domingo, 15 de dezembro de 2013

CÚMPLICES DO DESASTRE EM GAZA – cartoon de Carlos Latuff

 


Chuva e neve têm deixado mortos e dezenas de desabrigados na região nos últimos dias
 
Carlos Latuff, Rio de Janeiro – Opera Mundi
 
O cartunista e ativista Carlos Latuff é colaborador de Opera Mundi. Seu trabalho, que já foi divulgado em diversos países, é conhecido por se dedicar a diversas causas políticas e sociais, tanto no Brasil quanto no exterior. Para encontrar outras charges do autor, clique aqui

Bachelet confirma favoritismo e, quatro anos depois, volta a ser presidente do Chile

 


Mais da metade dos chilenos, porém, optaram por não irem às urnas: abstenção foi de 60%
 
Victor Farinelli, Santiago – Opera Mundi
 
Às 18h55 da noite (19h55 de Brasília), quando o Servel (Serviço Eleitoral chileno) anunciou a parcial com 59% dos votos apurados, o Chile conheceu o nome da mulher que governará o país a partir do próximo mês de março e durante os próximos quatro anos. Ela é a socialista Michelle Bachelet, que também foi a primeira mulher a governar o país (entre 2006 e 2010) e agora volta à presidência.

Com 99,85% dos votos apurados, Bachelet tinha 62,15% do total neste segundo turno, superando a representante governista Evelyn Matthei, que foi ministra do Trabalho do atual governo de Sebastián Piñera e obteve 37,8% neste domingo (15/12) até o momento.

Poucos minutos depois do resultado ser definido, o comando de campanha de Evelyn Matthei divulgou uma nota oficial em que a candidata reconhecia a derrota. "A cidadania manifestou sua escolha e decidiu pela candidatura da nossa adversária. Da nossa parte, nos resta felicitar a vencedora, desejar o melhor para ela durante a gestão e garantir àqueles que votaram pela nossa proposta, especialmente a classe média esforçada deste país, que, apesar do revés de hoje, estaremos lutando, durante os próximos quatro anos, pelas ideias que eles querem ver defendidas".
 
Bachelet é a primeira figura política chilena a vencer duas eleições presidenciais e, com os novos quatro anos de mandato que terá pela frente, se tornará a presidente com mais tempo no cargo desde o retorno da democracia (em 1990).

A vitória de Bachelet é marcada também por uma alta taxa de abstenção, que tem sido regra nas eleições chilenas desde a instalação do sistema de voto facultativo. Neste domingo, a evasão eleitoral registrada foi de 60%.
 
Outra façanha de Bachelet foi alcançar o maior percentual da história das eleições chilenas, superando os 57,98% conseguidos por Eduardo Frei Ruiz-Tagle em 1994.
 
 

A CHINA E A REVOLUÇÃO BLOQUEADA

 


A China vive uma nova etapa: quer disputar o comércio mundial com produtos de valor agregado mais nobres e associar-se com capitais locais de outros países
 
Tarso Genro (*) – Carta Maior
 
Compartilho, com este artigo, uma pequena reflexão sobre a Revolução Chinesa e seu estado atual, pois creio que ela é, ao mesmo tempo, a grande virada do século XXI e o “canto do cisne” de uma certa visão socialista, extraída mecanicamente, tanto do marxismo economicista, como do idealismo voluntarista, que caracteriza algumas posições da esquerda socialista. Fica claro que estes comentários não pretendem transmitir nenhuma lição sobre o tema, nem impugnar linhas de abordagem já definidas dentro do espectro da esquerda sobre o assunto, mas manifestar uma opinião marginal sobre o tema para colaborar com um debate que será, creio eu, um dos mais importantes deste século.

A grave contradição entre instaurar relações de produção socialistas sem ter conhecido a revolução industrial, tendo que cumprir - com forças produtivas extremamente atrasadas - agendas de desenvolvimento e promoção social, muito além das possibilidades oferecidas pela técnica e pela ciência, pela consciência de classe e pelo contingente de trabalhadores envolvidos nestas tarefas, é a base, na minha opinião, do drama chinês para o progresso e, ao mesmo tempo, a demonstração da força extraordinária de um povo que se ergueu da miséria e do atraso e está construindo um grande país.

A China será a grande potência econômica e militar do Século XXI, superando os grandes países colonizadores e imperialistas do Ocidente industrializado, que deram as cartas ao mundo dos pobres nos últimos duzentos anos. Rússia, Estados Unidos, Inglaterra, talvez União Européia, estarão também no centro do tabuleiro mundial, olhando e interferindo numa nova relação de forças para promover seus interesses.

Assim como a crise americana atual interessa ao mundo, da mesma forma que o keinesianismo interessou a todos, para responder à crise de 29, o destino da China interessa-nos, também, em função de duas questões adicionais: sua crise ambiental e a originalidade do seu modelo de desenvolvimento. Eles condensam tanto os problemas originários do desenvolvimento capitalista típico, assim como os ambientais de um desenvolvimento socialista tradicional, ambos baseados numa exploração irracional da naturalidade, seja para a aceleração da acumulação (privada ou estatal), seja para concentrar lucros ou reparti-los.

Se a China vai desenvolver alguma semelhança com um socialismo tipo “soviético” - pensado por Lenin nos anos 20 do século passado - ou vai se encaminhar para uma espécie de “social-democracia” novo tipo, baseada na tradição milenar da centralização imperial chinesa, ainda é cedo para dizer. O que se pode afirmar, porém, é que a Revolução Cultural, iniciada nos anos 60, foi derrotada, e que a Revolução Nacional Popular, vitoriosa nos anos 50, não inaugurou qualquer estrada reta em direção ao que se pensava ser o socialismo, seja nos moldes do marxismo-leninismo tipo soviético, seja com fundamento na dogmática da Revolução Cultural.

Se compararmos o que está acontecendo na China nos dias de hoje, com os processos históricos mais próximos - em termos de desenvolvimento industrial e organização estatal moderna - como a Revolução Industrial Inglesa, a colonização interna dos EEUU e a sua modernização industrial como sucedâneo da dominação imperialista, o grande salto industrial da União Soviética a partir dos anos 30, chegaremos à conclusão que a formação da China atual - independentemente dos nossos juízos sobre as formas mais ou menos humanistas como estes processos se realizaram - é o mais formidável salto que um governo e um povo realizaram para melhorar a vida das pessoas e combater a miséria e a fome.

Como diz Edward Said, “o mundo, hoje, não existe como espetáculo sobre o qual possamos alimentar pessimismo ou otimismo, sobre o qual nossos ‘textos’ possam ser interessantes ou maçantes. Todas essas atitudes supõem o exercício de poder e interesses”. O otimismo voluntarista espelhado na violência da Revolução Cultural Chinesa (a revolução como estímulo moral para formação do homem novo desligado do passado e da tradição) e o pessimismo - de certa forma apologético - inspirado na “teoria da dependência” (que na política torna-se defesa do desenvolvimento subordinado aos países centrais) estão bloqueados.

De um lado, este “bloqueio” dá-se pela impossibilidade concreta da solidariedade entre os trabalhadores no plano internacional e, de outro, pela necessidade de que os países mais fortes - em termos econômicos e militares - disputem a melhor possibilidade para, na relação com países ricos em matérias primas e em terras, obter melhores condições para fortalecer-se perante os seus rivais militares e econômicos.

A impossibilidade da solidariedade “classista” nas lutas dos trabalhadores do mundo vem de que a fragmentação no processo produtivo e a concorrência intra-classe (entre os nacionais e imigrantes), impede programas comuns de luta contra as dominações internas e exacerba o corporativismo economicista.

Acresça-se a isso o fato que os países que ainda se mantém com a retórica do internacionalismo proletário vêem, na verdade, uma revolução nos países mais débeis -supostamente amigos- como uma instabilidade que pode bloquear “relações de cooperação”.

Os grandes movimentos anti-sistema da atual década, com sentido ainda que espontaneísta contra os poderes (sejam eles quais forem) vem dos jovens sub-empregados e desempregados, de uma pequena-burguesia ressentida por não poder fruir de maiores níveis de consumo, dos servidores públicos ainda com razoável nível de vida (comparados com os mais excluídos), vem de setores libertários de certas frações de classe, sendo quase nula a ação anti-sistema dos trabalhadores “com carteira”, ou seja, daqueles que numa virada revolucionária tomariam conta não só da produção, mas do poder político.

Lembremos: na visão marxista e tradicional da revolução, a classe operária (ou os “trabalhadores”) sujeitos da revolução, passariam a dominar, tanto o Estado, como a impulsionar a dirigir a revolução na produção, para não mais trabalharem como escravos modernos do capital. A esfinge chinesa nos indaga sobre tudo isso: de uma parte, é um mito que os trabalhadores chineses atuais são escravos do Estado ou tenham níveis de exploração mais duros do que a média dos países capitalistas de todo o mundo, assim como é um mito de que a “ditadura do partido” domina a vida de um bilhão e trezentas mil pessoas, a menos que se aceite que estas pessoas são seres inferiores alienados pela propaganda e pela repressão.

O que existe na China é um regime autoritário, baseado num intercâmbio de interesses entre o Partido Comunista Chinês, que controla o aparato de Estado e exerce uma plena hegemonia cultural –em termos de valores, produção científica e artística- e a ampla maioria do povo chinês, cuja vida melhorou muito nos últimos trinta anos, após as reformas dirigidas pelo Presidente Teng Hsiau-ping.

A China nunca teve uma democracia em moldes ocidentais e, se é verdade que seu modelo não cabe ser replicado a partir dos valores democráticos (ocidentais-iluministas), também é verdade que o seu regime não se manteria sem um alto grau de consenso, inclusive privilegiadamente em amplos setores das classes trabalhadoras. Se este regime manter-se-á, ou não, à longo prazo, dependerá dos maiores ou menores benefícios concretos que ele vai aportar na vida milhões de chineses nas próximas décadas. Mas o que creio ser certo é que se na China for adotado, em algum momento, um regime ocidental capitalista típico, o país vai é aumentar a miséria, o crime, exclusão e a violência social.

Da tomada do poder em 1950, até a Revolução Cultural na década de sessenta, a China lançou os fundamentos de uma Revolução Industrial Manufatureira com base numa exploração intensiva do campo. A partir desta base manufatureira, que se consolidou e ampliou com as reformas de Deng na década de 80 - superados os desatinos voluntaristas da guarda vermelha maoísta - exportando manufaturas aos bilhões e de baixo custo, a China acumulou reservas trilionárias. Este modelo se esgotou, não só pela resistência dos países importadores, como também pelas freqüentes violações às regras da OMC, após ter incluído na nova sociedade de classes trezentos milhões de chineses.

Passa a China, agora, para uma nova etapa: disputar o comércio mundial com produtos de valor agregado mais nobres, associar-se com capitais locais nos países que tenham regimes de cooperação de Estado para Estado, expandir suas empresas estatais e privadas para relocalizá-las em outros territórios, com muita terra, água e energia. Esta nova etapa da nação e do Estado chinês é que pode servir de oportunidade para países como Brasil, a Índia, a África do Sul e para os demais países que pretendam promover cooperações interdependentes sem submissão.

Essa cooperação só poderá ser consolidada tendo como interlocutores os BRICS, geridos por governos legítimos em Estados democráticos fortes, aparelhados para planejar e induzir o seu desenvolvimento econômico e social, com empresas privadas e públicas de alta qualificação tecnológica e gerencial.

A China, como qualquer mega-país, não estabelecerá relações de cooperação que não atendam os seus interesses históricos e as necessidades sociais do seu povo ou que prejudiquem a sua vocação hegemônica. Compete a cada país defender e preservar, sem romantismos, “seu poder e seus interesses” – como diz Edward Said - , transformando, pelos menos por agora, a utopia longínqua de um mundo “irmão” baseado no socialismo, pela utopia concreta de uma soma de países interdependentes, que preservem as melhores possibilidades para enfrentarem -através de cooperações negociadas soberanamente- a miséria e a exclusão.

Em 8 de agosto de 1966 o “Pekin Informa” n.33, publicou a seguinte nota: “A luta levada a cabo pelo proletariado contra o pensamento, a cultura, os hábitos, os costumes antigos, transmitidos por todas as classes exploradoras durante milênios, durará necessariamente um período extremamente longo. Assim, os grupos, comitês e congressos da revolução cultural, não devem ser organizações temporárias, mas organizações de massa permanentes, destinadas a atuar durante longo tempo.”

Levada a sério esta visão do PC chinês, naquela oportunidade, poder-se-ia concluir que os velhos hábitos e costumes antigos ganharam na China de Teng Hsiao-ping e que a contra-revolução venceu. Mas, se a contra-revolução venceu e tirou da miséria trezentos milhões de chineses até os dias de hoje e tirará mais duzentos milhões até o ano de 2023, não foi bom a contra-revolução ter vencido? Ou, quem sabe, não era uma contra-revolução? Os velhos, as crianças antes famintas, os jovens antes pobres e desempregados, as milhões de mães que não mais viram seus filhos se esvaírem na febre e na miséria são concretos. Talvez uma boa resposta também venha deles. Para o futuro.

(*) Governador do Rio Grande do Sul

Timor-Leste vai ter primeiro restaurante de hambúrgueres norte-americano

 


O primeiro restaurante de uma cadeia internacional de hambúrgueres norte-americana vai abrir em Díli, Timor-Leste, disse hoje à agência Lusa Sarib Awan, proprietário e empresário australiano a trabalhar no país há mais de 10 anos.
 
O restaurante da Burger King, marca criada em 1954 em Miami, nos Estados Unidos, vai abrir ao público no próximo dia 27 de dezembro em Dili, no centro comercial da cidade.
 
"Há três anos que estava a tentar abrir o restaurante e finalmente tive oportunidade de me reunir com responsáveis da marca para a Ásia e convencê-los a abrir em Timor-Leste", afirmou Sarib Awan, empresário na área da restauração.
 
Sarib Awan disse que está a investir no país há 12 anos e tem 11 negócios em Timor-Leste e que quando faz um balanço todos os negócios estão a crescer.
 
"Posso dizer que qualquer negócio que se abra em Timor-Leste tem futuro e as pessoas estão a começar a aproveitar as oportunidades", referiu, salientando que a classe média está a aumentar.
 
"Está a ter um crescimento fenomenal", afirmou.
 
A Burguer King está presente em 88 países, com mais de 13 mil restaurantes.
 
Lusa, em Sapo TL – com foto
 

NOVA ESPÉCIE DE PEIXE ENCONTRADA EM TIMOR-LESTE

 


13 dez (Lusa) -- A comunidade científica acolheu uma nova espécie de peixe (Evoita santanai), um pequeno animal rosa, lilás e branco que foi encontrado em Timor-Leste, segundo um blogue da National Geographic, que cita o jornal Zootaxa.
 
"É a primeira nova espécie de peixe encontrada no país, de acordo com a Conservação Internacional (CI), o grupo que fez a descoberta", lê-se no blogue Ocean Views.
 
A descrição do animal foi publicada no jornal Zootaxa esta semana, com base em quatro espécies recolhidas pelos cientistas no Parque Nacional Nino Konis Santana, o primeiro de Timor-Leste, e que fica situado em Tutuala, distrito de Lautem, na ponta leste do país.
 
Os investigadores descobriram o novo peixe em águas rasas durante uma ação em agosto de 2012 destinada a ajudar os funcionários a gerir o parque.
 
Os cientistas também descobriram que Timor-Leste é o terceiro país do mundo em diversidade de peixe em recife de coral.
 
Timor-Leste é um dos mais jovens países do mundo, tendo restaurado a independência em 2002.
 
AH // HB - Lusa
 

Timor-Leste aposta numa CPLP com cariz económico a partir da sua presidência

 


Díli 13 dez (Lusa) - Dar uma vertente mais económica à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é um dos objetivos de Timor-Leste, que vai assumir a presidência da organização em 2014, mas só depois do mundial de futebol do Brasil.
 
"Se nós não começarmos já a ver a comunidade a olhar para o setor económico vamos morrer" e "vamos ficar sem força", avisou o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão sobre a primeira presidência timorense da CPLP.
 
O primeiro-ministro timorense admitiu mesmo querer mudar a "face da CPLP" para uma comunidade de países com investimentos estratégicos, aproveitando as mais-valias e capacidade financeira de uns e as necessidades de outros.
 
A mesma opinião é partilhada pelo antigo chefe do governo timorense e líder da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri.
 
"O que nós pretendemos é que com a cimeira em si se possam estabelecer as linhas de atuação através de protocolos bilaterais e multilaterais e capazes de dar uma nova dinâmica para toda a comunidade, porque há necessidade", disse Mari Alkatiri.
 
Para Mari Alkatiri, o saudosismo tem dominado a CPLP, "parece que é só cultura e história", mas na organização, acrescentou, "há já países com capacidade de intervir".
 
Segundo o secretário-geral da Fretilin, a cimeira vai ser uma oportunidade para "lançar novas ideias".
 
Novas ideias que possam projetar a CPLP para o mundo e em especial para a região do sudeste asiático, defendeu, por seu lado, o presidente do parlamento timorense, Vicente Guterres.
 
"Nós, timorenses podemos ser uma plataforma para os outros membros da CPLP para a região. É benéfico para Timor, é benéfico para os países da CPLP e é benéfico para a região também", afirmou Vicente Guterres.
 
Vicente Guterres destacou ainda que os Estados-membros da CPLP têm uma "outra forma da visão da vida, de estar na vida", que deve ser partilhada com o sudeste asiático.
 
Outra forma de estar na vida que passa, também, por uma paixão comum pelo futebol, que levou já as autoridades timorenses a garantir que a cimeira de Díli só se vai realizar depois do Mundial de Futebol do Brasil.
 
"Faz sentido nós não realizarmos a cimeira durante o campeonato de futebol. O bom senso diz-me que temos de encontrar uma data posterior que seja aceitável para todos e pela nossa parte queremos é que os mais altos dignitários estejam presentes em Timor-Leste porque também queremos homenagear os países irmãos que nos apoiaram muitos anos", disse o chefe da diplomacia timorense.
 
Sem avançar se a cimeira se pode realizar num outro mês que não em julho, quando decorrem tradicionalmente as reuniões dos chefes de Estado e de governo, José Luís Guterres disse apenas que "talvez", mas que a data está dependente da agenda dos chefes de Estado e de Governo.
 
O mundial de futebol do Brasil vai realizar-se entre 12 de junho e 13 de julho de 2014.
 
Certo para já, é que a primeira presidência de Timor-Leste da CPLP, tem conseguido "popularizar" a língua portuguesa junto dos timorenses.
 
"É notório. O que tem acontecido nos últimos dois três anos com visitas constantes de políticos e jornalistas (timorenses) para países da CPLP e isso criou um novo interesse na juventude de aprender a língua portuguesa. Isso é notório e é bom que assim aconteça", afirmou Mari Alkatiri.
 
Segundo Mari Alkatiri, aquela "popularização" mostra "claramente" que se Timor-Leste conseguir ter uma presidência da CPLP pró-ativa ainda fazer conseguir reformar mais a presença da língua portuguesa no país.
 
De acordo com os censos da população realizados em 2010, dos poucos mais de um milhão de habitantes do país apenas 25,2 por cento fala e escreve o português.
 
O tétum, outra das línguas oficiais do país, é falado e escrito apenas por 56,1 por cento da população.
 
Timor-Leste aderiu oficialmente à CPLP em julho de 2002, durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo realizada em Brasília, após a restauração da independência em maio do mesmo ano.
 
MSE // PJA - Lusa
 

Timor-Leste empata com Indonésia e despe-se do torneio de futebol dos Sea Games

 


Díli, 14 dez (Lusa) - Um empate 0-0 com a seleção da Indonésia eliminou hoje Timor-Leste do torneio de futebol da 27ª edição dos Jogos do Sudeste Asiático, conhecidos por Sea Games, a decorrer na Birmânia.
 
Timor-Leste integrava o grupo B do torneio, juntamente com a Tailândia, Indonésia, Birmânia e Camboja.
 
A seleção timorense apenas ganhou por 3-2 contra o Camboja, tendo perdido por 1-3 com a Tailândia e a Birmânia.
 
A competição de futebol termina a 21 de dezembro.
 
Os Sea Games são disputados por 11 países do sudeste asiático, nomeadamente Timor-Leste, Indonésia, Birmânia, Tailândia, Camboja, Malásia, Vietname, Singapura, Laos, Brunei e Filipinas e incluem várias modalidades desportivas.
 
As Filipinas não jogam a competição de futebol.
 
MSE // NF - Lusa
 

Moçambique: HOMENS ARMADOS DISPARAM SOBRE VIATURAS EM MUXUNGUÉ

 


Homens armados voltaram a disparar sobre uma coluna de viaturas na região de Muxunguè, Sofala, no centro de Moçambique, e feriram três militares, disseram à Lusa fontes locais.
 
"Os confrontos em Muxunguè continuaram hoje. Foram fortes e há três militares feridos. A coluna da tarde não conseguiu sair" disse à Lusa José Luís, pároco de Muxunguè.
 
O ataque, atribuído a homens armados da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), maior partido da oposição, visou a viatura militar que escoltava a coluna de carros entre Save-Muxunguè.
 
"Deram entrada três feridos do ataque de hoje" precisou Pedro Vidamao, diretor do hospital rural de Muxunguè.
 
Este é o terceiro ataque registado esta semana na região, entre Zove e o rio Ripembe, onde o Exército tem uma posição.
 
Moçambique vive a pior situação de tensão político-militar desde a assinatura do acordo geral de paz, em 1992, assinado entre o Governo e a Renamo, pondo fim à guerra civil que durou 16 anos.
 
Têm sido registados vários ataques desde que o Exército ocupou a base da Renamo, onde vivia há um ano o seu líder, Afonso Dhlakama, agora fugitivo.
 
As escoltas militares de viaturas, ativadas pelo governo em abril, para garantir a segurança de pessoas e bens não têm sido suficientes para travar os ataques atribuídos a guerrilheiros da Renamo.
 
Lusa
 

Guiné-Bissau: HÉLDER VAZ ELEITO PRESIDENTE DA RESISTÊNCIA

 


O candidato à presidência da República Hélder Vaz foi eleito presidente de um partido que se encontrava dividido em várias fações, a Resistência da Guiné-Bissau, num congresso a que a Lusa assistiu.
 
O antigo diretor-geral da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi escolhido como líder no primeiro congresso extraordinário da organização, que decorre desde sábado, na vila de Safim, a 20 quilómetros a leste de Bissau
 
Hélder Vaz foi eleito por unanimidade e aclamação por cerca de 300 delegados oriundos de todas as regiões da Guiné-Bissau e da diáspora.
 
Em declarações aos jornalistas, Vaz, que regressou ao país na última sexta-feira, depois de viver nove anos em Portugal, afirmou que depois de unir a RGB (também conhecida por Movimento Bâ-Fatá) a tarefa seguinte é preparar o partido "para ganhar as eleições legislativas" de 16 de março.
 
De seguida, assinalou Hélder Vaz, a meta é formar um Governo "com os melhores filhos" da Guiné-Bissau, promover "a refundação do Estado" e desta forma executar o chamado "programa maior" de Amílcar Cabral (pai da independência da Guiné e Cabo Verde), ou seja, o desenvolvimento do país.
 
O novo líder da RGB, partido fundado na década de 1980, em Portugal, como principal opositor ao Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), propõe juntar-se a uma ampla frente de "pessoas e partidos" para promover a mudança na Guiné-Bissau.
 
Hélder Vaz afirma que o país "regrediu em todos os sentidos" desde que a sua formação política "desapareceu do cenário político" na sequência de disputas internas entre dirigentes.
 
O próprio Vaz afastou-se da vida política ativa na sequência das eleições legislativas de 2004, ganhas pelo PAIGC.
 
Agora voltou para levar a RGB a ser governo e ainda para ser eleito presidente da República.
 
"Sou candidato à presidência da República para dar respaldo ao Governo RGB", afirmou Hélder Vaz, valendo-se da experiência política acumulada em 40 anos.
 
Licenciado em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa e mestre em Administração e Gestão Pública na Universidade de Albany, nos Estados Unidos, Hélder Vaz foi deputado da Assembleia Nacional Popular, líder da bancada parlamentar da RGB e mais tarde presidente do mesmo partido.
 
O ponto alto da sua carreira política acontece em 2000, quando assume o cargo de ministro de Estado e da Economia e Desenvolvimento Regional num governo de coligação entre o Partido da Renovação Social (PRS, de Kumba Ialá) e RGB
 
Lusa
 

Três ministros demitidos pelo Presidente Djotodia na República Centro Africana

 


O presidente de transição da República Centro Africana, Michel Djotodia, demitiu hoje três ministros, de acordo com decretos presidenciais a que a agência France Presse teve acesso.
 
Os ministros da Segurança Pública, Josué Binoua, das Finanças e do Orçamento, Christophe Bremaidou, e da Pecuária, Joseph Bendounga, foram demitidos, assim como o diretor do Tesouro e da Contabilidade Pública, Nicolas Geoffroy Gourna-Douath.
 
De acordo com uma "declaração presidencial", "todos os movimentos nas diferentes contas do Tesouro público estão suspensos até nova ordem".
 
Fonte próxima do poder disse à AFP que "estes ministros foram demitidos porque não se sabe onde estão. Já não governavam".
 
Candidato às presidenciais de 2005, o pastor Josué Binoua, que também tem nacionalidade francesa, está atualmente em França, depois de ter sido levado pelo exército francês para a base militar de Mpoko há alguns dias.
 
Na sua casa foram encontradas armas que, segundo Binoua, se destinavam a agentes da segurança pública e estavam todas registadas.
 
"A decisão de me demitirem não me surpreende. Eles acusam-me, são coerentes. Não podia ficar na República Centro Africana devido às ameaças", afirmou por telefone à AFP.
 
O seu ministério, equivalente ao da Administração Interna, é um posto chave num país atualmente afetado por confrontos sectários que causaram mais de 600 mortos na última semana.
 
Bremaidou, antigo opositor do presidente François Bozizé derrubado em março pelo atual poder e dirigente do pequeno partido Aliança pela Solidariedade e o Desenvolvimento, assim como Gourna-Douath responderão pela situação catastrófica das finanças públicas.
 
Lusa
 

Mali: SEGUNDA VOLTA DAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS COM BAIXA PARTICIPAÇÃO

 


Os malianos votaram hoje na segunda volta de legislativas, que deverão restaurar a ordem constitucional no país depois do golpe de Estado de 2012, mas a participação terá sido baixa, segundo a agência France Presse.
 
Desde a abertura das urnas às 08:00 (a mesma hora em Lisboa) até ao encerramento às 18:00, jornalistas da AFP constaram uma baixa afluência em Bamako, confirmada por observadores malianos.
 
O Polo de Observação Cidadã Eleitoral (POCE), que destacou 3.300 observadores independentes em todo o país, indicou hoje à tarde que a afluência era "baixa na maioria das assembleias de voto, à exceção dos das circunscrições de Gao e Ansongo (norte) onde é relativamente maior que na primeira volta" a 24 de novembro.
 
Na primeira volta, a taxa de participação foi de 38,6 por cento, mais baixa do que nas presidenciais do verão, quando atingiu os 48,9 por cento.
 
A votação de hoje decorreu um dia depois de dois capacetes azuis senegaleses da ONU terem morrido num atentado em Kidal, nordeste do país.
 
Os cerca de 6,5 milhões de eleitores foram chamados às urnas para escolherem 128 dos 147 deputados da Assembleia Nacional. Na primeira volta ficaram preenchidos apenas 19 lugares.
 
Os resultados provisórios da segunda volta das eleições legislativas devem ser divulgados até sexta-feira pelo Ministério da Administração Territorial, antes de serem confirmados pelo Tribunal Constitucional.
 
Lusa
 

Duas aventuras pan-europeias: Asterix em Bangui e a roleta russa da Santa Aliança

 

Rui Peralta, Luanda
 
I - São famosas as intervenções francesas em África. Apenas relembrando as dos últimos tempos temos: a Costa do Marfim (utilizando veículos da ONU, para retirar do poder um presidente incómodo aos interesses franceses e o Mali (em curso). Por apurar, ainda, o papel da França no genocídio do Ruanda e no presente a intervenção francesa na Republica Centro-Africana (será que caçarão o “mau da fita”, Abdallah Hamat?). Têm também no seu historial pós-invasão uma série de “eleições”, “legitimando” os governos neocoloniais nascidos das suas intervenções. A lista das “obras” da França no continente africano é vasta: insegurança alimentar, subnutrição, carências sanitárias, exploração dos recursos naturais, neocolonização, criação de governos fantoches (e sua manutenção no poder) e militarização do continente são apenas alguns itens de tão vasta lista.
 
A França decidiu exercer a sua faceta de poder colonial em África, de forma aberta e “transparente”. E tal como acontecia com os regimes coloniais no inicio da expansão europeia em África (a colonização era legitimada por bula papal) a França legitima os governos fantoches no continente através da “qualidade democrática” dos seus funcionários autóctones (assim foi na RDC, Mali e Costa do Marfim, por exemplo, sempre com o histórico balão de ensaio senegalês por detrás, colhendo as lições do “frére” Senghor). 
 
A intervenção francesa na Republica Centro Africana tem alguns personagens que vale a pena mencionar. Abdallah Hamat é um desses personagens típicos que pululam pelo continente. Autodesignado general ascendeu á ribalta como lugar-tenente de Michel Djotodia, coordenando acções militares decisivas para a expulsão do presidente François Bozizé. Acusado de vários homicídios, Hamat ficou no centro do tabuleiro com um ataque que comandou no passado dia 10 de Novembro, acção que aparenta ter um cunho religioso.
 
Uma vez mais a “ameaça islâmica fundamentalista” serve para tapar peneiras e na Republica Centro Africana não foi necessário fomentar núcleos da al-Qaeda para justificar a invasão: bastou a figura do Hamat - o que reduz substancialmente os custos da intervenção – para o Conselho de Segurança da ONU autorizar que soldados franceses e da União Africana (sempre por arrasto, esta figura pateticamente apática da UA). O cenário é confuso. As milícias SELEKA, islâmicas, apoiantes de Michel Djotodia, que em Março foram decisivas para depor François Bozizé são comandadas pelo tal Hamat e controlavam Bangui, a capital. Do outro lado estão as milícias cristãs designadas por “antibakala” leais a Bozizé.        
 
O problema é que os franceses, chegados ao terreno, defrontaram a SELEKA, mas devido aos ataques sucessivos dos leais a Bozizé á capital, acabaram também por envolver-se em combates com as milícias cristãs. Quanto ao presidente interino, Michel Djotodia, quando em Setembro anunciou a dissolução da SELEKA – seus apoiantes – viu rebentar uma onda de violência na capital, levada a cabo por milicianos islâmicos que não aceitavam a dissolução, perdendo o controlo da situação.    
 
O contingente da UA que se encontra no país, em missão de paz, é composto por 2 mil e 500 soldados, com a típica desorganização dos contingentes da UA e as limitações de financiamento que caracterizam estas intervenções africanas. Este contingente deverá ser enquadrado em força de Paz da ONU, em Julho de 2014, quando o Conselho de Segurança se reunir para reavaliar a situação na Republica Centro Africana, caso a instabilidade persista. Neste caso a MISCA (a força de paz da UA na Republica Centro Africana), será reforçada com mais mil efectivos.
 
Desta forma a ONU poupa dinheiro, passando as despesas para a UA, deixando todos os parceiros contentes: a UA porque desta forma vê a sua politica de “resolução africana para os assuntos africanos” (leia-se: soluções que transformar-se-ão em parte do problema a medio prazo) e o Ocidente poupa dinheiro e limpa as mãos do assunto, deixando-as livres para o caso de uma intervenção futura, quando o descalabro da UA for irremediável e a terra já estiver queimada, podendo então fazer o que muito bem apetecer, pois tudo estará justificado.    
 
Em 1997, o país foi palco de uma missão similar, mas a França cansou-se de sustentar a prolongada estadia, acabando por reduzir as operações ao mínimo, criando, desta forma, as condições necessárias para uma intervenção mais directa, como aconteceu agora. É evidente que os resultados são, como sempre, sentidos pelas populações de forma dramática: cerca de 160 mil refugiados, 240 mil desalojados e largas centenas de mortos. É o preço que os Povos pagam pelas soluções neocolonialistas (Será que já estão a preparar um programa de recuperação “afrocapitalista” para a Republica Centro-Africana? De certeza que as elites que se escondem por detrás da falsa “acumulação primitiva” – leia-se: esbanjamento do presente e anulação do futuro – já devem ter uma das suas sábias e pragmáticas soluções na manga).
 
II - Anteriormente com Sarkozy e actualmente com Hollande, a França alterou procedimentos e mecanismos da sua política externa. Encabeçou as potências ocidentais na agressão á Líbia e impôs a linha mais dura do ocidente em relação á intervenção na Síria. Transformados em “falcões” os franceses intervieram unilateralmente no Mali e François Hollande foi recebido como herói gaulês em Israel, aplaudido pelos profetas da desgraça que impõem os seus delírios ao povo hebraico. O mesmo Hollande acabou de enviar tropas para a Republica Centro Africana, para “restaurar a ordem” (será que os lideres gauleses tentam substituir a milenária “Pax Romana” por uma mais actualizada e eficaz “Pax Gauloise”?
 
Esta é a mesma França que no início do presente século XXI foi ridicularizada pelo Congresso dos USA, devido á sua recusa em seguir a intervenção norte-americana no Iraque e que renunciou publicamente á “Francafrique”, considerando-o um “comportamento inapropriado”. Então como explicar esta viragem na política externa francesa? A explicação tem vertentes internas e externas. Nos factores internos é de salientar um movimento migratório, provocado pela História colonial francesa: o grande número de cidadãos islâmicos, na sua maioria pobres, ou usufruindo de baixos rendimentos, com muitos dos jovens islâmicos franceses – sentindo-se sem perspectivas e sofrendo com um problema de identidade, devido á sua condição proletária - a serem atraídos pela extrema-direita islâmica.
 
Ainda que esta viragem na politica externa seja sentida em todo a região pan-europeia, ela foi particularmente forte na França, evocando uma reacção politica interna, em que deve também ser salientado a xenofobia da extrema-direita francesa (Frente Nacional) e de uma tendência que se faz sentir na esquerda politica e no “centro-esquerda”, como a representada pelo ministro do Interior, Manuel Valls, do Partido Socialista, cuja principal actividade é reprimir a migração ilegal e em particular as comunidades islâmicas. 
 
Esta política, cujo lema é “Responsabilidade de Proteger”, percorre todo o espectro político francês, da direita á esquerda, principalmente nos sectores pantanosos do “centro” (“centro-direita” e “centro-esquerda”). Uma das suas figuras principais é Bernard Kouchner, fundador dos Médicos sem Fronteiras (MSF), que foi primeiro-ministro de Sarkozy. Outro dos seus arautos é Bernard-Henri Levy, que foi conselheiro de Sarkozy, função que continua a exercer para Hollande.
 
No entanto é nas dinâmicas externas que poderemos encontrar um factor de maior importância, para entender o que se passou com esta viragem, aparente, da política externa francesa. Desde 1945 que a França luta para manter-se como figura de maior relevo no cenário mundial. Neste esforço a França teve que contornar um obstáculo: USA. Para Charles de Gaulle a preocupação primordial era a França reassumir o seu papel mundial e reafirmar-se nas arenas internacionais. De Gaulle tentou de muitas formas, desde a aproximação com a União Soviética, o seu distanciamento em relação á NATO, a sua forte relação com Israel (principalmente na guerra da Argélia), num momento em que as relações de forças na ONU impulsionavam uma direcção oposta (foi a França que armou Israel, no ataque conjunto franco-britânico-israelita ao Canal do Suez, em 1956).
 
O vínculo especial com Israel terminou em 1962, depois da independência da Argélia e a França demonstrou-se mais preocupada em renovar as suas relações (e influencia) com as ex-colónias do Norte de África. Esta política não foi apenas uma política gaullista, tendo sido assimilada por muitos socialistas franceses e por muitos sectores não gaullistas á esquerda e á direita do espectro politico francês. A Grã-Bretanha e os USA sempre foram (desde a Segunda Guerra Mundial) os dois grandes fantasmas da política externa francesa, dois concorrentes poderosos, que viam na França um parceiro difícil de controlar e excessivamente espicaçado por uma competição desenfreada pelos lugares cimeiros da política internacional.
 
A crise económica internacional, que afecta com particular dureza as economias capitalistas do Ocidente levou a uma cartelização dos interesses do capitalismo, provocando uma estratégia imperialista de concertação em torno de interesses geoeconómicos comuns. Neste novo cartel a França assume o lugar de “falcão”, desempenhando com graciosidade o papel de “polícia mau”, assumindo a “linha dura” no combate ao “inimigo islâmico”. É assim, que depois de um longo interregno (desde 1962) que Israel volta a ver a França como o seu melhor amigo (ainda que este não seja um amigo tão poderoso como os USA).  
         
Existe no entanto um factor que não permite que a França assuma o seu “destino napoleónico” (esse complexo imperial da burguesia francesa desde a sua ascensão a força dominante na sociedade francesa): o caótico cenário geopolítico da actualidade. Na Ásia Ocidental (Médio-Oriente) existem potências regionais imprevisíveis, que impedem a França de jogar, aqui, um papel primordial. Muito menos a Ásia Oriental (apesar do peso histórico da França por essas zonas) é um cenário favorável para as elites francesas passearem as suas plumas pós-modernistas.
 
Resta África, o único continente onde a França pode reassumir um papel central, aparecendo lado a lado (mas um pouco mais á frente) dos USA e da Grã-Bretanha (graças não apenas á cartelização de interesses, como também ao factor migratório, que permite aos franceses terem agentes provocadores mais baratos e conhecedores do terreno). E a França aproveita a oportunidade oferecida, continuando a cantar os “Enfants de la Patrie”, mesmo que sejam “enfants terribles”, filhos bastardos de uma França madrasta.   
 
III - A região pan-europeia pode ser dividida em dois polos geopolíticos e geoeconómicos concorrentes. Uma área aparentemente integrada a vários níveis (U.E) constituída por um núcleo monetário – a Eurolândia – e uma outra adversa ao actual projecto europeu e dominada pela Rússia. Esta ultima região pan-europeia (e também meta-europeia, uma vez que abrange vastos territórios não só da Eurásia, mas também da Ásia Oriental) com uma forte tradição autocrática é de difícil sedução para os seus vizinhos europeus (principalmente para as classes médias) que anseiam por se integrar na U.E.
 
Este conflito entre a Rússia e a U.E passa na actualidade por um período de alta conflitualidade na Ucrânia. Apesar da proximidade cultural e histórica entre ucranianos e russos (sem esquecer a existência na Ucrânia Ocidental de uma minoria histórica russófoba) a Rússia não apresenta qualquer atractivo para as classes médias ucranianas, que procuram afirmar-se na sociedade ucraniana. Esta classe média (maioritariamente média-baixa) vê na U.E a possibilidade de maior enriquecimento, assim como no Ocidente uma panaceia para os seus problemas centrais (como ficou patente na “Revolução Laranja”) e olha para Oriente com algum receio e incerteza.    
 
Este receio das classes médias ucranianas em relação aos seus vizinhos tem, obviamente, o respaldo dos sectores da burguesia ucraniana (as classes médias caracterizam-se por um comportamento acéfalo, que obedece a dois inputs fundamentais: a vontade de enriquecer e o medo de empobrecer) que apenas poderão assumir um papel preponderante e de domínio total se diluírem-se no seio da Europa Ocidental (esta é uma questão histórica para a burguesia ucraniana e que marca fases decisivas na História da país).
 
Os dois modelos concorrentes de capitalismo na região pan-europeia (um modelo liberal que hesita entre a incerteza da liberalização total e as indecisões neokeynesianas, no lado da U.E e o modelo russo de desenvolvimento, assente no capitalismo de estado, tendencialmente oligárquico, consequência do socialismo real e do caos reinante durante o período de transição para o capitalismo) confrontam-se na Ucrânia em função destes factores de dinâmica interna, mas também de importantes factores de dinâmica externa, de raiz geopolítica e geoeconómica. A Ucrânia é uma fase actual (como o foi a Geórgia num passado recente) da longa batalha travada entre a U.E e a Rússia. O Ocidente (NATO e U.E) tenta evitar a todo o custo a consolidação geopolítica da Federação Russa – e geoeconómica, afirmando o controlo da “rota do gás” por parte da Rússia – e a Rússia, que volta em “pleno” (politica e economicamente) ao palco global, tenta reafirmar-se como potência.      
 
Com a dissolução da URSS em 1991 e posterior separação da Ucrânia, as relações entre os dois países tem-se constituído por acordos mais ou menos instáveis em matéria de gás ou da presença da frota do Mar Negro nos portos da Crimeia. A actual estratégia ocidental actua sobre o sector energético e abrange uma miríade de formas que vão desde as rotas alternativas aos gasodutos russos até às medidas anti monopólio contra a GAZPROM, tudo montado a partir de Bruxelas. Estas constantes pressões ocidentais, com repercussões negativas sobre a Ucrânia, levaram a Rússia a aumentar a sua exportação de gás para Oriente – China, Japão e Coreia.
 
A Rússia apresenta-se segura dos seus objectivos. Tem obtido vitórias plausíveis na política externa, com a desmontagem do cartel OTAN / Estados do Golfo, formado para destroçar a Síria e mais recentemente com o acordo estabelecido entre a comunidade internacional e o Irão sobre o programa nuclear iraniano. Esta atitude de conforto e de confiança por parte dos russos contrasta com a atitude beligerante e arruaceira da U.E.
 
A Alemanha continua amarrada ao seu papel na Revolução Laranja, apoiando directamente duas das forças politicas que organizaram os protestos (através da Fundação Konrad Adenauer, da CDU), advertindo o Presidente ucraniano contra o uso da violência e qualifica o sistema judicial ucraniano de “justiça selectiva”, ao referir o caso de Júlia Timochenko, a magnata pró-Ocidente (uma das figuras de proa da Revolução Laranja, que pouco tempo depois atolou-se em escândalos de corrupção) enquanto Guido Westerwelle o (ainda) ministro das relações exteriores do gabinete germânico passeia-se pelas manifestações de Kiev, por entre as bandeiras do SVOBODA, um partido antissemita da extrema-direita ucraniana. Para além da Alemanha, a Polonia e a Suécia, através dos respectivos ministros das relações exteriores, expressaram o seu apoio aos manifestantes ucranianos pró U.E e o primeiro-ministro polaco chegou a intervir em comícios e encontros realizados em Kiev.
 
Estarão os líderes da U.E a entrarem num processo de senilidade acentuada que já os fazem esquecer princípio básicos do direito internacional, como o da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados? Ou será que foram tomados pelo “amigo alemão” (Alzheimer)?  
 
IV - Mas, sobre os acontecimentos na Ucrânia, existe um aspecto que não é referido em qualquer meio de comunicação social: o estabelecimento da “Profunda e Completa Área de Livre Comércio” (DCFTA- Deep and Complete Free Trade Area). O que é a DCFTA? Para respondermos a esta questão, vejamos um pormenor crucial da balança comercial ucraniana (e que permitirá uma melhor compreensão deste mecanismo): a Ucrânia exporta cerca de 15 mil milhões de euros para a U.E e importa desta, cerca de 24 mil milhões de euros. Ora, o DCFTA contribuirá para uma maior integração económica com o mercado interno da U.E. através da adopção de medidas legislativas por parte dos ucranianos. Isto inclui a eliminação de todos os obstáculos ao comércio, serviços e ao fluxo de investimentos (em particular com os investimentos no sector energético).
 
Uma vez que a Ucrânia incorporou-se ao Acervo Comunitário Europeu a U.E concede-lhe acesso a todos os mercados internos europeus. Por enquanto, como o DCFTA ainda não entrou em vigor, as taxas aduaneiras e outras barreiras alfandegárias ou fiscalmente mais vastas, ainda fazem-se sentir nos custos das operações e transacções entre a U.E e a Ucrânia (mesmo que sejam mais baixas e existam algumas isenções), mas quando o DCFTA estiver em vigor os operadores económicos pouparão cerca de 750 mil milhões de euros por ano, em taxas, impostos e direitos.
 
Dadas as disparidades (evidentes nos números acima apontados, da balança comercial ucraniana) – e para dar uma ideia mais vasta do actual panorama o poder económico da U.E é 40 vezes superior ao Ucrânia e o quantitativo de investimentos europeus é 11 vezes superior – não é difícil imaginar que percentagem dos 750 milhões de euros em poupanças, gerados pelo DCFTA, pertence á U.E e qual a que é pertença da Ucrânia e aos quais é necessário adicionar os números da liberalização dos investimentos, uma mais-valia incalculável para os investidores da U.E, se atendermos a que os investimentos da U.E na Ucrânia, na área de infraestruturas (transporte, energia, meio ambiente e equipamentos sociais) estarão cobertos por financiamentos adicionais destinados a cobrir eventuais necessidades de tesouraria.
 
O que na verdade está a acontecer com a DCFTA é a completa assimilação jurídica da Ucrânia por parte da U.E (fornecedora, com 40 vezes mais capacidade de capitalização e 11 vezes mais capacidade de investimento). O principal propósito das leis e dos regulamentos comunitários da U.E tem como pano de fundo a eliminação dos mecanismos institucionais que possam proteger os mercados nacionais dos estados membros da U.E, abrindo-os completamente a condições alienígenas para os quais estes mercados não se encontram preparados, ou perante os quais não têm qualquer mecanismo orgânico ou interno de defesa. Por fim uma outra questão é abordada no DCFTA: a mobilidade. O máximo de mobilidade (livre-circulação) de mercadorias, serviços, bens e capitais, mas um extraordinário vazio sobre uma mobilidade que é fundamental para um efectivo desenvolvimento e fortalecimento da Ucrânia: a livre-circulação de pessoas, sob a forma de mão-de-obra. Para a economia ucraniana é importante o factor migratório, no sentido de abarcar mão-de- obra tecnicamente especializada, mas também no sentido de fazer escoar a mão-de-obra excedente para a U.E, ao mesmo tempo que permitiria uma maior abertura do ensino medio e superior através do intercâmbio com instituições da U.E, novas especializações, melhor qualidade de ensino, etc.   
 
Mas a profundidade do DCFTA limita-se á livre circulação de capitais, bens, serviços e mercadorias. As pessoas (o factor humano) ficam de fora, ou com “livre-circulação” de um sentido apenas. Claro que falar em questões que deveriam ser abrangidas por estes acordos, como a globalização da Segurança Social, através de mecanismos de capitalização global de fundos internacionais, regionais, ou intercontinentais, está completamente fora de questão. Livre circulação de Capitais, serviços e mercadorias, sim! Livre circulação de pessoas e políticas sociais (mesmo através da capitalização de fundos), não! 
 
V - Pelo conjunto de factores (internos e externos) acima descritos seria lógico prever que os protestos na Ucrânia contra decisão do governo de Victor Yanikóvich de não assinar o Acordo de Associação com a União Europeia (com mais de mil e quinhentas páginas, do qual o DCFTA é um anexo) assumiram formas violentas, em escalada de intensidade. E isto acontece porque estamos perante uma operação de desestabilização, em que as dinâmicas internas (o descontentamento das classes médias e as aspirações das burguesias – financeira, comercial, industrial e agrária – da Ucrânia) foram doutamente explorados e cruzados com as dinâmicas externas.
 
O auge da intensidade dos conflitos foi atingido no dia 1 de Dezembro, com a ocupação de edifícios públicos por parte dos manifestantes. No dia anterior a BERKUT – o corpo especial da polícia ucraniana – dispersara violentamente uma manifestação pacífica em Maidan, na Praça da Independência. Os protestos alargaram-se a grande parte do território, com especial incidência em Kiev e na Ucrânia Ocidental (tradicionalmente um bastião pró-ocidental) mas também em Dnipropetrovsk, na Ucrânia Oriental.
 
O modelo proposto pelo Acordo de Associação com a U.E choca com a adesão ao projecto russo da União Euroasiática, que engloba também o Cazaquistão e a Belo-Rússia. Este projecto, a longo prazo representa uma saída de estabilidade para a débil economia ucraniana, mas que não é viável para a burguesia ucraniana (que será asfixiada e subordinada ao Estado) e muito menos para as classes médias (que passarão por um breve processo de proletarização, que elas tanto temem). Para as camadas mais desfavorecidas da população e para os sectores administrativos (académicos, elite administrativa, elite tecnocrática) esta representa uma forma de escapar á deterioração das condições de vida e adquirem (principalmente os trabalhadores assalariados da industria e trabalhadores agrícolas) uma posição de maior importância na sociedade ucraniana, sendo algumas das suas reivindicações satisfeitas.
 
De um modo geral e pesando vantagens e desvantagens, a União Euroasiática representa um reforço da soberania nacional e popular da Ucrânia e uma integração mais efectiva nos mercados globais, pois não se encontrará sujeita aos ditames das obrigações impostas á regionalização europeia, que transformariam a Ucrânia numa economia periférica, produtora de grão e de carvão e fornecedor de mão-de-obra barata. Por outro lado a União Euroasiática representa também uma forma da Ucrânia rentabilizar a sua dependência em relação ao gás russo (baixando o custo e ampliando os créditos a juro mais baixo, por exemplo, ou assumindo uma parceria para a reexportação – adquirindo vantagens nos mercados europeus - com a GAZPROM). É bom não esquecer que mais de 60% das exportações ucranianas vão para o mercado russo, pelo que a União Euroasiática representaria um importante polo de desenvolvimento para o sector exportador ucraniano, diminuindo desta forma o peso e o impacto das importações.
 
As elites ocidentais, pan-europeias, do capitalismo contemporâneo, obrigadas – contra vontade - á cartelização, sofrem de um problema que advém dos tempos recentes das “economias de casino”: viciaram-se no jogo. E se a Sul, os jogos africanos são mais rentáveis do que nunca, a Leste iniciaram-se os jogos euroasiáticos… Vinde, Senhores! A adrenalina de vasto mercado espera-vos… (embora na Eurásia, dos Gauleses, nem murmúrios).       
 
Fontes
Böröcz , József  The European Union and Global Social Change: A Critical Geopolitical-Economic Analysis Rutger University Press, New Jersey, 2009
Ferrero, Àngel Ucrania: la bisagra entre Rusia y la !Unión Europea estalla en protestas http://www.sinpermiso.info
Wallerstein, Immanuel http://www.jornada.unam.mx/2013/12/08/  
 

África do Sul: MADIBA ENTERRADO COM HONRAS MILITARES EM QUNU

 


O ex-Presidente sul-africano, Nelson Mandela foi enterrado hoje com honras militares, junto dos seus próximos na sua propriedade em Qunu, aldeia no sudeste da África do Sul, na qual passou a infância.
 
O ex-Presidente foi sepultado na mais estrita intimidade, acompanhado unicamente pela família, amigos intimos e alguns convidados, em Qunu, onde Mandela pediu expressamente para descansar para sempre.
 
Helicópteros militares e aviões de combate sobrevoaram o local durante o enterro e 21 salvas de canhão foram disparadas em honra do herói que combateu o regime racista do 'apartheid'.
 
Nelson Mandela morreu, com 95 anos, a 05 de dezembro passado na sua casa em Joanesburgo, rodeado pela família, depois de uma longa doença.
 
Lusa
 

O PESADO LEGADO POLÍTICO DE NELSON MANDELA

 

Roger Godwin – Jornal de Angola, opinião
 
Digerido que está o desaparecimento físico de Nelson Mandela, com toda a carga de emoções, que estão patentes no modo como decorrem as cerimónias fúnebres, começam já a assistir-se a uma série de manifestações públicas que deixam perceber o peso e a importância do legado político que ele deixou para todos os sul-africanos.
 
A primeira dessas manifestações foi feita pelo antigo Presidente Thabo Mbeki que, usando da palavra numa cerimónia religiosa, lançou um apelo aos actuais dirigentes que pusessem a mão na consciência e analisassem se estão ou não à altura de dar cumprimento ao legado político deixado por Nelson Mandela.

Quase na mesma altura, as forças policiais foram chamadas a intervir para impedir que os apoiantes de Julius Malemba, antigo líder do Congresso Nacional Africano, se manifestassem frente ao local onde o Presidente Jacob Zuma se preparava para mais um elogio fúnebre a Nelson Mandela.

Estes dois episódios, a que seguiu a vaia pública que interrompeu um discurso presidencial em plena sala onde se encontravam cerca de 60 chefes de Estado dos diferentes continentes, são sinais da importância de que este momento se reveste, pois dele depende a manutenção do estado de união entre todos os sul-africanos e que constitui uma das principais bases de sustentação do apoio popular de que Nelson Mandela desfrutava. A escassos quatro meses da data prevista para a realização de eleições gerais no país, a morte de Nelson Mandela pode marcar a temperatura da campanha eleitoral e fazer reaparecer personalidades que não acompanhavam o discurso político que vinha prevalecendo.

Thabo Mbeki, desde logo, ressalta como sendo uma das figuras com quem Nelson Mandela mantinha algum distanciamento político, não obstante o facto de ter sido ele a personalidade que o substituiu na presidência do país. Desde logo porque algumas das medidas protagonizadas por Mbeki, como por exemplo a forma displicente como sempre tratou a questão do combate à sida, não mereceram o apoio de Mandela e cavaram mesmo algum desconforto no seio do ANC.

Um desconforto que se começou a desvanecer com a subida ao poder de Jacob Zuma e que serviu para separar e afastar do partido aqueles que mais se estavam a opor aquilo que se desenhava viesse a ser o agora tão falado legado político de Nelson Mandela.

Julius Malemba, um jovem político promovido por Winnie Mandela e que defendia uma radicalização do sistema político da África do Sul em relação àquilo que sempre foram as escolhas de Nelson Mandela, não perde uma oportunidade para fazer provas de força em relação à direcção do Congresso Nacional Africano, promovendo sucessivas provocações públicas e que podem incendiar ânimos mais exaltados.

Reflectir, neste contexto, sobre aquilo que se pode considerar o “legado político de Nelson Mandela” é um exercício complexo, mas todos na África do Sul falam sobre o assunto, havendo o perigo de desvirtuar aquilo que é a estratégia baseada num relacionamento positivo entre os diferentes actores do processo.

Durante algum tempo – espera-se mesmo que ele ultrapasse o período subsequente às eleições – a figura de Nelson Mandela vai continuar presente na política sul-africana e servir de “travão” para algumas oportunistas tentativas de pressão política sobre uma população que, essa sim, sente bem na pele a perda de uma duas suas principais referências, enquanto cidadão e nacionalista.

Este período tem igualmente que servir para que a classe política sul-africana, independentemente das suas opções partidárias, tudo faca para não perder tudo aquilo que conseguiu conquistar a custa dos exemplos de vida e de sabedoria dados por Mandela. A grandeza do país e a sua importância transcontinental fazem com que o mundo acompanhe de muito perto aquilo que são os próximos desenvolvimentos políticos que ali se vão registar, disso dependendo, em grande medida, a própria estabilização do continente africano.

Um país marcado por enormes desigualdades sociais, como é o caso da África do Sul, não se pode dar ao luxo de desaproveitar tudo o que conquistou ao longo dos últimos anos, com muito sangue, suor, lágrimas e também por força da determinação de um imenso leque de nacionalistas que viram em Mandela um exemplo que seguiram sem qualquer tipo de hesitação. O relacionamento político, económico e social que a África do Sul vinha mantendo com os seus parceiros continentais é uma garantia de que estes saberão cumprir o seu papel no auxílio às medidas que vierem a ser tomadas para garantir a manutenção da estabilidade interna. A presença maciça de altos dignitários nas cerimónias fúnebres de Nelson Mandela dão à África do Sul a garantia de que o país não está só neste difícil período, embora muitos deles apenas se tenham deslocado por uma mera obrigação de desempenho de funções.

Os desafios que os sul-africanos se preparam para enfrentar são imensos, as dificuldades muitas, mas as possibilidades deles serem vencidos com sucesso ultrapassam em muito eventuais divisões sustentadas em diferentes visões sobre o melhor rumo para seguir em frente.

Mais do que unanimidades políticas, a África do Sul precisa do engajamento de todos os seus filhos no esforço comum de trabalhar para que o sonho de Nelson Mandela não se transforme num imenso pesadelo.

Deste modo, o seu “legado politico” tem que ser encarado como um modo de prosseguir os seus esforços de unir a Nação, para que as desigualdades sociais, independentemente das opções políticas, fiquem cada vez mais esbatidas.

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