segunda-feira, 2 de outubro de 2023

O Ocidente prepara o cerco à China -- Michael Hudson

À beira de um fracasso na Ucrânia, mas tendo submetido a Europa a seus interesses, EUA voltam-se contra seu grande rival. Quais as bases de sua ofensiva econômica e geopolítica? Por que crescem as chances de ela também naufragar?

Michael Hudson* para The UnzReview | em Outras Palavras | Tradução: Maurício Ayer | # Publicado em português do Brasil

A cúpula da Otan de julho em Vilnius, Lituânia, teve um clima de funeral, como se tivessem acabado de perder um membro da família – a Ucrânia. Para varrer da sala o climão de fracasso da Otan em seu intento de expulsar a Rússia da Ucrânia e levar a aliança até a fronteira russa, os países membros tentaram reavivar os ânimos mobilizando apoio para o próximo grande combate – contra a China, que agora é apontada como o inimigo estratégico definitivo. Para se preparar para este confronto, a Otan anunciou o compromisso de estender sua presença militar até o Pacífico.

O plano é dividir os aliados militares e parceiros comerciais da China, sobretudo a Rússia, a começar pela guerra na Ucrânia. O presidente Biden disse que esta guerra terá alcance global e levará muitas décadas à medida que se expande para, por fim, isolar e dividir a China.

As sanções impostas pelos EUA contra o comércio com a Rússia são um ensaio geral para a imposição de sanções semelhantes contra a China. Mas só os aliados da Otan se juntaram à luta. E em vez de destruir a economia russa e “deixar o rublo em frangalhos” como previu o presidente Biden, as sanções da Otan tornaram o país mais autossuficiente, aumentando sua balança comercial e reservas monetárias internacionais e, portanto, melhorando a taxa de câmbio do rublo.

Para fechar a questão, apesar do fracasso das sanções comerciais e financeiras em seu objetivo de prejudicar a Rússia – e, aliás, apesar dos fracassos da Otan no Afeganistão e na Líbia –, os países da Otan se comprometeram a tentar as mesmas táticas contra a China. A economia mundial será dividida entre EUA/Otan/Aliança dos Cinco Olhos de um lado, e o resto do mundo – a Maioria Global – de outro. O comissário da UE, Joseph Borrell, chama isso de divisão entre o “jardim” dos EUA/Europa (o Bilhão de Ouro) e a “selva” que ameaça engolfá-lo, como uma invasão de seus gramados bem cuidados por uma espécie invasora.

Do ponto de vista econômico, o comportamento da Otan desde seu reforço militar para atacar os estados orientais de língua russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 foi um fracasso drástico. O plano dos EUA era sangrar a Rússia e deixá-la tão desamparada economicamente que sua população se revoltaria, derrubaria Vladimir Putin e restauraria um líder neoliberal pró-Ocidente que afastaria a Rússia de sua aliança com a China – e então prosseguiria com o plano infalível de mobilizar a Europa para impor sanções à China.

O que torna tão difícil avaliar o rumo para que a Otan, a Europa e os Estados Unidos estão tomando é que o pressuposto tradicional de que nações e classes agirão em seu próprio interesse econômico não ajuda muito. A lógica tradicional da análise geopolítica é considerar que os interesses comerciais e financeiros orientam a política de quase todas as nações. O pressuposto auxiliar é de que os governantes têm uma compreensão bastante realista da dinâmica econômica e política em ação. Prever o futuro é, portanto, geralmente um exercício de explicitação dessas dinâmicas.

O Ocidente dos EUA/Otan liderou a instauração dessa fratura global, mas será o seu grande perdedor. Os membros da Otan já viram a Ucrânia esgotar seu estoque de armas e balas, artilharia e munições, tanques, suprimentos bélicos de helicópteros e outros armamentos, que haviam sido acumulados ao longo de cinco décadas. Mas as perdas da Europa converteram-se em oportunidade de vendas para os EUA, abrindo um vasto novo mercado para o complexo industrial militar estadunidense reabastecer a Europa. Para obter apoio, os Estados Unidos patrocinaram um novo jeito de pensar o comércio e o investimento internacionais. O foco agora mudou para “segurança nacional”, o que significa garantir uma ordem unipolar, tendo os EUA como centro.

Ursula Von Der Leyen, a "guerreira" inspirada pelo hitlerismo e o debochado Tio Sam?


É notório que Ursula Von Der Leyen e seus cúmplices na UE, ao serviço dos interesses dos EUA, estão a arrastar a União Europeia para guerras contra a Rússia e contra a China. A grande maioria dos europeus - amorfos - não estão a saber contestar as escaladas das sementes de desumanidades que já germinam profusamente na Ucrânia e nos países da União Europeia. Os povos europeus não vão reagir contra os 'senhores e senhoras' da guerra?

Redação PG

SITUAÇÃO MILITAR NA UCRÂNIA EM 1º DE OUTUBRO DE 2023 (atualização do mapa)

South Front

-- UAVs russos atingiram uma instalação industrial em Uman;

-- UAVs russos atingiram uma instalação industrial em Kryvyi Rih;

-- UAVs russos atingiram a fábrica com o nome de Malyshev em Kharkiv;

-- Os UAV russos atingiram alvos na região de Zaporozhie;

-- Explosões trovejaram na região de Odessa;

-- Explosões trovejaram na região de Kirovograd;

-- Explosões trovejaram na região de Mykolaiv;

-- O UAV ucraniano foi abatido na região de Krasnodar;

-- Dois UAVs ucranianos foram abatidos na região de Smolensk;

-- A artilharia russa atingiu um posto de comando da AFU perto de Avdeevka;

-- A artilharia russa atingiu um posto de comando da AFU perto de Ukrainka;

-- A artilharia russa atingiu equipamentos da AFU perto de Rabotino;

-- A artilharia russa atingiu equipamentos da AFU perto de Novomikhailovka;

-- A artilharia russa atingiu equipamentos da AFU perto de Torskoye;

-- Os ataques russos destruíram o radar P-18 da AFU perto de Nikanorovka;

-- Os ataques russos destruíram um depósito de munições da AFU perto de Snegirevka;

-- Os ataques russos destruíram um depósito de munições da AFU perto de Volchansk;

-- O exército russo repeliu os ataques ucranianos perto de Rabotino e Verbovoye;

-- O exército russo repeliu os ataques ucranianos perto de Priyutnoye;

-- O exército russo repeliu os ataques ucranianos perto de Dibrova;

-- O exército russo repeliu os ataques ucranianos perto de Kleshcheyevka;

-- As forças russas destruíram 25 militares ucranianos, 2 veículos motorizados, 1 obus Msta-B e 1 Grad MLRS na área de Kupyansk;

-- As forças russas destruíram 65 militares ucranianos, 2 veículos blindados de combate, 2 picapes e 2 obuseiros D-30 na área de Krasny Liman;

-- As forças russas mataram e feriram 150 ucranianos e destruíram 2 tanques, 2 veículos blindados, 3 veículos motorizados, 1 sistema de artilharia Krab e 1 obuseiro D-20 na área de Donetsk;

-- As forças russas destruíram 35 militares ucranianos, 2 veículos motorizados, 1 FH70, 2 obuseiros D-20, 1 Grad MLRS na área de South Donetsk;

-- As forças russas destruíram 30 militares ucranianos, 1 tanque, 2 veículos blindados, 2 veículos motorizados, 2 obuseiros, sistema de artilharia 1M777 na região de Zaporozhye;

-- As forças russas destruíram 30 militares ucranianos, dois veículos motorizados e um obus D-30 na região de Kherson;

-- Os sistemas de defesa aérea russos abateram 37 drones ucranianos no último dia;

-- Os sistemas de defesa aérea russos derrubaram cinco projéteis HIMARS MLRS e uma bomba aérea guiada JDAM fabricada nos EUA no último dia;

-- As forças russas abateram o Su-25 ucraniano perto de Kleshcheyevka.

Ler/Ver em South Front:

Rússia conversa com o Azerbaijão sobre sua missão de manutenção da paz em Nagorno-Karabakh

Ucrânia matou e feriu mais oito civis em Donetsk (atualização do mapa)

Eric Zuesse: Que mudanças ocorrerão quando a China e a Rússia se tornarem as duas nações líderes do mundo

Situação militar no Iêmen em 1º de outubro de 2023 (atualização do mapa)

Soldados russos capturaram duas unidades militares ucranianas perto de Artemovsk

Soldado ucraniano capturado revela detalhes chocantes sobre o tratamento dispensado pelo comando ucraniano aos seus próprios militares.

Soldados das unidades do 1º Exército Blindado de Guardas do Grupo de Batalha Russo Zapad capturaram duas unidades militares mobilizadas das Forças Armadas Ucranianas (UAF) perto de Artemovsk (Bakhmut) na República Popular de Donetsk (DPR), um oficial da inteligência russa em serviço no área disse ao Sputnik.

“Dois grupos inimigos, todos mobilizados, foram tomados em posições a noroeste de Artemovsk”, disse um batedor.

Ele especificou que os soldados capturados pertencem à 77ª Brigada Aeromóvel e à 56ª Brigada Motorizada Separada das Forças Armadas Ucranianas (UAF).

'Estacionado nas trincheiras com nossos companheiros soldados caídos'

Os militares ucranianos são obrigados a manter posições perto de Artemovsk, onde os corpos dos seus camaradas mortos foram deixados para trás, disse Vitaly Melnichenko, um soldado capturado da 56ª brigada motorizada separada da Ucrânia.

“Quando chegamos às trincheiras, havia corpos em decomposição de soldados ucranianos que foram mortos há três, talvez quatro meses”, disse Melnichenko.

O prisioneiro acredita que nem as tropas ucranianas nem as russas estavam decididas a assumir estas posições devido à sua má localização. No entanto, a determinação da liderança militar ucraniana em enviar as suas tropas para lá permaneceu inabalável, uma vez que o seu objectivo era demonstrar o seu domínio firme sobre uma vasta extensão da região.

"Por que eles nos colocaram lá? Só para garantir mais terras?" especulou Melnichenko.

Eles acabam com seus próprios soldados

Um oficial de treinamento do grupo de batalha Yug, de codinome Aid (Hades em russo), disse ao Sputnik que a UAF está tentando matar seus próprios soldados, que se acredita terem sido capturados pelas tropas russas, antes que eles [os combatentes ucranianos] até mesmo cruzar a linha de frente. O objetivo é evitar uma possível violação de dados.

“Eles tentam acabar com os seus próprios prisioneiros, que serão acolhidos [pelos militares russos], para que nenhum deles diga uma palavra”, partilhou um oficial de treino.

O oficial de inteligência russo observou que o exército ucraniano fez recentemente uso extensivo de táticas britânicas do SAS (Serviço Aéreo Especial) .

Sputnik

Ler/Ver Sputnik:

Empresas chinesas reduzem vendas de drones e seus componentes para a Ucrânia – relatório

Verão quente nos EUA pode terminar com greve histórica na saúde

A ausência de financiamento da Ucrânia no projeto de lei provisória para a paralisação do Congresso dos EUA significa o fim do apoio?

Ucrânia: reunião surpresa dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE

Esta é a primeira reunião dos 27 Estados-membros na capital ucraniana e é histórica por ser igualmente a primeira realizada fora da União Europeia.

SIC Notícias

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia participam esta segunda-feira numa cimeira surpresa em Kiev, na Ucrânia, para debater a guerra na Ucrânia.

A informação foi avançada pelo chefe da diplomacia, Joseph Borrel, que também estará presente nesta sessão especial.

"Convoco hoje em Kiev os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, a primeira reunião dos 27 Estados membros a realizar-se fora da União Europeia", escreveu o representante da política externa da UE, numa mensagem difundida pela rede social X/Twitter.

Esta é a primeira reunião dos 27 Estados-membros na capital ucraniana e é histórica por ser igualmente a primeira realizada fora da União Europeia.

Um embaixador europeu, não identificado, disse à agência de notícias espanhola EFE que a realização do encontro em Kiev é uma demonstração de apoio à Ucrânia e ao processo de reformas com vista à adesão à União Europeia.

O encontro político apenas foi divulgado hoje por motivos de segurança, razão que levou também a que não fosse anunciado o local da reunião.

A reunião procura reforçar o apoio da Europa à Ucrânia num momento de divergências manifestadas por alguns Estados membros do bloco europeu devido à exportação de cereais ucranianos, especialmente a Polónia.

UE estável...

Maarten Wolterink, Holanda | Cartoon Movement

A Europa está a vender os seus valores.

Uma multidão nas ruas de Manchester contra os Conservadores e as suas políticas

No primeiro dia da convenção anual dos Tories, em Manchester, milhares de pessoas, guardadas por um grande dispositivo policial, fizeram questão de manifestar o seu desacordo com as políticas da direita.

À frente da mobilização, uma faixa da secção local da People’s Assembly, que convocou a manifestação, onde se lia «Acabem com a austeridade já!».

A organização, de carácter unitário, reúne um amplo espectro de sindicatos, organizações e movimentos – de pensionistas, deficientes, estudantes, desempregados, mulheres, jovens, trabalhadores, de defesa dos imigrantes, contra o racismo, pela paz e a igualdade de género, entre outros – na luta contra a austeridade, os cortes e as privatizações dos serviços públicos.

Muitos dos manifestantes que se mobilizaram este domingo foram organizados por sindicatos e outros pelo vasto leque de organizações que integram a Assembleia Popular, unidos pela crítica às políticas levadas a cabo pelo Partido Conservador (os Tories) e pelo «não» à destruição provocada no país.

Entre os manifestantes, encontravam-se enfermeiros de hospitais de Manchester, num contexto de êxodo massivo de profissionais do NHS (serviço público de saúde).

Face a aumentos inferiores à inflação e que funcionam como «cortes», a enfermeira Rachel Gray disse ao Morning Star que «querem mais respeito do governo» e que, para travar a saída de profissionais do sector, são necessários «salários justos».

Outro profissional, Jan, disse: «O aumento salarial é um corte salarial. Acabamos por pagar mais impostos e receber menos dinheiro.»

Sublinhando a necessidade de «um aumento salarial real para poderem sobreviver», lembrou que trabalham muitas horas. «A maioria dos enfermeiros faz turnos de 12 horas só para poder lidar com as facturas e hipotecas», alertou.

A Europa está cada vez menos democrática (Portugal também)

Paulo Baldaia* | Diário de Notícias | opinião

O populismo que avança a grande velocidade na Europa não é a Democracia a funcionar, como pretendem convencer-nos os que resumem a Democracia ao direito de votar. No limite, é a Democracia a funcionar mal. De cada vez que o povo de um qualquer país decide dar a vitória a um partido populista, à Esquerda e à Direita, intolerante com a diferença, não respeitador das minorias, é a Democracia desse país que é profundamente afetada, mas é também o projeto europeu que se assemelha cada vez mais àquilo que quer combater.

Um barómetro publicado o mês passado, encomendado pela Open Society Foundations, depois de ouvir mais de 36 mil pessoas de 30 países, muitos dos quais europeus, mostrava que "35% dos inquiridos com idades entre os 18 e os 35 anos consideram que ter um líder forte é uma boa forma de governar um país". Os jovens acreditam cada vez menos na Democracia porque ela não se mostra capaz de resolver problemas como as desigualdades sociais e as alterações climáticas, falando de problemas antigos, ou a habitação, problema mais recente. Sendo jovens, a grande maioria nasceu e viveu em democracia e, querendo fazer o contraponto, 42% dos inquiridos entre as camadas mais jovens consideram que um regime militar é uma boa forma de governar um país.

Um outro estudo, feito pela Universidade de Amesterdão e partilhado com o jornal The Guardian, diz-nos que um terço dos europeus vota em partidos antissistema. O estudo foi conhecido há duas semanas, mas a análise foi realizada em 2022, em 31 países. Nas eleições desse ano, um em cada três votos foram em partidos populistas, da Esquerda e da Direita.

A Europa foi acrescentando populistas, políticos antissistema, que visam quebrar a unidade no apoio às medidas de combate às alterações climáticas ou, como é o caso da vitória do populista de Esquerda Robert Fico na Eslováquia, pôr em causa o apoio à Ucrânia, que o mesmo é dizer pôr em causa o combate pela liberdade.

A independência do poder judicial, a liberdade de imprensa, a defesa dos direitos das minorias são apenas alguns dos parâmetros essenciais para avaliar a saúde da democracia e o que sabemos é que ela tem estado a dar sinais de enorme fragilidade em muitos países da Europa. Não há país que escape a esta onda populista, mas ela tem, por estes dias, um crescimento no centro e norte da Europa que tem tudo para se transformar num tsunami eleitoral nas eleições europeias de junho.

A Europa solidária com os refugiados e necessitada de imigrantes para manter a economia a funcionar é pasto para a Extrema-Direita. A Europa do BCE no combate à inflação, com a necessária subida das taxas de juros, é um bebedouro para a Extrema-Esquerda. A Europa aliada de Kiev, com a ajuda de milhares de milhões no esforço de guerra ucraniano e com as sanções à Rússia a pesarem na perda de poder de compra da maioria da população, é um banquete para a Extrema-Direita e para a Extrema-Esquerda.

Já não é uma questão de ser otimista ou pessimista - a longo prazo tudo se resolve -, mas é inevitável que o ataque ao sistema democrático se intensifique. Há demasiada gente descontente com um sistema que não encontra soluções para os principais problemas e ninguém as convence que as soluções apresentadas pelos extremistas não resolvem coisa nenhuma.

O mundo está mais perigoso. A Europa tem cada vez mais governos populistas, o Parlamento Europeu ficará também mais radical. Há uma probabilidade alta de Trump regressar à presidência dos Estados Unidos. Putin mantém-se firme, à espera que o tempo desgaste as opiniões públicas ocidentais e leve os seus governos a forçarem Zelensky a negociar a paz com perda de território. A Democracia vai passar um mau bocado, até que uma larga maioria das pessoas, já tendo experimentado pau e cenoura, se recorde do que nos ensinou Winston Churchill: "A democracia é o pior dos regimes, à exceção de todos os outros."

*Jornalista

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