terça-feira, 16 de agosto de 2016

A GUERRA. MOÇAMBIQUE JÁ FUZILA E QUEIMA CORPOS DOS SEUS CIDADÃOS




Seis pessoas fuziladas e queimadas no centro de Moçambique, sobreviventes afirmam que atacantes são das forças governamentais

Seis pessoas, cinco moçambicanos e um natural do Bangladesh, foram mortas a tiro e os seus corpos posteriormente carbonizados na passada sexta-feira(12) na localidade de Nangué, no distrito de Cheringoma, na província central de Sofala. “Os homens armados da Renamo interpelaram essa viatura e os seus ocupantes e levaram à cabo estas acções bárbaras” disse o porta-voz da Polícia da República de Moçambique(PRM) em Sofala todavia dois sobreviventes afirmara que os actos foram protagonizados por militares e agentes da PRM.

Poucas horas após a descoberta dos cadáveres carbonizados o porta-voz do Comando da PRM na província de Sofala, Daniel Macuácua, afirmou à imprensa que a viatura, que também foi incendiada, fazia o trajecto entre os distritos de Marromeu e Caia quando foi interpelado por um grupo de homens armados do partido Renamo.

Para corroborar a sua rápida investigação a polícia relacionou a proximidade do local onde aconteceu o fuzilamento e incineração dos corpos com outra localidade, Chissadze 2, onde há cerca de uma semana outra viatura, de uma instituição governamental, foi atacada e também incendiada alegadamente por homens do partido liderado por Afonso Dhlakama.

“Mandaram fazer uma fila dos moçambicanos e começaram a fuzilar um por um”

Contudo dois cidadãos que sobreviveram ao fuzilamento da passada sexta-feira(12) revelaram que os homens que os interpelaram e depois os tentaram assassinar são membros das Forças de Defesa e Segurança.

“Quando chegamos no rio os homens da polícia mandaram parar o carro, controlaram os nossos documentos, tiramos, e então disseram é preciso ficarem aqui à espera do comando distrital que quer conversar convosco. Disseram sobe lá no carro, eles tinham o carro deles, pequeno de quatro portas. O nosso carro eles disseram estou a pedir as chaves, motorista levou chave entregou. A partir daí só subimos no carro deles (polícia), tinha uma lona fora, e mandaram-nos dormir ali sete pessoas. Andamos uma distância muito longa, eu não estava a ver bem ali porque estávamos lonados (cobertos pela lona) e dali chegamos num sítio e pararam. Conversaram, conversaram entre eles, esse chefe com os soldados dele. Daí começaram a tirar-nos dentro do carro um por um e a fuzilar ali mesmo, um por um a tirar do carro e a matar ali mesmo com arma. Quando me tiraram eu saltei e comecei a correr, deram-me bala daqui (zona lombar) veio furar aqui em frente, caí numa mata e dormi aí mesmo” declarou ao canal televisivo STV um cidadão moçambicano que falou em anonimato a partir de uma unidade sanitária onde recebia cuidados médicos.

Um outro sobrevivente, um comerciante originário do Bangladesh, também entrevistado com a identidade protegida pelo canal de televisão privado STV, declarou que “Levaram-nos para o mato, tiraram os moçambicanos para fora e mandaram fazer uma fila dos moçambicanos e começaram a fuzilar um por um”.

“No fim os dois moçambicanos que restaram tentaram fugir mas levaram tiro, perderam sentidos e desmaiaram então os militares como agentes da PRM convictos que já morreram deixaram lá eles e vieram fuzilar a nós, eu e o meu amigo. Quando militar pegou-me, por trás, como eu estava de casaco, conseguir empurrar aquele agente militar e fugir. Empurrei a ele e comecei a fugir, começaram a disparar, só que eu não estava a correr recto estava a correr a desvios, então consegui escapar, entrei no mato até conseguir apanhar alguém”, concluiu o sobrevivente que disse ainda temer pela sua vida pois estará a ser procurado pelos seus algozes.

Propaganda optou agora "por essa de invasão de hospitais”

Desde que recomeçou a guerra entre as forças governamentais e os guerrilheiros do partido Renamo, há cerca de um ano, vários tem sido os incidentes e ataques à alvos civis que a PRM em tempo recorde atribui aos homens de Afonso Dlakhama não havendo provas nem evidências de investigações terem sido realizadas.

Segundo António Muchanga, o porta-voz do partido, "não há provas" de que os tiros que na semana finda atingiram viaturas da Televisão de Moçambique (TVM) e Rádio de Moçambique (RM) em Manica foram disparados por homens armados da Renamo.

“É forçado atribuir o ataque à Renamo, porque podem (os jornalistas) também ter sido atacados pelas Forças de Defesa e Segurança” disse ainda Muchanga acrescentando que a Renamo não ataca pessoas de bem.

Através da sua publicação oficial “A Perdiz”, na edição do dia 11, o maior partido de oposição refuta outros ataques que lhe têm sido atribuídos pelas autoridades governamentais.

“Nos últimos dias têm sido recorrentes as informações provenientes da propaganda da Frelimo em diversos cantos do País, de que homens armados da Renamo assaltaram uma vila e saquearam medicamentos nas unidades sanitárias locais”.

“Segundo a propaganda frelimista que inclui a polícia, os homens armados que eles dizem ser da Renamo, quando escalam às vilas, roubam medicamentos. Raramente se reporta o roubo de comida por tais “homens da Renamo”, como se a comida fosse menos importante que os tais medicamentos” afirma o boletim informativo.

“Depois de falhada a propaganda de que a RENAMO estaria a atacar viaturas civis, quando na verdade transportavam militares, agora optou-se por essa de invasão de hospitais” acrescenta em editorial a publicação que estamos a citar.

Recorde-se que membros das Forças de Defesa e Segurança entrevistados pelo @Verdade revelaram a existência de unidades de elite que têm como missão a eliminação de homens do partido Renamo, sejam militares ou civis.

Um militar declarou que as forças governamentais usam “carros com escritas MISAU (abreviatura do Ministério da Saúde). O comandante (nome omitido) requisitou ambulâncias para se poder entrar naquelas picadas e até máscaras”, para parecer que “somos da saúde”. “As escolas também são destruídas, para dizer que é a Renamo” acrescentou a fonte.

“A Força de Intervenção Rápida é que queima escolas, se não sabiam. Nós quando íamos atacar, quando entrávamos numa aldeia, começávamos a disparar de um lado para o outro, e todos fugiam. O comandante ligava e dizia que “os homens da Renamo fizeram isto aqui”, e logo vinham ordens superiores a dizer “destruam isso aí”, declarou um agente da PRM que pertence a uma unidade de elite e participou em mais do que uma missão que tinha o objectivo de eliminar fisicamente o presidente do partido Renamo.
Enquanto isso o diálogo político continua em impasse na capital do País.

@Verdade

ORÇAMENTO DE ANGOLA MAIS UMA VEZ NÃO PRIORIZA SAÚDE E EDUCAÇÃO



Analista afirma que desde 1991 as despesas com a Defesa e a Segurança são superiores aos investimentos nos setores sociais.

O Parlamento de Angola aprovou esta segunda-feira (15.08.2016) o Orçamento Geral do Estado (OGE) retificativo, que mais uma vez garantiu amplo investimento em áreas como a Defesa e Segurança, e não contemplou a Saúde e a Educação.

O ministro das Finanças de Angola, Armando Manuel, diz que o aumento da despesa com os serviços policiais é justificável pela crise económica que o país atravessa, o que poderia gerar um aumento da criminalidade.

Para o analista Carlos Rosado de Carvalho, o principal problema do OGE não é priorizar a Segurança e a Defesa, mas reduzir os gastos com a saúde e a educação. Segundo o analista, o corte em ambos os setores é de aproximadamente 40 mil milhões de Kwanzas.

Mesmo priorizando a Defesa e a Segurança, o OGE também reduziu as despesas nestes setores, que passaram de 14,4% no orçamento inicial de 2016 para 13,4% no plano atual. De acordo com Rosado, o OGE retificativo chega a ser pior do que o aprovado no início do ano pelo Parlamento.

A DW África entrevistou o analista, que fala ainda sobre o aumento das desigualdades em Angola e o que deveria ser prioridade nos investimentos do país.

DW África: Por que os gastos com Defesa e Segurança são maiores do que os gastos com Saúde e Educação juntos?

Carlos Rosado (CR): Isto é assim desde que há registos sobre o orçamento em Angola. Portanto, desde 1991 que as despesas com Defesa e Segurança são superiores às despesas de Saúde e Educação juntas. Só para nós termos uma ideia, as recomendações internacionais são que a Educação represente por volta de 20% do OGE, e que a Saúde represente por volta de 15%. E, portanto, o que nós temos nesta altura é que a Educação representa só 6,6%, logo três vezes menos do que aquilo que é recomendado internacionalmente; e a Saúde 4,4%, também três vezes menos do que aquilo que é recomendado.

DW África: Por que motivo a proteção social não contribuitiva é praticamente inexistente em Angola?

CR: Em países muito vulneráveis, com muitos pobres que vieram da guerra, em que as pessoas não contribuíram para o sistema, a proteção social não contribuitiva desempenha um papel fundamental. Mas temos muito pouco: a proteção social não contribuitíva representa 5% ou 6% dos gastos. O Governo aparentemente teme que as pessoas se habituem às transferências diretas e que depois não trabalhem. O Governo não quer uma política assistencialista, só que o nosso pobre está tão pobre que nem consegue ‘pescar com a cana'; não tem capacidade de fazê-lo. E, portanto, todos os estudos da UNICEF, do Fundo Monetário Internacional, apontam neste sentido: que deveria criar, sim, um programa de transferência de renda para as pessoas mais pobres e vulneráveis. Eu também estou de acordo, acho que assim podemos criar até maus hábitos, mas nós temos condições tão pobres, tão vulneráveis, que elas não conseguem sequer ir trabalhar. Eu espero que rapidamente o Governo mude de opinião e passe a dar mais dinheiro para a segurança social não contribuitiva.

DW África: E, apesar da crise, o Governo angolano tem condições de conceder benefícios sociais à população?

CR: Apesar da crise, tem que ter. Se nós temos dinheiro para gastar na Defesa e na Segurança, temos que ter dinheiro para atender as populações. Naturalmente que isto implica uma estrutura diferente do OGE, portanto não é com esta estrutura. E também ninguém defende uma alteração abrupta. Agora, nós temos que dar sinais de que estamos a mudar, e que queremos mudar. São esses sinais que não são vistos no OGE. Nós não gastamos em todo setor social aquilo que se recomenda internacionalmente apenas para a Saúde e Educação. Só a Saúde e Educação deviam levar 35% do orçamento, mas levam 11%. No total, o setor social leva 28%. Isto tem que ser prioridade, e do meu ponto de vista estas prioridades estão claramente mal estabelecidas.

DW África: E olhando para o orçamento retificativo, pode-se prever um agravamento da desigualdade?

CR: Aparentemente, sim. Já partimos de uma situação de desigualdade; já partimos de uma situação em que muita gente critica a forma como os recursos, que são escassos, são distribuídos.Provavelmente nós vamos assistir a um aumento das assimetrias, a um aumento das desigualdades.

DW África: Se a gente for comparar os problemas que o país enfrenta com a crise do petróleo, não é comparado ainda com o sub-financiamento da educação e da saúde, não é mesmo?

CR: O petróleo vai aumentar, vai diminuir, vai acabar, mas os angolanos ficam cá, e, portanto, aquilo que diferencia os países é a qualificação das pessoas e é a saúde das pessoas. Só com pessoas qualificadas e saudáveis é que nós temos produção, produtividade, e temos competitividade da economia. O nosso orçamento não privilegia estes setores.

Karina Gomes / TM

Angola. MPLA RECEBE A FINA FLOR DO ENTULHO PORTUGUÊS



Orlando Castro*

Toda a fina flor do entulho político de Portugal ruma a Angola para assistir ao Congresso do MPLA que amanhã começa, em Luanda. Os sabujos portugueses que, como se sabe, estão sempre do lado dos mais fortes (o regime) e contra os mais fracos (os angolanos), fazem-se representar em força.

O ex-vice primeiro-ministro português, Paulo Portas, vai ser um dos convidados especiais no congresso do MPLA. É uma forma, entre outras, de agradecer a bajulação e a sabujice de Portugal ao regime de sua majestade o rei de Angola, José Eduardo dos Santos.

No que diz respeito às delegações partidárias, Portugal estará representado com a fina flor do entulho: Carlos César e Ana Catarina Mendes, respectivamente presidente e secretária-geral adjunta do PS; Marco António Costa e José Matos Rosa, vice-presidente e secretário-geral do PSD; Rui Fernandes, membro da comissão política do PCP; Luís Queiró, presidente do congresso do CDS e responsável pelas relações internacionais do partido.

Palhaçadas recentes

Como se tornou regra em Angola, também nos prostíbulos políticos portugueses, a palhaçada tomou conta dos areópagos lusitanos, isto sem culpa dos palhaços propriamente ditos.

Recentemente foi debatido no Parlamento português um voto de condenação apresentado pelo Bloco de Esquerda sobre a “repressão em Angola” e com um apelo à libertação dos activistas então ainda detidos.

Este voto do BE contou (para além da oposição do PSD, CDS e PCP e abstenção do PS) ainda com o apoio de seis deputados socialistas (Alexandre Quintanilha, Isabel Moreira, Inês de Medeiros, Isabel Santos, Pedro Delgado Alves e Wanda Guimarães), além do representante do PAN (Pessoas Animais e Natureza).

“É preciso travar e dar por finalizado este arrastado processo que visa intimidar, deter e punir aqueles que criticam a governação de José Eduardo dos Santos, que tem tido interferência directa ao longo de todo o processo, dando ordens no sentido de prolongar indefinidamente as audiências”, referia-se no voto da bancada bloquista.

O PCP (irmão gémeo do MPLA) demarcou-se totalmente desta iniciativa do Bloco de Esquerda, apresentando uma declaração de voto na qual se advertia que outras forças políticas “não poderão contar” com os comunistas “para operações de desestabilização de Angola”. E quem diz em Angola diz, por exemplo, na Coreia do Norte.

“Reiterando a defesa e a garantia das liberdades e direitos dos cidadãos, cabe às autoridades judiciais angolanas o tratamento de processos que recaiam no seu âmbito, de acordo com a ordem jurídico-constitucional, não devendo a Assembleia da República interferir sobre o desenrolar dos mesmos, prejudicando as relações de amizade e cooperação entre o povo português e o povo angolano”, lê-se na declaração de voto apresentada pela bancada ortodoxa, marxista, leninista, acéfala e canina do PCP.

Por outro lado, com a abstenção do PSD e do CDS-PP, a Assembleia da República aprovou um voto apresentado pelo Bloco de Esquerda de condenação pela morte de três activistas curdas e feministas Sêvê Demir, Pakize Nayir e Fatma Uyar na sequência de uma operação militar turca.

“A Assembleia da República expressa o seu mais profundo pesar por este triste acontecimento e presta homenagem às vítimas, suas famílias e ao povo curdo e repudia todos os atentados contra a liberdade e os direitos humanos na Turquia, como em qualquer outro país do mundo”, lê-se no voto aprovado pelo Parlamento.

Para além de pôr de joelhos e de mão estendida políticos como José Sócrates, Passos Coelho, Paulo Portas, Jerónimo de Sousa e Cavaco Silva, José Eduardo dos Santos juntou agora ao seu séquito e de forma oficial o primeiro-ministro António Costa. De forma oficiosa, por enquanto, também lá está Marcelo de Rebelo de Sousa.

O processo português de bajulação do dono de Angola começou, de facto, há muito tempo. Recorde-se, por exemplo, que o presidente da Assembleia da República de Portugal, Jaime Gama, elogiou no dia 17 de Dezembro de 2007, em Luanda, a política externa angolana e deu os “parabéns” ao país pela “ambição” de um papel cada vez maior no continente africano e no Atlântico Sul.

“Um país com estas capacidades, aliando o seu potencial económico à sua diplomacia criativa e à capacidade militar, tem que ter uma ambição regional. Parabéns Angola por ter uma ambição regional!”, felicitou o socialista Jaime Gama num discurso aplaudido e que, mais coisa menos coisa, poderia ter sido feito por um qualquer deputado da maioria, ou seja do MPLA.

O discurso apologético de Jaime Gama poderia, igualmente, ter sido feito por qualquer um dos actuais palhaços que estão na ribalta dos areópagos políticos, partidários e parlamentares de Portugal. A única excepção é mesmo o Bloco de Esquerda.

Com todo este suporte bajulador, Eduardo dos Santos continua a encher o peito e a garantir que os angolanos não vão deixar que “os mentirosos, os demagogos e os caluniadores cheguem ao poder”.

“Aqueles que teimam em fomentar agitação, instabilidade e negar o que toda a gente tem diante dos olhos terão a devida resposta nas urnas”, avisou José Eduardo dos Santos. E se não for nas urnas eleitorais será nas urnas funerárias.

Também o mediático sipaio do regime, general Bento dos Santos Kangamba, sobrinho do presidente vitalício da reipública, disse que “as pessoas são as mesmas, tirando duas figurinhas bonitinhas que estão a aparecer aí no Bloco de Esquerda. Mas as pessoas que foram contra Angola são as mesmas [agora]. Eles acham que Angola até hoje é escravo, que nós somos escravos de Portugal (…) não podemos ser ouvidos e que Portugal é que manda, que Portugal é que diz e que Portugal é que faz. Os portugueses têm que saber que Angola é um Estado soberano”.

Mas, afinal, quem são os mentirosos, demagogos e caluniadores? De uma forma geral são todos aqueles que não alinham no MPLA. São, por isso, todos aqueles que dizem que em Angola todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos há angolanos que morrem de barriga vazia, que 70% da população passa fome, que 45% das crianças angolanas sofrem de má nutrição crónica, e que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos ou que – como revelou a Transparência Internacional – Angola está agora entre os seis países considerados mais corruptos, num total de 167 Estados analisados. Ficou na posição 163 em ex-aequo com o Sudão do Sul. Atrás ficam apenas o Sudão, Afeganistão, Coreia do Norte e Somália.

Silêncio criminoso

Alguém ouviu Marcelo Rebelo de Sousa ou, antes, Cavaco Silva recordar que 68% da população angolana é afectada pela pobreza, que a taxa de mortalidade infantil é a mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças?

Alguém ouviu António Costa ou, antes, Passos Coelho recordar que apenas 38% da população angolana tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico?

Antes, alguém ouviu algum político português (com excepção dos do Bloco de Esquerda) recordar que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade?

Alguém ouviu Jerónimo de Sousa recordar que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos?

Alguém ouviu Assunção Cristas ou, antes, Paulo Portas dizer que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos?

Alguém ouviu Augusto Santos Silva ou, antes, Rui Machete dizer que, em Angola, a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos?

Alguém alguma vez ouviu algum dirigente dos partidos portugueses (fora disto só fica o BE) dizer que, em Angola, o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder?

Ninguém ouviu. Dir-se-á, e até é verdade, que esse silêncio é condição “sine qua non” para investir no nosso país, até porque todos sabemos que nenhum negócio se faz sem a devida autorização de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos. Portugal consegue assim não o respeito mas a anuência do regime para as suas negociatas. Esquece-se, contudo, de algo que mais cedo ou mais tarde lhes vai sair caro: o regime não é eterno e os angolanos têm memória.

*Folha 8 – Orlando Castro é diretor-adjunto do Folha 8

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MPLA: CONGRESSO MARCADO PELA INTOLERÂNCIA MENTIRA CORRUPÇÃO E NEPOTISMO



Raul Diniz, opinião

Não podemos acobardar-nos mais e calar, nem podemos conviver silenciosamente comprometidos com a matança desencadeada pelo partido da situação. Calar nesse momento significa comprometimento agravado com a ditadura sanguinária.

TAMBÉM NÃO PODEMOS COMPARTILHAR MAIS COM A COBARDIA CRIMINOSA DA OPOSIÇÃO PARLAMENTAR SILENCIADA PELO REGIME. ESSA OPOSIÇÃO É PARTE INTEGRANTE DO ARCO DESPÓTICO DA GOVERNAÇÃO CRIMINOSA DO MPLA, ALÉM DE SER O UTENSÍLIO INSTITUCIONAL, QUE VIABILIZA A LEGALIDADE POLITICA DA DITADURA.

Não podemos mais fechar os olhos, e fingir que nada de grave se passa e que tudo vai está em Angola! Sim calar e fechar os olhos a todos os horrores praticados pelo MPLA é consentir, que José Eduardo dos Santos continue a sua maldita odisseia criminosa mortal contra um povo indefeso.

NÃO VAMOS MAIS CALAR, NÃO PODEMOS CONSENTIR A CONTINUIDADE MACABRA DE TAMANHAS ARBITRARIEDADES PRATICADAS PELA AÇÃO MORTAL DO MPLA.

Enquanto angolanos morrem de fome e outros morrem assassinados por disparos de armas de fogo, pertencentes às forças armadas do regime, outra realidade estranha se desenha apesar de injustificável, o partido da situação numa improcedente atitude irrefletida, o MPLA realiza com pompa e circunstancia o congresso, que se parece mais com uma festança que nem um país europeu rico e democrático conseguiria jamais realizar, principalmente num país onde o espectro da miséria e fome faz morada. Qual crise, qual tempo de vacas magras!

A INTOLERÂNCIA DO PARTIDO NO PODER TUDO FAZ PARA INVIABILIZAR O JORNALISMO INDEPENDENTE.

A prioridade do regime é a de obstaculizar a liberdade de existir no país uma informação de opinião livre e democrática. A intenção é conseguir sem grande alarido aprovar uma lei com a marca demoníaca do MPLA/JES, que ajude a neutralizar convincentemente a viabilidade de se continuar a qualificar no país uma informação de qualidade de índole independente, que se distancie da qualidade demoníaca pretendida pelo MPLA e o seu presidente.

NÃO SE PODE CONCORDAR NEM ACEITAR QUE UM SÓ PARTIDO O MPLA PRETENSIOSAMENTE CONTINUE OUSADAMENTE QUERER LEGISLAR A SÓS.

As leias adulteras e por seguinte de consequência astronomicamente anômala continuam a ser aprovadas solitariamente no parlamento pelo MPLA, sem a avaliação popular e sem nenhuma adjudicação permissível e/ou com balizas inováveis que traga equilíbrio sustentável longe do ostracismo em que o povo e o país foram remetidos.

O CIDADÃO QUE ACOMPANHA O DESENROLAR DA PREPARAÇÃO DO CONGRESSO DO MPLA JÁ O APELIDOU DE CONGRESSO DA INFÂMIA E DO DESAFORO.

Subentende-se que o congresso do MPLA a realizar-se na próxima semana será o ultimo tendo afrente o imemorável JES, que a muito mantem sequestrado o partido em que se esconde. Existem contrariedades no país nos 40 anos de gestão desastrosa do MPLA, que contrasta com a realidade vivenciada pelo povo, que em nada enobrece as lideranças e os congressistas ao congresso da opulência miserável anunciado pelo presidente do partido no poder. Tudo leva a crer que o referido congresso não trará ao país qualquer inovação de realce, por estar totalmente manchado de sangue inocente vertido na luta de 04 décadas de gestão atroz.

É SÓ OLHAR PARA ONDE NOS LEVOU A AMBIÇÃO DE UM SÓ HOMEM, QUE PELA AMBIÇÃO DESMEDIDA PARA MANTER-SE NO PODER, ARRASTOU TODO PAÍS PARA O VALE DA SOMBRA DA MORTE.

Também não se pode de maneira alguma esquecer que o congresso do MPLA se trata apenas de um misero exercitado ato melindroso de propaganda pré-eleitoral desmerecida mesclado de permeio pela farsa, intolerância, corrupção e nepotismo a mistura.

COMO PODE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS TER A CORAGEM DE PEDIR QUALQUER TIPO COMPREENSÃO E/OU SACRIFÍCIO AO POVO A QUE ELE PRÓPRIO ABOMINA DE TODO?

O desalento no centro da sociedade desolada e descontente é enorme. Toda fúria outrora sufocada começam agora a ser expostos, a ira do cidadão é hoje incontrolável, o medo das represálias evaporaram-se magicamente, aliás, os atentados mortais são tantos e de todo reprováveis a exaustão que há muito sinalizava o fim da paciência da inóspita governação persistentemente atípica e tirânica.

São Tomé e Príncipe. PATRICE TROVOADA, “DEMOCRATA DE FAZ-DE-CONTA”


Jornalista da RTP impedido de entrar em conferência de imprensa de Patrice Trovoada

Quem quis silenciar o Página Global?

Não é só em África que existem democratas de faz-de-conta. Damos por isso mais facilmente quando tiram as máscaras de democratas. Alguns fazem-no tão frequentemente que ficamos a saber num ápice que são uns ditadores com fígados de crápulas, de assassinos, etc.

Não tão grave como esses ditadores supra referidos, São Tomé e Príncipe parece que está a descobrir agora que Patrice Trovoada, atual PM, anda distraído e a deixar cair a máscara de vez em quando. Tem sido a fraude eleitoral das eleições presidenciais em que primeiro é anunciado que o seu candidato vence mas depois, afinal, já não vence porque lhe falta “um bocadinho, assim”. Posteriormente as acusações de irregularidades eleitorais caem na justiça. A justiça faz ouvidos de mercador – opina-se que Patrice oblige. A Comissão Eleitoral Nacional é posta em causa. Não se demite, mantém-se. Vai daí é marcada a segunda volta das eleições presidenciais com alguma pressa. O segundo candidato mais votado diz que não disputa a segunda volta por não estar para caucionar eleições fraudulentas. O candidato de Patrice Trovoada vai correr contra… nada nem ninguém na segunda volta eleitoral. Vence as eleições. Claro!

Bem, o melhor é acompanharem os acontecimentos desta “novela eleitoral” que revela um golpe político-justicialista como não há memória naquele país. Aqui no PG vá a São Tomé e Príncipe na barra lateral e clique.

Infelizmente para os santomenses lá deram uma vez mais pela máscara de Patrice cair. Quem deu melhor por isso foi Abel Veiga, jornalista em São Tomé, mas também jornalista da RTP África. O PM que é democrata de “faz-de-conta” proibiu-o de entrar nas instalações do governo para fazer a cobertura e participar profissionalmente numa conferência de imprensa em que Patrice era (foi) o anfitrião e alvo. Abel Veiga não queria acreditar mas depois talvez tenha percebido que o tal “democrata de faz-de-conta” que é PM não gosta que lhe façam perguntas complicadas, como por exemplo aquelas sobre a fraude eleitoral e o golpe político-justicialista em que Patrice talvez tenha encontrado inspiração lendo e vendo os professores golpistas do Brasil. Aqueles que são corruptos e acusam outros de corruptos, sabendo que têm no bolso os da justiça do seu lado. E agora governam-se no país mas dizem que o governam. Tem brasileiro que é mesmo trouxa. Né?

Em São Tomé e Príncipe o panorama não é esse (ainda?) mas alguma coisa vai ficando dos ensinamentos da máfia brasileira nos poderes usurpados à República.

Na lauda do Téla Nón, jornal online santomense, encontram a “odisseia” contada e que é decisão antidemocrática do PM Patrice Trovoada. Aliás é uma grosseira violação à liberdade de informação. Pronto, o PM não gosta do jornalista Abel Veiga porque considera que ele não é a voz do dono (dono Patrice) e faz perguntas incómodas, enquanto que outros jornalistas se calhar fazem as perguntas do catálogo XPTO por receio de ainda perderem o emprego ou serem atirados para a prateleira.

Da lavra do Página Global estamos a experenciar umas certas situações inéditas que consideramos que neste momento têm que ver com a nossa verve sobre a fraude eleitoral em São Tomé e Príncipe oque denunciamos e opinamos. O que foi? Pois, fomos alertados pela Google de que estavam a querer tramar-nos no PG.

Deduzimos que quiseram silenciar o Página Global. Recebemos vários alertas da Google e tivemos de mexer-nos para nos protegermos de certos e incertos “piratas informáticos” que até conseguiram a palavra passe de acesso ao Página Global. Mais que uma vez. E mais do que de um local onde estavam situados os tais “piratas informáticos”. Guardámos esses alertas do Google. Estamos em contacto. Estamos alerta. É que a “coisa” promete. Luanda, foi de onde também operaram. Dá jeito, Luanda é próximo, ali no Golfo da Guiné… Claro que Luanda não é em São Tomé. Pois. Acontece que há quem saiba mais que isso e também que um mais um são dois. A “coisa” promete. E como não nos calamos... Nem que a vaca tussa.

Mário Motta / PG

Eis um dos exemplares Google. E depois sigam para o Téla Nón e para o narrar da atitude de Patrice Trovoada.




Jornalista da RTP África proibido de entrar no Palácio do Governo

Pela primeira vez nos últimos 41 anos de Independência Nacional, o jornal Téla Nón, teve acesso ao relato de uma história tão rocambolesca de bloqueio a liberdade de imprensa e do jornalista numa instituição pública e pertença do Estado são-tomense. Trata-se do Palácio do Governo onde funciona os Gabinetes do Primeiro Ministro e do Ministro da Presidência do Conselho de Ministros, este último que por sinal tutela o sector da comunicação social.

Pelo que o Téla Nón apurou tudo aconteceu no dia 28 de Julho último. Relatos recolhidos pelo jornal Téla Nòn indicam  que no dia 27 de Julho passado, a Delegação da RTP – África em São Tomé e Príncipe foi convidada pelo Gabinete de Imprensa do Primeiro-ministro Patrice Trovoada para dar cobertura a conferência de imprensa que o Primeiro-ministro e Chefe do Governo iria dar a comunicação social, a luz da polémica a volta das eleições presidenciais de 17 de Julho.

Abel Veiga, jornalista da Delegação da RTP- África em São Tomé e Príncipe, foi destacado pela estação televisiva para acompanhar a polémica eleitoral. O Téla Nón, sabe que o jornalista esteve no dia 25 de Julho no Palácio da Justiça onde o Presidente do Tribunal Constitucional José Bandeira, anunciou os resultados definitivos das eleições presidenciais de 17 de Julho, e interpelou o Juiz Presidente  sobre a polémica eleitoral.

No dia 26 de Julho, o mesmo jornalista foi enviado pela RTP – África para participar na conferência de imprensa dada pelo Presidente da Comissão Eleitoral Nacional, Alberto Pereira, em que vários aspectos da polémica eleitoral foram abordados, como resultado das questões colocadas pelo jornalista da RTP-África.

Dia 28 de Julho, estava assim marcada a conferência de imprensa em que Patrice Trovoada, enquanto Primeiro-ministro, iria falar sobre a polémica eleitoral e o momento político nacional.

15 minutos antes da conferência de imprensa marcada para as 11 horas de 28 de Julho, a equipa de reportagem da RTP se dirigiu ao Palácio do Governo. O jornalista Abel Veiga, de caminho para o local, orientou o seu colega de trabalho, operador de imagens,  a seguir para o mesmo local. O operador de câmara chegou em primeiro lugar ao Palácio de Patrice Trovoada.

O Jornalista que vinha na sua viatura, chegou logo depois. Estacionou o carro ao lado da carrinha da RTP, e se dirigiu ao Palácio. Na porta de entrada do edifício público, encontrou um segurança. O Jornalista informou ao segurança que ia entrar para dar cobertura à conferência de imprensa.

O segurança responde: É o Abel Veiga? Sim disse o Jornalista.

O segurança: Olha acabei de receber uma ordem de que Abel Veiga não pode entrar nesta conferência de imprensa.

Abel Veiga : Não estou cá como Abel Veiga. Vim em nome da RTP-África, o operador de imagem acabou de entrar e vou ter com ele para trabalhar.

O Segurança: Sim. Mas acabei mesmo agora de receber esta ordem de que Abel Veiga não pode entrar.

Antes que algo pior o acontecesse,  o jornalista telefonou para a redacção da delegação da RTP – África em São Tomé e Príncipe, procurando entender o que estava a passar.

Recebeu indicações da RTP para regressar a delegação. Quando chegou a redacção, foi informado de que alguns minutos antes, do seu telefonema para pedir esclarecimentos aos seus superiores sobre o bloqueio a sua entrada no Palácio do Governo, a delegação da RTP-África recebeu um outro telefonema de Albertino Fernandes, assessor de Imprensa do Primeiro Ministro Patrice Trovoada.

O assessor Albertino Fernandes informou a estação televisiva de que o jornalista Abel Veiga, não pode comparecer na conferência de imprensa do líder Patrice Trovoada.

Pelo que o Téla Nòn apurou, o Jornalista tinha questões interessantes a colocar ao Primeiro-ministro caso não fosse proibida a sua entrada no edifício público e naquela conferência de imprensa.

O Téla Nòn, deu conta que se o Gabinete de Patrice Trovoada, aceitasse a entrada do jornalista Abel Veiga no Palácio para em conferência de imprensa questionar Patrice Trovoada sobre vários aspectos relacionados com a polémica eleitoral de 17 de julho, teria sido também algo histórico.

Porque desde que é Primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, nunca antes Abel Veiga e outros jornalistas são-tomenses bem identificados, tiveram acesso a um face a face de perguntas e respostas com o Primeiro-ministro.

Tradicionalmente são jornalistas bem seleccionados da Rádio Nacional e da TVS, que interpelam Patrice Trovoada quando este convoca uma  conferência de imprensa.


Portugal. PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E OUTRAS CALAMIDADES




Assistimos aos atos de "salvamento" de populações, casas e cultivos, por bombeiros voluntários com a ajuda de populares que enfrentam todos os riscos, inclusive de morte, e o que mais sobressai é o desespero de quem perde o fruto do seu trabalho e das suas poupanças, que resultaram de sacrifícios da família. E maior indignação provoca, a impotência de quem confiava na gestão governamental do país para alcançar o desenvolvimento e algum conforto social.

Este tema, o da gestão e administração da vida de um povo, tem muito que se diga e merece ser pensado com grande responsabilidade. Não se trata de atirar pedras em uma ou outra força partidária que se sucedem nos altos cargos do Governo. É mais. É saber qual o objetivo dos programas elaborados para o funcionamento do Estado: defender os direitos humanos da população ou a acumulação de riquezas para a promoção e enriquecimento de uma elite que ditará as regras da gestão e da administração dos serviços públicos.

Ouvindo, nos noticiário televisivos desta trágica semana de incêndios que destroem Portugal em Agosto de 2016, os depoimentos de engenheiros florestais e de chefes da corporação de bombeiros revelam que estudos de grande valor têm sido produzidos para prevenir incêndios desde a Revolução dos Cravos, mas que os relatórios circulam por mesas e gavetas de responsáveis políticos que deveriam criar as condições para a sua execução urgente. Quais serão os obstáculos? Os orçamentos para habilitar os serviços de apoio do Estado aos bombeiros voluntários que contam sempre com a solidariedade dos demais voluntários da população além de aperfeiçoarem sempre o seu treinamento e organização do trabalho.

Então vamos descobrir que a distribuição de verbas orçamentais vão primeiro para as instituições financeiras para que possam oferecer empréstimos, mediante juros, para agentes intermediários comprarem aviões e demais equipamentos de combate às chamas, destinados a diferentes instituições do Estado. E o dinheiro vai escasseando de mão em mão e se divide entre administradores especialistas em burocracias que distribuem fartos relatórios para aprovação de políticos que defendem as suas cores partidárias e não a população lá em baixo.

Sem entrar em muitos esclarecimentos, vamos á origem dos erros (ou dos crimes) devido à incompetência de governantes e gestores a nível superior da hierarquia no Estado. O programa de desenvolvimento nacional não considera o fator social à frente do financeiro, e mais, desvia a favor do interesse de uma elite privilegiada grande parte do orçamento devido ao povo.

Um defensor do ambiente explicou a importância dos guardas florestais para prevenir os incêndios: durante todo o ano os guardas florestais conhecem as localidades rurais, ensinam a manter a limpeza do terreno de material combustível, ajudam os habitantes idosos com recursos do poder local e de associações de moradores que contam com jovens voluntários solidàrios, conhecem os casos de debilidade mental de possíveis incendiàrios recorrendo ao apoio de instituições de tratamento adequadas, chamam a atençatenção dos serviços competentes sobre a falta de acesso ou de limpeza das florestas, da proximidade com casas, controla a prática de uso do fogo para limpeza dos terrenos ou alimentação, fogueiras festivas, desatenção de fumantes, promovendo uma constante campanha de prevenção ligada às escolas, associações locais, serviços públicos ou privados da localidade.

Em Portugal há pouco mais de 30 para todo o território nacional e deveria ter centenas. O custo deste serviço é bem menor que o de apagar incêndios. Mas tem mais, além da vantagem financeira que o gestor incompetente aprecia, o guarda florestal estabelece um contato permanente com a população rural recolhendo ensinamentos práticos e levando critérios de base científica para que organizem a comunidade com recursos modernos, solidariedade, responsabilidade social, em defesa da produção, da saúde, do convívio, da educação, do interesse por matérias profissionalizantes que abrem novos caminhos de desenvolvimento pessoal e nacional.

Não é fácil mudar as mentalidades de políticos que se subordinam ao comando externo que, por meio da pressão financeira, midiática, da indústria turística (que reivindica em Portugal as casas dos guardas florestais para equipamento turístico) e de uma visão contabilistica do desenvolvimento nacional que nada tem de humano e social. O caminho é eleger para os cargos políticos apenas os que se comprometerem a não defender os interesses conservadores da elite dominante no sistema capitalista e, ao contrário, privilegiar o atendimento social como base do desenvolvimento nacional.

*Zillah Branco -  Cientista social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Brasil, Chile, Portugal e Cabo Verde

Portugal. BPN CUSTOU AOS COFRES DO ESTADO MAIS DE 3200 ME – até agora



O custo acumulado da nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN) para o Estado ultrapassou os 3200 milhões de euros até ao final de 2015, segundo dados do Tribunal de Contas.

No relatório sobre o acompanhamento da execução orçamental da Administração Central em 2015, o Tribunal de Contas aponta que apenas no ano passado o BPN agravou o seu peso nas contas públicas em 590,8 milhões de euros.

Assim, a fatura do BPN nas contas públicas totalizou, no ano passado, 3237,5 milhões de euros, que resulta do saldo negativo acumulado dos anos anteriores: 735,8 milhões de euros em 2011, 966,4 milhões em 2012, 468 milhões em 2013, 476,6 milhões em 2014 e 590,8 milhões no ano passado.

Ainda assim, o Tribunal de Contas admite que este é um valor provisório que poderá ser corrigido no Parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2015, bem como o total acumulado.

A fatura do BPN para o Estado ainda pode subir, até porque o tribunal ainda não tem dados de 2015 da Parvalorem, da Parups e da Participadas - as sociedades-veículo criadas para gerir os ativos do banco considerados tóxicos -, que em 2014 apresentavam capitais próprios negativos que totalizavam 2.280,8 milhões de euros, "encargos a suportar eventualmente pelo Estado no futuro".

A nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN) em 2008 foi a primeira em Portugal depois de 1975 e a queda do banco deu origem a vários processos judiciais.

Quatro anos depois de ter sido posto sob a gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o BPN foi vendido ao Banco BIC Português, entidade de capitais luso-angolanos.

Além dos processos-crime e contraordenacionais, a derrocada do BPN foi também alvo de duas comissões parlamentares de inquérito.

Jornal de Notícias

Portugal. PEDRO E O APOCALIPSE



Mariana Mortágua – Jornal de Notícias, opinião

"Esperamos que o que seja preciso e o que é difícil seja menos do que aquilo que podemos fazer porque podemos fazer mais do que aquilo que é difícil, podemos também fazer o que é necessário". Perceberam? Foi assim o discurso de Passos Coelho na rentrée no PSD: confuso e fastidioso, apesar do habitual tremendismo quanto ao futuro do Governo e do país.

Entramos no décimo mês deste Governo e já perdemos a conta aos apocalipses anunciados por Passos. Ele era porque o PS nunca se entenderia com Bloco, PCP e Verdes para formar Governo, depois porque Governo sim, mas Orçamento nunca, afinal Orçamento está bem, mas PEC nem pensar, e com o PEC aprovado as sanções é que poriam fim a isto tudo. Passos bem chama por ele, mas o raio do Apocalipse teima em não vir, e lá se vão as esperanças de um retorno do PSD ao poder. Porque é só disso que se trata, não é?

Largá-lo foi traumatizante e o regresso está difícil. Compreende-se porquê. Para regressar seria preciso ser oposição e ter alternativa. O PSD falha em ambos.

Mas, de facto, que oposição pode o PSD fazer? Veja-se o discurso de Passos no Pontal. Fala-nos de pobreza e desigualdade. Então, mas não existiam ambas há 10 meses? E não foi o próprio que disse iríamos empobrecer? Fala-nos da necessidade de proteção social. Então, mas não foi o PSD que cortou nos apoios? E não foi o PSD que votou contra os aumentos desses apoios? Fala-nos sobre empurrar com a barriga. Então, mas não foi o Governo de Passos que escondeu os problemas do Banif e do Novo Banco? Fala-nos sobre ética governativa. Mas o ídolo empresarial de Passos não é Dias Loureiro? E Maria Luís Albuquerque e Paulo Portas não arranjaram belos empregos no privado apenas por causa dos seus cargos governativos?

E a alternativa do PSD, qual é? Menos rendimentos, mais privatizações, cortes nas pensões e segurança social privada, horários de trabalho mais pesados. A alternativa é o alinhamento com o radicalismo de Bruxelas e o empobrecimento com base na ideia falida de que a austeridade melhora as economias. Veja-se a Europa como está.

Quando as possibilidades de uma oposição decente são minadas por um passado demasiado recente e a alternativa política é indizível, a única saída é mesmo desejar uma catástrofe que teima em não chegar.

*Deputada do BE

Portugal. QUEM TAMBÉM GANHA COM OS INCÊNDIOS SÃO OS QUE “ENGAVETAM” A FORÇA AÉREA…



Quem ganha com o negócio dos incêndios não sabemos ao certo. O que sabemos é da resistência dos políticos quando estão no governo para que não seja a Força Aérea Portuguesa a possuir equipamentos adequados para o combate aos fogos. Em vez desses equipamentos compram submarinos, carros de combate, helis desadequados ao combate a fogos, etc. A vontade dos militares da Força Aérea para combater os fogos já foi mais que expressa, só precisam do equipamento próprio.

Voltamos ao principio: Quem ganha com o negócio dos incêndios não sabemos ao certo. Mas sabemos da resistência dos governantes do chamado arco da governação (PS,PSD,CDS) para que os muitos milhões no combate aos fogos “voe” para cofres dos privados… Nem precisamos de pôr muito mais na escrita. Basta recorrer ao diz-que-diz popular para encontrarmos quem ganha com o negócio dos incêndios: os partidos do arco da governação que durante quatro décadas têm sido governos. Popularmente é o que cabe como explicação para a resistência a que a Força Aérea não cumpra a missão de combater os fogos imensos que devoram a floresta portuguesa yodos os anos.

A ser assim, como é crença popular, é evidente que não serão só os partidos do arco da governação a ganharem com o negócio dos incêndios, muitos outros, privados, recheiam os cofres.

E agora prová-lo? Faz sentido a crença popular? Pois faz. Mas como será possível provar e acabar de vez com o negócio de uns quantos e a desgraça de imensos que vêem os seus bens e as suas vidas consumidas pelos fogos?

É verdade que as polícias prendem e acusam uns quantos incendiários. Presume-se que sejam incendiários contratados. Exceptuando um ou outro tarado que precisa de tratamento psiquiátrico. Pois esses até, uns quantos, são julgados e ficam a cumprir penas entre grades. Muito bem. E o resto? E o resto?

E no resto a “coisa” morre. Os plebeus vão para a cadeia e… o resto? Nada mais se descobre, nada mais se sabe. A impunidade, para além do Manel, do Zé, do Jão, parece que é absoluta. Mas não sabemos exatamente se nessa dos incêndios é mesmo impunidade por saberem que há ali colarinhos brancos (cães grandes) ou se nem investigam mais além… Por exemplo, no caso do delfim de Cavaco, Dias Loureiro - por outros supostos crimes - houve quem ordenasse que parassem a investigação e arquivassem o processo ao ex-ministro, ex-qualquer coisa dos bancos, e etc. Quem foi que mandou arquivar o andamento do processo do “cão grande” com colarinhos brancos? Não sabemos. Da PGR nunca nos disseram, a nós, plebeus trouxas que lhes pagam as mordomias e tudo o resto – excepto o que é produto de raiz da corrupção. Afinal a “fuga” da ordem de mandarem parar com o processo veio do setor da justiça… Da quê? Da justiça? Pois, chamem-lhe lá isso…

Uma última pergunta: Quem ganha com o negócio dos incêndios?

E, nem de propósito, uma prosa do JN diz que a proposta da Força Aérea no combate aos fogos foi “engavetada”. Foi? Mais uma vez? Isso já acontece há quantas vezes? A ser verdade eis que daí pode surgir luz! Qual Sherlock Holmes arraçado de Agatha Kristie haverá o que se atrevem a apontar que quem também ganha com os incêndios é quem engaveta as propostas… As tais. Raciocínio lógico. Mas talvez simples demais. A coisa deve ser muito mais complexa. Se for. Hem?

Crime, disse ele.

Que nos andam a tourear... Disso tenhamos a certeza absoluta.

Mário Motta / PG

Proposta de Força Aérea nos fogos "engavetada"

Incêndios Grupo de trabalho concluiu que Força Aérea seria a "opção mais viável" para combate a fogos, mas MAI não comprou helicópteros previstos na proposta.

A Força Aérea (FA) é a "opção mais viável" e com "menores custos" para concentrar os meios aéreos de combate aos incêndios e de socorro da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) e do INEM, atualmente operados por privados.

A conclusão é de um estudo encomendado em 2013 a um grupo de trabalho constituído por elementos dos ministérios da Defesa, da Administração Interna e da Saúde e das regiões autónomas dos Açores e da Madeira. O objetivo era estudar a possibilidade de concentrar todos meios na FA, pondo fim ao recurso à operação por empresas privadas e ao aluguer e empréstimo de aeronaves no pico dos fogos.

Jornal de Notícias

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Portugal. PASSOS, PIB, FOGOS. QUATRO NOTAS DO MEIO DE AGOSTO



Ana Sá Lopes – jornal i, opinião

1. A conversa dos responsáveis políticos a seguir aos fogos é assustadoramente vã: todos eles, a começar por António Costa, que até já foi ministro da Administração Interna, tinham tido tempo para pôr em ação o que agora defendem. É normal que ninguém acredite. Pelo meio apareceram ideias peregrinas como pôr os incendiários a pagar os custos. Eureka. A coisa resolve-se.

2. Passos Coelho teve a sorte de ter uns números ínfimos de crescimento, nada animadores para o governo e a esquerda, na véspera do discurso do Pontal para sustentar as suas piores previsões. Mas mesmo assim, conseguiu não entusiasmar um cidadão: se o governo está esgotado, como é que vai durar quatro anos? 

3. Passos Coelho pode não ser extraordinário, mas o governo e a esquerda têm um grande problema a resolver: se o programa estava assente na possibilidade de crescimento económico a partir da procura interna, até agora não se viu nada. Não é de estranhar o silêncio pesado do Bloco de Esquerda e dos comunistas, enquanto o governo e o PS lá vão dizendo que a coisa, de facto, não está animadora. Estes números tornam muito preocupante a continuidade do espírito que presidiu à constituição da coligação de esquerda - o que não quer dizer que ponham em causa a coligação. Não vale a pena inventar: o crescimento é inexistente e o Bloco de Esquerda e o PCP correm, a partir de agora, sérios riscos relativamente aos seus eleitorados. É que até nem vale a pena dar grandes saltos relativamente aos números do emprego: é sazonal, coisa que tanto Bloco e PCP estariam a criticar - e não a saudar - caso o governo fosse PSD/CDS.

4. Há duas boas coisas em Portugal: Marcelo, que sabe consolar pessoas, como se viu agora na Madeira. Por muito que se goze com a política dos afetos, há momentos em que a política tem de ser isto, como se viu na Madeira. A outra coisa boa é o turismo - Algarve cheio e Lisboa em alta. Os velhos do Restelo não gostam, já se sabe.  

Portugal. PCP ADVERTE GOVERNO PARA REPOSIÇÃO DE RENDIMENTOS



Recado de Jerónimo de Sousa sobre apoio ao próximo Orçamento


O secretário-geral do PCP advertiu neste domingo o governo de que o Orçamento para 2017 deve manter a linha de devolução de rendimentos e direitos, para o executivo continuar a contar com o apoio do partido.

Se o executivo socialista optar por ceder aos “condicionamentos externos” e retomar as políticas de austeridade, deixa de contar com o PCP, disse Jerónimo de Sousa num almoço em Monte Gordo, no concelho de Vila Real de Santo António, acerca das cedências aos "condicionalismos externos" da parte do executivo socialista.

“Vamos ter pela frente grandes questões, designadamente a questão do Orçamento do Estado para 2017. Nós queremos dizer que tem que continuar esta linha de devolução, de reposição de direitos, de respeito pelos salários, de aumentos das pensões e reformas. Esta é a linha e não qualquer linha que passe pela cabeça do Governo de voltar à política de austeridade e à política que PSD e CDS defendem”, afirmou o dirigente comunista.

O secretário-geral do PCP defendeu que “esse caminho foi rejeitado em 4 de outubro pela maioria do povo português” e disse que “o povo português não tem saudades nenhumas do governo PSD-CDS”, que há um ano governava impondo como única receita a austeridade.

“Mas isto leva a um aumento da responsabilidade do atual governo PS, que é o de saber se soçobra perante as pressões de direita da União Europeia ou se connosco procura soluções duradouras de reposição de direitos, de salários, de respeito pela esperança, pelo sentimento que os portugueses têm de que é possível, no seu país, terem uma vida melhor, não terem de recorrer à emigração”, reiterou.

Jerónimo de Sousa qualificou como “inaceitáveis” as “ameaças de sanções” feitas pelas Comissão Europeias a Portugal ou as decisões que o Banco Central Europeu quer impor sobre a gestão do sistema financeiro e sobre a situação na Caixa Geral de Depósitos e frisou que “o primeiro e principal compromisso” do PCP “é com os trabalhadores e o povo português”.

O dirigente partidário lembrou o “trágico desfilar de dramas, com bens materiais destruídos e vidas humanas pedidas” em vários incêndios por todo o país, e solidarizou-se com “incansável trabalho dos bombeiros e outros intervenientes” para lhes fazer frente no território continental e na região autónoma da Madeira.

Jerónimo de Sousa apelou à adoção de medidas preventivas, defendeu a necessidade de “investir no ordenamento florestal, na limpeza das matas, no reforço de equipas permanentes de combate aos fogos, como sapadores florestais”, mas também dotar o país dos “meios de emergência e combate necessários” para fazer frente a tragédia dos fogos florestais.

Jornal i

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