sábado, 12 de maio de 2012

O BOSQUE EM FLOR




Rui Peralta

Geopolítica do neocolonialismo na Africa Ocidental (4)

Geopolítica neocolonial na Africa Ocidental (de 1960 ao fim da guerra fria)

         Em Fevereiro de 1960 o primeiro-ministro britânico, MacMillan, pronunciou um discurso no Parlamento Sul-Africano do apartheid, na Cidade do Cabo, onde afirmou em traços gerais a essência da geopolítica neocolonial na época. Chamando a atenção para as mudanças que faziam sentir-se no continente africano, MacMillan concluía: “ (…) o grande problema desta segunda metade do século XX está em saber se os povos não-alinhados da Ásia e da África vão pender para o Leste ou para o Ocidente, saber se vão ou não ser arrastados para o campo do comunismo.” (in Ideologies des Independences africaines, Yves Benot, Maspero, 1969)

         Este discurso constituía um duplo aviso para o movimento de libertação nacional. As potências coloniais deviam reconhecer os movimentos e conceder a independência mas, em contrapartida, os jovens Estados Africanos deviam alinhar no campo ocidental. Esta é uma premissa que implica a dependência política e económica. Esta premissa define toda a geopolítica neocolonial na época até ao final da guerra fria. E não deixa de ser simbólico o facto de ter sido um primeiro-ministro conservador britânico (o que revela a absorção das receitas norte-americanas pelos tories e pelos gaullistas, depois de ela ter sido absorvida pelo Labour e pelos socialistas franceses) como o facto de esta proclamação ter sido realizada na Africa do Sul (vanguarda da Revolução Industrial no continente africano, importante pela sua posição geográfica, inserida no meio de dois oceanos, o Atlântico Sul e o Indico e a três mil km da Antártida, sendo o Atlântico Sul uma imensa auto-estrada de trafego marítimo, de ligação ao Atlântico Norte - o oceano dos países industriais - e ao Pacifico através do Canal Beagle, sendo o Indico a demarcação da Rota do Cabo, por onde é processado o fluxo do petróleo árabe e dos minérios estratégicos da Africa do Sul e sendo a Antártida potencialmente rica em recursos mineiros como o carvão, o cobre, o ferro, o estanho, níquel, chumbo, manganésio, prata, ouro, petróleo e uranio, para além de constituir a sua costa uma reserva imensa de proteínas – o krill. Também pelo choke-point do Cabo, epicentro da confluência entre o Atlântico Sul e o Indico, o ultimo de uma fiada existente no Indico: Sunda, Malaca, Sri-Lanka, Ormuz e Canal de Moçambique. É aqui, próximo do Cabo, que se situa a base naval de Simonstown) como também pelo facto deste discurso de MacMillan ter sido proferido um mês depois de Lumumba ter reclamado, numa serie de conferencias na Bélgica, um governo congolês para Janeiro de 1961, contrariando e irritando a decisão da Bélgica do rei Balduíno de, para surpresa geral, querer outorgar a independência do Congo para Junho de 1960.

         O alcance deste discurso de MacMillan – e do seu simbolismo – abarcando as premissas doutrinária da geopolítica ocidental para Africa e para todos os movimentos de libertação nacional na Ásia ao mesmo tempo que constituía um aviso para que África aceitasse a boa vontade do Ocidente em conceder independências, alinhando na sua esfera de influência politica e económica, no combate ao comunismo da cortina de ferro. Se assim não o fizerem os movimentos de libertação deveriam ler nas entrelinhas deste discurso as ameaças, que tornaram-se realidade trágica, nos acontecimentos do Congo de Lumumba.
        
Cronologia sumária da África Ocidental (1960 a 1969)
        
1960 – Independências do Togo, Federação do Mali, Daomé Níger, Alto Volta, Costa do Marfim, Gabão e Nigéria. A Federação do Mali desfaz-se em Agosto, dois meses após a independência, originando o Senegal e o Mali. O referendo de 4 de Maio proclama a república no Gana. No final do ano é aceite por unanimidade uma resolução da ONU sobre descolonização e proclama-se uma ineficaz União Gana-Guiné-Mali.

1961 – Independência da Serra Leoa. Criação da União Africana do Malgaxe (UAM), em Yaoundé. O PAIGC anuncia a preparação para a luta armada. No Gana assiste-se á crise de Setembro, com um forte movimento grevista a tomar posição no teatro de operações da luta de classes. Nkrumah consegue um compromisso. Em Outubro a parte norte dos Camarões junta-se á Nigéria. Na Guiné Conakry vive-se um intenso período de crise social, com as greves estudantis fortemente reprimidas e motins na cidade de Labé, conduzidos pelos sindicatos e comissões de camponeses. Um mês depois o embaixador soviético é expulso deste país.

1962 – Crise politica e social de Maio, na Nigéria, sendo proclamado o estado de emergência na Região Oeste. Um mês depois realizava-se a Conferencia de Lagos, onde 19 ministros africanos dos negócios estrangeiros dos regimes neocoloniais retomam a ideia de uma cimeira. Em Agosto Nkumah sofre um atentado em Kulungugu e um mês depois o Gana assiste a uma vaga de atentados terroristas que levam á proclamação do estado de emergência. Em Dezembro o Senegal assiste a fortes movimentações em Dakar e Senghor manda prender Mamadou Diop, presidente do Conselho.

1963- O regime da Costa do Marfim inicia, em Janeiro, uma vaga de prisões devido a uma eventual conspiração, tendo sido alertado pelos serviços secretos franceses. Na semana seguinte num golpe de estado militar em Lomé o presidente Sylvanus Olimpio é assassinado. Na Guiné portuguesa o PAIGC inicia a luta armada. A teoria da conspiração avança e chega á Libéria, onde o presidente Tubman executa uma vaga de repressão devido a uma eventual conspiração. Em Março a Guiné-Conacry procede á substituição das notas de banco. Em Abril Senegal e Mali reiniciam as relações interrompidas em 1960. Em Maio na Conferencia cimeira de Adis Abeba dá-se a assinatura da Carta da OUA. Nova conspiração na Costa do Marfim, em Setembro, inicia nova vaga de repressões. Em Outubro, na Guiné Conacry a sociedade americana Harvey Aluminium obtém uma concessão em Boké. A Gambia proclama a autonomia e uma revolução em Daomé derruba o regime de Maga. Em 1 de Dezembro realizam-se eleições no Senegal, enquanto Dakar está sob pressão do movimento sindical, que marcou uma manifestação para esse dia, fortemente reprimida pelo exército que abriu fogo sobre os manifestantes, causando um elevado número de mortos.

1964 – Novo atentado contra Nkrumah em Acra. Apithy é eleito presidente do Daomé e em fevereiro as tropas francesas anulam um golpe de estado militar no Gabão. Em Dakar a UAM dissolve-se para dar lugar á UAMCE que virá a transformar-se em OCAM. O Gana lança um plano septenial. Na Costa do Marfim o antigo presidente do Supremo Tribunal aparece morto e as autoridades falam em suicídio. Em Maio Azikiwé apela á unidade nacional nigeriana e nos finais do mês inicia-se uma onda de greves gerais por toda a Nigéria. Em Conacry Sekou Touré anuncia medidas contra os comerciantes e as “camadas burguesas” enquanto na Nigéria decorrem eleições, perante a abstenção da oposição

1965 – O presidente nigeriano Azikiwé encarrega Tafala Balewa de formar governo, após as eleições de 30 de Dezembro do ano anterior. Em Fevereiro a UAMCE (União Africana e Malgaxe de Cooperação Económica) dá lugar á OCAM (Organização de Comum Africana e Malgaxe). A Gambia torna-se independente e em Junho realizam-se eleições no Gana. Em Conacry é descoberta uma conspiração militar contra Sekou Touré, levada a cabo pelos franceses. A Guiné-Conacry corta relações com a França. Em Dezembro a OUA em Adis Abeba decide romper relações com Londres, mas apenas oito estados cumprem essa resolução. No mesmo mês um golpe militar em Daomé coloca Soglo no poder.

1966 – O ano começa no Alto Volta com uma greve geral e fortes sinais de insurreição popular, travada pelo golpe militar que depõe o regime de Yaméogo. Na Nigéria assiste-se ao primeiro golpe militar neste país, 3 dias depois de uma Conferencia da Commonwealth em Lagos. O primeiro-ministro e outros ministros são executados. Uma semana depois a Nigéria sofre novo golpe militar que coloca Ironsi no poder. No mês seguinte fortes movimentações populares e greves gerais são violentamente reprimidas em Daomé e na Libéria. No final de Fevereiro um golpe militar e policial depõe Nkrumah (que visitava Pequim) no Gana. Nkrumah exila-se em Conacry. Na Nigéria Ironsi suprime os partidos e os sindicatos e iniciam-se os progroms aos Ibos na região Norte da Nigéria. Em Junho, no Senegal, o Partido do Renascimento Africano, na oposição, funde-se com a União Popular Senegalesa de Senghor, no poder. Em Julho novo golpe de estado na Nigéria coloca Gowon no poder e eclode nova vaga de progrom contra os Ibos.

1967- Golpe de Estado no Togo. O coronel Eyadema toma o poder. Em Março falha atentado contra Senghor, enquanto ocorre um golpe de estado na Serra Leoa. No Gana fracassa um levantamento militar para derrubar a ditadura. No Mali, após os acordos financeiros assinados com a França em Fevereiro, a moeda maliana sofre uma profunda desvalorização. Em Mio o Biafra proclama a independência, separando-se da Nigéria. Em Julho o presidente nigeriano Gowon manda atacar os separatistas do Biafra. Enquanto isso no Mali uma vaga de manifestações populares e greves contra os privilegiados do regime, levam á dissolução da Assembleia e do Comité Politico do partido único a US-RDA, passando todos os poderes para um Comité Nacional de Defesa da Revolução, mas a agitação popular, estudantil e sindical prossegue. Na Nigéria em Agosto o exército biafrense ameaça Lagos e a URSS abastece o governo nigeriano com armamento e aviões, logo seguida da Inglaterra. Na Costa do Marfim ocorrem manobras militares conjuntas entre a França e a Costa do Marfim. A Guiné Conacry pretende restabelecer as relações com a França. No final do ano após uma onda de greves e manifestações, um golpe militar depõe Soglo no Daomé, substituído por Alphonse Alley.

1968 – No Daomé é proclamada uma nova constituição e são marcadas eleições presidenciais. Na Serra Leoa um golpe militar entrega o poder a Siaka Stevens, vencedor das eleições de 1967. Fortes manifestações operarias em Dakar, no Senegal, seguidas de uma forte vaga repressiva. As eleições presidenciais de Maio, na Serra Leoa são anuladas pelos militares devido á forte abstenção (80%). Em Dakar os estudantes juntam-se aos protestos operários e ocupam as universidades e os liceus. O exército senegalês invade a Universidade de Dakar e registam-se vários mortos nos confrontos de rua. Os sindicatos e os estudantes convocam uma greve geral para 31 de Maio e Senghor ameaça com o estado de emergência. O exército toma conta das ruas de Dakar e abafa a revolta operária e estudantil. Num gesto teatral, Senghor rompe relações com o bloco soviético a quem acusa de interferência nos assuntos internos e aumenta os salários da função pública. No entanto no Daomé os militares nomeiam Zinsou para presidente da república e prometem o regresso ao poder civil. Em Novembro o Mali assiste a um golpe militar.

1969 – Na Guiné-Conacry é descoberta uma eventual conspiração e vários elementos próximos de Sekou Touré são implicados, sendo 13 deles executados. Na Nigéria o exército federal lança uma ofensiva contra o exército biafrense. Mas em Julho eclodem revoltas camponesas na região de Ibadan. Enquanto isso no Gana um golpe palaciano afasta Ankrah e Sekou Touré quase é vítima de um atentado, em Conacry, na presença de Kaunda que estava de visita ao pais. Em Dakar a agitação laboral e estudantil continua, apesar da forte repressão do exército e dos sequazes de Senghor, que levam ao extremo o discurso da negritude de Senghor, espancando os grevistas e acusando-os de serem filhos de brancos. Senghor, o respeitável deputado e secretário de estado francês, o poeta e filósofo da negritude, o sábio Presidente do Senegal, o menino querido do Ocidente e dos patrões franceses não se coíbe de recorrer aos estratagemas racistas dos fascistas de Mussolini e da Alemanha nazi, uma técnica que pelos vistos este lacaio dos colonos aprendeu bem, até pela sua omnisciência em História da Europa.

O balanço da década de sessenta

         A década de sessenta do seculo passado foi um período de forte agitação em toda a Africa Ocidental. Agudização da luta de classes, jogos políticos e militares, os grupos dominantes a procurarem auxílio no exterior, cedências e traições, golpes e contra golpes. A estratégia neocolonial encontrava forte aliados nesta zona do continente. Franceses, Ingleses e norte-americanos, jogando umas vezes em conjunto outras em desacerto ou alianças de ocasião, tinham os seus agentes operacionais bem assentes no terreno. Uns, sempre fiéis ao seu colono, como Senghor e o marfinense Houphouani, outros mudando de colono, procurando benesses do colono vizinho ou do grande patrão yankee e outros ainda mudando de campo, de uma lado para o outro da cortina de ferro.

         Na década de setenta os conflitos continuaram, mas a geopolítica neocolonial já antecipara novos teatros de operações e simulava novas técnicas de domínio, procurando uma nova geração de agenciados. A queda do império português, com a queda do regime fascista provocada em 25 de Abril de 1974, levando á independência das ex-colónias portuguesas e ao reconhecimento português da independências da Guiné, proclamada em 1973 pelo PAIGC, obrigava a um repensar das políticas neocoloniais. Por outro lado a guerra frio entrava numa fase perigosa, onde a ameaça nuclear constituía uma espada de Démocles. Até ao fim da guerra fria os acontecimentos desenrolaram-se de forma rápida e precipitada. Com a implosão da URSS e dos países do chamado socialismo real o pensamento geopolítico reanalisa o seu campo de acçäo. Esse posicionamento e as suas implicações na Africa Ocidental é o que iremos expor no próximo artigo, sem esquecer o aparecimento de uma nova fonte neocolonial, produto das alterações verificadas na estrutura política portuguesa pós 25 de Abril: o neocolonialismo português.
        
Fontes
Yves Benot; Ideologies des Independances africaines; Maspero, 1969
Amílcar Cabral; Le pouvoir des armes; Maspero, 1970
Armando de Campos; África do Sul – Potencia Regional; ISCSP/UTL,1996.
Gilbert Pérol; Le grandeur de la France; PUF, 1992
Gilbert Pérol; Perspectives on global change: the TARGETS approach; Cambridge University Press, 1997
Barbara Aoki Poisson; Polar politics: creating international environmental regimes; Ithaca, 1993
Mark Polelle; A political chronology of Africa; Europa publications, 2001
Hugh Poulton; Power Transitions: Strategies for the 21st Century; Chatham House Publishers, 2000

* Ver todos os artigos de Rui Peralta – também em autorias na barra lateral

FARSANTES DO REGIME ANGOLANO INVENTAM EXÉRCITO DO MANIFESTO DA LUNDA




A INJUSTIÇA DO PODER JUDICIÁRIO ANGOLANO
E O FALSO EXÉRCITO IMPUTADO AO MANIFESTO DO PROTECTORADO DA LUNDA

Em qualquer parte do mundo, o colonizador, quando se encontra em apuros, fracassado e sem argumentos para justificar a permanência na colónia, tenta maquiavelicamente manipular a opinião pública nacional e internacional, cria artimanhas e subterfúgios para arrastar o processo da descolonização para mais tempo.

O processo da “Questão Lunda 1885-1894” e a Reivindicação do Manifesto Jurídico Sociológico do Protectorado da Lunda, da Autonomia Administrativa e económica é jurídico, e, pacifico, isso quer dizer, que é uma reivindicação sem armas, sem exército, sem violência nem vandalismo, porque nós já ganhamos e não existe qualquer tipo de razão para recorrermos a violência armada.

É um processo Político, Jurídico Diplomático, transparente, aberto e publico, por isso é que os Dirigentes e responsáveis do Manifesto encontram-se nas cidades e a trabalhar livremente na função pública e em outros sectores da economia, ajudando o crescimento harmonioso que se pretende a nível de Angola e da Nação Lunda Tchokwe em particular…

Lamentavelmente, desde 2008 – 2009 – 2010 - 2011, o SINSE – Serviços de Informação e Segurança do Estado e o SIM – Serviço de Inteligência Militar afecto a Presidência da Republica, deturparam e viciaram informações atinentes aos objectivos defendidos pelo Manifesto do Protectorado da Lunda, inventaram a existência de um “Exercito Fantasma” com 4 frentes militares e um comando, criaram falso alarme e envenenaram a sociedade no geral com as aldrabices, de que o Manifesto da Lunda estava a dividir Angola.

O “Exército Fantasma”, os comandantes ou generais do falso exército desde de 2008 nunca foi encontrado nem provado em parte nenhum do vasto território da Lunda fortemente guarnecido pelas FAA – Forças Armadas Angolanas e pela Policia Nacional, através das tropas da guarda fronteira. A administração do Governo Angola esta nos 32 Municípios que fazem parte daquele território desde Kuando Kubango, Moxico, Lunda Sul e Norte. Os seus Administradores, nunca vieram a público via TPA ou Rádio Nacional de Angola e o Jornal de Angola a denunciar a existência de algum grupo armado que esteja a deturpar a ordem e tranquilidade pública.

Estas mesmas forças SINSE e SIM, raptaram vários activistas do Manifesto sem mandado de captura, sem ter havido algum crime entre 2009 á 2012, para um processo que foi entregue publicamente no dia 3 de Agosto de 2007 ao Presidente José Eduardo dos Santos, violando claramente o artigo 11º da Declaração Universal de Direitos Humanos.

Mesmo assim, o poder judiciário angolano julgou as pessoas sob pretexto de rebelião, tentativa de dividir angola e crime contra a segurança do estado angolano, previsto pelo artigo 26º da Lei 7/78, revogado em Outubro de 2010, num processo altamente viciado com a interferência do SINSE e SIM, onde o Tribunal Provincial da Lunda-Norte foi conivente ao inventar advogados inexistente ao processo, caso de um inocente que aparece aos autos, Sr Dr. Bernardo Lindo Tito e a manipulação de um Estagiário Eduardo Txizeca como defensor oficioso num processo complexo de Soberania – “Questão da Autonomia da LUNDA”. O PODER JUDICIÁRIO não se dignou em convidar os verdadeiros Advogados de defesa, a Associação de mãos livres.

O poder judiciário Angolano em vez de defender o “DIREITO E A JUSTIÇA”, continua a asfixiar o movimento do manifesto com intimidações a condenações, escondendo a verdade dos factos legítimos e legais do povo Lunda, num momento em que o processo reivindicativo já ultrapassou as fronteiras de Angola, deixou de ser um assunto interno, agora passou a esfera da União Africana, da ONU e da Comunidade Internacional. O senhor Presidente da Republica Eng.º José Eduardo dos Santos, acompanha o processo.

DENÚNCIA PÚBLICA

Fontes no Cuango e Cafunfo, alertaram a CMJSPL que um exército falso de cerca de 400 homens está sendo treinado, por um individuo do Comando da Policia Nacional nestas duas localidades, conhecido pelo nome de Txiloya ou Chiloya com a patente de Inspector.

De acordo com a fonte, estes homens serão apresentados publicamente via TPA- Televisão Publica de Angola, Jornal de Angola, Radio Nacional de Angola, como exército do Manifesto Jurídico Sociológico do Protectorado da Lunda, para que o Governo e a Sociedade possam condenar veementemente o Movimento reivindicativo da Lunda de actos de rebelião, terrorismo e de tentativa de divisão, logico, é mais um trabalho dos serviços do SINSE e do SIM.

Haverá no mundo alguém que vai acreditar na existência de um exército do Manifesto do Protectorado da Lunda?..

Comissão do Manifesto Jurídico Sociológico do Protectorado da Lunda Tchokwe


ESCOLAS ISRAELITAS FAZEM LAVAGEM CEREBRAL CONTRA PALESTINOS




Correio do Brasil, por Vermelho

Os livros recomendados pelo ministério da Educação de Israel e utilizados nas escolas do país, apresentam uma imagem “distorcida e desumanizada” dos palestinos. Esta é a opinião da professora de Pedagogia da Universidade Hebraica de Jerusalem, Nurit Peled Elhanan.

Depois de cinco anos de pesquisa em que examinou dezenas de livros escolares, principalmente nas áreas de História, Geografia e Educação Cívica, a pedagoga chegou à conclusão de que os conteúdos ensinados nas escolas israelenses “disseminam racismo” contra os palestinos em particular e os árabes em geral.

A pesquisa, publicada no livro Palestine in Israeli School Books – Ideology and Propaganda in Education (A Palestina nos livros escolares israelenses – ideologia e propaganda em educação, em tradução livre), inclui duras criticas ao sistema de Educação de Israel, que, segundo a autora, “prepara soldados para a guerra”.

Seres primitivos

Em entrevista ao Terra, Peled Elhanan expôs mapas, fotos e ilustrações que encontrou nos livros e afirmou que os palestinos não são representados como pessoas comuns, mas sim como “problema, ameaça ou seres primitivos”.

De acordo com Elhanan, não consta nos mapas dos livros a fronteira entre Israel e os territórios ocupados durante a guerra de 1967. “Os alunos nem sabem que existe ocupação. O ensino os leva a pensar que os palestinos são intrusos neste país, os assentamentos (construidos na Cisjordânia) são chamados de povoados e os alunos pensam que não existe diferença entre Ariel (assentamento no norte da Cisjordânia) e Tel Aviv”, afirmou a pedagoga.

“O ministério da Educação aboliu a fronteira entre Israel e a Cisjordânia, não só nos livros, mas também em atos”, disse, mencionando a recente decisão do ministro da Educação, Gideon Saar, de instruir as escolas do país a levarem os alunos para um passeio na cidade de Hebron, na Cisjordânia. Segundo o ministro, o passeio pode contribuir para que os alunos “entendam melhor suas raízes, já que em Hebron se encontram os túmulos de nossos patriarcas e matriarcas”.

Lavagem cerebral

Nos ultimos meses, centenas de alunos já foram levados a Hebron para visitar o local denominado Mearat Hamachpela em hebraico, e Mesquita de Ibrahim em árabe. Os passeios despertaram protestos de pais e professores que se opõem à ocupação dos territórios palestinos e acusam o ministério da Educação de “fazer lavagem cerebral” aos alunos.

Elhanan também afirma que as fotos e ilustrações graficas que aparecem nos livros escolares representam os palestinos “sempre como terroristas ou primitivos ou nômades com camelos”. Segundo a pedagoga, os textos dos livros escolares reproduzem um “discurso racista classico” em relação aos palestinos.

“Os alunos não entendem o que os palestinos querem, não sabem que suas terras foram ocupadas e nem que os palestinos reivindicam os territórios ocupados em 1967 para construir seu Estado independente, pensam que lutam contra Israel por ‘puro ódio’”.

“Os alunos saem das escolas sem saber coisa alguma sobre seus vizinhos, que são apresentados como seres ameaçadores e amedrontadores. A combinação de ignorância e medo gera racismo.”, afirmou a pedagoga. “Esse ensino racista é particularmente perigoso pois logo que terminam a escola secundária os alunos são alistados no Exército”, acrescentou.

Em Israel o serviço militar, tanto para homens como para mulheres, é obrigatório e todos os jovens são alistados ao completar 18 anos de idade.

“Interpretação política”

A reportagem do Terra pediu a reação do ministério da Educação. De acordo com a porta-voz do ministério, Michal Tzadoki, a avaliação dos livros escolares de Nurit Peled Elhanan “não é uma avaliação profissional mas sim uma interpretação politica”.

A porta-voz também disse que “os mapas não são produzidos pelo ministério da Educação mas sim pelo Mapi (Centro de Mapeamento de Israel)”. O Mapi é uma instituição governamental que cede os mapas para as editoras que produzem os livros escolares.

Fonte: Terra

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Espanha: A VOLTA (E OS NOVOS DESAFIOS) DOS INDIGNADOS


Madri, 12-M: Centenas de milhares de pessoas nas ruas, como em 80 outras cidades na Espanha, e 50 pelo resto do mundo

No dia em que movimento regressa às ruas na Espanha, texto de Manuel Castells debate sua importância, perigos e perspectivas

Manuel Castells – Outras Palavras - Tradução: Antonio Martins

Mas… não estava morto e enterrado o 15-M? Não havia degenerado em violência de rua, para a qual temos a polícia? Não tinham se convertido, os mais sensatos, numa associação legal Democracia Real Já!, devidamente registrada no ministério do Interior? Que resta destes movimento espontâneo, maciço e criativo que contou, durante meses, com apoio moral de três em cada quatro cidadãos?

Logo saberemos. Nas redes sociais já circula o chamado para uma manifestação local e global, em 12 de maio. Reúne milhares de pessoas em todo o mundo, com o lema “Unidos por uma mudança global”. Reativa os protestos que mobilizaram milhões, em 951 cidades e 82 países, em 15 de outubro de 2011. E este movimento rizomático, com múltiplos nós mutantes e autônomos, que vive nas redes sociais da internet e nas pessoas, mantém o fogo da indignação, enquanto as coisas permaneçam como estão.

Aparece, desaparece e reaparece no espaço público para reafirmar sua existência e formular um projeto de mudança social. Por ser movimento sem chefes, baseado na horizontalidade e na participação, sem normas nem programa, supera qualquer circunstância. Não se cria nem se destrói: transforma-se. Sobrevive ao próprio perigo mais comum dos movimentos sociais: a autodestruição por disputas internas.

Certas práticas usuais da esquerda não afetam o 15-M. Quando, há alguns dias, Fabio Gandara (um veternao do movimento) e outras pessoas impacientaram-se e criaram uma associação DRY [Democracia Real Ya], para atuar em nome do movimento, soou o alarme nas redes sociais. Tal decisão, tomada de forma pouco clara e minoritária, segundo parece à maioria dos nós locais do movimento, contrariava os princípios de democracia assembleária sobre os quais se apóia o 15-M. Mas depois de um momento de irritação inicial, adotou-se a atitude de que cada um faz o que quer e não cai o mundo. A declaração do movimento de Valência, que se opôs em 25 abril à ideia da associação era assinada por “Democracia Real Já (o objetivo, não a marca)”, porque não há marca, ninguém pode se apropriar do que não tem proprietário. O 15-M é das pessoas que saem às ruas e debatem na rede, a cada momento: cada um com suas razões, reivindicações, ideais e manias. Por isso, não é nem será um partido ou algo parecido. Também não há problema (exceto se houver trols no meio) se pessoas de boa fé decidirem seguir outro caminho, por objetivos amplamente compartilhados. É uma rede aberta, não uma burocracia fechada.

É muito mais grave um outro perigo que o 15-M enfrenta: a tentativa de deslegitimá-lo diante dos cidadãos e de criminalizá-lo, associando-o aos “violentos”. Quem são estes? Não se sabe muito bem, exceto que são muito poucos e que são rechaçados pela imensa maioria do movimento. Porque o 15-M é, desde sua origem, explicitamente não-violento. Já demonstrou esta opção na prática, quando foi atacado pela polícia e não respondeu com violência que poderia ter se generalizado. É essencial que esta atitude se mantenha, porque a estratégia mais ardilosa para desconectar o movimento de sua referência aos 99% consiste em provocá-lo, até que a TV possa oferecer imagens de caos, violência, destroços e sangue, capazes de afastar a sociedade de quem se atreve a ir às ruas dizendo o que muitos pensam.

Não será fácil evitá-lo. Porque a polícia mostra-se incapaz para fazer algo muito simples, como intervir de modo seletivo quando se queima o primeiro container de lixo ou se apredeja o primeiro banco. Prefere pescar com rede e prender todos os que passam pelo local.

Mas, sobretudo, não será fácil conter a raiva das pessoas, porque os meses passam, a situação piora e os governos continuam indiferentes ao protesto, aplicando de forma arrogante as receitas da “austeridade” e obrigando as pessoas a pagar uma crise que, na visão dos indignados, foi coisa de banqueiros e políticos – que logo salvaram a si mesmos. O caminho institucional para o debate cidadão está bloqueado. A submissão dos parlamentares aos partidos se aplica automaticamente. O partido “socialista” (PSOE), depois de ter começado a bagunça, segue em estado de morte cerebral. Os sindicatos ladram mas não mordem, ou talvez já não tenham dentes. A mídia está midiatizada e procurando comprador. Ministérios e governos locais dedicam-se aos cortes criativos, para ver que novos sacrifícios humanos podem oferecer ao deus dos mercados – que ainda assim não acredita na dívida espanhola, tanto pública quanto privada.

Como não há outra alternativa, milhares de pessoas sairão às ruas em 12 de mio. E como continuamos buscando novas formas de democracia, propõem-se a deliberar, por três dias, nas praças ocupadas. É aí que as autoridades os esperam. Proibido ocupar qualquer espaço público. A alternativa, então, está entre voltar para casa e tudo continua igual ou reafirmar o direito à reunião e ao debate, até que se produzam enfrentamentos com violência, que permitam criminalizar o movimento.

Se houvesse vocação democrática entre os políticos, eles poderiam deixar que os cidadãos se encontrassem em ágoras nestes três dias, deliberassem e propusessem. Seria uma forma de reconectar a sociedade com as instituições. Mas os partidos e governos são visceralmente opostos a um movimento que lhes nega legitimidade. Ou bem se entra nos canais pré-estabelecidos – precisamente aqueles que o movimento denuncia por suas cartas marcadas –, ou se condena os protestos à marginalidade seguida de repressão.

Os indignados terão de ser criativos para sair destes dilema. Precisarão imaginar formas de desobediência civil protegidas pela lei. Terão de mostrar flexibilidade, em seus tempos e espaços de decisão assembleária. Terão de construir seus canais de comunicação direta com a cidadania. Deve-se recordar que a cada dia em que vamos nos dissolvendo na crise, assumem mais razão.

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Brasil: Presidenta quebra o protocolo e cumprimenta adeptos do Veta Dilma




Correio do Brasil, com agências de notícias - de Belo Horizonte

Presidenta da República, Dilma Rousseff quebrou o protocolo durante evento em Betim, interior de Minas Gerais, driblou o esquema de segurança montado para ela, nesta sexta-feira (11), e foi até a rua para cumprimentar ambientalistas e manifestantes que gritavam: “Veta, Dilma”. O grupo, de cerca de 100 pessoas, estava do outro lado da rua, separados por grades de segurança.

“Dilma pode vetar, o Brasil vai te apoiar”, gritavam, quando a presidenta surpreendeu aos próprios manifestantes e se aproximou para cumprimentá-los. O gesto de Dilma, de simpatia com a causa dos ambientalistas, sinaliza que ela deverá vetar em partes ou todo o novo Código Florestal, aprovado pelo Congresso, poderá ser vetado nos próximos dias. Importantes setores da sociedade, principalmente ambientalistas e estudantes, apontam falhas graves no texto do código, que poderá deixar desprotegidas as florestas e matas brasileiras.

O veto já foi, em parte, anunciado pela ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Ela adiantou que a presidenta deverá vetar partes do texto, especialmente o que se refere a anistia dada a desmatadores. Nesta sexta-feira, o deputado estadual Durval Angelo (PT-MG), que estava ao lado da presidenta no encontro com os manifestantes, disse ter comentado com ela que o movimento “Veta, Dilma” cresce na região metropolitana de BH e que ela lhe garantiu que haverá vetos, mas sem fazer especificações.

Entre os manifestantes estavam ambientalistas sem vinculações a alguma organização, outros ligados à Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), da Associação de Preservação Ambiental de Betim (Apua) e estudantes de biologia da PUC-MG, unidade Betim. Em conversa com os jornalistas, os estudantes Raul Lansky, 19, e Gabriel da Luz, 21, organizadores do movimento “Veta, Dilma BH” nas redes sociais, disseram-se surpreendidos com o gesto da presidenta, que cumprimentou cerca de 20 manifestantes.

– Ela não falou nada, apenas sorriu e estendeu a mão para cumprimentar – relembrou Lansky.

A presidenta foi a Betim para inaugurar uma creche e entregar 1.160 apartamentos do Minha Casa, Minha Vida.

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Dilma disse que investir em creches é melhor forma de enfrentar desigualdade social




Correio do Brasil, com ABr - de Brasília

A presidenta Dilma Rousseff disse nesta sexta que investir em creche é a chance que o país tem de enfrentar “na raiz” o problema da desigualdade entre ricos e pobres. Ela anuncia nesta segunda-feira, em cerimônia no Palácio do Planalto, ações nas áreas de saúde e educação, como vagas em creches, além da ampliação do Programa Bolsa Família.

- Na creche você vai garantir acesso aos melhores estímulos. Lá, a criança vai ter estímulos pedagógicos, vai ser despertada nela a curiosidade, todas aquelas qualidades que depois vão ser impontantes para ela enfrentar a disputa no mercado de trabalho – disse, na quinta-feira, em Betim (MG), durante cerimônia para inauguração de uma escola de educação infantil. Neste domingo, Dia da Mães, a presidenta fará pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV.

No discurso em Betim, Dilma destacou o papel das creches na criação de melhores oportunidades. “Um país tem que ser medido pelo que ele faz pelas suas crianças, dando oportunidades iguais a elas. O grande caminho da inclusão é a educação e ai a creche é o grande vestibular no qual a criança entra e garante uma vida de oportunidades maior”.

Além do lançamento de uma escola de educação infantil do Proinfância, do governo federal, a cerimônia marcou também a entrega de 1.160 unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida. Ao falar sobre o Minha Casa, Minha Vida, Dilma disse que, sem o programa, as pessoas que ganham um salário mínimo não conseguiriam adquirir uma casa própria. “Era impossível alguém comprar casa nesse Brasil se ganha até um salário mínimo, porque a equação não fecha”.

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Correio do Brasil, com ACS – do Rio de Janeiro

Antes subutilizados por conta da violência, colégios atraem jovens de outras regiões

A implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em comunidades antes dominadas pelo crime organizado começa a influenciar os resultados da educação no estado. Com a segurança estabelecida, 15 escolas estaduais – muitas delas antes subutilizadas por conta da violência – viram o número de matrículas aumentar 28% este ano, o equivalente a 2.830 alunos.

Nas 139 localizadas no entorno das favelas, o números de estudantes saltou de 52.879 no ano passado para 62.860 em 2012.

– Quando vim para o Colégio Herbert de Souza, o Turano já era pacificado e isso me tranquilizou – disse o estudante Landerso Jesus da Silva, 16 anos.

Já Vanuza de Souza, 15, quis fugir do destino reservado a muitos dos jovens da comunidade: a associação ao crime.

– Além de ficar muito perto da minha casa, a escola tem boa estrutura. Quero concluir o Ensino Médio e dar melhores condições à minha família – afirmou a aluna do primeiro ano.

Aumento também na rede municipal

Dados da Secretaria Municipal de Educação mostram que o total de alunos das escolas da Prefeitura do Rio em áreas pacificadas também cresceu – foram 80.754 matrículas em 2012 contra 77.667 em 2011.

Além do aumento no número de matrículas, outro problema superado foi a dificuldade de manter os professores.

Professores mais seguros

No Colégio Estadual Monteiro de Carvalho, em Santa Teresa, por exemplo, a realidade mudou após a instalação das UPPs do bairro.

– Antes, recebíamos apenas os estudantes da região. Agora, atraímos jovens até de outros municípios.

Hoje, atendemos a 1.490 alunos e temos capacidade para mais, porque os professores agora se sentem seguros e não faltam às aulas no turno da noite – disse o diretor Angelo dos Santos.

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A (CON)VERSÃO DE EX-SINDICALISTAS




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O antigo secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva afirmou hoje que as alterações ao Código do Trabalho só vão aumentar a pobreza e o desemprego e defendeu que deve ser travado um combate a estas medidas.

Fiquei admirado, não convencido – como é óbvio, com a posição de Carvalho da Silva, sobretudo porque ele é agora membro do Conselho Editorial do Jornal de Notícias, empresa do Grupo Controlinveste, que há três anos fez um inédito despedimento colectivo.

Recordo-me que no dia 3 de Fevereiro de 2009, o então ministro do Trabalho e da Solidariedade Social de Portugal dizia desconhecer que existissem empresas a aproveitar a crise para fazer despedimentos, como a CGTP – sob a liderança de Carvalho da Silva - denunciou, mas garantindo que, se de facto existirem, serão "sancionadas".

Nessa altura, a Intersindical de Carvalho da Silva, acusou a generalidade do tecido empresarial nacional de se estar a aproveitar da actual situação de crise para prejudicar os trabalhadores, revelando que, depois de ter analisado cerca de 400 casos, concluiu que há encerramentos "fraudulentos".

Como aqui se tem dito ao longo dos anos, seria bom (caso Portugal fosse um Estado de Direito) que alguém visse o que andam a fazer os patrões, gestores ou administradores e não tivesse medo de os levar a tribunal por gestão danosa.

Nesse dia de 2009, o ministro Vieira da Silva salientou que, caso estas situações existam, têm de ser sancionadas e "o Estado deve utilizar todos os meios ao seu dispor para evitar que isso aconteça".

"É preciso identificar esses casos e os serviços em questão não deixarão de actuar", afirmou o então ministro do Trabalho, acrescentando que, no contexto da actual crise mundial, há um consenso para que as empresas portuguesas desenvolvam todos os esforços para não haver despedimentos.

Como se viu, como até Carvalho da Silva viu, a crise pode atingir as empresas mas passa ao lado dos empresários.

Segundo o então defensor dos trabalhadores e secretário-geral da Intersindical, Carvalho da Silva, havia um bloqueio na situação económica, que tem causas nacionais e internacionais, que é catalogado de crise e que essa crise é invocada por muitas empresas à custa dos trabalhadores.

"Não escamoteamos nem ignoramos problemas reais, que existem, que colocam hoje grandes desafios à gestão das empresas, mas o traço mais marcante da realidade económica portuguesa é de uma muito grande invocação instrumental da crise para impor medidas que não resolvem os problemas", disse o então líder da CGTP-In.

Acrescentou ainda que a preocupação das empresas está mais no aumento dos lucros do que na salvaguarda do emprego e adiantou que a CGTP estava a analisar cerca de 400 casos de empresas onde há situações de "aproveitamento" da crise que prejudicam os trabalhadores.

"Nesses 400 casos vemos deslocalizações oportunistas, ou seja aproveitar a crise para forçar uma deslocalização, vemos redução de postos de trabalho oportunistas, encerramentos e falências que cheiram a fraude por todos os poros, actuação unilateral de imposição de mecanismos que são violações das leis, vemos invocação da crise para não aumentar os salários dos trabalhadores e para transformar emprego estável em precariedade absoluta", denunciou o mesmo Carvalho da Silva.

Hoje, Carvalho da Silva disse que "esta alteração é uma violência. O único objetivo é diminuir os custos do trabalho dos trabalhadores, eliminando direitos e baixando salários. Mesmo que a maioria imponha estas medidas há que desenvolver uma atuação muito forte contra este processo".

O membro do Conselho Editorial do Jornal de Notícias, empresa do Grupo Controlinveste, que há três anos fez um inédito despedimento colectivo, que falava à agência Lusa à margem de uma cerimónia das comemorações do 35º aniversário do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos que decorre hoje e amanhã em Santa Iria da Azoia, Loures, reagia desta forma às alterações do Código do Trabalho hoje aprovadas pelo Parlamento.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: ESTOU DE ACORDO COM PASSOS COELHO!

Leia também a entrevista de Página Global a Orlando Castro em ORLANDO CASTRO, JORNALISTA, "O PODER DAS IDEIAS ACIMA DAS IDEIAS DE PODER"

NO PAÍS AO CONTRÁRIO



jorge fliscorno – Aventar, com foto

No país ao contrário, nem a lei da gravidade funciona e as coisas são puxadas para cima. Para cima, desde a primeira instância até ao constitucional.

No país ao contrário, os cabrões começam na ralé e acabam na Suíça. Na Suiça, das contas numeradas e dos primos taxistas.

No país ao contrário, as prima-donas da justiça dizem-se incapazes. Incapazes de meter a ferros os cabrões que usam a lei de puxar para cima.

No país ao contrário, roubar comida dá prisão. A prisão de onde os cabrões se esgueiram.

Esgueiram-se e ainda são aclamados.

E o burro sou eu?

PSP PRENDEU 1.500 ESTUDANTES… HÁ 50 ANOS - AGORA PARA LÁ CAMINHA SE...



António Veríssimo

O jornal Expresso refere a efeméride:

“Faz hoje 50 anos que a polícia prendeu 1500 estudantes

Na madrugada de 11 de maio de 1962, a polícia de choque cercou e prendeu cerca de 1500 estudantes, alguns dos quais em greve de fome, reunidos na cantina da Cidade Universitária. Faz hoje 50 anos. Recorde aqui a reportagem multimédia que o Expresso publicou em março último, por altura do Dia do Estudante.” (ver e ouvir em Expresso)

Pois foi. E lá se caminhou para as prisões do fascista Salazar. Interrogatórios, porrada de três em pipa, maus tratos de toda a maneira e feitio, só porque os estudantes nesse tempo eram uma ponta da lança que combatia o regime fascista de Salazar, dos Melos, dos Quinas, dessa cambada toda de chulos de meia dúzia de famílias que por via da ganância até se cruzavam em casamentos entre a meia-dúzia de famílias donas de Portugal e do Ultramar. Sangue estragado que produziu muitos anormais, desde gagos até atrasados mentais, e deficientes de outras espécies. Tal era já o grau anormal de consanguinidade. Era a gula, a avareza, a ganância.

Pergunte-se se essa meia-dúzia de famílias foi extinta e empobreceu com a revolução em Abril de 1974 e tempos seguintes. Claro que não. Adaptaram-se e na atualidade estão muito mais ricos. Surgiram mais umas quantas famílias a completar o ramalhete, mais uns quantos exploradores, mais umas quantas chulas e rameiras que mais não fazem que chás-canasta. Que agora até já têm divertimento das caridadezinhas criadas pelo ministro Mota Soares da pseudo Segurança Social.

Evidentemente que esta aspereza de prosa toma em consideração que existem excepções. Há quase sempre. Salvem-se os poucos que não são chulos e as poucas que não são rameiras. Salvem-se os honestos que talvez existam naquelas famílias de abutres. Talvez existam…

PSP DO PSD E “SECRETAS”… AI QUE SAUDADES DE PRENDER 1.500 SÓ DE UMA VEZ

Olhando para a costumeira prática da PSP, sempre que o PSD está no governo, aquela instituição demonstra que se mantém saudosista dos métodos salazaristas acima mencionados. Não tem ido tão longe quanto há 50 anos. Contudo, se permitirmos, se no Parlamento não se levantarem as vozes que têm por obrigação denunciar, combater e exigir uma efetiva polícia de segurança pública e não uma polícia que visa violar os direitos constitucionais, a liberdade e a democracia que nos assiste por direitos conquistados numa luta incessante contra a repressão daquela instituição e outras que foram suporte do salazarismo, então caminharemos para que de uma só penada, num só dia, prendam 1.500 ou mais.

O que demonstram é que vontade não lhes falta. Vamos vendo a sua progressiva propensão para a repressão, para a intolerância a manifestações, para as ameaças que sistematicamente vêm fazendo na voz de uma hierarquia ancilosada e cada vez mais da bota cardada, do chanfalho e da viseira, tão ao modo do regime salazarista. Com o PSD no poder temos tido por sistema uma “democracia” musculada – caso de Cavaco quando foi PM – que até tem por palmarés disparos com arma de fogo que causaram uma vítima que ainda hoje anda em cadeira de rodas, paraplégico. A bala que o vitimou foi chamada de “bala sem rosto” quando afinal tem um rosto bem conhecido: Cavaco Silva, que era, na época, primeiro-ministro e o seu amigo Dias Loureiro (do BPN)… Que era então ministro da administração interna de Cavaco. É esta PSP que querem ressuscitar? Pelo já demonstrado, sim!

Os antigos costumavam dizer, e bem: Abram os olhos, mulas! É este o país que querem?

Sem mais, a atual situação já cheira excessivamente mal. Corta-se na saúde, na educação, aqui e acolá… Reforçam-se as despesas nas forças de repressão. É tal e qual o método de Salazar. Abrenúncio! Vade retro!



*Original publicado em Página Lusófona, blogue do autor

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