "falta de transparência" e o "ocultismo deliberado" das medidas do executivo.
 
As capitais andaluzas também foram palco de protestos que juntaram milhares de pessoas contra as medidas de austeridade.
 
Na Galiza as manifestações realizam-se segunda-feira porque as autoridades provinciais não as autorizaram para hoje, alegando que coincidiam com a campanha eleitoral.
 
Além da CCOO e da UGT, integram a Cimeira Social mais de 150 organizações, nomeadamente o sindicato de trabalhadores da função pública (CSI-F), a União Sindical Operária (USO) e associações de educação, saúde e imigração.
 

FUNDO PERMANENTE DE RESGATE DO EURO ENTRA EM VIGOR

 

Deutsche Welle
 
Encontro de ministros das Finanças do euro vai selar entrada em vigor do Mecanismo Europeu de Estabilidade. Reunião também debate Portugal, Grécia e Espanha.
 
Os ministros das Finanças do Eurogrupo selarão nesta segunda-feira (8/10), num encontro em Luxemburgo, a entrada em vigor do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), que substitui o provisório Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). Além disso estarão em pauta o orçamento público espanhol para 2013, a situação da Grécia e a ampliação do prazo de Portugal reduzir seu deficit público.
 
O mecanismo permanente de ajuda será dotado de 700 bilhões de euros, para poder conceder uma ajuda de até 500 bilhões de euros. Ele disporá de 80 bilhões em dinheiro, que começarão a ser depositados ainda este ano. O resto são garantias. Um dos pontos a serem definidos se refere às condições que permitem ao MEE injetar fundos diretamente a bancos em dificuldades.
 
Há semanas se especula sobre um possível pedido de resgate por parte da Espanha, para que o país tenha acesso ao programa de compra de títulos da dívida pública disponibilizado pelo Banco Central Europeu (BCE). Neste domingo, milhares de pessoas voltaram às ruas de dezenas de cidades na Espanha para protestar contra as medidas de contenção de gasto previstas por Madri.
 
Portugal também é tema
 
Também em relação a Portugal deverão ser tomadas decisões. O Eurogrupo deverá estender por mais um ano, até 2014, o prazo para Lisboa reduzir seu deficit público a 3% do PIB. Além disso, deverá ser liberado o pagamento de 4,3 bilhões de euros do pacote de ajuda ao país, de 78 bilhões de euros.
 
Portugal, que vinha sendo considerado um país exemplar no combate à crise, sofreu um revés depois que protestos em massa da população levaram o governo a frear os programas de saneamento das finanças públicas.
 
A troika formada por representantes do FMI, BCE e Comissão Europeia vai relatar aos ministros o andamento das negociações com Atenas sobre um novo programa de cortes, no montante de 14,5 bilhões de euros. Sua aprovação significa a liberação da nova parcela de ajuda à Grécia.
 
Protestos contra Merkel na Grécia
 
Na terça-feira, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, viaja para Atenas, atendendo a um convite do governo local. Ela e o primeiro-ministro Antonis Samaras buscam uma forma de evitar a iminente inadimplência do país mediterrâneo.
 
Os sindicatos já convocaram paralisações em protesto contra a visita. Milhares de policiais serão mobilizados para garantir a tranquilidade nas ruas. Os gregos consideram a Alemanha responsável pelos drásticos pacotes de austeridade, uma exigência para a concessão de ajuda financeira à Grécia.
 
Fontes ligadas à troika informaram que as negociações com Atenas provavelmente deverão ser encerradas até 15 de outubro, para que "algo positivo" possa ser apresentado na cúpula de 18 e 19 de outubro em Bruxelas, dos chefes de Estado e de governo da União Europeia. Até o final de novembro precisa ser liberada a parcela de 31,5 bilhões de euros de ajuda a Atenas. Segundo Samaras, os cofres públicos se sustentam até lá.
 
RW/dpa/rtr - Revisão: Alexandre Schossler
 

VENEZUELANOS ACORREM EM MASSA AOS COLÉGIOS ELEITORAIS

 

Prensa Latina
 
Caracas, 7 out (Prensa Latina) Desde cedo são vistas longas filas de venezuelanos em frente aos colégios eleitorais, que abriram para quase 19 milhões de eleitores que elegerão o presidente para o sexênio 2013-2019.

O dia de hoje é visto como a culminação de um processo eleitoral histórico, acompanhado com atenção em todos os continentes, no qual o povo escolherá entre dois projetos políticos antagônicos.

Nesta eleição está o futuro da Venezuela para os próximos 100 anos, disse em numerosas ocasiões o presidente Hugo Chávez durante os três meses da campanha.

O presidente aspira à reeleição para um novo período de governo, para - como ele mesmo tem explicado - consolidar a independência e continuar a construção de um modelo socialista adaptado às condições específicas da Venezuela.

Além disso, as eleições ficam ainda com uma maior importância por ser a Venezuela o país com as maiores reservas mundiais e um dos principais exportadores de petróleo do planeta.

Durante uma conferência de imprensa realizada ontem à noite no Palácio de Miraflores, Chávez disse que quando acabar o petróleo no mundo, algo que sucederá provavelmente no presente século, ainda ficarão cinco ou seis países com reservas do hidrocarboneto, e um deles será a Venezuela.

Todos os presidentes venezuelanos que trataram de controlar de maneira soberana a indústria petroleira foram derrocados, recordou nessa ocasião.

Daí o interesse que tem despertado a eleição de amanhã, na qual se decidirá, além da pessoa que exercerá a presidência, o rumo que o país seguirá nos próximos anos.

O presidente aspira à reeleição com um programa que implica na continuidade e aprofundamento de toda a administração governamental dos últimos 14 anos, sobretudo na área social e na ampliação do poder popular, para outorgar maior protagonismo aos cidadãos.

Outros cinco candidatos disputam a presidência, mas o principal é Henrique Capriles, representante dos mais poderosos grupos econômicos da Venezuela e de importantes multinacionais, que têm como interesse comum recuperar o controle do país e, sobretudo, da indústria petroleira.

Ao longo dos últimos meses praticamente todas as pesquisas previram o triunfo de Chávez, mas até agora nem Capriles nem seu comando de campanha se comprometeram a aceitar os resultados que o Conselho Nacional Eleitoral anunciar.

Sobre as eleições está o perigo de que setores da ultradireita tratem de criar situações de violência e desestabilização se os resultados não favorecem Capriles. Ao respeito, Chávez disse ontem à noite que espera que não se atrevam, pois "como Estado estamos obrigados a responder com contundência no marco da Constituição e das leis".
 

INDECISOS DEVERÃO DEFINIR ELEIÇÃO PRESIDENCIAL NA VENEZUELA

 

Deutsche Welle
 
Pelo fato de as pesquisas não serem confiáveis, especialistas dizem não conseguir prever resultados eleitorais na Venezuela. Porém, devido ao comportamento dos candidatos Chávez e Capriles, a disputa deve ser apertada.
 
Ainda não se sabe se Hugo Chávez conseguirá ser reeleito nas eleições presidenciais deste domingo (07/10) na Venezuela. Isso porque, segundo especialistas consultados pela Deutsche Welle, as pesquisas eleitorais não são confiáveis. Mas, pelo comportamento dos candidatos Chávez e Capriles, pode ser que o resultado das eleições seja bem apertado, afirmam.
 
"Os resultados das pesquisas eleitorais se diferenciam uma das outras, porque as empresas que as realizam são coprotagonistas da disputa política na Venezuela", comenta Manuel Silva-Ferrer, pesquisador da Universidade Livre de Berlim e da Universidade Central da Venezuela, que passou há pouco tempo dois meses em Caracas.
 
Ele disse que prefere analisar o comportamento dos candidatos à presidência do país a estudar os resultados divulgados pelos institutos de pesquisa. "Hugo Chávez, que quer ser reeleito e está há 14 anos no poder, atua como um potencial derrotado e ataca o candidato único da oposição, Henrique Capriles Radonski, com táticas de guerra suja e atiça o medo de uma guerra civil", frisa Silva-Ferrer.
 
Com isso, Chavéz procura convencer os eleitores, sobretudo os indecisos, de que somente a sua reeleição poderá garantir a estabilidade do país.
 
Da transparência dessas eleições irá depender, de certa forma, a não existência de incidentes e violência política no domingo. "Será muito difícil trapacear", disse Klaus Bodemer, ex-diretor do Instituto de Estudos Latino-Americanos (ILA, em alemão), de Hamburgo. Ele espera uma atitude vigilante e imparcial da missão de observadores enviada à Venezuela pela União das Nações Sul-Americanas (Unasul).
 
"Não haverá violência na Venezuela"
 
Chávez convidou membros de partidos de esquerda estrangeiros para que acompanhem o processo eleitoral venezuelano. Porém, não haverá observadores da União Europeia, nem da organização não governamental de direitos humanos Centro Carter.
 
"Mas só haverá problema se forem registradas grandes fraudes, coisa que nem mesmo a oposição espera. Ela [a oposição] estará representada nos centros de votação por pessoas muito bem preparadas. Além disso, foi verificado que o sistema de votação eletrônica é muito bom", afirma Nikolaus Werz, especialista em política comparada da Universidade de Rostock, na Alemanha. "Se houver irregularidades, elas se tornarão públicas muito rapidamente", opina Werz.
 
No entanto, além do temor da manipulação de votos, há outros fatores – a marcada polarização política no país, por exemplo – que poderiam esquentar os ânimos e propiciar conflitos. Nas últimas semanas, vários militantes da oposição foram feridos ou assassinados por supostos simpatizantes do "chavismo".
 
Não é possível prever um possível enfrentamento entre chavistas e não chavistas. "Há pesquisas eleitorais que mostram Chávez com 15 pontos à frente de Capriles Radonski. Se as eleições tiverem um desfecho claro, não acredito que haverá violência", disse Werz.
 
Golpe de Estado
 
Quanto às Forças Armadas e às milícias bolivarianas, Klaus Bodemer afirma que "pode ser que a guarda do presidente, que é numerosa, tenha uma reação espontânea caso ele venha a perder as eleições. Mas é improvável que os militares deem um golpe de Estado". Já Silva-Ferrer aposta que não haverá violência na Venezuela.
 
Segundo Silva-Ferrer, esse cenário apocalíptico não é um produto de uma análise objetiva da atual situação na Venezuela, mas sim parte da estratégia do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) em amedrontar os indecisos, que são os que vão determinar o resultado das eleições. "Essas eleições vão ser definidas por uma diferença entre 2 e 5 pontos", prevê Silva-Ferrer.
 
Autor: Evan Romero-Castillo (fc) - Revisão: Carlos Albuquerque
 

Angola: PROBLEMAS CRÓNICOS EM LUANDA AGRAVAM-SE DEPOIS DAS ELEIÇÕES

 


Coque Mukuta – Voz da América, com foto
 
"Quando falta a luz usem geradores", sugere responsável do MPLA
 
LUANDA — Falta de luz e de água são os dois grandes problemas que afligem as populações em Luanda após as eleições de 31 de Agosto.

São problemas crónicos agravados pela baixa pluviosidade registada este ano e que segundo um dirigente do MPLA "podem ser minimizados pela utilização de geradores".

Segundo alguns populares do Cazenga, Viana e Kilamba Kiaxi, entrevistados pela nossa reportagem depois da campanha eleitoral que deu vitória ao MPLA, partido que governa desde 1975, a vida tornou-se ainda mais difícil: “Nesta área aqui já estamos há duas semanas sem água, só soubemos que os rios estão a secar agora não sabemos se isso é verdade ou não", disse um dos cidadãos. Outro entrevistado disse-nos: “depois das eleições não temos água, nem um pouco, e não sabemos porquê".

Chamado a comentar a propaganda do partido que ganhou as eleições, “crescer mais e distribuir melhor” perante a falta de luz e água potável, Norberto Garcia, secretário para os assuntos políticos e eleitorais do MPLA em Luanda, sublinhou a falta de chuva e a seca nos rios como razões fundamentais na produção de energia eléctrica e a ausência de água potável em todo o país: “é preciso verificar que o senhor ministro da energia e água deu conta de que estávamos com alguns problemas nas barragens por falta de água infelizmente”, disse ele.

Os populares lembram também que nem mesmo a luz elétrica que no período eleitoral foi abundante, têm agora: “Desde que houve essas campanhas já não há luz praticamente, a minha casa está já há duas semanas sem luz” frisou um cidadão aos microfones da VOA.

Norberto disse ainda que na ausência dela ninguém há-de perder a vida e aconselha o uso de geradores: “ninguém vai desaparecer ninguém vai morrer com isto, a falta de energia pode fazer com que se use a energia alternativa é verdade. Que custa um pouquinho mais caro” adicionou aquele político.
 

Depois da guerra, ex-general angolano da UNITA ajuda agora flores a crescer

 

Eduardo Lobão, da agência Lusa
 
Lobito, Angola, 07 out (Lusa) - Ex-número três da guerrilha da UNITA, António Urbano Chassanha despiu a farda em 1992, e agora, radicado no Lobito, litoral sul de Angola, trocou o passado militar pela vida de empresário, no ramo da floricultura.
 
Do passado guarda as memórias que passou a escrito em dois livros, "Angola: Onde Os Guerreiros Não Dormem" (2000) e "Esanju: A Rebelde Do Wambu" (2003), e às quais promete voltar quando o projeto de vida que abraçou entrar, como diz, em "velocidade de cruzeiro".
 
Agora, radicado na Catumbela, entre o Lobito e Benguela, Urbano Chassanha explica que sendo reformado das Forças Armadas Angolanas não queria passar o resto dos dias "sentado no sofá à frente de uma televisão".
 
Em conjunto com a mulher, Anabela, também reformada, tiveram há três anos a ideia de produzir espécies vegetais de reposição e a partir daí avançaram para a produção de árvores ornamentais, plantas e flores.
 
"Eu tive um mestre que dizia que quem conhece o sofrimento aprecia melhor a felicidade dos outros. Realmente, criar vida, meter a semente, esperar que ela brote, acompanhar esse crescimento, colocar nos sacos, enfim toda essa dinâmica é uma coisa que dá muito gozo", garante.
 
Antigo oficial superior das Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA/UNITA), Urbano Chassanha coliderou a delegação do partido do "Galo Negro" na Comissão Conjunta, órgão criado para supervisionar a aplicação do Protocolo de Paz, assinado em 1994, em Lusaca, e foi deputado.
 
O despertar das armas em 1999 apanhou-o já na vida civil, mas não voltou a pegar em armas. Preferiu recorrer às memórias da guerra e publicou dois livros, em que ajustou contas com o passado.
 
Há três anos mudou de vida e assumiu um papel para que não parecia vocacionado: criou a Lobitus Garden Horto e confessa-se realizado.
 
"Fizemos experiências com árvores autóctones, cujas sementes estamos a tirar da área do Balombo e do Bocoio (província de Benguela). Brotaram bem, estão bem de saúde, e temos capacidade, quando nos for solicitado, de produzir milhões de espécies", afirma, orgulhoso.
 
Consigo trabalham 42 pessoas. Ajudam-no no processo de criação de vida, que teve como ponto de partida a edificação de viveiros.
 
"Fazem-se os viveiros. Depois de as plantas brotarem, geralmente na quarta folha, como nós chamamos, fazemos o transplante para os sacos pequenos. Vamos acompanhando o desenvolvimento da planta. Quando atingir uma determinada altura, em função das espécies, evolui para um saco médio, depois para um saco grande e depois para o chão", explica.
 
Convertido à nova identidade, Urbano Chassanha considera não ter sido difícil a transição de ex-guerrilheiro para floricultor.
 
"Costumo dizer que a guerra não nos criou muitas opções. A paz cria-nos todas as opções possíveis e imaginarias. Não foi nada difícil. Gosto daquilo que faço e tenho interesse em fazer mais, porque é uma área, como disse, que me dá imenso prazer", frisa.
 
E Angola? Será que o país, saído há 10 anos de uma guerra civil que deixou milhares de mortos e estropiados e destruição para trás, está preparado para substituir as balas por flores?
 
"Penso que o país tem todas as condições para seguir em frente. As insuficiências são próprias de um processo que não é fácil Também ninguém vai pensar em facilidades para o futuro. É preciso trabalhar. É preciso trabalhar muito", diz.
 
"Acredito que com o tempo todas as feridas podem ser saradas. Também noto, com muito agrado, a ânsia das pessoas em aprender mais, se formar, o que é um sinal extremamente positivo e nós, mais velhos, estamos aqui para contar as histórias, provavelmente", adianta.
 
As memórias permanecem intactas e depois de o projeto atual entrar na "velocidade de cruzeiro" diz que vai insistir em passar para o papel as histórias que protagonizou.
 
"Estou a dar um compasso de criar este projeto, mas quando sentir que está em velocidade de cruzeiro terei depois tempo para me dedicar à escrita", conclui.
 

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